TERESINA - PI, OUTUBRO DE 2007
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OPINIÃO TERESINA - PI, OUTUBRO DE 2007
Pós-Graduação e desenvolvimento Na 13ª edição do Informativo Cientifico Sapiência, comemoram-se 15 anos da criação do Programa de Mestrado em Educação da UFPI, primeiro mestrado institucional no Piauí. Sem dúvida, esse fato tem um significado muito marcante para a universidade e para comunidade piauiense. O Mestrado em Educação veio promover e impulsionar as pesquisas na área e contribuir para a melhoria do ensino, tendo até o momento 177 dissertações defendidas, com cerca de 90% retratando a realidade da educação do Piauí, conforme salienta a Coordenadora do Programa entrevistada neste número do Sapiência, a professora dra. Ivana Ibiapina. O programa abriu um importante espaço para criação e implantação de novos cursos de Pós-Graduação em nível de mestrado na UFPI, como o de Ciência Animal, em
2001. Com uma complexa infra-estrutura, o Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal volta-se para a pesquisa e ensino, com laboratórios, galpões, equipamentos avaliativos de alimentos para ruminantes e, positivamente, o programa tem uma profícua relação técnico-científica com as demais áreas do Centro de Ciências Agrárias. Pelo êxito do programa, em 2006, foi aprovado pela CAPES o primeiro curso de doutorado da UFPI. Desta forma, a principal instituição de Ensino Superior do Estado do Piauí avança e, definitivamente, se junta a um seleto grupo de instituições de ensino superior que, ao invés de apenas ser uma repetidora de conhecimento, passa a produzir e propor novas alternativas e soluções definitivas para problemas que afligem nosso Estado ou mesmo nossa nação. Assim, nesta edição do Sapiência, os leitores têm, para maior conhecimento sobre
esses dois programas de pós-graduação stricto sensu da UFPI, entrevistas com os coordenadores, além de matérias com importantes produções feitas por seus alunos ou professores. Ressaltamos que a grande importância desses cursos é a credibilidade que eles adquiriram junto à sociedade, decorrente da “execução de bons projetos e formação de profissionais com alta qualificação”, segundo o coordenador do Curso de Ciência Animal, professor doutor Francisco Costa. Esses programas só contribuem para o desenvolvimento econômico e sócio-cultural do Piauí. É com satisfação que nós que fazemos o Sapiência trazemos mais essa edição para você, leitor. Acácio Salvador Véras e Silva Diretor Editorial
Adaptabilidade de caprinos e ovinos Amilton Paulo Raposo Costa*
O desempenho produtivo e reprodutivo de caprinos e ovinos depende da interação de fatores do meio com o patrimônio genético do indivíduo. Na região Nordeste, vários grupos genéticos de caprinos e ovinos se desenvolveram, alguns com características raciais definidas, que são reconhecidos como raças e outros ainda sem esse reconhecimento. Várias raças exóticas são também utilizadas pelos criadores nordestinos, especialmente para cruzamentos com animais nativos, visando ao melhoramento de características produtivas. O clima da sub-região Meio-Norte do Brasil, onde se localizam os estados do Piauí e Maranhão é um intermediário entre o clima nordestino quente e seco e o clima da Região Norte, quente e úmido. No Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Piauí, especialmente envolvendo o Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal, com mestrado e doutorado, há um grupo de pesquisadores que de-
senvolvem trabalhos na área de Bioclimatologia de caprinos e ovinos. Parte das pesquisas é financiada pelo CNPq, através de um projeto de cooperação com instituições do sudeste (UNESP e USP). Dentro dessa linha de pesquisas já foram desenvolvidas três dissertações de mestrado e há outras em andamento. Foram publicados vários resumos em eventos e dois artigos, sendo um em revista nacional e outro em revista internacional, comparando grupos raciais caprinos nativos com raças exóticas ou raças exóticas entre si. Nosso objetivo é estabelecer protocolos de avaliação de animais, quanto à adaptabilidade, para nossas condições climáticas e com esses protocolos avaliar as principais raças e grupos genéticos de caprinos e ovinos. Estamos buscando também verificar índices de temperatura e umidade e outros que envolvem também radiação solar; quais os mais adequados para avaliar o ambiente físico e predizer os locais menos estressantes para os animais e mais apropriados para sua produção. A metodologia consiste em avaliar os animais em duas épocas do ano, em quatro horários do dia, em quatro dias diferentes, com intervalo de uma semana, em cada período (chuvoso ou seco). As avaliações constam de medições da temperatura corporal, fre-
qüência respiratória e cardíaca. Além dessas, os animais são submetidos a provas de adaptabilidade a campo, para avaliarmos a tolerância à insolação, capacidade de dissipação de calor e capacidade de manutenção da homeotermia, nas horas mais quentes do dia. No primeiro experimento realizado, cujos resultados já foram publicados, fez-se a comparação entre as raças Boer e Anglonubiana. Os animais da raça Bôer tiveram melhor desempenho no teste do comportamento termorregulatório ao longo do dia e também no teste de tolerância à insolação direta, tanto no período seco quanto no chuvoso. No teste de manutenção da homeotermia no horário mais quente do dia, à sombra, os animais da raça Boer tiveram melhor desempenho no período seco e os Anglonubianos no período chuvoso. Na prova de dissipação de calor, as duas raças foram semelhantes. Tomando-se os resultados como um todo, a raça Boer mostrou melhor desempenho do ponto de vista de tolerância a condições climáticas da região Meio-Norte do Brasil, quando comparada à raça Anglonubiana.
Nº 13 * Ano IV * Outubro de 2007 ISSN - 1809-0915 Informativo produzido pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Piauí Fone: (86) 3216-6090 Fax: (86) 3216-6092
Presidente da FAPEPI Acácio Salvador Véras e Silva
Conselho Editorial: Acácio Salvador Véras e Silva Francisco Laerte J. Magalhães W elington Lage
Editora-Chefe: Márcia Cristina
Textos: Márcia Cristina (Mtb-1060) Roberta Rocha (Mtb-1856)
Revisão: Assunção de Maria S. e Silva
Projeto Gráfico e Editoração Eletrônica: Cícero Gilberto (86) 8801.9069
Impressão: Grafiset - Gráfica e editora Rêgo Ltda. - (99) 3212.2177
Tiragem: 6 mil exemplares
*Professor Associado do Departamento de Morfofisiologia da UFPI. amilfox@uol.com.br
Recebemos Manifestarei minha reflexão sobre a importância do informativo Científico Sapiência. Para tal farei uma cronologia bastante recente, relativamente, dentro dos milhões de anos do Universo e mesmo da história do Homo sapiens sapiens. E isto será feito de acordo com as grandes transformações ocorridas na história da humanidade e lá no final veremos o tamanho da importância do Sapiência. Senão vejamos: Primeira grande revolução - há 7000 anos o homem inventou a agricultura e a partir daí mudou todas as relações interpessoais com todas as suas conseqüências; segunda grande revolução - há 3500 anos o homem inventou a escrita e a partir daí
começou a criar o embrião da ciência que já começou a se estabelecer ainda antes da era cristã (aqui também se inclui a era das grandes navegações); terceira grande revolução - esta já no século XIX com a Revolução Industrial e todas suas conseqüências principalmente nas relações trabalhistas; quarta grande revolução – esta já no século XX que foi a criação da informática e aí a ciência deu um salto gigantesco sem precedentes em toda a sua história e estamos presenciando agora no século XXI eventos científicos espetaculares que mostram o quanto a ciência pode fazer pela Humanidade em todos seus aspectos. É a luta da razão contra a ignorância; da luz contra as tre-
vas; da sabedoria contra a alienação e melhor força para espantar os demônios: isto é e será sempre a grande importância do Sapiência como instrumento do bem em sua plena religiosidade científica. A ciência moderna no Piauí é muitíssimo recente! É só analisar a cronologia aqui feita. O grande sonho do astrofísico americano Carl Sagan era popularizar a ciência. E isto o Sapiência faz.
Críticas, sugestões e contatos: Parabéns a Fapepi e ao Acácio!!! Dr. Ernane Paiva Maia Médico e Professor da UFPI dr.ernane@veloxmail.com.br
sapiencia@fapepi.pi.gov.br • Fones: (86) 3216.6090 / 3216.6091 Fax: (86) 3216.6092 • www.fapepi.pi.gov.br
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ARTIGO TERESINA - PI, OUTUBRO DE 2007
Imprensa e Poder: conflitos e negociações Gustavo Said*
Está virando rotina alguns políticos, intelectuais e autoridades públicas se dirigirem à imprensa com uma atitude de menosprezo. Criticam efusivamente a atividade de imprensa como se as práticas jornalísticas fossem responsáveis por sustentar, sozinhas, todas as formas de injustiça e dominação social e por promover o desencantamento de um projeto de humanidade. E o que é pior: virou moda usar os próprios meios de comunicação para afirmar que a atividade jornalística se impõe exatamente contra aqueles que ocupam os cargos da administração pública e exercem o poder político em quaisquer dos seus âmbitos. Em parte, faz sentido atribuir aos meios de comunicação tal responsabilidade: o poder simbólico, na forma como o pensou o sociólogo francês Pierre Bourdieu, é a forma mais sutil de constituir a dominação social pela legitimação de certas ‘verdades’ e condutas. Contudo, a crítica produzida por muitos intelectuais, políticos e administradores corresponde menos a um esforço analítico para compreender o campo midiático e
muito mais a uma operação ideológica que pretende desviar a atenção do público para um outro ator social: o jornalista. Ao se proferir a crítica banal aos meios de comunicação (observe-se, também, que há muita crítica producente), os olhares da platéia se voltam para o campo midiático e para seus agentes. É claro que essa postura produz também efeitos positivos. Primeiro, porque alerta segmentos do público para a necessidade de avaliar criticamente o trabalho jornalístico; depois, porque rompe com o mito de que os textos jornalísticos, ao invés de uma construção discursiva como tantas outras, são mero reflexo dos fatos sócio-políticos. Há que se ter cuidado, porém, com a afirmação de que tudo é culpa da mídia. Tal assertiva é um recurso para fazer crer que a realidade está além das práticas políticas e da atividade intelectual, porque é tão-somente uma construção midiática. Conforme esse pressuposto, nada escapando da visibilidade conferida pela mídia, tudo passa pelo crivo da sua lógica capitalista. Ao fim e ao cabo, esse quadro analítico produz um ardil interpretativo que leva os pensadores, políticos, administradores e a própria sociedade a um beco sem saída: é impossível servir-se da imprensa, porque os seus interesses contrariam os interesses da sociedade como um todo.
