TUDO SOBRE A GRACIE KORE, SEUS TREINADORES, METODOLOGIA E PARCEIROS
FAMÍLIA EM FOCO 250
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AGOSTO 2018
Kyra abre as portas da Gracie Kore, espaço criado nos moldes da clássica academia Gracie e projetado para formar discípulos do estilo de vida do Jiu-Jitsu
EDITORIAL
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Ao longo dos anos, a TATAME sempre acompanhou os avanços, tanto os tecnológicos como os do esporte, para seguir atendendo seus seguidores da melhor forma possível. Agora, para sua edição #250, lança mais uma novidade: a série “Grandes nomes da luta”, que em sua estreia traz a multicampeã, apresentadora, mãe e empreendedora Kyra Gracie. Cinco vezes campeã mundial de Jiu-Jistu e três vezes do ADCC - maior torneio de luta agarrada do mundo -, Kyra é uma referência feminina no meio dos artes marciais e a primeira Gracie a receber a faixa preta. Em sua mais nova empreitada, Kyra lança, ao lado do seu marido Malvino Salvador – ator e um apaixonado por lutas –, a
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Gracie Kore. Localizada na Barra da Tijuca (RJ), a academia buscar resgatar os ensinamentos da histórica Gracie da Av. Rio Branco, no Centro do Rio, em um espaço voltado para a família. Nesta edição, além de relembrar toda a trajetória de Kyra, você confere os detalhes da Gracie Kore, sua metodologia, equipe, parceiros e muito mais. Ainda na TATAME #250, você encontra uma super entrevista com Malvino, um bate-papo especial com o Mestre Robson Gracie e diferentes artigos para a saúde do lutador.
Diogo Santarém, editor diogosantarem@tatame.com.br
FOTO: RENATA SPINELLI
Evolução com tradição
SUMÁRIO
18 @tatameoficial
Capa Primeira mulher faixa-preta na família Gracie, Kyra abriu caminho e se tornou referência para uma geração de meninas
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FOTO FAMÍLIA GRACIE: ACERVO TATAME; FOTO GRACIE KORE: DIVULGAÇÃO; FOTO KAPACIDADE: ACERVO TATAME
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Gracie Kore Empreendimento de Kyra e Malvino chega ao mercado para resgatar os valores tradicionais das artes marciais
Kapacidade Instituto fundado por Kyra em 2008 segue formando cidadãos de bem
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Família Gracie Bate-papo Robson Gracie Entrevista Malvino Salvador Psicomotricidade Eduardo Aguiar Augusto Vieira Sustentabilidade Benefícios do açaí Saúde bucal
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história
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REAL DO JIU-JITSU TATA M E # 2 5 0
FOTOS: ACERVO FAMÍLIA GRACIE
FAMÍLIA
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J
iu-Jitsu como estilo de vida. Essa é a essência do Jiu-Jitsu composto pela defesa pessoal, quedas, luta em pé, luta de chão e filosofia que são os pilares da Gracie Kore. Na tradução literal, ju jutsu [Jiu-Jitsu] significa “suave arte” (arte suave) em japonês. A origem do Jiu-Jitsu não pode ser apontada com precisão. Estilos de luta parecidos foram verificados em diversos povos, da Índia à China. Sabe-se que o ambiente de desenvolvimento do Jiu-Jitsu
e seu refinamento foram as escolas de samurais, a casta guerreira do Japão feudal. O Jiu-Jitsu foi apresentado à família Gracie no Brasil, ao redor de 1917, pelo campeão Mitsuyo Maeda, conhecido como “Conde Koma”. Parte de uma colônia de imigração japonesa, Maeda se estabeleceu no estado do Pará onde fundou sua academia de Jiu-Jitsu e teve como um de seus alunos Carlos Gracie. Por conta da sua melhora de vida através do esporte, Carlos disseminou seu conhe-
cimento para os quatro irmãos mais novos: Gastão, Oswaldo, George e Hélio. Na década de 30, os irmãos Gracie abriram a primeira academia de Jiu-Jitsu da família no Rio de Janeiro, dando início a metodologia Gracie de ensino. Por cinco gerações, cada membro da família que vestiu o quimono contribuiu para desenvolver a arte e fortalecer sua expansão pelo Brasil e por todo o mundo, influenciando milhares de pessoas ao longo dos anos.
