Sapiencia33

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Teresina-PI | Edição nº 33 | Ano VIII

ISSN 1809-0915

Publicação Científica da FAPEPI

Os primeiros passos na pesquisa acadêmica

pesquisa

integração

Homenagem

Jovens buscam padrão de beleza propagado pela mídia

Rede Poti facilita comunicação entre centros de pesquisa

Júlio Romão é tema na seção de livros da Sapiência


FUNDAÇÃO DE AMPARO À PESQUISA DO ESTADO DO PIAUÍ

“a missão da faPePi é induzir e fomentar a pesquisa e a inovação científica e tecnológica para o desenvolvimento do estado do Piauí”. www.fapepi.pi.gov.br

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sapiência 33 Publicação Científica da FAPEPI


Realizações FAPEPI

FAPEPI NA PÓS-GRADUAÇÃO a fundação de amparo à Pesquisa do estado do Piauí (fapepi), ao longo do ano de 2013, vai atuar com ainda mais profundidade entre os programas de pós-graduação piauienses, principalmente por meio da parceria com a coordenação de aperfeiçoamento de Pessoal de nível superior (capes), que prevê o investimento de r$ 14 milhões divididos em:

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bolsas para docentes com doutorado em andamento em outros estados

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AS BOLSAS meses para bolsas de mestrado SERÃO PAGAS EM meses para bolsas de doutorado sapiência 33 Publicação Científica da FAPEPI

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* Fonte: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Piauí - FAPEPI

bolsas para Programas de Pós-Graduação sediados no Piauí em diversas áreas


EXPEDIENTE

N° 33 Ano VIII ISSN - 1809-0915 PUBLICAÇÃO SAPIÊNCIA Publicação produzida pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Piauí Publicação Quadrimestral CONSELHO EDITORIAL: Ademir Sérgio Ferreira de Araújo Ana Regina Barros Rêgo Leal Antônia Jesuíta de Lima Bárbara Olímpia Ramos de Melo Diógenes Buenos Aires de Carvalho Francisco Chagas Oliveira Atanásio João Batista Lopes Raimundo Isídio de Sousa Ricardo de Andrade Lira Rabêlo Rivelilson Mendes de Freitas EDITORES, REDAÇÃO E FOTOS: Carlos Rocha Eline Reis Eveline S. Diniz Vanessa Soromo REVISÃO DE TEXTOS: Raimundo Isídio de Sousa IMPRESSÃO E ACABAMENTO: Grafiset TIRAGEM: 6 mil exemplares DIAGRAMAÇÃO: Genilson Santiago

AO LEITOR Para críticas, sugestões e contato: sapiencia@fapepi.pi.gov.br www.fapepi.pi.gov.br Av. Odilon Araújo, 372, Piçarra Teresina-PI • CEP 64017-280 Fone: (86) 3216-6090 Fax: (86) 3216-6092

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Foto: Arquivo pessoal

estudantes brasileiros contam detalhes sobre experiência com ciência sem fronteiras.


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sumário

Foto: Ascom UFPI

fiocruz impulsiona sustentabilidade no Piauí.

iniciação científica e o desenvolvimento da pesquisa no estado.

Jovens buscam padrão de beleza propagado pela mídia.

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estudo traz aprofundamentos sobre calazar.

e mais...

artigos, teses e dicas de livros.

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mudando para transformar

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editorial

omo já foi possível observar, Sapiência passou por mudanças: novo formato gráfico, nova proposta editorial, novas parcerias para colaboração. A publicação entra em um ciclo novo a partir desta edição 33, apostando principalmente na possibilidade de agregar conteúdo ao invés de optar por uma ruptura pura e simples. É uma revista diferente das opções estabelecidas anteriormente, marcada pela busca de ampliar os horizontes da divulgação científica no Piauí. A partir de exemplos positivos da divulgação científica nacional, a nova publicação científica Sapiência propõe uma relação com o leitor baseada na diversificação de informações a respeito da pesquisa científica no Estado. A fim de estabelecer um ponto de partida para o projeto, o tema principal da publicação é a iniciação científica, momento em que os estudantes começam a conhecer mais a pesquisa na universidade. Como parte da iniciativa de estabelecer mudanças sem romper com o que Sapiência possui de melhor, esta edição conta com um dossiê especial a respeito da iniciação científica no Piauí. São matérias que conservam a marca de aprofundamento da Sapiência sobre temas que pautam a divulgação científica e que chamam a atenção dos pesquisadores piauienses. Entretanto, a partir desta edição, a publicação amplia horizontes em relação a seu conteúdo, e a nova proposta a ser encampada visa também à abordagem de outros assuntos relacionados à pesquisa científica. A nova roupagem da Sapiência ganha também novas parcerias. A busca por estabelecer laços com outras instituições sempre foi uma meta perseguida com afinco e, a partir de agora, será ainda mais consolidada. Para esta edição, contamos especialmente com duas reportagens especiais escritas por colaboradores da Universidade Estadual do Piauí (Uespi) e da Universidade Federal do Piauí (UFPI). Nas próximas edições, a perspectiva é que estas parcerias sejam ampliadas, a fim de apresentar cada vez mais as iniciativas desenvolvidas no Estado do Piauí. Outros espaços existentes no antigo formato da Sapiência, como Artigos, Teses e Livros, foram mantidos, com pequenas alterações, com o intuito de captar as novas possibilidades apresentadas para o periódico. A publicação ainda traz novos espaços que poderão ser conhecidos melhor ao longo da leitura desta edição. O desejo da equipe que escreve esta publicação é que possa ser bem acolhida e que cada leitor possa contribuir para o processo de aprimoramento da Sapiência, a fim de que esteja cada vez mais próximo de seu público.

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Redes

SOCIAIS


fiocruz

Por Eline Reis

Piauí se prepara para receber unidade da Fundação Oswaldo Cruz

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onsiderada a maior instituição de ciência e tecnologia em saúde da América Latina, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) é o principal centro não universitário de formação e qualificação de recursos humanos para o SUS e para a área de ciência e tecnologia no Brasil. O órgão tem como missão produzir e disseminar conhecimentos e tecnologias voltados para o fortalecimento e a consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS), contribuindo para a promoção da saúde e da qualidade de vida da população brasileira. Com o intuito de atender melhor às necessidades peculiares a cada região do País, foi criado um programa de nacionalização da Fundação Oswaldo Cruz. Bases para institucionalização de novas unidades do Órgão estão sendo instaladas pelo Brasil e o Piauí se prepara pare receber essa importante instituição de produção científica, voltada para o ensino, a pesquisa, a inovação, a assistência, o desenvolvimento tecnológico e a extensão no âmbito da saúde. Para o professor doutor em Ciências da Saúde, José Ivo dos Santos Pedrosa, da Universidade Federal do Piauí (UFPI), o Piauí é um ponto estratégico

José Ivo comenta sobre os benefícios da instalação da Fiocruz-PI.

para a instalação da Fiocruz. Aspectos econômicos, ambientais, sanitários e culturais confirmam a necessidade de investimentos em pesquisas em favor do desenvolvimento e da sustentabilidade da região. “Nós todos esperamos que a implantação da Fiocruz-PI contribua para tornar visível e produtivo todo nosso potencial de desenvolvimento econômico, social e sustentável, com aproveitamento do bioma da Caatinga. Que a Fiocruz represente o dispositivo que fortaleça toda nossa potência para

enfrentar os determinantes da saúde, da doença, enfim, das questões que interferem na qualidade de vida das pessoas”, ressalta o pesquisador. A doutora em Odontologia Francisca Tereza Coelho Matos explica que o empenho de pesquisadores locais, a vontade política de parlamentares piauienses, o apoio de gestores do Governo Estadual e Federal e a ajuda da equipe de dirigentes e pesquisadores da Fiocruz têm sido fundamental para a concretização desse projeto. Em outubro de 2012, foi realizada uma oficina para a implantação da unidade regional da Fundação Oswaldo Cruz no Piauí, que teve a participação da vice-presidente Nísia Trindade Lima e de quatro pesquisadores da Fiocruz. Também participaram da oficina pesquisadores, parlamentares e representantes das instituições de ensino superior e instituições de fomento à pesquisa do Piauí. Na reunião, foram discutidas “as prioridades de pesquisa para o nosso Estado e as principais ações de cooperação entre a Fiocruz, as instituições locais e os pesquisadores piauienses”, pontua Tereza Matos. Em princípio, o desafio é fazer um levantamento das linhas de pesqui-

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Projeto de arquitetura da Fiocruz -PI, desenvolvido pela arquiteta Dra. Alcilia Afonso & equipe.

sas existentes, identificar aquelas que estão mais relacionadas aos objetivos e às estratégias definidas pelo projeto e, em seguida, oferecer a infraestrutura adequada, a fim de fortalecer as pesquisas nessas áreas. As discussões realizadas durante a oficina apontam para três eixos centrais que devem orientar as linhas de pesquisas a serem definidas: desafios do SUS no Piauí - determinantes da situação de saúde, organização e gestão de serviços; saúde – meio ambiente, sustentabilidade e cooperação internacional; e ciência e tecnologia - complexo produtivo e inovação em saúde. Para José Ivo, “as linhas de pesquisa serão escolhidas a partir da sistematização e síntese das propostas apresentadas nestes eixos, discutidas e articuladas com o existente nos programas de pós-graduação”. O Piauí receberá uma importante instituição de fomento à pesquisa que tem uma vasta lista de estudos científicos em andamento. Atualmente, mais de mil projetos de pesquisa e desenvolvimento tecnológico são executados pela Fiocruz. Os estudos são voltadas para o controle de doenças, como Aids, malária, Chagas, tuberculose, hanseníase, sarampo, rubéola, esquistossomose, meningites e hepatites, além de outros temas ligados à saúde coletiva. A Fundação possui também 18 programas de pós-graduação stricto sensu em diversas áreas, além de uma escola de nível técnico e vários programas de pós-graduação lato sensu. Sobre as contribuições que a Fundação trará para o Estado, Tereza Matos esclarece que “a implantação da Unidade da Fiocruz no Piauí irá gerar e implementar soluções científicas e tecnológicas para situações de saúde e doenças que afetam a população do Estado do Piauí, com ênfase nos grupos populacionais vulneráveis, conforme previsto no Plano Quadrienal 2011-

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2014 da Fiocruz. Além disso, possibilitará o desenvolvimento de estudos sobre biomas, doenças infecciosas, saúde do trabalhador, saúde materno-infantil, entre outros campos; a realização de pesquisas de doenças da região que são negligenciadas e pesquisas de medicamentos fitoterápicos”, avalia a pesquisadora. Entre as ações de mobilização de recursos humanos para o funcionamento da Fiocruz Piauí, está prevista a realização de concurso público para a seleção de professores e pesquisadores que deverão compor a Unidade Piauí. “Isso certamente irá contribuir para geração de emprego e renda dos profissionais envolvidos diretamente nas atividades de desenvolvimento da pesquisa, tecnologia, inovação. Alia-se a essas vantagens o desenvolvimento da prestação de serviços de saúde e a ampliação dos serviços de educação, por meio de parcerias entre Instituições de Ensino Superior (IES), públicas e privadas e a Fiocruz Piauí”, comenta Tereza Matos. Além de incentivar o desenvolvimento de novas pesquisas, a Fundação Oswaldo Cruz no Piauí apoiará os estudos já em desenvolvimento por outros programas de fomento à pesquisa, a exemplo dos projetos apoiados pelo Programa de Pesquisa para o SUS – PPSUS. A ideia é transformar essas pesquisas em inovações que contribuam efetivamente para o enfrentamento dos problemas em saúde. “Esta é uma estratégia imprescindível para a transformação desta realidade em espaço produtor de vida”, finaliza José Ivo.


Ciência sem Fronteiras produz primeiros resultados, e estudantes brasileiros são destaque no exterior Iwyson Costa é estudante de graduação e faz um curso sanduíche na Universidade do Mississipi, Estados Unidos. Caio Araújo Damasceno é estudante de Engenharia Elétrica na University of Manitoba, no Canadá. Ambos participam do Programa Ciência sem Fronteiras (CsF) através de parceria feita com a Universidade Federal do Piauí (UFPI). O programa busca a expansão e a internacionalização da ciência e tecnologia, da inovação e da competitividade brasileira por meio do intercâmbio e da mobilidade internacional. Fruto de uma parceria entre os Ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e do Ministério da Educação (MEC), por intermédio das respectivas instituições de fomento – CNPq e Capes -, o programa prevê a utilização de até 101 mil bolsas em quatro anos para promover intercâmbio voltado para alunos de graduação e pós-graduação. O programa também busca atrair pesquisadores do exterior que queiram fixar-se no Brasil ou estabelecer parcerias com os pesquisadores brasileiros, bem como criar oportunidade para que pesquisadores de empresas recebam treinamento especializado no exterior. Em entrevistas por e-mail, eles contam mais da realidade nos Estados Unidos e no Canadá do que como estudantes intercambistas assim como de suas pesquisas.

está sendo incrível, superando todas as minhas expectativas. Quando eu me inscrevi no programa, não imaginei que seria tão enriquecedor quanto está sendo. A impressão que eu tinha era que não fosse funcionar, que eu não seria selecionado, porque chega a ser surreal você pensar que vão pagar seus estudos por um ano em uma universidade estrangeira, incluindo moradia, alimentação e qualquer outro eventual gasto com material didático e acomodação. E vale ressaltar que não são quaisquer universidades, são universidades muito bem estruturadas e que só têm

a acrescentar no currículo dos alunos selecionados. Quais suas primeiras impressões quando começou a participar? C.D.: Eu percebi um pouco de desorganização para tirar as dúvidas que iam surgindo no processo de seleção, talvez porque tudo aconteceu e um tempo muito curto e para muitas pessoas, mas o programa está atendendo a todas as minhas expectativas. Onde você está atualmente e como foi o processo de seleção?

