« EDITORIAL » Tiro a de Letr
QG Drops Resolve e c e t n o c A no QG
Olá pessoal, Como vocês sabem, já anotamos na agenda: provas do Enem - dias 8 e 9 de novembro. Compromisso marcado para mais de 9,5 milhões de pessoas que se inscreveram no exame deste ano. E quem esperou sair a data para começar os estudos, o QG tem uma novidade: o Curso Intensivo com 224 horas de aula. A matéria sobre o curso está na seção Acontece no QG, que traz ainda um projeto bem bacana, o QG Acredita, que dá bolsas de estudos para alunos de instituições públicas. O texto acompanha um vídeo sobre o lançamento no Colégio Militar do Tocantins. Esta quarta edição também traz novas seções e outras repaginadas. Tudo pensado para você aproveitar ainda mais a revista. Assim, a seção Drops apresenta dicas culturais dos professores, e o artigo assinado por eles passa a ser publicado em Abra o Olho. Tem também a seção QG Resolve com a resolução de questões e vídeos inéditos. A seção inclui ainda a coluna Tiro de Letra, sobre redação. E uma novidade pra lá de especial é a participação de dois vlogueiros, que bombam na internet: a Luisa Clasen, do Lully de Verdade, e o Bruno Miranda, do Minha Estante. A partir de agora, eles são colunistas da nossa revista! =D Ufa! É tanta coisa boa que nem conseguimos citar a matéria de capa. Sabe essa sensação de peito apertadinho antes de um exame importante? É a tal da ansiedade. A gente ouviu histórias e conversou com uma psicóloga para vocês identificarem quando o nervosismo passa do limite e se tranquilizarem até o Enem. Bem, tudo isso e muito mais vocês encontram nas próximas páginas. Partiu começar a leitura? E lembrem-se de enviar críticas, elogios ou sugestões de pauta para nós pelo e-mail: revista@qgdoenem.com.br. Muita paz!
Dicas do de Estu
Abra o Olho
Perfil
s Profissõe
Expediente DIREÇÃO EXECUTIVA
Guilherme Saraiva COORDENADOR DE PRODUÇÃO
Caio Barbosa DIREÇÃO DE ARTE
Samira Cardoso REDAÇÃO
Fernanda Varela Revisão
Amanda Fantini Bove DESIGN GRÁFICO E ILUSTRAÇÕES
Mazaroto Santos, Taíssa Bach, Juliana Carvalho e Euller Camargo AUDIOVISUAL
Diego Monteiro e Tagory Nascimento MIDIAS SOCIAIS
Até a próxima! :)
Carlos Henrique Brandão
« sumário »
Perfil Conheça mais sobre a professora de literatura, Sílvia Gelpke
Dica de Estudo Veja por onde começar os estudos para o Enem
Drops
Acontece no QG Veja como sentar corretamente na hora de estudar
Matéria de Capa Identifique se sua ansiedade é normal ou se é hora de buscar ajuda
Profissões
Professores dão dicas culturais para reforçar estudo
Pedagogia é mais do que vocação. Leia a entrevista da pedagoga Flaviana Carvalho
Abra o Olho
É pra lá que eu vou
Entenda a problemática na Crimeia
QG Resolve:
Exercícios e respostas em vídeos inéditos. Tem ainda dicas para redação nota mil no Enem
UFMG é referência para as universidade federais; saiba o porquê
Tipo Assim Confira os textos dos vlogueiros Luisa Clasen (Lully de Verdade) e Bruno Miranda (Minha Estante)
« PERFIL »
Odosgosto versos A história de amor entre a professora Sílvia Gelpke e as palavras contadas começou na infância, casamento que ela afirma ser para a vida inteira
N Sílvia Gelpke
Sílvia Gelpke
as recordações mais antigas da professora de literatura, Sílvia Gelpke, há o universo das letras permeando a vida da família. O incentivo dado pelo pai às filhas acabou influenciando na escolha da profissão que Sílvia exerce há 23 anos. E, quando questionada sobre qual livro tem preferência, ela resume toda sua paixão pelo o que faz: “um professor de literatura escolher o melhor livro é tão difícil quanto uma mãe escolher o melhor filho, todos eles têm suas características peculiares e são amados por elas.” No relato a seguir, ela também fala sobre família, lazer, superação, valores... Confira:
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Recordações Carreira Lazer Família O livro preferido
Cresci observando meu pai, um funcionário do Banco do Estado do Rio de Janeiro, envolvido em leituras diárias de jornais, livros e revistas. Ele incentivava as três filhas a fazer o mesmo, sendo influência decisiva na minha opção pelo curso de Letras. A convivência com um grande mestre na área de língua portuguesa, em meus anos de colégio, também contribuiu para o desenvolvimento desse meu amor pelo universo das palavras. Ele recitava poemas com fervor e contava histórias incríveis de escritores de todos os tempos, encantando-me a cada estrofe, a cada novo parágrafo.
Recado aos alunos 6
« PERFIL »
Recordações Carreira Carreira Lazer Família O livro preferido
O mesmo mentor que me influenciou no tempo de colégio abriu a primeira porta de minha vida profissional: quando deixei a universidade, aos 20 anos, convidou-me para lecionar em uma escola recémfundada por ele no Rio de Janeiro, minha terra natal. E aqui estou, vinte e três anos depois, ainda atuando na mesma área que tanto amo, ensinando e aprendendo com uma infinidade de alunos maravilhosos. E pretendo lecionar até quando minha lucidez permitir ou o meu corpo aguentar. Amo minha profissão!
Recado aos alunos 7
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Recordações Carreira Lazer Família O livro preferido
A vida do professor é uma correria sem fim! São muitas aulas a preparar e a ministrar, além de todo trabalho fora da sala de aula como elaboração e correção de provas, conselhos de classe, reuniões. Acabamos tendo pouquíssimo tempo para o lazer, o qual é imprescindível para recarregarmos a bateria e preenchermos a mente com entretenimento e cultura. Por isso, sempre que posso, procuro ir ao cinema, ao teatro, sair com amigos para um bom papo, ir à igreja nas noites de domingo com minha família; considero esses momentos renovadores!
Recado aos alunos 8
« PERFIL »
Recordações Carreira Lazer Família O livro preferido
Sou casada há 23 anos, tenho dois filhos, Marina e Gabriel, além de um marido bastante companheiro. Marina tem 19 anos, é uma linda menina portadora de paralisia cerebral. Gabriel tem 16 anos, é muito inteligente, um devorador de livros de estilos variados, cursa Eletrônica na Escola Técnica Federal, além de estudar inglês e japonês em seu tempo livre. É um filho de ouro; ajuda a cuidar da irmã com amor e carinho. Meu marido também é especial. É engenheiro químico e trabalha como gerente industrial numa fábrica de água em Recife, onde moramos. Formamos uma família que não desiste nunca de lutar. Acreditamos que, se estivermos sempre unidos, conseguiremos superar qualquer obstáculo.
Recado aos alunos 9
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Recordações Carreira Lazer Família OO livro livro preferido preferido Recado aos alunos
Um professor de literatura escolher o melhor livro é tão difícil quanto uma mãe escolher o melhor filho, todos eles têm suas características peculiares e são amados por elas, de maneira que me resta citar algumas referências decisivas na minha formação. Os clássicos são sempre importantes, como Machado de Assis e seus irresistíveis Dom Casmurro e Memórias Póstumas de Brás Cubas. Guimarães Rosa, com seu belíssimo Grande Sertão Veredas, me emociona a cada releitura, e a intimidade com que Clarice Lispector se envolve no universo feminino cativa leitores de todas as gerações. Na poesia, tenho paixão pelo intimismo de Cecília Meireles, tema da minha dissertação de Mestrado, além do lírico Bandeira e do engajado Drummond, poeta que se destacou na literatura brasileira por seu comprometimento social.