Para surpresa de muitos, no entanto, essa mídia tão criticada é a mesma de que se utilizam os seus críticos mais mordazes. Os mesmos intelectuais, adeptos de uma teoria conspiratória da mídia, que proclamam que a imprensa representa os interesses de uma classe social são os que se revezam em pequenas aparições na tv e escrevem para os jornais. Muitos deles são reconhecidos como especialistas em certos assuntos porque construíram, junto aos jornalistas locais, uma imagem que lhes é bastante favorável – e da qual dependem, de forma cúmplice, os próprios jornalistas, na medida em que pautam suas matérias nos discursos das suas fontes. De forma similar, alguns políticos e administradores criticam o jornalismo porque ele direciona a atenção do seu público para assuntos político-administrativos menos urgentes, produzindo fatos sensacionais que suplantam a própria realidade política. Falam de uma total submissão da política à lógica produtiva dos meios de comunicação, mas esquecem que, por inúmeras vezes, se servem das práticas de marketing e publicidade, impossíveis de serem conduzidas sem o dispositivo tecnológico dos meios e, muito menos, sem a visibilidade que estes dispositivos conferem aos fatos e às ações da administração pública e à imagem das pessoas a ela ligadas. Walter Lippman já
dizia, em 1920, que a ciência política é ensinada nas faculdades como se os jornais não existissem. Cumpre acrescentar que os jornais só existem porque, também, existe a política. Os meios de comunicação não podem se tornar o bode expiatório dos erros, falhas e faltas das atividades política e intelectual. Como campo social, passível de análise crítica, o campo do jornalismo está intimamente ligado aos campos da ciência, da política, da economia e de tantos outros, exatamente porque a sua função é a de conferir visibilidade ao estatuto simbólico dos outros campos e, por consegu inte, mediar as suas ações nos diversos domínios da experiência. Há reverberações de um a outro lado, influências mútuas e múltiplas. A imprensa se relaciona intimamente com as demais instituições que estão presentes nos outros campos sociais. Ela pode ser tão ruim quanto o resto das instituições sociais com as quais se relaciona. Mas pode também acompanhar o seu desenvolvimento.
* Gustavo Said, professor da UFPI, é doutor em Ciências da Comunicação pela Unisinos. E-mail: gsaid@ufpi.br
Processo inovador no marketing dos derivados do caju no mercado varejista de Teresina Helano Diógenes Pinheiro*
O caju é uma fruta originária do Brasil, sendo que os estados do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte e Bahia respondem por 95% da produção nacional. É muito rico em vitaminas A, C e complexo B, além de ferro. O fruto do cajueiro é formado por duas partes: a castanha, que é o fruto propriamente dito, e o que é comumente chamado de fruta é cientificamente denominado de pedúnculo floral, o pseudofruto. Com ele se podem fazer diversos derivados, como doces, vinhos, cajuína, bolos, ração animal, entre outros, mas 85% do pseudofruto não têm utilização comercial. Esta pesquisa buscou verificar a presença de processo inovador nos produtos derivados do caju comercializados no varejo de Teresina – PI, como supermercados, panificadoras e restaurantes,
Laize Lopes Soares**
além de perceber como o marketing é feito nessas empresas. No mundo atual, o desenvolvimento de novos produtos é de extrema necessidade para a manutenção da competitividade das empresas, pois a inovação permite diferenciar os produtos aos olhos dos consumidores. Objetivando a criação de valor para os consumidores por meio de oferta de benefícios superiores para os clientes, o desenvolvimento de inovações de produtos e serviços tem na área de marketing um de seus principais estimuladores. O marketing pode ser definido como “um conjunto de tarefas relacionadas à criação, promoção e fornecimento de bens e serviços a clientes, visando a satisfazer suas necessidades e desejos” (GOBE ET AL, 2004, p.10); e como uma forma de se competir em ou-
tras bases que não o preço (KOTLER, 2003). Ele realiza um trabalho direcionado para um público específico, buscando agregar valores únicos aos produtos para diferenciá-los dos concorrentes. Verificou-se a inexistência de um processo inovador, envolvendo a comercialização dos derivados do caju, devido principalmente a gargalos do sistema produtivo e a falta de sintonia com o mercado. Embora seja um produto de boa aceitação, não se identificou esforços para inserir inovações no mercado, sendo a indústria apontada como a responsável por desenvolver novos produtos. Mesmo em produtos preparados nos próprios pontos de venda, como os pratos comercializados nos restaurantes, não se percebe o esforço de diferenciação. Pesquisas realizadas por entidades e empresas mostram a viabilidade no desenvolvimento de novos produtos, a partir do caju, como hambúrguer, pizza, estrogonofe etc., além do já tradicional uso da castanha de caju, com sua incorporação em cookies e cereais matinais. Os comerciantes locais consideram
a qualidade importante, levando em conta principalmente suas características físicas de consistência e sabor, além de reconhecerem a importância da embalagem na apresentação do produto. A adequação a necessidades específicas foi identificada nas panificadoras, porém poucas empresas fazem pesquisa de mercado. Por se tratar de trabalho exploratório, não se pretende generalizações ou conclusões definitivas, focando-se num panorama geral que apresente o setor, segundo a literatura utilizada, a fim de levantar novas questões e possibilidades de pesquisa. Levantou-se, para prosseguimento desta pesquisa, a necessidade de testes empíricos para verificar que tipos de inovações podem encontrar receptividade entre os consumidores. * Professor assistente da UESPI e Doutorando em Administração da UFRN. ** Estudante de Administração e Bolsista do PIBIC da UESPI. laizinhals@hotmail.com
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REPORTAGEM TERESINA - PI, OUTUBRO DE 2007
Piauí tem oferta diversificada de cursos de Pós-graduação A Universidade Federal do Piauí possui 14 programas de pós-graduação stricto sensu em nível de mestrado, nas Áreas de Educação, Ciência Animal, Química, Agronomia, Desenvolvimento e Meio Ambiente, Políticas Públicas, História do Brasil, Letras, Ciência e Saúde, Farmacologia, Enfermagem, Ética e Epistemologia, Física e Ciência Política e possui ainda um doutorado na área de Ciência Animal. Todos esses programas são reconhecidos pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior do Ministério da Educação (Capes/MEC). Com o crescimento e abrangência de professores e pesquisadores cada vez mais qualificados, com o avanço das pesquisas dentro dos programas e do nivelamento da UFPI com outros programas de bons níveis. Nesta edição, o Sapiência abre espaço para conhecermos os dois programas de pós-graduação stricto sensu mais antigos: Educação e Ciência Animal.
A Uni ve rsi da d e Fed era l do De acordo com a coordenadoPiauí - UFPI é a mais antiga instituira do Mestrado, a Drª. Ivana Maria çã o de ensino superior do Estado. Lopes de Melo Ibiapina, a pesquisa As atividades de ensino foram iniconstitui-se o eixo central do Prociadas com 9 (nove) cursos em difegrama de Pós-Graduação em Educarentes áreas do conhecimento. Hoje ção - PPGEd/UFPI e visa a analisar apresenta mais de 30 (trinta) Cursos e compreender a realidade educacide graduação em várias áreas do coonal brasileira e, em especial a do nhecimento e modalidades. DuranPiau í, de fo r ma a te a década de 80, a UFPI estudou subsidiar propostas de intervenção várias alternativas para viabilizar a nessa realidade. A inserção dos aluimplantação de seu primeiro mestranos em uma das linhas de pesquisa do. Dos seis Centros de Ciência s tem como objetivo dotar os discenque compõem a UFPI, o Centro de tes de fundamentação teórico-metoCiência s da Edud o ló g i c a , bem cação (CCE) era o co mo pro po rci oq u e m a i s c o n di na r a os mestra nAté 2006, concluíram o ção oferecia pa ra dos a prá tica neMestrado, neste a su a concretiza cessá ria à formação, tanto em relaçã o do p rofessor Programa, 156 discentes çã o à s condições pesqu isa dor. que atualmente estão físicas e materiais, Este a no, o inseridos no mercado de quanto em relação P ro gr a ma co me à qua lificação de mora 1 5 a nos de trabalho, contribuindo para seu s professores. sua criação. O vao processo de Em 1 991, o CCE lor histórico desdemocratização e melhoria implantou o Messa d a t a r e g i st r a tra do em Edu ca da qualidade da educação significa tiva proçã o. duçã o e divu lga e do próprio exercício da O Mestra do ç ã o d e c o n h ec i cidadania de crianças, fo i e str u t u ra d o mentos na área da jovens e adultos, por meio com base em três educação, bem princípios: intercomo a consolidado desenvolvimento de disciplin a rida de, çã o de estu dos e pesquisa na área flexibilidade currip e squ i sa s c o m educacional. cular e integração prometidas com o en sin o e pe squ ide sen vol vi men to sa. A área de condo Brasil, especicentra ção do Programa em Educaalmente da Região Nordeste e do Esção segue duas linhas de pesquisa: tado do Piauí. Ensino, formação do professor que O Programa, a partir da última desenvolve análises sobre questões avaliação da CAPES, conferiu nota relacionada s a prá tica s peda gógiquatro, consolidando o trabalho que c a s, e sp ec i a l m en t e , pr o c u r a n d o vem sendo realizado pelo grupo de co nstr u ir co nhec ime nto s so bre a 1 1 (onze ) dec entes cred encia dos identidade profissional do docente, como permanentes e três como coconsubstanciados em saberes, prála bora dor es. ticas, profissionalidade e políticas O trabalho desenvolvido por de forma çã o de docentes. A outra este Programa vem conquistando eslinha do Programa abrange as Prápaço, reconhecimento e credibilidaticas pedagógicas e Educação, mode com as pesquisas realizadas pevimentos sociais e políticas públilos seus discentes e docentes desde cas que desenvolve análises sobre a sua oficialização. Até 2006, concluprocessos educativos ocorridos nas íram o Mestrado, neste Programa, 156 prá tica s dos movimentos socia is, discentes que atu almente estão inem busca da construção da cidadaseridos no mercado de trabalho, connia. Estuda, ainda, a relação dos motribuindo para o processo de demovimentos sociais com o Estado (pocratização e melhoria da qualidade da líticas pú blicas) e com o conjunto educação e do próprio exercício da d a so c i e da d e , em p a r ti c u l a r a s cidadania de crianças, jovens e adulONGs, principalmente, nas lutas em tos, por meio do desenvolvimento de prol da escola pública e gratuita. pesquisa na área educacional.
Foto: Roberta Rocha
Mestrado em Educação15 anos produzindo conhecimento
Caprino da raça anglonubiano. No detalhe, testículo característico da genética do animal
Com relação à integração do Programa com a Graduação têm-se alcançado benefícios recíprocos. O objetivo desta interação é desperta r nos docentes e discentes desse nível de ensino o interesse e cultivo pela pesquisa científica. Exemplo disso é que no ano passado, 04 mestrandos, bolsistas CAPES/FAPEPI, fizeram estágio de docência na gr a d u a çã o, a co mp a n ha do s pe lo s respectivos orienta dores. O PPGEd/UFPI mantém a Revista “Linguagens, Educação e Sociedade” que é um periódico de divu l ga çã o cien tífica consta nte do Qualis/CAPES, que vem sendo publ ic a d o i ni nt err u p ta me nte d esde
1996. A partir de 2004, a revista passou a ser impressa semestra lmente e seu Comitê Editorial é formado por pesquisadores de diferentes universidades brasileiras e estrangeiras. A publicação está disponível em versã o o n -l in e no e n d e re ç o www.mesteduc/revista.htm. O programa de Pós Graduação, também, estabelece intercâmbio regional com as Universidades Federais do Ceará e Rio Grande do Norte. O intercâmbio se dá por meio do Programa de Qualificação Institucional (PQI), para qualificar em nível de dou tora do professores do CCE da UFPI, assim distribuídos: 05 na UFC e 05 na UFRN.
