TERESINA DE 2011 Nº 26 ANO VIII TERESINA -- PI, PI, MARÇO MARÇODE n
ISSN 1809-0915
Genética avança contra as doenças Biomarcadores Biomarcadores com zinco zinco com podem predizer predizer podem riscos para para oo riscos câncer de de mama mama câncer Páginas Páginas 77
Entrevista: Semiramis Semiramis do do Entrevista: Monte fala fala dos dos estudos estudos Monte realizados no no Laboratório Laboratório realizados de Biologia Biologia Molecular Molecular de da UFPI UFPI da Páginas Páginas 88 ee 99
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EDITORIAL Genética, doenças e resultados
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O Conselho Editorial e o corpo editorial do Informativo Científico Sapiência iniciam mais um ano de um projeto vitorioso, iniciado em meados de 2003, quando o Prof. Dr. Acácio Véras, presidente da FAPEPI, e um grupo de professores pensaram uma maneira de popularizar aquilo que era produzido a portas fechadas nos centros de pesquisa do Piauí: a produção científica e tecnológica do nosso Estado. À época, à frente dessas ideias estavam ainda Laerte Magalhães, Wellington Lage e José Machado Moita Neto. Juntos, eles conseguiram tornar realidade, em 2004, o primeiro Informativo Científico Sapiência, ainda visto sob um prisma de desconfiança por muitos pesquisadores. Hoje, temos o orgulho e a honra de colher muitos frutos positivos. Um deles é o mérito do primeiro reconhecimento recebido, em 2006, pelo CNPq, quando fomos premiados com o título de Menção Honrosa, dentro do Prêmio José Reis Veloso. O segundo, e também para nós o mais importante, é o reconhe-
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cimento e a enorme aceitação do informativo pela comunidade científica, não apenas do Piauí. Por tudo isso, nós que fazemos o Sapiência em suas versões impressa e online, ao longo desses mais de oito anos, sempre com esmero, zelo e buscando sempre manter a regularidade e a tiragem, atingimos um de nossos principais objetivos: a credibilidade. Em 2011, chegamos à 26ª edição do Informativo, retomando a tradicional linha editorial, com reportagens, resumos de teses de doutorado, sugestão de livros científicos e mais artigos. Isso porque, na edição passada, a FAPEPI priorizou uma edição especial e ampliada, apenas com artigos. Neste número, demos prioridade aos avanços das pesquisas no Piauí sobre estudos que visam a minimizar o impacto de doenças humanas graves, como o câncer. Assim, entre as reportagens, apresentamos um estudo minucioso sobre biomarcadores de genotixicidade e mutagenicidade na saúde pública do Piauí: riscos ocupacionais e ambientais em trabalhadores expostos a riscos para o
câncer. Ainda com exames biomarcadores modernos, um estudo sobre o mineral zinco que pode ajudar no diagnóstico do câncer de mana. Em outra reportagem, mostramos um estudo com o noni, uma fruta que comprovadamente já atua no organismo humano oferecendo uma série de benefícios oriundos de nutrientes que contém no seu suco. O Sapiência aborda também o encerramento de uma fase de um estudo que foi iniciado há 10 anos no Piauí e em outras regiões do Cerrado da Região Nordeste e que teve a participação de um grupo de pesquisadores da UFPI. Iniciado em 2001, o projeto levanta a tese de que os cerrados nordestinos representam um centro distinto de diversidade biológica com relação ao restante do cerrado brasileiro. O estudo faz parte do Sítio 10, sendo elaborado pelo Programa de Pesquisas Ecológicas de Longa Duração (PELD) com o apoio do CNPq. Márcia Cristina
Sistema para Arquivos Eclesiásticos O
s Arquivos Eclesiásticos da Igreja Católica constituem uma fonte preciosa sócio-histórica-cultural de informação para a pesquisa acadêmica em várias áreas. Cada estado brasileiro contém várias dioceses e em cada uma delas Francisco Célio reunindo centenas de lida Silva Santiago* vros de registros. Por exemplo, o estado do Ceará tem nove dioceses e o do Piauí, sete. Nesses arquivos estão livros de registros de batismo, casamento, óbitos, crismas, tombos dentre outros, reunindo informações importantes para o desenvolvimento de pesquisas nos mais diversos campos do conhecimento histórico e social. Os Arquivos Eclesiásticos, diocesanos, paroquiais, congregacionais, entre outros, são classificados pela Arquivística como arquivos sociais. Destacam-se os com datas anteriores à proclamação da República, devido ao valor jurídico de seus registros demográficos, já que nos períodos colonial e imperial não havia registro civil.
A Lei 8.159, de 8 de janeiro de 1991, sobre a política nacional de arquivos públicos e privados, diz: “Os registros civis de arquivos de entidades religiosas produzidos anteriormente à vigência do Código Civil ficam identificados como de interesse público e social”(Brasil, Art. 16, 1991). O Código de Direito Canônico da Igreja Católica orienta que os arquivos diocesanos permaneçam fechados, e sua chave só a tenha o Bispo e o chanceler; a ninguém é lícito entrar nele, a não ser com licença do Bispo, ou então do Coordenador da cúria e do chanceler juntos. Com esta determinação, como então proceder a uma pesquisa ou consulta? Esta dificuldade ao direito ao acesso às fontes de informação poderá ser contornada com o desenvolvimento e implementação de um Sistema de Informação que contenha a identificação, a referenciação, a descrição do conteúdo e a digitalização dos livros de registros, proporcionando a pesquisa e a consulta virtual aos documentos originais (Bellotto, 2007). Vive-se a era do conhecimento. É preciso considerar a forma como os modernos sistemas de informação são projetados, desenvolvidos, implementados e mantidos (Drucker, 1999). Um Sistema de Informação para Gestão de Ar-
quivo Eclesiástico – SIGAE é um conjunto de procedimentos e operações técnicas, característico do sistema de gestão arquivística de documentos, processado por computador. Pode compreender um software particular, um determinado número de softwares integrados, adquiridos ou desenvolvidos por encomenda ou uma combinação desses (CONARQ, 2006). Um SIGAE inclui operações de captura de documentos, classificação, controle de versões, controle sobre os prazos de guarda e destinação, armazenamento seguro e procedimentos que garantam o acesso e a preservação a médio e longo prazo de documentos arquivísticos digitais e não digitais confiáveis e autênticos. O processo de implantação e uso de um SIGAE perpassa as fronteiras tão somente da tecnologia, sobretudo, é uma valiosa contribuição para a sociedade e a pesquisa acadêmica, pois democratiza o acesso aos Arquivos Eclesiásticos e abre perspectivas para o desenvolvimento de estudos em diversas áreas do conhecimento.
AO LEITOR PARA CRÍTICAS, SUGESTÕES E CONTATO:
EXPEDIENTE
sapiencia@fapepi.pi.gov.br - marcia@fapepi.pi.gov.br - www.fapepi.pi.gov.br OU PELOS TELEFONES: (86) 3216-6090 - Fax: (86) 3216-6092 Nº 26 Ano VIII Março de 2011 ISSN - 1809-0915 Informativo produzido pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Piauí - FAPEPI PUBLICAÇÃO TRIMESTRAL
DIRETOR EDITORIAL Acácio Salvador Véras e Silva CONSELHO EDITORIAL Acácio Salvador Véras e Silva Francisco Laerte J. Magalhães Wellington Lage EDITORA Márcia Cristina REVISÃO DE TEXTO Assunção de Maria S. e Silva
REPORTAGEM E FOTOS Márcia Cristina (Mtb -1060) Roberta Rocha (Mtb - 1856) IMPRESSÃO Gráfica do Povo TIRAGEM: 6 mil exemplares PROJETO GRÁFICO Tony Cesar (86) 8801-8766
* Chanceler diocesano de Tianguá-CE celiosantiago@yahoo.com.br
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piscicultura, ramo específico da aquicultura voltada para criação de peixes em cativeiro, vem sendo apontada por especialistas como promissora atividade no mundo e, principalmente no Brasil, em decorrência da malha hidrográfica e do clima propício. O Brasil destaca-se por possuir imenso potencial para o desenvolvimento da piscicultura por meio dos seus reservatórios de águas. Um dos desafios na piscicultura consiste no controle de patologias nos criatórios. Os peixes podem apresentar lesões em diversos órgãos, acarretando perdas de indivíduos e consequente diminuição na produtividade. Assim faz-se necessário o conhecimento de microorganismos que podem habitar o mesmo local de criação dos peixes, um exemplo seria os fungos zoospóricos, que são caracterizados por possuir células reprodutoras assexuadas dotadas de flagelo, os zoosporos. Seus principais representantes pertencem aos filos Oomycota (reino Straminipila) e Chytridiomycota (reino Fungi). Oomycota difere de Chytridiomycota por apresentar zoosporos dotados de dois flagelos, sendo um penado e um liso, enquanto que Chytridiomycota apresenta um flagelo liso. Oomycota produz esporos de resistência sexual, denominados oosporos, capazes de sobreviver no solo e em restos de cultura em condições adversas, sendo originados em oogônios. Oomycota são sapróbios e alguns são parasitas. O presente trabalho de pesquisa objetivou fazer o levantamento da diversidade de fungos zoopóricos em um criatório de peixes no Município de Timon, Maranhão, e contribuir com novas linhagens de Fungos Zoospóricos para a Coleção de Cultura de Fungos Zoospóricos da Universidade federal do Piauí (UFPI). O criatório de peixes utilizado na pesquisa era composto por sete tanques de tamanhos variados sendo Colossoma macropomum (tambaqui) a única
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FOTOS: ARQUIVO PESSOAL
ARTIGO
1a Coleta de água e solo nos tanques do criatório de peixes. 1a. coleta de solo e 1b. coleta de água, no criatório de peixes, no município de Timon, Maranhão, para isolamento de fungos zoospóricos.
espécie produzida no criatório. Foram realizadas quatro coletas bimestrais de água e solo, entre agosto de 2009 a fevereiro de 2010, nos sete tanques do criatório de peixes. Para coleta e isolamento dos fungos zoospóricos foram utilizadas as técnicas descritas por Milanez (1989). As amostras foram transportadas para o Laboratório de Fungos Zoospóricos da Universidade Federal do Piauí (LFZ-UFPI). Seguindo a metodologia essas amostras foram analisadas ao microscópio óptico e os fungos zoospóricos encontrados esquematizados com auxílio da câmara clara e fotografados com câmera fotográfica digital. Para o estudo e identificação dos fungos zoospóricos, utilizou-se os seguintes trabalhos: Sparrow (1960), Karling (1977), Alexopulos; Mims; Blackwell (1996), Dick (2001). Depois de identificadas e catalogadas, as linhagens dos fungos zoospóricos selecionadas foram inseridas na Coleção de Culturas do Laboratório de Fungos Zoospóricos, Departamento de Biologia da UFPI, onde estão disponíveis para estudos posteriores. No total foram identificadas 14 espécies de fungos zoospóricos, sendo 7 de quitridiomicetos e 7 oomicetos. Alguns destes fungos identificados são sapróbios na água e outros no solo. A partir da pesquisa foi possível constata que os fungos zoospóri-
B Fungos zoospóricos isolados. A. Oogônio com anterídio de P. utriforme, B. Disposição dicotômica dos zoosporângios de P. dichotomum
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cos encontrados no criatório não são patogênicos e também não foram encontrados peixes que apresentassem doenças fúngicas. Mesmo assim, ressalta-se a importância de técnicas de manejo que visam a minimizar os efeitos ou o aparecimento de possíveis doenças tais como: a troca de água dos tanques, a limpeza dos tanques, o controle do nível de oxigênio da água e o isolamento de peixes que apresentem alguma patologia, além de outras medidas que são úteis para proporcionar uma produtividade satisfatória. A diversidade de fungos em todos os ambientes revela a necessidade de se realizar mais pesquisas para seu melhor conhecimento. Além disso, estudálos é relevante, pois, há poucos estudos na área, que proporcionam informações sobre suas interações com outros organismos. Assim o estudo da diversidade de fungos zoospóricos e de seus possíveis efeitos nos peixes é de suma importância, pois a ocorrência de patologias, podem afetar a produção nessa área, prejudicando pessoas e a economia do setor piscicultor da região, fazendo-se necessários estudos mais aprofundados para que se possa conhecer melhor esses microorganimos e seu convívio ecológico com os outros seres vivos.