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Recordações Carreira Lazer Família O livro preferido Recado aos alunos
Aos meus queridos alunos, algumas palavrinhas que considero importantes: O que levamos de significativo desta vida, ou seja, o essencial, o dinheiro não pode comprar: amor, carinho, amizade, sabedoria... Esses substantivos são abstratos, isto é, não são tangíveis, são sentidos, vêm da nossa natureza, da nossa vontade de ser pessoas melhores. O resultado de valorizarmos o essencial é que, na derrota ou na vitória, sempre teremos histórias estimulantes, dignas para multiplicar. O que importa é fazer da vida algo de que se possa orgulhar. Orgulhosos, vaidosos, felizes de verdade ficamos mesmo quando não temos medo de ousar, quando acreditamos nos nossos sonhos, na nossa capacidade de levar à frente aquilo que planejamos e fazemos
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Recordações Carreira Lazer
opções de acordo com o que pensamos ser o melhor para nossa vida. Não raro, o curso escolhido pelo vestibulando é considerado por muitos “ousado” demais ou com poucas chances de retorno financeiro – há os que desistem, não suportam a pressão externa; outros, porém, enfrentam as adversidades e realizam seu desejo. Isso sim é ser livre, corajoso, sábio.
Família
Quer uma dica para ser sábio, para conhecer melhor o homem ou considerá-lo completamente louco? Leia, leia, leia!
O livro preferido
A leitura abre portas, clareia-nos a mente. Há nos livros uma infinidade de experiências a serem compartilhadas, terras a serem desbravadas e mundos inimagináveis oriundos da criatividade humana para
Recado aos alunos
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Recordações
Lazer
percorrermos e nos deleitarmos. Além de nos proporcionar um mergulho nos sentimentos mais viscerais do espírito, bombardeando-nos com ondas de trágica comoção ou com acordes de jovial riso. Porque literatura é prazer, êxtase, fruição...
Família
Por isso, faça da leitura um hábito. Não! Faça da leitura um vício. Isso mesmo. Um vício sem o qual você não consegue respirar. Mil beijos!
Carreira
O livro preferido Recado aos alunos 13
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Novidade
Curso Intensivo para o Enem 2014 Contagem regressiva para o Enem 2014! O Ministério da Educação irá realizar as provas nos dias 8 e 9 de novembro e, mais do que nunca, é hora de encarar os estudos. Pensando em quem ainda não começou a preparação, o QG lançou o Curso Intensivo. Ele abrange todo o conteúdo cobrado no exame nacional, explicado de forma mais enxuta.
Simulados
São 224 horas de vídeoaulas com a seguinte divisão: língua portuguesa e matemática com 30 horas de aula cada; química, física, biologia e geografia terão 25 horas cada; 26 horas para história; redação terá 20 horas; e literatura, 18. Cada aula possui uma hora de duração e o material didático pode ser baixado e visualizado em computadores, tablets e celulares. Para você checar seus conhecimentos, o Curso Intensivo irá realizar dois simulados. Além disso, a cada 15 dias, será liberado um tema para redação. Os alunos têm seus textos corrigidos e comentados por professores com experiência. E, no caso de dúvidas, é possível enviar mensagens diretamente para os professores ou conversar com os atendentes em tempo real. Saiba mais informações sobre o curso e matrículas no nosso site.
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Se liga
Aulas grátis para o Enem 2014 Para que você tenha contato com a dinâmica e as facilidades do estudo online, o QG do Enem está disponibilizando aulas grátis do Curso Completo. São 16 horas de videoaulas sobre as quatro áreas de conhecimento cobradas no Enem e sobre a redação. Além de assistir às aulas, que possuem uma hora de duração, você também pode baixar o material didático para estudar pelo computador, tablet ou celular. Para ter acesso, basta se cadastrar no nosso site (www.enem.com.br).
Confira aqui mais informações sobre o Curso Completo Acesse © Shutterstock
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Projeto social
QG Acredita dá bolsa de estudos O Colégio da Polícia Militar do Estado do Tocantins é o primeiro a ser beneficiado com o projeto social QG Acredita. A iniciativa, lançada no início de maio, concede bolsas de estudo dos nossos cursos a instituições de ensino público. Em Palmas, 109 estudantes do terceiro ano terão acesso às videoaulas do Curso Completo para estudar quando e onde quiserem. Para o diretor do colégio, capitão Heitor José Lins, a parceria é de extrema importância aos alunos, que estudam em período integral - muitos em cursos técnicos. “Eles terão uma oportunidade ímpar de melhor se preparar para o exame e, assim, garantir acesso ao ensino superior público”, afirma o diretor,
ressaltando que a instituição colocará o laboratório de informática à disposição para aqueles que necessitarem. “O QG Acredita é um projeto que nasceu com o QG do Enem. Desde o início, tínhamos vontade de ajudar estudantes que possuem alguma dificuldade socioeconômica”, destaca o coordenador de produção, Caio Barbosa. Assista ao vídeo e confira a cobertura da solenidade que marcou o início do QG Acredita.
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Concurso
Conheça os embaixadores do QG Para incentivar o estudo desde o início do ano, o QG promoveu um concurso cultural e elegeu dez embaixadores da marca. Jovens comunicativos, de diferentes regiões do país e que têm um grande objetivo em comum: conseguir boas notas no Enem. Além de ganharem bolsas de estudos e Ipads, eles ainda concorrem a uma viagem internacional para Machu Picchu (Peru), Orlando (Estados Unidos) ou Paris (França). O concurso foi encerrado em abril e teve três fases: simulado; envio de um vídeo, justificando por que gostaria de ser um embaixador do QG; e votação popular dos vídeos. Os vinte candidatos finalistas levaram para casa um tablet. Em breve, os embaixadores terão um blog para compartilhar com vocês a rotina de estudos, colaborando também com a sua preparação. Por enquanto, conheça quem são nossos embaixadores e por que eles querem fazer o Enem na página abaixo.
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Larissa Silva de Sousa, 18 anos, Rio de Janeiro/RJ Ensino Médio Completo Gosta mais de: Ciências Naturais Tem dificuldade em: Linguagens Enem pra quê? Biologia na UFF ou UFRJ Ser embaixador do QG é ...: Ser esforçado. Matheus Eduardo Silva, 16 anos, Colinas do Tocantins/TO 3º ano do Ensino Médio Gosta mais de: Matemática Tem dificuldade em: Ciências Naturais Camilla Mateus Moreira, 17 anos, Brasília (DF)
Enem pra quê? Design Gráfico UFG
Ensino Médio Completo
Ser embaixador do QG é ...: Ter a dedicação reconhecida e poder estar entre ótimas companhias.
Gosta mais de: Ciências Humanas Tem dificuldade em: Matemática Enem pra quê? Direito na UnB
Natália Rios de Sousa, 17 anos, Fortaleza/CE
Ser embaixador do QG é ...: Ser um exemplo e um apoio, poder mostrar o valor do conhecimento e da dedicação a partir das próprias conquistas e vivências.
3º ano do Ensino Médio Gosta mais de: Ciências Humanas Tem dificuldade em: Ciências Naturais Enem pra quê? Relações internacionais na UnB
Clarice Marques Corrêa, 16 anos, Guarulhos/SP 3º ano do Ensino Médio
Ser embaixador do QG é ...: Sempre acreditar em seus sonhos e torná-los realidade.
Gosta mais de: Linguagens Tem dificuldade em: Ciências Naturais
Paulo Sérgio Benedetti Júnior, 16 anos,
Enem pra quê? Ingressar em uma universidade pública do estado de São Paulo. Não decidiu pelo curso, mas jornalismo é forte candidato.
Amparo/SP
Ser embaixador do QG é...:Ter a oportunidade de aprimorar meus conhecimentos e me preparar melhor para os vestibulares. Além de ter a chance de fazer o que mais gosto: me comunicar e levar informação a diferentes pessoas de diferentes lugares e poder, de alguma forma ajudá-las. Gabriel Ribeiro Ferreira Lopes, 17 anos, Campanha/MG 3º ano do Ensino Médio Gosta mais de: Ciências Naturais Tem dificuldade em: Matemática Enem pra quê? Astronomia na UFRJ ou Química na UFJF ou UFMG. Também quer fazer intercâmbio pelo Ciência Sem Fronteiras. Ser embaixador do QG é ...: Aprender e se preparar. É uma experiência singular na minha vida e na dos outros embaixadores. Acima de todos os prêmios e condecorações decorrentes, estou ciente que estou aqui para aprender mais e impulsionar a busca por aquilo que sonho. Gabriele Arja de Abreu, 19 anos , Natural do Rio de Janeiro/RJ, mas mora em Macapá/AP Cursa Medicina na Unifap Gosta mais de: Ciências Naturais Tem dificuldade em: Linguagens Enem pra quê? Intercâmbio pelo Ciência sem Fronteiras e vaga de medicina na UFRJ ou UFF. Ser embaixador do QG é..: Uma grande satisfação ser ajudada e poder ajudar outras pessoas que assim como eu sonham em entrar para uma faculdade federal.
