TATAME #263 - Especial Sylvio Behring

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SETEMBRO 2020


TATA M E # 2 6 3

#SYLVIOBEHRINGASSOCIATION


SETEMBRO 2020

SBAJJ.COM


EDITORIAL

O legado de

Sylvio Behring Nesta edição especial da TATAME, seguimos com a série “Grandes nomes da luta”, que após trazer a multicampeã, mãe e empreendedora Kyra Gracie em sua estreia, retorna com outra referência do Jiu-Jitsu, o Mestre Sylvio Behring, faixa-coral oitavo grau. Criador do Sistema Progressivo de Jiu-Jitsu e do GPCI (Gerenciamento Progressivo de Comportamento Inconveniente), defensor da Defesa Pessoal, presidente da CBJJD e formador de campeões, Sylvio coleciona feitos transformadores, dentro e fora dos tatames. Na matéria de capa da TATAME #263, batemos um papo especial com o Mestre, que em entrevista sincera, relembrou sua trajetória no Jiu-Jitsu e, entre outros temas, se mostrou preocupado com o caminho que o esporte vem tomando.

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Para completar, conversamos com várias pessoas que cercaram e cercam Behring em sua caminhada. Nomes como seu pai, Flávio Behring, os GMs João Alberto Barreto e Álvaro Barreto, Márcio Corleta, seu primeiro campeão mundial na faixa-preta, Fabrício Werdum, Fábio Gurgel, Raul Gazolla, além de diversos parceiros da Sylvio Behring Association espalhados pelo mundo. A opinião entre todos é unânime: Sylvio é um dos grandes nomes do universo das Artes Marciais. Boa leitura e até a próxima!

Diogo Santarém, editor diogosantarem@tatame.com.br

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Sylvio Behring

14

Flávio Behring

18

Álvaro Barreto

22

João Alberto Barreto

24

Ian Behring

26

Helder Andrade

30

Adriana Conde Menezes

34

Eduardo Escobar

38

Declarações de grandes nomes

44

Pedro Werneck

46

Paulo Parente

50

Zanza

54

Douglas Moura

58

Jason Parenteau

62

Sam Brown

66

Gabriel e Rafael Azambuja

72

Douglas Ferreira

76

Pedro Albuquerque

80

Mike Yackulic

84

André Dark

88

Rodrigo Vital

94

Sam Brown (English version)

98

Pedro Albuquerque (English version)

102

Jason Parenteau (English version)

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Mike Yackulic (English version)

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Jesse Richardson (English version)

foto de capa: Renatta Maria

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SYLVIO BEHRING Por Diogo Santarém

FOTO: RENATTA MARIA

capa

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SYLVIO

BEHRING

E A ARTE DE

ENSINAR

Faixa Coral, oitavo grau, criador do Sistema Progressivo de Jiu-Jitsu e do GPCI (Gerenciamento Progressivo de Comportamento Inconveniente), presidente da CBJJD, referência em Defesa Pessoal, respeitado mundialmente e uma das pessoas mais admiradas no meio das artes marciais. Este é apenas parte do currículo de Sylvio Behring, que aos 57 anos, segue trabalhando constantemente em prol do esporte. Nesta edição, Sylvio é o destaque, e claro, batemos um papo especial com ele. Oss!

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“ a n a


SYLVIO BEHRING

N

ascido no dia 31 de março de 1962, Sylvio deu seus primeiros passos no Jiu-Jitsu quatro anos depois, em 66, no Rio de Janeiro, incentivado pelo pai e Grande Mestre, Flávio Behring. Oriundo da linhagem Gracie/Barreto, teve o GM Álvaro Barreto como seu principal professor, e hoje, compartilha tudo que aprendeu e aperfeiçoou ao longo dos anos. “Atualmente, eu trabalho para disseminar todos os valores e ensinamentos que recebi durante a minha jornada. Além do trabalho que desenvolvo mundialmente em prol do Jiu Jitsu, dedico minha atenção à Sylvio Behring Association e no aperfeiçoamento de metodologias de ensino que propiciem transmitir de forma sólida e consistente a nossa essência, filosofia e conhecimento.” Nessa entrevista exclusiva à TATAME, Sylvio, além de contar sobre sua trajetória na arte suave, fala da criação do Sistema Progressivo de Jiu-Jitsu, os principais diferenciais entre ser atleta e professor, o esporte na atualidade, o que espera para o futuro e muito mais. Palavras de quem sabe! Confira a seguir:

FOTO: RENATTA MARIA

capa

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Aos 57 anos, você tem mais de 50 dedicados ao Jiu-Jitsu, muitos deles à propagação do esporte. Como começou sua trajetória? Eu comecei a treinar em 1966, no Rio de Janeiro, com os GMs João Alberto Barreto e Álvaro Barreto. Fiquei lá até os 11 anos, quando me mudei para São Paulo e treinei na academia do GM Gastão Gracie. Voltando para o Rio, aos 16 anos, regressei para a academia do Álvaro Barreto e cai dentro, pegando minhas


Além do Jiu-Jitsu, outro pilar importante na vida de Sylvio Behring é sua família

faixas laranja, azul, roxa, marrom e preta. Durante este período também treinei Judô com o GM George Mehdy e busquei sempre ampliar o meu conhecimento e expandir meus horizontes. Inauguramos a primeira academia Behring Judô e Jiu-Jitsu em 1987, no condomínio Nova Ipanema, na Barra da Tijuca. Fui aluno, instrutor, professor e depois sócio do GM Álvaro Barreto, na academia Corpo 4, em Copacabana, até 1992. Após este período, dei aulas na academia Master (atual Alliance) em São Paulo. Em 1995 retornei ao Rio com a morte do meu irmão Marcelo. Um ano depois, iniciei um novo ciclo em minha história, dei o meu primeiro seminário na Europa, em Zurique. Comecei a viajar bastante para difundir nossa cultura e técnica, passando pela Europa, Estados Unidos, Canadá e por

várias localidades no Brasil. Em 2001 eu tive o meu primeiro aluno campeão mundial na faixa-preta, o Márcio Corleta, que abriu as portas para virem Fabrício Werdum, Mário Reis, Zanza e vários outros campeões. Já em 2005, fui convidado pelo Werdum para treiná-lo para a luta contra o Zentzov, no Japão. Um ano depois retornei ao Rio e iniciei o meu trabalho na X-Gym, onde trabalhei com várias feras e fiquei até 2015. Decidi mudar a minha atuação... Passei a me dedicar à estruturação da Sylvio Behring Association e no aperfeiçoamento de metodologias de ensino, que certamente proporcionarão um salto na qualidade do ensino de Jiu-Jitsu e Defesa Pessoal. Com uma vasta carreira internacional e dezenas de países visitados através do Jiu-Jitsu, como

“Hoje em dia dificilmente tem lugares onde não existe o Jiu-Jitsu. Na época em que eu comecei você contava nos dedos e conhecia todo mundo que treinava, quem competia, tudo um do outro”

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capa

SYLVIO BEHRING

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vê o esporte global? Com certeza, hoje em dia, dificilmente existem lugares onde não existe o Jiu-Jitsu! Na época em que eu comecei você contava nos dedos os praticantes e conhecia todo mundo que treinava. O círculo era muito fechado. Hoje o esporte explodiu, mas no processo, se perdeu um pouco do contexto. As academias preservavam uma didática pautada na Defesa Pessoal e que fazia com que os alunos se apaixonassem pelo aprendizado suave e gradativo. Depois que o esporte cresceu e ganhou visibilidade, tornar-se campeão, para muitos, passou a ser o objetivo mais desejado. Muitos dos que começam atualmente só querem ser campeões, ter fama, dar entrevista, ter acesso

à mídia... Infelizmente, isso é que dá a falsa sensação de empoderamento. Também podemos salientar a fraca formação dos professores como educadores e a pouca orientação para a Defesa Pessoal, fatos que contribuem muito para esta mudança conceitual. Quais são os principais diferenciais nos papéis de professor e atleta? O atleta é o cara da disciplina e persistência, precisa de foco e de estar com a vida regrada: Treinamento técnico; Treinamento físico; Alimentação; Descanso etc. Ele tem que projetar objetivos e ir atrás deles. As vitórias são conquistadas bem antes das competições. O professor é um EDUCA-

“Ser professor é a gentileza, a empatia, (...) ter a condição de enxergar o outro com sua individualidade. Ver cada aluno como diferente, e assim alcançar seu potencial” DOR, é a gentileza, a empatia, tem que se colocar no lugar alheio, precisa ter a condição de enxergar o outro e a sua individualidade. Deve ver cada aluno como singular, especial, e assim desenvolver o seu potencial. Como vê a importância da Defesa Pessoal dentro do Jiu-Jitsu? É intrínseco! É a base do Jiu-Jitsu! É através dela que encontramos os caminhos para fundamentos importantes de nossa arte marcial, tais como base e postura, conexão, alavanca, ponto de equilíbrio, distribuição de peso, momento adequado para cada movimento etc. Estes fundamentos serão essenciais, lá na frente, na parte esportiva. Na Sylvio Behring Association preservamos a essência do Jiu-Jitsu intrinsecamente conectado à

Sylvio Behring, seu pai Flávio e o irmão Marcelo Behring, falecido em 1995

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capa

SYLVIO BEHRING

Defesa Pessoal, conforme a nossa arte foi criada e como aprendemos de nossos mestres. Sou grato aos meus Grandes Mestres e ao Rickson Gracie, meu amigo, pelo tempo dedicado ao meu aprendizado e desenvolvimento.

Sistema Educacional construído sob uma arquitetura pedagógica. A minha maior fonte de inspiração foi a forma com que o GM Álvaro Barreto ministrava suas aulas e a maneira cadenciada com ele transmitia seu conhecimento. O Sistema começou a ser concebido quando deparei-me com um enorme crescimento no número de alunos em minha academia. Eram muitos alunos de idades, características físicas, condições psicológicas, e objetivos bem díspares. Diante desta realidade es-

O Sistema Progressivo de Jiu-Jitsu é um dos pontos de destaque do seu trabalho. Como se deu a sua criação? E seu funcionamento? O Sistema Progressivo de Jiu-Jitsu é o resultado de anos de conhecimentos e experiências acumuladas, disponíveis em um

truturei o nosso conhecimento de uma forma a atender as necessidades de todos os tipos de alunos. Criei então o Sistema Progressivo de Jiu-Jitsu integrando, em um programa de aulas e conteúdos programáticos: O ensino dos fundamentos e técnicas de nossa arte marcial; A prática de Defesa Pessoal; O Jiu-Jitsu “esportivo”; O sistema de graduação. Além de muitos conteúdos holísticos voltados para o engrandecimento do ser-humano. Estamos trabalhando em um

Presente em 4 continentes, a SBA (Sylvio Behring Association) possui FILIADOS em todos esses países destacados no mapa

Suécia Noruega

Suíça

Alemanha Dinamarca Croácia

Holanda Escócia Canadá

Inglaterra Bélgica França Espanha Portugal Marrocos

Estados Unidos

Porto Rico

México

Emirados Árabes Unidos Kuwait

Namíbia

Peru Brasil

Uruguai Argentina

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África do Sul


projeto que revolucionará o universo da Artes Marciais! Em breve, teremos grandes novidades! Fiquem atentos em www.sbabjj. com e nas nossas redes sociais.

FOTO: RENATTA MARIA

Por fim, como vê o cenário do Jiu-Jitsu atualmente? O que espera/deseja para o futuro do esporte? Espero que as pessoas parem de olhar para o seu próprio umbigo e olhem para o esporte, para o futuro do Jiu-Jitsu! Hoje tem muita “babação” de ovo... É muito legal todo este glamour, toda esta pompa de competições,

Japão

Indonésia

mas atuando como educadores, em prol do esporte e da sociedade, vejo muito poucos! Não refiro-me nem à parte social, à projetos sociais e transformadores, porque isso é obrigação nossa! É preciso que façamos o dever de casa! Precisamos nos unir em prol do esporte, somente desta maneira nos tornaremos sólidos. A disputa de egos que existe só nos enfraquece! A Sylvio Behring Association é registrada em praticamente todas as confederações e federações, mas trabalha de forma mais próxima da Jiu Jitsu Global Federation pois é a instituição que segue os mesmos princípios que nós.

A competição, a medalha, a “fama”, a festa... É tudo muito glamuroso, mas pode ser muito superficial e fútil também. Os campeões tornam-se ídolos e exemplos para os demais... Só que vários, infelizmente, não receberam os ensinamentos da forma adequada e não são os exemplos que gostaríamos que fossem. Devemos nos perguntar então: Qual o tipo de ídolos e exemplos que queremos para a sociedade? Hoje, vemos uma falta generalizada de princípios éticos e falta de educação. Portanto, é nossa obrigação sermos Educadores! Precisamos agir como tais!

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entrevista

FLĂ VIO BEHRING Por Mateus Machado

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DE PAI

PARA FILHO

Atualmente com 82 anos, o GM Flávio Behring é um dos grandes nomes da história do Jiu-Jitsu. Praticante da arte suave desde os 10, o hoje faixa-vermelha, teve em seu início de trajetória a companhia e ensinamentos de nomes como os GMs Hélio Gracie e João Alberto Barreto, além de ter dividido os tatames com Carlson Gracie, Hélio Vígio, Armando Wridt e muitos outros. Uma verdadeira lenda!