José de Ribamar de Sousa Rocha - Prof. Dr. do Depto. de Biologia (UFPI) rrocha@ufpi.br Darlane Freitas Morais da Silva - Graduanda em Ciências Biológicas (UFPI) darlanebiologa@yahoo.com.br Marcones Ferreira Costa - Graduando em Ciências Biológicas (UFPI)
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Pesquisadoras: Doutoranda Tatiana Chaves e a Drª. Ana Amélia Cavalcante
Para realizar os testes biomarcadores, foi utilizada a tecnologia disponível do Laboratório de Toxicologia e Genética Molecular (LABTOXIGEN/LACEN). Houve a colaboração do Departamento de Biologia e Departamento de Ciências Farmacêuticas, ambos da UFPI; Programa de Pós-Graduação em Farmacologia Clínica da Universidade Federal do Ceará; Facul-
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ma inédita e importante pesquisa foi concluída recentemente no Piauí e seus resultados já foram publicados. Trata-se de um projeto de quase três anos (2008-2010) realizado por uma equipe multidisciplinar de pesquisadores e técnicos do Piauí, em colaboração com pesquisadores do Ceará, relacionado à saúde pública da população de trabalhadores piauienses sujeitos a riscos de saúde, em especial o câncer, em decorrência de exposição a fatores ambientais físicos e químicos. Intitulada “Biomarcadores de genotixicidade e mutagenicidade na saúde pública do Piauí: riscos ocupacionais e ambientais”, o estudo tem por objetivo final estabelecer diversas medidas por meio de políticas públicas estaduais que visarão prevenir doenças graves adquiridas por esse contingente economicamente ativo do Estado. Uma das constatações reveladoras da pesquisa é que existe uma instabilidade genética do trabalhador exposto a fatores ambientais e físicos de risco, como aos metais pesados, agrotóxicos e radiações. O estudo mostra ainda que os trabalhadores poderão, fatalmente, adquirir algum tipo de câncer - se não corrigirem a sua condição de trabalhar com equipamento de proteção individual e com correção de hábitos de vida e nutricionais . O lado positivo, por outro lado, foi que o organismo de boa parte do grupo escolhido, tem uma capacidade satisfatória de reparo desses danos. A pesquisa é coordenada pela Secretaria de Saúde do Estado do Piauí (Sesapi), por meio da Divisão de Vigilância Sanitária e do Laboratório Central de Saúde Pública do Piauí (LACEN). Foram escolhidos para o estudo 344 trabalhadores, nos quais houve a realização de cerca de 1.400 exames com biomarcadores de getoxicidade/mutagenicidade e de mais de 5.000 exames hematológicos e bioquímicos. As coordenadoras do estudo são as pesquisadoras Ana Amélia de Carvalho Melo Cavalcante e a Diretora da Vigilância Sanitária Estadual, Tatiana Vieira Souza Chaves. Os trabalhadores escolhidos têm idade média de 40 anos e trabalham em média 40 horas semanais.
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REPORTAGEM
Trabalhadores de vários municípios foram submetidos a vários testes genéticos
dade de Saúde, Ciências Humanas e Tecnológicas do Piauí – NOVAFAPI e Faculdade Aliança. Os diagnósticos desenvolvidos foram possíveis devido à integração do Ministério da Saúde-ANVISA com a Diretoria de Vigilância Sanitária Estadual, por meio do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (CEREST) e o LACEN-PI. A avaliação ocupacional teve como meta principal a identifica-
ção de sintomas agudos e/ou crônicos em populações de trabalhadores expostos a agentes químicos (agrotóxicos, antineoplásicos, hidrocarbonetos aromáticos policíclicos e derivados de benzeno) e físicos (radiações ionizantes) relacionados às intoxicações e riscos de instabilidades genéticas em populações piauienses. A avaliação ocupacional de trabalhadores expostos aos agrotóxicos foi feita nos municípios de Picos, Piripiri, Barras, José de Freitas e Simplício Mendes. No município de Campo Maior foram realizadas as análises ocupacionais em frentista de posto de gasolina. Em Teresina foram feitas as avaliações de riscos ocupacionais em trabalhadores expostos a solventes e tintas automotivas, e em trabalhadores expostos a misturas químicas usadas em curtimento de couro e em agentes endêmicos e trabalhadores da saúde expostos aos antineoplásicos, como também em técnicos administrativos para organizar o histórico de controle negativo para todos os biomarcadores. Doutora em Biologia Celular e Molecurar pela UFRS, Ana Amélia Cavalcante foi responsável pela padronização dos testes de genotixicidade/mutagenicidade. Ela explicou que são os biomarcadores cruciais para obtenção dos resultados do estudo. “Trata-se da aplicação de testes citogenéticos e molecu-
lares como biomarcadores de riscos para o desenvolvimento de câncer, no intuito de fazer prevenção de populações que estão expostas a contaminantes ambientais e especialmente a agentes químicos e físicos potencialmente mutagênicos e carcinogênicos, levando em consideração, e como uma prioridade, os trabalhadores que comumente estão sendo submetidos a uma carga maior desses efeitos”. As pesquisadoras informaram que o estudo com os trabalhadores piauienses é de extrema relevância, uma vez que segundo relatos da Organização Mundial da Saúde (OMS, 1991), o câncer será a primeira causa de mortalidade no mundo nas próximas décadas. Associado a este fato, a doença possui um forte impacto na sociedade, debilitando indivíduos produtivos, tanto no âmbito social quanto no econômico, além de constituir um sério problema de saúde pública. “Quando o CEREST iniciou em 2004 a política estadual, através da política nacional de prevenção de danos à saúde do trabalhador, começamos a capacitação junto com os sindicatos, a Superintendência Regional do Trabalho, o Fórum de Proteção ao Meio ambiente. Foram vários órgãos envolvidos, de forma a atingirmos um contingente para a pesquisa. O trabalhador é acolhido no CEREST por uma equipe multiprofissional que identifica se aqueles sintomas e sinais que ele apresenta são em decorrência de sua atividade laboral e identifica se existe uma relação com o trabalho que ele exerce. Daí, a equipe encaminha esse trabalhador, pelo Sistema Único de Saúde (SUS), para fazer seu tratamento e sua reabilitação, caso necessite”, destacou Tatiana Chaves, farmacêutica e bioquímica com especialização em Vigilância Sanitária e em Saúde Pública, mestra em Farmacologia Clínica e doutoranda na mesma área pela UFC, além de professora de Vigilância Sanitária, Análises Clínicas, Epidemiologia e Resíduos Biológicos Químicos Radiativos da NOVAFAPI. A Sesapi, através do SUS, em parceria com todas as vigilâncias sanitárias, ambientais, epidemiológicas de saúde do trabalhador e o LACEN rea-
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Testes foram feitos em grupos expostos a produtos químicos substâncias como o benzeno em postos de combustíveis, na agricultura, com agrotóxicos, há ainda os expostos ao cromo nos curtumes. “A partir daí a gente procura identificar critérios que possam interferir no resultado da pesquisa, como os fumantes e pessoas habituadas à bebida alcoólica. Então procuramos pelo menos pessoas que não estejam fumando, como critério de exclusão, porque alguns hábitos alteram o resultado da pesquisa já que estamos tratando com biomarcadores”, destacou Ana Amélia Cavalcante. Assim, a pesquisa revelou que a grande maioria dos trabalhadores tem o hábito de consumir bebidas alcoólicas pelo menos duas a três vezes por semana. “Isso é um risco que tivemos que considerar. Nas nossas avaliações, 67 a 78 % de pessoas consomem algum tipo de bebida, não que sejam alcoólatras. Isso mostra que no seu organismo já há um determinado teor. Em média, 8% do câncer é de origem genética, mas o restante vem de exposições de fatores externos e outra grande contribuição é a alimentação”, afirmou a diretora da Vigilância Sanitária do Piauí. Segundo Tatiana Chaves, as pessoas ainda consomem poucos vegetais, que é um protetor celular. Por outro lado, um bom prognóstico na pesquisa, mostrada nos biomarcadores, identifica que os riscos a que o trabalhador
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lizam todas as atividades para que se tenha no estado a previsão de que o câncer seja a primeira causa de mortalidade. “Será que a gente previne os danos à saude do trabalhador? Com certeza sim, envolvendo ainda os profissionais da atenção básica, mais um segmento da saúde. São eles que discutem a questão da exposição do trabalhador aos riscos, de acordo com os resultados dos exames, e fazem um acompanhamento da situação de saúde do trabalhador, que é o biomonitoramento”, disse Tatiana Chaves. É o biomonitoramento que permitirá que a execução das políticas públicas sejam efetivadas para a prevenção, com capacitação continuada para os trabalhadores. Por meio dele, são identificados os potenciais riscos a que os trabalhadores estão expostos e a partir de então esses trabalhadores passam a ter apoio à conscientização, no sentido que possam estar minimizando os potenciais riscos, como através do uso contínuo dos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), por exemplo, para os que trabalham com agrotóxicos. “Nosso levantamento apontou que apenas 50% fazem uso completo dos equipamentos, que afetam diretamente a pele e o sistema respiratório”, atestou Tatiana Chaves. No caso do perfil dos trabalhadores escolhidos, as pesquisadoras afirmaram que além dos que atuam com
Frentistas também foram um dos grupos avaliados
Teste Cometa em linfócitos de sangue periférico
Fotomicrografias de cometas com diferentes tipos de danos evidenciados em linfócitos de sangue periférico de trabalhadores do Piauí expostos a agentes químicos e físicos potencialmente mutagêncos nos anos e 2009 e 2010. 1- dano 0; 2-dano 1; 3-dano 2; 4 e 5- danos e 6 -dano 4.