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bate-papo
ROBSON GRACIE por Yago Rédua fotos Renata Spinelli
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BÊNÇÃO DO GRANDE
MESTRE Um dos maiores nomes da história da família Gracie – e consequentemente da arte suave –, o Grande Mestre Robson Gracie, avô de Kyra, exaltou o trabalho da neta com a fundação da Gracie Kore e ainda conversou com a TATAME sobre outros assuntos relacionados ao Jiu-Jitsu. Confira!
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bate-papo
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aixa-vermelha de Jiu-Jitsu, o Grande Mestre Robson Gracie é uma das lendas vivas que ajudaram na propagação da arte suave. O casca-grossa também é avô de Kyra Gracie, multicampeã responsável por abrir a Gracie Kore, na Barra da Tijuca (RJ), que tem como objetivo resgatar a essência da família e os valores que cercam o Jiu-Jitsu, como a defesa pessoal, por exemplo. “Eu acho a Kyra (Gracie) uma figura emblemática. Para começar, uma mulher cinco vezes campeã mundial, que mudou a nossa visão de que o Jiu-Jitsu era uma coisa de
homem valente. Ela, com o conhecimento que tem, com o raciocínio que tem... Essa academia (Gracie Kore), antes de mais nada, vai ser o sustento de educação social e, também, para o esporte Jiu-Jitsu. É uma novidade muito boa para família”, aposta o Grande Mestre. Em entrevista exclusiva, o faixa-vermelha também comentou sobre o resgaste dos ensinamentos criados por Carlos e Hélio, a inspiração de Kyra na antiga academia Gracie da Av. Rio Branco, no Centro do Rio de Janeiro, e outros importantes temas do Jiu-Jitu, como o duelo histórico que teve com Valdo Santana.
“Eu acho a Kyra (Gracie) uma figura emblemática (...), que mudou a nossa visão de que o Jiu-Jitsu era uma coisa de homem valente”
FOTO: ARQUIVO PESSOAL
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ROBSON GRACIE
Hélio Gracie ensinando defesa pessoal para crianças na década de 50, no Rio de Janeiro
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bate-papo
ROBSON GRACIE
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Confira a entrevista na íntegra: • Resgate dos ensinamentos da família Gracie Não podia ser diferente, se tratando de quem a Kyra é. Não tinha outro DNA. Ela é a essência do que a Carlos, Hélio Gracie e todos os parentes dela foram para o Jiu-Jitsu. Ela acumula todas essas qualidades que ela vai passar para quem for aprender Jiu-Jitsu na Gracie Kore, além de ser um exemplo para nós, os homens da família. • Inspiração na histórica Gracie da Av. Rio Branco Agora, quase 70 anos depois, com felicidade, orgulho e, mais do que orgulho, com vaidade, ela fez renascer aquele espírito de pioneirismo, de direito... Sobretudo, o espírito Gracie. Nada mais brilhante para nós, a maioria foi embora (faleceu), mas eu estou aqui ainda,
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vendo a chama do que eu vi acontecer na academia na Av. Rio Branco, 151, no 17ª andar. Eu tenho um orgulho, uma vaidade imensa em ver que a Kyra se preocupa com isso e está encarando esse espírito. Ela tem esse dom. Parabéns a minha neta querida. • Chance de assistir ao crescimento do Jiu-Jitsu É uma satisfação (ver o crescimento do Jiu-Jitsu). Nós vamos dormir mais leves, mais tranquilos. Isso tudo começou com a disputa acirrada, às vezes, violenta. Isso não começou de graça, nem em um passe de mágica, nem com plumas. Não veio fácil. O professor Hélio Gracie, para chegar onde chegou, teve que encarar os maiores lutadores do mundo, do Japão... Carlson Gracie a mesma coisa. Eu duvido que um desses heróis da história tenha feito o que Hélio Gracie fez.