Ao longo de sua caminhada, Flávio foi responsável por compartilhar seus ensinamentos com diversos praticantes da arte suave, primeiro ainda aos 20 anos, em uma academia que João Alberto Barreto fundou em Ipanema (RJ). Já na década de 1970, com a companhia de Ricardo Murgel, abriu uma academia na Barra da Tijuca, também no Rio. Anos depois, a partir da década de 90, Behring, juntamente com seu filho Marcelo – falecido em 1994 –, foi um dos grandes responsáveis pelo desenvolvimento do Jiu-Jitsu em São Paulo, e com seu “clã”, tendo como grande aliado o

também filho Sylvio Behring, ao longo dos anos, fundamentou um sistema especial para a prática da modalidade, tendo como base a defesa pessoal e outros princípios do esporte. “Desde que eu comecei a praticar Jiu-Jitsu, com 10 anos, na casa do Hélio Gracie, eu tinha um sentimento em relação à prática e um desejo de dar continuidade a isso. Eu tinha uma série de restrições de saúde e só consegui me desvencilhar delas a partir dos 13 anos, quando eu tive a sensação de que o meu futuro, de alguma forma, seria dentro do Jiu-Jitsu. Quando me casei, em 1958, eu pensei em ter um filho e, assim,

encaminhá-lo ao Jiu-Jitsu, e assim foi. Não foi planejado, mas foi desejado. Quando o Sylvio nasceu, eu já vislumbrava a possibilidade de colocá-lo na arte suave, tanto que ele começou a praticar com 4 anos de idade, na academia do GM João Alberto Barreto, assim como o Marcelo, também com 4 anos. Está aí o resultado (risos)”, resume o faixa-vermelha. Também com uma grande história no Jiu-Jitsu, Sylvio Behring seguiu os caminhos do pai e já rodou por diversas partes do mundo a serviço da arte suave. Ao ser perguntado sobre as qualidades do seu filho, em um misto de alegria e emoção, Flávio afirmou que,

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entrevista

FLÁVIO BEHRING

tranquilamente, passaria horas falando sobre seu “herdeiro”, mas conseguiu resumir destacando a essência e a facilidade de Sylvio em transmitir conhecimento. “As qualidades do Sylvio são inúmeras, mas essencialmente ele é uma pessoa extremamente sensível e como professor tem uma capacidade didática enorme e um profundo conhecimento pedagógico. Isso facilitou muito a vida dele, desde que ele começou a ter esse ‘start’ de ser professor, ainda quando era faixa-roxa, em Ipanema, onde tínhamos uma academia. Ele já lidava com os alunos da equipe se encaminhando para esse rumo. A principal qualidade era exatamente a capacidade de aprender

“Acho que o Sylvio teve, acima de tudo, uma precisão para assimilar a essência do Jiu-Jitsu a partir do treinamento que ele fez com o João Alberto, comigo, e posteriormente com o Álvaro Barreto” e executar, e na execução, ter a capacidade de transmitir com precisão e segurança. Ele já nasceu feito para isso”. Considerado um dos grandes nomes de sua geração, Sylvio é atualmente faixa-vermelha e preta de Jiu-Jitsu, além de ostentar a

Flávio Behring segue passando o Jiu-Jitsu para gerações da família

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faixa preta no Judô. Tendo iniciado sua carreira nas artes marciais sob o auxílio luxuoso dos irmãos Barreto, particularmente com o GM Álvaro Barreto, Behring também ajudou no desenvolvimento da arte suave em diferentes regiões do Brasil, incluindo São Paulo


Flávio e Marcelo Behring (sentado) e alguns dos praticantes da arte suave influenciados pelo Jiu-Jitsu da família Behring

e Porto Alegre, e viajou por vários países ao redor do mundo para cursos e seminários. “A trajetória do Sylvio, sem dúvida alguma, é espetacular. Ele foi, desde cedo, uma pessoa que se destacou na questão de formação de alunos e campeões, já era uma coisa que estava dentro dele e ele teve essa capacidade de ir evoluindo isso. Ele sempre foi muito dedicado e consciente da responsabilidade que tinha na formação de pessoas. Acho que o Sylvio teve, acima de tudo, uma precisão para assimilar a essência do Jiu-Jitsu a partir do treinamento que ele fez com o João Alberto, comigo, e poste-

riormente com o Álvaro Barreto. Então, ele engrenou e, pra mim, é extraordinário ver o meu filho, que tanto me empenhei para que pudesse seguir esse rumo, chegar ao ponto que chegou, numa trajetória que não tem fim. Ele não só vai dar sequência a isso tem muito caminho pela frente -, assim como tem seguidores que vão levar o seu nome adiante por toda a vida”, garante Flávio, que finalizou falando sobre o famoso Sistema Progressivo de Jiu-Jitsu, sucesso criado por Sylvio. “Ele, sem dúvida, criou um sistema que facilita demais o aprendizado, a essência, a base e os fundamentos do Jiu-Jitsu.

Esse sistema tem feito com que, em todas as partes que ele tem passado, o aprendizado tenha se tornado de fácil entendimento como uma arte sólida, uma arte de perspectiva e, acima de tudo, de autoconfiança e equilíbrio emocional. O Sylvio é um sujeito que entende do comportamento humano, consequentemente, o sistema montado por ele facilitou também para que as pessoas passassem a entender sob esse prisma. O Sylvio é, sem dúvida alguma, um professor expoente”, conclui o pai, orgulhoso da missão cumprida ao ver Sylvio sendo um dos grandes personagens na história do esporte.

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entrevista

ÁLVARO BARRETO Por Yago Rédua Fotos arquivo pessoal

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O MESTRE

Professor e um dos maiores responsáveis por formar a visão detalhista e eficaz de Sylvio Behring na arte suave, o Grande Mestre Álvaro Barreto deu uma entrevista exclusiva à TATAME relembrando quando conheceu o aluno e toda a história que eles possuem juntos. O primeiro encontro foi na década de 1970, e segundo o faixa-vermelha, desde então essa relação só se fortaleceu.

“Foi através do Grande Mestre Flávio Behring, o seu pai. Ele era amigo e discípulo do Grande Mestre João Alberto, meu irmão. O Sylvio, à época, tinha 6 para 7 anos de idade. Nessa época, o GM Flávio voltou aos treinos de Jiu-Jitsu na academia do meu irmão e isso nos aproximou de sua família. O Sylvio era o filho mais velho dos homens, pois seu irmão mais novo, o Marcelo, que se tornou um excelente lutador e professor de Jiu-Jitsu, apesar de algumas vezes frequentar a academia do GM João Alberto, ele treinava na academia Gracie no Clube Vasco da Gama na Lagoa, onde seu professor foi o mestre Rickson Gracie”, diz Álvaro, que seguiu relembrando:

“Foi assim que o mestre (Sylvio) iniciou no Jiu-Jitsu. Na academia, o Sylvio era meu aluno e seguiu a trajetória no Jiu-Jitsu até sua graduação na faixa-preta dada por mim. Na época, fizemos uma cerimônia onde estavam presentes o GM João Alberto e o GM Reyson Gracie. Isto ocorreu por volta de 1984. Em 1987, o Sylvio treinava não só Jiu-Jitsu, mas Judô na academia do Grande Mestre George Mehdy, em Ipanema. Nesse ano, ele passou a fazer parte dos professores do Centro de Orientação Física Álvaro Barreto. Já no ano de 1989, criei uma sociedade com os meus professores de cada área, e claro, ele estava presente”.

No começo da década de 1990, mais especificamente em 93, Sylvio recebeu um convite do pai, GM Flávio Behring, para fazer um trabalho em São Paulo e precisou se desligar da sociedade com Álvaro Barreto. A partir dali, o contato com outras pessoas e a experiência internacional fizeram Sylvio criar o Sistema Progressivo de Jiu-Jitsu, como conta o faixa-vermelha Álvaro. “Esse modelo já existia desde as academias Gracie, João Alberto e da minha academia, mas com a sabedoria dele, conseguiu criar um sistema de defesa pessoal com poucos movimentos de forma progressiva, de fácil complexidade e passou a controlar

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entrevista

ÁLVARO BARRETO

“No mundo, hoje, o Sylvio tem a Associação Sylvio Behring, com associados no Brasil, Rio de Janeiro, Rio Grande Sul, São Paulo e no exterior, como Canadá e nos Estados Unidos”

Álvaro Barreto é o principal responsável pela formação de Sylvio Behring dentro do Jiu-Jitsu

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de longe, sem precisar da sua presença física permanente. Com isso, passou a criar vários núcleos no Brasil e no exterior. No mundo, hoje, o Sylvio tem a Associação Sylvio Behring, com associados no Brasil, Rio


de Janeiro, Rio Grande Sul, São Paulo e no exterior, como Canadá e nos Estados Unidos”, destaca o GM, que classificou o pupilo como “seu filho mais velho” e mostrou orgulho pelos cargos que ele carrega na FJJD-Rio e CBJJD, além do livro e curso lançados sobre Gerenciamento Progressivo de Comportamento Inconveniente (GPCI) com Hélder Andrade.

Resistência e a vitória Ao longo de anos de convivência, são inúmeros causos e histórias importantes que Álvaro Barreto e Sylvio Behring viveram juntos. Em uma delas, o GM relembrou quando o então lutador Sylvio participou de um duelo contra um o atleta do GM Osvaldo Alves. “Eles lutaram 25 minutos sem vencedor. O Rickson, que estava na coordenação do desafio, veio para mim propor por mais 15 minutos. Fui ao Sylvio e passei essa informação e ele me falou: ‘Mestre, estou cansado. Mais 15 minutos?’. Eu respondi: ‘Dê uma olhada no seu adversário’. Quando ele olhou, ele estava visivelmente mais cansado, aí o Sylvio aceitou e eu dei uma pilha, disse que ele ia finalizar, e foi o que aconteceu. Uma vitória incrível”.

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entrevista

JOÃO ALBERTO BARRETO Por Yago Rédua Fotos arquivo pessoal

No quadro vemos Sylvio Behring, Flávio Behring, João Alberto Barreto, personagem desta matéria, e Álvaro Barreto

O LEGADO DE

SYLVIO BEHRING Uma das grandes referências de Sylvio Behring é o Grande Mestre João Alberto Barreto. Um dos maiores ícones do Jiu-Jitsu e Vale-Tudo no Brasil, o faixa-vermelha tem uma vasta experiência quando o assunto é propagar ensinamentos da modalidade e também na questão da defesa pessoal, uma bandeira muito levantada por Sylvio, e garante sobre o pupilo: “Trabalho especial”.

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Em entrevista à TATAME para esta edição especial, o GM relembrou seu primeiro contato com Sylvio: “Quando ele era criança, tive a oportunidade de estarmos juntos. Nós temos uma foto, ele com 5 anos, lá na minha academia... A fotografia era ele me dando um golpe, nesse dia também me deu quedas. Era um menino muito inteligente. Eu vi nele um futuro Behring. Ele tinha um pai com grandes qualidades, que é o Grande Mestre Flávio Behring, e os seus irmãos também. Com isso, foi uma oportunidade muito boa de acompanhar a vida desse menino”, destaca João Alberto. E assim Sylvio teve o privilégio de crescer cercado por grandes nomes do Jiu-Jitsu, que na época, já eram conceituados entre os praticantes de arte suave, como o seu pai, Flávio Behring, e o irmão do GM João Alberto Barreto, o também Grande Mestre Álvaro Barreto. “O Sylvinho teve a influência do meu irmão, o Grande Mestre Álvaro Barreto, além da influência do Grande Mestre Flávio Behring. Já tive várias vezes com ele discutindo e conversando sobre o Jiu-Jitsu. Ele sempre foi grande fã e seguiu os parâmetros técnicos da eficácia graciana. Ele, com a sensibilidade que tem, teve várias emoções na vida, como a influência sobre o seu irmão Marcelo, que foi um grande campeão no Jiu-Jitsu e Vale-Tudo. Era o representante da família Behring no Vale-Tudo brasileiro e nos deixou muitas saudades, por ter falecido muito cedo. Sentimos muito por isso”. Dando sequência ao trabalho que o formou, Sylvio atualmente é responsável por levar a bandeira

“O Sistema Progressivo do Jiu-Jitsu, acho que foi uma percepção e uma leitura de uma realidade técnica fantástica”

do “Sistema Progressivo do Jiu-Jitsu” e ajudar a disseminá-la pelo mundo. O GM João Alberto elogiou a criação do método e deu sua opinião sobre o trabalho realizado pelo pupilo. “O Sistema Progressivo do Jiu-Jitsu, acho que foi uma percepção e uma leitura de uma realidade técnica fantástica. O Jiu-Jitsu, como uma cultura da defesa pessoal, também envolve o desenvolvimento técnico e segue o caminho da perfeição. O aperfeiçoamento técnico é progressivo e vai melhorando cada vez mais a eficiência dos lutado-

res. Essa visão foi uma grande abertura para o nosso universo de luta”, analisa. Sobre o futuro do trabalho de Sylvio com o Jiu-Jitsu e a defesa pessoal, o GM deixou uma mensagem: “Que ele continue com a sua vida de aperfeiçoamento da cultura do Jiu-Jitsu educativo. Ele vem fazendo isso muito bem. Ele, realmente, é uma pessoa muito especial e tem mérito no que faz. Sinto-me honrado dessas palavras não só pela cultura do Jiu-Jitsu, mas também pelo coração que ele tem. Que continue sendo esse homem especial”.

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entrevista

IAN BEHRING Por Yago Rédua

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A MAIOR

REFERÊNCIA

Filho do Mestre Sylvio Behring, Ian teve o privilégio de crescer em uma das mais tradicionais famílias do Jiu-Jitsu. Além disso, pôde conviver de perto com grandes nomes da modalidade e aprender técnicas refinadas. No entanto, aos 9 anos, o faixa-preta não tinha o foco 100% no Jiu-Jitsu. Ian relembrou à TATAME quando iniciou na Capoeira e ficou por algum tempo frequentando os treinos.

“Quando eu tinha 9 anos comecei na Capoeira e me dediquei por algum tempo. Os movimentos e o ritmo da modalidade fizeram a diferença na hora de optar. Além da Capoeira, nessa época eu seguia treinando Jiu-Jitsu com o professor Saporito”, comenta. No entanto, não havia como fugir da arte suave. Ian Behring cresceu sob os olhares da família, como o avô GM Flávio Behring, o tio Marcelo Behring, e os GMs Álvaro Barreto e João Alberto Barreto. O hoje professor e competidor contou como é viver cercado de referências tão importantes para o Jiu-Jitsu mundial. “Eu sempre levei isso muito a sério e com muito respeito. Claro que quando criança não se tem noção do tamanho da responsabilidade, mas ao crescer pude perceber cada vez mais o presente que foi ter nascido nessa família. O momento que decidi viver

“Sem dúvida, dentro dos tatames, sempre foi e sempre será a maior referência como professor, tanto na didática e metodologia de ensino quanto na prática do Jiu-Jitsu na sua essência” do Jiu-Jitsu foi quando percebi que isso está no meu destino, afinal, não se nasce numa família como a minha para ser profissional em outra área”, afirma. A ligação com o pai é forte dentro e fora dos tatames. Ian relembrou que no começo, quando Sylvio ainda buscava aprimorar o Sistema Progressivo de Jiu-Jitsu, ele foi uma das suas principais cobaias: “Meu pai estava empenhado no desenvolvimento do Sistema Progressivo. Então, acabei servindo de cobaia e sendo um dos privilegiados com o

aprendizado da dinâmica”, lembra Ian, que comentou sobre o legado do pai. “Sem dúvida, dentro dos tatames, sempre foi e sempre será a minha maior referência, tanto na didática e metodologia de ensino quanto na prática do Jiu-Jitsu em sua essência. No meu ponto de vista, ele facilitou o ensino e aprendizado do Jiu-Jitsu, principalmente para quem está iniciando. A forma de transmitir o conteúdo fica mais fácil para nós que seguimos o Sistema Progressivo de Jiu-Jitsu”, finaliza.

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HELDER ANDRADE Por Yago Rédua

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GPCI: INÍCIO, CONSTRUÇÃO

E SUCESSO

Um dos grandes legados que o mestre Sylvio Behring vem deixando nas artes marciais e para a segurança pública/privada é o GPCI Gerenciamento Progressivo de Comportamento Inconveniente. O trabalho foi desenvolvido e é executado ao lado de Helder Andrade, que é especialista em segurança, além de ser fisioterapeuta, professor de Educação Física, pós-graduado em Gestão de Pessoas, faixa-preta de Caratê Shotokan e Urucan, praticante de Jiu-Jitsu e instrutor de Defesa Pessoal da Academia de Polícia Civil/RJ.

As ideias para criar o programa surgiram após a morte de um amigo de Sylvio, como relembrou Helder à TATAME: “A morte de um grande amigo do Sylvio, que num processo de surto, bastante alterado com a sua ex-namorada, acabou sendo atingido, fatalmente, por uma arma

de fogo disparada pelo sogro, o sensibilizou. A legítima defesa foi caracterizada, em razão de um histórico de brigas e violência com a ex-namorada. Diante do fato, vivendo um terrível momento de angústia, Sylvio começou a questionar o seu conhecimento sobre as leis: ‘Sendo ele um luta-

dor, até que ponto a lei o protegia?’. Sua cabeça estava confusa, precisava ler mais a respeito desse tema, precisava estudar mais, entender mais sobre legítima defesa, e assim o fez”, lembra Helder, que seguiu: “Depois de muito estudo, concluiu que como especialistas

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HELDER ANDRADE

em segurança, lutadores e instrutores de defesa pessoal, é necessário que aliado a uma verbalização impecável, o profissional desenvolva equilíbrio emocional e qualidade comportamental, como uma necessidade estratégica. Diante de uma tentativa de intimidação, havendo chance de verbalizar, a situação deve ser conduzida com firmeza de atitude, autoridade e, sobretudo, com inteligência”, destaca. Helder, que viaja com Sylvio para aplicar cursos e palestras sobre o GPCI, contou como a ferramenta de verbalização age no dia a dia para intermediar ou evitar um conflito.

