"A vida impossível" TAG Inéditos - Setembro/2024

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TAG — Experiências Literárias

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Publisher Rafaela Pechansky

Edição e textos

Débora Sander e Rafaela Pechansky

Colaboradoras Laura Viola e Sophia Maia

Designer Bruno Miguell Mesquita

Capa Renata Vidal

Revisores Antônio Augusto e Liziane Kugland

Impressão Impressos Portão

Olá, tagger

No mundo literário contemporâneo, poucos autores conseguem captar a essência da condição humana com a sensibilidade e a profundidade que Matt Haig oferece. A biblioteca da meia-noite, obra anterior de Haig, foi enviada pela TAG em julho de 2020. O livro conquistou o coração dos nossos associados, que o pontuaram enfaticamente como melhor do ano, e virou favorito na lista de muita gente. Os leitores pediram mais. Aqui está o presente, quatro anos e dois meses depois.

Haig, conhecido por sua habilidade em tecer narrativas envolventes e reflexivas, mais uma vez nos presenteia com uma história que desafia os limites do real e do imaginário, convidando-nos a explorar os mistérios da vida e da mente humana. Grace Winters é uma professora de matemática aposentada que, ao herdar uma casa decadente em Ibiza de um amigo há muito perdido, embarca numa jornada sem mapa e sem planos. A trama se desenvolve nas paisagens deslumbrantes e enigmáticas da ilha mediterrânea, e Haig utiliza elementos de magia e realismo fantástico para criar uma história que é profundamente tocante. O livro do mês não é apenas uma aventura cheia de esperança e novos começos, mas também uma meditação sobre o passado — e a necessidade de se reconciliar com ele para abraçar plenamente o presente. Matt Haig, com este livro, solidifica sua posição como um dos mais importantes escritores de nossa era, continuando a tocar e inspirar leitores em todo o mundo.

Boa leitura!

Experiência do mês

“Uma carta de amor terna e irônica ao melhor do ser humano.” B enedict c um B er B atch

SETEMBRO 2024

Se você recebesse poderes inimagináveis, o que faria com eles?

Seu

Esta é a história de Grace Winters, professora de matemática aposentada de 72 anos que leva uma vida aprisionada pelo luto. Quando recebe o comunicado de que herdou a casa de uma antiga amiga, a ex-professora parte para Ibiza com passagem só de ida e sem um plano. O que ela descobre lá é mais estranho do que poderia ter sonhado. Mas, para mergulhar nessa verdade impossível, Grace deve primeiro chegar a um acordo com seu passado. Ela percebe que o que pode parecer mágica é, na verdade, a oportunidade de um novo começo.

livro além do livro: para

A vida impossível

MATT HAIG
ouvir, guardar, expandir, crescer.

Mimo

Tão bom quanto se encantar com um livro novo é revisitar uma obra que amamos. O kit biblioteca é composto por um conjunto de post-its, para voltar àqueles momentos da história que fizeram o coração bater mais forte, e um bloco de fichas destacáveis, para você registrar a data da leitura, sua avaliação do livro, citações e insights. Imagina encontrar essas anotações alguns anos mais tarde? Seu eu do futuro agradece!

Para quem sabe que o livro sempre rende boas conversas

Projeto gráfico

Em A vida impossível, o momento de crise da protagonista contrasta com a sofisticação e a beleza das paisagens de Ibiza, na Espanha. O cenário paradisíaco, retratado na capa em formas equilibradas e tonalidades calmas, com tudo em seu devido lugar, convida e abre espaço para a atmosfera de fantasia, contemplação do passado e possibilidades presentes que a trama apresenta. Boa viagem!

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Para ajudar a embalar a sua leitura

sumário

Por que ler este livro

Bons motivos para você abrir as primeiras páginas e não parar mais

Universo do livro

Livros, séries, filmes que orbitam o livro do mês

Sobre o autor

Um retrato caprichado e uma entrevista com quem está por trás da história

Vem por aí

Para você ir preparando seu coração

Dor de amor? Dúvidas na vida? Nosso consultório literosentimental responde com dicas de livros 04 06 08 13 14 16

Da mesma estante

Livros que poderiam ser guardados na mesma prateleira do livro do mês

Madame TAG responde

“Uma carta de amor irônica e terna ao melhor do ser humano.”