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KYRA GRACIE por Yago Rédua fotos acervo pessoal Kyra Gracie e arquivo TATAME
FOTO PRINCIPAL: RENATA SPINELLI
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O LEGADO DE
KYRA Integrante da família pioneira e responsável pelo sucesso do Jiu-Jitsu brasileiro, Kyra Gracie precisou superar barreiras como a maioria das mulheres para vencer profissionalmente e se tornar um ícone da arte suave. Pentacampeã mundial e três vezes medalhista de ouro no ADCC - maior evento de luta agarrada do mundo -, a carioca é, para muitas lutadoras, um exemplo a ser seguido dentro e fora dos tatames. Atualmente, além de comentarista dos canais da Rede Globo, Kyra é também promotora de eventos, mãe de duas filhas e empresária, tendo o seu mais novo empreendimento na academia Gracie Kore.
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KYRA GRACIE
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Formada na arte suave, Kyra foi a primeira mulher da família Gracie a conquistar a faixa preta
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ma campeã no esporte não se faz da noite para o dia, assim como uma lenda precisa marcar época e romper barreiras. Kyra Gracie tem exatamente esse perfil. A carioca de 33 anos foi a primeira mulher da família Gracie a receber a faixa preta - sendo graduada aos 20 anos -, colecionou diversos títulos e virou referência para outras mulheres por romper o preconceito no ambiente familiar e, consequentemente, em outras esferas. Em entrevista exclusiva à TATAME, a faixa-preta relembrou os seus primeiros passos no Jiu-Jitsu e o desenrolar da carreira, contando que precisou “lutar para poder lutar” e seguir o sonho de ser atleta. “A minha vida foi toda com o Jiu-Jitsu, eu cresci com os meus tios Renzo, Ralph e Ryan e tinha um tatame dentro de casa,
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“A minha vida foi toda com o Jiu-Jitsu, eu cresci com os meus tios Renzo, Ralph e Ryan e tinha um tatame dentro de casa” onde assistia aos treinos, todos os amigos deles que viviam lá em casa e que hoje são faixas-preta que marcaram época no esporte. Temos aí Draculino, Sonequinha, Gordo, Soca... São tantos nomes. A minha mãe (Flávia Gracie) trabalhava na federação, o meu avô (Robson Gracie) era presidente da federação. Então, fim de semana ele (avô) me pegava em casa e me deixava no campeonato lá no Iate Clube Jardim Guanabara o dia inteiro. Chegava às 7h da manhã e só saia quando acabava (risos). Foi
muito natural, mas era totalmente uma coisa de homem, dos homens da família. Tanto que, às vezes, nós (mulheres) colocávamos o quimono e íamos treinar, depois, na hora da foto, falavam: ‘Agora só os homens’. Tínhamos que sair da foto para eles tirarem a foto só deles. Olha que loucura”, lembra Kyra, que continuou. “Não é uma coisa que era só da família Gracie, era uma questão social. Nós crescemos achando que isso era algo normal. Então, fomos buscando esse espaço e eu lembro que
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22 quando eu comecei a competir era: ‘Ah, legal, a Kyra está competindo’. Eu vivi em uma geração maravilhosa, cresci com o Roger (Gracie) e existe uma diferença enorme, tipo: ‘O Roger vai ser o campeão da família’. Eu competia pra caramba, ganhava junto com ele, mas não falavam: ‘A Kyra vai ser a campeã da família (risos)’. Era tipo, ‘ah, ela é mulher’. Eu falo sempre que tive que lutar para poder lutar. Bater o pé para viver da luta. Me falavam:
‘Você vai passar fome. Se abrir uma academia, você vai falir. Ninguém nunca vai ter aula com uma mulher’. Era muito assim e eu entendo porque eles me falam isso. Você não via uma mulher dando aula de Jiu-Jitsu para um homem, isso era impensável. Eu fiz faculdade de Direito, enfim, eles falavam para eu pensar em outra coisa”, garante a multicampeã na arte suave. Entretanto, ao invés de se desestimular com o “machismo” e