Evento científico marca os 15 anos do PPGEd O ano de 2007 é relevante para a Universidade Federal do Piauí, já que marca os quinze anos da criação do seu primeiro curso de Pós-Graduação em nível de mestrado, o Mestrado em Educação, do Programa de Pós-Graduação em Educação – PPGEd. O Programa completou 15 anos, no dia 29 de agosto deste, e para comemorar foi organizada uma semana de atividades formativas e reflexivas dedicada àqueles que contribuíram para a construção e consolidação do PPGEd/UFPI, coordenado atualmente pela professora doutora Ivana Maria Lopes de Melo Ibiapina. O evento aconteceu entre os dias 10 e 14 de setembro de 2007. Essa semana de atividades realizada no Centro de Ciências da Educação recebeu importantes palestrantes de universidades brasileiras, como UFMG e UFSC, e teve o objetivo refletir sobre novos rumos desse curso de Pós-Graduação stritu sensu. O PPGEd organizou conferências, mesas redondas, oficina, lançamento de livros e homenagens.
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REPORTAGEM TERESINA - PI, OUTUBRO DE 2007
MSc. Sandra Lima de Vasconcelos Ramos*
Sandra Lima de Vasconcelos Ramos, mestre em Educação pelo PPGEd da UFPI e da rede municipal de ensino, defendeu neste ano sua dissertação de mestrado intitulada “Desafios da Convivência no Espaço Educacional Inclusivo: um estudo de caso etnográfico sobre a eficiência visual”. A pesquisa abordou a educação de pessoas com deficiência visual, buscando analisar a inacessibilidade dos sistemas de ensino às práticas de inclusão escolar. O estudo de caso etnográfico teve como objetivo investigar aspectos educacionais inclusivos e revelar a imagem que o cego tem de si mesmo; analisar os sentidos da inclusão escolar e caracterizar o ambiente edu-
cacional inclusivo, realçando as relações interpessoais entre os sujeitos. A escolha pelo método etnográfico para a realização da pesquisa deu-se pela intenção de se estabelecer um diálogo com a comunidade, no sentido de rever valores, hábitos, crenças e práticas sociais no espaço educacional inclusivo. Já os instrumentos de utilizados foram a observação participante, o diário de campo e a entrevista semi-estruturada. Os sujeitos estudados eram membros das unidades sociais representativas, a Associação dos Cegos do Piauí (ACEP –PI), numa perspectiva macrossocial e a U. E. “Nair Gonçalves”, como unidade microssocial. O interesse pessoal da pesquisadora pelo tema estudado foi configurado pela experiência docente de 25 anos, como também a experiência pessoal com deficientes visuais incluídos no sistema regular de ensino. Sandra Ramos revela: “a vivência diária dos obstáculos à inclusão escolar e o reconheciment o d a s re-
ais possibilidades de aprendizagem do indivíduo cego, proporcionado pelas práticas pedagógicas, me inspiraram nesse trabalho”. No momento em que se buscou delinear a imagem que o cego tem de si mesmo, os dados revelaram que a identidade da pessoa com deficiência interfere significativamentena qualidade das relações que essa pessoa estabelecerá com o meio social e com os sujeitos ao seu redor. De acordo com a pesquisa,o ambiente inclusivo mostrou-se o ideal para o desenvolvimento e aprendizagem da pessoa com deficiência, tendo em vista que desafia constantemente a pessoa com limitações funcionais a superar seus próprios limites. Para a pesquisadora, “a educação não segregada possibilita o acesso às experiências riquíssimas promovidas pela convivência com outras pessoas que, por serem diferentes, vivem, pensam, sentem e agem diferentes; e essas experiências se multiplicam gerando infinitas possibilida-
des de solução para problemas comuns”. Sandra Ramos afirma que “tanto na Préescola como no Ensino Fundamental, o espaço estudado foi comparado a um “campo minado”, pois o termo é alusivo ao estado de tensão que se estabelece quando se pode pisar em algo perigoso e destrutivo. Todos os sujeitos parecem fundamentar suas práticas no espaço inclusivo em maravilhosas boas intenções; mas ninguém parece seguro o suficiente para saber onde está pisando”. Pode-se constatar, através da análise dos resultados, 03 aspectos que demarcam e desafiam a convivência de deficiente visual e a construção de um espaço educacional inclusivo: a identidade da pessoa com deficiência visual; os sentidos da inclusão escolar e a relação entre a escola especial e a escola inclusiva. Na concretização desse estudo, observou-se através dos dados que o deficiente visual foi colocado em um espaço de intersecção entre: especial e inclusiva, e embora freqüente no cotidiano desses dois ambientes, sente-se um forasteiro em ambos os espaços. A pesquisadora conclui que “não há como realizar a inclusão sem o apoio multiprofissional à pessoa com deficiência e que vai além do pedagógico, emerge dos vínculos afetivos e transcende as práticas, ou seja, não se pode definir apenas em políticas de acessibilidade”. Foto: Arquivo Pessoal
Foto: Roberta Rocha
Deficiência visual caracteriza o ambiente educacional inclusivo
* Sandra Lima de Vasconcelos Ramos Prof. MSc. em Educação e professora da rede Municipal de Teresina sand_ramos@hotmail.com
Foto: Roberta Rocha
Pesquisa aborda a teoria construtivista e analisa a sua prática por professores
Dra. Cleânia de Sales Silva*
A teoria construtivista de aprendizagem, que parte do pressuposto de que o indivíduo constrói seu próprio conhecimento na interação com o meio, surge como uma teoria que vem trazer avanços significativos à educação.No Brasil, o termo construtivismo ganhou expressão, a partir da década de 1980. Naquele momento, o país vivia a saída do Regime Militar e o início de uma sociedade mais democrática. As severas críticas ao antigo regime favoreceram a rápida disseminação e a adesão ao construtivismo, tornandoo um aporte teórico muito valorizado socialmente. O elevado valor atribuído se deve à difusão em eventos científicos, livros, revistas especializadas nas últimas décadas e tam-
bém por servir de base para as atuais reformas educacionais brasileiras. No Piauí, esta teoria foi abordada a partir do livro “Construtivismo: representações e práticas do professor”, resultado da pesquisa realizada pela professora Cleânia de Sales Silva* e defendida no Mestrado em Educação pela UFPI. Neste sentido, a pesquisadora buscou apreender as representações sociais sobre o construtivismo partilhado por professores do ensino de fundamental da rede municipal de Teresina, considerados oficialmente construtivistas e os professores da rede estadual, oficialmente não-construtivistas e assim, compreender suas práticas docentes. O conteúdo das representações sociais apreendidas revelou como um modelo teórico bastante valorizado, chega a refletir no comportamento dos professores, seja no que se refere aos seus discursos, seja no que se refere às práticas pedagógicas que afirmam desenvolver em sala de aula, não havendo diferenças significativas entre os dois grupos pesquisados. Cleânia declarou que o interesse em investigar a temática surgiu de sua própria experiência profissional e que permitiu deparar-se com problemas referentes ao processo de aprendizagem e as dificuldades que os professores encontram, bem como o temor apresentado de serem considerados tradicionais e sua fácil adesão ao construtivismo. E acrescenta, “foi sentida a necessidade de compreender como a teoria foi divulgada
e concebida pelos professores, bem como as conseqüências dos processos em suas ações educativas, dependendo da interpretação que cada um faz a respeito, por isso o estudo foi realizado, tomando como referencia o discurso dos docentes”. Para a pesquisadora, a temática foi compreendida, através da aplicação de um questionário a 100 docentes, sendo 50 da rede municipal e 50 da rede estadual. Neste processo, a intenção era analisar o que pensam os professores quando propõem certas atividades ao seu aluno, qual a idéia de aprendizagem que o profissional está tendo ao realizar tal atividade e se esta idéia está coerente com a teoria construtivista de aprendizagem. Os resultados desse estudo apontaram para a existência, entre os professores pesquisados, da representação generalizada do construtivismo como um modelo extremamente valorizado e positivo que deve ser seguido.Os discursos predominaram em duas tendências: “ser construtivistas” ou “não ser construtivista ainda”, que foram assimiladas por todos os sujeitos, de modo a associarem a qualidade do ensino, a melhoria da ação docente e o sucesso dos alunos na escola exclusivamente à apropriação e conversão dos pressupostos construtivistas. Pôde ser constatado ainda que o construtivismo era muito pouco compreendido, embora os docentes tenham o propósito de serem construtivistas e tentem efetivá-lo, não conseguem redimensionar a sua
prática porque a própria representação que têm no que se refere à informação, na maioria das vezes, é ambígua e incoerente com o real. Cleânia verifica que “os cursos oferecidos a esses professores, na verdade, embora objetivem a sua formação profissional sob a ótica construtivista, são superficiais. Além disso, o predomínio da abordagem tradicional na prática dos sujeitos, faz-se presente também, na forma como eles assimilam o ideário construtivista e tentam reproduzir em sala de aula o que é assimilado”. E acrescenta que, nesse sentido, ao pretender desenvolver uma prática pautada no construtivismo, faz-se necessário uma fundamentação e análise crítica dos preceitos construtivistas, ou seja, “a grande contribuição deste trabalho acontece no sentido de se rever como se efetivam as políticas educacionais e como ocorre o processo de formação dos professores”. O trabalho da pesquisadora teve ampla divulgação: em artigo, na Revista “Linguagens, Educação e Sociedade” e, em livro, sua dissertação foi adotada pela Secretaria de Educação do Município, tornando-se referência na elaboração de propostas pedagógicas. Além disso, o estudo teve continuidade no doutorado da pesquisadora, abordando como a teoria era veiculada na mídia. *Cleânia de Sales Silva Doutora em Educação na UFRN Professora na área da psicologia de Educação na UFPI cleania@ufpi.br
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ENTREVISTA: Prof. Francisco Assis Lima Costa TERESINA - PI, OUTUBRO DE 2007
Avaliação positiva e intercâmbio da Ciência Animal Coordenador do Programa de Pós Graduação em Ciência Animal da UFPI, desde 2005, o professor Francisco Assis Lima Costa possui doutorado em Patologia Experimental e Comparada pela USP (2001) e pósdoutorado pelo Instituto de Medicina Tropical de São Paulo. Além de professor do CCA, acumula experiência na área de Medicina Veterinária, com ênfase em Anatomia Patológica, atuando principalmente nos seguintes temas: Imunopatologia da leishmaniose visceral, imunopatologia das nefropatias, patologia da leptospirose e patologia de doenças de animais
silvestres. Dedicado ao desenvolvimento das diversas áreas do Programa, Francisco Assis Lima Costa foi um dos braços fortes na luta pela instalação do Doutorado em Ciência Animal na UFPI. Já publicou vários artigos em revistas científicas, contribuiu e orientou vários alunos em dissertações de mestrado e teses de doutorado. Em entrevista ao SAPIÊNCIA, ele ressalta que a produção científica dos renomados pesquisadores do programa tem elevado a qualidade do programa junto aos órgãos fiscalizadores e de fomento à pesquisa do país.
