LUGAR ERRADO, HORA ERRADA
NOV 2023
olá, Olá, tagger tagger E
m um piscar de olhos, é novembro novamente. O tempo passa. No fim das contas, é a entidade do tempo que rege as nossas vidas: a gente entende a forma como o tempo funciona e acredita que, para tudo, tem hora. Mas e se o tempo começar a andar ao contrário? Imagine que você é a mãe de um menino de 18 anos. É meia-noite de Halloween. Você está na cozinha, esperando seu filho retornar para casa — e, aliás, ele já está atrasado. Pela janela, você o vê se aproximar, mas, sem nenhum motivo aparente, seu filho comete um crime. É assim que a história de Lugar errado, hora errada começa. Depois da detenção do filho pela polícia, Jen adormece incrédula. Mas quando ela acorda, o dia seguinte é, na verdade, o dia anterior. O crime ainda não aconteceu. Será que ainda há chance de impedi-lo? Para ampliar a experiência do mês, você encontrará nas próximas páginas um texto introdutório sobre o livro. Além disso, entrevistamos a autora para conhecer o seu processo criativo e trouxemos uma conversa entre um cientista e um professor de literatura sobre viagem no tempo. Boa leitura!
NOV 2023
TAG Comércio de Livros S.A. Tv. São José, 455 | Bairro Navegantes Porto Alegre — RS | CEP: 90240-200 (51) 3095-5200
taglivros contato@taglivros.com.br www.taglivros.com
QUEM FAZ
RAFAELA PECHANSKY
SOPHIA MAIA
JÚLIA CORRÊA
LAURA VIOLA
Publisher
Editora
Redatora
Colaboradora
BRUNO MIGUELL
LIZIANE KUGLAND
ANTÔNIO AUGUSTO
Designer
Revisora
Revisor
Capa TAG Impressão Impressos Portão
Preciso de ajuda, TAG! Olá, eu sou a Sofia, assistente virtual da TAG. Converse comigo pelo WhatsApp para rastrear a sua caixinha, confirmar pagamentos e muito mais! +55 (51) 99196-8623
16 13 11 8 6 4
sumário
Experiência do mês
Por que ler o livro
O livro do mês
Entrevista com a autora
Para ir além
Agenda
EXPERIÊNCIA DO MÊS
VAMOS LER
OUVIR PLAYLIST
Lugar errado, hora errada
ACESSAR O APP
4
C
riamos esta experiência para expandir sua leitura. Entre no clima de Lugar errado, hora errada colocando a playlist especial do mês para tocar. É só apontar a câmera do seu celular para o QR Code ao lado ou procurar por “taglivros” no Spotify. Não se esqueça de desbloquear o kit no aplicativo da TAG e aproveitar os conteúdos complementares!
Leia até a página 82 Boas-vindas à experiência literária de novembro! Nas primeiras páginas, um crime: Todd, filho de Jen, esfaqueia um completo estranho. Ao acordar, a mãe se depara com mais uma surpresa: está vivendo, pela segunda vez, o dia anterior. Parece que ela terá que investigar os motivos, no passado, que fizeram Todd se tornar um assassino. Prontos para essa aventura? Leia até a página 161 Jen mergulha fundo em sua investigação! Já temos algumas pistas promissoras que apontam para a família de alguém muito próximo de Todd, a qual pode ser o motivo da mudança de comportamento do garoto. Também somos apresentados a um novo personagem: um policial novato que é designado para ficar de olho em uma gangue. Leia até a página 238 A personagem principal é surpreendida com alguém que confiava envolvido em um esquema ilegal. Além disso, o policial novato parece ter envolvimento com toda essa história… Já passamos da metade do livro; que tal compartilhar suas opiniões no aplicativo da TAG? Leia até a página 318 Mais fundo ainda no passado, Jen vive novamente um momento que a traumatizou. Ryan está se dando bem como infiltrado e conquista a confiança da gangue. Estamos quase no final!