desistir do Jiu-Jitsu, Kyra se fortaleceu ainda mais mentalmente para vencer dentro da modalidade e confidenciou que, apesar dos inúmeros títulos conquistados, ainda hoje sofre com a falta de reconhecimento no esporte, principalmente por parte dos homens. “Eu sempre amei o Jiu-Jitsu, eu nunca fui de ir para as festas. Então, a minha pré-adolescência e adolescência eu passei lutando campeonatos. Enquanto minhas amigas estavam indo para
“Eu sempre amei o Jiu-Jitsu, gostava da competição... Eu nunca fui de festas. Então, a minha pré-adolescência e adolescência eu passei lutando campeonatos de Jiu-Jitsu”
Ainda faixa-azul, Kyra começou a despontar nos torneios de Jiu-Jitsu, mostrando ser uma grande promessa
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Ao longo da sua trajetória como lutadora, Kyra se destacou em campeonatos com e sem quimono
a matinê e pensando em outras coisas, eu só pensava em treinar e competir, que era a minha alegria. Isso cresceu dentro de mim, ver os meus tios e viver isso, achava legal ser campeã. Olhava com muita admiração para a minha família e várias coisas me marcaram como mulher. Uma de não ter reconhecimento. Tive que ganhar cinco Mundiais, três vezes o ADCC e outros diversos títulos para ter esse reconhecimento. Às vezes, ainda vejo lugares que falam dos ‘campeões da família Gracie’, mas ninguém me cita, pois sou mulher”.
Já na faixa preta, começou a cravar seu nome na história do Jiu-Jitsu e abriu portas para outras mulheres
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Em 2005, no ADCC - o maior torneio de luta agarrada do mundo -, Roger e Kyra fizeram a dobradinha para a famĂlia Gracie
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Foco, títulos e legado em construção Por carregar o nome Gracie e viver o Jiu-Jitsu em todas as esferas competição, alimentação, caráter, modo de dormir e os demais ensinamentos de Carlos e Hélio Gracie -, Kyra sabia da pressão e que precisava de “algo a mais” para ser campeã. Por isso, além de ter o privilégio de treinar com seus ídolos, os tios Renzo, Ralph e Ryan, a ex-lutadora se dedicava integralmente aos treinos e à preparação física desde muito nova. “Eu gostava muito de treinar e lembro que falava assim: ‘Hoje é sábado, pode ter alguém treinando em algum lugar do mundo (risos)’. Feriado, a academia fecha. Então, ia para a rua correr, ia nadar. Antes de ir para a escola, nadava das 6h da manhã às 7h. Saía de casa cinco e pouca da manhã, nadava e chegava na escola 7h40. Então, já levava o meu lanche. Eu sabia que tinha que fazer alguma coisa além para poder ser campeã. Era meio estranho para as pessoas, mas eu tinha esse sonho de chegar a algum lugar e pode viver do Jiu-Jitsu. As coisas aconteceram na minha vida, mas não foi fácil. Eu tive bons patrocinadores, mas teve época que eu
fiquei sem patrocinador nenhum. E aí, eu tinha que dar vários seminários no mundo inteiro (risos) para poder fazer um dinheiro e pagar as minhas inscrições”, conta a faixa-preta, relembrando as competições e como o Jiu-Jitsu feminino era visto. “O caminho dentro das competições de Jiu-Jitsu não foi nada fácil. As mulheres não tinham uma nota na revista e ninguém sabia quem ganhava. Por um lado, pelo fato de eu ser Gracie,
“Me inspirei muito nos meus tios, gostava dessa adrenalina de ser campeã, de me testar o tempo todo” AGOSTO 2018
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“Eu já ouvi muitas vezes: ‘Ih, agora é luta de mulher, vamos comer uma coxinha’ ou ‘agora está no intervalo’, todos desdenhando das mulheres”
Em sua história no ADCC, Kyra brilhou conquistando o importante título em 2005, 2007 e 2011