Benedict Cumberbatch, ator britânico

Por que ler este livro

A vida impossível é uma leitura imperdível que combina elementos de mistério, magia e introspecção em uma narrativa cativante. A história da inglesa Grace Winters, que herda uma casa em Ibiza e embarca numa jornada de autodescoberta e revelações sobre um passado misterioso, oferece uma reflexão profunda sobre a vida, a morte, a culpa e os segredos que moldam nossas existências. Haig, conhecido por sua habilidade em criar tramas magnéticas, entrega mais uma obra que entrará na lista de favoritos de muitos leitores.

Universo do livro

Livros, séries, filmes que orbitam o livro do mês

1

A VIDA IMPOSSÍVEL

livro de Matt Haig, autor que trata de temas relacionados à saúde mental, bem como

John Green

2

escritor best-seller que conquistou uma legião de fãs pelo mundo, bem como Stephen Chbosky

que, com um toque sobrenatural, coloca em foco uma protagonista que tenta dar conta de todos os seus desejos e expectativas, bem como a personagem Grace de A VIDA IMPOSSÍVEL, de Matt Haig 3 4 5 6

autor de As vantagens de ser invisível, livro que virou filme estrelado por Emma Watson

uma obra que questiona os papéis atribuídos a mulheres ao longo dos séculos, da mesma forma que A biblioteca da meia-noite

atriz que também aparece na adaptação do livro Adoráveis mulheres

MATT HAIG, o autor do mês

Saúde mental tem tudo a ver com literatura.

Matt Haig é um dos mais aclamados autores contemporâneos. Traduzido para mais de 40 idiomas e com milhões de cópias vendidas pelo mundo. Cada obra nova acaba se tornando motivo de ansiedade para os fãs, que começam a especular meses antes sobre qual tipo de trama mirabolante Haig inventará dessa vez. Quem olha pode até pensar: “aí está um homem com a vida fácil”. Mas nem sempre foi assim — e ele é o primeiro a falar sobre seus problemas. Antes de se tornar autor consagrado, Haig passou por períodos sombrios, lutando contra depressão e ansiedade, temas que ele aborda com naturalidade em seus livros.

Nascido em Sheffield, cidade pequena na Inglaterra, em 1975, Matt Haig iniciou sua carreira literária com o romance The Last Family in England (2004). Mas foi com Razões para continuar vivo (2017) que Haig realmente conquistou reconhecimento global. O livro de memórias, que aborda suas próprias batalhas pela saúde mental, tornou-se um best-seller. Mas foi A biblioteca da meia-noite, enviado pela TAG em julho de 2020, que se destacou por sua abordagem inovadora sobre arrependimentos e segundas chances, solidificando a reputação de Haig como um mestre em explorar temas existenciais. Com A vida impossível, o livro do mês, Matt Haig continua a inspirar e influenciar seus leitores com sua honestidade brutal, esperança e criatividade, tornando-se uma figura essencial na literatura contemporânea mundial.

©Kan Lailey
“Voltei

a

Ibiza,

no inverno, e vi os penhascos de onde quase pulei.”

Matt Haig fala sobre sua experiência pessoal com a depressão e a importância das histórias para percorrer com força e confiança os caminhos da vida.

Sua obra frequentemente explora temas de saúde mental e da experiência humana. O que o atrai a explorar esses temas na sua escrita e como você aborda a representação deles de maneira autêntica?

Comecei a escrever romances quando estava me recuperando de um colapso, aos vinte e poucos anos. Talvez por isso eu frequentemente adote a perspectiva de um outsider ou de alguém sofrendo com questões pessoais. Acho que escrevo como uma forma de terapia, mas meu principal objetivo é contar uma história interessante.

Vi no Instagram que você disse que gostaria de ter mais um momento de edição de A biblioteca da meia-noite e fiquei curiosa para saber o que você mudaria se tivesse oportunidade. Acho que eu só lapidaria um pouco. Acredito que a maioria dos livros, incluindo os meus, são muito longos. Então, provavelmente removeria uma ou duas vidas de Nora.