Teste do Cometa em células esfoliadas de epitélio bucal
Fotomicrografias de cometas com diferentes tipos de danos evidenciados em células de epitélio bucal de trabalhadores do Piauí, expostos a agentes químicos e físicos potencialmente mutagêncos nos anos e 2009 e 2010. 1- dano 0; 2-dano 1; 3-dano 2; 4-dano 4
foi exposto gerou um dano, mas que o organismo foi capaz de repará-lo, garantindo que aquelas células alteradas não terão uma possível mutação e, daí, possivelmente um câncer. “É uma capacidade inerente do nosso organismo. Em média, houve reparo de 60% nos trabalhadores envolvidos, muito em consequência da alimentação e dos bons hábitos de vida. Por isso reforçamos a questão da boa alimentação”. Os trabalhadores expostos aos agrotóxicos no estado do Piauí apresentam riscos de instabilidade genética, avaliados pelos danos ao DNA pelo aumento significante do índice de danos e da freqüência de danos ao DNA em epitélios esfoliados de mucosa bucal e em cultura de linfócitos de sangue periférico. Esse tipo de teste, chamado cometa, visualiza danos em células individualizadas, com possibilidades de reparo de DNA. A avaliação ocupacional de trabalhadores expostos a tintas automotivas foi realizada no LABTOXIGEN/LACENPI, por meio de colaborações técnicas e científicas com a NOVAFAPI para o “Biomonitoramento ocupacional de trabalhadores expostos a tintas automotivas em município do estado do
Piauí”. As tintas automotivas constituem uma mistura complexa, composta de benzeno e seus derivados. O benzeno é um hidrocarboneto aromático genotóxico. Considerando os riscos genotóxicos à saúde ocupacional, o estudo teve por objetivo avaliar os efeitos genotóxicos/clastogênicos induzidos pelas tintas automotivas, com a análise da frequência de micronúcleo, em células esfoliadas de mucosa bucal. O biomonitoramento do risco ocupacional em trabalhadores expostos ao benzeno e seus derivados foi realizado como diagnóstico e prevenção de danos a curto e longo prazo dos riscos tóxicos ao material genético. O estudo avaliou o risco de mutagenicidade e anormalidades nucleares em células da mucosa oral e no sangue periférico de 20 frentistas da cidade de Campo Maior-PI, com a aplicação de um questionário de saúde recomendado pela ICPEMC, do teste de micronúcleos e do hemograma automatizado. Os resultados obtidos foram correlacionados com o estilo de vida desses profissionais. Outra avaliação feita foi com trabalhadores expostos a agrotóxicos, utilizados no controle de pragas que
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atacam plantações e contra vetores de doenças. Estes têm sido considerados mutagênicos químicos em potencial. Tatiana Chaves explica que estudos de biomonitoramento ocupacional em indivíduos expostos a essas misturas complexas têm sido úteis para avaliar o possível risco genotóxico de uma exposição e os testes de Aberrações Cromossômicas (AC) e Micronúcleo (MN) são biomarcadores utilizados para avaliar um possível dano. Foram submetidos a esses testes dois grupos. O grupo teste (I) foi formado por 67 agricultores expostos a misturas complexas de pesticidas nos municípios de Barras, Picos e Piripiri-PI, enquanto o grupo controle (II) foi formado por 55 indivíduos não expostos. Os resultados mostraram um aumento significativo no número de MN e de AC nos indivíduos expostos em relação aos não expostos, bem como aumento das anormalidades nucleares (Cariorrexe, Cariólise, Binucleadas) nesses indivíduos. Não houve correlações positivas entre os hábitos de vida em ambos os grupos com o aumento de MN e AC. A avaliação de riscos ocupacionais de dentistas expostos às radiações foi outro ponto da pesquisa e teve colaboração do Programa de Farmacologia Clínica da UFC, para o “Estudo da genotoxicidade em cirurgiões dentistas expostos ocupacionalmente à radiação ionizante no município de TeresinaPI”, aprovado pelo Comitê de Ética da UFC. O presente diagnóstico visou à avaliação da mutagenicidade em cirurgiões dentistas expostos ocupacionalmente a radiação ionizante, com aplicação do teste de micronúcleos em células esfoliadas de mucosa bucal. A literatura mostra que a exposição a radiações como raios X pode provocar um aumento na incidência de câncer . Este tipo de exposição ocorre principalmente em profissionais da área da saúde. Os indivíduos podem apresentar uma alta frequência de alterações cromossômicas e presença de micronúcleos. Estudos comprovam danos citogenéticos em funcionários expostos ocupacionalmente a baixos níveis de radiações ionizantes que induzem aberrações cromossômicas, mutações, levando a doenças hereditárias, câncer e envelhecimento. A pesquisa também considerou riscos ambientais, além dos ocupacionais. “Se a gente tem uma exposição de trabalhadores a agrotóxico em algum município do Estado, aquela exposição também vai estar ligada a questão ambiental. Então todos os rios e lagoas próximos desses locais onde são utilizados agrotóxicos também serão monitorados pelo LACEN”, afirmou Tatiana Chaves. A poluição de nossos recursos
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Couro sendo curtido para aproveitamento na indústria: cromo pode afetar saúde de trabalhadores
naturais devido à ação antropogênica, com a liberação de substâncias no ambiente pode trazer conseqüências à saúde humana, além do acúmulo de resíduos em organismos vivos que podem afetar a cadeia alimentar, devido ao fato de que muitas substâncias são potencialmente mutagências e carcinogênicas. A avaliação ambiental foi feita em águas dos municípios de Ipiranga e de Joaquim Pires (teste em andamento). Os dados das análises de amostras de águas de Ipiranga comprovaram que todas as amostras avaliadas em meristemas de raízes de Allium cepa, pelo crescimento de raízes indicam significantes toxicidades , quando comparado com o controle negativo. Esses dados indicam a presença de compostos químicos potencialmente tóxicos. É importante destacar que o biomonitoramento da exposição humana a agentes mutagênicos vêm sendo atualmente considerado estratégia de prevenção e controle de doenças genéticas. Os biomarcadores de genotoxicidade, mutagenicidade e carcinogenicidade são importantes para avaliação de efeitos crônicos de químicos mutagênicos e carcinogênicos. Estudos de exposição ocupacional a agentes genotóxicos são mais frequentes em populações expostas ao ferro em fundições e em fornos de carvão; exposição ao alumínio; às tintas e solventes em oficinas automotivas; aos gases da exaustão de veículos; químicos em asfaltos; poluentes do ar; químicos de soldas e de plásticos, e hipocloritos; derivados de benzidina e aos herbicidas. É cientificamente comprovado que agentes mutagênicos podem interferir alterando diretamente a estrutura
do DNA, ou pela interação com as enzimas que estão envolvidas, direta ou indiretamente com o metabolismo do genoma celular. Ana Amélia Cavalcante conclui que as mutações podem ser definidas como alterações de bases nucleotídicas do DNA e essas alterações podem ser induzidas por agentes mutagênicos externos, mas também ocorrem espontaneamente, em cada célula ao longo da vida de um organismo, como um processo natural de evolução, que também está fortemente ligado a carcinogênese. Segundo o relatório do estudo, há riscos de instabilidades genéticas em populações expostas a agentes potencialmente genotóxicos e mutagênicos em diversos municípios do estado do Piauí. Assim, foi apontada a necessidade de continuidade dos diagnósticos e biomonitoramneto de população de risco, visando à pre-
venção do câncer. “Fica então uma projeção para uma melhoria na qualidade de vida de trabalhadores que atuam em atividades expostas a riscos à saúde, destacando o uso de EPIs, palestras educativas e o planejamento financeiro a fim de viabilizar meios científicos de investigação para a proteção e promoção da saúde individual e coletiva dos trabalhadores, bem como a avaliação dos riscos ambientais e de produtos naturais e/ou sintéticos potencialmente mutagênicos”, enfatiza Ana Amélia Cavalcante. *Ana Amélia de C. Melo Cavalcante Profª Dra. de Medicina e Biomedicina da NOVAFAPI e do Mestrado de C. Farmacêuticas da UFPI **Tatiana Vieira Souza Chaves Profª de Análises Clínicas da NOVAFAPI e Dr. da Vigilância Sanitária-PI
LACEN: TECNOLOGIA LABORATORIAL O LABTOXIGEN/LACEN-PI foi implantado para: (1) promover a saúde da comunidade com a realização de exames preventivos, que avaliam os riscos tóxicos, citotóxicos, genotóxicos e mutagênicos relacionados à exposição aguda ou crônica a agentes químicos e físicos, potencialmente mutagênicos e carcinogênicos; (2) promover a saúde do meio ambiente por meio das análises de recursos naturais (água, ar e solo) que vêm sendo ameaçados por ações antrópicas; (3) promover a saúde coletiva, com a realização de testes de genotoxicidade em produtos naturais e /ou sintéticos; (4) avaliar a qualidade de alimento e de amostras de água, quanto aos seus efeitos tóxicos, citotóxicos e genotóxicos. Atualmente, o LACEN-PI é uma diretoria com capacidade gestora e orçamentária, ligada à Secretária da Saúde do Estado do Piauí que desenvolve e executa políticas de assistência laboratorial em consonância com a DIVISA-PI e com o CEREST-PI, com ações de diagnóstico, pesquisa e controle de qualidade de produtos, bem como na formação de recursos humanos e difusão de tecnologias, para a rede de laboratórios de saúde pública no âmbito estadual.