isso ajudou muito, porque eu comecei a trazer outras mídias para o Jiu-Jitsu, pessoas diferentes de outras revistas que não eram segmentadas. Tipo: ‘Olha, essa menina luta? Ela é Gracie... Vamos olhar’. Conseguimos plantar uma sementinha para mudar essa visão (do Jiu-Jitsu feminino). No primeiro Mundial que eu ganhei, em 2004, nós (mulheres) lutávamos no dia de faixa-azul. No tatame não tinha visibilidade nenhuma. Me juntei com as meninas da época e fomos na federação em
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busca dos nossos direitos. No ano seguinte, começamos a lutar no dia principal, mas eles colocavam todas as mulheres em outro tatame, não no central. A minha luta eles começaram e chamar para o tatame principal. Depois, uma ou outra luta. Foi aos poucos, mas as mulheres sofreram muito. Eu já ouvi muitas vezes: ‘Ih, agora é luta de mulher, vamos comer uma coxinha’ ou ‘agora está no intervalo’, todos desdenhando das mulheres. Isso nós ouvimos várias vezes e muitas
mulheres pararam de fazer Jiu-Jitsu por causa disso, porque foram desestimuladas. Ao longo da carreira como lutadora que começou ainda adolescente, Kyra venceu cinco Mundiais, três vezes o ADCC, entre inúmeros outros títulos, sendo um dos grandes destaques da sua geração. Sua despedida dos campeonatos aconteceu em 2012, quando a Gracie partiu para uma nova etapa, ainda na arte suave, mas fora dos tatames.
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Aposentadoria e
trabalho fora dos tatames Grande parte dos fãs de lutas sempre mantém a esperança de ver seus ídolos de volta ao tatame para uma competição ou superluta. Após sua aposentadoria dos torneios, Kyra começou a trabalhar como comentarista dos canais da Globo, virou empre-
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sária e promotora de eventos. À TATAME, a lenda da arte suave revelou que sente “saudades” da adrenalina de lutar, mas que não existe a possibilidade de retornar aos campeonatos. “O que eu sinto falta da competição é a sensação de vencer,
de quando você ganha uma luta apertada ou acontece uma virada, esse sentimento é único. Parece que você está flutuando e que pode acabar o mundo, que nada vai conter a sua felicidade. É uma coisa que não tem preço, não tem como você pagar por
Desbravando Nova York “Quando eu fui para Nova York (EUA), nós abrimos a primeira turma feminina na academia do Renzo, em 2004. Assim, foi muito legal, porque começamos com duas meninas e foi crescendo até 15 meninas. Isso era ‘uau’, o máximo. Foi muito legal ver o crescimento do Jiu-Jitsu feminino, como cresceu. Outro dia eu estava conversando com o Bernardo Faria, ele veio dar um seminário aqui, aí ele falou: ‘Kyra, do Jiu-Jitsu feminino ninguém falava nada, mas quando falavam a Kyra vai lutar, eu saia correndo para ver, eu era faixa-azul’. Você conseguir ajudar
isso. É com você, o seu trabalho e tudo tem que conspirar para dar certo naquela hora. Essa sensação me faz falta ainda, a tensão, mas todo o treinamento eu não sinto falta (risos). Ficava machucada para caramba, fisioterapia, dieta o tempo todo, tem que dormir cedo, tem que comer aquilo. Essa vida tão regrada eu já não sinto tanta falta. Quanto a voltar às competições, não me vejo competindo novamente, nem em Legends, isso ou aquilo, não existe a mínima possibilidade. A
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uma categoria dentro do seu esporte, é incrível. Na época, eu não tinha uma noção de ‘ah, vou ser uma referência’. Eu queria lutar, ser campeã, e hoje eu vejo, pensando, analisando a minha trajetória, parece que tudo tem sentido. Eu ter batido o pé para ser lutadora, ser profissional, professora de Jiu-Jitsu... Isso com 11, 12 anos de idade, eu já sabia. Tinha certeza do que eu queria. Minha mãe (Flaviane Gracie), por exemplo, parou de fazer Jiu-Jitsu porque os meus tios a tiraram do tatame. Ela ama Jiu-Jitsu, mas não aproveitou o seu talento”.