Muitos dos seus livros, incluindo A vida impossível, misturam elementos de fantasia com reflexões profundas sobre a vida e a humanidade. O que o atrai nesse gênero híbrido e como você equilibra o fantástico com o profundamente humano na sua narrativa? Eu me canso de escrever sobre a realidade. Às vezes tento escrever um livro completamente realista, mas chego ao terceiro ou quarto capítulo e me vejo querendo sair um pouco dos trilhos. Mas não vejo realidade e fantasia como opostos na ficção. Afinal, se é ficção, é tudo fantasia no sentido mais verdadeiro. Além disso, está cada vez mais claro que não habitamos todos a mesma realidade. Todos experienciamos a vida filtrada por nossos preconceitos e imaginações. Também acredito que realismo e verdade são coisas diferentes. Para mim, a coisa mais importante é a verdade emocional. Acredito que isso é o que torna um personagem consistente. Você pode estar escrevendo a mais louca fantasia, mas, se houver uma verdade emocional, ela será tão passível de identificação quanto o realismo. Às vezes, até mais. Afinal, os sonhos são universais, mas a realidade é específica.

De que modo escrever sobre suas experiências pessoais impactou sua jornada em direção à cura, e que conselho você ofereceria para outras pessoas que estejam enfrentando desafios similares?

Quando estamos deprimidos ou com medo, nos sentimos sozinhos. Mais sozinhos do que em qualquer outro momento. Para mim, escrever sempre foi sobre conexão. Eu sei que escrever e ler são vistos como atividades solitárias e privadas, mas na verdade são uma forma profunda de socialização, uma comunicação profunda. Uma forma de o escritor e o leitor se sentirem compreendidos. Quando eu estava muito doente, me sentia incapaz de articular a dor interna, assim como não conseguia enxergar esperança. Talvez isso explique por que eu procuro fazer essas duas coisas. Além disso, as histórias oferecem esperança no sentido básico de serem sobre mudanças. Para que uma história seja uma história, algo precisa mudar. E quando estamos presos na depressão, pensamos que nada vai mudar. Então eu diria às pessoas para terem fé na história de suas próprias vidas. Para perceberem que a parte mais baixa do vale nunca oferece a vista mais nítida.

Estou curiosa sobre como você concebeu a personagem complexa que é Grace e como foi seu processo de pesquisa para ambientar a história em Ibiza.

Eu amo viajar. Sempre amei viajar. A maioria das minhas ideias surge quando não estou na Inglaterra e definitivamente não quando estou olhando para um documento em branco no Word. Eu morava na Espanha, especificamente em Ibiza. Mas isso foi quando eu era jovem e irresponsável. Bebia demais, usava drogas, saía todas as noites, não respeitava o lugar nem o ambiente em que eu estava. Acabei tendo um colapso enquanto estava lá, aos 24 anos. Me tornei suicida. Fui para o hospital. E quando finalmente consegui voar de volta para casa, continuei doente por anos. Melhorei, mas não completamente. Durante a pandemia, finalmente tive o tratamento terapêutico que deveria ter tido anos antes. Um tema de terapia era me expor a coisas das quais sempre fugi. Então voltei a Ibiza, no inverno, e vi os penhascos de onde quase pulei. Visitei muitos lugares onde tinha memórias ruins. Mas os vi com novos olhos. A ilha inteira falava comigo de maneira diferente. E percebi que um lugar nunca é apenas um lugar, mas sim como interagimos com ele. Foi lá que tive a ideia — sobre alguém se encontrando mais tarde na vida, quando sente que o passado a derrotou, mas percebendo que a magia existe e como o mundo pode nos surpreender a qualquer momento.

Você é um contador de histórias muito talentoso e bem-sucedido.

O que vem a seguir para você? Que projetos você tem em mente para o futuro?

Não sei. Acho que o objetivo é sempre encontrar novos elementos no que você faz. Você quer manter as coisas frescas. Não quer se tornar muito previsível, nem mesmo para si próprio. Manter a mente aberta — esse é o desafio da vida e também da escrita e da criatividade. Isso se torna mais difícil à medida que envelhecemos, mas não impossível.

MINHA ESTANTE

O primeiro livro que li: Noddy goes to market, de Enid Blyton.

O livro que estou lendo atualmente: Butter, de Asako Yuzuki.

O livro que mudou minha vida: Poemas escolhidos, de Emily Dickinson.

O livro que eu gostaria de ter escrito: Labyrinths (coletânea de contos), de Jorge Luis Borges.

O último livro que me fez rir: Same as it ever was, de Claire Lombardo.

O último livro que me fez chorar: Antes que o café esfrie, de Toshikazu Kawaguchi.

O livro que dou de presente: As cidades invisíveis, de Italo Calvino.

O livro que eu não consegui terminar: Ulysses, de James Joyce.

No próximo mês

Encontre as 8 PALAVRASque dão dicas do spoiler do próximo mês.