Foto: Caio Damasceno/arquivo pessoal

Como você avalia a sua experiência no programa Ciência sem Fronteiras (CsF)? Caio Damasceno (CD): O programa ainda é novo, o projeto saiu do papel muito rápido e ainda apresenta algumas falhas, mas comparando com o propósito do programa, com os resultados que vêm obtendo e com o benefício futuro que irá gerar, os erros que estão sendo resolvidos e corrigidos são ínfimos. Iwyson Costa(IC): O programa é bem novo, tão tal que somente, há pouco tempo, os primeiros estudantes estão retornando ao Brasil. Pra mim, a experiência

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ciência sem fronteiras

Por Publicação Sapiência


Foto: Caio Damasceno/arquivo pessoal

Caio Araújo Damasceno.

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I.C.: Estou morando em Oxford, Mississippi, estudando na Universidade do Mississippi (University of Mississippi). Pra mim, o processo começou em dezembro de 2011, quando eu tomei conhecimento do edital. As inscrições começaram em janeiro de 2012. Eu precisava optar por um país dentre os seguintes: Estados Unidos, Reino Unido, França, Itália e Alemanha. Escolhi Estados Unidos não só por já conhecer um pouco do inglês e ter muita vontade de aperfeiçoar esse conhecimento, além de ser um país muito promissor no estudo da Farmácia, meu campo de estudo. Eu tive que prestar um exame de inglês, TOEFL (Test Of English as a Foreign Language), que é uma exigência do programa, com o intuito de comprovar a proficiência na língua. O programa exige uma nota mínima, mas alguns dos outros bolsistas que estão na mesma universidade que eu e ficaram muito próximo dessa nota, ganharam um curso de inglês antes do período letivo aqui mesmo nos Estados Unidos. Depois de selecionado, você começa com a documentação (histórico escolar traduzido, cartas de recomendação, atestados médicos, carteiras de vacinação...). Só que até meados de julho de 2012, eu estava sem saber para onde iria, porque a universidade iria me escolher segundo o meu perfil, e aí quando eu recebi a resposta da Universidade do Mississippi eu realmente fiquei muito feliz e foi quando a ficha começou a cair de que iria dar certo. C.D.: O processo de seleção feito no Brasil é rápido (3 ou 4 meses) e um pouco corrido, e um dos problemas do programa acontecia nessa etapa. Para os países que exigem exame de proficiência em outra língua, o critério de seleção foi basicamente o nível de inglês – Teve muitos excelentes estudantes que estão em universidades pequenas e que nem o curso deles tem por ter um nível de inglês um pouco menor que de muitos outros que não apresentavam bom rendimento no Brasil. O que parece ser é que o verdadeiro critério de seleção foi esse, visto que excelentes alunos, com bom currículo em projetos e pesquisas desenvolvidos, estavam em universidades que não ofereciam o curso deles. Eu ganhei uma bolsa de 4 meses para fazer curso de inglês antes de começar a estudar engenharia, e me deparei com esse proble-

ma nesse tempo porque, na Universidade que eu estava (University of the Fraser Valley), não tinha engenharia. Consegui resolver isso (um processo muito difícil e poucos conseguiriam) e fui transferido para uma universidade de ponta (University of Manitoba) com renome nos cursos de engenharias, com enormes laboratórios com tecnologia avançada, então, agora pra mim, o projeto está atendendo mais às minhas expectativas do que eu esperava. Quais as principais dificuldades por que têm passado ao longo deste período participando do CsF? C.D.: No começo, esse problema com a universidade, mas a bolsa do governo cobre com folga as despesas de um estudante, e não enfrentamos nenhum problema financeiro. Mais foram os choques com a nova língua e a nova cultura. I.C.: No começo, eu estava muito assustado com a língua, era a primeira vez que morava sozinho, eu tinha que abrir uma conta bancária para receber a bolsa aqui, me matricular nas disciplinas, e era tudo novo pra mim. Então no início foi bem complicado. Mas, a partir do momento que eu me acostumei com a nova rotina, as coisas foram ficando mais fáceis. É tudo uma questão de adaptação. Houve um choque de culturas ao longo deste período em uma universidade estrangeira? C.D.: Sim, o principal choque cultural é em relação à alimentação. As pessoas não têm a nossa tradição do almoço, um lanche pra eles servem de almoço e de jantar também. Foi um pouco difícil se acostumar a não comer arroz e feijão. (hahaha). Os outros foram choques bons, é incrível quando você percebe que está morando num país desenvolvido e principalmente quando você percebe quão educadas são as pessoas. É um pouco estranho no começo conviver com a pontualidade deles (principalmente dos ônibus), com a tamanha educação, sem o jeitinho brasileiro para resolver alguns problemas, e incrível em infraestrutura, ver o quanto eles são preparados para lidar com as diversidades. I.C.: Com certeza houve. Fazer universidade aqui é bem diferente do que fazer universidade no Brasil. Aqui você pode


Foto: Iwyson Costa/arquivo pessoal

Iwyson Costa no monumento de boas vindas na Universidade do Mississippi-EUA.

pegar disciplinas de outros cursos que venham a lhe interessar, você pode pegar disciplinas da Psicologia sendo um aluno de Farmácia, por exemplo, o que eu achei ótimo. Fora isso, o tempo que alunos gastam em sala de aula é bem menor do que no Brasil. Isso me assustou no início porque as aulas variavam de 50 minutos a 1 hora e 15 minutos! Considerando que no Brasil eu tinha aulas de até 3 horas! O aprendizado é focado mais em você e ao mesmo tempo a quantidade de informações que você consegue assimilar com aulas mais curtas é bem maior, pelo menos, na minha opinião. Eu sabia que eles eram bem fanáticos por esportes, mas a prática esportiva é realmente muito intensa, e os alunos vão aos jogos dos times da universidade pra torcer, acompanham as temporadas, parabenizam os atletas é realmente bem interessante! Eles têm orgulho da universidade em que estudam. A língua representou uma dificuldade neste período de adaptação? I.C.: No início, sim, porque somente quando você está inserido num ambiente da língua estrangeira você tem uma ideia de quão fluente você é, ou não! Assistir a aulas, fazer provas, apresentar trabalhos em inglês era bem assustador. Mas, depois de um tempo, você se acostuma e isso não faz mais tanta diferença. C.D.: Acho que essa foi a principal dificuldade, mas, em 4 meses, o inglês já melhorou muito, consigo acompanhar as aulas sem dificuldade, apesar de ser ciente de que ainda é preciso melhorar muito. Como o programa é visto no exterior? C.D.: De início, as pessoas não acreditam que existe um programa tão bom quanto esse. Primeiro choque para eles é saber que as universidades públicas do Brasil não são pagas (diferentes de todos os outros lugares do mundo) e que o governo financia esse tanto de estudante. As pesso-

as ficam deslumbradas com a iniciativa do governo brasileiro. Todos os professores elogiam e estão gostando de ver o bom desempenho dos alunos brasileiros nas disciplinas. I.C.: Eles ficam de boca aberta quando eu digo que o governo brasileiro está financiando meus estudos no exterior. Não só americanos, como também os intercambistas de outros países, como Espanha, Alemanha, Japão, Coreia do Sul, Itália, Holanda, Colômbia... e eu não tiro a razão deles. Eles talvez tenham mais ideia da despesa porque estão pagando tudo! Você acredita que o programa consegue cumprir suas metas? I.C.: Até agora, pode-se dizer que sim. O programa acontece em duas fases: a primeira é quando o estudante vai para o exterior e a segunda é quando ele volta para o Brasil. Os primeiros estudantes estão retornando, então é cedo pra dizer como a segunda parte vai funcionar. Mas, pela primeira, pode-se dizer que sim, está alcançando as metas. É um investimento mais do que válido que o Brasil está fazendo na educação. C.D.: O programa está cumprindo com as suas metas, apesar de apresentar ainda algumas falhas, no geral, está cumprindo seu propósito de internacionalização do ensino e abertura da mente de milhares de estudantes que, sem dúvidas, voltam com uma bagagem educacional muito boa para ser compartilhada com os colegas no Brasil. Acredito que o programa melhoraria muito se o inverso também acontecesse, alunos do mundo todo viessem pras universidades brasileiras pois, querendo ou não, estas estão com um pequeno desfal-

que devido muito bons alunos estarem passando esse tempo fora. Você participa de algum programa de pesquisa na universidade em que está estudando? Há alguma integração com projeto semelhante no Brasil? C.D.: O principal propósito do programa é esse, tanto que tem um semestre dedicado à pesquisa ou estágio. Os professores estão animados pra desenvolver pesquisas com os brasileiros. No meu caso, esse período começa em abril. No entanto, já existem estudantes desenvolvendo pesquisa conciliando com as aulas, entrando em contato diretamente com professor (Tem uma equipe responsável por buscar pesquisas pra nós do programa). Estou com um projeto de pesquisa montado a respeito de um dispositivo de reciclagem de óleo e discutindo com o professor se o projeto é viável e quando podemos começar. I.C.: Eu não sei como funciona em outros países, mas aqui nos Estados Unidos durante esse 1 ano, fora os dois períodos letivos que temos que cursar, está previsto para o verão (junho a agosto) atividades de pesquisa ou estágio relacionados a sua área de estudo. Agora mesmo, eu já estou tendo que entrar em contato com empresas, universidades, centros de pesquisa que oferecem essas oportunidades para firmar parceria para realizar o estágio/pesquisa durante o verão. Estou priorizando centros de pesquisa que realizem pesquisas semelhantes às que eu participava no Brasil, mas ao mesmo tempo estou aberto a novas áreas, afinal é uma grande oportunidade!

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ARTIGO

Edienari Oliveira dos Anjos

Jornalista e mestranda do Programa de Pós-graduação em Comunicação da Universidade Federal do Piauí | Contato: edienaridosanjos@gmail.com

A geração Y da imprensa piauiense e os novos modos de apuração da notícia

O

s jornalistas entre a faixa etária dos 19 aos 40 anos sabem que, se a conexão de internet cair durante um intervalo de tempo considerável, a conclusão da edição do jornal do dia seguinte será prejudicada. Mas o que a internet tem a ver com o retardo da edição ou com as dificuldades de apuração da notícia para os profissionais dos media? Tudo! Exatamente tudo! Se para os profissionais com mais de 50 anos a notícia estava na rua, pois eles tinham contato direto com o acontecimento e pautavam-se principalmente pelas ligações telefônicas de denúncia da população, para os profissionais que, desde cedo (sempre), têm o computador e a internet como ferramentas de trabalho, a notícia, na maioria das vezes, nasce da troca de informação entre os usuários dessas ferramentas: seja por meio de uma frase deixada numa plataforma que auxilia os jornalistas na busca de fontes de notícia - Ajude um repórter (BR), Source Bottle (AUS), Pitch Rate (EUA), Help a Reporter Out (EUA), dentre outras- seja por meio de depoimento postado numa rede social. O fato é que os profissionais da geração Y (nascido após a década de 1980) se pautam e conseguem fonte de notícia por recomendação de terceiros. Antes de ir para rua coletar informações, imagem e áudio de que precisam, fazem pesquisas na internet, a fim de facilitar o percurso na realização de uma matéria, alterando o modus operandi dos media tradicionais e dos profissionais de outrora. Há uma descentralização do processo produtivo da notícia, distribuindo a etapa de apuração de procura de fontes a uma grande comunidade. A agenda de contatos pessoal continua a existir e se faz necessária diariamente, mas, quando se compartilha com outros tal busca, as chances de encontrar fontes de notícias diferenciadas das habituais são potencializadas pela quantidade de respostas dos membros da comunidade à frase. Situação consumada no grupo “Procurase uma fonte” da rede social Facebook. Jovens