3º ano do Ensino Médio Gosta mais de: Linguagens Tem dificuldade em: Matemática Enem pra quê? Jornalismo na USP e UNESP Ser embaixador do QG é ...: Uma oportunidade única em que se pode abranger o conhecimento e transmitir essa experiência para as gerações atuais e futuras. Sarah Rodrigues Moreira dos Santos, 17 anos, Betim/MG 3º ano do Ensino Médio Gosta mais de: Matemática Tem dificuldade em: Linguagens Enem pra quê? Engenharia mecânica na UFMG e, talvez, para fazer um intercâmbio Ser embaixador do QG é ...: Uma grande oportunidade e um grande presente, o site é ótimo e tem sido uma mão na roda Wallisson Felipe Alves, 18 anos, Fortaleza/CE Ensino Médio Completo Gosta mais de: Linguagens Tem dificuldade em: Ciências Naturais Enem pra quê? Sistemas e Mídias Digitais ou Publicidade e Propaganda, ambos na UFC. Ser embaixador do QG é ...: Representar milhares de estudantes do país na batalha de estudos para entrar no curso dos sonhos. É poder ajudar aos demais alunos e levar motivação a todos rumo à aprovação. Ser Embaixador do QG é um sonho, é uma oportunidade que vou agarrar e vai ser um marco na minha vida, com certeza. Quero aproveitar cada momento e vou me dedicar ao máximo nesse projeto. Obrigado pela oportunidade. O sonho está apenas começando! :D
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« DICAS DE ESTUDO »
Por onde começar? Edital do Enem é bastante vasto e na hora de estudar sempre há a dúvida sobre o que ver primeiro
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« DICAS DE ESTUDO »
C
om desejo de estudar no horário que melhor lhe convém, de ver os conteúdos conforme a sua preferência e sem querer perder tempo no trânsito, você optou por estudar online para o Enem. Daí, você faz o login no site, vê todas aquelas aulas e se depara com uma pergunta: “Por onde eu começo?!”. A primeira coisa que você precisa ter em mente, explicam os professores do QG do Enem, é que flexibilidade - uma das grandes vantagens do ensino à distância - não quer dizer falta de rotina. Pelo contrário, programar o seu tempo de estudo é fundamental para que você consiga boas notas. O professor de química, Jefferson Silva, aconselha criar uma grade, um horário fixo para assistir as aulas, rever os conceitos e resolver as questões do material de apoio. “Imagine que você entre em uma academia com o objetivo de se manter saudável e também dar uma atenção ao corpo. Ir à academia uma vez por semana não dá resultado. Não seguir uma rotina disciplinada de treinamentos orientados
pelo profissional não gera o melhor resultado”, exemplifica. E o aluno do QG tem essa orientação logo que entra nos cursos. As aulas são ordenadas cronologicamente - há uma numeração, indicando qual a sequência ideal de estudo para cada disciplina. Se você seguir esse conteúdo programático proposto pelos professores do QG (baixe no link abaixo), irá ver todos os temas cobrados no Enem, compreendendo os assuntos com mais facilidade. Em relação às áreas do conhecimento, o professor de história, Márcio Branco, indica a seguinte prioridade de estudo: redação, matemática, linguagens, ciências humanas e da natureza. Ele justifica a ordem: “Para começar os estudos para o Enem, não se deve pensar pelo grau de dificuldade ou afinidade com determinada disciplina. O exame tem 45 questões de matemática e 15 de biologia. Assim é melhor iniciar pelas áreas que possuem mais questões”. Acesse
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Por partes
Uma outra dica que irá lhe ajudar a organizar o tempo e facilitar muito o aprendizado é mesclar as disciplinas, ou seja, intercalar matemática, história, português, física e assim por diante. “Os estudantes precisam adquirir conteúdo e interpretá-lo. Mesclar as disciplinas cansa menos o raciocínio do nosso querido nerd; é mais produtivo”, afirma o professor de física Fábio Vidal. “Essa estratégia se aplica muito bem tanto nos momentos de resolver exercícios como também ao assistir as aulas”, complementa o professor de biologia, Rafael Cafezeiro, o Café.
E, se você está cursando o ensino médio e chegar a um vídeo do QG com matéria que ainda não tenha visto em sala de aula, não precisa se preocupar. Um dos grandes diferenciais do nosso Curso Completo é que as aulas são ministradas integralmente, não é apenas uma revisão. Segundo o professor de matemática, Jairo Teixeira, isso permite que se veja assuntos inéditos para o estudante: “O aluno assistirá às aulas como se estivesse na escola! O importante é verificar o que foi dito no item anterior, ou seja, as eventuais dependências de conteúdos entre as disciplinas. Considerado isso, não vejo problema. Ele pode, sim, adiantar o conteúdo, cada qual no seu ritmo.”
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« MATÉria de capa »
Ando tão
à flor da pele
...
Sentir-se ansioso em processos seletivos é natural; o problema está quando a situação foge do controle
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O
Exame Nacional do Ensino Médio está com data marcada: 8 e 9 de novembro. Segundo o Inep, mais de 9,5 milhões de candidatos se inscreveram na edição deste ano – um recorde. E mesmo antes de serem divulgadas essas informações, as estudantes Amanda* e Camila Yukyo Ono, ambas com 16 anos e na 3ª série do Ensino Médio, já estavam envolvidas com o Enem. No caso delas, pensar nas provas significa frio na barriga e olhos marejados. Mas as sensações não estão restritas às duas. A ansiedade é bastante natural entre os vestibulandos. Você só precisa estar atento para não deixar ela sair do controle. A psicóloga Christiane Aussourd afirma que o nervosismo em relação às provas é muito comum. Segundo ela, muitos adolescentes estão elaborando a sua identidade profissional nesse momento e sentem as pressões sociais e familiares; o medo de ser reprovado, que leva à distorção de percepção e da capacidade de raciocínio; o desconforto diante da concorrência a que se submetem, etc. “Diante disso, surge a ansiedade que é uma reação natural a um ‘perigo’ percebido, que pode ser físico ou emocional. Portanto, podese apresentar de forma ocasional, em qualquer avaliação, alta ansiedade provocada por fatores diversos, próprios daquela situação”, diz.
O estudante deve estar ciente de que, na verdade, o que o outro fizer ou deixar de fazer não lhe deve preocupar, e manter o foco tranquilamente nos seus estudos, organizando-se bem para isso” Christiane Aussourd
Existem dois tipos de ansiedade – a normal e a patológica, explica a psicóloga. A primeira é benéfica, pois faz a pessoa ficar mais alerta, acionando recursos para que tudo dê certo e o “perigo” seja afastado ou a situação seja solucionada da melhor forma. Enquanto, na patológica, a pessoa está diante da ansiedade que causa grande sofrimento e limita a vida. Ela não percebe as diversas possibilidades para a solução dos problemas ou, ainda, que a situação não é de fato um problema, dessa forma, dificultando ou impossibilitando o enfrentamento dos desafios. Neste caso, é preciso buscar ajuda profissional. © Ilustração / Shutterstock / Freeimages / Freepick / Morguefile
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Divã
“Situações de stress”. Assim a estudante Camila, de São Paulo (SP), encarava as provas. Foi quando decidiu, há três anos, consultar com psicólogo para controlar a ansiedade. “Senti várias mudanças positivas, como o fato de conseguir socializar. Antes, não falava com quase ninguém.” No entanto, ela percebeu que, neste ano, tem tido alguns bloqueios nas provas do colégio e, durante um simulado do Enem, sentiu “aperto na garganta e vontade de chorar”. “Vou buscar ajuda profissional novamente para me ajudar com o nervosismo”, programa a adolescente que quer ingressar no curso de arquitetura. Mas como saber quando o nervosismo é considerado excessivo? Como identificar que é preciso a ajuda de um psicólogo ou médico? “Segundo estudiosos do comportamento humano, o que está em jogo são as reações fisiológico-afetivas, advindas de um misto de grande preocupação e emotividade”, diz Christiane. Conforme ela, o estudante se mostra demasiadamente preocupado com o seu próprio desempenho e nas suas consequências, comparando-se negativamente com os outros e o que eles vão pensar do seu possível (e quase certo) fracasso. A situação gera um estado desagradável de sentimentos com grande tensão e nervosismo, expressando-se por sudorese, taquicardia, boca seca e empalidecimento, que aumentam de intensidade com a proximidade das provas e diminuem logo após. “Isso pode se repetir toda a vez que a pessoa se encontra diante de um teste, debilitando o seu rendimento ou até mesmo dando o tão conhecido ‘branco’. É preciso estar atento para o sofrimento psíquico dessa situação”, alerta a psicóloga.