Sapiência – Em sua opinião, por que o Programa passa por um momento de entusiasmo junto às instituições de avaliação e fomento como também goza de credibilidade junto à sociedade? Francisco Costa - O nosso entusiasmo junto às Instituições decorre da avaliação positiva, das ações do nosso programa, feitas pela Coordenação deAperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior (CAPES), o que é uma conseqüência do empenho, dedicação, capacidade decaptação derecursos e responsabilidade do nosso corpo docente e discente, que estão a cada dia mais engajados, especialmente no que considero fundamental para o crescimento de um programa de Pós-Graduação: a suaprodução científica. Esta vem aumentando a cada ano.Anossa credibilidade junto à sociedade decorre da responsabilidade que os nossos docentes e discentes têm na execução de bons projetos de pesquisa e na formação de pessoal de alta qualificação (Mestres e Doutores). Isto se reflete, naturalmente, na formação de bons profissionais. Sapiência – O Mestrado e o Doutorado estão correspondendo aos avanços científicos e tecnológicos esperados e exigidos pela CAPES e FINEP? Francisco Costa - Sim. Os avanços científicos e tecnológicos do nosso programa são mensurados pela qualidade da nossa produção científica. Os nossos artigos científicos estão sendo publicados em revistas nacionais e internacionais conceituadas, classificadas pela CAPES como QualisAe B, após passar por um severo crivo de avaliação da comunidade científica nacional e internacional.A publicação de artigos nesses veículos de divulgação científica significa que os resultados das nossas pesquisas têm importância, conteúdo e mérito científico.Avaliamos, também, que o nosso Programa de PósGraduação está correspondendo às expectativas da
volvimento de projetos de pesquisa, por meio do programa institucional de iniciação científica (PIBIC), ou por meio do engajamento aos projetos dos alunos de mestrado e doutorado.
CAPES e FINEP, pelo apoio que temos recebido desses órgãos de fomento à pesquisa. De 2004 até hoje, tivemos dois projetos de infra-estrutura aprovados pela FINEP, somando aproximadamente R$ 700.000,00; dois projetos casadinhos, financiados pelo CNPq, somando aproximadamente R$ 700.000,00 edois projetosespeciais deapoio ao nosso doutorado, aprovados pelaCAPES, da ordem de R$ 315.000,00.Além desses, projetos individuais de professores têm sido aprovados pelo CNPq, Banco do Nordestee FAPEPI.Senão estivéssemos no rumo certo não teríamos conseguido esses recursos. Sapiência – O Programa é o único na UFPI acontar como curso deDoutorado.Aquesedeveessaconquista?Deque formamestrado edoutorado,juntos,podem influenciar na qualificação de futuros profissionais advindos dos cursosdegraduação do CCA? Francisco Costa - Essa conquista decorreu do bom desempenho do nosso curso de Mestrado em CiênciaAnimal, iniciado em 1999.Aprimeira avaliação efetuada pela CAPES, elevou o conceito do mestrado de 3 para 4, numa escala de avaliação que vaiaté 7, o quepossibilitou a proposta do projeto de Doutorado em 2005, tendo o mesmo sido aprovado para iniciar em 2006. Outro aspecto importante para essa conquista foi a boa qualificação dos nossos docentes, a nossa produção científica, a importância do programapara aregião e ainfraestrutura de pesquisa.Além disso, hoje existe um engajamento forte dos alunos da graduação do CCA no desen-
Sapiência – Com tantos pesquisadores de ponta nas áreas da ciência animal, o Piauí, a partir do Programa, pode se transformar em um celeiro de ótimos negócios agrários, modificando a realidade regional neste setor? Francisco Costa - A inserção de um programa dePós-Graduação, commestrado e doutorado,numa região carente como o Piauí, pode produzir mudanças sócio-econômicas profundas. A nossa preocupação é formar profissionais de alta qualidade, voltados para o desenvolvimento de pesquisas científicas e tecnológicas, mas também para a atuação profissional. O desenvolvimento do negócio agrário pode ser feito por estes profissionais, com certeza, desde que lhes sejam possibilitadas as condições adequadas para tal. Isso envolve o desenvolvimento de programas governamentais e projetos empresariais que os absorvam.A nós cabe formar bem esses profissionais e disponibilizá-los para o mercado de trabalho. Sapiência – O Sr. já havia dito que o intercâmbio com professores/pesquisadores de outros países resulta nos avanços das pesquisas, na troca de experiências dos recursos humanos e tambémeleva o índice de avaliação do Programa. Quais as iniciativas da coordenação para que parcerias com grandes universidades internacionais se tornem mais freqüentes? Francisco Costa - Atualmente mantemos intercâmbio de cooperação científica com grupos de pesquisadores deProgramas de Pós-Graduação consolidados, com os quais desenvolvemos pesquisas conjuntas. Essa cooperação já existe com a Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (USP), na área de morfologia; Faculdade de Zootecnia da Universidade Estadual de São Paulo (UNESP), na área de produção animal e Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo (USP), na área de doenças infecciosas. O nosso programa, por intermédio da UFPI, mantém convênio com a Universidade de Padova (Itália); Universidade de Santiago de Compostela(Espanha) e com a Fundação ProduceTexala (México). Contamos, também, com a participação importante de professores visitantes de Instituições internacionais e nacionais em nosso programa: Prof. Dr.Antonio deVeja Garcia da Universidade de Zaragoza-Espanha; Prof. Dr. Rudolf Leiser da Justus – Liebig - Universität Giessen, na Alemanha; Profa. Dra. Maria Josefina Illera del Portal da Universidade Complutense de Madri, na Espanha; Prof. Dr.Alexandre Rodrigues da UFESA, no Rio Grande do Norte; Prof. Dr. José Roberto KiffouriJúnior da USP, São Paulo; Profa. Dra. Paula de Carvalho Papa da USP, São Paulo; Prof. Dr. Ivan Barbosa Sampaio da UFMG, Minas Gerais eoutros docentes. Esses professores/pesquisadores ministram aulas, cursos, palestras; trocam experiências com nossos docentes e prestam assessoria aos nossos alunos, na orientação de seus projetos de dissertação de mestrado e tese de doutorado. Sapiência– Aciência deponta édesenvolvidadentro doPrograma,nas áreas desanidadeereproduçãoanimal eproduçãoanimal. O próprio HospitalVeterinário éreferêncianasociedade.Dentretantosestudos,o Sr.poderiacitaralgum quetenhatidomaior avanço e/ou benefícios maisconcretos paraaregião? Francisco Costa - Tais estudos estão voltados, na área de produção animal, para a investigação dos alimentos mais adequados para o consumo dos animais; para as exigências nutricionais dos animais,de modo a proporcionar um melhor desempenho produtivo, e para o melhoramento genético animal. Outros estudos, da área desanidade e reprodução animal, abrangem o controle de doenças dos animais, muitas delas zoonoses que, portanto, acometem o homem; a biotecnologia da reprodução; o controle da qualidade de alimentos que são consumidos pelo homem; utilização de plantas regionais no tratamento de enfermidades dos animais e biologia e sanidade de animais silvestres.
ENTREVISTA: Profª Dra. Ivana Maria de Melo Ibiapina
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TERESINA -- PI, PI, OUTUBRO OUTUBRO DE DE 2007 2007 TERESINA
A volta por cima do Programa que gera educadores A professora Doutora Ivana Maria Lopes de Melo Ibiapina possui uma extensa experiência na área da Educação. Com doutorado em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, desde 2004, atualmente coordena o Programa de PósGraduação em Educação da Universidade Federal do Piauí e o Núcleo de Pesquisa “Formação de Professores na Perspectiva Sócio-histórica” – FORMAR, em que desenvolve estudos e pesquisas com base no referencial teórico e metodológico da Sapiência - Como a Sra. avalia a contribuição do Programa de Mestrado em Educação da UFPI para a educação do Estado do Piauí? Ivana - A contribuição do Programa de PósGraduação em Educação (PPGEd) da UFPI, nos 15 anos de existência, pela sua própria natureza, tem sido, fundamentalmente, no campo da produção do conhecimento científico, significando com isso a realização de pesquisas por meio das dissertações de Mestrado já defendidas, no total de 177, podendo-se citar que, em média, 90% delas retratam a realidade educacional do Piauí. Essa produção científica vem revelando qual é a realidade do cotidiano e do macro contexto escolar, analisando e interpretando conhecimentos que contribuem para compreender a escola, a formação de professores, as práticas pedagógicas e os saberes docentes, bem como o ensino, as políticas públicas e os movimentos sociais do Piauí e do Brasil. Essa contribuição é significativa para um Estado como o nosso que pouco tem investido em pesquisas, principalmente em se tratando da educação, e na produção de conhecimentos científicos, uma vez que o Piauí tem apenas o Programa de Pós-Graduação em Educação stricto sensu, da Universidade Federal do Piauí, em nível de mestrado, que tem se preocupado em investigar a realidade educacional piauiense. Sapiência - O Programa é o mais antigo do Piauí e em 2007 completou 15 anos. A Sra. poderia citar algumas práticas pedagógicas positivas inseridas na realidade educacional do Piauí, oriundas de pesquisas das/os alunas/os do mestrado e aplicadas nas escolas? Ivana – O PPGEd não fez ainda um trabalho de pesquisa para avaliar a prática dos seus egressos. Entretanto, é possível afirmar que a maioria das/ os mestras/es que concluíram o Mestrado em Educação e que trabalham nas redes pública e privada de ensino do Piauí e de outros estados do Brasil produziram conhecimentos científicos que fortaleceram o processo de desenvolvimento profissional, contribuíram para a potencialização da pesquisa e da sua articulação com o ensino. Na minha opinião, o êxito das práticas pedagógicas é decorrente de um processo que privilegia a pesquisa como fonte de emancipação profissional. Vários são os exemplos de egressos do Programa que retornam para a Universidade Federal do Piauí na condição de docente dessa IES e de outros que galgaram êxito e que vêem desenvolvendo um trabalho inovador e diferen-
ciado que é fruto dos aprendizados adquiridos na experiência desenvolvida por intermédio da pesquisa de mestrado. Sapiência - Quais as estratégias que a coordenação do Programa vem executando para que o mesmo atinja melhor conceito junto às instituições avaliadoras, como a Capes? Como está a política de intercâmbio com outras universidades estrangeiras, por exemplo? Ivana - O Programa de Pós-Graduação em Educação foi descredenciado pela Capes no final da década de noventa e com o esforço e a dedicação de um grupo de professores que acreditaram no potencial deste Programa, no ano de 2000, revigorado por um novo projeto formativo, o Mestrado foi recredenciado com conceito 3. A primeira avaliação, após a reestruturação, ocorreu no triênio 2000/2003 e o conceito obtido pelo Programa passou para 4. O resultado dessa avaliação apenas confirmou o esforço e a recuperação da credibilidade do Programa junto à Capes, que passou a reconhecer a qualidade da formação e da pesquisa produzida no Mestrado, a qualificação do quadro docentes (todos doutores em educação), do projeto formativo do Mestrado, com disciplinas que atendem a especificidade da proposta de formação de mestres em duas linhas de pesquisa bem definidas. Várias são as ações para manter o conceito 4 no triênio 2004/2006, cuja avaliação estará saindo no final deste mês de outubro, dentre elas destacam-se o incentivo à produção qualificada pela Capes, principalmente a produção de artigos em livros, coletâneas e eventos científicos, a melhoria dos ambientes físicos disponíveis para a produção do conhecimento, a aquisição de equipamentos modernos, o incentivo à diminuição do tempo de titulação, o apoio aos núcleos de pesquisa vinculados ao PPGEd, que perfazem hoje um total de 12 bases vinculadas ao CNPq, o investimento na ampliação da quantidade de bolsas, o investimento na produção da Revista do Programa de Pós-
abordagem sócio-histórica e da pesquisa colaborativa. Ivana Ibiapina tem como temas de estudo e pesquisa a formação e desenvolvimento de conceitos na abordagem sócio-histórica, formação inicial e continuada de professores, docência universitária, prática pedagógica e desenvolvimento profissional. A pesquisadora já publicou artigos, livros e vários trabalhos nessa linha. Nesta entrevista, ela fala dos avanços do Programa de Pós-Graduação, os resultados obtidos e as políticas que poderiam melhorar a educação no país. Graduação, a organização de eventos nacionais e internacionais que visam à divulgação e socialização de pesquisas e o apoio aos intercâmbios com outras IES do Brasil e do Exterior. O programa mantém o convênio com a Universidade dos Estudos de Verona (Itália), executando o projeto “Sujeitos e saberes na mediação de práticas sócio-educativas:Auto-motivação de comunidades locais para o desenvolvimento das seguintes atividades”. Sapiência – Vários professores-mestres já passaram pelo Programa.A Sra. poderia citar alguns projetos ou linha de pesquisa que mais despertaram interesse dos mestrandos? Ivana - O Programa está estruturado com duas linhas de pesquisa. Alinha de ensino, formação de professores e práticas pedagógicas e a linha de educação, políticas públicas e movimentos sociais. As linhas citadas vêm produzindo conhecimentos nas áreas especificadas e contribuindo de maneira expressiva para a consolidação do Programa. Não há como destacar projetos específicos, já que considero que todas as pesquisas desenvolvidas pelo grupo de professores e mestrandos têm relevância social e atendem às demandas so-
ciais de construção de conhecimentos na pós-graduação. Sapiência – Por que mesmo com o crescimento dos mestrados de educação e qualificação pedagógica em todo o país o ensino público continua apresentando falhas seculares, o que muitos até chamam de sistema falido? Ivana - A pós-graduação brasileira é muito jovem, principalmente a pós-graduação em educação (completa 35 anos no ano de 2007). Os problemas do ensino público são estruturais e antigos. Não há como fazer uma relação direta entre qualidade da pós-graduação e qualidade da educação básica pública, entretanto, é possível afirmar que, mesmo com o pouco tempo (uma vez que considero que 35 anos representa muito pouco tempo para os desafios que a pós-graduação tem assumido), a pós-graduação brasileira tem investido na qualidade da formação de mestres e pesquisadores (doutores e pós-doutores) que contribuem para a melhoria da qualidade de ensino e para o desenvolvimento docente, uma vez que a formação dos profissionais é um dos fatores que influencia nos índices de qualidade da educação básica, mas é preciso lembrar que não é o único. Sapiência – No Piauí, os movimentos sociais são atuantes a ponto decobraremeconquistaremmelhoria paraa educação,principalmenteno ensinofundamental emédio?Quemovimentostrabalhamnocampo daeducação e queconquistas eles jáobtiveram? Ivana – Sim. Um exemplo é o Movimento de Docentes da Educação Básica Públicado Piauí, por meio das ações do seu sindicato. Uma das conquistas que destaco são os convênios firmados entre a Secretaria Estadual e Municipal de Educação e o PPGEd para qualificar docentes e técnicos em nível de especialização e de mestrado emeducação.