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estudantes do curso de jornalismo da UFPI (Universidade Federal do Piauí) Andreelson Delmiro, Jéssica Fernandes e Jéssica Catarine, “desesperados” para concluir suas matérias, pediram ajuda dos amigos para encontrar um personagem interessante para construção do material jornalístico. No primeiro dia de funcionamento do grupo, mais de cem membros se engajaram na proposta do grupo, cujo objetivo era auxiliar jornalistas a encontrar fontes de notícia. Os idealizadores avaliam a experiência como positiva, pois dificilmente a solicitação de um repórter não é atendida. Por mais que não se trate de prática prioritariamente do webjornalismo, o recurso de

interatividade proporcionada pela Web 2.0 possibilita a comunicação entre usuários de dispositivos tecnológicos (computador, celulares, Ipod, tablete, dentre outros) e age como facilitador na rotina produtiva dos profissionais do impresso, da TV e do rádio nesta fase fundamental e de conhecimento homogeneizado entre os jornalistas: sem fonte de informação, não há notícia. Träsel estrutura o conceito de “apuração distribuída”, como sendo “a delegação de tarefas menores constituintes de um processo de apuração a uma coletividade que queira oferecer seu tempo livre para desempenhá-la” (2010, p. 223). E faz um paralelo do conceito com a modalidade crowdsourcing, pois existe terceirização de atividades produzidas pelo conhecimento coletivo de uma determinada comunidade, porque, como explica Briggs, o crowdsourcing

consiste em investigação ou reportagem compartilhada, colaborativa, distribuída ou em código aberto. “Para fazermos uma distinção entre o que significam essas expressões, pense em crowdsourcing como outsourcing, termo que deu origem à expressão terceirização e que significa buscar fontes fora do ambiente de trabalho” (2007, p. 49). A multidão (crow) como fonte (source) não requer a participação excepcionalmente de especialistas, mas de qualquer pessoa que tenha algo de relevante a acrescentar numa atividade (HOWE, 2009). O entusiasmo e a vontade de ser reconhecido como membro realizador de um projeto envolve a reputação dos colaboradores, motivados em participar e dedicar-se ao ócio criativo. A participação, segundo Bordenave (1986, p.17), é uma ação “inerente à natureza social do homem, tendo acompanhado sua evolução desde tribo e o clã dos tempos primitivos, até as associações, empresas e partidos políticos de hoje”. Num mundo conectado no qual as pessoas usam o excedente cognitivo (SKIRKY, 2011), “participar é agir como se sua presença importasse, como se, quando você vê ou ouve algo, sua resposta fizesse parte do evento” (Ibidem, 2011, p. 25). A apuração jornalística na internet reestrutura as práticas do fazer jornalismo fincado nas redações, à medida em que as tecnologias têm o potencial de modificar o processo produtivo da notícia já instituído e condiciona o tipo de apuração da notícia em decorrência da natureza do produto informativo. Por mais que a imprensa piauiense esteja anos luz de alcançar práticas de webjornalismo desenvolvidas nas regiões Sul e Sudeste - que vivenciam a convergência de medias (profissionais piauienses que conhecem outras realidades de sua profissão reconhecem tal disparidade) - por constrangimentos organizacionais de ordem financeira e de recurso humano, principalmente, transfiguram suas rotinas com recursos tecnológicos que dispõem e colaboram uns com os outros.


Jefferson Almeida Rocha1 • Juliana Rodrigues Rocha2 • Roselis Ribeiro Barbosa Machado3

ARTIGO

1 Mestrando em Biotecnologia – PPGBiotec/UFPI; 2 Mestranda em Desenvolvimento e Meio Ambiente/UFPI; 3 Professora da Uespi e Vice-coordenadora da CTC de Ciências Biológicas da FAPEPI | Contato: jeffersonkalel@hotmail.com; julianamab22@hotmail.com; roselis.machado@ig.com.br

Desperdício de água pela destilação na uespi

O

Brasil possui a vantagem de dispor de abundantes recursos hídricos, porém possui também a tendência de desperdiçá-la. A grande crise da água, prevista para o ano de 2020, tem preocupado os cientistas, e esse problema de saúde pública deve ser visto com bastante eloquência (MORAES, 2002). A falta de água é um dos graves problemas mundiais que podem afetar a sobrevivência dos seres humanos. O mau uso, o desperdício e o crescimento da população são fatores que contribuem para aumentar a escassez de água potável no planeta (TOMAZ, 2009). Os sistemas destinados à destilação de água, para uso em laboratório, são imprescindíveis para o sucesso das atividades desenvolvidas nesses ambientes experimentais, no entanto, os atuais aparelhos de destilação apresentam um grande inconveniente quanto ao seu desempenho, porque esses equipamentos desperdiçam elevado volume de água, principalmente na etapa de condensação do vapor, para obtenção de água destilada. Estima-se que, aproximadamente, esse desaproveitamento esteja numa faixa entre 30 e 40 litros de água de refrigeração, por cada litro de água destilada (COSTA, 2006). Assim, objetivou-se avaliar o desperdício da água pelo processo de destilação no setor de Biologia no Centro de Ciências da Natureza da Universidade Estadual do Piauí – UESPI, localizado no campus Poeta Torquato Neto em Teresina - PI. A área de estudo da pesquisa foi o setor de Biologia da UESPI que apresenta o destilador que abastece os 8 laboratórios existentes neste setor no campus poeta Torquato Neto em Teresina-PI. Este destilador é um aparelho do tipo Quimis, desenvolvido para aplicações mais rigorosas nas áreas bioquímica, química analítica, química fina e pesquisa. Nele a água entra na caldeira, onde é pré-aquecida, para, em seguida, entrar em ebulição e condensar posteriormente, produzindo água química e bacteriologicamente pura; o seu rendimento padrão é de 120 litros de água para produzir 2 litros de água destilada em 1 hora (QUIMIS, 2011). Para a avaliação do processo de destilação de água no setor da Biologia, foi feita uma análise, medindo a quantidade de água destilada produzida e a água de refrigeração desperdiçada no momento do processo de destilação em um determinado tempo. Os resultados da pesquisa mostraram que, em 1 hora do processo de destilação, produzem-se 2 litros de água destilada, gastando-se em média 144 litros de água. Para o bom funcionamento dos laboratórios do setor de Biologia da UESPI, estima-se o uso de 40 litros de água destilada/mês, tendo-se um desperdício de água mensal em torno de 1.296 Litros (Tabela 1). Tabela 1: Produção de Água destilada e de Refrigeração pelo Tempo. Tempo

Água Potável

Água Destilada

Água Desperdiçada

30 min

73 litros

1 litro

72 litros

1 hora

146 litros

2 litros

144 litros

9 horas

668 litros

20 litros

648 litros

18 horas

1336 litros

40 litros

1296 litros Fonte: Jefferson, fevereiro de 2011.

Para produzir 1 litro de água destilada, gastamse em média 17 a 21 litros de água de refrigeração Os resultados mostraram uma grande perda de água no setor da Biologia da UESPI, possivelmente, por conta do destilador de água que tem pouca eficiência para produção de água destilada. Marsaro (2007) verificou que, para produzir 1 litro de água destilada, gastam-se em média 17 a 21 litros de água de refrigeração, contrapondo-se com os resultados alcançados nesta pesquisa que se apresentou em torno de 3,4 vezes maior que o do referido autor. Apesar da perda de água, é essencial a utilização de água destilada não só nos laboratórios do setor de Biologia da UESPI, mas também em qualquer outro laboratório, tendo em vista o desenvolvimento de muitos trabalhos necessitar desta água para a sua realização e em vista do grande número de atividades que precisam de água potável. O reaproveitamento da água nos padrões de potabilidade deve ser feito, pois o reuso da água é uma forma que não requer tecnologia e é econômica. Assim recomenda-se o uso da água desperdiçada para Lavagem de materiais e vidrarias, Jardinagem do setor da Biologia, Lavagem do pátio, Irrigação de outras áreas verdes, Reuso no processo de destilação. Essa água poderia ser redirecionada para uma caixa d’água que posteriormente seria utilizada para realizações dos exemplos citados. Outra maneira seria uma revisão no aparelho de destilação.

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ARTIGO

Victor Hugo do Vale Bastos

Vice-coordenador da Câmara Técnica Ciêntífica de Saúde - FAPEPI Professor Adjunto | Contato: victorhugobastos@ufpi.edu.br

A

EEG nas pesquisas acadêmicas

atividade elétrica no escalpo de humanos identificada por Hans Berger, em 1924, marcou o início do interesse clínico e acadêmico por esta atividade. O interesse vem aumentando nos últimos anos e, especialmente, a eletroencefalografia (EEG) tem sido usada para verificar a atividade do córtex cerebral ao medir, com eletrodos colocados no escalpo, a resultante de potenciais elétricos excitatórios e inibitórios que são somados no tempo e no espaço. Estes sinais pequenos são ampliados no aparelho de eletroencefalografia e convertidos em sinais digitais para serem lidos por programas específicos de computador (NIEDERMEYER, 2004). A interpretação destes dados confere relevante valor ao exame físico que comumente é feito pelos neurologistas e psiquiatras (ENGEL, 2013), embora outras especialidades médicas se utilizem deste exame complementar para auxiliar na avaliação clínica. No campo da pesquisa acadêmica, o leque fica mais amplo, permitindo que outros profissionais capacitados utilizem o sistema de EEG para investigar mudanças no córtex cerebral. Ressaltase que a análise citada neste texto não é clínica, mas acadêmica considerando as diretrizes estabelecidas para pesquisas envolvendo humanos. Assim, as pesquisas científicas objetivam identificar adaptações do córtex cerebral (plasticidade neural), em face de situações, como aprendizagem, recuperação de uma lesão neurológica ou processos de memória. Vários são os fatores que podem interferir nesta condição de plasticidade do córtex cerebral (repouso, movimentos durante a captação, sonolência, medicamentos em uso etc.), facilitando ou limitando estas alterações. Laboratórios de pesquisa, ao longo

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do mundo, têm investigado alterações no córtex cerebral usando diversos meios, como a ressonância magnética, que fornece excelente resolução espacial, mas uma resolução temporal considerada baixa. O oposto ocorre com a EEG, que fornece resolução temporal altíssima e uma resolução espacial, até certo ponto, baixa. Nesse contexto, para atividades em que se requer atenção ao domínio do tempo de atividade no córtex cerebral, a EEG é um instrumento de excelência (ANTELIS, 2012).

Durante processos de aprendizagem/reaprendizagem, como nos tratamentos envolvendo a Fisioterapia, a Fonoaudiologia e a Psicologia, ocorrem no córtex cerebral, especificamente, modificações nas resultantes elétricas captáveis pela EEG. A análise eletroencefalográfica, antes e depois destas propostas terapêuticas, usando vários conceitos e métodos, evidencia mudanças ou não nos padrões de corticais (SHIN, 2012). Estas mudanças associadas a alterações comportamentais e ou físico-funcionais apontam para as condições de melhora do paciente estudado. Pacientes, como os hemiparéticos, após acidente vascular encefálico, podem beneficiar-se

de treinamentos manuais, mentais, de imaginação ou acionando neurônios espelho-corticais para funcionalizar suas habilidades e reaprender determinados padrões de movimentos, sensoriais e mesmo mentais. Ao se investigarem em bandas ou faixa de frequência de atividade (Delta, Teta, Alfa, Beta e Gama) e ao se reconhecerem as alterações antes e depois de atividades ou durante atividades específicas, pode-se concluir o quanto o córtex cerebral mudou face a esta tarefa ou aprendizado. O simples fato de se imaginar uma tarefa ou de se assistir a um vídeo já ativa áreas frontais e parietais do lado oposto corporal ao imaginado ou ao assistido. Isto evidencia a sensibilidade da EEG como medidora de pequenas alterações físico-funcionais (HSU, 2013). Um dos sistemas mais utilizados para análise e seleção dos dados da EEG atualmente é o sistema de análise dos componentes independentes. Por este sistema, o dado extraído em exame pode ser limpo precisamente e interpretado de maneira mais fidedigna, o que aproxima o pesquisador de eventos como aprendizagem (GRANDCHAMP, 2012; HSU, 2013). A interpretação dos momentos em associação com a análise das bandas de frequência dominantes em dada área cortical mostrará o quanto aquela área se modificou em sua neurofisiologia. Algumas variáveis, como potência absoluta do sinal, potência relativa, função de coerência e assimetria, podem ser aproveitadas na compreensão destes eventos neurofisiológicos. Nesse contexto, o recente aumento das pesquisas com este aparato de estudo vem demonstrando seu potencial na investigação funcional de eventos que repercutem, gerando plasticidade no córtex cerebral.