Você é o foco
Prestes a concluir o ensino médio, Amanda já decidiu que irá cursar jornalismo em Pindamonhangaba (SP), cidade onde mora. Mas a pressão do vestibular tem prejudicado o desempenho no colégio e os estudos para o © Ilustração / Shutterstock / Freeimages / Freepick / Morguefile
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Enem. A estudante relata que já zerou muitas provas por causa do nervosismo. “Nunca fui muito fã de exatas. No primeiro bimestre deste ano, quando chegava o dia das provas, eu pensava: ‘sou muito burra, não sei nada de matemática e não vou passar no vestibular. Além do choro, eu simplesmente travei.” Ela conta que o problema com a disciplina ocorre desde o ensino fundamental e recorda que a mãe chegou a procurar a coordenadora pedagógica da escola porque a filha estava chorando com medo de fazer a prova. “Hoje em dia, não é muito diferente. Às vezes, meus olhos ainda se enchem de lágrimas e sempre penso que estou jogando o dinheiro dos meus pais fora porque estudo em colégio particular. Com a confiança lá em baixo, nunca consigo terminar os testes de matemática.” Outro motivo que provoca ansiedade na estudante é a comparação com os colegas. “É o que mais me desmotiva. Penso que eles sabem tão mais que eu, que estudam e conseguem fazer todas as tarefas. Enquanto eu só fico acumulando e acumulando. É muito ruim se sentir menos capacitada”, desabafa Amanda. Realmente, a preocupação com os outros é um dos fatores que aumentam a ansiedade na hora da prova ou durante a preparação. Somada ao medo das consequências, por achar que podia ter feito melhor, pode agravar a situação e limitar a capacidade de raciocínio porque gera uma preocupação excessiva e pessimista. Segundo a psicóloga Christiane, uma forma de lidar com a cobrança é respirar fundo e dizer para si mesmo: “Esse não é o momento para pensar sobre isso. Vou me concentrar nas questões e resolvê-las. Vou fa© Ilustração / Shutterstock / Freeimages / Freepick / Morguefile
zer a minha parte da melhor forma.” “O estudante deve estar ciente de que, na verdade, o que o outro fizer ou deixar de fazer não lhe deve preocupar, e manter o foco tranquilamente nos seus estudos, organizando-se bem para isso”, recomenda Christiane, complementando que é preciso investir nos pontos de maior dificuldade. “Fique atento aos seus pontos fortes e de melhoria para trabalhá-los da melhor forma e perceber quando e onde precisará de ajuda mais específica - fazendo aulas online ou particulares, por exemplo.” Outro ponto para o controle emocional, citado pela psicóloga, é o apoio dos familiares (veja no quadro).
Tudo certo
Como vimos, sentir um certo incômodo quando se submete a um processo seletivo é comum. O importante é estar atento para não deixar que a ansiedade prejudique seu desempenho nos estudos e nas relações sociais. Para evitar essas situações, Christiane dá mais algumas dicas que levam ao fortalecimento emocional. “Invista nos pontos de melhoria - seja emocional, trabalhando a autoestima, autorespeito e autofortalecimento, seja participando de momentos saudáveis com amigos e familiares”, aconselha. Dialogar com pessoas mais experientes, ler conteúdos esclarecedores sobre esse momento, os quais mantenham a autoconfiança, também ajudam a tor-
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situação mais leve. Ainda podem auxiliar alguns cuidados antes do dia prova como: conhecer antecipadamente o local de aplicação e planejar a melhor forma de chegar lá; dormir cedo; ingerir alimentos leves; não forçar estudos de última hora que podem causar angústia e desconforto e manter a mente tranquila, ouvindo uma música relaxante, por exemplo. “Aos poucos, com o ambiente interno sendo trabalhado, proporcionará, consequentemente, a busca de uma organização no ambiente externo, que ajudará não só antes como durante a prova, promovendo o controle da ansiedade”, conclui a psicóloga. * A estudante Amanda preferiu não utilizar seu sobrenome para esta matéria
O PAPEL DOS PAIS O apoio familiar - principalmente dos pais - é imprescindível para o controle da ansiedade nos estudantes. De acordo com a psicóloga Christiane Aussourd, alguns pesquisadores denominam essa fobia em situações de teste como Tensão Pré-Prova (TPP). Eles concluíram que, muitas vezes, esse tipo de ansiedade se origina nos primeiros anos escolares, quando os pais faziam exigências além do que os filhos podiam cumprir ou tinham expectativas excessivamente altas para eles. Os pesquisadores ainda observaram que o comportamento reativo dos pais, diante de algum fracasso dos filhos com relação aos testes desde os primeiros anos escolares, pode levar as crianças a adquirirem medo das situações de avaliação, tornando-se preocupados com a possibilidade de novos fracassos. “Os pais precisam estar junto, ao lado, acolhendo, incentivando e não fazendo exigências que, muitas vezes, são para corresponder as suas próprias expectativas e não as dos filhos”, ressalta Christiane. Segundo ela, é preciso fazer uma cobrança saudável, auxiliando-os a manter o foco e aumentar o rendimento, sem perguntar o tempo todo como estão os estudos, inclusive ao vê-los num momento de lazer ou descontração. “Esses momentos são necessários para relaxar e reabastecer as energias mentais e físicas, salutares para o devido aproveitamento durante os horários destinados ao estudo.” A principal recomendação é que os pais conversem com os filhos de forma franca e aberta, onde ambos falam e escutam. “Assim, acompanha-se, ofertando a necessária atenção e afeto para que os filhos sintam-se compreendidos e incentivados a prosseguir mesmo diante dos insucessos e frustrações, comuns a todos nas diversas fases da vida e que também servem como aprendizado para traçar novos caminhos e estratégias emocionalmente saudáveis. Lembrem-se de que eles têm condições de superar as dificuldades”, finaliza Christiane.
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Nossos professores dão dicas de filmes, documentários, livros e peças de teatro para reforçarem a compreensão de assuntos importantes do Enem. Confira: Livro
Física do Dia a Dia (Regina Pinto de Carvalho)
Por que ler? O livro tem a preocupação de procurar a física na vida diária de cada cidadão. Ele traz perguntas sobre os fenômenos que ocorrem no nosFábio Vidal so cotidiano e mostra respostas usando Professor de física princípios físicos conhecidos, em linguagem acessível a um leitor leigo ou iniciante no estudo da física. Enfim, a obra apresenta a física de uma forma mais lúdica e divertida, aproximando o aluno dessa ciência, deixando bem claro que ela não é composta somente de fórmulas. Tanto o volume 1 quanto o volume 2 são sensacionais! Vale a pena a leitura, Nerds do QG! #goNERDS
Ricardo III (1955)
Por que assistir? O filme Ricardo III, baseado numa peça de William Shakespeare, é dirigido por Laurence Olivier e foi rodado em 1955. Recomendo porque permite duas abordagens. A primeira é sobre o enredo que fala da Inglaterra ao final da Guerra das Duas Rosas, quando os York estavam no poder, submetendo os Lancaster. O maquiavélico Ricardo, irmão do rei, faz de tudo para alcançar o poder, derrubando seu irmão e eliminando os possíveis sucessores. Ao final, é derrotado por Henrique Tudor. Além disso, a obra de Shakespeare é um libelo renascentista: referências a Maquiavel, à antiguidade clássica, às ações humanas superando toda a atmosfera religiosa. Filmaço!