EXPERIÊNCIA DO MÊS
5
projeto gráfico Desenvolvida pela designer Juliana Misumi, a capa do livro deste mês reúne conceitos-chave da narrativa: tempo, família, lar e um toque de surrealidade. A ilustração representa a casa de Jen, que tem sua vida transformada após o filho cometer um crime bem na frente da residência. Os ponteiros representam a passagem do tempo, que, no livro, acontece de forma peculiar.
mimo O mimo deste mês homenageia a máquina de escrever. Inventada no mês de novembro de 1861 por um padre paraibano, o equipamento foi premiado com uma medalha de ouro com a efígie de Dom Pedro II em uma feira. Um objeto promissor, que transformou a forma de contar histórias no Brasil, mas que não foi enviado para feiras internacionais… Para saber o motivo dessa peculiaridade, acesse o vídeo do mimo no aplicativo da TAG! Celebrando esse episódio que ocorreu 162 anos atrás, o mimo pode servir como enfeite em árvores de natal, para os entusiastas da data, ou como chaveiro literário.
jan
jul
fev
ago
mar
set
abr
out
mai
nov
jun
dez
2023
Leia até o final Muitos plot twists no final desse livro! Jen volta mais de dezoito anos no passado e consegue impedir que o crime que mudaria a vida de seu filho acontecesse — e, no caminho, descobriu que até seu pai esteve envolvido em um esquema. O que acharam do livro deste mês?
OUVIR PODCAST
Lugar errado, hora errada pode ter terminado, mas a experiência não!
Aponte a câmera do seu celular para o QR Code ao lado e escute o episódio de nosso podcast dedicado ao livro do mês. No aplicativo, confira também a nossa agenda de bate-papos.
6 POR QUE LER O LIVRO
“É perfeito, cada palavra, cada momento. Uma obra de arte… Um dos melhores livros que já li.” Lisa Jewell, escritora
“Trabalhar com o tema de viagem no tempo não é para escritores medrosos, mas McAllister realiza essa aventura com desenvoltura.” Alison Flood, para The Guardian
“Um livro superinteligente, que ficará com você muito tempo depois de terminar.” Claire Frost, para The Sun
POR QUE LER O LIVRO
Por que ler o livro Escrito durante a pandemia por Gillian McAllister, autora best-seller traduzida para quarenta idiomas, o livro deste mês é Lugar errado, hora errada. Jen, advogada bem-sucedida, é casada com Kelly e mãe de Todd. É à meia-noite do Halloween que sua vida muda. Ansiosa, ela espera seu filho voltar para casa. Ele já passou do toque de recolher quando a mãe o vê chegar. Mas, tão rápido quanto se tranquiliza ao ver o filho bem, é também invadida pelo pavor: sem motivo aparente, seu filho comete um crime. Depois de todo o choque e dos procedimentos legais, Jen adormece. Quando acorda, a surpresa: ela está novamente no dia anterior. O que será que o futuro (ou seria o passado) lhe reserva?
7
8 O LIVRO DO MÊS
E se você pudesse voltar no tempo e mudar o presente? DÉBORA SANDER
“O
passado é um prólogo”, elaborou o dramaturgo William Shakespeare, em alusão às cenas que precedem a trama de uma peça de teatro. Na teia de acontecimentos da vida, cada momento, com seus mistérios, prepara o instante seguinte. Tudo aquilo que chega a acontecer, acontece por mero detalhe. Eis uma das grandes fontes de angústia e encantamento. Revisitar o passado e imaginar outros caminhos pode ser uma forma de nos conectarmos com nossos desejos para seguir em frente. Em Lugar errado, hora errada, o sétimo romance da inglesa Gillian McAllister, a autora constrói uma narrativa original e arrebatadora a partir da questão que qualquer pessoa já se fez em momentos de virada: e se desse pra voltar no tempo e mudar o que aconteceu? E se, por um descuido, tudo tivesse sido diferente? A história começa com uma cena corriqueira: a protagonista, mãe de um jovem de 18 anos, espera acordada para se certificar de que seu filho voltará em segurança depois de passar a noite de sábado fora. Imersa em pensamentos e preocupações que os pais de adolescentes conhecem bem, a advogada de família Jen Brotherhood não parece ter de fato grandes motivos para se afligir: Todd é um filho presente e amoroso, tira boas notas e atravessa com relativa desenvoltura a turbulenta e transformadora fase da adolescência. Quando ela enfim vê seu filho se aproximando da porta de casa, o horror rompe a tranquilidade daquela madrugada de Halloween no subúrbio de Liverpool: um homem caminha na direção de Todd e, sem hesitar, ele reage esfaqueando o estranho. Poucos minutos depois, a polícia chega e prende o garoto, que se entrega sem qualquer resistência.