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REPORTAGEM TERESINA - PI, OUTUBRO DE 2007
Foto: Roberta Rocha
Investigação sobre as práticas pedagógicas conduz a ressignificação das funções do supervisor escolar
Profa. Marinalva Veras Medeiros*
A instituição escolar é um campo fértil para estudos voltados à compreensão de relações educativas que ocorrem em seu interior. Nesse contexto, o supervisor escolar torna-se figura importante porque medeia relações ligadas as ato de ensinar e aprender. Abordando esta temática, a mestra Marinalva Veras Medeiros concluiu a dissertação “Tecendo sentidos e significados sobre a prática pedagógica do supervisor escolar” no Mestrado em Educação da UFPI. O estudo prioriza a identificação, análise e síntese das necessidades formativas de um grupo composto de 10
supervisoras escolares da Rede Municipal de Educação de Teresina, no qual teceram sentidos e significados relacionados às necessidades formativas para contribuir com a consolidação de práticas pedagógicas mais expressivas e tendo com suporte teórico-metodológico a formação de conceitos vigotskiana. Dentre as necessidades apresentadas pelas supervisoras estavam: planejamento, avaliação, afetividade, formação currículo e alfabetização. Marinalva acredita que “as necessidades são sempre relativas aos indivíduos e aos contextos, pois decorrem de valores pressupostos e crenças”. O desenvolvimento do estudo das necessidades formativas do supervisor escolar implicou não somente em situar a supervisão na realidade vivida pelos profissionais, mas também contextualizá-la na dimensão mais ampla da educação brasileira. Neste sentido, a pesquisa propôs identificar que conceitos de formação, avaliação e planejamento foram internalizados pelas supervisoras, através da delimitação de necessidades mais evidentes na prática pedagógica e as confrontando com as sessões reflexivas. Marinalva declara: “ao confrontarmos as práticas em sessões reflexivas, houve a possibilidade de construirmos um conceito de formação, planejamento e avaliação e pudemos perceber que o conceito é a essência inerente ao objeto
daquilo que fazemos na prática”. Para o desenvolvimento da pesquisa foram realizados encontros coletivos, entrevistas individuais e coletivas, seminários de estudo, sessões reflexivas e narrativas de formação. A modalidade utilizada no estudo foi a pesquisa colaborativa que, de acordo com a pesquisadora, “trata-se de uma modalidade caracterizada por tentar resolver problemas de ordem prática, proporcionando informações que permitam a tomada de decisões, possibilitando a implantação de uma determinada cultura ou mesmo verificando os efeitos de uma política que vem sendo desenvolvida, sobretudo, a melhoria da capacidade de autoreflexão e o desenvolvimento profissional dos professores”. Através do estudo, constatou-se que as supervisoras que colaboraram com a pesquisa avançaram no processo de elaboração conceitual, já que os procedimentos formativos adotados criaram condições para que o supervisor escolar conduza o seu processo de desenvolvimento profissional, contribuindo para o desenvolvimento de outros, professores, tornando-se multiplicador de saberes necessários à formação que garantem e reafirmem sua identidade profissional. Marinalva Veras considera, de mais importante neste estudo, o poder de despertar no grupo vontades por nova s práticas, ta nto peda gógica s
quanto às de formação continuada e acrescenta, “este estudo permitiu orientar e ajustar os sentidos e os significados construídos pelas colaboradoras sobre sua prática pedagógica, a partir da análise das necessidades formativas implementadas pela pesquisa e que foi resultado de uma experiência que possibilitou tecer coletivamente a ressignificação da prática pedagógica”. A pesquisadora garante que fazer o Mestrado em Educação pela UFPI foi de grande importância, pois como supervisora, houve a possibilidades de trabalhar na formação de professores, contribuir com teorias, melhorar na prática e revela ainda: “o mestrado possibilita ver além do senso comum e, através dele, tive um crescimento imensurável, com várias publicações em encontros de pesquisa. Além disso, o mestrado adquiriu hoje um nível de excelência, por agregar pesquisadores de vários Estados e por ser muito significativo no que tange à educação, até porque a educação local vem melhorando, apesar da necessidade de mais avanços, constatados, através dos índices de avaliação”. *Marinalva Veras Medeiros Tutoria de Educação à Distância e Coordenação de Supervisão dos Pedagogos da Rede Municipal de Educação marinalvaveras@yahoo.com.br
LIVROS Formação e Práticas Pedagógica: diferentes contextos de análises Organizador: José Augusto de Carvalho Mendes Sobrinho R$ 20,00 256 páginas educmest@ufpi.br
Um ponto fora da curva (livro e CD) Autor: Laerte Magalhães R$ 20,00 157 páginas flaerte@msn.com
Este livro emergiu das leituras e discussões sobre os artigos publicados na revista “Linguagens, Educação e Sociedade”, periódico do Programa de Mestrado em Educação da UFPI. Nesta coletânea estão textos que, de alguma forma, tratam de questões relativas à formação de professores, saberes e práticas pedagógicas.
O livro e o CD contam com a apresentação do jornalista Zózimo Tavares, o projeto visual gráfico de Paulo Moura, fotografia de Paulo Gutemberg e com a produção de Chagas Vale. As músicas resultam de poesias do primeiro livro de Laerte Magalhães (Cian – Sobre todas as coisas) e deste último, (Um ponto fora da curva), em parceria com Gilvan Santos, Chagas Vale, Pingo de Fortaleza e Machado Jr. Participam como intérpretes os cantores Vavá Ribeiro, João Cláudio Moreno, Chagas Vale, Gilvan Santos e Pingo de Fortaleza; as cantoras Vanda Queiroz, Rosinha Amorim e Fernanda Libório.
Formação de Professores e Práticas Docentes: olhares contemporâneos
A Pesquisa como Mediação de Práticas Socioeducativas
Organizadores: José Augusto de Carvalho Mendes Sobrinho e Marlene Araújo de Carvalho R$ 25,00 208 páginas educmest@ufpi.br
Organizadoras: Ivana Maria Lopes de Melo Ibiapina e Maria Vilani Cosme de Carvalho R$ 20,00 216 páginas ivanaibiapina@ufpi.br; educmest@ufpi.br
Que formação docente tem se delineado no cenário educacional brasileiro? Em que medida essa formação responde às exigências e aos desafios da profissão na sociedade atual? Reconhecendo a complexidade da prática docente, este livro reúne textos atuais com perspectivas avançadas sobre questões relacionadas à formação de professores na contemporaneidade.
Esta coletânea de textos foi elaborada com o objetivo de orientar as discussões no IV Encontro de Pesquisa em Educação, realizado em 2006 na UFPI. Os artigos presentes neste livro concentram seus temas em torno dos eixos da formação docente e desenvolvimento profissional, das tendências atuais da pesquisa em educação, das práticas pedagógicas e da produção dos saberes docentes, dentre outras questões.
Temas em Psicologia e Educação
Encruzilhadas da História: rádio e memória
Organizadora: Maria Vilani Cosme de Carvalho Preço: R$ 25,00 184 páginas educmest@ufpi.br
Organizadores: Francisco Alcides do Nascimento e Francisco Santiago Júnior R$ 20,00 280 páginas santiago.jr@gmail.com
Reconhecendo a imaterialidade que a educação abarca ao se relacionar com conhecimentos, idéias, conceitos, atitudes, hábitos e símbolos, os autores deste livro se debruçam sobre o diálogo entre Educação e Psicologia, de modo a mostrar ao leitor como a interseção desses dois campos contribui para a compreensão do processo educacional.
Esta coletânea conta a história do rádio no Piauí, a partir dos relatos de memórias dos homens e mulheres que fizeram desta mídia algo fundamental na vida social do estado. A obra aproxima história e comunicação social ao abordar temas comuns a ambas as disciplinas. O livro servirá de base para futuras pesquisas sobre a história das comunicações no Piauí no século XX.