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ARQUIVO PESSOAL
REPORTAGEM
Mariana Séfora Bezerra Sousa*
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trabalho “Zinco plasmático e eritrocitário: novos biomarcadores do prognóstico do câncer de mama?”, desenvolvido durante o programa de Iniciação Científica da UFPI, foi eleito o melhor trabalho no Prêmio Henri Nestlé da área de Nutrição Clínica. A pesquisa, realizada pela aluna de Nutrição, Mariana Séfora Bezerra Sousa, sob a orientação da Profa. Dra. Dilina Marreiro, investigou o comportamento metabólico do zinco no câncer de mama. O Prêmio Henri Nestlé é uma iniciativa da Nestlé Brasil Ltda. e recebe o apoio da Associação Brasileira de Nutrologia e Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição. A concessão do Prêmio visa incentivar a produção de pesquisa científica no Brasil, nas áreas de Alimentos, Nutrição, Saúde e Bem-Estar, desenvolvida por profissionais e estudantes. O zinco é um elemento mineral que é necessário ao organismo em quantidades muito pequenas, tal como o ferro e outros minerais. O zinco intervém em várias reações químicas do organismo, tendo a função de manter a pele, cabelo e unhas saudáveis, e também no desenvolvimento e funcionamento dos órgãos reprodutores. Em casos de carência, poderá existir um atraso no crescimento, fraco crescimento dos órgãos reprodutores e má cicatrização de feridas. Além disso, aumenta a necessidade de zinco durante a gravidez e lactação, ou em casos de
consumo excessivo de fibras. É importante, então, consumir algumas fontes deste mineral todos os dias, mas o consumo deve ser moderado, pois o zinco pode aumentar o apetite. Entre alguns alimentos estão: carnes, sendo que as vermelha tem em maior quantidade, cereais integrais, oleaginosas (castanha do pará, castanha do caju, nozes, amêndoas), sementes, leguminosas (feijão, grão de bico, ervilha) são alimentos ricos em zinco e importantíssimos para a nossa alimentação. Como objeto de estudo, o zinco participa da atividade de enzimas envolvidas na síntese de DNA e RNA, como fator de transcrição nuclear e parece possuir um efeito inibitório sobre o crescimento de células neoplásicas. Associado a isso, a deficiência deste mineral está relacionada a danos e modificações oxidativas do DNA, favorecendo o risco de câncer. Por outro lado, em pacientes com câncer já instalado, parecem existir alterações no metabolismo de zinco, com aumento de suas concentrações nas células malignas, favorecendo o crescimento do tumor. T a i s constatações serviram de objetivo de estudo da pesquisadora no sentido de avaliar as concentrações plasmáticas e eritrocitárias de zinco em mulheres com câncer de mama. Segundo a pesquisadora Mariana Séfora foi realizado um estudo de natureza transversal, analítico, do tipo caso controle, envolvendo 55 pré-menopáusicas na faixa etária de 25 a 49 anos. As pacientes foram distribuídas em 2 grupos: controle (sem câncer de mama, num total de 26) e estudo (com câncer de mama, num total de 29). Vale ressaltar que o trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Instituição onde o mesmo foi realizado.
A análise das concentrações de zinco plasmático e eritrocitário foram realizadas segundo o método de espectrofotometria de absorção atômica de chama λ =213,9 nm. A avaliação da dieta foi determinada utilizando o registro alimentar de três dias e a análise pelo software NutWin versão 1.5. Para a análise das médias foi utilizado o teste t de Student (p<0.05). A média das concentrações plasmáticas de zinco foi de 69,69 ± 9,00 µgZn/dL e 65,93 ± 12,44 µgZn/dL nas pacientes casos (câncer) e controles, respectivamente (p=0,201). A média de zinco no eritrócito foi 41,86 ± 8,28 µgZn/gHb e 47,93 ± 7,00 µgZn/gHb nas pacientes casos e controles, respectivamente (p<0,05). Ambos os grupos tinham concentração de zinco na dieta superior à recomendada. Ou seja, os resultados do estudo indicaram que mulheres pré-menopáusicas com câncer de mama apresentam menor concentração de zinco no compartimento eritrocitário, o que pode constituí-lo como um novo biomarcador prognóstico e alvo terapêutico do câncer de mama. Mariana Séfora explica que “o zinco participa da atividade de enzimas envolvidas na síntese de DNA e RNA, como fator de transcrição nuclear e parece possuir um efeito inibitório sobre o crescimento de células neoplásicas. Associado a isso, a deficiência deste mineral está relacionada a danos e modificações oxidativas do DNA, favorecendo o risco de câncer. Por outro lado, em pacientes com câncer já instalado, parecem existir alterações no metabolismo de zinco, com aumento de suas concentrações nas células malignas, favorecendo o crescimento do tumor. Os resultados do presente estudo indicam que mulheres pré-menopáusicas com câncer de mama apresentam
menor concentração de zinco no compartimento eritrocitário, o que pode constituí-lo como um novo biomarcador prognóstico e alvo terapêutico do câncer de mama”. Segundo a orientadora Profa. Dra. Dilina Marreiro, quando iniciaram o estudo do zinco nas mulheres que já tinham o câncer de mama diagnosticado conclui-se que o zinco atuaria como um nutriente que potencializasse o câncer e contribuiria para a metástase. “É fato que o zinco é bom para a prevenção do câncer, pois é antioxidante, ajuda na diferenciação das células adequadas, enfim, tem todo um perfil de nutriente que faz com que o câncer não se manifeste, mas no caso da presença do câncer a literatura mostra que é como se existisse no tumor a expressão da quantidade de proteína maior que transportam o zinco para o interior do tumor e aumentaria o câncer já instalado, ouseja, o zinco ingerido pode ser utilizado como transportador e ser retirando do sangue para colocar nessas células que vão se ampliando”, explica Dilina Marreiro. Em suma, o trabalho da pesquisadora recomenda que tanto para a prevenção do câncer quanto para as mulheres diagnosticadas com o câncer, é necessário o controle do número de zinco ingerido, e como o nutriente não pode deixar de ser consumido, há a necessidade do controle de zinco na dieta das pessoas com a orientação do profissional de nutrição. Dilina ressalta que é preciso entender que doenças crônicas, especificadamente, o câncer de mama pode alterar o metabolismo dos micronutrientes essenciais e requer que as mulheres com a doença se submetam a uma intervenção para adequar a quantidade de zinco ingerido. “De modo geral se recomenda uma nutrição adequada, mas nesse caso a atenção é redobrada no controle do nutriente e das suas funções para que não se potencialize a doença”, pontuou. *Mariana Séfora Bezerra Sousa Graduanda de Nutrição Dilina do Nascimento Marreiro Profª. Drª. do Depto. de Nutrição da UFPI marreio@usp.br
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ENTREVISTA
O Laboratório de Imonogenética e Biologia Molecular (LIB), ligado ao Centro de Ciências da Saúde (CCS) da Universidade Federal do Piauí é referência no país em projetos de pesquisa local e desenvolvidos em parcerias com centros de pesquisas nacionais e internacionais. Seu objetivo maior é auxiliar programas de saúde e dirimir dúvidas, principalmente nos prognósticos de doenças que ainda se encontram sem solução no mundo.
A
coordenadora do LIB, Semiramis Jamil Hadad do Monte, é formada em medicina, especializada em Nefrologia, possui mestrado e doutorado em Medicina na área de Nefrologia pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Professora do CCS da UFPI desde 1997, tem desenvolvido e participado de vários projetos, entre eles o mapeamento genético do feijão caupi, um dos mais importantes alimentos da população nordestina. Coordenou estudo sobre o Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA) no município de Pedro II, no Piauí, visando a medidas de controle e tratamento da doença e coordenou um projeto em rede para o sequenciamento genético de EST de Leishmania chagasi. Mais recentemente, coordena uma pesquisa inédita no Brasil sobre a doença de Fabry, a qual envolve a caracterização de fosfoproteínas de células podocitárias na doença. O LIB também atua em parceria com hospitais de vários centros e é referência nacional para testes de histocompatibilidade para os programas de transplante de órgãos e tecidos. Atual-
MÁRCIA CRISTINA
SAPIÊNCIA - Quando se fala no LIB, há uma referência a vidas que podem ser salvas. Isso porque a esperança vem de sua estrutura de alta complexidade para a realização de exames de compatibilidade tecidual para os programas de transplante de órgãos e para cadastro no REDOME (Registro de Doadres Voluntários de Medula Óssea). Quais são os novos estudos na área de transplante? Dra. Semiramis - Implantação de testes moleculares de alta resolução para tipificação HLA para o REDOME e validação de um novo programa de computação para automação da análise de compatibilidade tecidual a nível molecular, objetivando propor um programa para transplante renal com receptor hipersensibilizado.
sem causa conhecida. Como a doença é hereditária, a busca na família se impõe e com isso hoje temos um heredograma com 752 membros, sete gerações e aproximadamente 150 acometidos. O importante é que já se dispõe de tratamento específico para essa doença e 25 deles já estão se beneficiando do tratamento com melhora expressiva dos problemas cardíacos e renais que acometem esses pacientes, propiciando a eles qualidade de vida.
mente, o número de doadores voluntários de medula óssea do Piauí está mais representativo, tendo em vista o incremento de doadores com compatibilidade para pacientes cadastrados no Registro de Receptores de Medula Óssea (REREME). A novidade neste setor será a realização da tipificação HLA por técnicas moleculares de alta resolução. Isto permitirá encurtar o tempo entre a detecção do possível doador e a confirmação da identidade HLA entre o doador e receptor. Além disso, o programa de transplantes do LIB recebeu, recentemente, registro de patente de um programa de computador que permitirá análise automatizada dos dados de compatibilidade tecidual para os programas de transplante de órgãos. A Profª. Drª. Semiramis Monte já participou e organizou eventos científicos, possui dezenas de artigos em periódicos, resumos em anais de congressos, tem capítulos em quatro livros, além de ter atuado em várias bancas de dissertação de mestrado e tese de doutorado. É sobre estes e outros temas que concede entrevista ao Sapiência.
SAPIÊNCIA - Um professor da UFPI teve registrada patente de um software de computador, cujo intuito é auxiliar o médico transplantador na escolha do doador de menor risco para o transplante. Os testes poderão dar respostas mais exatas para os médicos na hora de escolher o doador para o transplante? Dra. Semiramis - Sim, porque o software fornecerá de forma rápida e amigável a análise molecular das diferenças entre o doador e receptor que poderão ser aceitas sem trazer alto risco de perda do órgão transplantado.
SAPIÊNCIA - Os pesquisadores do LIB iniciaram um estudo inovador sobre um fungo, o Criptococose, que causa doenças pulmonares e meningite, bastante comuns no Piauí. Em que pé anda essa pesquisa e qual o seu propósito final? Dra. Semiramis – A pesquisa está em fase de conclusão e tem o propósito final de desenvolver um teste rápido para diagnóstico da micose. Isto permitirá diagnosticar a doença ainda na fase pulmonar o que melhoraria de forma significante o prognóstico do paciente.