O LIVRO DO MÊS
9
Subitamente arrancada de suas preocupações banais, Jen acompanha incrédula o desenrolar da cena ao lado de seu marido, Kelly. Depois de passar a noite na delegacia, ela acorda no dia seguinte obstinada em descobrir o que aconteceu. No que seu filho tão doce, brilhante e promissor poderia estar envolvido? O que se passava debaixo de seus olhos sem que ela percebesse? Uma vida inteira trabalhando como advogada, e ela, ironicamente, precisará tirar o próprio filho da cadeia? A culpa invade com violência a protagonista, ao mesmo tempo tomada por um senso de praticidade: não há outro caminho, ela precisa acionar sua rede de contatos para defender Todd. Mas, ao levantar da cama, encontra o filho em casa, se preparando para ir à escola. Ele foi solto? Escola? Que dia é hoje? Surpresa: ela está na manhã de sexta-feira, véspera do fatídico crime. O assassinato ainda não aconteceu, e talvez ela possa impedi-lo. Mas, no decorrer das páginas, Jen aos poucos entende que a origem do ato brutal de seu filho não tem explicações fáceis no passado recente e que, para mudar o rumo das coisas, ela precisará embarcar em uma longa viagem ao passado. A cada manhã, ela desperta em um tempo ainda mais distante da noite em que tudo aconteceu: volta semanas e então anos, revivendo situações que enredam a protagonista em um quadro cada vez mais enigmático. Nessa jornada, ela encontra bem mais do que as pistas que podem explicar o trágico desfecho de Todd: se vê novamente em casas onde um dia morou, se comove diante da figura cada vez mais nova do filho, confronta memórias difíceis e contempla a própria vida de outro lugar, atenta e sensível aos detalhes que deixou escapar. “Como a vida é segmentada. Ela se divide tão facilmente em amizades e endereços e fases da vida que parecem intermináveis, mas que nunca, nunca duram. Vestir terninhos. Carregar uma bolsa de fraldas para todo canto. Se apaixonar”, reflete a personagem em um dado momento da narrativa.
10 O LIVRO DO MÊS
O clássico paradoxo da viagem no tempo, é claro, também atormenta Jen, que se depara com a possibilidade, com o risco e até mesmo com a tentação de interferir em certas situações. Na frágil linha de continuidade dos acontecimentos, nunca se sabe a importância de cada detalhe do passado, das dores às delícias, para nos trazer ao lugar onde estamos hoje. Em entrevistas, a autora revelou que parte da inspiração para escrever o livro surgiu da reflexão sobre uma experiência pessoal que por muitos anos ela desejou poder mudar. Em 2007, Gillian McAllister teve síndrome da fadiga crônica em função de uma febre glandular e precisou ficar de cama durante mais de um ano, passando por uma lenta e difícil recuperação ao longo dos anos seguintes. Foi nesse período em que não podia levantar da cama que ela escreveu seu primeiro livro. Na época, a autora trabalhava como advogada, e hoje tem consciência de que, se não fosse pela doença, talvez não tivesse se tornado escritora. Em Lugar errado, hora errada, McAllister apresenta um mistério desvendado de trás para a frente, jogando com a expectativa e as suspeitas dos leitores até o momento final, quando as peças do quebra-cabeça são magistralmente encaixadas. Os capítulos intercalam o ponto de vista da protagonista com a investigação policial de uma quadrilha criminosa na região de Liverpool. Habitada por personagens complexos e narrada de forma próxima do leitor, a história aborda com delicadeza diferentes aspectos da relação entre mãe e filho, iluminando as transformações de Jen ao observar seus próprios caminhos na maternidade, no casamento, na família e na carreira. Conforme avançam as páginas, as reflexões de Jen contagiam o leitor. Afinal, o que fazemos hoje é decisivo para o que virá amanhã, e temos muito menos controle do que pensamos sobre essa sucessão de fatos. É sempre uma aposta. E a melhor forma de fazer apostas acertadas é cultivar, no momento presente, aquilo que desejamos ver crescer, contemplando com os pés no chão e o coração atento as marcas que deixamos na estrada e o horizonte que nos espera.