Filme
Marcelo Tavares Professor de história
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Filme
O ano em que meus pais saíram de férias (2006)
Por que assistir? A relação entre ditadura militar e futebol já foi motivo para inúmeros filmes Marquinho Laurindo mundo afora. No entanto, a senProfessor de literatura sibilidade com que o diretor Cao Hamburger tratou essa temática merece destaque e abre as portas para novos olhares. O pano de fundo é a copa de 1970. O milagre econômico. O Brasil, governado pelos militares, levara ao México uma seleção inesquecível. Gérson, Tostão, Rivelino e, sobretudo, Pelé encantavam o mundo com jogadas maravilhosas e imprevisíveis. No Brasil, todavia, a ditadura apertava o cerco contra os grupos de esquerda. A militância se via acuada e tentava resistir. Nesse contexto, os pais de Mauro precisam “sair de férias” e o menino é deixado com o avô, que morre, o que o leva ao encontro do vizinho, um velho judeu solitário. A partir desse encontro, os gols do Brasil e a ditadura brasileira, vista pelos olhos de uma criança se confundem num caleidoscópio de beleza e tragédia. Em tempos de copa no Brasil e dos 50 anos do golpe militar, o filme lança uma reflexão importante acerca de como os brasileiros devem olhar para o futuro sem esquecerem dos caminhos traçados no passado. Para os candidatos do Enem é uma dica imperdível!
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Além do
bê-a-bá
Mais do que habilitar para o ensino nas séries iniciais, o curso de pedagogia prepara profissionais para promoverem melhorias na Educação
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ais de 600 mil estudantes em todo o país estão em formação para se tornarem pedagogos. O curso é o terceiro com mais alunos matriculados, segundo o Censo da Educação Superior de 2012. De maneira geral, o profissional atua como professor na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental, além de transitar nas áreas de gestão, orientação, coordenação e supervisão escolar. Para saber mais sobre a profissão e o mercado de trabalho, conversamos com a pedagoga Flaviana de Carvalho, de 27 anos. Natural de Imperatriz (MA), ela atua há seis anos na área e, hoje, integra a equipe da Educação Infantil da rede pública do município, além de ser professora substituta na Universidade Estadual do Maranhão.
Flaviana Carvalho © Ilustração
Flaviana também fala sobre os desafios da carreira e enfatiza que, acima da vocação, os professores são profissionais que passam por um processo de formação como em qualquer área. Confira!
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« profissões »
Por que você optou pela carreira de pedagoga? Houve, sem dúvida, a influência de minha mãe, professora há mais de 20 anos. Embora ela sempre tenha me deixado livre para escolher, acredito que seu exemplo, o contato que tive desde muito cedo com o ambiente escolar e viver cercada de livros e do discurso e práticas pedagógicas fizeram com que eu tivesse muita clareza sobre a minha escolha.
Na prática, qual a principal diferença entre o pedagogo e o professor formado em área específica, como História, por exemplo? A licenciatura plena em pedagogia nos permite lecionar na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental (1º ao 5º ano). Considerando o atual currículo adotado no país, pressupõe uma globalidade. O pedagogo-professor trabalha todas as áreas (ciências e linguagens). Já o docente com licenciatura em área específicas atua no ensino fundamental maior (6º ao 9º ano) e ensino médio.
O estudante que pensa em ingressar no curso de pedagogia precisa ter quais características? Acredito muito na profissionalização do professor. Tornar-se professor não pressupõe outras características que não sejam aquelas necessárias a qualquer cidadão: ética e compromisso político com um projeto de homem e de sociedade. Além disso, torna-se necessário a todo candidato à pedagogia gostar de ler - o que deveria ser pré-requisito a qualquer área - e de questionar a realidade. Penso que essas e outras características como organização, planejamento e trabalho em equipe, se ainda não plenamente alcançadas, podem ser aprimoradas ao longo da formação e da própria carreira.
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« profissões »
Na sua opinião, quais os principais desafios da profissão? Nossos grandes desafios são, ainda, os baixos salários, más condições de infraestrutura e a desvalorização da profissão, que inclui os dois itens anteriores, mas envolve outras questões. Uma delas é o falso prestígio perante a sociedade. Todo mundo fala sobre a importância dos professores para a construção de uma sociedade melhor, mas, na prática, somos vistos muito mais como vocacionados, quando, na verdade, passamos por um processo de formação como em qualquer outra área. Em relação aos baixos salários, hoje existe a lei federal n° 11.738, que garante um piso salarial aos professores, mas isso apenas corrige uma defasagem muito grande que existia, especialmente em regiões periféricas do país, entre os salários dos professores. Do ponto de vista das condições de trabalho, a carga horária, por exemplo, de um professor-pedagogo era muito extensa em sala de aula. Com a lei, essa carga horária é reduzida, proporcionando maiores possibilidades de planejamento e organização do trabalho pedagógico. Ainda nessa dimensão das condições, infelizmente, a infraestrutura de muitas escolas é muito precária.
Qual a sua visão sobre o mercado de trabalho atualmente? Apesar dos desafios da área, trata-se de uma atividade que não sai de moda e que possui grande oferta. Mesmo em tempos de crise, os professores são sempre necessários. Há um paradigma e por algum tempo se pensou que, com as novas tecnologias da comunicação e da informação, os professores se tornariam obsoletos. No entanto, com a chegada de todo esse aparato tecnológico, surgem outras necessidades educacionais que pressupõem o professor. Educação não é só fornecer informações. Isso as mídias já cumprem bem. O processo educativo passa pela apropriação da cultura historicamente construída pela humanidade, implica modos de ser e conviver em sociedade.
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« profissões »
CARREIRA O pedagogo trabalha para garantir e melhorar a qualidade da educação. Desenvolve a melhor forma de transmitir o conhecimento seja em escolas, órgãos públicos ou empresas. Há duas grandes áreas de atuação: o magistério (educação infantil e séries iniciais) e a administração (gestão, orientação, coordenação e supervisão escolar). Duração do curso: 4 anos Onde atuar: Educação infantil, séries iniciais do ensino fundamental e áreas de gestão, orientação, coordenação e supervisão escolar; museus, bibliotecas, setor de Recursos Humanos, consultoria e na área de pesquisa. Concursos Públicos: Pedagogos possuem muitas oportunidades em concursos em todo o país. Há vagas principalmente em escolas e faculdades públicas (municipais, estaduais e federais), institutos federais de educação e secretarias de educação, do município e estado. Além disso, existe oferta em Tribunais de Justiça, Ministério Público, IBGE, entre outros. RAIO X
Salário inicial R$ 1.567,00 - piso federal para o magistério por 40 horas semanais (segundo MEC)
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« ABRA O OLHO »
Entre russos e ucranianos: a problemática da
Crimeia
Marcelo Tavares
Quando o presidente ucraniano, Viktor Yanukovych, foi deposto em fevereiro deste ano, muitos analistas enxergaram o episódio como uma vitória da democracia de estilo ocidental sobre a postura pró-Rússia de Yanukovych. Restava comemorar a força do povo nas ruas. Mas as coisas não se mostrariam tão simples assim. E o fator de complexidade da questão está na Península da Crimeia, ao sul da Ucrânia, onde 60% dos indivíduos falam russo! Mais ainda: a região é a base da frota russa no Mar Negro. Afastar-se da agenda pró Rússia exigiria sacrifícios para a Ucrânia. Exigiria a Crimeia. Durante séculos, a península da Crimeia, que ocupa uma posição de importância estratégica no Mar Negro e tem terras cultiváveis, tem sido disputada por várias forças externas. Antes mesmo de ser conhecida como Crimeia, Igor Golovniov / © Shutterstock