SAPIÊNCIA - Uma pesquisa coordenada pela Senhora teve uma grande descoberta: a de que no Piauí, mais especificamente em Teresina, foram registrados vários casos de pessoas portadoras de Fabry, doença genética rara e incurável que pode levar a diversos sintomas e complicações dos órgãos do corpo. Quantos casos já foram identificados e como entender melhor a doença? Dra. Semiramis – Hoje temos 150 casos diagnosticados a partir de um caso índice. O primeiro caso foi identificado em programa de hemodiálise por perda de função renal
SAPIÊNCIA - No Brasil, o LIB testa biomarcadores para a doença de Fabry. Qual é o objetivo da pesquisa, uma vez que a doença é de conhecimento do Ministério da Saúde e já existem até medicamentos específicos para o tratamento? Dra. Semiramis – O objetivo do estudo é propor um biomarcador que possa ser feito por diferentes laboratórios não especializados em doença genética e sirva para o acompanhamento da resposta terapêutica ao tratamento com a reposição enzimática, que está mutada na Doença de Fabry e por isso não funciona como deve, acarretando depósito de substrato e alteração de função em todos os órgãos e sistema do corpo. SAPIÊNCIA - Como está o andamento do estudo sobre proteínas transportadoras de zinco,
no que diz respeito aos pacientes de hemodiálise que têm carência desse importante nutriente? Dra. Semiramis – Estudamos a expressão gênica dessas proteínas e agora fizemos o modelo experimental de doença renal crônica com o objetivo de identificar a causa da desregulação do mineral para propor silenciamento gênico. SAPIÊNCIA - A Senhora afirmou que atualmente as pesquisas em saúde precisam da interdisciplinariedade. Por que? Dra. Semiramis – Na atualidade, as perguntas se referem à doenças complexas, multifatoriais, que têm influências genéticas e ambientais e por isso não basta uma pergunta, teremos que estudar essas doenças na dimensão de sistema biológico, ou seja analisando vários fatores que possam contribuir para aquela doença na tentativa de obtermos uma resposta e isso exige trabalhar com pesquisadores de diferentes saberes para agregarem os diferentes conhecimentos e contribuições. SAPIÊNCIA - Existe proposta para se implantar um mestrado em medicina no Estado? Existem projetos e recursos suficientes para comportar o mesmo? Dra. Semiramis – Para implantar um programa de pósgraduação Stricto sensu o elemento determinante é a massa crítica existente, uma vez que a CAPES dá todo o suporte financeiro para o programa. LIB - CCS - UFPI libufpi@gmail.com
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TESES Do fim da experiência ao fim do jurídico: percurso de Giorgio Agamben Daniel Arruda Nascimento Professor da Universidade Federal do Piauí Defesa: Universidade Estadual de Campinas, 2010 danielnascimento@voila.fr Tem a presente pesquisa o intuito de identificar e mapear na obra ainda em formação do filósofo italiano Giorgio Agamben o percurso que, do ponto de vista da filosofia política, leva de um composto de reflexões em torno da crítica da cultura às incursões decisivas do que aqui chamei de crítica do jurídico, priorizando num primeiro momento as leituras de Infanzia e storia, La comunità che viene e Il tempo che resta, e num segundo momento os livros que se inserem no projeto Homo sacer, especialmente Homo sacer: il potere sovrano e la nuda vita, Stato di eccezione e Quel che resta di Auschwitz. Se o nosso século é aquele em que a sociedade tornada espetacular culmina na erosão de toda experiência possível, ele é também aquele em que os conceitos jurídicos perdem sempre mais sua materialidade: em nome da defesa do direito chegamos contraditoriamente a uma realidade jurídica rarefeita. Explorando os diálogos estabelecidos pelo filósofo com outros filósofos, tais como Walter Benjamin e Michel Foucault, e outras áreas do saber constituído, tais como a história, a literatura ou a teoria social, o texto que se segue buscará permitir visualizar um complexo diagnóstico. Através do uso de conceitos políticos basilares e do auxílio de determinadas figuras paradigmáticas, veremos como o liame entre soberania, exceção e vida nua contamina todo o espaço político contemporâneo. O fruto do trabalho que agora se apresenta não quer todavia somente decifrar ou diagramar um cenário decomposto. Pode ser que, em última instância, ele queira também contribuir, ainda que modestamente, para desobstruir – como escreve o filósofo na introdução do primeiro livro da série Homo sacer – o campo em direção à nova política que ainda resta inventar.
Avaliação de sistema composto por reatores anaeróbios e aeróbio para tratamento de águas residuárias de suinocultura Adriana Miranda de Santana Arauco Professora UFPI/Campus - Bom Jesus Defesa: Universidade Estadual Paulista, 2008 adrianamsarauco@gmail.com
Enzimas Exógenas em Dietas para Frangos de Corte Leilane Rocha Barros Dourado Professora da UFPI - Campus - Bom Jesus Defesa:Univ. Est. Paulista de Jaboticabal, 2008 leilane@ufpi.br
Neste trabalho avaliou-se o desempenho de sistema de tratamento combinado anaeróbio-aeróbio constituído por dois reatores anaeróbios de fluxo ascendente com manta de lodo (UASB) com volumes de 510 e 209 L, seguidos de um reator em batelada seqüencial (RBS 210 L) aeróbio, tratando águas residuárias de suinocultura com concentrações de sólidos suspensos totais (SST) variando de 5 a 11 g L-1 e submetidos a tempos de detenção hidráulica (TDH) de 28 e 14 h no primeiro reator (R1), 11 e 6 h no segundo reator (R2) e de 58 e 26 h no RBS. As eficiências de remoção de DQO total e SST variaram de 54 a 90% e de 54 a 96%, respectivamente, no conjunto de reatores UASB (R1+R2), com carga orgânica volumétrica (COV) de 11 a 26 g DQO (L d)1 no R1. A produção volumétrica máxima de metano de 1,613 m3 CH4 (m3 reator d)-1 ocorreu no R1, com COV de 19 g DQO (L d)-1 e TDH de 14 h. No RBS aeróbio, como pós-tratamento do efluente gerado nos reatores UASB, as eficiências de remoção foram 89%, 93%, 61%, 89% e 71% para a DQO total, SST, P-total, NTK e NT, respectivamente, com COV variando de 0,4 a 3,6 g DQO (L d)-1. Assim, no sistema de tratamento combinado anaeróbio-aeróbio (R1+R2+RBS), as eficiências de remoção da DQO total, SST, P-total, NTK e NT atingiram valores de 96 a 99%, 96 a 99%, 77 a 85%, 76 a 97% e 68 a 89%, respectivamente, e dos micronutrientes de 77 a 98%, 94 a 99%, 83 a 97% e de 62 a 99% para Fe, Zn, Cu e Mn, respectivamente, Para os coliformes termotolerantes, as eficiências de remoção foram de 93,80 a 99,99%, com valores mínimos de 2,3 x 103 NMP/100 mL. A atividade metanogênica do lodo nos UASB foi mais elevada quando utilizou o propionato + butirato como substrato, e quando os reatores foram operados com TDH de 28 e 11 h e SST afluente em torno 5 g L-1, atingindo valores de 0,443 a 0,206 mmol CH4 (g SV h)-1 no R1 e R2, respectivamente.
Foram conduzidos quatro ensaios para avaliar o uso de enzimas exógenas em dietas para frangos de corte. No primeiro ensaio, foi avaliada a energia metabolizável verdadeira (EMV) do milho e do farelo de soja com a adição ou não de complexo enzimático xilanase, amilase, protease (XAP), de xilanase e de fitase, utilizando o método de alimentação precisa com galos. Foi verificada melhoria de 2,3% na EMV do milho com adição de fitase. No segundo ensaio, foi avaliada a energia metabolizável aparente (EMA) do milho com a adição ou não de amilase, xilanase, fitase, complexo XAP, combinação de XAP e fitase e com adição de complexo xilanase/pectinase/β-glucanase (XPBG), utilizando o método de coleta total (pintos). O milho foi suplementado com macro e microminerais. A adição das enzimas promoveu melhoria na EMA do milho entre 1,26 a 2,11%, exceto com o complexo XPBG. No terceiro ensaio, foi avaliado o efeito do tipo de milho (seco no campo e artificialmente) e a eficiência de utilização de XAP em dietas com redução de 125kcal na EMA, comparada a dietas formuladas para atender as exigências das aves, sobre a digestibilidade ileal e desempenho de frangos. A adição de enzimas não promoveu respostas sobre o desempenho, entretanto, melhorou a digestibilidade de alguns nutrientes e a energia digestível das dietas. As aves alimentadas com dietas contendo milho seco artificialmente tiveram melhor ganho de peso. No quarto ensaio, foi avaliado o efeito do tipo de milho (seco no campo e artificialmente) e de cinco dietas (um controle positivo - sem redução nutriente (CP), dois controles negativo - formulados com reduções nos valores de energia metabolizável da dieta através de predições para a EMA do milho (CN1 e CN2) e duas dietas com suplementação de 250g/ton e 500g/ton, do complexo enzimático (XAP) sobre os respectivos controles negativos). Neste estudo, a adição das enzimas restabeleceu a conversão alimentar das aves, na fase inicial. Não houve efeito da adição das enzimas sobre a digestibilidade dos nutrientes e desempenho das aves, no período total.
Jovens pais e jovens mães: experiências em camadas populares
Mundo Gravado: uma análise contextual das figuras e marcas nas rochas do sudeste do Piauí, Brasil
A cisteína proteinase recombinante de Leishmania (Leishmania) chagasi (rLdccys1)
Vânia Reis Professora da Universidade Federal do Piauí Defesa: Pontifícia Univ. Católica de SP, 2004 vtreis2@gmail.com
Ana Clélia Barradas Correia Professora da Universidade Federal do Piauí Defesa: Newcastle University (UK), 2009 ana.c.correia@ufpi.edu.br
Paulo Henrique da Costa Pinheiro Professor da Universidade Estadual do Piauí Defesa: Universidade Federal de São Paulo, 2009 prof_ph@hotmail.com
Ser pai e ser mãe em tenra idade. Diante de precárias condições de vida, em meio a sonhos, desejos, alegrias, decepções, tristezas e dificuldades, constituindo família ou não, muitos jovens assumem e enfrentam a maternidade e a paternidade. Outros, não. O objetivo desta pesquisa foi compreender como emergem e como são desenvolvidas as experiências de maternidade e paternidade de jovens do Satélite, um bairro da periferia urbana de Teresina. Para isto, fez-se necessário configurar a juventude no bairro, entendida como fase da vida, socialmente construída, e as juventudes do bairro, que se referem aos modos como este ciclo de vida se expressa, em suas multiplicidades e heterogeneidades, com seus valores, idéias, sentimentos, desejos, costumes. Combinando conhecimentos e orientações da história oral e da etnografia, o processo da pesquisa se desenvolveu a partir de um diálogo contínuo e permanente entre explicações teóricas e experiências vivenciadas pelos jovens sujeitos da pesquisa, conhecidas por meio de suas narrativas e de observações sistemáticas. Foi um movimento intenso de idas e vindas entre passados e presentes, entre fontes orais e fontes documentais, entre a realidade empírica e as explicações teóricas, que possibilitaram a problematização constante, tendo por base as diferenciações de gênero. Para esses jovens, maternidade e paternidade são, de maneiras muito diversas, sentidos de vida. O filho desejado transforma-se em uma mescla de felicidade e dor, que, sob a dureza da vida, terá que ser cuidado. Trabalho é bico escasso, que a escola não ensina a fazer. O desemprego atravessa de maneira decisiva essas experiências de parentalidade juvenil, contribuindo para conflitos conjugais e familiares e para as situações em que se encontram muitas jovens mães solteiras e separadas. A autonomia dos jovens homens nem sempre decorre da pretensa independência familiar. O futuro resulta do presente possível.