Foto: Ascom UFPI

Iniciação Científica contribui para o avanço da pesquisa no Piauí

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egundo informações do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), em 1951 foi implantado o primeiro programa de Iniciação Científica (IC) do País: o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação Científica (PIBIC), com o objetivo de despertar jovens talentos para a ciência. Contudo, com o avanço do Brasil no âmbito da pesquisa considerando as novas demandas, esses objetivos foram ampliados e, assim, diversos projetos e programas foram criados para atender a interesses específicos no campo da pesquisa científica. O Programa Institucional de Bolsas de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (PIBITI) tem por objetivo estimular a formação de jovens do ensino superior com potencial para desenvolver pesquisas nas áreas de desenvolvimento tecnológico e inovação. O Programa de Iniciação Científica Júnior (PIBICJr.) é resultante da parceria entre o CNPq e as FAPs (Fundações de Apoio à Pesquisa), com o intuito de disponibilizar bolsas para estudantes de nível médio da rede pública. O Programa Institucional de Iniciação Científica Ações afirmativas (PIBIC-Af) é dirigido às universidades públicas benefi-

ciárias de cotas PIBIC que têm programa de ações afirmativas. Estas são algumas das modalidades de bolsas de IC disponíveis às instituições de ensino superior (IES), às FAPs e aos centros de pesquisas parceiros do CNPq. Dentre esses programas, o PIBIC é o que tem mais força no Piauí. A bolsa de iniciação científica na graduação está disponível nas três Instituições de Ensino Superior (IES) públicas do Estado: a Universidade Estadual do Piauí (Uespi), a Universidade Federal do Piauí (UFPI) e o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí (IFPI). Investimentos em programas de iniciação científica contribuem para qualificação de alunos da Uespi Desde 2001, a Uespi disponibiliza bol-

sas por meio do PIBIC e, de acordo com o coordenador de pesquisa da instituição, Evando Beserra, o número de bolsas e também de professores orientadores vem crescendo ano após ano, beneficiando um maior número de alunos de graduação. Atualmente a Universidade Estadual dispõe de 163 bolsas do PIBIC, das quais 100 são da própria Uespi e 63 do CNPq. Evando Beserra explica que, como a instituição possui programa de ações afirmativas, há reserva de bolsas para o PIBIC nessa modalidade. “Nós possuímos convênio com o CNPq, portanto, do número total de bolsas PIBIC disponíveis na Uespi, 10 são reservadas para o PIBIC Ações Afirmativas, ou seja, só os alunos cotistas podem concorrer a essas bolsas”, informou. Para o coordenador, a iniciação científica é importante, por se constituir uma forma de incentivo à pesquisa ainda no início da vida acadêmica. São os primeiros passos do estudante de graduação no mundo da pesquisa. O jovem contará com o apoio de um pesquisador que vai orientar sua pesquisa e apontará os caminhos possíveis nesse universo.

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Dossiê

Por Eline Reis Colaboração Ascom UFPI


Foto: Ascom UFPI

O aluno de IC terá contato com literaturas especializadas, artigos científicos. Ele aprenderá também novas técnicas e metodologias de pesquisa. Evando Beserra

“O aluno de IC terá contato com literaturas especializadas, artigos científicos. Ele aprenderá também novas técnicas e metodologias de pesquisa. Durante o PIBIC, o aluno sente, inclusive, a necessidade de desenvolver o domínio de outros idiomas para conseguir trabalhar com literatura específica que muitas vezes só estão disponíveis em outra língua”, esclarece Evando Beserra. A Uespi oferece ainda a possibilidade de o estudante atuar em projetos de pesquisa do PIBIC de forma voluntária. Os discentes que participaram da seleção do PIBIC e tiveram projetos aprovados, mas não conseguiram bolsa podem desenvolver as pesquisas voluntariamente, juntamente com seu orientador. Atualmente a Instituição conta com 44 projetos PIBIC voluntários. “Os alunos que gostam e querem seguir a vida acadêmica devem procurar professores orientadores de projetos de pesquisa e, desse modo, se integrarem aos programas de iniciação científica ainda que voluntariamente, pois isso vai dar um auxílio muito grande para que, no futuro, ele possa ingressar no mestrado e depois no doutorado, além de trazer contribui-

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ções para a sociedade como um todo. Há muitas comunidades que carecem de informação e conhecimento, a iniciação científica pode auxiliar e muito nesse sentido”, pontua. UFPI comemora 21 anos do PIBIC com apresentação dos resultados de pesquisas O Seminário de Iniciação Científica da Universidade Federal do Piauí, em 2012, comemorou 21 anos do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC) na UFPI. Nesse período, as atividades de IC prestaram grande contribuição ao progresso científico e acadêmico do Piauí. Além do PIBIC, a Universidade Federal do Piauí possui outros programas de IC, Programa Institucional de Iniciação Científica Ações Afirmativas (PIBIC-Af), Iniciação Científica Voluntária (ICV), Programa Institucional de Bolsas de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (PIBITI) e o Programa de Bolsas de Iniciação Científica Júnior (PIBICJr); este último é desenvolvido no Colégio Agrícola da Instituição.

De acordo com informações do site da UFPI, durante a vigésima primeira edição do Seminário, foram apresentados os resultados parciais ou concluídos de 810 pesquisas. Destes, 39 foram apresentados na modalidade oral e os demais, expostos em pôsteres. Dados da Coordenadoria Geral de Pesquisa apontam que, por meio do Edital 2011-2012, a UFPI recebeu 410 bolsas para o PIBIC e PIBIC-Af, sendo 205 concedidas pelo CNPq e 205 a contrapartida da UFPI. “Para o processo de seleção do Edital do PIBIC 2012-2013, temos um total de 354 orientadores e 498 projetos inscritos e 734 pedidos de bolsas”, destacou a Coordenadora Geral de Pesquisa da UFPI, professora Dra. Jaíra Alcobaça. Instituto Federal do Piauí busca conscientizar professores e alunos sobre a importância da pesquisa na academia A iniciação científica no Instituto Federal do Piauí (IFPI) é uma realidade ainda recente, visto que até bem pouco tempo a instituição se dedicava exclusivamente ao ensino médio e técnico profissionalizante. Entretanto, com a admissão dos cursos de graduação, o Instituto tem


Foto: Ascom UFPI Foto: Divulgação

Bolsista PIBIC recebe prêmio Destaque da Iniciação Científica na UFPI.

Foto: Divulgação

Estudantes apresentam trabalhos durante Seminário no IFPI.

Evando Beserra é coordenador de pesquisa da Uespi.

Foto: Eline Reis

Foto: Eline Reis

IV Encontro de Iniciação Científica do IFPI.

Valdira Brito, pró-reitora de pesquisa e inovação do IFPI.

apresentado um bom desenvolvimento no campo da pesquisa acadêmica. Os estudos desenvolvidos por professores e alunos no Programa de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC) é uma das formas de incentivo à pesquisa adotadas pelo IFPI. O PIBIC foi implantado no Instituto Federal do Piauí em 2005; na época, foram ofertadas 16 bolsas de IC. “Hoje, contamos com 269 bolsas PIBIC institucionais”, ressalta a pró-reitora de pesquisa e inovação do IFPI, Valdira Brito. Esse avanço no âmbito da pesquisa deve-se principalmente à realização de concurso público para contratação de novos servidores na área de educação e à qualificação dos docentes que já trabalhavam no Instituto. As bolsas de iniciação científica do IFPI estão distribuídas por todos os 11 campi presentes no Estado. A gestão superior do Instituto procura, dentro do possível, atender às demandas das unidades espalhadas pelo interior. “Se um campus solicitar 10 bolsas, por exemplo, nós buscaremos uma maneira de fomentar essas pesquisas”, comenta a pró-reitora. Valdira Brito explica que o longo período em que funcionou como escola técnica limitou a visão de alguns servidores quanto aos objetivos e potencialidades que a Instituição possui atualmente. “Enquanto escola técnica, a preocupação era formar técnicos e lançá-los no mercado de trabalho. O status de Instituto ampliou as possibilidades do IFPI no campo da educação. Nesse sentido, precisamos ainda consolidar essa cultura de pesquisa própria da academia.” Por outro lado, o IFPI não abandonou a matriz dos seus objetivos e, dentro do ensino médio e técnico, também fomenta a pesquisa por meio do Programa e Bolsas de Iniciação Científica Júnior (PIBICJr.).“Em relação PIBICJr, nós temos uma grande vantagem, porque os professores

e os alunos estão aqui. Portanto, já existe uma integração entre orientadores e bolsistas, além disso, não há necessidade do aluno se deslocar até uma universidade para conhecer um laboratório, pois nós disponibilizamos a estrutura necessária para o desenvolvimento das pesquisas”, ressalta Valdira Brito. A respeito dos benefícios do incentivo à pesquisa na instituição, a pró-reitora afirma que o fomento à pesquisa científica em diversos pontos do Estado representa um grande avanço na difusão do conhecimento. Ela acrescenta ainda que o Instituto promove anualmente o ENCIPRO (Simpósio de Produtividade em Pesquisa e Encontro de Iniciação Científica do IFPI), evento para divulgação dos resultados obtidos nas pesquisas realizadas dentro dos programas de fomento disponíveis no Instituto Federal do Piauí. “O IFPI criou recentemente o Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT), alguns estudos desenvolvidos nos programas de iniciação científica têm, inclusive, gerado pedidos de patentes. Nós temos, pelo menos, três pedidos protocolados junto ao NIT. Dessa forma, os benefícios desses trabalhos extrapolam os limites da academia e atinge a sociedade como um todo”, conclui. A iniciação científica no Piauí tem apontado novos rumos para a pesquisa no Estado. As IES têm mostrado empenho nas ações de desenvolvimento científico, o que se traduz em boas oportunidades na carreira acadêmica dos estudantes envolvidos nesses projetos e em benefícios para o Piauí, a partir de todo conhecimento produzido. Além do PIBIC, que é voltado para alunos, existem outros projetos de fomento à pesquisa destinado a professores que já estão nos centros de pesquisa.

Conheça também o Programa de Iniciação Científica e Mestrado (PICME), que concede aos estudantes universitários que se destacaram nas Olimpíadas de Matemática (medalhistas da OBMEP ou da OBM) a oportunidade de realizar estudos avançados em Matemática simultaneamente com sua graduação, além de prevê concessão de bolsas de mestrado pela Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior).

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Um salto da Iniciação Científica aos programas de Pós-Graduação Os primeiros passos para o sucesso na carreira acadêmica

G

De acordo com o estudante, a iniciação científica (IC) proporciona o contato com um ambiente incomum e instigante, pois, apesar de a universidade ser um lugar de exploração do conhecimento, muito do que se aprende já é cientificamente comprovado, ou seja, são teorias que podem ser aplicadas com certa precisão. Por outro lado, a IC permite ao aluno pesquisar algo novo que, de certo modo, não terá uma aplicação tão previsível. Outro aspecto importante para quem pensa, ao término da graduação, em continuar a carreira acadêmica, é que a participação em programas de iniciação científica conta pontos na maioria das seleções de programas de pós-graduação sctrico sensu.

A partir do PIBIC, outras portas se abrem

também trabalhamos com robótica e computação e podemos competir fora. Além disso, serve como incentivo às pessoas que desejam trabalhar com robótica em nosso Estado, que ainda é carente em estrutura de trabalho e em material humano interessado em atuar nessa área. Entretanto, esse prêmio veio mostrar que estamos avançando nesse sentido. Nós temos um futuro promissor.” Para o jovem, a iniciação cientifica é uma das melhores atividades que se pode fazer na graduação. Participar da IC, seja como bolsista ou voluntário, é sempre importante. “Eu já ouvi pessoas dizendo que não participam da iniciação científica porque não querem trabalhar de graça. Mas a IC não deve ser vista como um trabalho que deve ser remunerado. Ela, na verdade, serve para você evoluir sua linha de raciocínio e tomar gosto pela pesquisa. É claro que existem as pesquisas que disponibilizam bolsas. Eu não recebi remuneração, mas valeu muito a pena fazer parte desse programa”, conclui Antonio José.

Antonio José participou do PIBIC e recentemente foi aprovado no programa de mestrado.

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atuação na pesquisa de “Desenvolvimento de Software Livre para a TV Digital Interativa Brasileira”, projeto desenvolvido durante a IC, rendeu a Antonio o segundo lugar, na categoria produto, na Campus Party 2012, considerado um dos maiores acontecimento tecnológico do mundo nas áreas de inovação, ciência, cultura e entretenimento digital. A boa colocação na edição anterior garantiu ao jovem o direito de participar da competição em 2013 e, desta vez, ele foi campeão na categoria Robótica Livre. O evento aconteceu em janeiro de 2013, em São Paulo, e reuniu competidores de diversas regiões do Brasil. Na categoria disputada por Antonio José, a proposta era construir um robô, a partir do zero, que fosse capaz de navegar em um labirinto e encontrar uma luz no final. “Cada participante, recebeu componentes básicos de eletrônica e uma placa controladora. A partir daí, a

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Foto: Eline Reis

raduado em Ciência da Computação pela Universidade Estadual do Piauí (Uespi), Antonio José de Oliveira Alves enfrentará, a partir deste ano, um novo desafio: o Mestrado em Ciência da Computação pela Universidade Federal do Piauí (UFPI). O Jovem estudante aponta sua participação em projetos de iniciação científica como um dos fatores importantes para o seu ingresso no mestrado. Ele integra a equipe de pesquisadores do Laboratory of Intelligent Robotics, Automation and Systems (Labiras), sediado na Uespi. Durante a graduação, Antonio José atuou num projeto de pesquisa sobre TV Digital Interativa, coordenado pelo professor mestre Nairon Viana.