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REPORTAGEM TERESINA - PI, OUTUBRO DE 2007
O Programa em Educação foi o primeiro a surgir, em 1991. Oito anos depois, veio o de Ciência Animal. Com a criação e desenvolvimento do mestrado e a avaliação da CAPES, o programa de Ciência Animal evoluiu e passou a ter conceito 4 (numa escala que varia de 1 a 7), o que permitiu a elabora çã o de uma proposta para o projeto de doutorado que foi aprovado em 2005, sendo implantado a partir de 2006. “ H oje, tem os u m pr ogra ma constituído de dois cursos: o mestrado e o doutorado em Ciência Animal. O objetivo dos nossos cursos é qualificar profissionais para o desenvolvimento de suas atividades, tanto na área de ensino como de pesquisa e propriamente na área profissional, visando a uma contribuição nas áreas específicas da ciência animal para o Estado do Piauí”, disse o coordenador do Programa, Dr. Francisco Assis Lima Costa. Desde que foi criado o mestrado em Ciência Animal, já foram titulados 58 mestres. Atualmente estão matriculados 56 alunos, sendo 20 no doutorado e os demais no mestrado. Pa ra o coordenador Francisco Assis Lima Costa, as produ ções e o nível de qua lifica çã o dos docentes, obviamente, cresceram, assim como todo o Centro, devido à implantação do Programa de PósGraduação e mais ainda com a efetiva ção do dou torado. O Programa em Ciência Animal evoluiu tanto que conseguiu por si só captar recursos externos para o desenvolvimento das múltiplas ativida des. Prova disso é que, desde 2004, foi injetado no Programa cerca de R$ 2 milhões de reais. Segundo Francisco Assis Lima Costa, dinheiro oriundo das agências de financia-
mento, como o CNPq, Capes, FINEP, FAPEPI e o Banco do Nordeste. Os recursos são muito bem-vindos, pois servem para equipar laboratórios, além de viabilizar o desenvolvimento das atividades de pesquisa. “Atualmente, nosso Programa conta com 28 docentes. Todos bem qualificados com doutorado e alguns com pós-doutorado. Temos mantido parcerias técnico-científicas com outra s instituições nacionais. Nosso programa tem como suporte básico a estrutura do Centro de Ciências Agrárias, onde temos vários laboratórios (mais de 20), além de setores de caprinos, suínos, bovinos e patologia dando sustentação às atividades desenvolvidas no mesmo, afinal quando o aluno entra no programa elabora um projeto que será executado com a dissertação ou tese”, explicou. Além das parcerias técnico-científicas com instituições nacionais como USP, UNESP e Universidade Federal de Viçosa - existem os convênios firmados com instituições internacionais, como a Universidade de Padova (Itália), Fundação Produce Tlaxcala (México) e Universida de de Santiago de Compostela (Espanha). O Mestrado e o Doutorado em Ciência Animal estão centrados na qua lifica ção de profissionais bem preparados. Apresenta duas áreas de concentração: uma de Sanidade e Reprodução Animal e a outra de Produção Animal, ligadas, naturalmente, às ciências agrárias. Cada área tem linhas de pesquisas. Por exemplo, na área de Sanidade e reprodução animal, estão relacionadas cinco linhas de pesquisas: diagnóstico, epidemiologia, controle e terapia de grandes animais. A outra linha é a qualidade e produto de biologia animal, estudo farmacológico e toxicológico de plan-
Estudantes da pós-graduação estudam tipos de alimentos para dieta de animais
Foto: Márcia Cristina
Evolução do Mestrado em Ciência Animal fez criar o primeiro Doutorado da UFPI
Núcleo de Pesquisas Morfológicas: Médica faz Ultrasson em gato
tas regionais como alternativa de tratamento de enfermidade animal, fisiopatologia do stress e biologia e sanidade de animais silvestres. A área de Produ ção Anima l é c o n st i t u í d a d e t r ê s l i n h a s d e pesqu isa : a va lia çã o e co ncentra çã o de ma nejo da s pa stagens nos tróp icos, exigênc ia s nu tricio na is e ava liaçã o de a limentos pa ra ru mi na nt es e nã o-ru mi na n te s, m elhora mento genético, preservaçã o e ada pta bilidade climá tica de anima is de interesse econômico. O dou torado, ú nico na área, existente nesta região do Meio Norte do Brasil, envolve profissionais de veterinária, zootecnia, agronomia e biologia. “Então, ele cria uma necessidade muito grande de qualificação em alto nível de profissionais que irão incorporar o mercado de trabalho, tanto no setor empresarial privado quanto no setor público”, explicou o coordenador. Francisco Assis Lima Costa a crescenta que sã o desenvolvidos e st u d o s i m po r t a n t e s n a á r ea d e Pr od u ç ã o Ani ma l, e nv ol ve nd o a pa rte de nutrição a nima l, u m problema sério do Estado, com a escassez de a limentos. Todos os programas são visitados anualmente pela CAPES e de três em três anos, é dado o conceito, através de uma avaliação rigorosa, que requer a produção científica e o intercâmbio com outras instituições nacionais e internacionais, além de professores visitantes que vêm ministrar aulas e palestras. “Atingimos o conceito 4, significa que estamos em evolução. A consolidação do programa de avaliação vem quando atinge o conceito 5 e esta é a nossa meta. Na verdade, já temos algumas características de
conceito 5, como as parcerias com outros programas de Pós-Graduação no Brasil e no exterior, como também, a participação de professores do exterior em nosso programa, como da Alemanha, Espa nha entre ou tros”, planeja o coordenador. Ana Lys Bezerra Barradas Minei ro é u ma da s dou tora nda s do Progra ma de Pós-Graduação em Ciência Animal da UFPI, da primeira turma, 2006. A oportunidade surgiu depois de concluir o Mestrado pelo mesmo Programa, em 2003. Ela está desenvolvendo tese na á rea de Sanida de e Reprodu çã o Anima l, sob a orientação do Prof. Dr. Rômu lo José Vieira. Seu projeto tem como tema “ Leptospirose e tra nstornos reprodu tivos em bovinos”. “Estou satisfeita com a estrutura. Na minha área , conto com o a poio dos seguintes la bora tórios: Patologia Animal, Reprodução Animal e Sanidade Animal. Com recursos oriundos de vários projetos, o CCA conta com equipamentos bem a va nçados. Apa relhos de a ná lises morfométricas, imuno-huistoquímica e também o laboratório de biologia molecu lar. Em relaçã o a ou tros programas, o deste Centro está bem adiantado, tendo sido recentemente a valiado com o Conceito 4 pela CAPES, o que significa ser um bom cu rso em nível naciona l, sem falar qu e nã o pr ec isei sa i r do E st a d o pa ra t en ta r me u tí tu lo ” , d isse a doutoranda que, recentemente, foi agraciada com o primeiro luga r das a pr esent a ções ora is, den tre m a is de 60 0 traba lhos a presentados no II Congre sso Na ciona l de Sa ú de Pú blica Veteriná ria , rea lizado na cid a de de F orta l eza , Cea rá . Ana Lys ta mbém desenvolve pesqu isa como bolsista da FAPEPI/CAPES.
RESUMO DE TESES
10 TERESINA - PI, OUTUBRO DE 2007 Florística, estrutura e mapeamento da vegetação de caatinga da Estação Ecológica de Aiuaba, Ceará
Caracterização genético-molecular de um banco ativo de germoplasma de soja
Microssatélites do Fator de Necrose Tumoral na Doença de Chagas.
Jesus Rodrigues Lemos - Professor da Universidade Federal do Piauí-UFPI, Campus Ministro Reis Velloso - Defesa: Universidade de São Paulo, 2006 jelemos@ufpi.br
Francisco de Alcântara Neto Prof. Adjunto I /UFPI/Campus Bom Jesus Defesa: Universidade Federal de Viçosa, Minas Gerais, 2005 - fneto@ufpi.br
Viriato Campelo - Professor Associado da UFPI. Defesa: Universidade de São Paulo-Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, 2004. vcampelo@ufpi.br
No Estado do Ceará, a caatinga é a unidade fito-ecológica mais representativa espacialmente, abrangendo aproximadamente 72.980 Km2 e apesar da sua grande abrangência espacial, pouco se conhece ainda sobre seus padrões de comunidades vegetais no Estado. Este trabalho objetivou contribuir com a ampliação do conhecimento sobre a caatinga, investigando a flora e estrutura, bem como realizando o mapeamento orbital das fisionomias existentes na vegetação da Estação Ecológica (EE) de Aiuaba, Ceará. Foram realizadas coletas botânicas mensais no período de outubro/ 2003 a fevereiro/2005, incluindo todas as formas de vida. A coleção botânica está depositada no acervo dos Herbários SPF, EAC, HUVA, IPA e K. No levantamento florístico foram coletados 183 espécimes, pertencentes a 47 famílias, 113 gêneros e 161 espécies. Deste total, três táxons estão sendo propostos como espécies novas para a ciência. As famílias mais ricas em termos específicos foram Leguminosae, Euphorbiaceae, Bignoniaceae, Convolvulaceae, Acanthaceae e Asteraceae, respondendo por 51,5% do total das espécies. Para o estudo fitossociológico, foram alocadas 50 parcelas de 10x10m em uma área de 1,5ha. Foram medidos os caules de todos os indivíduos lenhosos vivos ou mortos ainda em “pé”, inclusive cipós, com Diâmetro ao Nível do Solo e” 3cm e altura total e” 1m. Foram amostrados 3.007 indivíduos distribuídos em 47 espécies e 21 famílias. Leguminosae, Euphorbiaceae, Erythroxylaceae, Acanthaceae, Bignoniaceae e Rutaceae responderam por 66% das espécies amostradas. Croton argyrophylloides (Euphorbiaceae), Piptadenia moniliformis (Leguminosae) e Erythroxylum caatingae (Erythroxylaceae) tiveram os maiores valores de importância. As alturas e os diâmetros médios e máximos foram 4,51 e 13m e 7,28 e 44,88cm. Com imagens CBERS2 e uso de dados de campo elaborou-se um mapa da vegetação da EE de Aiuaba, utilizando o Normal Difference Vegetation Index (NDVI). Foram detectadas quatro fisionomias vegetais, havendo predomínio de caatinga arbustiva-arbórea alta aberta. A importância deste estudo está nas informações básicas acerca do estado atual da vegetação, fornecendo subsídio para estudos futuros relacionados à compreensão e previsão de mudanças no padrão de distribuição das comunidades vegetais.
A maioria dos programas de melhoramento não tem explorado amplamente os recursos genéticos contidos em seu germoplasma, ou seja, não dá tanta ênfase à caracterização mais precisa dos acessos presentes no germoplasma, que poderiam auxiliá-los na fase de pré-melhoramento. Objetivando caracterizar e avaliar a diversidade genética de 100 acessos de soja provenientes do banco ativo de germoplasma da COODETEC, utilizou-se a análise de DNA com marcadores microssatélites, a avaliação morfológica e a informação de genealogia disponível para alguns acessos. Os primers de SSR (Satt177, Satt182, Satt275, Satt335 e Satt373) permitiram detectar 34 alelos, pelo sistema de eletroforese utilizado, com uma média de 6,8 alelos por loco. A informatividade dos locos SSRs variou de 0,35 a 0,88, com média de 0,74. Realizou-se o agrupamento pelo método UPGMA (unweighted pair-group using an aritmetic average) e otimização de Tocher. Pelo agrupamento UPGMA, verificou-se que os dados de SSRs, morfológicos e o coeficiente de parentesco (genealogia) formaram 25, 19 e 56 grupos distintos, respectivamente. Considerando o agrupamento pelo método de Tocher, os dados de microssatélites, morfológicos e de genealogia formaram 15, 8 e 23 grupos, respectivamente. Comparando os grupos formados pelo coeficiente de parentesco, observou-se que a média das distâncias (UPGMA) apresentou maior consistência com a genealogia dos acessos que aqueles obtidos pelo método de Tocher. O coeficiente de parentesco apresentou uma maior formação de grupos, entretanto essa estimativa possui um viés elevado quando comparado a outros métodos de avaliação, pois os genótipos de apenas uma geração parental eram conhecidos. Pelas seis características morfológicas avaliadas conseguiu-se formar diversos grupos e classificar alguns acessos em grupos distintos. Através da estimativa da diversidade genética com base em marcadores microssatélites, obtiveram-se melhores informações, em relação aos outros métodos, sobre as relações genéticas dos indivíduos. Os resultados obtidos permitem a comparação da distância genética entre os acessos de soja, o que pode auxiliar na escolha de progenitores no programa de melhoramento da COODETEC.