ENTREVISTA COM A AUTORA 11
"Esse livro, espero, é uma homenagem às mulheres em todos os lugares": entrevista com Gillian McAllister Quando você teve a ideia para Lugar errado, hora errada? Foi em novembro de 2019, um dia nebuloso e frio até os ossos. Eu tinha passeado com o cachorro ao crepúsculo, às quatro e meia de uma tarde depressiva, terminei de escrever e estava sentada, assistindo às notícias das seis horas. Isso não é algo que eu faça normalmente — não sei por que fiz — mas sou eternamente grata por ter feito isso naquele dia. Eu tinha assistido recentemente à série Boneca russa com meu marido e estava refletindo que nunca tinha visto um loop temporal na ficção em que o protagonista precisa resolver um crime. Essa ideia estava borbulhando nos recônditos da minha mente, como as ideias frequentemente fazem, e naquela noite as notícias incluíram uma seção sobre crimes com facas. Especificamente, uma mulher cujo filho tinha cometido um crime e ela não tinha ideia de que ele estava armado. E aquele foi o momento. Meu cérebro juntou duas peças: e se você testemunhasse seu filho cometendo um crime e entrasse num loop temporal para impedi-lo? Só que, em vez de repetir o mesmo dia, você acordaria ontem, e depois no dia anterior a esse? Aquela peça final — que iria retroceder — fez sentido logicamente para mim —; a maioria dos romances policiais investiga o passado recente para descobrir por que um crime foi cometido ou quem o cometeu, mas o meu poderia fazer isso literalmente. Eu não sabia naquela época, mas aquele momento
12 ENTREVISTA COM A AUTORA
no sofá, com a névoa de novembro rodopiando lá fora, mudaria minha vida para sempre. Esse livro, espero, é uma homenagem às mulheres em todos os lugares, às mães que sentem que estão falhando, às esposas, filhas e irmãs que duvidam de si mesmas: elas são boas o suficiente, assim como Jen é. Lugar errado, hora errada se desenrola de forma não linear, cheio de flashbacks e loops temporais. Como foi o processo criativo e como você fez para não se perder na própria narrativa? Eu escrevi o livro do verão (norte-americano) de 2020 ao verão de 2021. Você poderia pensar que esse romance não linear e inverso seria tão complexo a ponto de tornar o processo de escrita muito difícil, mas na verdade foi o oposto. Talvez porque eu estivesse planejando e escrevendo durante dois lockdowns, nos quais eu tinha muito pouco a fazer, talvez porque tivesse um longo período de gestação para amadurecer a ideia, eu não sei. Lembro-me de sentar com meu pai à minha mesa de jantar, pouco antes de a pandemia começar, e esboçar alguns fatos relevantes: isso acontece na noite em que os relógios são atrasados. A heroína vê isso de uma janela de sua casa. No primeiro dia inverso, Dia Menos Um, a protagonista, Jen, encontra uma faca na mochila do filho dela, confirmando que sua premonição é verdadeira. Esses são os pilares do romance: coisas que sobreviveram a oito rascunhos e chegaram à versão final impressa.