Em outubro, prepare-se para uma leitura cativante e arrebatadora, o romance histórico de uma autora africana elogiada por J. M. Coetzee. A trama projeta um olhar profundamente humano sobre um acontecimento histórico a partir de múltiplos pontos de vista, explorando temas como colonialismo, religião, cultura e poder.

Da mesma estante

Livros que poderiam ser guardados na mesma prateleira do livro do mês, para quem quiser continuar no assunto

AS VANTAGENS

DE SER INVISÍVEL,

Stephen Chbosky

Rocco 288 pp.

A luta entre apatia e entusiasmo marca o fim da adolescência de Charlie nessa história. Um mundo de primeiros encontros amorosos, dramas familiares e novos amigos. Um mundo de sexo, drogas e rock’n’roll, quando o que todo mundo quer é aquela música certa que provoca o impulso perfeito para se sentir infinito.

A PEQUENA LIVRARIA DOS CORAÇÕES SOLITÁRIOS, Annie Darling

Verus 308 pp.

Quando Lavinia, a excêntrica dona da Bookends, morre e deixa a loja para Posy, a jovem se vê obrigada a colocar os livros de lado e encarar o mundo real. Porque Posy não herdou apenas um negócio quase falido, mas também a atenção indesejada do neto de Lavinia, Sebastian, conhecido como o homem mais grosseiro de Londres.

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SÓ O AMOR

MACHUCA ASSIM, Paige Toon

Verus 350 pp.

Após terminar o relacionamento, a cidadezinha inglesa onde Wren e o ex-noivo moram fica sufocante demais. Então ela decide passar o verão na fazenda em que seu pai e a nova família dele vivem, nos EUA. Ali, em meio à natureza exuberante, Wren conhece o misterioso Anders e seu mundo vira de cabeça para baixo.

DAISY JONES & THE SIX, Taylor Jenkins Reid Companhia das Letras 360 pp.

Essa é a história de uma menina de Los Angeles que sonhava em ser uma estrela do rock e de uma banda que também almejava seu lugar ao sol. E de tudo o que aconteceu — o sexo, as drogas, os conflitos e os dramas — quando um produtor apostou (certo!) que juntos poderiam se tornar lendas da música.

Madame TAG responde

Olá, Madame Tag, sou assinante da Curadoria há cerca de quatro anos, realmente me apaixonei pelo projeto da TAG e hoje sou uma leitora ainda mais assídua, agradecida demais por isso. Hoje me sinto à vontade para pedir que me ajude. Tenho uma linda mangueira em "meu quintal" que me parece realmente ser uma velha senhora, me cuidando e se relacionando comigo há cinco anos, e hoje me encontro em um dilema ANGUSTIANTE: receberei em breve um filho e terei de me mudar de casa, mas o que mais me dói é ter de deixar a sra. Mangueira. Peço que me indique livros que me ajudem a realizar e superar essa despedida.

Cara leitora angustiada, que dilema simbólico! Você diz que há quatro anos ficou ainda mais próxima dos livros e que há cinco essa majestosa árvore de frutos suculentos toma conta de você. Livros abrem caminhos para uma sensibilidade que nos ajuda a ler melhor tudo que nos cerca. Quase consigo enxergar seus momentos de paz agarrada a um bom livro à sombra dessa mangueira.

Há um poeta que coloca em palavras como ninguém essa intimidade com a natureza. "Entender é parede; procure ser árvore", escreveu Manoel de Barros em Gramática expositiva do chão. Para embarcar num romance que narra de forma crua e delicada o encontro de um protagonista complexo com seu jardim, a dica é A visão das plantas, de Djaimilia Pereira de Almeida. Para um mergulho no fluxo do inconsciente, vá fundo em Água viva, de Clarice Lispector, onde a autora explora de forma livre e abstrata os sentidos do mundo vegetal.

Despedir-se dessa figura de ancestralidade no momento em que você se torna mãe talvez seja como perder uma referência de cuidado quando você mais precisa dela, não é? Pois lembre-se de que as crianças sabem enxergar a mágica que mora nos jardins. Em breve, você terá alguém para compartilhar suas memórias da mangueira, o encantamento pelas palavras e pelo mundo.

Quer um conselho de Madame TAG?

Escreva para madametag@taglivros.com.br

“Quando o coração fala, não é conveniente que a razão faça objeções.”
– MILAN KUNDERA

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