“O GPCI abrange desde a identificação de possíveis conflitos, problemas, crises e escândalos, que ainda não aconteceram, mas podem acontecer, com suas respectivas análises e avaliações de riscos e consequentes medidas e atitudes preventivas, até a formulação e construção de frases técnicas e, se houver necessidade, a utilização de técnicas de Defesa Pessoal Avançada para o gerenciamento de comportamentos inconvenientes. Perceba que há o envolvimento de renúncias, escolhas e fatores emocionais, pois você aprende que é obrigado a fazer o que é certo e não aquilo que

Helder (em pé de paletó) foi o grande responsável por desenvolver o GPCI com Sylvio

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“O GPCI abrange desde a identificação de possíveis conflitos, problemas, crises e escândalos, (...) até a formulação e construção de frases técnicas”


Dupla vem colhendo os frutos do trabalho, cada vez mais em expansão

você gostaria de fazer”, explica. Para Helder, entretanto, o curso vai além e ensina o aluno a refletir sobre educação, a como tornar seus hábitos mais saudáveis e adequados para a sociedade em que vive. Desta maneira, permite que ele tenha mais sabedoria e estrutura emocional para agir da melhor forma possível em situações de crise. “O curso GPCI nos faz refletir como a educação e as influências que recebemos na infância podem comprometer, sobremaneira, as nossas atitudes e linhas de ação e, consequentemente, nos conduzir a pensamentos, a hábitos autodestrutivos e a comportamentos inconvenientes. Aprendemos no curso técnicas simples que se forem treinadas diariamente, nos auxiliam a substituir hábitos des-

“O curso de GPCI nos faz refletir como a educação e as influências que recebemos na infância podem comprometer, sobremaneira, as nossas atitudes e linhas de ação” trutivos e linhas de ação negativas, por hábitos saudáveis e linhas de ação positivas, que vão nos estimular a pensar, a raciocinar e a agir com competência nos momentos mais críticos, nos momentos mais difíceis”, conta Helder. “O fato de conhecermos o segredo do sucesso, não significa que teremos sucesso; da mesma forma, o fato de sabermos como

gerenciar um comportamento inconveniente, não é suficiente para que tenhamos a ‘certeza do êxito’ no gerenciamento de um comportamento inadequado. Acreditamos que o Curso de Gerenciamento Progressivo de Comportamento Inconveniente completa essa lacuna, esse vácuo existente entre o desejo e a conquista do sucesso”.

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entrevista

ADRIANA MENEZES Por Diogo Santarém fotos divulgação

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TRABALHO E

AMIZADE SINTONIA

FINÍSSIMA!

FOTO: RENATTA MARIA

O primeiro contato entre Adriana e Sylvio aconteceu no campeonato de Jiu-Jitsu no Rio de Janeiro, enquanto ela acompanhava crianças do seu projeto social. Desde então, o laço construído foi ganhando cada vez mais força até culminar na parceria que existe hoje. Em entrevista à TATAME, Adriana relembrou o momento em que conheceu Sylvio e falou mais a respeito do trabalho com o mestre. “Eu o conheci em 2018 num campeonato da FJJD-RIO, onde o Marcos Castro, meu então parceiro no projeto social CT RIOS FIGHT, me levou. Eu estava lá com algumas crianças do projeto que participaram da competição e fomos apresentados. A partir dali começamos a conversar a respeito de uma possível parceria dele com o Instituto, associando sua imagem como patrono deste projeto de artes marciais destinado à crianças de abrigos municipais, projeto esse que mais tarde veio a ser chamado CT RIOS BEHRING. Ele aceitou o convite e ali começamos,

de fato, nossa caminhada juntos. O trabalho foi ganhando corpo, visibilidade, fomos desenvolvendo uma relação de amizade e confiança, de modo que, poucos meses depois, eu propus fazer a gestão da SBA - Sylvio Behring Association e, por consequência, da sua carreira. Mostrei que a SBA estava subutilizada e que tinha um potencial enorme inexplorado. A parceria comercial foi então oficializada e, a partir daquele momento, comecei a desenhar o Plano de Negócios da Associação que hoje está sendo posto em prática em todas as filiais SBA ao redor do mundo”, conta ela, prosseguindo. “Para cumprir esse propósito formamos uma equipe de profissionais que responde pelos departamentos de comunicação, marketing e administração. Contamos também com o escritório de advocacia Di Blasi, Parente & Associados para dar suporte jurídico à todas as nossas empreita-

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entrevista

ADRIANA MENEZES

das. Estamos focados em criar uma base sólida, em construir uma estrutura organizada que nos permita consolidar e expandir a marca SBA como negócio, família e filosofia de vida. A ideia é deixar um legado próspero para as próximas gerações. Não temos ilusão quanto ao tempo de retorno desses investimentos, estamos conscientes que será de médio a longo prazo.” Ex sócia de uma agência de publicidade, onde foi responsável por diversas contas de multinacional, e experiente no meio, Adriana diz se sentir muito abençoada pela equipe que constituiu,

fazendo menção especificamente ao designer e professor de Jiu Jitsu de uma academia SBA em Porto Alegre, Eduardo Escobar. “Ele é quem dá forma às ideias, quem eleva o nível criativo dos brainstormings, quem bota a mão na massa e toca o dia a dia co-

migo. É um profissional completo, talentosíssimo, absurdamente dedicado e responsável, além de um grande amigo.” E finaliza dizendo à Revista “Estamos só começando. Demos o primeiro passo de muitos que ainda virão. Quem viver verá“.

Sylvio Behring por Adriana Extremamente compromissado com a qualidade do seu trabalho. Muito disciplinado, principalmente dentro dos tatames. Rigoroso com horário, postura e conduta. É uma pessoa otimista, alto astral, divertida, tá sempre de bom humor. Temos uma relação de respeito e admiração mútuo muito grande, além de inúmeras afinidades. E trabalhamos numa sintonia finíssima! Esses ingredientes todos ajudam o trabalho a fluir com alegria e velocidade. Foi assim desde o início, e acredito que será assim por toda a vida.

Além de presidente do Instituto Rios de Amor, Adriana trabalha diretamente com Sylvio e a SBA

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Rodrigo

VAMOS, JUNTOS, COMBATER A DESIGUALDADE SOCIAL? Primeiro de sua família a concluir uma graduação

Wallace Adriano O Instituto da Criança é um gestor social que inspira o exercício da solidariedade articulando ações para transformar vidas.

Seja um doador! Com o seu apoio, a organização dará continuidade aos projetos que realiza, beneficiando diversas pessoas em situação de vulnerabilidade social.

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Perdeu a casa na enchente e, hoje, possui nova moradia

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DUDU ESCOBAR Por Diogo Santarém Fotos divulgação

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PARCERIA

DENTRO E FORA

DO TATAME

Formado em Design, Eduardo Escobar também é faixa-marrom e hoje atua diretamente com Sylvio Behring. Ele trabalha com as áreas de comunicação, marketing e administração na SBA - liderado por Adriana Menezes -, além de ser instrutor da Escola de Jiu-Jitsu de Florianópolis, em Santa Catarina. Uma parceria que teve começo no tatame, expandiu e virou trabalho. Oss!

Aos 39 anos, Eduardo Escobar conheceu a arte suave em 2011, através de um amigo, e desde então começou a desenvolver sua relação com o esporte. No início era um simples praticante, porém, com o passar dos anos, sua paixão e interesse profissional foram crescendo. “Comecei a treinar Jiu-Jitsu através do professor Igor Domingues, que sempre foi um grande amigo. Na época ele era faixa-azul e me dava aula ‘escondido’ do seu

professor (Márcio Corleta) na casa dele, em um tatame que era feito por seis placas de palha com lona. Treinei alguns meses com ele e depois o Igor me convidou para treinar junto com o Alexandre Fortis, na famosa ‘Garagem do Fortinho’, no Centro de Porto Alegre. Fiquei lá um período mas, por conta do trabalho, acabei parando”, lembra Dudu, prosseguindo. “Depois de um bom tempo decidi voltar a treinar, retomar uma

vida mais saudável, novamente com o Igor. Foi então que conheci o Sylvio. O mestre estava em Porto Alegre para um seminário e naquele momento me disponibilizei a ajudar, fazendo o certificado de participação dos alunos. No ano seguinte, eu fui convidado pelo professor Igor para fazer parte do novo projeto dele, a Escola de Jiu-Jitsu. Naquela época, o único professor no Sul filiado ao Sylvio era o Rafael Azambuja, e nos jun-

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DUDU ESCOBAR

tamos ao grupo, assim como o Alexandre Fortis, que também voltou à direção do mestre”. Em 2012, Igor e Eduardo abriram a Escola de Jiu-Jitsu. Enquanto Igor cuidava dos assuntos dentro do tatame, Dudu, na época ainda faixa-branca, era o responsável pelo que acontecia na parte de fora. Sempre disposto a ajudar, seja com graduações, traslado e hospedagem do mestre, organização financeira e comunicação, ele foi construindo uma relação de confiança com Sylvio. “Sempre busquei contribuir ao máximo fora do tatame, para quem sabe retribuir um pouco do que recebia do Jiu-Jitsu dentro do tatame. Gostava muito de contribuir, pois via que o coletivo era beneficiado por alguns gestos simples e que estavam ao meu alcance. Certa vez, o mestre estava nos EUA com o também mestre Rickson Gracie, sendo prestigiado como ‘Commissioner’ da JJGF, e me pediu que criasse o logotipo da Sylvio Behring Association. No dia seguinte enviei pra ele e assim surgia, formalmente, a SBA”, conta Eduardo, orgulhoso. Atualmente morando em Florianópolis (SC), o faixa-marrom, além de responsável por introduzir o Sistema Progressivo de Jiu-Jitsu na capital catarinense, foi contratado no início deste ano pelo mestre Sylvio Behring para integrar a equipe de comunicação, marketing e administração da SBA, capitaneada por Adriana Menezes. Dudu, por sinal, foi só elogios aos dois, projetando um futuro de sucesso para o projeto. “A Adriana é uma pessoa fantástica, talentosa em tudo o que se propõe a fazer, muito dedicada e sempre em busca da excelên-

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“Sempre busquei contribuir ao máximo fora do tatame, para quem sabe retribuir um pouco do que recebia do Jiu-Jitsu dentro do tatame” cia. Fazemos reuniões diariamente e o trabalho sempre flui muito bem, temos uma grande sinergia. Costumo dizer que é uma das melhores equipes de trabalho que já integrei, tanto a Adriana quanto o mestre Sylvio são pessoas de alta capacidade que tornam todo o processo de trabalho mais fácil. Sobre o mestre, sou suspeito para falar, pois além da relação como aluno e profissional, me sinto muito honrado em dizer que hoje sou amigo dele, já o recebi em minha casa, já surfamos juntos e passamos poucas e boas ao longo desses anos”, afirma Dudu, antes de encerrar. “Estamos comprometidos em organizar e estruturar uma base empresarial, buscar o profissionalismo na gestão dos recursos, ajudar a desenvolver e evidenciar todo o potencial dos afiliados, para que todas as pessoas ligadas hoje à SBA e gerações futuras possam desfrutar e dar continuidade ao legado, e que possamos, todos juntos, impactar e transformar positivamente o maior número de pessoas utilizando o Jiu-Jitsu”.


Dudu e Sylvio desenvolveram uma forte parceria dentro e fora do tatame

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DECLARAÇÕES Por Yago Rédua

TODOS SAÚDAM SYLVIO! Para celebrar esta edição especial, a TATAME colheu depoimentos de algumas personalidades envolvidas com o mundo da luta que tiveram contato com o mestre Sylvio Behring e puderam aprender, além de lições de vida, muito Jiu-Jitsu. Nomes como Fabrício Werdum, Mário Reis, Márcio Corleta, Muzio De Angelis, Raul Gazolla, entre outros, falaram a respeito. Cada um deles relembrou como conheceu Sylvio e como ele impactou suas respectivas vidas. Os agradecimentos vão desde aprendizados sobre como se tornar uma pessoa melhor, passando por princípios da defesa pessoal e o Sistema Progressivo de Jiu-Jitsu, um dos seus maiores legados na arte suave. Confira a seguir:

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Carlão Barreto “O mestre Sylvio Behring tem uma grande importância para o Jiu-Jitsu brasileiro e mundial, afinal, ele desenvolveu o Jiu-Jitsu no Canadá com um projeto interessante. A metodologia da defesa pessoal com o Sistema Progressivo de Jiu-Jitsu realmente é muito eficiente e eficaz. Ele é um empreendedor, vem de uma família que se confunde com a história do esporte. É uma pessoa com boas ideias, com bons gabaritos e que contribui bastante para o crescimento do esporte dentro e fora do Brasil. É um homem que vive e respira o Jiu-Jitsu, em busca de fazê-lo uma ferramenta educacional”

Evandro Mesquita “Eu conheci o Sylvio quando ele coreografou uma luta nossa em um programa de TV. Nos identificamos e fiz com ele (a cena), dispensando o dublê. É até hoje uma relação de respeito, cumplicidade e amizade sempre que nos encontramos. O Sylvio tem uma família de dedicação total ao esporte. Fui amigo de praia e Rio de Janeiro do seu irmão, o querido Marcelo, e agora do seu filho Ian. Todos de uma linhagem super nobre e de categoria nas artes marciais”

Rogério Gavazza “Eu conhecia o mestre Sylvio Behring há muito tempo de nome, mas só fui ter uma relação mais próxima em 2005, quando fizemos parte da Federação de Luta Olímpica do Rio de Janeiro. Trabalhamos juntos lá e na sequência, em 2007, fundamos a Federação de Jiu-Jitsu (FJJD-Rio), quando o chamamos para ser vice-presidente, e também na Confederação (CBJJD), que ele entrou como presidente. Cada vez mais que eu o conheço, viro ainda mais fã, em relação à qualidade do Jiu-Jitsu e ao trabalho que ele difunde pelo mundo com a defesa pessoal. É um padrão técnico muito refinado, de um cara muito profissional e amigo. Só tenho elogios a pessoa Sylvio Behring”

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DECLARAÇÕES

Raul Gazolla “Que eu me recorde, conheci o mestre Sylvio em São Paulo, no ano de 1993, quando comecei a fazer Jiu-Jitsu. Ele dava aulas junto com o Grande Mestre Flávio em uma academia famosa e fui lá como convidado para fazer uma aula. Desenvolvemos uma relação pessoal e profissional, que pra mim é quase a mesma coisa. Desenvolvemos uma amizade e respeito um pelo outro até mesmo pela admiração que tenho por ele. Convivemos em momentos especiais em alguns eventos pelo Brasil, mas como sempre fiquei no Rio, por ser minha base, eu o encontrava nesses eventos, sempre como os amigos. Como mestre, o Sylvio é um dos melhores educadores dentro do esporte que eu já vi. Como ser humano, é uma pessoa respeitadora, educada e “old school”. Não tem “mi mi mi”, mas também não tem desrespeito pela diferença de ideologia. É uma pessoa admirável, de quem sou fã incondicional!”