Pareceu fluir de mim (o que absolutamente não é o caso com todos os meus livros!). Eu construí duas linhas do tempo na minha cozinha comprida e estreita, e na parede esquerda tinha uma linha do tempo seguindo em frente, o que eu chamava coloquialmente de "O Que Aconteceu de Fato?". A outra linha do tempo, na parede direita, seguia para trás, descobrindo pistas na ordem em que a protagonista as encontra. Cada manhã, eu selecionava um post-it da esquerda e da direita, somava-os e escrevia a cena. Eu nunca me diverti tanto. Lembro-me de que, nos dias em que o segundo e o terceiro lockdowns foram anunciados, eu disse para a minha melhor amiga: "Vou me isolar e escrever um excelente livro". Espero de verdade que eu tenha alcançado isso. E quais obstáculos você encontrou? Vários! Inicialmente, Jen revivia o crime todas as noites no corredor, e isso mudava de acordo com o que ela tinha alterado no passado. Era muito complicado e confuso para o leitor, especialmente em conjunto com a linha do tempo invertida. Mas, depois que eu tirei isso, tive que encontrar uma maneira de mostrar o que ela tinha aprendido de outra forma, o que foi difícil e aconteceu numa fase bastante avançada da edição. Lembro-me de me sentir como se tivesse desfeito o livro do seu arranjo cuidadoso e tivesse que colocá-lo de volta de alguma forma, inclusive com as pontas soltas.
PARA IR ALÉM 13
Viagem no tempo: uma conversa entre um cientista e um professor de literatura
Simon John James: Richard, o que o termo "viagem no tempo" significa para um cientista físico?
Texto publicado originalmente na revista The Conversation em 23/05/2017 Esse artigo foi editado para fins de concisão e clareza
Richard Bower: A viagem no tempo é a base da física moderna e, para qualquer pessoa que olhe para o céu noturno, uma experiência cotidiana. Quando observamos as estrelas e os planetas, os vemos não como eles estão agora, mas como eram no passado. Para os planetas, esse atraso temporal é apenas de alguns minutos, mas, para a maioria das estrelas, são milhares de anos. Para as galáxias, tênues manchas de luz formadas por coleções muito distantes de estrelas, o atraso pode ser de milhões ou bilhões de anos. Ao observarmos as galáxias mais tênues com os telescópios mais modernos do mundo, podemos olhar para trás no tempo e assistir a toda a história do universo se desenrolar. Um dos principais conceitos da Teoria da Relatividade de Einstein é que os objetos existem em uma longa linha no espaço-tempo de 4 dimensões, uma unificação do tempo e do espaço. Embora todos os observadores concordem com o comprimento da linha de universo que conecta dois eventos, eles podem ter diferentes opiniões sobre se os eventos ocorrem simultaneamente, ou no mesmo local, mas
14 PARA IR ALÉM
em tempos diferentes, ou uma mistura de ambos. Por exemplo, enquanto eu me sento à minha mesa para almoçar, depois trabalho um pouco e me levanto para ir para casa várias horas depois, um observador se movendo (muito) rápido me verá passar rapidamente enquanto almoço e imediatamente me levanto para ir para casa. Na teoria de Einstein, tempo e espaço são misturados: não podemos pensá-los separadamente. Portanto faz mais sentido pensar em mim mesmo sempre me movendo ao longo daquela linha de universo em 4D, viajando para o futuro na velocidade da luz. Mas é possível burlar as defesas da teoria de Einstein e viajar para trás no tempo? À primeira vista, a resposta é não, mas a ciência das gerações anteriores teria dito que era impossível para a humanidade voar. Talvez tudo o que os cientistas necessitem seja de inspiração e uma ideia astuta. SJJ: Bem, você pode encontrar muita inspiração e ideias astutas na ficção fantástica, é claro. Talvez o texto de viagem no tempo mais famoso seja A máquina do tempo (1895), de H. G. Wells, que foi o primeiro a imaginar humanos viajando no tempo por meio de tecnologia. Outras de suas imaginações foram realizadas — ele imaginou e escreveu sobre a tecnologia do voo motorizado antes que a ciência tornasse isso possível na vida real, por exemplo. A ideia inovadora de Wells levou a histórias modernas de viagem no tempo, como De volta para o futuro ou Doctor Who. Mas muitos tipos diferentes de histórias viajam no tempo: Aristóteles observou que uma boa história tem um começo, um meio e um fim — mas eles não precisam estar nessa ordem. Mesmo um texto tão antigo quanto a Ilíada, de Homero, não começa com o julgamento de Páris, mas com Aquiles emburrado em sua tenda no nono ano da Guerra de Troia, e a história se desenrola a partir daí. Os romances policiais geralmente não começam com o assassinato, mas com a descoberta do corpo, e a trama é reconstruída pelo detetive à medida que a história avança e retrocede. Essa é a liberdade temporal do tempo narrativo.