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a península era conhecida como “Taurica” pelos impérios macedônio e romano, que a anexaram. Já na Idade Média, em meados dos anos 1400, ela existia como o Canato da Crimeia, um protetorado do Império Otomano, quando se tornaria importante centro comercial. Em fins da Idade Moderna, a Rússia anexou a região (1783). Em 1853, houve uma importante guerra que envolveu três anos de combates sangrentos entre a Rússia e uma aliança do Império Otomano, França, Grã-Bretanha e da Sardenha. A aliança queria evitar que os russos invadissem o Império Otomano para tomar os estreitos de Bósforo e Dardanelos que garantiriam uma saída do Mar Negro para o Mediterrâneo. A Rússia acabou perdendo a guerra e a península - um dos palcos do conflito - sofreu danos significativos. Após as revoluções de 1917, que derrubaram o Império Russo e garantiram a ascensão dos bolcheviques de Lênin, a Crimeia se tornou um estado soberano. No entanto, isso não durou muito tempo: em meio à guerra civil entre os Russos Brancos e os bolcheviques, a península se tornou um reduto para o Exército Branco. Com a vitória, os bolcheviques retomam a região que se transforma na República socialista soviética autônoma da Crimeia, em 1921, parte da União Soviética. Manteve-se assim até 1945, quando se Hurricane Hank / © Shutterstock
tornou o oblast (região administrativa) da Crimeia, subordinada aos russos. Durante a Segunda Guerra Mundial, a Crimeia foi ocupada pela Alemanha nazista, e a cidade portuária de Sebastopol foi quase destruída na luta. Quando o Exército Vermelho retomou a Crimeia, em 1944, vários grupos tártaros (etnia natural da região) foram deportados da Crimeia para a Ásia Central, como punição por colaborarem com as forças alemãs. Quase a metade - acredita-se - morreu ao longo do caminho. Os tártaros, que habitaram a península por séculos, não seriam autorizados a regressar à Crimeia até o final da União Soviética. Eles não se esqueceriam disso... Com os tártaros da Crimeia deportados da península, junto com um grande número de gregos e armênios, a Crimeia se tornou uma área quase que exclusivamente russa. Então, em 1954, algo inusitado aconteceu: a Rússia deu a Crimeia à Ucrânia, uma das repúblicas que compunham a URSS. Mas por que exatamente o então presidente, Nikita Khrushchev, desejaria transferir a Crimeia para a República Socialista Soviética da Ucrânia? Existem algumas respostas. Um lugar estrategicamente importante seria visto como um “presente” para a Ucrânia, cujo povo tinha sofrido terrivelmente durante a Segunda Guerra Mundial. Por outro lado, Khrushchev, embora russo, tri-
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lhou seu caminho político através do Partido Comunista da Ucrânia e provavelmente sentia um laço forte para com a região. Em 1991, ocorre o colapso da União Soviética. Muitos chegaram a cogitar que o novo presidente, Boris Yeltsin, fosse exigir a Crimeia dos ucranianos, coisa que nunca aconteceu. A Ucrânia - por sua vez - realizou um referendo para ratificar sua independência diante da antiga URSS e dos russos, em dezembro de 1991. Quanto à Crimeia, após uma breve luta contra o governo ucraniano recém-independente, a população da península concordou em continuar a fazer parte da Ucrânia, mas com autonomia significativa (incluindo a sua própria Constituição e legislatura e - em breve - seu próprio presidente). Em 1997, a Ucrânia e a Rússia assinaram um tratado bilateral sobre Amizade, Cooperação e Parceria, que formalmente garantia à Rússia a manutenção de sua frota do Mar Negro, em Sebastopol. Então veio a crise. Em novembro de 2013, quando o governo do então presidente ucraniano Yanukovich desistiu de assinar um acordo de livre-comércio e associação política com a União Europeia (UE), alegando que buscaria relações comerciais mais próximas com a Rússia, a oposição e parte da população foram às ruas contra a decisão, em protestos violentos que deixaram vários mortos. Em 22 de fevereiro de 2014, as manifestações culminaram na destituição do presidente pelo Parlamento e no agendamento de novas eleições antecipadas para 25 de maio.
rou as tensões separatistas na península da Crimeia - ainda fortemente ligada aos russos. Em março de 2014, invocando o sofrimento do povo russo e uma narrativa de traições constantes do Ocidente, o presidente Vladimir Putin declarou que a Rússia estava no seu direito de reclamar a Crimeia. Após o discurso, assinou um tratado que fez exatamente isso. Putin, desafiando a pressão dos EUA e da Europa, dispensou a deliberação legal e anunciou a anexação rápida da Crimeia. Era a primeira vez que uma nação europeia apreendia o território de outra, desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Em Kiev, as autoridades ucranianas disseram que nunca iriam reconhecer ou aceitar a perda da Crimeia. No entanto, a anexação foi ratificada. Outro problema criado: milhares de refugiados da Crimeia recém-anexada começaram a buscar a Ucrânia após a invasão da península por tropas da Rússia. Até agora, a maioria parece ser de tártaros étnicos (que lembram bem da última vez como foram tratados pelos russos...), que representam cerca de 12% de 2 milhões de habitantes da península. Contudo, vários milhares de soldados ucranianos também são esperados, além de outros residentes da península que não querem viver sob ocupação russa - e preferem sair.
Com isso, houve a criação de um novo governo pró-União Europeia e anti-Rússia, que acir-
Marcelo Tavares é professor de história do QG do Enem. Este artigo não representa, necessariamente, a opinião desta publicação ou de seus editores.
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« É pra lá que eu vou »
A menina dos olhos
das federais UFMG é considerada a terceira melhor universidade do Brasil e está entre as dez tops da América Latina
© Foto: Foca Lisboa
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« É pra lá que eu vou »
“C
om objetivo de se tornar uma instituição de classe mundial, a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) se redesenhou nos últimos anos, aperfeiçoando e inovando seus mecanismos de planejamento. Os reflexos das mudanças já são percebidos tanto na área estrutural quanto acadêmica. A universidade é a primeira federal em número de pedidos de patentes e a que mais envia estudantes ao exterior pelo Ciências Sem Fronteiras. É também considerada a terceira melhor universidade do Brasil e está entre as dez melhores da América Latina. Esses motivos podem ter contribuído para que, logo no primeiro ano utilizando a nota do Enem como única forma de ingresso, a universidade tenha sido a segunda mais procurada. A UFMG ofereceu 3.535 vagas e recebeu
186.123 inscrições na edição de janeiro deste ano do Sistema de Seleção Unificada (Sisu). Os cursos de graduação estão entre os melhores do Brasil, recebendo a nota máxima - cinco - no Índice Geral de Cursos (IGC), indicador de qualidade do Inep. Ao todo, são 76 cursos oferecidos em três campi: Pampulha e Saúde, em Belo Horizonte, e o Campus Regional de Montes Claros, no interior do Estado. A pós-graduação da UFMG também é referência de ensino. Na última avaliação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), a instituição teve o maior percentual de excelência entre todas as universidades brasileiras, com 49,2% de cursos de doutorado reconhecidos internacionalmente com conceitos 6 e 7. Entre especialização, mestrado e doutorado, são oferecidas 206 opções de cursos.
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« É pra lá que eu vou »
Intercâmbio
A quarta maior universidade federal do país em número de matrículas está em primeiro lugar quando se trata de envio de estudantes ao exterior pelo Ciências sem Fronteiras, programa do Governo Federal. Dados divulgados recentemente mostram que foram 1.561 alunos de graduação, 296 de doutorado e 110 na modalidade pós-doutorado. Mas a universidade possui ainda outras formas que permitem o intercâmbio de estudantes, como o Minas Mundi, que conta com apoio financeiro de R$ 1,5 milhão em bolsas de estudo. Ao todo, são mais de 130 programas e 370 convênios que conectam a UFMG a 270 universidades parceiras em 38 países.
E essa via é de mão dupla. Entre 2010 e 2013, por exemplo, foram assinados 42 convênios pelos quais estudaram na UFMG alunos vindos de sete países: Austrália, Bélgica, Espanha, França, Holanda, Itália e Portugal. A ação faz parte dos vários projetos da federal mineira para fortalecer a internacionalização. Segundo a universidade, esse processo de maior projeção mundial ganhará outra escala de operação com o Centro de Internacionalização da UFMG, que será inaugurado neste ano. O prédio de seis andares abrigará cinco centros de estudos especializados em temas relacionados à África, Europa, China, América Latina e Índia (esse já existente), propiciando a intensificação da interação com outras culturas e o desenvolvimento de pesquisas conjuntas.