Shah Franco “O mestre Sylvio tem sido parte integrante do meu desenvolvimento como praticante e instrutor completo de artes marciais, mudando meu foco de uma vida de Caratê olímpico para o Jiu-Jitsu, autodefesa e MMA profissional. Sem a abordagem dedicada do mestre, seu conhecimento e a metodologia de ensino, eu não teria tido o mesmo sucesso na minha carreira. Posso dizer com confiança que o Sylvio Behring é um verdadeiro mentor e irmão. Décadas de risos, conselhos sólidos e compreensão cimentaram uma grande amizade. Eu me considero estudante vitalício de um mestre tão talentoso. O pai do Jiu-Jitsu canadense!”

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Erica Paes “Nos conhecemos na X-Gym, em 2008, quando ele era treinador de Jiu-Jitsu (parte de chão) da equipe profissional de MMA. Como meu mestre Osvaldo Alves havia se mudado do Rio, o mestre Sylvio me acolheu como membro da família Behring. Ao longo dos anos, ele se tornou mais do que um treinador, como é muito comum na relação mestre e aluna. Ele assumiu a figura de um pai, amigo e conselheiro para mim. Que ele continue a ser esse cara incrível! É um grande formador de opinião, muito sábio e ao mesmo tempo humilde e amoroso. Quero estar ao lado dele pelo resto da vida”

Kywan Gracie “Eu estava sempre na casa dele, nossa relação é maravilhosa, quase de pai para filho. O Sistema Progressivo de Jiu-Jitsu foi desenvolvido com o propósito de facilitar o ensino sem perder a eficiência. Eu utilizo isso na minha vida, aprendi quando ainda era muito novo. Foco bastante na minha defesa pessoal e até quando era criança, ficava meio irritado com isso. Eu queria treinar, não queria fazer a repetição de defesa pessoal. Depois de um tempo, quando você aprende, isso faz a diferença na vida das pessoas”

Fabrício Werdum “Conheci o mestre Sylvio Behring em 1998. Eu tinha aula com o Márcio Corleta, que o representava aqui no Rio Grande do Sul. Ele vinha aqui e sempre ficava um período conosco. Quando nos conhecemos, ele até se impressionou comigo e disse que eu seria bom. Ele chegou a morar em Porto Alegre. Tivemos um relacionamento muito bom, ele sempre me exigiu bastante, principalmente na defesa pessoal. O mestre me ensinou sobre disciplina, que na época eu tinha zero de disciplina (risos). Essa educação marcial que eu tenho é graças a ele”

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DECLARAÇÕES

Marcos Parrumpinha “Na verdade, Sylvio e eu somos primos, muitas pessoas ou quase ninguém sabe disso, mas somos da mesma família. O nosso relacionamento é muito mais na parte pessoal do que na profissional. Por virmos de escolas diferentes, eu faixa-preta do Carlson Gracie e ele da linhagem do Flávio Behring, não tivemos a oportunidade de trabalharmos juntos ainda. Acho que o diferencial do Sylvio está na parte de defesa pessoal mais do que em todas as outras partes do Jiu-Jitsu. Não que ele não seja bom ou expert nas outras áreas, muito pelo contrário, ele é um cara fera e respeitado em tudo que faz. Só tenho a agradece-lo por sempre estar perto de mim de uma forma ou outra, me incentivando, me aconselhando, enfim, sendo um “irmão” mais velho. Orgulho enorme de termos o mesmo sobrenome. Sylvio da Matta Behring, Deus te abençoe sempre!”

Muzio De Angelis “Eu conhecei o Sylvio quando eu tinha 16 anos, em 1988, meu pai me levou para treinar na Corpo 4, quando pertencia ao Grande Mestre Álvaro Barreto. O meu pai foi aluno do irmão do Álvaro, o também GM João Alberto. Meu pai, quando viu que eu queria competir, me levou na academia Corpo 4. Eu tinha acabado de ver um desafio na Lagoa (RJ), onde o Marcelo Behring tinha perdido, o Soneca tinha vencido, e o Sylvio também ganhou, de um aluno do Osvaldo Alves. Quando eu cheguei pra treinar, ele me tratou muito bem. Eu adorei o ambiente. Era faixa-azul juvenil do meu pai, mas virei aluno fiel do Sylvio. Até a faixa-marrom, eu competi em todos os torneios como aluno do Sylvio. Só que em 1991, o Sylvio foi morar em São Paulo e quem assumiu a academia foi o Traven, que é o meu mestre até hoje. Eu sempre tive uma relação muito boa com o Sylvio e, graças a ele, fiquei na profissão de professor de Jiu-Jitsu, porque ele me fez acreditar nisso. Esse é o grande legado que ele deixou pra mim”

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Mário Reis “Nos conhecemos quando eu havia saído da minha primeira academia, que era uma filial da Brazilian Top Team. Como eu tinha um companheiro de equipe, que era o Fabrício Werdum, acabei indo para a Behring Jiu-Jitsu. Ali começou um trabalho de aluno e professor. Eu sempre gostei muito dele, porque o mestre Sylvio me ajudou a canalizar a minha energia de uma forma mais gentil. Eu tinha uma autoconfiança muito exacerbada e muitas vezes era poderosa, afastava algumas pessoas de mim. O Sylvio me ajudou a dirigir isso. Acho que o que tenho por ele é total gratidão pela passagem dele na minha vida, por tudo o que ele me ensinou e a confiança que teve em mim. Eu levo isso como um legado dentro da minha academia”

Fábio Gurgel “A minha história com o Sylvio é de muito tempo, eu era bem garoto ainda. Eu tinha uma relação muito legal com o Marcelo (Behring), um cara que sempre me ajudou muito, e com o Sylvio não foi diferente. Eu tive a oportunidade de assistir ao Sylvio dando aula e isso teve uma influência muito grande na minha carreira de dar aulas também. Ele ia treinar conosco quando era faixa-roxa no Jacaré. Ele participou ativamente da nossa evolução, desde muito cedo. O que sempre me chamou atenção foi a didática com que ele dava as aulas. Eu aprendi muito com ele ao assistir aulas particulares. Lembro que acordava cedo e ia para a Corpo 4 (no Rio), onde ficava só assistindo às aulas particulares, uma atrás da outra. Aprendi muito nessa época. Ele sempre teve uma técnica muito refinada”

Márcio Corleta “Conheci o Sylvio em 1994 ou 95... Eu comecei a treinar Jiu-Jitsu com o meu professor Ricardo e ele era ligado ao Grande Mestre Flávio e a família Behring. Neste período, fui visitar a academia do Flávio em São Paulo e o Marcelo (Behring) estava dando aula, o Sylvio tinha uma academia com o (Fábio) Gurgel, foi quando eu o conheci pessoalmente. Desde o início do nosso contato, tivemos uma afinidade muito grande. Eu me sinto privilegiado, com muita sorte de ter tido o Sylvio e o Maurição como professores. Os dois me ajudaram e completaram para me formar como professor e atleta também. Cada um com o seu perfil e jeito. Os dois se completavam muito”

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entrevista

PEDRO WERNECK Por Diogo Santarém

LIGAÇÃO ALÉM

DO TATAME Presidente do Instituto da Criança, ONG listada entre as 100 melhores do mundo segundo pesquisa, Pedro Werneck também é amigo de longa data do mestre Sylvio Behring. A relação começou anos atrás, no Rio de Janeiro, e perdura até hoje, com desejos de um futuro ainda mais promissor: “Que ele (Sylvio) permaneça sempre com esse espírito guerreiro e amoroso”.

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Em conversa com a TATAME, Pedro relembrou seu primeiro contato com Sylvio: “Eu o conheci quando tinha cerca de 20 anos de idade, treinando Jiu-Jitsu. Na verdade eu conheci o Sylvio através do irmão dele, o Marcelo Behring, que já era meu amigo de Petrópolis (RJ), onde saíamos juntos e tudo mais, e depois também fui criando laços com o Sylvio. Minha relação com ele é de profunda amizade, principalmente pelo respeito que eu tenho pelo pessoa que ele é, o trabalho que realiza e a aliança que o Instituto nos permitiu formar”, conta Werneck. Entre os diferenciais do Sylvio, Pedro aponta a disciplina e o caráter como principais. A combinação, inclusive, ajudou um amigo seu em situação trágica ocorrida anos atrás, na saída de uma boate na Zona Sul do Rio de Janeiro. “Eu tenho uma lembrança muito marcante do Sylvio no momento em que um amigo meu foi violentamente agredido na saída de uma boate muitos anos atrás. Na ocasião ele estava covardemente sendo espancado pelo outro cara, que chutava a barriga e o rosto dele no chão, onde

Parceria entre Sylvio e Pedro Werneck vem de longa data

não tinha ninguém vendo. Mas o Sylvio, ao ver, correu lá e rapidamente interveio sem saber o que estava acontecendo, correndo o risco de levar até um tiro. Foi uma atitude muito corajosa da parte dele, que depois ainda ajudou durante o processo jurídico”, lembra, antes de encerrar. “Os diferenciais que eu observo nele são a disciplina, pois

o Sylvio é um cara muito focado naquilo que ele busca, naquilo que ele faz, e transmite isso aos seus alunos; o caráter é outro grande atributo. É uma pessoa de índole clara, verdadeira. Ele transmite sua confiança para as outras pessoas, com segurança e legitimidade, para que elas queiram estar ao seu lado e acompanhar ele. É um verdadeiro mestre”.

“Um dos diferenciais que eu observo nele é a disciplina, pois o Sylvio é um cara muito focado naquilo que ele busca, naquilo que ele faz, e transmite isso aos seus alunos”

Sobre o Instituto da Criança O Instituto da Criança (IC) é um gestor de projetos sociais que, através de suas ações, inspira e promove o exercício da solidariedade. Durante seus 25 anos de história atua como uma solução para a sociedade superar os atuais desafios sociais. Cada vez mais, a organização é qualificada por ser tanto uma força como um instrumento de transformação.

O IC funciona como uma via de aproximação entre pessoas físicas e jurídicas que têm condições e vontade de contribuir, contudo não sabem como fazer este investimento chegar a quem realmente precisa. Desta forma, a instituição conecta e articula esses dois grupos, assessorando empresas e direcionando recursos financeiros, humanos, materiais e conhecimentos técnicos a

fim de promover o desenvolvimento social. Anualmente, investe em projetos e campanhas de educação, cidadania, geração de renda e desenvolvimento comunitário. Atualmente, o IC está entre as 100 melhores ONGs do mundo, segundo a NGO Advisor, além de fazer parte da ECOSOC – Economic and Social Council – das Nações Unidas.

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PAULO PARENTE Foto Renatta Maria

SURFE, DIREITO E JIU-JITSU Advogado, Paulo Parente é praticante de Surfe e JiuJitsu. Essa simbiose que une as duas modalidades esportivas é marcada por muito respeito entre os praticantes. O “casamento” para Paulo começou ainda na década de 1980, quando pegava onda em praias da Zona Sul do Rio de Janeiro e, pouco tempo depois, teve o privilégio de conhecer o Grande Mestre Hélio Gracie. Em conversa com a TATAME, o faixa-preta relembrou esta época.

Como você iniciou no Jiu-Jitsu? No início da década de 80, observei que vários amigos meus do Arpoador e de Copacabana, locais onde eu mais surfava, praticavam o Jiu Jitsu. Um dia fui visitar a Academia Gracie e fui recebido pelo Grande Mestre Hélio Gracie. A partir daquele momento já houve uma mudança na minha vida. Conheci os seus filhos, fiz muitas amizades, que mantenho até hoje, passei a me alimentar melhor, ao

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seguir, por muitos anos, a dieta criada e desenvolvida pelos irmãos e Grandes Mestres Carlos e Hélio Gracie. A intensidade dos treinos e o aprendizado da defesa pessoal, naturalmente, levaram-me a ter maior autoconfiança e a autoestima elevada. As competições realizadas na própria academia eram duríssimas e competir com praticantes de outras academias, em alguns dos poucos eventos que já começavam a sur-

gir naquela época, foi fundamental para que eu tivesse uma melhor compreensão e controle da coragem, do medo, do respeito e da humildade, que são inerentes a conduta daquele que pratica o Jiu Jitsu. Com todo esse envolvimento, passei a entender melhor o que é o Jiu Jitsu e como poderia ajudar no meu desenvolvimento pessoal e profissional. Tenho uma enorme gratidão a toda família Gracie, em especial, aos meus eternos Mes-


tres Hélio e Rickson Gracie, pessoas que tive o privilégio e a honra de ter convivido e aprendido não só o Jiu Jitsu, como também muito sobre a vida. Quando você decidiu levar o Jiu-Jitsu como profissão? Costumo dizer que não vivo do Jiu Jitsu, mas vivo o Jiu Jitsu. Em 1986, ano que me formei em Direito, ainda na faixa azul, fui convidado para fazer uma entrevista na Rádio Estácio FM que

tinha uma série de programas relacionados a diferentes esportes, dentre eles o surf. A entrevista foi sobre o campeonato brasileiro de surf que eu havia participado em Florianópolis. A produção do programa gostou da maneira como a entrevista transcorreu e perguntou se eu praticava outro esporte. Assim que eu disse que treinava Jiu Jitsu, fui convidado para conduzir um programa de entrevistas sobre o Jiu Jitsu. Perguntei ao Gran-

de Mestre Hélio Gracie o que ele achava daquilo e, não só tive o seu aval, como fui muito incentivado a seguir em frente. Naquele programa tive oportunidade de aprender muito sobre o Jiu Jitsu e sua história ao entrevistar diversas feras, tais como: Carlson, Rickson, Royler e Royce Gracie, Murilo Bustamante, Marcelo Behring, Sergio Zveiter, dentre outros. Em julho de 86 viajei para Hossegor, uma pequena e pitoresca cidade, localizada no sudoeste da França, para participar de uma competição de surf por equipes e criar, juntamente com outros 6 (seis) brasileiros/cariocas, conteúdo para o programa de televisão brasileiro muito conhecido naquela época, chamado Realce. O fato é que eu não voltei para o Brasil em um mês, como era o previsto. Fiquei por quase um ano viajando e surfando pela França e alguns outros países europeus. Com isso aprendi uma outra língua e outras culturas, o que me ajudou muito quando retornei para o Brasil. Em 1987, juntamente com outros dois sócios, o escritório Di Blasi, Parente & Associados, especializado em Propriedade Intelectual, foi oficialmente inaugurado no Centro do Rio. A partir daquele ano, passei a me dedicar integralmente ao escritório, juntamente com meu sócio Gabriel Di Blasi, onde neste ano de 2020 celebramos 33 (trinta e três) anos de fundação. Qual é a dificuldade de conciliar os dois? Do meio para o final dos anos 80, foi exatamente o período que o Jiu Jitsu passou a ter maior divulgação, mais campeonatos e, por conta da minha dedicação em tempo integral ao escritório, houve sim uma dificuldade de

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PAULO PARENTE

conciliar os treinos com o exercício da advocacia, pois o começo é sempre muito difícil. De qualquer forma, tive a oportunidade de treinar outras artes Marciais, como o Boxe, do Mestre Claudio Coelho (Nobre Arte) e em outras Academias de Jiu Jitsu, como por exemplo: a Master (atualmente Alliance) e na Corpo 4 (já com o Mestre Sylvio Behring). Você tem outra profissão além de professor? Se sim, qual? E como o Jiu-Jitsu ajuda? O Jiu jitsu sempre me ajudou no exercício da advocacia. A advocacia é uma nobre profissão, mas que exige muita concentração, estudo e o desafio diário de defender os interesses e direitos dos clientes o que, normalmente, em razão dos prazos e por depender do judiciário, leva o profissional ao sedentarismo e a altos níveis de estresse. Por algum tempo, deixei de praticar o Jiu Jitsu, no momento que jamais deveria parar, e cai nessa armadilha do estresse e do desequilíbrio na rotina e da alimentação. Manter o ritmo frenético de um escritório em crescimento e com a família em formação, com filhos pequenos, direcionaram o meu foco para atingir outras metas e objetivos. A propósito, as habilidades e esportes que aprendi na infância e adolescência como, por exemplo: futebol, surf, a música (toco violão/guitarra e gaita) e, principalmente, o Jiu Jitsu, foram fundamentais para me manter ligado aos esportes, já que muitos dos meus clientes são atletas, lutadores, artistas ou empresas relacionadas. Como a minha área de atuação é também ligada a Proteção da Propriedade Intelectual e ao Esporte, faz parte do meu dia a dia proteger marcas, patentes,

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desenhos industriais, direitos de imagem e da personalidade, direitos autorais, bem como elaborar contratos de luta, patrocínio, publicidade e de eventos em geral. Como você conheceu o Sylvio Behring? Conheci o Sylvio Behring a partir do seu irmão Marcelo. Tive aula com o mestre Sylvio Behring e sempre gostei da forma como ele ensinava o Jiu Jitsu. Tive aulas com ele na Corpo 4, em Copacabana, e, posteriormente, em outros lugares. Num determinado período intensifiquei meus treinos em grupo e passei a ter aulas particulares com ele praticamente todos os dias.