Kyra ao lado Rhodes Lima, seu companheiro nas transmissões do canal Combate
minha competição é outra, fazer essa academia (Gracie Kore) dar certo, os meus outros projetos, o Gracie Pro, a Copa Kyra Gracie, incentivar mais mulheres com o Jiu-Jitsu, é isso”, garante Kyra. Em novembro 2012, logo após fechar o seu ciclo como lu-
tadora e buscar novos desafios, Kyra se aventurou na TV após receber um convite da Rede Globo - maior emissora do país - para participar de uma transmissão ao vivo do UFC, que teve como destaque Georges St-Pierre. A faixa-preta, que realizou os co-
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mentários no card principal, contou que ficou nervosa, mas aproveitou para evoluir, aprender, e com o grande sucesso, passou a apresentar o programa “Sensei SporTV”. “Na primeira entrevista que eu dei na minha vida, eu chorei quando ligaram a câmera. Eu morria de vergonha, tinha muita vergonha mesmo. A minha carreira foi guiada de uma tal maneira que eu comecei a ter que falar em público bastante, tinha que dar seminários e tudo mais. Então eu pensei: ‘eu falo em público, não tem problema nenhum’. Quando você fala em público sobre um algo que você domina totalmente, que é o Jiu-Jitsu, é uma coisa. Só que você chegar lá para falar ao vivo, em um evento com audiência absurda, é outro nível. E aí, me colocaram logo de cara em um evento do St-Pierre, que era a luta principal do UFC Canadá, em um show gigante. Eu fiz o card principal. Nunca tinha feito nenhuma transmissão, e aí tinha ponto no ouvido (risos). Foi uma loucura, coração a mil. Depois eu fui ver o VT, vi que eu gaguejei, não olhava para a câmera. Mas foi uma evolução muito importante na minha vida e na minha carreira”, afirma Kyra, que seguiu comentando sobre o seu processo de adaptação à TV.
“Hoje eu consigo, por conta da televisão e o que ela me mostrou, ser uma pessoa muito mais aberta, melhor em tudo o que eu faço” “Depois disso, comecei a fazer vários cursos de atuação, de câmera. Eu fiquei uma pessoa muito mais solta, em qualquer ambiente. Eu hoje consigo dar uma palestra com mais segurança, com mais desenvoltura. Na verdade, eu potencializei quem eu era. Hoje eu consigo, por conta da televisão e o que ela me mostrou, ser uma pessoa muito mais aberta, muito mais falante, melhor em tudo o que eu faço. Foi um presente trabalhar na TV, depois apresentar um programa sozinha. Uma evolução que eu vi lá dentro. Fui de faixa-branca e galgando as faixas (risos). Isso é muito legal. O Jiu-Jitsu está presente em qualquer profissão. Começamos engatinhando na faixa-branca, vamos estudando, evoluindo, e foi o que eu fiz. Eu usei o Jiu-Jitsu para a televisão também, assim como eu vou usar para a academia. Eu estou aqui, aprendendo várias coisas novas. Temos que estar o tempo todo se reciclando e buscando evoluir”.