A doença de Chagas é uma antropozoonose, causada pelo protozoário flagelado Trypanosoma cruzi, transmitida ao homem por diversas maneiras, como a vetorial, por transfusão sanguínea, congênita, entre outras. A doença apresenta-se em três formas: aguda, crônica e intermediária entre essas duas fases. A doença crônica manifesta-se de três formas: cardíaca, digestiva e indeterminada. Estudos relacionam a fase crônica da doença com a participação da resposta imune celular, sendo que o antígeno HLA-A30 confere susceptibilidade, enquanto o HLA-DQB1*06 confere proteção em pacientes chagásicos crônicos. O Fator de Necrose Tumoral (TNF) é uma potente citocina inflamatória e o seu gene está localizado na região HLA classe III e os estudos experimentais mostram sua participação na resposta imune na doença de Chagas(DC).Na região gênica do TNF são descritos seis microssatélites polimórficos, ainda não investigados na doença de Chagas. O objetivo deste trabalho é avaliar a importância dos microssatélites do TNF na susceptibilidade ou na proteção à doença de Chagas. Foram estudados 162 pacientes chagásicos crônicos e 221 controles. Os microssatélite foram identificados utilizando-se DNA amplificado com iniciadores seqüência específicas e revelados em gel poliacrilamida. Análises estatísticas foram feitas usando os programas GENEPOP e ARLEQUIM e o teste exato de Fisher. Foram calculados risco relativo, intervalo de confiança, fração etiológica e fração preventiva. Oito alelos dos microssatélites do TNF mostraram valores significantes quando comparados com os controles, uns associados com susceptibilidade à doença de Chagas: TNFa7,TNFa8,TNFb2,TNFb4, TNFd5 e TNFe2,enquanto TNFd3 e TNFb7 mostraram associação com proteção. 20 haplótipos mostraram-se significantes, deste apenas o TNFa10-b4-c1-d3-e3 foi o único a conferir resistência. Concluímos pela pesquisa que esta região cromossômica está relacionada à susceptibilidade ou proteção à doença de Chagas.
Docência Universitária: um romance construído na reflexão dialógica
Tecnologias Digitais no Ensino de Química
Maria Firmina e Amélia Beviláqua na historiografia brasileira: representações, imagens e memórias do século XIX e XX
Ivana Maria Lopes Ibiapina - Professora e Coordenadora do Mestrado em Educação da UFPI Defesa: Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2004 - ivana@ufpi.br
Nilson Fonseca Miranda Professor Adjunto da UFPI Defesa da Tese: Universidade Federal do Ceará, 2007 nfonseca@ufpi.br
Algemira de Macêdo Mendes Professora Adjunta da UESPI/UEMA Defesa: Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, 2006 - algemacedo@hotmail.com
Este romance dá vida ao professorado, revelando como são construídos os significados e os sentidos do “ser professor”. Como romancista, desvelamos não apenas as construções feitas pela consciência reflexiva dos heróis, mas o que existe no interior de nossa própria mente. Falamos de processos, do vir a ser, da história de professores e professoras em formação, em devir, no romance, narrando o percurso de dezenove (19) professores universitários, entre os quais nos incluímos. O caminho percorrido para a sua sistematização foi o da unidade entre a colaboração, a reflexão e o dialogismo. A história contada revela o discurso interior potencial dos professores a partir da fonte inesgotável de riqueza da percepção do outro. Para a construção deste texto, usamos os princípios teóricos e metodológicos da teoria sócio-histórica e da pesquisa colaborativa, relacionando as reflexões dos professores com o conceito de docência como profissão. Dividimos esta pesquisa em quatro partes, na primeira, revelamos o porquê da nossa escolha por esse enredo, destacando o contexto teórico e as questões que direcionaram a montagem do romance~ na segunda, ressaltamos a dialética como método da cognição e da atividade prática, a modalidade de investigação colaborativa, as estratégias de entrevistas e reflexão, o uso do videoteipe e das sessões reflexivas, esclarecemos, também, o conceito de reflexão e o papel da linguagem nos processos colaborativos~ na terceira, apresentamos os heróis, seu perfil pessoal e profissional, o levantamento das necessidades de formação para o exercício docente na universidade e o diagnóstico dos conhecimentos prévios, analisamos as sínteses das enunciações emitidas pelo Grupo nas sessões reflexivas~ a quarta parte, compreende as reflexões intra-pessoais sobre a prática docente e as compartilhadas, a análise do processo de elaboração conceptual e as implicações dessa re-elaboração para a prática. Na síntese final, retomamos a problemática que inicialmente nos motivou à realização deste trabalho, apresentando os principais conhecimentos construídos com relação ao processo de reelaboração do conceito de docência como profissão e suas implicações para o processo de desenvolvimento profissional.
Este trabalho analisa o discurso dos professores de química da Universidade Federal do Piauí acerca do uso das tecnologias digitais, sites e softwares educativos, concebidas como ferramentas aplicadas ao ensino de química. Analisa também a forma de utilização na sala de aula dos softwares: spartan; origin; química orgânica II e dos sites: nautilus; chemkeys; ucs; qmc.ufsc e quark. O objetivo fundamental é verificar como o uso dessas ferramentas contribui pedagogicamente para o processo de ensino/aprendizagem na área da química. O aporte teórico utilizado sustenta que as tecnologias digitais por si só não estabelece, nem catalisa mudanças na prática pedagógica, mas a forma como é concebida pelo professor e utilizada no sistema de ensino, potencializa a eclosão de sucessivas inovações e posterior mudança no paradigma educacional. Para o desenvolvimento desta pesquisa foi utilizada uma metodologia qualitativa a fim de possibilitar a busca do conhecimento químico compreendendo que essa produção também se elabora na troca, na socialização, às vezes conflituosas, que os diferentes atores envolvidos promovem ao enfrentarem e representarem suas realidades, preenchendo-as de significações diversas. Neste sentido, foram analisados: (a) o discurso dos professores obtido através de entrevista; (b) os dados sobre sites e softwares educativos utilizados no ensino de química obtidos através de uma grade de análise produzida para esta finalidade. O resultado da análise dos dados gerados aponta para algumas razões positivas que justificam a utilização das tecnologias digitais no ensino de química: rapidez e eficiência na obtenção de informações; acesso a novos conhecimentos e maior agilidade no aprendizado. Além disso, possibilita fazer simulação mediante experimentos virtuais, oportunizando professores e alunos a adquirirem informações recentes e possibilidades de acesso a novos conhecimentos.
O presente trabalho “Maria Firmina e Amélia Beviláqua na historiografia brasileira: representações, imagens e memórias do século XIX e XX”, tendo como suporte teórico a história da literatura, história, histórias das mulheres, teoria literária e áreas afins, teve como objetivo rastrear o processo de inclusão e de exclusão das escritoras Maria Firmina dos Reis e Amélia Beviláqua, na historiografia literária brasileira do século XIX e século XX, bem como as histórias maranhenses e piauienses; trata também do estudo extra-textual e intra-textual das obras: “Úrsula”, de Maria Firmina e “Angústia e Jeanete”, de Amélia Beviláqua, verificando as memórias, imagens e representações do estatuto da mulher no contexto sóciopolítico e cultural nos quais as obras se inserem.
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REPORTAGEM TERESINA - PI, OUTUBRO DE 2007
Professor Agustinho Valente junto ao galpão onde se estudam varias raças suínas
A pesquisa objetiva avaliar a digestibilidade, a metabolizabilidade de nutrientes e o balanço de nitrogênio do feno da rama da mandioca, ou seja, a parte aérea da planta, para suínos em crescimento; bem como o desempenho desses animais alimentados com diferentes níveis de inclusão do subproduto nas dietas. O diferencial do estudo e o que se espera no final é que a dieta não convencional possa ser mais viável economicamente do que o alimento tradicional dos suínos, que é à base de milho e farelo de soja, uma vez que a rama da mandioca é a parte não aproveitada da planta, devido ao alto grau de toxicidade, portanto seu valor comercial é bem menor. Toxicidade da mandioca - O processo denominado cianogênese é a capacidade da planta de produzir ácido cianídrico ou íon de cianeto (HCN), sob circunstâncias particulares e, é observada em várias espécies vegetais. Na mandioca, porém, as substâncias tóxicas da parte aérea da planta podem ser parcialmente eliminadas pela secagem ou ensilagem (armazenagem). Substâncias cianogênicas presentes, principalmente, na folha da mandioca dão origem à formação de ácido cianídrico, que ao ser ingerido em Foto: Márcia Cristina
O Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal da UFPI conta com pesquisas importantes na sua área de Produção Animal de Interesse Zootécnico, no Departamento de Zootecnia. Nele, há uma complexa infra-estrutura voltada para ensino e pesquisa, com laboratório de nutrição animal, galpão para armazenagem de produtos para estudos de metabolismo de nutrientes e galpões para estudo de suínos, aves, caprinos e ovinos, além de equipamentos para avaliação de alimentos para ruminantes. O Programa mantém estreita integração com os cursos de graduação em medicina veterinária, engenharia agronômica e áreas afins, uma vez que mais de 90% de todos os professores do programa e sua infra-estrutura também estão voltados para aulas teóricas e práticas das diversas disciplinas da graduação. Para o professor Dr. Agustinho Valente, responsável pelo setor de Suinocultura do Departamento de Zootecnia, há um envolvimento do que é produzido como pesquisa e tecnologia com os alunos de graduação. “Isso ocorre por meio dos trabalhos de conclusão de curso, do estágio curricular, que estão vinculados aos projetos de pesquisa dos docentes do programa”, atesta. Para ele, com este estímulo, os alunos da graduação apresentam, com maior naturalidade, melhor desempenho nas salas de aula e nos laboratórios. Tudo isso sem contar com as palestras e seminários constantes, os quais os discentes podem se inserir, conquistando mais conhecimentos e otimizando o conteúdo aprendido em sala de aula. Trabalhos sobre o melhoramento animal seguem como a principal linha do Departamento. Uma das pesquisas que Agustinho Valente está orientando dentro do Programa é sobre alimentos não convencionais para suínos em crescimento. O trabalho de dissertação de mestrado é da aluna Caroline Moura Marques. O mesmo está em fase de conclusão e a ser submetido à banca de avaliação.