“Procuro participar de Seminários de Grandes Mestres... sigo na busca de conhecimento” Qual é o maior legado que Sylvio está criando no Jiu-Jitsu? Além de preservar a essência do Jiu Jitsu o Sylvio é muito rigoroso com a disciplina, horário, assiduidade, comprometimento, hierarquia, respeito, regras e, principalmente, com os detalhes, minúcias e infinitas repetições das posições e da defesa pessoal. Tanto é assim que desenvolveu o Sistema Progressivo de Jiu Jitsu, o qual me adaptei de uma maneira muito natural. Acredito que esse é o maior legado do mestre Sylvio Behring a preservação e, ao mesmo tempo, o desenvolvimento e atualização da essência do Jiu Jitsu que está fundada na defesa pessoal. Historicamente, as pessoas que pro-

curam uma academia de Jiu jitsu estão em busca de aprender a se defender e ter uma postura mais positiva para enfrentar algumas situações reais que podem ocorrer em suas vidas. Aprender com o Sylvio Behring é ter a certeza de estar preparado para atuar em qualquer situação que possa ocorrer na rua, na vida real. Além disso, ele também escreveu e desenvolveu, em coautoria com o Hélder Andrade, o GPCI – Gerenciamento Progressivo de Comportamento Inconveniente, que, em última análise, ensina a utilização verbalização em situações de conflito e busca evitar que o confronto físico ocorra. Você tem um núcleo da academia dele. Como é representar e levar a bandeira dele adiante? Não tenho núcleo da Academia Behring, mas sempre que possível dou seminário com ele e visito as Academias filiadas no Brasil e em diversos países. Também procuro participar de Seminários de Grandes Mestres/Mestres/Professores de Jiu Jitsu de outras bandeiras/ agremiações. Dessa maneira, sigo na busca de conhecimento, reencontro e faço novos amigos. A CAARJ vem realizando anualmente uma Copa de Jiu-Jitsu exclusiva para advogados. Como você vê essa iniciativa? Foi uma iniciativa muito interessante. Infelizmente, até onde sei, a nova gestão deixou de apoiar esse projeto. Apesar disso, há um grupo de advogados mobilizados para que a OAB/RJ e a CAARJ voltem a apoiar projetos voltados para o Jiu Jitsu, como campeonatos e equipes, partindo da ideia do bem-estar físico e mental dos profissionais da Advocacia Fluminense. Afinal, Jiu Jitsu é saúde e é vida!


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ZANZA Por Diogo SantarĂŠm Fotos arquivo pessoal

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‘GRATIDÃO

ETERNA’

Primeira mulher a representar o Wrestling brasileiro em uma edição de Jogos Olímpicos, em Pequim 2008, Rosângela Conceição, a “Zanza”, é uma vencedora através do esporte. Parte do sucesso da atleta de São Leopoldo (RS) deve-se ao mestre Sylvio Behring, que a conheceu em 1994 e, desde então, ajudou na formação da casca-grossa, que agradece: “Sou eternamente grata”.

Depois de encerrar a carreira como atleta, Zanza se mudou para os Emirados Árabes Unidos, onde ensina artes marciais para crianças, inclusive Luta Olímpica, na SBA Abu Dhabi. A relação com Sylvio - estabelecida há 24 anos -, porém, segue intacta: “Nossa relação foi construída com muito confiança, dedicação,

parceria, respeito, determinação, companheirismo e reciprocidade. Desde que eu comecei a treinar com o mestre, ele passou a participar das escolhas profissionais e até de algumas pessoais da minha vida”, garante. Hoje professora e representante do Jiu-Jitsu Behring na capital dos Emirados Árabes, Zanza bri-

lhou também como atleta, sendo campeã de Judô, Jiu-Jitsu e Wrestling. Na arte suave, foi a primeira campeã mundial - ao lado de Thaís Ramos - em 1998, quando a CBJJ abriu o campeonato para mulheres. Na época, ainda era faixa-roxa, vindo posteriormente a receber a preta das mãos de Sylvio. “Eu comecei a treinar Judô

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ZANZA

em 1981, há 38 anos, por causa do meu irmão. Como eu treinava muito em pé, senti a necessidade de treinar mais chão após assistir ao Flávio Canto competir. Então, conheci o mestre Ricardo Murgel, que me apresentou uma nova arte marcial, o Jiu-Jitsu! Gostei bastante e, desde então, nunca mais parei de treinar. Já em 1994, fui para o Rio de Janeiro fazer uma seletiva para integrar a seleção brasileira de Judô e não me classifiquei, mas fui chamada para

“Desde que eu comecei a treinar com o mestre, ele passou a participar das escolhas profissionais e até de algumas pessoais da minha vida” ser atleta da Universidade Gama Filho. Naquela época, a Gama Filho tinha um dos melhores times de Judô e outras modalidades do Brasil, então eu aceitei. Como tive que me mudar para o Rio, o mestre Murgel me indicou um professor pra treinar Jiu-Jitsu, e foi o

Sylvio Behring. De início não consegui encontrá-lo, mas recomendada pelo De la Riva, cheguei na academia Corpo 4, onde o nosso grandioso GM João Alberto Barreto dava aula e o mestre Sylvio também. Ao chegar, me apresentei para o Sylvio e nunca mais o

Após defender a bandeira Behring nos tatames, Zanza hoje representa o Jiu-Jitsu Behring nos Emirados Árabes Unidos

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deixei (risos). Não importa aonde estou, ele sempre será meu mestre e amigo, minha família”. Ao longo dessa trajetória juntos, foram muitas conquistas e alguns percalços, conforme Zanza relembrou, ressaltando a importância do seu mestre: “No decorrer desses 24 anos de convívio, foram muitos desafios superados. Quando eu era atleta e teoricamente vivia disso, o esporte não me mantinha, patrocinadores eram muito raros. Então, o mes-

tre Sylvio me adotou, assim como fez com tantos outros. Ele tem um coração enorme, e com seu ‘olhar de águia’ é capaz de antecipar seu futuro no esporte. Isso aí me proporcionou acesso a várias coisas, lugares e pessoas que eu jamais teria sem ele. Para mim, ele é um exemplo. Representa sucesso e êxito”, afirma a faixa-preta. Orgulhosa de ser aluna de Sylvio Behring, Zanza encerrou destacando os seus diferenciais: “O principal diferencial dele é a aten-

ção, a dedicação que ele dá para cada indivíduo. Eu não era só mais uma atleta dele, era uma atleta com nome, talentos específicos, diferenciais e personalidade. Ele sabia analisar todos, entendê-los, e aí você tem a fórmula perfeita para um treinador. Outro grande atributo do Sylvio é se reinventar. Há 50 anos, o Jiu-Jitsu era uma coisa, há 30 outra, há 10 anos era um tipo de esporte e hoje é outro. Mas mesmo com todas as mudanças, ele segue atualizado”.

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DOUGLAS MOURA Por Mateus Machado

Douglas conheceu Sylvio em um seminรกrio no Rio e, desde entรฃo, segue os passos do mestre

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PARA A

VIDA TODA

Entre o Caratê, Jiu-Jitsu e MMA, Douglas Moura construiu sua base nas artes marciais. Aos 6 anos de idade, teve seu primeiro contato com a luta e posteriormente, já aos 15 anos, foi apresentado à arte suave. Hoje Douglas é faixa-preta, professor, e através do esporte tem sua principal fonte de renda. Com sua carreira no MMA abreviada por conta das lesões, Douglas é mais um dos inúmeros atletas que passaram pela tutela direta do mestre Sylvio Behring, que o conheceu através de Renan Pitanguy e Maurício Miguel Pereira.

“Meu primeiro contato com as artes marciais veio através do Caratê, quando eu tinha 6 anos. Muito tempo depois, com 15, eu descobri o Jiu-Jitsu, mas na época eu não tinha dinheiro para pagar uma academia, pois vim de uma família bem humil-

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DOUGLAS MOURA

de. Com essa idade, ainda no Caratê, conheci um amigo que treinava Jiu-Jitsu e ele me levou para dar uns treinos, e nisso eu conheci o Maurício Miguel Pereira, que chamavam de ‘Maurição’ Behring, que é primo do Sylvio. Pouco tempo depois, o Maurição estava querendo abrir uma academia no Recreio (RJ) e ele meio que me ‘adotou’, me deu uma bolsa. Os primeiros a me darem oportunidade foram o Renan Pitanguy e o Maurição”, lembra, prosseguindo. “Seis meses depois eu conheci o Sylvio em um seminário. Logo depois, o mestre Sylvio veio morar aqui no Rio para fazer um trabalho junto com outras pessoas, daí eu comecei a competir por eles e me davam todo o apoio e moral para continuar no esporte. Não só me direcionando para o Jiu-Jitsu, mas também para a vida”, conta o faixa-preta, que ainda falou sobre a importância de Sylvio e Maurício para sua trajetória nas artes marciais. “Eu tive muita sorte, porque peguei bem a essência do Jiu-Jitsu com o Sylvio e o Maurício. Um

Jiu-Jitsu bem tradicional, de defesa pessoal, uma escola que não forma só lutadores, como também professores. Graças a eles, eu tive mais uma opção de vida e eu vivo dela hoje, sendo professor de Jiu-Jitsu. Em 2006, o Maurício faleceu e eu continuei com o Sylvio, sendo graduado à faixa-preta logo depois por ele. Continuei treinando, fazendo faculdade, depois migrei para o MMA, me profissionalizei e fui para a X-Gym, posteriormente para a Team Nogueira, mas sempre tendo uma relação com a Behring Jiu-Jitsu, sempre levando o mestre Sylvio para o meu córner”. Atualmente voltado para a rotina como professor, Douglas Moura é um dos inúmeros representantes do mestre no Brasil com a “Sylvio Behring Association”. Na Escola de Boxe Cezário Bezerra, situada no Recreio, Zona Oeste do Rio de Janeiro, o faixa-preta possui um núcleo onde dá aulas de Jiu-Jitsu para crianças, jovens e adultos, passando os ensinamentos da “Behring Jiu-Jitsu” e o tradicional sistema progressivo, além da defesa pessoal.

“Eu tive muita sorte, porque peguei bem a essência do Jiu-Jitsu com o Sylvio e o Maurício” “Na nossa academia, trabalhamos com crianças, adultos, aulas femininas, entre outras coisas. A gente trabalha muito a defesa pessoal, assim como a parte competitiva, que também é um dos nossos grandes propósitos. As aulas começam às 7h30 com os adultos e vão até à noite com atividades em diversos períodos”, conclui o professor, que passa adiante sua paixão pelo Jiu-Jitsu, assim como os ensinamentos de Maurício e Sylvio Behring.

Douglas Moura com Sylvio Behring na academia e posando com os Grandes Mestres Álvaro e João Alberto Barreto

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JASON PARENTEAU

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Por Diogo Santarém Fotos Jordan Nepon

ARTE SUAVE

INDÍGENA Jason Parenteau é mais um discípulo de Sylvio Behring pelo mundo e, assim com seu mestre, propaga o Jiu-Jitsu em sua essência. Após conhecer o brasileiro em 2012, Jason partiu para um jornada na comunidade indígena conhecida como “Roseau River Anishinabe Nation”, localizada em Winnipeg, no Canadá, onde ensinou arte suave para crianças, adolescentes e adultos antes de seguir um novo caminho. Orgulhoso do seu papel até agora, o canadense saúda Sylvio: “Boozhoo Nindawemaaginidog”.

A expressão “Boozhoo Nindawemaaginidog”, utilizada por Jason, representa uma saudação tradicional do povo indígena conhecido como “Ojibwe Anishinabe”, da América do Norte. Representa, também, o papel de Sylvio Behring para o faixa-preta e outros canadenses fãs do esporte. “O mestre Sylvio visitou pela primeira vez a comunidade de ‘Roseau River Anishinabe’ em 9 de junho de 2013 para dar um seminário aos nossos jovens na Escola Ginew. Ele apresentou seu conhecimento muito profissionalmente e com o coração. A comunidade realmente gostou da sua presença e seu trabalho. Desde então ele tem me orientado for-

“Desde que nos conhecemos, o Sylvio tem me orientado fornecendo feedback com críticas construtivas, assim como bons conhecimentos para auxiliar no crescimento do nosso clube. Não apenas do clube, mas também meu pessoal, como instrutor” necendo feedback com críticas construtivas, assim como bons conhecimentos para auxiliar no crescimento do nosso clube. Não apenas do clube, mas também meu pessoal, como instrutor”, lembra Parenteau.

Em entrevista à TATAME, Jason também relembrou como começou sua história com a comunidade indígena. Através de um convite, em 2013, o canadense foi chamado pela agência “Dakota Ojibway Child & Family

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JASON PARENTEAU

Services” para ajudar com jovens locais, realizando sua primeira aula de Jiu-Jitsu em fevereiro daquele ano. “Começamos com um pequeno grupo de meninos da comunidade e, eventualmente, algumas meninas. E conforme continuamos oferecendo nosso apoio e conhecimento, o Clube de Jiu-Jitsu de Roseau River começou a crescer. As aulas que ensinamos eram e ainda são baseadas no Sistema Progressivo de Jiu-JItsu, conforme instruído pelo mestre Sylvio, e tem sido

muito benéfico. Eu dirijo de Winnipeg para o rio Roseau para dar aulas para crianças de 12 anos ou menos, assim como para adolescentes e adultos. Algumas das vezes eu dirigia em invernos de -40º, mas persistia. O sorriso e o comprometimento dos alunos faziam o esforço valer a pena”. Em crescimento constante, Jason abriu recentemente uma academia - a Infinite Jiu Jitsu Inc - em Winnipeg, Manitoba (CAN), sempre pautado pelos ensinamentos de Sylvio. A ligação com a comunidade de “Roseau River Anishinabe

Jason Parenteau é um dos principais responsáveis por propagar o Jiu-Jitsu Behring no Canadá

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Nation”, entretanto, continua, assim como o suporte do mestre. “Com apoio e dedicação contínuos, conseguimos construir um time forme, com sólidas técnicas de defesa pessoal, mas também sempre presente e conquistando medalhas no cenário competitivo. O mestre Sylvio visita ‘Roseau River Anishinabe Nation’ a cada seis meses para ajudar no crescimento, e tem sido muito bom tê-lo nos visitando. É algo realmente significativo para os membros da comunidade”. Pelo apoio de Sylvio, Jason agradece: “Miigwech” (obrigado).