PARA IR ALÉM 15
RB: O que é libertador no dispositivo literário é o obstáculo central para a viagem no tempo prática. Embora as teorias de Einstein nos permitam esticar e encolher o tempo, a ordem causal dos eventos permanece constante. Enquanto, em seu exemplo, a vida da vítima do assassinato pode experimentar sua vida passando diante de seus olhos em seus últimos segundos, a experiência de sua vida sempre precederá o momento da morte. Do ponto de vista convencional, há muitos problemas com a ideia de fazer um loop no tempo. Mas interpretações modernas da mecânica quântica sugerem que o mundo pode realmente ser composto por muitos futuros paralelos, constantemente se separando uns dos outros. Todos esses futuros existem simultaneamente, mas só somos conscientes de um deles. Nessa visão, não há tanto a temer da viagem no tempo. A linha de universo em loop simplesmente cria outra camada de futuros possíveis. “As interpretações modernas da mecânica quântica sugerem que o mundo pode realmente ser composto por muitos futuros paralelos” SJJ: Estou fascinado com a flexibilidade da viagem no tempo como metáfora para falar sobre muitos tipos diferentes de pesquisa acadêmica. História e arqueologia seriam exemplos óbvios, mas, em um projeto recente, fui realmente inspirado pelo trabalho na psicologia da memória autobiográfica. Aqui, meu exemplo literário é Um conto de Natal, de Charles Dickens. Scrooge viaja de volta para memórias de seus eus passados e, ao fazê-lo, é incentivado a mudar suas atitudes para melhor no futuro. Poderíamos pensar no avarento desprezado e negligenciado da visão do “Natal Futuro” e no amado e feliz Scrooge do final do romance como habitando dois "mundos paralelos" diferentes, talvez? RB: Certamente é fascinante como ideias literárias desafiam a compreensão científica — talvez ambos esses futuros paralelos possam ser comprovados como igualmente reais.
16 AGENDA
vem aí Perguntas sobre Lugar errado, hora errada
1. O que vocês acharam da forma como o tema da viagem no tempo foi tratado no livro? 2. A história deste mês acontece "de trás para a frente". Qual sua opinião sobre esse recurso utilizado pela autora?
dezembro
encontros TAG:
4. Quais são os pontos fortes e fracos do livro? 5. O que vocês acharam do final, quando foi revelado que Eve e Clio eram a mesma pessoa?
janeiro
3. Qual reviravolta mais surpreendeu vocês?
Baseado na trajetória de uma figura histórica descoberta recentemente, o livro de dezembro traz uma narrativa arrebatadora sobre uma princesa africana criada na corte da rainha Vitória. Para quem gosta de: ficção histórica, personagens reais, autoria afro-americana Uma cientista com um dom sobrenatural irrita um vespeiro de teóricos da conspiração enquanto tenta desvendar o sumiço de uma garotinha ocorrido décadas atrás. Para quem gosta de: histórias paranormais, suspenses, adivinhar o autor do crime
Porque nunca é tarde para ouvir o que elas têm a dizer Esta é uma coleção de livros escritos por mulheres notáveis que buscavam ser visíveis em um mundo que fechava os olhos para elas. Prepare-se para conhecer o cotidiano feminino ao longo de grandes acontecimentos históricos, reconstruindo a história pelos olhos dessas personagens tão impressionantes.
Gara n a suata coleç ão!
Direcione a câmera do seu celular para o QR Code ao lado ou acesse doispontos.com.br
“O passado nunca está morto. Nem sequer é passado.” – WILLIAM FAULKNER