Foto: Eline Reis

Iniciação científica

Por Eline Reis

Invenção rendeu ao jovem prêmio em competição internacional de robótica.

gente tinha que usar a criatividade, montar toda parte mecânica, elétrica e computacional do robô”, explica o estudante. Sobre a conquista na Campus Party, Antonio José comenta que o prêmio trouxe visibilidade ao Piauí no campo da Robótica. “Essa vitória mostra que, no Piauí, nós


A professora e doutoranda Chaenne Dourado também foi bolsista PIBIC

Foto: Arquivo pessoal

Foto: Arquivo pessoal

Foto: Arquivo pessoal

Chaenne Dourado em Congresso no Uruguai.

acurado em nível de centímetro com apenas um receptor GPS”, sintetiza a pesquisadora. “PPP PÓS-PROCESSADO E EM TEMPO REAL COM SOLUÇÃO DE AMBIGUIDADES NO CONTEXTO DE REDE GNSS”, esse é o título da pesquisa desenvolvida pela ex-aluna do IFPI, sob orientação do professor Dr. João Francisco Galera Monico.

A sugestão dada pela ex-bolsista PIBIC aos estudantes que estão dando os primeiros passos na carreira acadêmica é que “leiam bastante e procurem conversar sempre com seu orientador. Ele ajudará a encontrar o caminho, mas o aluno é que deve desenvolver sua pesquisa. É importante questionar-se: E se fosse de outra forma?”, pontua. “Fico feliz em saber que existem projetos para desenvolvimento científico no Piauí. Dentro das universidades e institutos, a pesquisa deve ser mais incentivada. Atualmente o aluno sai da sala de aula somente com o pensamento de cair no mercado de trabalho e poucos pensam em ser pesquisadores e contribuir com o desenvolvimento científico do país. Falta incentivo”, pondera Chaenne Dourado.

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Iniciação científica

“O

trabalho de iniciação científica foi o meu primeiro trabalho científico. Eu aprendi a escrever um pouco melhor, a pesquisar, a colocar as ideias em ordem. A partir do meu trabalho de IC, fui para um congresso na Paraíba e então tive conhecimento do mestrado em Pernambuco. Logo depois da graduação, fiz a seleção na UFPE e passei. A IC contou bastante na seleção do mestrado,” esse é o depoimento de Chaenne Dourado, ex-aluna de Tecnologia em Geoprocessamento do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí – IFPI, onde atuou como bolsista do PIBIC/IFPI; atualmente é doutoranda em Ciências Cartográficas na FCT/UNESP e professora do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Tocantins (IFTO). Chaenne Dourado afirma que sempre pensou em contribuir com a ciência, mas, mesmo na graduação, ainda se sentia meio perdida. Apesar disso, ela conseguiu ingressar como bolsista de iniciação científica, sob a orientação da professora Dra. Valdira Brito, então, “as coisas começaram a funcionar”, disse. A professora do IFTO considera que esse é o passo inicial na vida do aluno que pretende trabalhar com pesquisas acadêmicas. É uma etapa muito importante até mesmo para que o estudante de graduação possa fazer o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), um dos requisitos para que o graduando obtenha o diploma. Com doutorado em andamento na Universidade Estadual Paulista (UNESP) em Presidente Prudente – SP, Chaenne Dourado trabalha “no desenvolvimento de um aplicativo para processamento dos dados, com o intuito de solucionar ambiguidades em tempo real, proporcionando ao usuário um posicionamento


Entrevista

Por Publicação Sapiência

Professora destaca que iniciação científica está se popularizando nas universidades incentivando os doutores a submeterem propostas às agências de fomentos, captando assim recursos externos para o desenvolvimento dos projetos de pesquisa.

Ex-Coordenadora Geral de Pesquisa da Universidade Estadual do Piauí (Uespi), Membro do Comitê Interno de Pesquisa, possui graduação em Licenciatura Plena em Física pela Universidade Federal do Piauí (1991), mestrado em Física pela Universidade Federal do Ceará (1994) e doutorado em Física pela Universidade Federal do Ceará (1999), Edina Luz tem experiência ampla relacionada com a iniciação científica no Estado do Piauí. Nesta entrevista, ela conta mais como está caracterizado o cenário da iniciação científica no Piauí, tanto em relação à popularização quanto ao desenvolvimento das habilidades entre os estudantes. O que é possível apontar como avanços na iniciação científica nos últimos anos no Estado do Piauí? A iniciação científica no Estado do Piauí tem cumprido o seu principal objetivo que é o de despertar no aluno de graduação o interesse pela pesquisa científica e o de contribuir para a diminuição do tempo médio de titulação em programas de mestrado. Os programas de IC estão cada vez mais se popularizando dentro das universidades e tornando-se um programa cada vez mais procurado pelos estudantes que veem nele uma boa oportunidade de melhoria da sua formação acadêmica, desenvolvimento de habilidades. Como as universidades têm trabalhado para incentivar a pesquisa? Cada universidade tem seu próprio programa de incentivo à pesquisa científica que envolve o apoio a projetos com financiamento ou mesmo

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Seminários de IC o cenário ideal para divulgação das pesquisas de IC desenvolvidas para outros alunos e professores de fora do programa. Há apresentações gerais destinadas aos públicos das mais diversas áreas do conhecimento, Que áreas destacam-se no incentivo à inicia- estabelecendo assim um diálogo entre elas. ção científica no Piauí? No programa de IC, não existem áreas priori- Muitos estudantes ainda ficam fora da iniciatárias, os projetos de IC são aprovados segundo ção científica, seja por falta de bolsas ou de critérios estabelecidos pela Resolução Normati- interesse. Como resolver estes gargalos? va RN 17/2006 do CNPq. Na Universidade Es- As universidades possuem cotas de bolsas que, tadual do Piauí, as áreas que mais apresentam na sua grande maioria, não supre a demanda proposta para o programa de IC são as áreas de de alunos, mesmo com a contrapartida da InsSaúde e de Agrárias, isso devido ao grande nú- tituição. Porém há, em muitas delas, a possibilimero de professores qualificados nessas áreas. dade de desenvolvimento de projeto de IC sem bolsa, o aluno é chamado de aluno voluntário, A iniciativa privada tem-se interessado por e o andamento do seu projeto caso seja aprovaincentivar a atuação de novos cientistas no do segue os mesmos critérios dos projetos dos Piauí? bolsistas, tendo portanto a mesma validade. A ação da iniciativa privada ainda é muito tí- Poucos projetos são reprovados, creio então mida, falta uma conexão maior com entre as que a maioria dos alunos que ficam de fora universidades e as empresas do Piauí que possi- deve ser porque não querem desenvolver o bilitem a ação dos alunos pesquisadores dentro projeto voluntariamente ou mesmo por falta de orientador, e esse deve ser o maior problema da empresas. enfrentado pelas universidades. Comparando com outros Estados, em que estágio o Piauí está em relação à iniciação cien- Que perspectivas são possíveis para os próxitífica? mos anos em relação à iniciação científica? A iniciação científica no Estado do Piauí tem- O que se almeja para os próximos anos na IC é se desenvolvido de forma satisfatória e não que a mesma continue se consolidando como difere em nada dos outros Estados, pois a IC um importante incentivo às pesquisas científisegue critérios do CNPq, que é a agência que cas por parte dos alunos, para que os mesmos regulamenta e avalia os programas de bolsa de possam despertar suas habilidades científicas e que continue contribuindo para que o aluno teIniciação Científica. nha uma formação mais completa, adquirindo As pesquisas em geral abordam aspectos do conhecimentos além dos conteúdos ministraPiauí ou ainda estão concentradas em ques- dos nas disciplinas acadêmicas. tões relacionadas a Teresina? Os projetos de IC abrangem todas as áreas do Que desafios ainda parecem difíceis de ser conhecimento e muitas pesquisas se atêm ain- transpostos na iniciação científica? da aos aspectos relacionados a Teresina, pois é A IC é o principal meio de inserir os alunos nas onde a maioria das pesquisas se desenvolve. atividades de pesquisa, o que possibilita para o aluno o contato com pesquisadores e com pesAs semanas de iniciação científica têm conse- quisas científicas e que podem desenvolver no guido estabelecer um diálogo entre as várias mesmo o gosto pelo fazer científico. Nos proáreas do conhecimento? gramas institucionais de IC, o desafio maior é Os Seminários de Iniciação são muito impor- atender à demanda de bolsa existente, trazendo tantes para a divulgação das pesquisas realiza- um maior número de alunos para IC, contridas pelos alunos, bem como para a interação buindo assim para um maior desenvolvimento entre outros alunos e outros professores. São os científico regional.


interiorização

Por Carlos Rocha

Cidades piauienses exploram potencialidades com apoio da Iniciação Científica

Fotos: Arcervo pessoal

O

Projetos desenvolvidos em Corrente e Parnaíba apontam caminhos para a Iniciação Científica no interior do Piauí.

ensino superior no Piauí alcança cada vez mais municípios no interior do Estado e as pesquisas, assim como a iniciação científica, acabam por seguir um caminho semelhante. Ligados às potencialidades locais, os estudos buscam apoio para que a pesquisa científica possa crescer também no interior. No Instituto Federal do Piauí (IFPI), duas pesquisas, em Parnaíba e em Corrente, destacam-se pelo pioneirismo e também pelo aproveitamento do que cada local tem para oferecer. Em Corrente, aproximadamente 900 km a sudoeste de Teresina, a pesquisa “Caracterização da fauna edáfica em diferentes coberturas do solo”, desenvolvida desde julho do ano passado, é voltada princi-

Bolsista Israel Rocha separando amostragem do lixo.

palmente para familiarizar os estudantes com a pesquisa científica. A doutora em Ecologia e em Recursos Naturais e professora do IFPI em Corrente, Maria Ivanilda de Aguiar, enfatiza que a iniciação científica é o primeiro passo para que os estudantes se familiarizem com a pesquisa. “A iniciação científica permite que jovens estudantes tenham a oportunidade de conhecer a pesquisa, dando a estes a oportunidade de, no futuro, atuarem como pesquisadores, dentro de suas áreas de formação”, ressalta. Maria Ivanilda de Aguiar pontua ainda que o desenvolvimento do projeto contribui ainda para estimular iniciativas que respondam a demandas localizadas nas cidades. “Os projetos de iniciação científica contribuem para aumento do conhecimento científico e geram informações que dão suporte para o desenvolvimento de projetos mais específicos e, às vezes, de execução mais complexas”, analisa a professora do IFPI

em Corrente. Essa pesquisa busca estudar a composição dos resíduos sólidos gerados na zona urbana de Corrente, bem como identificar o potencial de reutilização desses materiais e, para isso, desde julho de 2012, a professora vem orientando dois projetos de iniciação científica pelo Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC). “A primeira pesquisa é desenvolvida pelo estudante de Tecnologia em Gestão Ambiental, Israel Lobato Rocha, e trata da problemática do lixo urbano do município de Corrente, com ênfase na sua composição e potencial para reciclagem. A outra pesquisa é desenvolvida pela estudante do curso Técnico em Agronegócio, Samylla Gabrielle Pereira Rocha, e tem como objetivo avaliar a fauna edáfica como indicadora da qualidade do solo em diferentes tipos de uso agrícola”, explica Maria Ivanilda de Aguiar, que desenvolve a pesquisa através do Programa de Iniciação Científica Júnior (PIBICjr). A pesquisadora conta

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Análise permite apontar a qualidade do solo.

ainda que os projetos têm metodologias adequadas para o proposto, baseadas em fácil execução, pois, não há materiais e laboratórios equipados nos quais pudessem ser executadas análises mais específicas. Em Parnaíba, a pesquisa “Desenvolvimento de um sensor, baseado em análise de resposta em frequência, para análise de estabilidade oxidativa em óleos alimentícios”, orientada pelo Professor do IFPI em Parnaíba Wilson Rosas de Vasconcelos Neto, também precisa de mais recursos para a aquisição de recursos para consolidar os dados pesquisados. “Hoje em dia o ponto critico não é mais a disponibilidade de bolsas de fomento à iniciação cientifica, a dificuldade é o recurso financeiro para aquisição de material usado na pesquisa”, ressalta Wilson Rosas. O professor destaca que as entidades de fomento dispõem de grandes somas para apoiar projetos que atendam a núcleos de pesquisa formados por vários pesquisadores doutores que se unem em prol de uma linha de pesquisa. “A dificuldade reside no pesquisador, muitas vezes solitário, que está querendo dar início a alguma nova pesquisa inovadora e precisa catar migalhas, sobras, de outros projetos para dar o ponta pé inicial em suas pesquisas”, ressalta o pesquisador. A pesquisa desen-

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volvida a partir dos trabalhos do professor Wilson Rosas de Vasconcelos Neto é impulsionada principalmente pelas potencialidades do litoral piauiense em relação a óleos em diversas espécies. “Há cerca de 4 décadas, o Brasil inaugurou um processo bem interessante de despertar, nos seus graduandos, o interesse pelo novo, pela investigação cientifica, a busca por respostas que muitas vezes ainda não estavam nos livros. Foi a iniciação científica que levou muitos destes jovens daquela época, e continua levando, a se tornarem pesquisadores de instituições de ensino e pesquisa aqui dentro e fora do Brasil”, comenta o pesquisador sobre o crescimento da iniciação científica. Apesar das dificuldades, o professor do IFPI destaca que a iniciação científica é atualmente um caminho importante para que os estudantes possam fazer pesquisa. “Essa ideia brasileira serviu para criar excelência em várias áreas do conhecimento aqui no Brasil: um exemplo bem simples é o Butantan, que possui muitos brasileiros que começaram pela iniciação cientifica”, pontua Wilson Rosas de Vasconcelos Neto. Ele destaca também que, nos Institutos Federais, o PIBICjr estimula cada vez mais cedo os jovens a seguir a carreira com uma visão mais crítica e curiosa. Wilson Rosas de Vasconcelos Neto e

Bolsista Samylla fazendo a triagem dos invertebrados observados nas amostras.