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SAM BROWN Por Mateus Machado Fotos arquivo pessoal

RAÍZES

ESPALHADAS NOS EUA Conhecido por ensinar e divulgar o Jiu-Jitsu pelo mundo, Sylvio Behring também deixou seu legado e ensinamentos para serem compartilhados nos Estados Unidos através da “Sylvio Behring Association” (SBA). E uma dessas “sementes” foi plantada na pequena cidade de Hamilton, localizada no estado americano de Montana, onde Brandon Olsen, faixapreta 3º grau, começou um trabalho que vem dando cada vez mais frutos.

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Olsen iniciou nas artes marciais através do Wrestling, no entanto, durante sua trajetória, conheceu Peter Iacavazzi, aluno de Behring, que o levou rapidamente para o Jiu-Jitsu e fez Brandon aliar suas duas paixões: o Wrestling e a arte suave. A mistura das duas artes, aliadas com o Sistema Progressivo aplicado pelos alunos de Sylvio Behring, tornou o lutador dono de um jogo de chão bastante eficiente, fazendo com que Olsen conquistasse bons resultados no Jiu-Jitsu, onde foi pentacampeão no torneio Grapplers Quest, bronze e prata no Mundial Master, entre outros títulos. No MMA, também construiu uma longa trajetória, tendo, inclusive, disputado o cinturão do extinto evento WEC. Um pouco mais afastado do mundo competitivo, Brandon,

com a companhia e ensinamentos de Peter Iacavazzi, se estabeleceu em Hamilton e, por lá, abriu uma academia de Jiu-Jitsu. Desta forma, desde então, vem contando com o auxílio também de Sylvio Behring, que começou a fazer viagens para a cidade e foi figura importante no crescimento da academia. Sob a tutela do mestre Sylvio, a equipe passou a produzir um estilo único de lutador e bons nomes foram surgindo.

Posteriormente, alguns desses alunos conquistaram a sonhada faixa preta. Os dois primeiros a conseguir foram Sam Brown e Mike Neal, sempre acompanhados por Olsen. Sam, por exemplo, foi também responsável por passar a espalhar os ensinamentos adquiridos para outras áreas dos Estados Unidos, como em Missoula, Montana - onde lecionou por um ano -, e posteriormente em Bonners Ferry, no estado de

“É uma arte que está florescendo em todo o mundo e estou honrado em não apenas fazer parte dela, mas também de pilotar a bandeira de Behring”

Após uma visita ao Brasil, Sam Brown se apaixonou pelo Jiu-Jitsu e, posteriormente, pelos ensinamentos de Sylvio Behring

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SAM BROWN

Idaho, e também em Sandpoint. Com duas academias Behring em Idaho, Sam Brown passou a contar com os auxílios de Tanner Weisgram, que logo se tornou faixa-preta, e também de Ben Dodd, aluno de Brandon Olsen. Com a equipe crescendo em diversas áreas dos Estados Unidos, como Montana, Idaho, e depois no Alasca e no Texas, foi tomada a decisão de criar a Sylvio Behring USA Association (SBUSA), como uma forma de reconhecer a importância do mestre brasileiro na formação de cada um dos atletas. “Todo mundo sabe que, sem ele (Sylvio Behring), nós não estaríamos onde estamos hoje, então a decisão de formalizar e criar uma estrutura em torno de nossa equipe com o mestre Sylvio como chefe, foi uma escolha óbvia. A cada dia que passa, a Associação cresce e se fortalece mais. O Sylvio é

uma das pessoas mais humildes e graciosas que conheço. Ele se tornou uma família para todos nós. Ele é muito profissional quando se trata de Jiu-Jitsu e suas expectativas para os professores são muito altas. Ninguém está isento, ninguém recebe um passe livre. Todos nós representamos algo maior que nós e ele nunca nos deixa perder isso. Para mim, isso é inestimável e me motiva a dar o meu melhor todos os dias a todos os meus alunos. É uma arte que está florescendo em todo o mundo e estou honrado em não apenas fazer parte dela, mas também de pilotar a bandeira de Behring”, garante o faixa-preta Sam Brown, que prosseguiu. “Quando eu comecei a treinar Jiu-Jitsu, eu estava no Rio e me apaixonei não apenas pela arte, mas pela cultura que a cerca. A equipe e os aspectos compe-

Sam Brown é um dos integrantes na SBUSA, braço da equipe nos Estados Unidos

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“Quando eu comecei a treinar JiuJitsu, eu estava no Rio e me apaixonei não apenas pela arte, mas pela cultura que a cerca” titivos realmente me atraíram e preencheram um grande vazio na minha vida. Quando voltei para os EUA, o treinamento foi bem diferente do que no Brasil e perdi contato com muitas formalidades e pequenas nuances. Foi até eu conhecer o mestre Sylvio, que ele me ‘limpou’ e me colocou em forma (risos). Eu lembro da primeira vez que eu o conheci, estava na graduação para a minha faixa-roxa. Nossa escola, na época, era muito informal e agora sei que ele não gostou nada disso. Quando chegou a hora da minha promoção, eu não conhecia seus costumes e fiz tudo errado. Até hoje ainda posso lembrar o olhar que ele me deu. Felizmente, ele não desistiu de mim. Realmente, tenho uma grande admiração pelo mestre Sylvio e me considero abençoado por servir sua equipe”, conclui Sam.


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GABRIEL E RAFAEL AZAMBUJA

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Por Diogo Santarém Fotos Fabiana Leivas e arquivo pessoal

JIU-JITSU EM FAMÍLIA Primos de sangue e alunos de Sylvio Behring quando o assunto é arte suave. Assim é a história de Rafael e Gabriel Azambuja, que há 12 anos ao lado do mestre coordenam escolas de Jiu-Jitsu com o selo Azambuja-Behring no Rio Grande do Sul, e garantem: “Beber da fonte faz a diferença”. O primeiro dos primos a começar no esporte foi Rafael, em 1998. Três anos depois foi a vez de Gabriel, ambos através do professor Márcio Corleta, na extinta Winner Behring. Desde então, a história da dupla e de Sylvio está cruzada, culminando na fundação da Azambuja-Behring em 2007, que segue até hoje. Parceiros, os dois

falaram com a TATAME sobre a relação com o mestre e seu principal legado. “Acho que o maior legado do Sylvio é justamente a preservação da essência do Jiu-Jitsu, principalmente através da metologia que ele desenvolveu em conjunto com seu mestre (Álvaro Barreto), o Sistema Progressivo

de Jiu-Jitsu. Hoje em dia representa o trabalho de muitos professores, e tudo graças a esse aprendizado. Tive o privilégio de poder aprender diretamente com ele, bebendo da fonte (risos), e isso faz a diferença”, opina Rafael, responsável por liderar a Escola de Jiu-Jitsu Azambuja-Behring, em Porto Alegre.

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GABRIEL E RAFAEL AZAMBUJA

Rafael (à direita de Sylvio Behring) é, com sua equipe, um dos grandes responsáveis por propagar o Jiu-Jitsu Behring no Sul do país

Parceria entre Rafael Azambuja e Sylvio vem de longa data, desde 2007

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Como muitos, Rafael viu na arte suave uma chance de melhorar sua qualidade de vida, e conseguiu. Hoje já consolidado e faixa-preta há 15 anos, os desafios são outros, como a gestão de sua academia. As dificuldades são muitas, mas com o apoio de Sylvio, ele segue confiante no trabalho realizado. “O principal desafio, pra mim, é acompanhar o avanço da tecnologia. É preciso estudar, fazer cursos e se adaptar, modernizar. Porém, mesmo assim é importante manter o espírito de um professor de artes marciais, a disciplina, a preservação dos fundamentos. Isso nunca pode morrer”, encerra.

“Acho que o maior legado do Sylvio é justamente a preservação da essência do Jiu-Jitsu, principalmente através da metologia que ele desenvolveu” Rafael Azambuja


Gabriel Azambuja segue os passos do primo e também é discípulo de Sylvio

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GABRIEL E RAFAEL AZAMBUJA

Escola Gabriel Azambuja-Sylvio Behring vai ganhando cada vez mais espaço no interior do Rio Grande do Sul

“O meu sonho é propagar o Jiu-Jitsu para o maior número de pessoas possível. Criar um legado na minha cidade que passe por gerações e que fique como referência em educação e treinamento” Gabriel Azambuja

Escola Gabriel Azambuja-Sylvio Behring Após iniciar sua caminhada com o primo, Gabriel rumou para o interior do Rio Grande do Sul, em Jaguarão, onde anos depois fundou a Escola Gabriel Azambuja-Sylvio Behring, voltando a lecionar Jiu-Jitsu. Para ele, a vontade de propagar o esporte para o máximo de pessoas possíveis é o que lhe motiva. “O meu sonho é propagar o Jiu-Jitsu para o maior número de pessoas possível. Criar um legado na minha cidade que passe por ge-

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rações e que fique como referência em educação e treinamento”, projeta Gabriel, que complementou. “Vejo a gerência (da academia) como uma série de hábitos de comprometimento, organização, planejamento, atualização, trabalho... O maior desafio é realizar a parte de gestão, as aulas e o meu treinamento com excelência em tudo”. Ainda sobre Sylvio Behring, o faixa-preta vê a manutenção da essência da arte suave pelo mes-

tre como um dos seus diferenciais, destacando o Gerecimento Progressivo de Comportamento Inconveniente (GPCI). “Na minha opinião, um diferencial do mestre é a preservação do Jiu-Jitsu baseado na defesa pessoal, mas sem deixar de lado a evolução do Jiu-Jitsu esportivo. O produto GPCI representa esse resgate de técnicas com uma abordagem verbal atualizada e pertinente à sociedade cada vez mais violenta”, garante.


Escola de jiu-jitsu

azambuja Porto alegre/RS

(51) 3095.0413

José do Patrocínio, 413 - Cidade Baixa

facebook.com/azbehring

@azambujabehringbjj

Escola gabriel azambuja - Jaguarão RS

(53) 98451-4529

Menna Barreto 947 Centro CEP 96300-000

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onejaguarao

gazbehring


DOUGLAS FERREIRA Por Mateus Machado Foto arquivo pessoal

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ARTE SUAVE NO LITORAL Vivendo do Jiu-Jitsu e responsável por comandar três núcleos da equipe Behring no Rio Grande do Sul, Douglas Ferreira, assim como muitos praticantes do esporte, teve uma trajetória repleta de dificuldades e grandes desafios até chegar ao objetivo de prosperar através da arte suave. Formado pelo professor Alexandre Fortes, Douglas se tornou um dos homens de confiança de Sylvio Behring, e junto com seu irmão, Cássio Ferreira, realiza um trabalho exemplar na região litorânea do Rio Grande do Sul. De origem humilde, o faixa-preta procura retribuir com seus ensinamentos tudo o que o esporte lhe proporcionou ao longo dos últimos anos. “Minha grande dificuldade na época em que eu comecei a treinar, em 1998, era a distância de 120km. Conheci os professores Fabiano Porto e Alexandre Fortes, que é meu professor até hoje e aluno do mestre Sylvio Behring. Foi ele quem tornou tudo possível. Eu tinha dificuldades para treinar, de ir para a capital. Foi ele que

deu meu primeiro quimono. Eu trabalhava na construção civil, não tinha condições de pagar mensalidade e ele não me cobrava. Muitas vezes me ajudou, inclusive, com refeição, quando eu ia para Porto Alegre treinar. Essa foi minha rotina por muitos anos, com meu irmão, Cássio Ferreira. A gente improvisou um tatame, na época, de isopor, na nossa casa, e fazíamos os treinos. Foi uma trajetória bastante difícil, mas alegre por ser cercada de pessoas especiais. Hoje nós temos três escolas no litoral do Rio Grande do Sul, com um trabalho muito bacana, muitos alunos e em crescimento, sempre sob a supervisão do mestre Sylvio”, relembra Douglas, falando em seguida sobre sua relação com Behring.

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DOUGLAS FERREIRA

“O mestre Sylvio é fundamental na minha formação. Hoje eu tenho junto comigo mais oito faixas-preta, nossa equipe conta com quase 400 alunos e o Sylvio é fundamental nesse trabalho. Ele me deu o caminho que eu deveria seguir para ser um bom professor, para ter sucesso, e principalmente por ele apresentar e nos oferecer o Sistema Progressivo de Jiu-Jitsu, um sistema de excelência de ensino que fa-

cilita muito nosso trabalho. Além disso, o Sylvio é nosso conselheiro, amigo e está sempre disposto a nos ajudar em todas as questões. Ele é um grande ‘paizão’ para todos nós”. Atualmente, o faixa-preta é responsável pela Ferreira Behring - núcleo de Sylvio no Rio Grande do Sul - e, junto com seu irmão, cuida de equipes em Tramandaí, Osório e Imbé, com aulas diárias para praticantes de diversas fai-

Douglas Ferreira é, atualmente, responsável por comandar três núcleos da Behring em RS

SEDES PRÓPRIAS DA FERREIRA BEHRING: Ferreira Behring Tramandaí Endereço: Avenida Fernandes Bastos, nº 2362 Ferreira Behring Osório Endereço: Rua 24 de maio, nº 1250 Ferreira Behring Imbé Endereço: Avenida Paraguaçu, nº 2740 Professores responsáveis: Douglas Ferreira e Cássio Ferreira, com aulas diárias de segunda a sexta-feira. São cerca de seis aulas por dia em cada núcleo, divididas nas turmas mini kids, kids, adulto e master.

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“Hoje eu tenho junto comigo mais oito faixaspreta, nossa equipe conta com quase 400 alunos e o Sylvio é fundamental nesse trabalho” xas etárias. Eles também organizam um projeto social que possibilita a prática da arte suave em escolas de forma gratuita. “Há mais de dez anos a gente vem fazendo esse trabalho de formação aqui no Litoral, temos três academias em três cidades, trabalhando especificamente com o Jiu-Jitsu. Dentro do Sistema Progressivo, nós ensinamos um Jiu-Jitsu completo, de defesa pessoal, com a parte desportiva, com técnicas de projeção, de queda, o Jiu-Jitsu com golpe traumático, entre outras coisas. Visamos o ensino do esporte para todas as idades. Temos aulas para crianças de 3 a 6 anos, para outras crianças, jovens e adultos. São mais de sete aulas diárias, em cada escola. Temos também nosso trabalho social dentro da comunidade, onde atendemos mais de 100 crianças, criado há quatro anos e que leva o Jiu-Jitsu para o ambiente escolar de forma gratuita”, detalha, orgulhoso, o professor Douglas.


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PEDRO ALBUQUERQUE Por Mateus Machado Fotos arquivo pessoal

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LINHAGEM BEHRING

NO CANADÁ O faixa-preta de Jiu-Jitsu Pedro Albuquerque tem sua trajetória dividida em duas partes: as artes marciais e a Medicina. Nascido no Rio de Janeiro, Pedro mora no Canadá e é responsável pelo núcleo da Behring Jiu-Jitsu em Montreal, mas seu começo no mundo das lutas, porém, aconteceu de forma inusitada.

