Ricardo Beccari - Fotografia - Revista Abigraf 263

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F OTOG R A F I A

“As coisas são mais belas quando vistas de cima”. Santos Dumont

Tânia Galluzzi

Ricardo Beccari


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Na trilha do vento 1 (página dupla anterior) Cirrus SR 22, 2012 2 Esquadrilha da Fumaça, dorsal sobre Nordeste, 2012 3 Audi A4, 2012 4 Esquadrilha da Fumaça sobre Juazeiro do Norte, 2012

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m se tratando de avia­ç ão, Ricardo Beccari, 47 anos, é quase uma unanimidade. Considerado um dos melhores fotógrafos de avia­ção do Brasil e do mundo, Beccari, como descreve o jornalista Wil­l iam ­Waack, é capaz de transformar o “ser vivo” de metal que é um ­avião em algo com rosto, com personalidade, interpretando de forma única aquilo que só quem gosta de avia­ção consegue identificar. Se não fosse pela teimosia, Beccari seria piloto como o pai e o irmão. Aos nove anos, insistindo até as lágrimas para que seu pai lhe emprestasse a câmera dele, fez sua primeira foto. Gostou da coisa e aos 15 anos espalhava para quem quisesse ouvir que queria ser fotógrafo. A ideia caiu nos ouvidos de uma professora, que lhe indicou uma pequena agência de publicidade. O papo com o dono da agência não ajudou muito, mas fez que ele percebesse que teria de estudar fotografia. A primeira foto pro­f is­sio­nal aconteceu em 1982, no Aeroclube de São Paulo. E não foi de

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uma ae­ro­na­ve não. O dinheiro que conseguiu com a fotografia veio dos cliques de um grupo de veteranos. Rendendo-se à paixão da família, Beccari ia para o Campo de Marte, fotografava os ­aviões e seus pilotos e vendia as fotos aos retratados. Já o batismo no ar se deu em 1984, com imagens de helicópteros para as po­lí­cias civil e militar. Mas a carreira só engrenou mesmo com o cargo de assistente do fotógrafo Dimitri Lee, que o ajudou a desenhar seus passos na fotografia publicitária. Em 1986, Beccari montou um estúdio, brigando por seu espaço nas ­­áreas de produto, gente e arquitetura. Motivado pela boa receptividade de suas imagens, procurou a revista ­Avião Revue, fotografando as ae­ro­na­ves do solo. Em 1999 3

5 Canal de Chicago, 2010 6 BR Aviation, 2012 7 Esquadrilha da Fumaça sobre o Caribe, 2010 8 Square Circle, Londres, 2008

Americana —, Beccari não é remunerado por essa atividade. É pura paixão. Durante o período em que participam da Fumaça, os integrantes da Aeronáutica continuam recebendo seus salários habituais, nada além por integrarem a esquadrilha. Esse sentimento virou livro em 2012, com Na Trilha da “Fumaça”, impresso pela Halley Gráfica e Editora. “Livro sobre a Fumaça tem um monte, então decidi mostrar os lugares por onde a esquadrilha passou nos últimos anos”. A obra reú­ne 174 imagens do grupo em ação e em terra, começando por Pirassununga, o “ninho das águias”, onde está a Academia da Força

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Aérea Brasileira, passando por vá­r ias re­giões do Brasil e do mundo, como Len­çóis Maranhenses, Chile, Caribe, Estados Unidos e Europa. Pro­f is­sio­nal pre­mia­do, um dos poucos fotógrafos no mundo a ter cre­den­cial para circular pelas pistas da maior feira de avia­ção do mundo, a Airventure Oshkosh, nos Estados Unidos, Beccari planeja lançar um livro sobre voos acrobáticos. Pretende também via­jar menos em 2013, dedicando mais tempo à fotografia autoral. O que não significa mais tempo com os pés no chão. O que ele quer mesmo é estar atado à fuselagem de um ­avião, voan­do de porta aberta, transformando a habilidade, a perícia e a audácia dos pilotos em imagens de tirar o fôlego.

passou a contribuir para a revista Aero Magazine. “Meu trabalho começou a chamar a atenção de empresas como a Em­braer e aí não parei mais”. Hoje, na sua lista de clien­tes figuram marcas como Cirrus Aircraft Brasil & USA , Helipark, JP Martins Avia­ção, Linford Avia­tion e TAM. Sem dúvida o di­fe­ren­cial de Beccari vem de berço. Além do conhecimento transmitido pelo pai e pelo irmão, ele próprio brevetou em 1982. Mesmo mantendo um pé na publicidade, Beccari passa de quatro a cinco meses por ano via­jan­do para fotografar ­aviões, do chão e no ar, incluindo o tempo dedicado ao Esquadrão de Demonstração Aérea da Força Aérea Brasileira, a mun­ dial­men­te conhecida “Esquadrilha da Fumaça”.

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Paixão mútua

Como disse outro jornalista, Vinícius Dônola, a Fumaça tem um hangar no coração de Beccari e a recíproca é verdadeira. Tanto é que o fotógrafo recebeu do esquadrão sua mais alta honraria, o título de membro honorário. Assim como os 13 pilotos e as quase 50 pes­ soas que formam a equipe de apoio da segunda esquadrilha acrobática mais antiga do mundo — atrás apenas dos Blue Angels, da Marinha

108 REVISTA ABIGR AF  janeiro /fevereiro 2013

& RICARDO BECCARI Tel. (11) 5083.2421 beccari@airplane.com.br www.airplane.com.br

109 janeiro /fevereiro 2013  REVISTA ABIGR AF


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