Bolsista analisa material em campus da UFPI em Parnaíba.


essa ideia brasileira serviu para criar excelência em várias áreas do conhecimento aqui no Brasil: um exemplo bem simples é o Butantan, que possui muitos brasileiros que começaram pela iniciação cientifica. Wilson Rosas de Vasconcelos Neto

Pibicjr atrai novos alunos.

Professor Wilson Rosas Vasconcelos Neto.

Professora Maria Ivanilda de Aguiar - IFPI Campus Corrente.

Célula após análise de óleo.

Maria Ivanilda de Aguiar desenvolvem pesquisas há mais de 850 km de distância e concordam na necessidade de melhorar o aparelhamento para as pesquisas e dos avanços que a iniciação científica vem colecionando nos últimos anos no Piauí. Mas tem opiniões diferentes quando se trata de analisar o cenário de interiorização da pesquisa científica no Piauí. “Honestamente, desconheço a realidade de grande parte do interior piauiense, porém, aqui na região de Corrente, as iniciativas de incentivo à pesquisa dadas a estudantes e professores do IFPI, com concessão de bolsas, têm contribuído para que esta atividade se inicie, porém muito ainda precisa ser feito para possibilitar o deslanchar da pesquisa científica”, ressalta Maria Ivanilda de Aguiar. Já o professor do IFPI, em Parnaíba, destaca o exemplo do Núcleo de Pesquisa em Biodiversidade e Biotecnologia (Biotec), coordenado pelo Prof. Dr. José Roberto de Souza de Almeida Leite da Universidade Federal do Piauí (UFPI), em Parnaíba. Wilson Rosas de Vasconcelos Neto conta que o Biotec possui índices de produção científica comparados com os de grandes e prestigiados centros nacionais e já possui inclusive parcerias com universidades e centros de pesquisa de fora do País. “Porém falta ao Estado atingir a massa crítica de pesquisadores para que o estado do Piauí desponte realmente no cenário nacional”, analisa.

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Estudo investiga as suscetibilidades que a busca da beleza impõe aos jovens Pesquisadora busca entender o comportamento gerado no jovem a partir de um padrão de beleza imposto. Foto: sxc.hu

ufpi

Alinny Maria, Fernanda Ito Ota , Karuline Fernandes Patrícia de Aguiar Cavalcante, Pedro James, Valbia de Sousa Alunos do curso de Comunicação Social da UFPI

Jovens entre 20 e 25 anos são objeto de estudo.

“A

mídia divulga um ideal de corpo belo, um corpo a ser alcançado e este, geralmente, é representado por pessoas que mostram ser felizes, saudáveis e bem sucedidas, sendo exibidas na figura de atores, atrizes e modelos que estão na mídia. O público, de certa maneira, principalmente os jovens, passam a desejar esse corpo, esse padrão”. Essa fala sintetiza a premissa da qual parte a pesquisa realizada pela professora Dra. Ana Maria da Silva Rodrigues, que vem aprofundando, nos últimos anos, estudos relacionados à questão da imagem corporal, desenvolvidos pelas pessoas a partir da prática da atividade física. Mais especificamente, sua última pesquisa visa entender a relação da formação de uma imagem corporal, essencialmente, de jovens e a relação com a mídia.

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Os estudos comprovam a tese de que os jovens estão muito suscetíveis ao padrão dado pela mídia e como eles não possuem ou não conseguem o corpo determinado por esta, desenvolvem um nível de insatisfação corporal muito grande. Os dados obtidos até o momento atual da pesquisa mostram que 76% dos meninos entrevistados estão descontentes com seu corpo, e esse percentual sobe para 85% quando se refere às meninas. Procurando compreender esse sentimento de insatisfação, a pesquisadora percebe que o principal comportamento detectado é o desejo das meninas por emagrecer, perder gordura. Já os meninos querem desenvolver a massa muscular. A pesquisa foi feita entre jovens de onze a dezesseis anos, logo, indivíduos que não possuem formação física completa. São meninos e meninas que

ainda estão em processo de desenvolvimento corporal e, no entanto, desejam um corpo já definido. Apesar da forte influência da mídia, existem outros fatores que interferem, como a família, em específico as mães, que, de certa maneira, sofrem e absorvem esse ideal de corpo e de beleza e tentam impor aos filhos. Elas cobram, principalmente das meninas, que as filhas se alimentem melhor, procurem emagrecer e ficar dentro do padrão para não serem feias. Preocupação antiga Ana Maria da Silva Rodrigues é docente do Departamento de Comunicação Social da UFPI tem formação em Educação Física e Comunicação, com doutorado em Ciência da Informação (2004). A partir do doutorado, vem rea-


Foto: sxc.hu

lizando estudos sobre padrão de beleza corporal, práticas corporais, níveis de satisfação com a imagem corporal, entre outros. Atualmente a professora é também orientadora do Mestrado em Comunicação, na linha de pesquisa - mídia e produção de subjetividades, e pretende aprofundar os estudos no sentido de compreender melhor a influência da mídia em relação a essas questões do corpo, de como esta produz subjetividades a partir do incentivo às práticas corporais. Os resultados obtidos dos estudos até aqui pela pesquisadora são, para ela, preocupantes, pois a percepção é a de que a insatisfação corporal tem atingido indivíduos cada vez mais jovens; crianças a partir de sete anos já demonstram essa preocupação. Para a professora, as meninas pesquisadas são crianças que não deveriam estar preocupadas com este tipo de assunto, mas estar envolvidas com brincadeiras, com jogos e com atividades lúdicas. Contudo, elas se mostram preocupadas com a questão do corpo, da alimentação e em estar na moda etc. Outro estudo desenvolvido pela doutora escolheu, como objeto, mulheres com idade entre 20 e 25 anos, de diferentes classes sociais. O pressuposto era de que mulheres com níveis socioeconômicos mais baixos, talvez não estivessem tão preocupadas com a beleza. Entretanto, foi constatado que estas estão muito insatisfeitas com a aparência. Isso foi verificado, num grupo de mulheres que trabalhavam em um ateliê de costura, que praticavam atividade física e se preocupavam com a estética, em manter o cabelo, cuidar da pele do rosto, com uso de maquiagem e o uso de produtos de beleza. Constatou-se ainda o interesse destas em fazer cirurgia plástica. Já as mulheres de nível socioeconômico mais elevado procuram clínicas de estética e academia. A única diferença entre os dois grupos é que as mulheres de menor poder aquisitivo buscam absorver suas limitações e realizar os

Meninas querem perder gordura e garotos ganhar masssa muscular.

cuidados estéticos, adequando-os às suas possibilidades financeiras. Como elas não têm condição de estar em um ambiente onde a prática de atividade física seja sistemática, como, por exemplo, a musculação, fazem caminhada. Entretanto, procuram sistematizar essa prática, mantendo regularidade de, pelo menos, três vezes por semana. Isso mostra que elas também estão preocupadas em manter um padrão de corpo tido como ideal. A referência em perder gordura, em emagrecer, é o modelo de mulher bonita da mídia, inclusive a internacional. A Gisele Bündchen permanece como um exemplo, seu biótipo é muito próprio, não é fácil se chegar a ele, mesmo com exercício, dietas ou cirurgias plásticas. Ela é bastante alta, longilínea, magra e possui um cabelo exuberante. Existe a questão da individualidade biológica, cada indivíduo é um ser único e este padrão torna-se praticamente inalcançável.

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reDe Poti

Por Eline Reis

rede ipê e rede poti rompem as barreiras tecnológicas em benefício da pesquisa Desde julho de 2012, está em funcionamento em Teresina uma rede que mantém interligadas as instituições de ensino e pesquisa da Capital. Essa rede recebe o nome de Poti, em homenagem ao rio que corta a cidade. Ela é, na verdade, parte de um amplo projeto coordenado pela Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), uma organização social que está vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Informação (MCTI). A Redecomep (Redes Comunitárias de Educação e Pesquisa), como é genericamente denominado o projeto, consiste na implantação de redes de alta velocidade nas regiões metropolitanas do país. O projeto surgiu para complementar, em nível metropolitano, a nova infraestrutura nacional de alta capacidade para apoio à comunidade acadêmica. Da Rede Ipê à Rede Poti A Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) está ampliando sua infraestrutura de acesso e conexão. O trabalho desenvolvido pela RNP visa manter interligadas todas as instituições de ensino e pesquisa do Brasil, além de desenvolver novas tecnologias que aprimorem essa conexão. A Rede Ipê é uma infraestrutura de rede, que via internet, conecta universidades e institutos de pesquisa do Brasil. Ela está presente em todos os Estados da federação, por meio dos Pontos de Presença da RNP (PoPs), que se configuram como suportes da RNP junto às instituições em todo o Brasil. O Ponto de Presença da RNP no Piauí (PoP-PI) atua como provedor de serviços de comunicação em rede para os centros de pesquisa do Estado. “Em cada Estado do Brasil, tem um

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PoP, aqui, temos o PoP-PI. Nós nos relacionamos diretamente com as instituições de ensino e pesquisa locais. Portanto, em tudo que se refere à interligação em redes, implementação de equipamento novo e demais serviços de comunicação para esses centros, o PoP-PI está atuando”, esclarece o Coordenador Técnico do PoP-PI, Madson Santos. Para consolidar os benefícios dos serviços oferecidos pelo PoP-PI, surge a Redecomep. Ela permite que a comunidade acadêmica em Teresina usufrua melhor da conexão em alta velocidade oferecida pelo Ponto de Presença. De acordo como o coordenador administrativo do PoP-PI, Carlos Giovanni, antes da instalação da Rede Poti, a troca de informações entre centros de pesquisa e o Ponto de Presença era lenta e onerosa, tendo em vista que a conexão das instituições era feita por meio de contratos com operadoras privadas de serviços de internet. A fibra óptica da Rede Poti otimiza essa relação tanto entre centros de pesquisa quanto a comunicação destes

com o PoP-PI, que, por sua vez, permite a interligação em rede nacional. Em Teresina, as instituições que integram a Rede Poti são: Universidade Federal do Piauí (UFPI), Universidade Estadual do Piauí (Uespi), Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí (IFPI), Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Piauí (FAPEPI) e Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Hospital Getulio Vargas (HGV), Maternidade Dona Evangelina Rosa (MDER), além da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Tecnológico do Piauí (SEDET). Elas estão interligadas por meio de uma infraestrutura de fibra óptica que permite a comunicação intra e interinstitucional de forma mais ágil. Para o Presidente do Comitê Gestor da Rede Poti, professor Guilherme Amaral, a implantação de redes de comunicação metropolitanas é muito importante para a promoção do ensino e da pesquisa em grandes cidades brasileiras. “Foi disponibilizado um instrumento que pode ser


Foto: Eline Reis

Guilherme Amaral é presidente do Comitê Gestor da Rede Poti.