“Eu comecei no Judô, em 1975. Minha mãe me colocou no Judô porque eu acabava apanhando dos ‘molequinhos’ da rua, e eu não sabia me defender. Dois anos depois nos mudamos e em 1979/1980, logo depois da Copa do Mundo na Argentina (1978), lembro que estava no clube do condomínio jogando bola e, de repente, um monte de caras mais velhos entra só com a calça do quimono, carregando aqueles tatames de palha verde, e eles montaram uma área de tatame na quadra de vôlei. No momento que aquilo começou, eu saí correndo para ver, porque eu já sabia que aquilo ali era Judô. Fiquei vidrado, porque eles fizeram uma apresentação de defesa pessoal, entre outras coisas. Depois que terminou, eu saí correndo para

casa avisar minha mãe que ia ter Judô - na época eu nem chamava de Jiu-Jitsu. Ela disse que iria me matricular, mas perguntou onde estava minha bola. Acabou que a atração foi tanta que acabei perdendo minha bola (risos). Isso foi num final de semana. Na segunda-feira, o GM Flávio Behring começou a dar aula no condomínio Nova Ipanema, em um lugar meio que improvisado. Na época o Flávio era faixa-preta, o Sylvio era faixa-roxa e o falecido Marcelo faixa-azul”, relembra com alegria Pedro, que em seguida, falou de sua ligação com a família Behring. “No final dos anos 90, eu já tinha me formado em Medicina, feito Radiologia e vim morar no Canadá. Em 2000, pouco antes de vir para o Canadá, me encon-

trei com o Sylvio e ele me falou que tinha um representante dele em Toronto, e aí eu cheguei no país e fui treinar nessa academia, onde fiquei dois anos e meio, puxando os treinos, recebendo também a faixa preta nesse período, entre 2000 e 2002”. Sair do país de origem para buscar sucesso em sua profissão em uma outra nação, com uma cultura totalmente diferente, exige coragem, disciplina, confiança, entre outros fatores. Segundo Pedro, o Jiu-Jitsu foi grande o responsável para que ele adquirisse esse “pacote completo”, considerado primordial para o desenvolvimento profissional ao longo dos últimos anos. “O Jiu-Jitsu me ajudou bastante, não só no período vivido no Rio de Janeiro, mas também me

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PEDRO ALBUQUERQUE

deu confiança para tentar voos maiores. A gente sabe que a autoconfiança adquirida no Jiu-Jitsu extrapola para outras áreas, e no meu caso, foi poder ter vindo fazer meu treinamento aqui no Canadá do nada. Eu vim com uma mão na frente e outra atrás, me joguei, corri atrás e consegui. Essa coragem que eu tive, certamente, foi por conta do Jiu-Jitsu. Com certeza, um dos momentos marcantes da minha vida foi ter criado essa confiança e coragem por causa da arte suave para poder lançar esses voos maiores como médico fora do Brasil”, destaca.

“O Jiu-Jitsu me ajudou bastante, não só no período vivido no Rio de Janeiro, mas também me deu confiança para tentar voos maiores” Nos dias atuais, Pedro Albuquerque é responsável pela Brazucanuck Behring Jiu-Jitsu, situada em Montreal, onde ministra aulas diariamente, conciliando com sua rotina voltada à medicina. Ao explicar sobre o sistema empregado, o faixa-preta ressaltou a importância de ensinar a arte suave voltada para a defesa pessoal, algo que sempre foi empregado por Flávio Behring, Sylvio e seus discípulos. “Eu sou responsável pela Behring Jiu-Jitsu em Montreal. Na verdade, ainda somos um time pequeno, a única academia é a mi-

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Álvaro Barreto, Sylvio Behring e Pedro Albuquerque no Canadá

nha, que eu abri tem quatro anos, e o trabalho que eu faço aqui é de tentar resgatar o Jiu-Jitsu completo, baseado na defesa pessoal, não só no quesito competitivo. Aqui na América do Norte, a competição tomou conta do mercado e a maioria das pessoas e a maneira como o Jiu-Jitsu é vendido, é uma forma de esporte. Então, o que eu tento fazer aqui é recuperar essa efetividade e eficácia do Jiu-Jitsu. Tento dar as aulas da mesma forma que eram nos anos 80, com ênfase para defesa pessoal e situações reais que você pode ser agredido. Eu trabalho no hospital de 8h às 17h, todos os dias da semana. Depois, vou para casa, fico com minha família, e quando dá 19h15, vou para a academia, onde dou aula diariamente, de 19h30 às 21h. No domingo, tem o ‘open mat’, de 11h à 13h”, explica, para logo depois, falar sobre a responsabilidade de liderar um núcleo da Behring Jiu-Jitsu.

“Para mim, ser um dos responsáveis da Behring Jiu-Jitsu aqui no Canadá é uma responsabilidade enorme. Se não me engano, sou o representante mais graduado da Behring aqui no Canadá. Eu faço parte da família desde que eles começaram a dar aula, então, para mim, é uma honra enorme. Eu tenho total noção do que a família representa para o Jiu-Jitsu mundial, é um privilégio ter tido aula com o GM Flávio, o mestre Sylvio é um dos melhores professores do mundo, disparado, tem uma didática espetacular. Eu também tive aula com o Marcelo, então, sempre tive a oportunidade de aprender coisas que vinham da academia do Álvaro Barreto, através do Sylvio, e também da Gracie Humaitá, onde o Marcelo treinava com o Rickson Gracie e trazia posições para a gente. Eu tento continuar isso da melhor maneira possível”, celebra.


Brazucanuck

PRESERVING BRAZILIAN JIU-JITSU’S EFFECTIVENESS

Affiliated

SYLVIO BEHRING ASSOCIATION

@brazucanuck

brazucanuck

www.brzcnk.com

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MIKE YACKULIC

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RELAÇÃO PROFESSOR E TREINADOR Discípulo de Sylvio Behring, o canadense Mike Yackulic conheceu o Mestre brasileiro em 2004 e, desde então, vem seguindo os seus ensinamentos, destacando os dois lados de Sylvio: o professor didático e o treinador linha dura. Aos 46 anos, Mike Yackulic faz parte de uma das maiores escolas de artes marciais do Canadá, a Arashi Do, com um total de 19 escolas e 2.500 membros. Natural de Edmonton, Mike é o responsável pela filial da Arashi Do em Edmonton Noth, localizada na Rua Albert Trail, 12730, onde desde 2004 compartilha os ensinamentos adquiridos com Chris Bonde e o Mestre Sylvio Behring. Em entrevista, Yackulic relembrou como foi esse contato com Sylvio, pela primeira vez em 2004, e o seu início no Jiu-Jitsu: “Eu comecei em 1994, Red Deer, com o Gary Vig, um dos principais

instrutores da Arashi Do, mas na época você não podia chamar aquilo de Jiu-Jitsu. Já em 1997, sem nenhuma experiência, me inscrevi para o meu primeiro torneio. Foi um evento pequeno, não mais de 20 pessoas, e minha primeira luta foi contra um faixa-preta de Judô. Ele me quedou imediatamente e eu consegui montar uma guarda (sem realmente saber o que era isso na época). Pelos próximos 12 minutos, ele foi incapaz de passar a minha guarda e continuou tentando me estrangular (...). Depois de algum tempo, sem saber o que fazer, eu apenas bati. Fiz mais duas lutas, sofrendo

uma guilhotina em 8 segundos na última. A partir daí fui ‘fisgado’ e comecei a comprar livros, vídeos e participar de seminários”, disse Mike, que continuou: “A primeira vez que eu conheci o Mestre, foi em um seminário que ele estava fazendo na nossa escola de Red Deer, na primavera de 2004. Eu tinha acabado de abrir a minha escola e estava muito empolgado para ouvir ele. Fiquei muito feliz com suas instruções e forma de abordar o Jiu-Jitsu, o nível de detalhe me surpreendeu e ele foi extremamente paciente. Alguns meses depois, fui ao Rio de Janeiro para treinar e lá me depa-

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MIKE YACKULIC

“Entendi ali a diferença do professor Behring, que passa os seminários compartilhando Jiu-Jitsu, e o treinador Behring, que exige o seu máximo, sem desculpas”

Canadense Mike Yackulic destacou os lados professor e treinador do Mestre brasileiro

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rei com outro mundo. Fiquei chocado quando cheguei lá. O Sylvio era muito mais rigoroso, exigente, e só falava português comigo. Eu me destaco em um ambiente assim, onde sou desafiado. Entendi ali a diferença do professor Behring, que passa os seminários

compartilhando seu Jiu-Jitsu, e o treinador Behring, que exige o seu máximo, sem desculpas”. Sobre a escolha para seguir os ensinamentos de Sylvio Behring, o faixa-preta canadense contou que, após o primeiro seminário e a viagem ao Brasil, teve


a certeza da sua decisão. Mike Yackulic ainda citou a eficiência do Sistema Progressivo de Ensino e falou sobre a situação do Jiu-Jitsu no Canadá. “Pratico Jiu-Jitsu há mais de 20 anos e vi isso mudar muito em Alberta. Tenho sediado

torneios nos últimos 19 anos e o cenário esportivo acumulou uma grande quantidade de apoio, e eu tive uma grande parte nisso. Uma preocupação que tenho para o futuro é que as pessoas estejam se concentrando apenas no esporte.

Pode ser muito mais emocionante do que praticar Defesa Pessoal (do lado de fora, mas depois de entender o valor e os detalhes da Defesa Pessoal, acho muito mais emocionante). Quero fazer crescer nossa arte suave”, completou.

Parceria entre Sylvio e Mike começou em 2004 e, desde então, só se forteleceu

Futuro do Jiu-Jitsu “A quantidade de técnicas de Jiu-Jitsu que uma pessoa normal precisa saber para se defender na maioria das situações é muito pequena, e depois disso eu posso ver as pessoas irem perdendo o interesse. E aí que muitas procuram o desafio que o esporte oferece. O Jiu-Jitsu é um conjunto de técnicas que está em constante crescimento, e especializando-se, isso pode lhe proporcionar uma viagem competitiva e mais experiências. Sempre existe muito o que aprender e se especializar, e vejo como essa parte (competitiva) atrai as pessoas, mas me preocupo no custo de não desenvolver realmente as bases do Jiu-Jitsu”, projetou o canadense.

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ANDRÉ DARK Por Yago Rédua

Sylvio Behring ao lado do pai, Flávio, e seu esquadrão de faixas-preta comandado por André Dark no ABC Paulista

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LEGADO NO ABC PAULISTA Assim como outros faixas-preta espalhados pelo mundo, André, Rafael e Clécio são responsáveis por propagar o legado do mestre Sylvio na arte suave. A Black Lab possui um núcleo da “Sylvio Behring Association” em Santo André, no ABC Paulista (SP), e se orgulham dos feedbacks “mais positivos” com o trabalho realizado.

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ANDRÉ DARK

Em um bate-papo, os professores comentaram sobre os desafios de se administrar uma academia e a importância de distribuir tarefas com outros membros de confiança. “Todos nós temos outra profissão, e para que tudo corra da melhor forma possível, dividimos as tarefas. Funciona como uma empresa, planejamento das aulas do mês, marketing e divulgação, além do financeiro”, aponta o professor e faixa-preta André Cano. Sobre a utilização do Jiu-Jitsu como uma ferramenta para ajudar nas questões sociais e mudar a vida de jovens e crianças, Rafael afirmou que os professores precisam ser exemplos

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“Mudar a vida das pessoas de forma positiva é sempre um presente. Nós temos um projeto social, e ver um adolescente, uma criança levando o Jiu-Jitsu a sério, respeitando o tatame, os professores, é gratificante estar à frente disso” dentro e fora do tatame: “Mudar a vida das pessoas de forma positiva é sempre um presente. Nós temos um projeto social, e ver um adolescente, uma criança levando o Jiu-Jitsu a sério, respeitando o tatame, os professores, é gratificante estar à frente disso. É uma responsabilidade, temos que ser exemplos não só com palavras, mas com atitudes”, destaca Rafael.

Um dos diferenciais da Black Lab é a Defesa Pessoal, que é passada desde crianças a adultos. “Acredito que a defesa pessoal seja algo que nos torne diferente das outras academias da região. Recebemos os feedbacks mais positivos, de aluno graduado sem nunca ter feito antes e, ao conhecer, achar essencial no dia a dia do tatame”, finaliza André.


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VITAL Por Mateus Machado

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JIU-JITSU E

NEGÓCIOS Ao longo de sua trajetória como professor no Jiu-Jitsu, Sylvio Behring foi responsável por formar e dar aulas para diversos praticantes do esporte. Enquanto alguns seguiram carreira e optaram por viver somente da arte suave, outros adotaram a modalidade como um estilo de vida em meio à outras atividades profissionais. Faixa-preta de Jiu-Jitsu, empresário e dono da marca de relógios Safari, Vital é um verdadeiro apaixonado pela arte, onde começou aos 15 anos e, entre muitos desafios em sua rotina pessoal e profissional, alcançou a faixa preta, recebida das mãos de Sylvio. “Conheci o mestre quando decidi, após um longo período parado, retomar os treinos em busca de realizar o sonho da conseguir a faixa preta. Encontrá-lo foi muito importante para mim, pois eu pude compreender a verdadeira essência do Jiu-Jitsu, sua relação estreita com a defesa

pessoal e os seus benefícios, que vão muito além de apenas aqueles ligados à saúde e à prática esportiva. Sobre a figura do mestre, hoje, para mim, eu o considero, além de uma referência dentro e fora dos tatames, um amigo. Trata-se de uma pessoa espetacular e muito correta”, opina Vital, dizendo ainda como o esporte contribuiu para o seu crescimento profissional ao longo dos anos. “Sem dúvida, aquilo que se aprende dentro do tatame tem total influência em nossas vidas. Um verdadeiro atleta sabe que os desafios que a vida apresenta devem ser encarados como um

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VITAL

adversário: deve-se respeitá-lo, mas nunca temê-lo. Eu aprendi a enfrentar as dificuldades da vida e os desafios profissionais olhando no olho, sempre com um espírito de vitória. Não há como negar que o Jiu-Jitsu tem enorme peso na formação do nosso caráter”. Proprietário da marca de relógios Safari, Vital também falou sobre os desafios de empreender no Brasil, seja no Jiu-Jitsu ou fora dele. Com planos ambiciosos de evoluir e expandir sua marca, o empresário garante que a intenção é se firmar cada vez mais no mercado nacional. “Empreender em nosso país, seja qual for o ramo, é um ato de bravura. Mas como bom lutador, sempre nos dedicamos de corpo e alma para alcançar o sucesso em nossos projetos. A marca de relógios Safari é a concretização de um sonho e veio para mostrar que um material de qualidade

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pode, sim, ter um preço justo. Nós queremos nos firmar no mercado, não somente pela beleza dos nossos modelos, mas principalmente nos tornar uma referência quando se trata de design, resistência e qualidade”, revela, antes de encerrar: “Ainda estamos no início de nossa jornada, mas em breve estaremos ampliando nossa carteira de produtos para, além dos relógios, podermos oferecer também óculos de

sol, acessórios, roupas e equipamentos esportivos. Pretendemos nos estabelecer muito mais do que como uma simples marca, mas como um conceito: uma marca que apoia projetos sociais e atletas. Já temos dado apoio a alguns eventos esportivos e atletas que temos certeza que, em breve, surgirão como grandes nomes do esporte. Sabemos que ainda há muito trabalho pela frente, mas estamos prontos para o desafio”.

“Sobre a figura do mestre, hoje, para mim, eu o considero, além de uma referência dentro e fora dos tatames, um amigo. Trata-se de uma pessoa espetacular e muito correta”


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SAM BROWN By Mateus Machado Photos personal archives

ROOTS SPREAD ACROSS THE USA Known for teaching and spreading Jiu-Jitsu around the world, Sylvio Behring left his legacy and teachings to be shared in the United States through the “Sylvio Behring Association” (SBA). And one of these “seeds” was planted in the small town of Hamilton, located in the US state of Montana. It was in Hamilton that Brandon Olsen, a 3rd grade black belt, decided to started project that has been reaping more and more rewards.