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Mãe, empresária e promotora de eventos Em meio a tantos compromissos, Kyra ainda é mãe de duas filhas, Ayra e Kyara, frutos do casamento com o ator Malvino Salvador, faixa-roxa de Jiu-Jitsu. Ao falar sobre o desafio de conciliar a rotina de compromissos profissionais com a tarefa de ser mãe, a carioca contou como busca o “equilíbrio” e usa os métodos do Jiu-Jitsu também na criação das filhas. “O Jiu-Jitsu me ajuda em tudo na minha vida. Eu sou o que o Jiu-Jitsu me ensinou em tudo. Na maneira como eu me alimento, como eu cuido do meu corpo, de como eu trato as pessoas e educo as minhas filhas. O Jiu-Jitsu faz parte da minha criação e é o que eu quero passar para as minhas filhas. Acho que é muito importante você estar presente na criação dos filhos, porque eles crescem muito rápido. É na infância que você molda o caráter, então, a minha prioridade é a minha família. Eu tenho outras prioridades, mas eu tento ter um equilíbrio em tudo o que eu faço. Não fico igual uma maluca só no trabalho, vou tendo o equilíbrio para atender tudo da melhor maneira. Eu tenho a sorte de poder, por exemplo, trazer as minhas filhas para o meu trabalho. E elas
adoram ficar no tatame (risos)”, aponta Kyra, que também citou a arte suave com um forte laço de união com o marido Malvino Salvador, também um apaixonado por lutas e grande incentivador na academia Gracie Kore. “O Malvino (Salvador) e eu... O meu avô Carlos falava sobre uma palavra, ‘imantação’. É o que você emite para o universo e ele devolve para você. As pessoas atraem muito o que elas emanam. E com o Malvino foi uma conexão incrível. Nós nos parecemos muito, na maneira como vemos o mundo e na maneira como educamos nossas filhas. Seguimos a mesma linha. E outra: ele fazia Jiu-Jitsu em Manaus, na Monteiro, e isso foi maravilho,
“Nosso objetivo é integrar a família, e a minha família vai estar aqui o tempo todo” AGOSTO 2018
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porque ele entende o meu meio. Ele ama luta, ama Jiu-Jitsu. Ele quer chegar à faixa preta e é muito bom. Nós conversamos muito, ele sabia do meu sonho de abrir a academia e ele disse: ‘Agora é a hora, vamos fazer’. Ele abraçou essa ideia, estamos com um projeto bacana e o nosso objetivo é integrar a família. E a minha família vai estar aqui o tempo todo”. Assim como na academia Gracie Kore, a ex-lutadora tam-
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bém mostrou seu lado empreendedor com a organização de dois eventos que causaram impacto positivo no cenário do Jiu-Jitsu. Primeiro, o Gracie Pro, que contou com uma estrutura de alto nível para os atletas, em julho de 2017. Já em março deste ano, foi a fez de fazer história e promover um evento exclusivo para mulheres, a Copa Kyra Gracie, que reuniu cerca de 300 atletas.