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« É pra lá que eu vou »
Pesquisa As atividades de pesquisa da UFMG estão entre as mais qualificadas do país, respondendo a 5% da produção científica brasileira, conforme a base Scopus (banco de dados de resumo e citações de artigos acadêmicos). De acordo com a universidade, atualmente, o número de citações supera o de trabalhos: a média é de 1,26 citações por trabalho publicado por pesquisadores da UFMG. Outro indicador importante da relevância da pesquisa é o número de bolsistas do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico
e Tecnológico (CNPq). A UFMG possui 701 bolsistas de produtividade do CNPq, correspondendo aproximadamente a 23% do seu corpo docente. O resultado dos estudos na UFMG também pode ser sentido na prática, destacando-se no quesito inovação. Entre as federais, ela é líder em números de depósitos de pedidos de patente no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). Já em relação às instituições brasileiras, fica na quinta colocação - até o final do ano passado foram submetidos 613 pedidos de patentes, 86 registros de marcas, 12 registros de desenhos industriais e 29 programas de computadores.
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« É pra lá que eu vou »
Qualidade Criada em 1927 com a fundação da Universidade de Minas Gerais, sendo federalizada na década de 40, a UFMG foi considerada a terceira melhor universidade do país no ranking do jornal Folha de S.Paulo de 2012-2013. Já na classificação internacional Academic Ranking of World Universities (também conhecido como ranking de Shanghai), está entre as cinco melhores brasileiras, ao passo que, pelo QS World University Rankings 2013, obteve 4 estrelas em uma escala que vai de 1 a 5. De olho na continuidade desse padrão de qualidade, a universidade projeta para o futuro um conjunto de 15 projetos estruturantes. Microscopia de última geração; produção de animais de laboratório com rigoroso padrão genético e sanitário; fomento ao esporte de alto rendimento; investimento na infraestrutura dos hospitais; e ampliação do acervo bibliográfico fazem parte desse conjunto de projetos que contempla variadas áreas e atividades e que, juntos, tornarão a UFMG uma instituição de ensino superior de classe mundial.
Dados numéricos, total de:* Matrículas - 32.638 Professores - 2.743 Cursos presenciais - 76 Cursos de pós-graduação - 206 Cursos EAD - 19 Campi - três Campi Pampulha e Saúde, em Belo Horizonte, e o Campus Regional de Montes Claros, no interior. Há ainda um campus cultural na cidade de Tiradentes Unidades de ensino - 20 (19 na capital e uma no interior), além de 3 unidades especiais *Fonte: Censo da Educação Superior (2012) e Universidade Federal de Minas Gerais
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« QG RESOLVE »
Os gêneros literários constituem modelos aos quais se deve submeter a criação artística. Deles NÃO se deve considerar como verdadeiro:
a) Segundo concepção clássica, são três os gêneros literários. a obra literária possa encerrar emoções diversas, podendo hab) Embora ver intersecção de elementos líricos, narrativos e dramáticos, há sempre a prevalência de uma destas modalidades.
c) A criação poética, de caráter lírico, privilegiará os diálogos dos personagens. crônicas, romances e contos são espécies literárias de caráter d) Novelas, narrativo. discurso literário é considerado dramático quando permite, em prine) Ocípio, ser representado.
Resposta correta e explicação aqui:
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Nos estados, entretanto, se instalavam as oligarquias, de cujo perigo já nos advertia Saint-Hilaire, e sob o disfarce do que se chamou “a política dos governadores”. Em círculos concêntricos esse sistema vem cumular no próprio poder central que é o sol do nosso sistema. Prado, P. Retrato do Brasi, Rio de Janeiro: José olympio, 1972.
Resposta correta e explicação aqui:
Vídeo
A crítica presente no texto remete ao acordo que fundamentou o regime republicano brasileiro durante as três primeiras décadas do século XX e fortaleceu o(a):
a) Poder militar, enquanto fiador da ordem econômica. b) Presidencialismo, com o objetivo de limitar o poder dos coronéis. c) Domínio de grupos regionais sobre a ordem federativa. d) Intervenção nos estados, autorizada pelas normas constitucionais. e) Isonomia do governo federal no tratamento das disputas locais.
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« QG RESOLVE »
Considere as duas pessoas representadas a seguir. Devido as suas lentes corretivas, a da figura 1 aparenta ter os olhos muito pequenos em relação ao tamanho do seu rosto, ocorrendo o oposto com a pessoa da figura 2:
É correto concluir que:
a) b) A pessoa da figura 1 é hipermetrope e usa lentes divergentes. c) A pessoa da figura 2 é míope e usa lentes divergentes. d) Apessoa da figura 2 é hipermetrope e usa lentes convergentes. e) As duas pessoas têm o mesmo defeito visual. A pessoa da figura 1 é míope e usa lentes convergentes.
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Um mecânico de uma equipe de corrida necessita que as seguintes medidas realizadas em um carro sejam obtidas em metros: a) distância A entre os eixos dianteiro e traseiro; b) altura B entre o solo e o encosto do piloto.
a) 0,23 e 0,16. d) 230 e 160. b) 2,3 e 1,6. e) 2.300 e 1.600. c) 23 e 16.
b = 1.600 cm
Resposta correta e explicação aqui:
Resposta correta e explicação aqui:
a = 2.300 cm
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« QG RESOLVE »
Tiro de Letra
Carla Carmelita*
A competência linguística Para muitos alunos, escrever é uma tarefa dolorosa. O candidato do Enem está numa situação de produção especial: sob pressão psicológica; sem autorização para consultar dicionários, gramáticas ou colegas; sem tempo e sem calma para várias revisões. Essas condições de produção impedem que o texto alcance o mesmo sucesso daqueles elaborados na vida real, que obedecem a um processo natural de consultas e revisões. Diante disso, é preciso ficar atento às competências avaliativas, visto que a banca trabalha com cinco níveis para atribuir a nota. Neste primeiro contato, vamos conversar sobre a competência 1– Demonstrar domínio da modalidade escrita formal da Língua Portuguesa. Nesse item avaliativo, a banca verificará como anda sua competência linguística, ou seja, se sabe concordância, regência, pontuação, ortografia. Todo candidato deve ter em mente que não se escreve do mesmo modo que se fala, uma vez que fala e escrita são processos diferentes, cada qual com características próprias. Na escrita formal, por exemplo, deve-se evitar, ao relacionar ideias, o emprego dos conectivos da oralidade, por exemplo, ‘aí’, ‘daí’, ‘tipo assim’. Além disso, deve-se ter muito cuidado com a estruturação dos enunciados, isto é, a constituição das frases. Na linguagem coloquial, as frases são muito entrecortadas e isso não significa um problema, visto que os interlocutores estão no mesmo
Na redação do seu texto, você deve procurar ser claro, objetivo e direto, empregar um vocabulário mais variado e preciso”
* Carla Carmelita é professora de redação do QG do Enem.
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« QG RESOLVE »
contexto de interação, havendo a possibilidade de intervenção para elucidar o que não ficou claro. Sendo assim, é possível desfazer os possíveis ruídos que podem advir do processo comunicativo, além de a expressão fisionômica também ajudar na compreensão do texto oral. Na escrita é diferente, pois o interlocutor não está “face to face”, cabendo aos sinais de pontuação substituir as pausas, os gestos, e etc. Na redação do seu texto, você deve procurar ser claro, objetivo e direto, empregar um vocabulário mais variado e preciso, diferente do que você utiliza quando fala. Evite também os chamados erros crassos como: • Há 5 anos atrás – há já indica tempo passado; • Fazem 50 anos... - o verbo fazer no sentido de tempo decorrido é impessoal; • Jamais empregue a vírgula entre o sujeito e o predicado e entre o verbo e os seus complementos. Para evitar os erros grosseiros, é preciso ter o domínio das regras básicas de concordância verbal e nominal, assim como das normas ortográficas, uma vez que o avaliador irá analisar o domínio do candidato em relação à modalidade escrita formal, verificando o grau de adequação da expressão linguística de cada redação às características linguísticas do texto dissertativo-argumentativo. Diante dessas dicas, não se desespere. Ainda há tempo para você se apropriar dessas regras! Faça sempre revisões cuidadosas a cada texto produzido e se atente aos padrões exigidos nas redações. Nos encontraremos na próxima edição para conversarmos sobre as competências 2 e 3.