Essa tese trata sobre as gravuras rupestres do Parque Nacional da Serra da Capivara e seu entorno, sudeste do Estado do Piauí, as quais têm sido negligenciadas como tópico de pesquisa. Um dos objetivos desse trabalho é questionar o atual entendimento de que algumas dessas manifestações gráficas são não-figurativas. Isso foi conseguido, em parte, pela aplicação de uma abordagem contextual para a combinação de certos motivos, e correlacionando os temas da mitologia (Gê) indígena. As figuras e marcas foram registradas e classificadas segundo sua forma, as técnicas e os padrões de associação. Uma série de abordagens – analogia entre culturas, analogia histórica direta, análise da localização na paisagem local, e arqueologia contextual – foram utilizadas nas análises. As principais conclusões são: que as gravuras são freqüentemente metonímicas, representando as partes do corpo humano mais imediatamente associados com o contato sensorial (pegada, mão) e com o órgão sexual feminino; que o número limitado de espécies animais não foi selecionado aleatoriamente, mas é uma alusão às criaturas liminares, que também são personagens principais de mitos; que certas gravuras nãofigurativas são possivelmente os resíduos de atividades repetitivas relacionadas à busca do pó; que apenas um tipo de relação entre visibilidade/acessibilidade do local e do tipo/quantidade de motivos e marcas foi confirmado; que o truísmo sobre o local exclusivo das gravuras próximo a uma fonte de água não foi confirmado; e que a colocação de alguns motivos e marcas específicas e disseminadas (pisadas de aves, vulva, sulco e cúpulas) tanto em locais isolados como em não isolados poderia indicar uma função especificamente ligada ao gênero, uma hipótese corroborada pela co-ocorrência com determinados estilos de pinturas. Esses resultados conduziram a uma revisão das tradições de gravuras previamente definidas para a área em estudo. Um alternativo esquema classificatório é proposto. A tese reforça a importância de investigações sobre a arte rupestre como expressão visual da mitologia/cosmologia indígena. Isso tem implicações para o debate sobre o caráter ritual de formas gravadas.
Uma cisteína proteinase recombinante (rLdccys1) obtida pela expressão do gene Ldccys1 de Leishmania (Leishmania) chagasi em sistema bacteriano, foi utilizada em ensaios de imunodiagnóstico (ELISA e DTH) e imunização de cães de uma região endêmica de leishmaniose visceral (LV). Os ensaios por ELISA dos soros de cães com LV mostraram elevada sensibilidade para a detecção de anticorpos anti-L. (L.) chagasi utilizando a rLdccys1, não apresentando reatividade cruzada com os soros de cães com erliquiose, babesiose e doença de Chagas. As respostas de DTH foram avaliadas nos cães após a injeção subcutânea da rLdccys1 ou do extrato dos amastigotas de L. (L.) chagasi. Todos os cães assintomáticos apresentaram resposta de DTH positiva 48 h após a injeção do antígeno, enquanto que os cães sintomáticos não apresentaram reatividade significante à rLdccys1 nos ensaios de DTH. As respostas de DTH foram mais intensas quando se utilizou a rLdccys1 comparadas às observadas com o extrato dos parasitas. As respostas celulares induzidas nos cães pela rLdccys1 foram avaliadas após a imunização dos animais com o antígeno recombinante juntamente com a Propionibacterium acnes. Os linfócitos de sangue periférico dos cães imunizados com a rLdccys1 + P. acnes apresentaram significantes índices de estimulação quando reestimulados in vitro com a rLdccys1 ou o extrato dos amastigotas de L. (L.) chagasi. A dosagem de citocinas mostrou a secreção de níveis significantes de IFN-g, enquanto IL-10 não foi detectada. Nos experimentos em que cães foram imunizados com a rLdccys1 + P. acnes e desafiados com a injeção intraperitoneal de amastigotas os animais sobrevieram dez semanas após o desafio, enquanto que os animais controles que receberam PBS e a P. acnes morreram em no máximo 4 e 6 semanas, respectivamente, após o desafio. Nos cães imunizados com a rLdccys1 o número de amastigotas de L. (L.) chagasi foi significantemente reduzido no baço, fígado e medula óssea comparado ao observado nos controles. A dosagem sérica de IFN-g nos animais imunizados com a rLdccys1 mostrou a secreção significante dessa linfocina, enquanto que níveis basais de IL-10 foram detectados. Nossos dados mostraram o potencial da rLdccys1 para o diagnóstico e a imunoprofilaxia da LV.
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REPORTAGEM
Marize Melo dos Santos*
preocupação com a alimentação nas escolas vem aumentando à medida que cresce o número de crianças e adolescentes acima do peso no país. Problemas de saúde antes vistos apenas em adultos, como colesterol alto e hipertensão, agora atingem também os mais novos. Desta forma, é fundamental a implantação de um programa de conscientização de crianças, jovens e seus familiares sobre a importância do consumo de alimentos mais saudáveis e o impacto
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destes na saúde. Considerando a importância da promoção de hábitos alimentares saudáveis bem como o impacto da alimentação sobre a situação nutricional, a professora Drª. Marize Melo dos Santos, do departamento de Nutrição da Universidade Federal do Piauí, desenvolve um estudo que propõe avaliar a eficácia de um programa de educação nutricional voltado para escolares da rede pública de ensino de Teresina/PI. A intenção é contribuir com informações acerca das melhores estratégias a serem utilizadas em programas de educação nutricional para crianças, bem como auxiliar na melhora da situação nutricional da população estudada. A metodologia utilizada pela pesquisadora é do tipo intervencional, quase-experimental com alunos entre 06 e 14 anos, de ambos os sexo, regularmente matriculados na Escola Municipal Lindamir Lima, localizada no Bairro Satélite da capital piauiense. Segundo Marize Melo, o estudo irá contribuir para a implementação de programas eficazes de educação nutri-
cional, incentivando a prática de atitudes e comportamentos saudáveis, norteando a elaboração de novos programas relacionados à prevenção de problemas nutricionais e ao incentivo da melhoria dos hábitos alimentares de escolares. Além disso, contribuir na formação científica dos estudantes de graduação e pós-graduação em nutrição, mediante seu envolvimento em todas as etapas do projeto e por meio da publicação dos resultados desse estudo em congressos e periódicos especializados. A pesquisa tem apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Piauí (Fapepi) através do Programa de Fluxo Contínuo e conta com 09 alunos colaboradores da disciplina de Educação Nutricional do Curso de Nutrição. Paralelo ao desenvolvimento da pesquisa, é feito o monitoramento do peso, estatura e do consumo de alimentos nas escolas e nas residências dos alunos a fim de relacionar a situação nutricional e os hábitos de consumo com fatores sócio-econô-
micos e culturais. Durante a pesquisa são realizadas palestras a cada 07 dias, durante 06 meses, com 75 alunos do ensino fundamental; serão aplicados testes de conhecimentos sobre alimentação saudável, no início e no final da intervenção com os alunos. A pesquisadora revela que optou por testar esse modelo com um número reduzido de alunos a fim de verificar até que ponto eles adquirem a informação e muda de comportamento em relação à alimentação saudável, podendo influenciar outros colegas e a família. Durante o desenvolvimento da pesquisa foi realizada a coleta de sangue para realização de dosagem de hemoglobina para verificar casos de anemia. Os mesmos foram encaminhados à unidade de saúde da ESF, daquela área, além de orientações nutricionais para os pais ou responsáveis pelas crianças. Já as ações educativas desenvolvidas foram: teatro de fantoches, brincadeiras, gincanas, exposição de vídeos,
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crianças a aprender, observar, julgar e escolher por si própria. Desta forma, a escolha das ações educativas é de suma relevância e p a r a torná-la atrativa foi disponibilizado um lugar para a
experimentação, onde os alunos puderam manipular e consumir os alimentos, e assim manter o interesse em aprender, utilizando métodos de ensino aos quais os alunos aderiam com entusiasmo. “Constatamos que algumas crianças não conheciam alguns legumes, frutas e verduras que são comu-
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confecção de cartazes, oficinas, preparo de refeições saudáveis. Como o projeto trabalha, previamente, os conhecimentos que os alunos têm sobre alimentação e nutrição, através de questionários, em seguida foi feita a intervenção trabalhando 03 temas básicos: Conhecendo os Alimentos (conteúdo dos nutrientes e sua função), Cuidando dos Alimentos (higiene e armazenamento) e Preparando os Alimentos (preparações saudáveis). Um ponto de destaque deste projeto é a identificação do Educador Mirim. Um termo utilizado para as crianças que apresentam potencial de ser um multiplicador em relação ao conhecimento de alimentação e nutrição e que este desenvolva o trabalho dentro de sua própria escola. De acordo com Marize Melo, o projeto foi apresentado no Seminário do Ministério da Saúde sobre o Programa Saúde na Escola (PSE) e o Educador Mirim ganhou uma boa repercussão e gerou interesse dos participantes do evento. Paralelo a pesquisa está sendo produzido um livro para alunos de Educação Nutricional da UFPI com os temas desenvolvidos na pesquisa e com a linguagem adaptada as crianças para que os estudantes de graduação possam desenvolver ações educativas com esse grupo a fim de saber quais os melhores temas e as formas de abordagem. A pesquisadora destacou que por meio da pesquisa, observa-se que as estratégias que incluíam a exposição e manuseio às comidas incentivaram as
mente encontrados, como a berinjela ou então não consumiam justificando que não gostavam, mas após as intervenções passaram a consumir os alimentos e inserir novos hábitos alimentares e saudáveis com mudanças de comportamento” revelou Marize Melo. Por fim, a pesquisadora ressaltou
Livros
Ciência e Imprensa: convergências possíveis
que um fato relevante nesta pesquisa é o engajamento dos alunos de graduação em uma ação cotidiana com a sociedade e do retorno com o beneficio das ações para as crianças. *Profª. Drª. Marize Melo dos Santos Departamento de Nutrição da UFPI marizesantos@ufpi.edu.br
História do Piauí
Organizadora: Mônica Costa 295 páginas R$ 25,00 monicacosta100@gmail.com
Autores: Gervásio Santos e kenard kruel 538 páginas R$ 30,00 kenardkruel@yahoo.com.br
Este livro reúne textos (transcritos ou produzidos) no Curso de Jornalismo Científico realizado em 2008 pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Rio Grande do Norte, a FAPERN e organizado pela jornalista Mônica Costa, que também é assessora de comunicação daquela FAP. A obra visa estreitar as distância entre imprensa e ciência.