utilizado de inúmeras maneiras em prol da pesquisa”, comenta o professor. Ele explica que o benefício mais visível, em princípio, é a maior velocidade dos serviços de internet, que hoje pode atingir até um 1Gbps (gigabits). “A UFPI, maior consumidora desse serviço, mantinha uma comunicação com o PoP-PI, via rádio, que chegava a um pico máximo de 60 megabits de velocidade. Com a implantação da Rede Poti, a gente tem uma velocidade bem maior”, ressalta Guilherme Amaral. Além de possibilitar o acesso rápido à internet, a Rede permite outras aplicações, como realização de videoconferência; digitalização de acervo bibliográfico, a exemplo da Biblioteca Nacional no Rio de Janeiro; aplicação à arte e cultura, com a teleperformance utilizada na Universidade Federal da Bahia (UFBA); a telemedicina, por meio do projeto Rute (Rede Universitária de Telemedicina), que contribui para o aprimoramento de projetos em telemedicina já existentes e incentiva o surgimento de futuros trabalhos interinstitucionais. Vários projetos que contribuam para a disseminação do conhecimento podem ser concretizados por meio da Redecomep, assim, a Rede Poti integrada à Rede Ipê disponibiliza todo um aparato tecnológico em benefício do ensino e da pesquisa, com custo relativamente baixo se comparado

com a infraestrutura de acesso oferecida pelas operadoras privadas. Desafios Embora esteja funcionando há menos de 1 ano, existem planos para o aperfeiçoamento da infraestrutura da Rede Poti. Segundo o presidente do Comitê Gestor, a velocidade de 1 Gbps, alcançada hoje pela fibra óptica, já é considerada obsoleta, entretanto, a fibra tem duração de mais de 20 anos e sua capacidade máxima ainda é desconhecida, pois esse é um fator que depende, principalmente, do conjunto de

equipamentos que são utilizados para operacionalizar a fibra óptica. A Redecomep é financiada com recursos da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), porém, para participar da iniciativa, é necessário que as instituições disponibilizem pessoal técnico com formação em operação e gerenciamento de redes IP. Além disso, são elas também que devem formar um consórcio para a manutenção e aprimoramento da infraestrutura criada pelo governo federal. Guilherme Amaral pontua que, apesar de a Redecomep estar presente em diversas regiões do país, não existe um modelo de gestão financeira para essas redes metropolitanas. Cada uma delas desenvolve um modelo que atenda às suas necessidades peculiares. Dessa forma, as instituições parceiras, juntamente com o Comitê Gestor da Rede Poti, precisam discutir a melhor maneira de captar recursos para mantê-la em pleno funcionamento. “Cada instituição pagaria um valor mensal, para que possamos fazer a manutenção preventiva, corretiva e a evolução dessa infraestrutura. Nós estamos na fase de levantamento de custos, para depois definir o valor que cada uma das consorciadas pagará. Esse consórcio é muito importante, porque todas as instituições hoje são beneficiadas por uma rede de alta velocidade com custos relativamente baixos. Por isso, devemos fazer grande esforço para esse consórcio funcionar”, finaliza o presidente. Foto: Eline Reis

Coordenador técnico do PoP-PI, Madson Santos.

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teses

ricardo de andrade Lira rabêlo

José ricardo rodrigues Duarte

Universidade Estadual do Piauí, Centro de Tecnologia e Urbanismo Defesa: Universidade de São Paulo, Escola de Engenharia de São Carlos, 2010 • ricardor_usp@ieee.org

Componentes de Software no Planejamento da Operação Energética de Sistemas Hidrotérmicos

Sistemas dinâmicos excitáveis sob a ação de ruídos não gaussianos

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A

planejamento da operação de sistemas hidrotérmicos pode ser classificado como um problema de um sistema acoplado no tempo e no espaço, não linear, não convexo, estocástico e de grande porte. A complexidade do problema justifica a necessidade de utilização de diversas ferramentas computacionais com abordagens variadas. Este trabalho tem como objetivo de realizar estudos de estudos relacionados ao planejamento da operação energética de sistemas hidrotérmicos de geração, pela aplicação de componentes de software e de sistemas de inferência fuzzy. Pretende-se apresentar e aplicar um processo de desenvolvimento (UML Components), baseado em componentes de software, para a construção de modelos computacionais de simulação e otimização para servir de apoio ao planejamento da operação energética do sistema hidrotérmico brasileiro. O processo de desenvolvimento UML Components é aplicado de forma a nortear o desenvolvimento do software, para englobar as diferentes atividades realizadas nos fluxos de trabalho, além de incluir os vários artefatos produzidos. Como contribuição adicional, paralelamente ao uso dos componentes de software, este trabalho apresenta uma política de operação energética para reservatórios baseada em sistemas de inferência fuzzy Takagi-Sugeno. A política proposta é baseada na otimização da operação energética das usinas hidroelétricas, empregando o modelo de otimização desenvolvido. Com a operação energética otimizada, obtêm-se as relações entre a energia armazenada do sistema e o volume útil operativo de cada usina a reservatório. A partir dessas relações, são ajustados os parâmetros do modelo Takagi-Sugeno de ordem um. Ao optarse por um sistema de inferência fuzzy para determinar a política de operação energética de um conjunto de reservatórios, obtém-se uma estratégia de ação/controle que pode ser monitorada e interpretada, inclusive do ponto de vista linguístico. Outra vantagem na aplicação de sistemas fuzzy deve-se ao fato de os operadores humanos (especialistas) poderem traduzir, de forma consistente, e em termos de regras linguísticas, o seu processo de tomada de decisões, fazendo com que a ação do sistema fuzzy seja tão fundamentada e consistente quanto à deles.

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Professor do Departamento de Física – IFPI Defesa: Instituto de Física - UFAL, 2011 jrrduarte@gmail.com

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compreensão dos mecanismos de transmissão de sinais e transporte direcionado de partículas em sistemas físicos fora do equilíbrio termodinâmico é de grande interesse para diversas áreas emergentes. As modelagens e simulações desses mecanismos envolvem uma dinâmica estocástica, ou seja, levam em consideração as flutuações térmicas (ruídos), inevitáveis para qualquer sistema real que interage com seu meio. É comum na literatura atual o uso de modelagens estocásticas que utilizam distribuições gaussianas descorrelacionas para representar as flutuações. No entanto, há um número crescente de trabalhos que relatam a ocorrência de flutuações correlacionadas, principalmente em sistemas biológicos. Nesta tese, utilizando-se técnicas da Mecânica Estatística de não equilíbrio, foi possível o estudo da influência da distribuição estocástica sobre as propriedades de dois modelos dinâmicos bioinspirados. No primeiro, foi analisada a influência da distribuição sobre a transmissão de sinapses entre neurônios, utilizando o modelo LIF (Leaky Integrate-and-Fire). A distribuição dos tempos de primeira passagem apresentou picos que identificaram a escala de tempo característica do sinal subliminar para um mínimo da intensidade de ruído ótimo, assinalando uma condição de ressonância estocástica. No segundo modelo, foram abordadas a dinâmica de motores moleculares (ou motores brownianos) e o mecanismo conhecido como efeito catraca pulsado. As flutuações de grande amplitude influenciaram sobremaneira a corrente média de partículas, sendo que esta alcançou seu valor máximo para um valor finito e intermediário do expoente da distribuição. Apesar de não existir uma conexão explícita e direta entre estes dois sistemas, as duas condições de otimização observadas foram acentuadas à medida que a distribuição das flutuações desviava-se do caráter gaussiano descorrelacionado. É possível que as condições de otimização aqui relatadas, de forma mais acentuada para distribuições não gaussianas e correlacionadas, possam também contribuir para o estudo sobre a eficiência de uma variedade maior de sistemas em micro e nanoescala.


erick Baptista passos

Pesquisador CAPES e Professor da Universidade Federal do Piauí Defesa: Universidade Federal do Ceará, 2012. isaias@ufpi.edu.br

Observações sobre o controle hierárquico para as equações do calor e da onda em domínios ilimitados e em domínios com fronteira variável

P

roblemas de otimização aparecem com bastante frequência em uma série de problemas de ciências da engenharia e economia. Muitos modelos matemáticos são formulados em termos de problemas de otimização, envolvendo um único objetivo: minimizar custos ou maximizar o lucro, etc. Em situações mais realistas e relevantes, diversos objetivos (em geral conflitantes) devem ser considerados. Em um problema clássico de controle mono-objetivo para um sistema modelado por uma equação diferencial, existe um controle v, atuando na equação e tentando atingir um objetivo pré-determinado, geralmente consistindo em minimizar um funcional J(.). Quando não existe uma restrição no espaço de controle e o funcional J satisfaz algumas hipóteses adequadas, existe uma única solução u para o problema de controle, que é determinada pela condição de otimalidade gradiente J(u) = 0. Em um problema de controle multiobjectivo, existe mais do que um objetivo; possivelmente mais que um controle atuando sobre a equação. Agora, em contraste com o caso de um único objetivo, existem várias estratégias de forma a escolher os controles, dependendo da natureza do problema. Estas estratégias podem ser cooperativas (quando os controles cooperam entre eles, a fim de alcançar os objetivos), não-cooperativas, hierárquicas etc. Equilíbrio de Nash define uma estratégia de otimização nãocooperativa múltiplo-objetiva, inicialmente proposto por Nash. Desde que teve origem na teoria dos jogos e economia, a noção de jogador é frequentemente utilizado. Para um problema de otimização com G objetivos (ou funcionais Ji a ser minimizados), uma estratégia de Nash consiste em ter G jogadores (ou controles vi), cada um deles otimizando seu próprio critério. No entanto, cada jogador tem que otimizar seu critério, uma vez que todos os outros critérios são fixados pelo resto dos jogadores. Quando nenhum jogador pode melhorar ainda mais o seu critério, isso quer dizer que o sistema atingiu um estado de equilíbrio de Nash. Existem outras estratégias para otimização multiobjetiva, como a estratégia de Pareto (coopertivo) e a estratégia de Stackelberg (hierárquico) etc.

teses

isaías pereira de Jesus

Professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (PI), pesquisador visitante no MIT Defesa: Universidade Federal Fluminense, 2012 erickpassos@gmail.com

PNF-Story: Um modelo para enredos baseado na propagação de restrições temporais

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arrativas são uma parte inerente à experiência humana, e a pesquisa na linha storytelling visa entender e melhorar a criação, análise e apresentação tanto de narrativas passivas quanto de estórias interativas. Muitos trabalhos anteriores focam no desafio de substituir o autor humano através da geração automática de enredos, sem se preocupar demais com a forma e estrutura de representação dos eventos que compõem a estória, sendo a maioria desses trabalhos baseados no modelo de planos para a representação de narrativas (um grafo onde nós são eventos e as arestas relações de precedência). Entretanto, planos conseguem representar apenas uma das possíveis relações temporais, precedência, para organizar estruturalmente a sequência dos eventos constituintes. Nessa tese, propõe-se um modelo hierárquico para enredos, baseado em uma álgebra de relações temporais fortes entre eventos, um conjunto de algoritmos e estruturas de dados para a composição dinâmica desses enredos, e uma rede extensível e programável de personagens e objetos, para modelar emoções e inter-relações através de atributos numéricos. Esse modelo temporal forte permite a representação de todos os tipos de relações temporais observadas entre acontecimentos do mundo real. Também foi desenvolvida uma heurística para a propagação do estado temporal dos eventos do enredo, simulando o desenrolar da estória, e consequentemente as mudanças no estado dos personagens e objetos. As aplicações desse trabalho variam desde a criação de ferramentas de apoio a autoria de estórias, quanto problemas mais complexos como a análise estrutural e de similaridade entre enredos e estórias, factuais ou não.

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Parceiros

universidade estadual do piauí-uespi Luana Torres • Estagiária ASCOM/UESPI Revisão: Sammara Jericó

professora da uespi desenvolve pesquisa sobre calazar

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e acordo com a Fundação Nacional de Saúde (FUNASA), a Leishmaniose Visceral (LV), popularmente conhecida como Calazar, é uma zoonose causada pelo protozoário Leishmania infantum chagasi. É transmitida pela picada de fêmeas do flebotomíneo Lutzomyia longipalpis, conhecido também como mosquito palha ou biriguis. Estes mosquitos podem infectar animais tanto em meio silvestre quanto em meio urbano. Em ambiente silvestre, raposas e marsupiais são tidos como principais reservatórios, já, em meio urbano, cães domésticos assumem importância na cadeia epidemiológica da LV humana. O Calazar é uma doença crônica, caracterizada pela febre de longa duração e outras manifestações. Quando não tratada, pode evoluir para óbito rapidamente após o aparecimento da sintomatologia. Em 2011, no Nordeste, foram notificados 1.832 casos humanos de Calazar, e o Piauí contribuiu para esta estatística com 202 casos, tendo 15 óbitos. Em áreas endêmicas, a prevalência de Leishmaniose Visceral Canina (LVC) é alta e, geralmente, precede a ocorrência de casos humanos. Com base nesses estudos, a doutoranda em Ciência Animal na Universidade Federal do Piauí (UFPI) e professora Assistente da Universidade Estadual do Piauí

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Resultado de pesquisa levou Simone Mousinho a congressos nacionais e internacionais.