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Olsen first steps with martial arts was through Wrestling. During his career, he met Peter Iacavazzi, a Behring student, who quickly turned him to Jiu-Jitsu and made Brandon combine his two passions: Wrestling and Jiu Jitsu. The mixture of the two arts, together with the Progressive System applied by Sylvio Behring’s students, made the fighter have a very efficient ground game. Olsen achieved great results in Jiu-Jitsu, where he was five times champion of the Grapplers Quest tournament, bronze and silver in the Mundial Master, among other titles. He also built a long career in MMA, having even challenged for a belt at the now extinct WEC organisation. Now a bit further away from the competitive world, Brandon, with the company and teachin-

gs of Peter Iacavazzi, settled in Hamilton and opened a Jiu-Jitsu academy. Since that day, he has also been able to count with the help of Sylvio Behring, who started making trips to the city and has been an important part of the growth of the academy. Under the tutelage of master Sylvio, the team started to produce a unique style of fighting and soon, good students began to emerge. Eventually, some of these students achieved the level of

black belt. Always under the tutelage of Olsen himself, the first two were Sam Brown and Mike Neal. Sam, for example, was later responsible for spreading these lessons to other areas of the United States, such as Missoula, Montana - where he taught for a year -, and later at Bonners Ferry, in the state of Idaho, and also at Sandpoint . With two Behring academies in Idaho, Sam Brown had the help of Tanner Weisgram, who

“It is an art that is flourishing around the world and I am honored to not only be part of it, but also to fly the Behring flag”

After a visit to Brazil, Sam Brown fell in love with Jiu-Jitsu and, later, with the teachings of Sylvio Behring

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SAM BROWN

Sam Brown is a member of SBUSA, the team structure in the United States

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soon also became a black belt, and he also counted with the help of Ben Dodd, another student of Brandon Olsen. With the team growing in different areas of the United States, such as Montana, Idaho, Alaska and Texas, the decision was made to create the Sylvio Behring USA Association (SBUSA). This was a way to recognise the importance of the training received by the Brazilian master, that was taught to each athlete. “Everyone knows that without him (Sylvio Behring), we wouldn’t be where we are today, so the decision to formalize and create a structure around our team with master Sylvio as the head, was the obvious choice. With each passing day, the Association grows and becomes stronger. Sylvio is one of the most humble and graceful people I know. He became family to us all. He is very professional when it comes to Jiu-Jitsu and his expectations for teachers is very high. Nobody is exempt, nobody gets a free pass. We all represent something bigger than ourselves and he never lets us forget it. For me, this is invaluable and motivates me to do my best every day for all my students. It is an art form that is flourishing all over the world and I am honoured to not only be part of it, but also to fly the Behring flag ”, Sam Brown, continues.

“When I started training Jiu-Jitsu, I was in Rio and I fell in love not only with the art, but with the culture that surrounds it” “When I started training Jiu-Jitsu, I was in Rio and I fell in love not only with the art, but with the culture that surrounds it. The team and the competitive aspects really attracted me and filled a big gap in my life. When I returned to the USA, the training was quite different than in Brazil and I lost contact with many of the formalities and nuances. It wasn’t until I met Master Sylvio, that he ‘cleaned me up’ and put me in shape (laughs). I remember the first time I met him, I was graduating to purple belt. Our school, at the time, was very informal and today I know he didn’t like it at all. When it came time for my promotion, I didn’t know the customs and I did everything wrong. To this day, I can still remember the look he gave me. Fortunately, he didn’t give up on me. I really have a great admiration for Master Sylvio and I consider myself blessed to serve his team ”, concludes Sam.

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PEDRO ALBUQUERQUE By Mateus Machado Photos personal archives

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THE BEHRING LINEAGE

IN CANADA

Jiu-Jitsu black belt Pedro Albuquerque’s career is divided into two parts: being a martial artist and a Med Student. Born in Rio de Janeiro, Pedro lives in Canada and is responsible for the nucleus of Behring Jiu-Jitsu in Montreal. However, his chosen path in the fighting world, started in an unusual way.

“I started practicing Judo, in 1975. My mother decided this because I was getting beaten up by the ‘kids’ on my street, and I didn’t know how to defend myself. Two years later we moved to a condominium. In 79/80, right after the football World Cup in Argentina (1978), I was playing football at our new home and suddenly a lot of older guys came on the pitch wearing only their kimono pants, carrying green tatami mats, and they set up their mats on the volleyball court. The moment they started, I ran out to see it, because I thought I knew they were practicing Judo. I was hooked, they performed a self-defense promo among other demonstrations. After it was over, I ran home to tell my mom I was

going to practice Judo - at that time I didn’t even realise they were practicing Jiu-Jitsu. She agreed to enrol me, but she also asked where my football was. As it turned out, I was so focused on the demonstration that I ended up losing the football (laughs). This was on a weekend. So the following Monday, GM Flávio Behring started teaching at Nova Ipanema condominium, in a somewhat improvised training space. At the time, Flávio was a black belt, Sylvio was a purple belt and the late Marcelo a blue belt ”, Pedro recalls this time with joy, especially when spoking about his connection with the Behring family. “In the late 90’s, I had already graduated from Med school and specialised in Radiology, when

suddenly decided to moved to Canada. In 2000, just before moving, I met with Sylvio and he told me that he had a representative teaching in Toronto. So when I arrived, I went straight to train at that gym. Where I stayed for two and a half years, helping and training, while also earning my black belt, between 2000 and 2002 ”. Leaving your country of origin, to seek professional success in another country, with a totally different culture, requires courage, discipline, confidence, among other things. According to Pedro, Jiu-Jitsu was largely responsible for him acquiring this “package”, considered essential for professional development in recent years. “Jiu-Jitsu has helped me a lot, not only during my time in

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PEDRO ALBUQUERQUE

Rio de Janeiro, but it also gave me confidence to aim for bigger things. We all know that the self-confidence acquired through Jiu-Jitsu flows to other areas, and in my case, I was able to gain confidence to come do my training here in Canada. I came with almost nothing to this country….. I threw myself at the opportunity, I chased after it and I got it. This courage and confidence, was certainly due to Jiu-Jitsu. This was one of the most memorable moments in my life. To have gained this confidence

“Jiu-Jitsu has helped me a lot, not only during my time in Rio de Janeiro, but it also gave me confidence to aim for bigger things” and courage through the practice of Jiu Jitsu and to be able to excel at these new challenges as a doctor outside Brazil ”, he said. Nowadays, Pedro Albuquerque is responsible for Brazucanuck Behring Jiu-Jitsu, located in Montreal, where he teaches daily, which is intertwined with his daily medical routine. When talking about the teaching system chosen, the black belt emphasised the importance of teaching Jiu Jitsu with a focus on self-defense, something that has always been the way taught by Flávio Behring, Sylvio and his disciples.

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Álvaro Barreto, Sylvio Behring and Pedro Albuquerque in Canada


“I am responsible for Behring Jiu-Jitsu in Montreal. In fact, we are still a small team, the only academy is mine, which I opened four years ago. The job I do here is to rescue the complete Jiu-Jitsu package, based on self-defense and not only focused on the competitive sport aspect . Here in North America, competition Jiu Jitsu has taken over the market and for most people and the way it is sold, is in its sport form. So, what I am trying to do here is to reconnect Jiu Jitsu with its effectiveness and efficiency. I try to teach classes the same way they were in the 80s, with an emphasis on self-defense and real situations where you can be attacked. I work in a hospital from 8 am to 5 pm, every day of the week. Then, I go home, stay with my family and when it is 7:15 pm, I go to the gym. There I teach daily, from 7:30 pm to 9:00 pm. On Sunday, there is the ‘open mat session’, from 11 am to 1 pm, ”he explained, before talking about the responsibility of leading the core of Behring Jiu-Jitsu in Montreal. “For me, being one of the people responsible for Behring Jiu-Jitsu here in Canada is a huge responsibility. If I’m not mistaken, I’m Behring’s most senior representative here in Canada. I’ve been part of the family since they started teaching, so for me, it’s a huge honor. I am fully aware of what the family represents for Jiu-Jitsu worldwide. It’s a privilege to have had a class with GM Flávio and Master Sylvio, who is one of the best teachers in the world. I also had a class with Marcelo, so essentially I’ve had the opportunity to learn things that came from Álvaro Barreto’s academy, through Sylvio. But also from Gracie Humaitá, where Marcelo trained with Rickson Gracie and brought new ideas for us. I try to continue this tradition in the best possible way I can ”, he celebrates.

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JASON PARENTEAU

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By Diogo Santarém Photos Jordan Nepon

THE INDIGENOUS

GENTLE ART Jason Parenteau is another of Sylvio Behring student, that has spread around the world and, like his master, promotes Jiu-Jitsu (which translates from Japanese as the gentle art) in its essence. After meeting the Brazilian in 2012, Jason went on a journey to the indigenous community known as “Roseau River Anishinabe Nation”, which is located in Winnipeg, Canada. There he taught Jiu-Jitsu to children, teenagers and adults before choosing to go down a new path. Proud of his role with the community so far, Jason salutes Master Sylvio with: “Boozhoo Nindawemaaginidog”. The expression “Boozhoo Nindawemaaginidog”, is the traditional greeting of the indigenous people known as “Ojibwe Anishinabe”, from North America. It also represents the role that Sylvio Behring has taken on, for Jason and other Canadian fans of the sport. “Master Sylvio first visited the ‘Roseau River Anishinabe’ community on June 9, 2013 to give a seminar for the young people of Ginew School. He shared his knowledge of the sport, in a very professionally way, that was from the heart. The community really liked his presence and his presentation. Since I first met Sylvio, he’s

“Since I first met Sylvio, he’s really helped guide me by providing feedback and constructive criticism. Essentially he has helped the club grow by offering us his knowledge . He has not only helped the club itself grow, has also helped the teachers become better instructors” really helped guide me by providing feedback and constructive criticism. Essentially he has helped the club grow by offering us his knowledge . He has not only helped the club itself grow, has

also helped the teachers become better instructors ”, Parenteau remembers. In an interview with TATAME, Jason remembered how his story first began with the indigenous

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JASON PARENTEAU

community. The first time he meet them was through an invitation, in 2013. the Canadian was called up by the “Dakota Ojibway Child & Family Services” agency, to help with local youths. His his first Jiu-Jitsu class was held in February of that year. “We started with a small group of boys from the community and, eventually some girls joined too. And as we continued to offer our support and knowledge, the Roseau River Jiu-Jitsu Club has began to grow. The classes have always and will always be taught on the Progressive Jiu-Jitsu System, as instructed by Master Sylvio, and it has been very beneficial. I drive from Winnipeg to the Roseau River to teach children 12 and under, as well as teenagers and adults. Sometimes I drive during winters when it can get to -40º , but I continued to go. The students’ smile and their commitment make the effort worthwhile ”. With Jiu-Jitsu in constant growth nationally, Jason recently opened an academy - Infinite Jiu Jitsu Inc - in Winnipeg, Manitoba (CAN), which is always guided by the teachings of Sylvio Behring. The connection with the “Roseau River Anishinabe Nation” community continues strong, as does the support of their Brazilian master. “With continued support and dedication, we’ve managed to build a strong team with solid self-defense techniques, but also a team that is always present and winning medals at the competitive scenario. Master Sylvio visits ‘Roseau River Anishinabe Nation’ every six months to keep helping Jiu Jitsu grow, and it’s been great pleasure having him visit. This has been a really significant factor for all the members of this community ”. For the support Sylvio has shown, Jason says “Miigwech” (thanks).

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Jason Parenteau is primarily responsible for spreading Behring Jiu-Jitsu in Canada


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MIKE YACKULIC

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TEACHER / COACH

RELATIONSHIP Canadian Mike Yackulic became a disciple of Sylvio Behring, when he met the Brazilian Master in 2004. Since then, he has followed the Master’s teachings, highlighting both sides of Sylvio Behring: the didactic teacher and the hard line trainer. At 46, Mike Yackulic belongs to one of Canada’s largest martial arts schools, Arashi Do, with a total of 19 schools and 2,500 members. Born in Edmonton, Mike is responsible for the Arashi Do Edmonton Noth branch located at 12730 Albert Trail Street, where since 2004 he shares the lessons learned through Chris Bonde and Master Sylvio Behring. In an interview, Yackulic recounts his first contact with Sylvio in 2004, and his own beginning in Jiu-Jitsu: “I started in 1994 at Red Deer with Gary Vig, one of Arashi Do’s primary instructors, but at that early stage

you couldn’t really call what we were doing Jiu-Jitsu. In 1997, with no prior experience, I signed up for my first tournament. It was a small event, with no more than 20 people and to make matters worst, my first fight was against a Judo black belt. He immediately took me down to the ground, but I managed to set up a guard (even without really knowing what it was at that time). For the next 12 minutes, he was unable to pass my guard and kept trying to strangle me (...). After awhile, not knowing what to do, I just tapped. I had two more fights, loosing to a guillotine in 8 seconds

in the last one. From there on in, I was ‘hooked’ and started buying books, watching videos and attending seminars, ”said Mike, who continued: “The first time I met Master Sylvio, was at a seminar he was doing at our Red Deer school, in spring of 2004. I had just opened my school and was very excited to hear him. I was very happy with the way he instructed us and how he approached Jiu-Jitsu, the level of detail surprised me and he was extremely patient. A few months later, I went to Rio de Janeiro to train and there I encountered a different world.

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MIKE YACKULIC

“I understood the difference between Professor Behring, who spends seminars sharing his Jiu-Jitsu, and Coach Behring, who demands his utmost, without excuses”

Canadian black belt Mike Yackulic, highlights the two sides of the Brazilian Master, the teacher and coach

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I was shocked. Sylvio was very strict, much more demanding, and he only spoke in Portuguese with me. I excel in these types of environments, places where I get challenged. I understood the difference between Professor Behring, who spends seminars

sharing his Jiu-Jitsu, and Coach Behring, who demands his utmost, without excuses”. Often asked about choosing to follow the teachings of Sylvio Behring, the Canadian black belt said that after the first seminar and subsequent trip to Brazil,


he was certain of his decision. Mike Yackulic also goes on to talk about the efficiency of the Progressive Teaching System and spoke about the situation of Jiu-Jitsu in Canada. “I’ve been practicing Jiu-Jitsu for over 20 years and I saw

the change along the years in Alberta. I’ve been hosting tournaments for the past 19 years and I’ve seen the Jiu Jitsu scene accumulate a lot of support, and I have been a big part of that process. One concern I have for the future is that people are only

focusing on sport Jiu Jitsu. I understand it can be much more exciting than practicing Self Defense (once you understand the values and details of Self Defense, I find it much more exciting). I want to help our martial art grow”, he added.

Partnership between Sylvio and Mike started in 2004 and since then it has only grown stronger

Future of Jiu-Jitsu “The amount of Jiu-Jitsu techniques that a normal person needs to know to defend himself in most situations is quite small, and once you’ve learnt these I can see people losing interest. That’s when many look at the challenge that the sport of Jiu Jitsu offers. Jiu-Jitsu is a set of techniques that is constantly growing, and by specialising, one can provide a competitive edge and further ones experiences. There are always lots to learn from, and by specialising, I can see how the competitive part attracts people. But I do worry about the cost of not really developing the base of Jiu-Jitsu with young practitioners ”, predicted the Canadian.

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JESSE RICHARDSON

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