Essa obra didática aborda os primórdios da história do Estado do Piauí até a instalação da República. Publica lista dos governantes piauienses desde a ouvidoria – Dr. Vicente Leite Ripado até o segundo governo de Wellington Dias. Oferece exercícios com questões de vestibulares realizados no Piauí, com gabarito, para melhor orientar o público alvo – os estudantes das escolas públicas e privadas do Estado.
Dicionário de sabedoria dos piauienses
Picos: histórias que as famílias contam
Autor: José Antônio da Silva 400 páginas R$ 25,00
Autora: Maria Goreth de Sousa Varão (Org.) 76 páginas R$ 10,00 ufpi@ufpi.br
A obra é composta de frases selecionadas nos mais variados temas com opiniões, observações, descrições e meditações de piauienses. Esta coletânea tem o propósito de demonstrar também o inesgotável valor dos pensamentos. É uma obra que vem estimular o piauiense a conhecer o próprio piauiense e para valorizar a cultura intelectual e popular.
Esta publicação é o resultado do Projeto Produção de Texto: histórias de vida, um trabalho acadêmico desenvolvido pelos alunos da disciplina Português I-Prática de Redação, do curso de Licenciatura Plena em Letras da UFPI-Picos. É uma coletânea de textos com participação direta e indireta dos professores-colaboradores. Esses textos foram produzidos a partir de entrevistas orais com representantes de algumas “famílias tradicionais” picoenses sobre a história e a cultura de Picos.
Paremiologia nordestina
Teresina; uma visão ambiental (Volume 1)
Autor: Fontes Ibiapina 421 páginas R$ 25,00 www.ufpi.br/editora
Autor: Tropen-PRODEMA-UFPI 329 páginas R$ 20,00 tropen@ufpi.br
A Universidade Federal do Piauí, através da sua Editora Universitária (EDUFPI), publicou esta 3ª edição revisada e ampliada de Paremiologia Nordestina. Nesta obra, Fontes Ibiapina, consagrado contista e romancista piauiense, ordena as expressões mais usuais que enriquecem a língua e o homem nordestino. O livro faz parte da Coleção Nordestina, sendo uma excelente fonte de pesquisa e estudo.
A obra reúne 10 artigos de especialistas sobre os problemas ambientais vivenciados em Teresina e estabelecer base científica para propostas de ação que visem a melhorar as condições de vida no planeta, no Piauí e em Teresina, possibilitando a formação de recursos humanos qualificados para o exercício interdisciplinar de pesquisa e ensino.
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FOTOS: ARQUIVO TROPEN
REPORTAGEM
Antônio Alberto Jorge Farias Castro*
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ma importante pesquisa interdisciplinar liderada por um grupo de nove pesquisadores do Núcleo de Referência em Ciências Ambientais do Trópico Ecotonal do Nordeste (TROPEN), vinculado à Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação da Universidade Federal do Piauí, está em fase de conclusão e já foram publicados os resultados obtidos ao longo de quase dez anos. O estudo é sobre o tema “Cerrados Marginais do Nordeste e Ecótonos Associados: Sítio 10 do PELD. A pesquisa foi iniciada em 2001 e será concluída no próximo ano. O Programa de Biodiversidade do Trópico Ecotonal do Nordeste (BioTEN), do Departamento de Biologia do Centro de Ciências da Natureza da UFPI, é que administra todo o projeto. A hipótese científica de primeira ordem é a de que "os Cerrados do Nordeste representam um dos três supercentros de diversidade biológica dos Cerrados do Brasil". Foram caracterizados como cerrados marginais porque estão distribuídos nas margens do espaço geográfico ocupado pelos cerrados brasileiros, sem nenhuma ligação necessária com qualidade da flora ou das espécies de outros cerrados do país. Os cerrados do Nordeste são uma continuação fisionômica estrutural dos cerrados do Planalto Central, mas distinguem-se floristicamente por causa
da substituição de espécies provocada por três tipos de fatores: 1) a deficiência hídrica dos solos que cresce na direção Planalto Central - Nordeste; 2) as baixas cotas altimétricas; e 3) as características de uma flora "areal" que responde a padrões lati-altitudinais associados com altos níveis de heterogeneidade espacial. O Projeto base tem como objetivo geral, segundo estudos anteriores, "demonstrar que a biodiversidade da biota dos cerrados do Nordeste do Brasil é diferencial, inclusive em termos de conservação e de utilização sustentável, em relação à biodiversidade dos outros supercentros: cerrados do Sudeste meridional e cerrados do Planalto Central", diz o relatório. O PELD ou Programa de Pesquisas Ecológicas de Longa Duração está inserido no Sítio ECOCEM (Cerrados Marginais do Nordeste e Ecótonos Associados) e foi criado no país com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Sob a coordenação geral do Prof. da UFPI Antônio Alberto Jorge Farias Castro, doutor em Biologia Vegetal, o Sítio passou a desenvolver pesquisas sobre a composição e substituição espacial de espécies, estado de fragmentação do Cerrado e respostas da biodiversidade
frente às mudanças ambientais impostas pelo ser humano. Nesses quase 10 anos, o Sitio 10 apoiou inúmeros estudos de graduação e de pós-graduacão da UFPI e de outras Universidades, além de promover importantes parcerias com outros centros acadêmicos e também empresas da iniciativa privada. O relatório publicado apresenta a primeira fase das pesquisas e organização dos resultados alcançados pelos projetos, subprojetos e estudos acadêmicos desenvolvidos nos Cerrados Marginais do Nordeste e Ecótonos Associados do ECOCEM. As três áreas focais do Sítio 10, minuciosamente estudadas, são: o Parque Nacional de Sete Cidades, a Fazenda Nazareth (próxima ao município de José de Freitas) e a Fazenda Bonito, no município de Castelo do Piauí. Além do Prof. Dr. Antonio Alberto, participam do estudo os pesquisadores José Sidiney Barros, Joxleide Mendes da Costa, Marcos Pérsio Dantas Santos, Maria de Fátima de Oliveira Pires, Maura Rejane de Araújo Mendes, Nívea Maria Carneiro Farias Castro, Ruth Raquel Soares de Farias e Samara Raquel de Sousa. O Prof. Antonio Alberto destaca que um dos mais importantes resultados obtidos até aqui é a contribuição para a formação de pessoal de nível
Pesquisadores em campo observando fauna e flora em área de cerrado no Piauí
superior na região do Nordeste. Ao todo foram concedidas 60 bolsas de apoio técnico, iniciação científica, mestrado e doutorado e outras 70 bolsas foram obtidas em outras fontes de fomento no país. No campo da Botânica, o projeto incorporou, avaliou e aprimorou o uso de parcelas permanentes para estudos com a flora, que foram avaliadas com o desenvolvimento do Protocolo de Avaliações Fitossociológicas Mínimas (PAFM). Os dados coletados em campo foram organizados em uma base de dados abertos denominado de Flora dos Cerrados do Nordeste (FLORACENE), que conta com quase 80 mil registros de plantas nativas da região. A fauna dos cerrados nordestinos foram avaliadas por meio de diversos projetos que abrangeram os grupos taxonômicos de aranhas e escorpiões, herpetofauna (quelônios, jacarés, serpentes, anfisbênias, lagartos e anfíbios), aves e mamíferos. “A pesquisa nos cerrados marginais teve vários objetivos específicos, entre eles prospectar a biodiversidade remanescente em áreas focais e áreas de entorno, agregando a estas as áreas de atenção especial, relacionadas, todas, às áreas prioritárias para conservação, uso sustentável e repartição dos benefícios da biodiversidade”, explicou. Segundo ele, o projeto base, na área de biodiversidade, está contribuindo para a consolidação do conhecimento em termos de Biodiversidade de Tipo/Espécies e de Forma/Função dos cerrados do Piauí, Maranhão e Ceará, principalmente. “Em termos de Diversidade de Ecossistemas, avanços significativos, porque já estão subsidiando as políticas públicas ao nível de Secretaria de Biodiversidade e Florestas do atual Ministério do Meio Ambiente (MMA) do Governo Federal, de Secretarias de Meio Ambiente dos Governos Estaduais e Municipais, de organizações não-governamentais, e de alguns segmentos da ‘iniciativa privada’", explicou. Prof. Dr. do Depto. de Biologia da UFPI albertojorgecastro@gmail.com
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REPORTAGEM
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Morinda citrifolia, também conhecida como noni, é um arbusto encontrado em algumas regiões tropicais do mundo. Originário do sudoeste da Ásia, mas foi na Polinésia Francesa e Havai a sua descoberta para o mundo. Os frutos desta planta possuem histórico de uso nos Estados Unidos, Japão, China, Índia, Austrália e em grande parte da Europa e, nas últimas décadas, ocorreu um aumento significativo do interesse comercial e científico pelo suco do noni, que contém, segundo vários pesquisadores propriedades terepêuticas/preventivas, que podem ser empregadas até na cura do câncer. Embora bastante consumida na Ásia há mais de 2000 anos, a planta do noni é praticamente desconhecida no Brasil. Sua introdução é considerada recente ocorrida em 1996, há pouco mais de 14 anos e, ainda não existem informações técnicas suficientes para o cultivo em climas e solos brasileiros. Pensando nisso, o Engenheiro Agrônomo e Coordenador do Núcleo de Plantas Aromáticas e Medicinais (NUPLAM) da Universidade Federal do Piauí (UFPI), Dr. Francisco Rodrigues Leal vem desenvolvendo pesquisas, com vistas a obter informações sobre sua adaptação ao clima e solo da região, como também o preparo e consumo do suco. A adaptação e aclimatação dessas plantas aos diversos biomas existentes no Brasil possibilitam novas alternativas de agricultura aos pequenos produtores rurais. Esse processo envolve muitas etapas de observações desde o desenvolvimento vegetativo até a produção e qualidade dos frutos. Atualmente a planta noni está sendo cultivada e produzida na América Central e no Brasil, com plantação intensiva no Estado de Roraima O noni chegou ao Piauí, especificamente na UFPI em 2005 e, como se tratava de uma planta desconhecida, exótica, não se sabia ao certo as exigências em clima, solo, água, adubação, pragas, doenças, início e tempo de colheita e processamento. Por este motivo, o Prof. Dr. Francisco Leal iniciou suas pesquisas objetivando verificar o
FOTOS: ROBERTA ROCHA
Pesquisa revela adataptação e a climatação do noni no Piauí
Suco da fruta noni é estudado em vários países
comportamento da planta noni em vários ambientes. Na primeira etapa da pesquisa, os trabalhos foram desenvolvidos totalmente à sombra, sob copas de árvores, num bosque existente no Departamento de Fitotecnia da UFPI, mas as plantas não apresentaram um bom desenvolvimento e a produção foi muito baixa com frutos pequenos e defeituosos. Na segunda etapa, a pesquisa foi conduzida numa área menos sombreada, algo em torno de 50% de sombreamento, desta vez intercalada às árvores nativas no NUPLAM e teve um desenvolvimento satisfatório, tanto no aspecto da vegetação quanto no desenvolvimento do fruto. E por último foi realizada a terceira etapa com instalação da pesquisa a pleno sol, em terreno sem vegetação. Observou-se que no aspecto vegetativo as plantas cresceram bem, mas apresentaram folhas pequenas e coloração verde claro e frutos menores com aparência de queimado. Em clima favorável, as folhas são grandes e com cor verde escura, com fortes nervuras. O fruto novo tem coloração da casca