(UESPI), Simone Mousinho desenvolveu, ao longo de dois anos, uma pesquisa intitulada “Células T reguladoras (T reg) e sua relação com as alterações esplênicas e com as manifestações clínicas de cães naturalmente infectados com Leishmania (Leishmania) chagasi”, com o objetivo de avaliar, em baço e pele de cães, a participação de células T reg na modulação da resposta frente à infecção por leishmania e relacionar a sua presença com a intensidade das manifestações clínicas e alterações do órgão em cães sintomáticos e assintomáticos. No Brasil, o cão doméstico é incriminado como sendo o principal reservatório de infecção por leishmanias, contudo, ainda não se sabe o verdadeiro papel deste animal na cadeia epidemiológica da doença. Segundo a professora

Simone Mousinho, na literatura estudada, foi observado que, tanto nos cães como nos homens infectados naturalmente pela Leishmania infantum chagasi, ocorrem alterações no baço devido à proliferação de parasitas em macrófagos, o que, por sua vez, provoca aumento de volume deste órgão. No processo de regulação da infecção leishmaniótica, papel importante tem sido conferido às células T reg (T regulatórias), que constituem uma subpopulação de células T, diferenciam-se no timo e são encontradas no sangue periférico e em órgãos linfoides secundários. Tais células expressam constitutivamente a cadeia α do receptor de IL-2, conhecido como CD25 e expressam o gene Foxp3 como principal marcador, assim como o antígeno 4 intracelular de linfócitos T citotóxico (CTLA-4). “Diante do pouco conhecimento sobre a relação existente entre a carga parasitária, as alterações do baço, as manifestações clínicas da LV e a participação das células T reg na resposta à infecção por leishmania, os resultados deste estudo podem permitir o aprofundamento dos conhecimentos sobre aspectos patológicos e imunopatológicos das alterações do baço em cães naturalmente infectados pela L. infantum chagasi, e sua relação com as manifestações clínicas desenvolvidas por estes animais”, revela a pesquisadora.


Sobre a metodologia utilizada durante a pesquisa, Simone Mousinho explica que foram coletadas células esplênicas de cães com Calazar e analisadas pela técnica de Citometria de fluxo e, até o momento, a pesquisadora dispõe de dados disponíveis sobre a resposta das células T reg em baço de cão e está iniciando a pesquisa destas mesmas células agora na pele. Para ela, os resultados desta pesquisa se mostram muito significativos, pois contribuem para entender melhor como acontece a participação destas células T regulatórias frente à infecção por leishmania em cães, para a caracterização das manifestações clínicas da LV canina em área endêmica e para o entendimento da patogenia das lesões de baço e pele em cães sintomáticos e assintomáticos, bem como a relação entre as manifestações clínicas apresentadas por estes animais e a presença das células T reg. Vale ressaltar que esta pesquisa, realizada pela docente da UESPI, fez parte do seu Mestrado em Ciência Animal na UFPI em parceria com a Universidade de São Paulo (USP). Simone Mousinho continua desenvolvendo sua pesquisa na UESPI, em parceria com a UFPI e a USP, avaliando estas células em pele de cão. Com os resultados já obtidos, o projeto rendeu à pesquisadora diversas apresentações em Congressos nacionais e internacionais, dentre eles o 7th European Congress on Tropical Medicine, em Barcelona, na Espanha, em outubro de 2011, e no Congresso Internacional de Medicina Tropical realizado no Rio de Janeiro, em setembro de 2012. “Espero que, com a realização deste projeto, possamos contribuir com informações básicas para um melhor conhecimento da LV urbana e da importância dos cães no ciclo infeccioso da doença. Além disso, servirá para a formação de material humano com o treinamento de alunos de iniciação científica, que terão a oportunidade de vivenciar várias técnicas laboratoriais na área de patologia, imunopatologia e protozoologia”, finaliza.

Nos centros urbanos a transmissão do protozoário Leishmania infantum chagasi é potencializada por conta do grande número de cães.

o calazar é uma doença crônica, caracterizada pela febre de longa duração e outras manifestações. sapiência 33 Publicação Científica da FAPEPI

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Dicas De Livros JÚLio romão Da siLVa

ENTRE O FORMÃO, A PENA E A FLECHA Autor: Ací Campelo e Elio Ferreira Número de páginas: 442 elioferreira@yahoo.com.br

O livro reúne várias obras de Júlio Romão da Silva e parte da fortuna crítica, tais como artigos biográficos e ensaios de crítica literária sobre a obra do autor; entrevistas colhidas em periódicos, jornais e através da decupagem de gravações; iconografia; artigos escritos pelo autor sobre política, literatura e outros ensaios biográficos. Júlio Romão da Silva nasceu em Teresina. É considerado um dos homens mais eruditos do Brasil, escritor versátil e fecundo, com mais de quarenta obras publicadas, funcionário aposentado pelo IBGE, jornalista, professor, historiador, geógrafo, biógrafo, sertanista, crítico literário, dramaturgo, poeta, etnolinguista, pesquisador da língua Tupy. Foi também um dos fundadores do Movimento da Negritude Brasileira e membro do partido Comunista. Romão faleceu, recentemente, aos 95 anos de idade, deixando um legado cultural, literário e jornalístico para o Piauí e, por que não dizer, para o Brasil.

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Dicas De Livros

o saci É VerDe UM EXEMPLO DE ARBORIZAÇÃO EM TERESINA

a cuLpa De a VioLência persistir, tamBÉm, É sua!

sons Do sertão

LUIZ GONZAGA, MÚSICA E IDENTIDADE

Autor: José Marques de Souza Filho (Zemarx) Número de páginas: 102 zemarx@gmail.com

Autor: José Soares Número de páginas: 180 capjosesoarespmpi@gmail.com

Autor: Jonas Rodrigues de Moraes Número de páginas: 294 jonasacroa@yahoo.com.br

O livro O Saci é verde tem caráter estritamente jornalístico e seu objetivo é dar o exemplo de que é possível, por meio das iniciativas individuais e coletivas de uma comunidade, modificar a paisagem urbana de Teresina, buscando valorizar os espaços de arborização. Para o autor e jornalista Zermarx, a obra vai mobilizar Teresina em prol da arborização.

A obra sugere uma reflexão sobre as principais causas da violência e sobre a maneira como os cidadãos deveriam agir para combater a violência à luz da Palavra de Deus. No livro, o autor afirma que, além dos órgãos legais constituídos, todos os indivíduos são, direta ou indiretamente, responsáveis pelos acontecimentos de nossa sociedade, sejam eles positivos ou negativos.

A obra discorre sobre a produção musical e a trajetória artística de Luiz Gonzaga, precisamente sobre a invenção do baião e os outros gêneros apropriados pelo sanfoneiro, os quais serviram como discursos fundantes desses marcadores identitários. As músicas (letras e ritmos) e a performance do autor serviram como táticas discursivas para a construção de um imaginário de Nordeste.

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conseLHeiros

Uma das seções novas para este novo formato da Sapiência é uma página dedicada especialmente aos membros do Conselho Editorial desta publicação. Conheça um pouco mais a respeito de cada um dos membros:

ADEMIR SÉRGIO FERREIRA DE ARAÚJO Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Agronomia-Produção Vegetal (PPGA) e docente permanente do mestrado em Agronomia-Solos e Nutrição de Plantas (PPGSNP), ambos da UFPI. Tem experiência na área de Agronomia-Ciência do Solo, com ênfase em Microbiologia e Bioquímica do Solo.

FRANCISCO CHAGAS OLIVEIRA ATANÁSIO Professor Assistente I da Universidade Estadual do Piauí, campus Ariston Dias Lima São Raimundo Nonato. Tem a produção de identidades, o estudo das memórias, literatura, representações sociais e antropologia histórica como eixos centrais de sua pesquisa. Atualmente, também faz incursão por temas, como: biografia, história política.

ANA REGINA BARROS RÊGO LEAL Atua como professora no Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal do Piauí. Tem experiência na área de Comunicação Corporativa e desenvolve pesquisas em assessoria de imprensa, teorias do jornalismo, ética, webjornalismo e história da imprensa.

JOÃO BATISTA LOPES Pós-doutor pelo Centro de Energia Nuclear na Agricultura da Universidade de São Paulo e professor associado do Departamento de Zootecnia do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Piauí. Participa como orientador dos cursos de mestrados e doutorados dos Programas de Pós-Graduação em Ciência Animal e Desenvolvimento e Meio Ambiente, ambos da UFPI. Fez parte do grupo que atuou no processo de criação da Fapepi.

ANTÔNIA JESUÍTA DE LIMA Doutora pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Atualmente é professora associada da Universidade Federal do Piauí. Tem experiência na área de Sociologia, com ênfase em Direitos Sociais, atuando principalmente nos seguintes temas: políticas públicas, pobreza urbana, espaço urbano, cidade e gestão democrática. BÁRBARA OLÍMPIA RAMOS DE MELO Presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Piauí – FAPEPI, Professora Adjunta I da Uespi, Doutora pela Universidade Federal do Ceará, desenvolve pesquisa na área de Linguística nas temáticas: letramento, argumentação, letramento digital, gêneros textuais, gêneros digitais, educação a distância e educação de jovens e adultos. DIÓGENES BUENOS AIRES DE CARVALHO Doutor em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul e professor Adjunto I da Universidade Estadual do Piauí, atuando na Graduação em Letras e no Mestrado em Letras. Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Teoria Literária, atuando nos temas: estética da recepção, literatura infantil e juvenil, leitura literária.

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RAIMUNDO ISÍDIO DE SOUSA Professor Assistente da Universidade Estadual do Piauí (Uespi), Diretor Adjunto do Núcleo de Educação a Distância da Uespi, Mestre em Estudos de Linguagem, tem experiência na área de Letras, Linguística, com ênfase nos seguintes temas: análise de discurso, educação a distância, heterogeneidade discursiva e leitura. RICARDO DE ANDRADE LIRA RABÊLO Doutor em Ciências (Engenharia Elétrica), na Universidade de São Paulo, USP, Escola de Engenharia de São Carlos, EESC. Suas áreas de interesse são: Fundamentos e Aplicações de Sistemas Inteligentes, Robótica Móvel, Redes de Sensores Sem Fio e Sistemas Elétricos de Potência. É diretor técnico-científico da Fapepi. RIVELILSON MENDES DE FREITAS Pós-doutor na Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra e no Grupo de Investigação Redox Biology in Health and Disease do Centro de Neurociências e Biologia Celular e professor Adjunto III do Curso de Graduação em Farmácia e Coordenador do Programa de Pós-graduação em Ciências Farmacêuticas da Universidade Federal do Piauí.


A FAPEPI é a única agência de fomento ao desenvolvimento científico e tecnológico do Piauí. Fundada em 1993, em homenagem ao Professor Afonso Sena Gonçalves, a FAPEPI fomenta diversos projetos e parcerias voltadas ao desenvolvimento científico do Estado. É uma fundação do Governo Estadual, vinculada à Secretaria do Trabalho e do Desenvolvimento Econômico e Tecnológico (SEDET) com recursos financeiros assegurados pela Constituição do Estado.

COMO ATUA * Financia total ou parcialmente projetos de pesquisas individuais ou institucionais. * Fortalece programas de pós-graduação do Estado concedendo bolsas de Mestrado e Doutorado. * Promove e subvenciona a publicação e divulgação dos resultados das pesquisas e apoia a participação de pesquisadores em eventos. * Incentiva a qualificação de pesquisadores, concedendo bolsas de Mestrado e Doutorado. * Apoia à realização de eventos técnico-científicos no Estado. PROGRAMAS DESENVOLVIDOS PELA FAPEPI A FAPEPI conta com diversos programas de destaque que estão consolidados. Conheça um pouco mais da presença da FAPEPI na comunidade científica piauiense: *Programa Pesquisa para o SUS (PPSUS): apoia pesquisas integradas ao Sistema Único de Saúde (SUS). *Programa Bolsa de Iniciação Científica Júnior (PIBIC-Jr.): fomenta a iniciação científica no ensino médio e profissionalizante. *Programa de Desenvolvimento Científico Regional (DCR): apoia a fixação de doutores que

desenvolvem pesquisas voltadas para a realidade regional. *Programa de Auxílios para Organização de Reunião Científica: apoia a organização de eventos científicos e/ou tecnológicos realizados no estado do Piauí. *Programa de Apoio a Núcleos de Excelência (Pronex): fomenta grupos de pesquisa já consolidados. *Programa Primeiros Projetos (PPP): Apoia a aquisição, instalação, modernização, ampliação ou recuperação da infraestrutura de pesquisa científica para recém-doutores. PARCERIAS DE SUCESSO IMPLEMENTADAS ATRAVÉS DA FAPEPI Outros programas foram implementados pela FAPEPI em parceria com órgãos federais: * A REDECOMEP em conjunto com a FAPEPI efetivou projeto que visa implementar redes de alta velocidade nas regiões metropolitanas através de pontos de presença da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa – RNP. *GERATEC – convênio envolvendo UESPI, UFPI e IFPI, com financiamento da FINEP/Governo do Estado do Piauí para desenvolvimento da cadeia produtiva do babaçu.



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