Foto: Márcia Cristina
Parte aérea da mandioca vira alimento para suínos
Aluno do CCA faz análise em laboratório de Nutrição Animal, na Zootecnia
grandes quantidades provoca envenenamento e freqüentemente mortes, e em doses reduzidas provocam diminuição da produtividade, transtornos gastrintestinais ou diminuição do crescimento. Para utilização da parte aérea da mandioca, deve-se triturar e fornecer aos animais após o emurchecimento. Agustinho Valente atesta que ‘os avanços observados na suinocultura tecnificada, caracterizados pelos elevados índices produtivos, têm induzido os nutricionistas a buscarem alternativas que promovam utilização mais econômica e mais eficiente das rações’. Pesquisas comprovam que a alimentação é o componente de maior participação no custo da produção de suínos, o que implica na escolha cuidadosa dos alimentos, na formulação precisa de rações, e também, na correta mistura dos ingredientes. Com base em referenciais teóricos, Caroline Marques afirma que a produção de suínos se mantém alicerçada em dois pontos fundamentais: melhorar a produtividade e evitar a contaminação do meio ambiente com os dejetos. Ambos estão diretamente ligados à alimentação. E considera que “A inclusão do feno da rama da mandioca em dietas de suínos representa o aproveitamento de um subproduto que, normalmente, é desperdiçado e, no entanto, pode interferir na redução dos custos de produção da atividade suinícola”. Ela constatou que essa alternativa na alimentação animal traz como importante conseqüência a liberação do milho e também de parte da soja. O milho sempre ocupou lugar de destaque na alimentação animal, não só pelo seu comprovado valor nutritivo como também pela tradição de cultura em nosso país. No entanto, estudos mostram que, apesar de sua boa qualidade nutricional, vários produtos têm sido estudados com o objetivo de substituí-los no concentrado, principalmente devido ao seu custo elevado. A suinocultura brasileira tem se destacado no cenário mundial, situando o Brasil entre os países mais desenvolvidos do setor. Entretanto, produtores enfrentam problemas durante grande parte do ano, principalmente devido à oscilação na oferta de grãos, constituintes básicos da dieta desses animais, haven-
do por conseqüência significativa interferência nos custos de produção e na lucratividade desta atividade. “Esse processo adquire caráter mais representativo para o pequeno e médio produtor rural, uma vez que estes possuem limitadas condições de influenciar no mercado de insumos, principalmente, o de alimentos. Desta forma, a perspectiva de obtenção de lucros com a suinocultura está fundamentada no planejamento adequado da alimentação dos animais. A nutrição, a genética, a sanidade, as instalações e o manejo são as grandes áreas que devem ser consideradas em conjunto para maximizar resultado qualitativo e econômico”, considera o professor. Daí a importância de estudos como esse no Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal, pois o conhecimento de alternativas para a dieta animal em quantidade e qualidade adequada, a preços que viabilizem a produção, é o que espera o criador e se torna cada vez mais um desafio para os pesquisa dores. Pesqu isas volta da s para o conhecimento de alimentos considerados alternativos, produtos ou subprodutos, que possam substituir parcialmente o milho e o farelo de soja nas dietas de suínos, tornam-se imprescindíveis, pois a sustentabilidade no setor ocorrerá com a redução de custos e o incremento da produtividade. A mandioca (Manihot esculenta, Crantz) desempenha importante papel social como fonte de carboidratos para os seres humanos. A parte aérea da mandioca possui alto valor nutritivo (proteína, carboidratos, vitaminas e minerais), além de excelente aceitabilidade pelos animais. De origem sulamericana, suas raízes são ricas em energia e as folhas ricas em proteína. Atualmente, a mandioca é cultivada em mais de 90 países e das 187.665.489 toneladas produzidas no mundo, o Brasil possui uma pr o duç ã o anua l de 21.961.082 toneladas e um rendimento médio de 13,4 toneladas por hectare (IBGE, 2003). A produção brasileira de mandioca está localizada em maior concentração nas regiões Nordeste (8.821.452t), No r te (6 . 5 5 9 .8 9 5 t) e Sul (4.209.453t). O Estado Piauí contribuiu com 430.306 toneladas de mandioca por ano e com rendimento médio de 9,0 toneladas por hectare (IBGE, 2004). Agustinho Valente Depto. de Zootécnica – CCA – UFPI (86) 3215-5750 agustinhov@yahoo.com.br
REPORTAGEM
12 TERESINA - PI, OUTUBRO DE 2007
Foto: Márcia Cristina
Laboratório realiza pesquisas avançadas em reprodução animal
Prof. Dr. José Adalmir Torres de Souza*
O Laboratório de Biotecnologia da Reprodução (LBR), instalado no Centro de Ciências Agrárias, da Universidade Federal do Piauí, construído com recursos do CT-INFRA (30%) e da UFPI (70%), vem adquirindo, através de projetos específicos, equipamentos modernos e essenciais às distintas atividades técnicas associada à reprodução animal. A equipe técnica, vinculada ao LBR, consta de dois professores doutores e dois técnicos médico-veterinários; cinco pós-graduandos em nível de doutorado e quatro em nível de mestrado; dois bolsistas de iniciação científica, dois graduandos em conclusão de curso e dois monitores. O LBR estrutura-se para atender ao ensino (graduação e pós-graduação), à extensão (criadores da região) e, principalmente, à pesquisa, em duas grandes linhas de trabalho: tecnologia de sêmen e tecnologia de embriões. Sua grande meta é a formação de banco genético de sêmen e de embriões para uso em projetos de melhoramento animal. Além da espécie bovina, o potencial de trabalho do LBR e de sua equipe técnica, se estende a outras espécies de interesse econômico, como a ovina, caprina e eqüina. Quanto ao aspecto sanitário,
os animais são acompanhados pelo Laboratório de Sanidade Animal (LASAN), do Hospital Veterinário Universitário. Nos últimos 50 anos, as biotécnicas reprodutivas animais vêm se aprimorando no sentido de atender às necessidades da produção animal. Além da Inseminação Artificial (IA), Transferência de Embriões (TE) e Fecundação “In Vitro” (FIV), técnicas que já venceram as barreiras impostas pela pesquisa e chegaram à realidade prática do campo, a clonagem e transgenia, entre outras, ainda buscam amadurecimento nos Laboratórios. No LBR, já existem projetos de pesquisa de mestrandos e doutorandos envolvendo Inseminação Artificial, FIV e TE. Considerada a primeira técnica reprodutiva de maior eficiência para o crescimento quantitativo e qualitativo dos rebanhos, a inseminação artificial é frequentemente aperfeiçoada, no sentido de melhor aproveitar o potencial dos reprodutores considerados geneticamente superiores. Além dos métodos tradicionais de avaliação dos órgãos reprodutivos (inspeção e palpação), o exame ultrassonográfico, em particular dos testículos, contribui eficientemente para o diagnóstico de eventuais alterações patológicas que possam restringir a capacidade produtiva e reprodutiva do macho. O médico veterinário, professor e pesquisador na área de reprodução animal do CCA, Dr. José Adalmir Torres de Souza, informou que além do exame clínico, a avaliação do comportamento sexual, traduzida pelo interesse do macho pela fêmea em cio (libido) e pela capacidade de execução do salto (monta), é igualmente de grande valia. “Mais recentemente, pela necessidade de maior segurança em estimar a real capacidade do reprodutor, muita atenção vem sendo dada ao estudo dos fluídos seminais e da ultraestrutura e funcionalidade dos espermatozóides. Assim, estruturas como a membrana plasmática, o acrossoma, o complexo mitocondrial, a cromatina (DNA) e a morfometria de alguns
segmentos espermáticos podem revelar nutricionais, a quem caberá produzir e doar com maior segurança a fertilidade real do (daí o termo doadora) os ovócitos já fertireprodutor. Ainda, associado à Inseminalizados (embriões). Sob as mesmas condição Artificial, cabe destacar o domínio da ções das doadoras, exceto a condição getécnica de sexagem espermática (citomenética, são selecionadas fêmeas que vão tria de fluxo), permitindo ao criador a esreceber os embriões e levar a gestação e colha de sêmen para produção de machos parto a termo (fêmeas ditas receptoras). (espermatozóides Y) ou de fêmeas (esperOutra técnica estudada no Programatozóides X), segundo a afinidade de seu ma de Ciência Animal do CCA é a Produempreendimento”, explicou. ção In Vitro de Embriões (PIVE). A técnica Novas pesquisas têm surgido soconsiste na obtenção dos ovócitos por bre a fisiologia reprodutiva das fêmeas (cipunção e aspiração dos folículos ovariaclo estral), favorecidos pela utilização da nos, via transvaginal, com a agulha sendo ultra-sonografia no estudo da dinâmica de guiada pela imagem ultrassonográfica, crescimento folicular, obtida com o transdue o crescente envoltor posicionado retalA inseminação artificial é o vimento da indústria mente. caminho mais curto para o farmacêutica na proAdalmir Tordução de potentes res informou que nos melhoramento genético análogos de hormônibovinos, o ganho gedos rebanhos. No Brasil, os, diretamente ennético dos últimos 20 onde o efetivo bovino é de volvidos na fisiologia anos deve-se, basicaquase 200 milhões de reprodutiva. mente, ao aumento da cabeças, não mais que 6% Para o Dr.Adalintensidade e acurádas fêmeas em mir Torres, esses cocia da seleção das rareprodução no país são nhecimentos permitiças. “Esse impulso ram ao pesquisador inicial foi dado pela inseminadas, segundo a manipular com eficiInseminação ArtificiAssociação Brasileira de ência a ciclicidade real (IA) e, posteriorInseminação Artificial. produtiva das fêmemente, pela Transfeas, levando-as à indurência de Embriões ção e sincronização dos estros (cios) e, con(TE). A PIVE, uma técnica também já conseqüentemente, das ovulações. Esse prosolidada, considerada a terceira geração cesso permite que se efetue a inseminação de biotecnologias da reprodução, tem artificial propriamente dita (deposição do avançado rapidamente na última década e sêmen no útero) em dia e hora pré-estabeestá sendo lentamente incorporada aos lecidos, sem a necessidade de identificaprojetos de produção e abrindo novos ção das fêmeas em cio. Com isso, tende-se caminhos para multiplicação de animais de a abandonar a técnica tradicional e adotar a interesse econômico, superando os atuinseminação artificial em data pré-determiais índices de TE no que diz respeito à nada, tecnicamente denominada de Inseprodução bezerro/vaca/ano”, descreveu. minação Artificial em Tempo Fixo - IATF. Para se ter uma idéia de produção, estimaJá no final da década de 80, a técnise que, em média, uma vaca em condições ca reprodutiva por transferência de embrinaturais produz um bezerro por ano, na TE ões se consolidava como a segunda mais produz um bezerro por mês e na PIVE um importante e rapidamente foi aplicada ao bezerro por semana. campo, particularmente na produção de Na América do Sul, segundo a Socibovinos. A técnica consiste na seleção de edade Brasileira de Tecnologia de Embrimatrizes de alto potencial genético, de ões, o Brasil é destaque na produção de boas condições reprodutivas, sanitárias e embriões, tanto “in vivo” como “in vitro”.
*José Adalmir Torres de Souza Depto. de Clínica e Cirurgia Veterinária (86) 3215.5746 adalmir@ufpi.br