verde, e quando maduro, a cor da casca torna-se amarela esbranquiçada. As pesquisas realizadas na Polinésia ressaltam que a planta noni, quando cultivada em local com sol pleno produz frutos maiores, pesando até 800 gramas (tamanho de uma bola de futebol) e em locais com sombra produz frutos menores, pesando menos de 30 gramas (tamanho de uma bola de tênis). Francisco Leal observou em suas pesquisas que a planta cultivada em pleno sol, no NUPLAM, os frutos apresentavam-se com aspecto de queimados, depreciando-se o valor comercial. O professor atribui à variação no peso e na qualidade dos frutos produzidos na Polinésia Francesa em relação aos produzidos no Piauí às condições climáticas da Polinésia Francesa mais favoráveis à produção do noni (temperatura média anual 25ºC, insolação é menor e a umidade relativa do ar é maior), quando comparadas às do Piauí (temperatura média anual 38ºC. A insolação é maior e a umidade relativa do ar é variável (40 a 84%). A recomendação do pesquisador é que se faça o cultivo da noni, no Piauí,
como se fosse ao sistema da Permacultura, integrando plantas, animais, construções, e pessoas em um ambiente produtivo e com estética e harmonia, onde houvesse árvores que pudessem provocar certo sombreamento ou diminuindo a distância entre as plantas (aumentando a densidade populacional) e dispondo as plantas no sentido da melhor distribuição da luz. Segundo o Dr. Francisco Leal é possível produzir noni no Brasil e no Piauí, pois não existe absolutamente nenhuma diferencia científica entre um noni cultivado na Polinésia e outro cultivado no Brasil. O noni produzido no Brasil pode ser até melhor, mais fresco e mais puro que um noni cultivado em outro país e exportado para o Brasil. Para maior certificação, o pesquisador orientou duas monografias versando sobre a composição centesimal e caracterização física do fruto, avaliou, também, o tamanho e peso do fruto, número de sementes e velocidade de germinação de sementes originárias da base e do pedúnculo do fruto e concluiu que não houve diferença significativa. Paralelo às pesquisas sobre adaptação da planta noni e composição centesimal do fruto, o NUPLAM orienta o produtor e consumidor na colheita e preparo do suco, pois como se trata de uma planta exótica e introdução recente, o produtor desconhece o momento certo da colheita (ponto de maturação morfológica) e a composição do suco. A planta noni frutifica o ano todo, embora haja tendências cíclicas na quantia da produção de fruta que podem ser afetadas ou pode ser modificado pelo tempo e por fertilizante e irrigação. A produção de fruta pode diminuir algo durante os meses de inverno. Um campo dado de noni normalmente é colhido de 2-3 vezes por mês. A planta com um ano de idade pode alcançar 12 kg da fruta/ano e com cinco anos pode produzir até 120 kg/ano. O fruto quando verde tem coloração da casca verde, e quando maduro, a cor da casca torna-se
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amarela esbranquiçada. Os critérios mínimos de qualidade exigidos à fruta são de 8 % Brix ou superior. Brix é uma medida de uso na indústria alimentar, para calcular a quantidade de açúcar na fruta. Esta medida, em conjunto com a percentagem máxima de açúcar que poderá ter a fruta noni, indica-nos que a partir de 8% Brix a fruta está num estado adequado de amadurecimento.
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Num mesmo galho, observa-se (na foto abaixo, da esquerda para a direita): um fruto maduro apto para colheita, dois frutos que ainda necessitam de amadurecimento, e ainda um pequeno fruto em flor.
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8% Brix e um Ph no valor de 3,75 indicam-nos a qualidade máxima da fruta noni. Quanto ao processamento do suco de noni, o Dr. Francisco Leal orienta que os agricultores recolham a fruta no estádio de maturação morfológica e levam-na até a fábrica (local de processamento), onde é classificada e limpa várias vezes, o que permite uma melhor seleção da fruta noni, durante o processo. Não
se aceita fruta golpeada ou putrefata e, quando a fruta estiver madura (mole) é separada a polpa das sementes. Para a confecção do suco basta misturar a quantidade de 89% de polpa e 11% de suco de uva. Na prática podem-se adicionar duas medidas de polpa e uma medida de suco de uva ou goiaba. Consta na literatura que o noni é uma fruta multi-uso, podendo ser utilizada no preparo de: suplementos alimentares, iogurtes, sorvetes, picolés, cereais, chocolates, doces, geleias, sucos, guaraná da amazônia, mix de frutas, compotas, chás, mel com própolis, soja e seus derivados, bombons, biscoitos, pães, saladas de vegetais naturais, rações animais, cremes hidratantes corporais, xampus, condicionadores e sabonetes hidratantes, e muito mais. Com relação às aplicações e dosagens do suco noni, o Dr. Francisco Leal informa que não está realizando pesquisa científica sobre a ingestão, mas orienta os consumidores com base nas informações etinobotânicas (sabedoria popular e pesquisa científica). Vale destacar que o suco de noni não é medicamento. Nem pretende curar doenças e sim auxiliar no processo de restauração da saúde. “É um suco natural de um fruto que tem nutrientes benéficos para o nosso organismo. Não tem contra-indicações, nem efeitos colaterais e nem risco de interação medicamentosa. É seguro em qualquer período de nossa vida”, explica Dr. Leal.
Fase do crescimento do fruto noni em um mesmo galho/rama da planta: um fruto maduro, dois em fase de amadurecimeno e pequeno fruto em flor
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Suco do noni traz benefícios para a saúde humana
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tribui-se ao suco de noni propriedades para a promoção da saúde, sendo este fonte rica de carboidratos, vitaminas e minerais. Além disso, o suco de noni teria propriedade antioxidante, de combate aos radicais livres causadores de danos às células do corpo. Por outro lado, a Anvisa tem combatido vendedores do Suco de noni que alegam propriedades anticancerígenas, analgésicas, anti-inflamatórias e anti-sépticas desse produto. Segundo a Anvisa, “medicamentos são os únicos produtos que possuem e podem alegar propriedades medicinais ou curativas e só podem ser comercializados depois de registrados na Anvisa, que assegura sua eficácia e segurança”. A descoberta mais surpreendente sobre saúde em décadas tem 2000 anos. O suco beneficia todo o organismo. SISTEMA IMUNOLÓGICO - Fortifica a habilidade natural do corpo de lutar contra doenças e infecções. SISTEMA CIRCULATÓRIO, TECIDOS E CÉLULAS - Age como antioxidante superior que ajuda o corpo a se livrar de radicais livres prejudiciais para que possa aumentar o nível de energia. SISTEMA DIGESTIVO - Proporciona
uma digestão apropriada, o que significa absorver mais nutrientes no nível celular. SISTEMA METABÓLOICO - Impulsiona o sistema metabólico, que ajuda o organismo a desfrutar de um aumento de energia e vitalidade. PELE - Contém não somente os componentes que são especificamente importantes para a pele, mas é também o veículo perfeito para carregar substâncias benéficas à pele. OUTROS BENEFÍCIOS - Claridade mental aumentada, aumento da atenção, e dos níveis de desempenho físicos maiores. Quando nós bebemos o suco de fruta de noni, a Proxeronina passa pelo nosso aparelho digestório e intestinal, onde é absorvido e, em seguida, armazenado no fígado. O fígado é o armazém principal para o nosso corpo, de muitos dos nutrientes essenciais que nós ingerimos. A cada 2 horas, o fígado deveria liberar uma certa quantidade desta Proxeronina na corrente sanguínea (desde que haja em estoque), onde seria convertida em Xeronina - substância assimilada pelas proteínas. Através da corrente sanguínea ela é então transportada para todos os tecidos do corpo. A primeira publicação científica sobre o sumo de noni foi feita pelo Dr. Heinicke, numa revista botânica do
Hawai, onde ele afirmava que tinha encontrado um alcalóide no noni, chamado Xeronina que era o causador dos benefícios do sumo, que tanto ouvira falar pelos curandeiros nativos. Os efeitos do noni benéficos para a saúde, são relevantes para a ciência médica, devido aos seus 153 fitonutrientes mais destacados que possui. O NONI reúne inúmeras características: atua sinergicamente com outros suplementos nutrititivos; melhora a capacidade de absorção dos nutrientes ingeridos; contribui para preservação e funciona equilibradamente em conjunção com antioxidantes. Atribui-se ao suco de noni propriedades para a promoção da saúde, sendo este fonte rica em vitaminas, minerais, oligoelementos, aminoácidos, alcalóides,flavonóides,caroteno, licopeno, enzimas(800 vezes mais que o abacaxi). Além disso, o suco de noni teria propriedade antioxidante, a qual combate os radicais livres causadores de danos às células do corpo. Especialistas dizem que a fruta contém betacaroteno, precursor da vitamina A, e acubina, que agrega propriedades antibióticas. Possui escopoletina, substância antibacteriana, antifúngica e anti-inflamatória, que também ajuda a dilatar os vasos sanguíneos o que faria baixar a pressão arterial. Em geral, o noni tem mais de 100
aplicações primárias e secundárias. Os nutrientes do noni intervêm em todos os sistemas do organismo: cardiovascular; circulatório; endócrino; gastrointestinal; imunitário; nervoso central e periférico; ósseo-esquelético; renal e respiratório. Os polinésios provavelmente cultivaram a planta noni devido aos seus variados usos (SOLOMON, 1998), e atualmente ela é tida como uma das mais importantes fontes da medicina tradicional dessas regiões. Todas as partes da planta têm usos tradicionais e modernos, incluindo raízes e casca (tintura e remédios), tronco (lenha, instrumentos), além das folhas e frutos (alimento e remédios). A maioria das pessoas que usaram noni sem obter resultados excelentes, não obteve melhores resultados porque tomou uma dose menor e/ou durante um menor tempo do que o recomendado. Recomenda-se pelo menos 50ml diários como dose preventiva para a saúde, mas não há problema algum em consumir mais ou menos que isso, pois na verdade trata-se de um suco com fantásticas propriedades terapêuticas. * Francisco Rodrigues Leal Prof. Dr. do Depto. de Agronomia e coordenador do NUPLAM da UFPI f.rodriguesleal@bol.com.br (86) 3237-1763
Mudas da planta para estudos na UFPI