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« tipo assim »
Crônica
Bruno Miranda*
Sobre macaco, cachorro e baleia Em algum momento do jardim de infância, enquanto a professora tentava passar as atividades, o assunto na sala passou a ser animaizinhos de estimação. Durante toda a minha vida, sempre tive um cão ou um gato – até eu aceitar que a minha alergia não me permitia ter gatos – e, naquela época, ficava a maior parte do tempo com meu vira-lata de barriga branca e pelo alaranjado chamado Baby. Ele era comprido igual um Salsicha, mas as orelhas eram pequenas e ficavam sempre alertas. O rabinho era tão curto que ele acabava mexendo todo o resto do quadril junto quando a gente fazia carinho. Enquanto ouvia meus colegas falando do peixinho, porquinho da índia, hamster e cágado que tinham, eu pensava comigo mesmo “amadores... Eu tenho um macaco!”. Na verdade, eu não lembrava exatamente de como ele era. Tinha por volta de três anos quando ele se foi e o Baby passou a ser o novo membro da família. Aliás, a casinha que, naquele momento, era do cachorrinho, é grande porque antes pertencia ao macaco, que preenchia quase todo o espaço. Disso eu lembrava, mas qualquer outra memória dele tinha se perdido. Eu sempre quis ter um cágado, mas ter um macaco era muito mais legal. E todo mundo na escola inteira ficou sabendo que já tive um macaco. É obvio que eu nunca tive um macaco. 1) o único macaco doméstico permitido é o sagui e ele é tão pequeno quanto o Baby (eu precisaria de uns oito saguis pra encher a casinha do cachorro como eu me lembrava) e 2)
E como não considerar como membro um animal que fica tão feliz só com um carinho, com coisas simples e verdadeiras?”
Acesse * Bruno Miranda é vlogueiro do Minha Estante (www.youtube.com/ minhaestante). Esta coluna não representa, necessariamente, a opinião desta publicação ou de seus editores.
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« tipo assim »
minha mãe nunca deixaria eu ter um animal silvestre. O “macaco”, neste caso, é na verdade o Macaco, um cachorro grande, peludo e todo preto que já estava na família antes mesmo de eu chegar. Como eu só lembrava daquele vulto preto preenchendo toda a casinha do cachorro e dos meus irmãos falando do “macaco”, eu não poderia ter imaginado outra coisa. Igual a Baleia, que ganhou vida em meio a seca do sertão por Graciliano Ramos em sua obra “Vidas Secas”. O romance conta a história de uma família de retirantes que vai em busca de outras terras para lutar contra a falta de chuva. O personagem principal é Fabiano, mas quem rouba a cena mesmo é Baleia, a cachorrinha da família. Tendo o nome do maior mamífero aquático, enquanto a grande preocupação naquele momento era a falta de água, Baleia representa a única esperança de Fabiano e seus familiares. Ela inclusive se torna a única esperança no momento em que consegue caçar um preá e matar a fome de toda a família depois uma longa caminhada. Sua recompensa foi os ossos do preá e um beijo no focinho. E quem disse que pra ela não foi uma ótima recompensa? Por mais que “o filho mais novo” e o “filho mais velho” do casal não tenham nome, Baleia tem, como se fosse um membro da família. E como não considerar como membro um animal que fica tão feliz só com um carinho, com coisas simples e verdadeiras? Desde Graciliano Ramos em 1938 até John Grogan com o best-seller “Marley & Eu” em 2005, o significado desses animaizinhos na nossa vida continua o mesmo. “Um cão não se importa se você é rico ou pobre, educado ou analfabeto, inteligente ou burro. Se você lhe der seu coração, ele lhe dará o dele.” (John Grogan)
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« tipo assim »
Opinião
Luisa Clasen*
Germanizada Tem coisas na nossa vida que acabam se tornando parte de quem somos. Uma dessas coisas, pelo menos pra mim, foi a escola onde estudei da pré-escola até o ensino médio. De 1996 a 2007, estudei no Colégio Suíço-Brasileiro, em Curitiba, uma escola cujo objetivo não é preparar para o vestibular, e sim formar cidadãos. Tendo isso em mente, a gente tinha aula de trabalhos manuais, atividades de trabalho voluntário e várias coisas que não se vê em um colégio “normal”. Além disso, como o próprio nome pode ter te levado a pensar, eu tive vários professores da Suíça. As aulas com eles eram sempre em alemão e, em geral, mais divertidas do que as aulas em português. Meu boletim comprova isso! Na 4ª série, minha média de matemática em alemão foi o dobro da que tirei em matemática em português. Cheguei a tirar 11,1 em uma prova de geometria com professor suíço, porque, segundo ele, quem desenvolvesse o raciocínio ganhava 10% a mais na prova. Uma coisa curiosa sobre as escolas suíças mundo afora é que, pelo fato de o alemão ser uma das línguas oficiais do país, os livros usados são da Alemanha. A gente estuda Hochdeutsch, o alemão gramaticalmente correto (então rolou uma dificuldade pra entender o dialeto alemão do século XIX que meu avô fala). O alemão da Suíça é diferente do da Alemanha, e o da Alemanha mal pode ser qualificado como um idioma só, de tantos dialetos nas diferentes regiões. Isso se deve à história da Alemanha, que só foi unificada há muito pouco tempo. Juntaram vários povos germânicos, com suas culturas semelhantes e fizeram um país.
Quem sonha em conhecer a Alemanha, é por causa da Oktorberfest, pra beber cerveja boa sem limites. A cultura alemã é muito mais do que isso.” Acesse * Luisa Clasen é vlogueira do Lully de Verdade (www.youtube.com/ lullydeverdade). Esta coluna não representa, necessariamente, a opinião desta publicação ou de seus editores.
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« tipo assim »
O interessante de aprender outro idioma é também entender a cultura. Como quando você aprende inglês e começa a recitar alguns ditados que não existem no Brasil, “finders keepers, losers weepers”, e por aí vai. Aprendendo alemão com professores suíços desde criança, eu entrei em contato com o famoso método de enumerar (começando pelo polegar, e não pelo indicador, como você deve ter visto em Bastardos Inglórios) e com as anedotas de humor esquisito nos meus livros de alemão. Nomes alemães pra mim são fichinha, e não entendo porque toda vez eu preciso soletrar “Clasen” para as pessoas. Eu provavelmente sei mais sobre as capitais europeias do que as brasileiras. Esquece o “provavelmente”, é fato. É nesse momento que aparece um espírito de porco para dizer que todo alemão é nazista ou que a gente não devia respeitar uma cultura que cometeu tantas atrocidades. Acredite, tudo o que os alemães querem é seguir em frente. Se você for pra lá, ninguém vai chegar pedindo desculpas pelos crimes dos antepassados, mas é o tipo de assunto que você só aborda se tiver muita amizade com alguém. Por causa dessa sombra no passado, eles se tornaram muito mais amigáveis com os turistas e, desde a Copa do Mundo na Alemanha, eles puderam voltar a ter orgulho da própria bandeira. Isso porque o nazismo acabou há mais de 50 anos. Calcule você nascer em um país onde a moral está lá embaixo e todos os estrangeiros têm desprezo por você. O nazismo fez mal para o mundo, e a Alemanha está incluída nisso. No Brasil, a gente se acostumou com o mundo nos olhando com brilhos nos olhos. Todo gringo sonha em conhecer o Rio de Janeiro, a Amazônia, tomar uma caipirinha bem gelada ouvindo samba, de preferência no Carnaval. Quem sonha em conhecer a Alemanha, é por causa da Oktorberfest, pra beber cerveja boa sem limites. A cultura alemã é muito mais do que isso. Pensando nessa carência que temos de informação (ainda mais sobre esse que é um dos meus países favoritos), convidei o Dominik, do canal Get Germanized, pra um hangout ao vivo. No canal dele, ele fala sobre o que os alemães pensam, falam, vivem, e por aí vai. Foi uma felicidade poder conversar com ele em alemão pelo skype antes, pra tirar a poeira da minha fluência, já que estou há dois anos sem fazer aula. De qualquer maneira, venha conhecer um pouco mais sobre a cultura germânica no hangout ao vivo que vai rolar no dia 17 de junho, às 20h (Brasília)!
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