“O Gracie Pro eu fiquei mais nervosa do que quando eu ia competir (risos), tanta coisa envolvida. Quando você compete, você não tem noção do que está por trás de uma organização. Acho que está sendo válido todos os negócios que eu penso em fazer. Tenho diversos projetos e todos eles voltados para o Jiu-Jitsu. Acho que agora é hora mesmo de eu aprender, estou com uma equipe bacana que
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Fiel ao estilo de vida do Jiu-Jitsu, Kyra hoje repassa os ensinamentos adquiridos para suas filhas e alunos
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vem dando esse suporte, porque não dá para dar conta de tudo sozinha (risos). Mas foi maravilhoso fazer o Gracie Pro... Sempre com essa visão. Eu cresci no tatame, eu era a única mulher. Então, montei uma academia
pensando em um espaço para as mulheres se sentirem confortáveis. Tudo o que eu faço é para as pessoas se sentirem bem. No Gracie Pro, foi a mesma coisa. Pensei numa área de aquecimento bacana, com frutas, água
de coco, massagista, fisioterapeuta, para dar uma estrutura boa para os atletas, afinal, eles são os astros do show”, opina. Com uma carreira consolidada como lutadora e comentarista, sucesso nos eventos organizados
Idealizado por Kyra, Gracie Pro foi um grande sucesso em sua primeira edição e promete novos capítulos pela frente
cronologia
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KYRA GRACIE
CARREIRA DE KYRA GRACIE
capa
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1998
2002
- Campeã Brasileira de Jiu-Jitsu
- Hexacampeã Estadual de Jiu-Jitsu (peso e absoluto)
- Campeã Estadual de Jiu-Jitsu
- Bicampeã Pan-Americana de Jiu-Jitsu
1999
2003
- Bicampeã Brasileira de Jiu-Jitsu
- Tricampeã Pan-Americana de Jiu-Jitsu
- Bicampeã Estadual de Jiu-Jitsu
2000
2004
- Tricampeã Brasileira de Jiu-Jitsu
- Campeã pela primeira vez do Mundial da IBJJF
- Tricampeã Estadual de Jiu-Jitsu
(faixa-marrom/preta)
2001
2005
- Tetracampeã Brasileira de Jiu-Jitsu
- Campeã pela primeira vez no ADCC
- Tetracampeã Estadual de Jiu-Jitsu
- Pentacampeã Brasileira de Jiu-Jitsu
- Campeã Pan-Americana de Jiu-Jitsu
- Tetracampeã Pan-Americana de Jiu-Jitsu
e grandes planos em mente, Kyra Gracie ainda tem muito por fazer pela arte suave - e o esporte como um todo. O próximo passo é com a Gracie Kore, e ao lado de uma “equipe de peso”, ela promete fazer história novamente.
“Acho que agora é hora mesmo de eu aprender, estou com uma equipe bacana que vem dando esse suporte, porque não dá para dar conta de tudo sozinha (risos)”
2006
2011
- Primeira mulher Gracie a receber à faixa-preta de Jiu-Jitsu
- Tricampeã do ADCC
- Bicampeã Mundial da IBJJF
2007
2012
- Bicampeã do ADCC
- Mundial de 2012 (fim da carreira no Jiu-Jitsu)
- Pentacampeã Pan-Americana de Jiu-Jitsu
- Início da trajetória nos canais da Globo
2008
2017
- Tetracampeã Mundial da IBJJF (peso e absoluto)
- Organizou o Gracie Pro
- Hexacampeã Brasileira de Jiu-Jitsu
2010
2018
- Pentacampeã Mundial da IBJJF
- Organizou a Copa Kyra Gracie (evento exclusivo para o público feminino) - Lançou a Gracie Kore
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Opinião “Ela fez história dentro do Jiu-Jitsu. Não só no esporte, como na família, principalmente por ter sido a primeira Gracie a competir e ter alcançado o que ela conseguiu”, Roger Gracie “Como lutadora, perseverante, ela é um exemplo do melhor nível da família (Gracie). É dedicada, raçuda... Ela tem todos os elementos da grande campeã e provou isso”, Rickson Gracie “Eu queria ter a dedicação dela. Ela só pensa nisso (Jiu-Jitsu), em treinar, melhorar, evoluir em todos os sentidos. Então, com certeza está no caminho certo e vai brilhar muito”, Renzo Gracie “A Kyra foi e continua sendo uma grande referência para mim. Hoje, vendo as transições de carreira dela, vejo que ela abre portas em outros setores. Tenho acompanhado a nova jornada como empresária da sua própria academia e a admiro ainda mais por isso agora. Parabéns, Kyra, sucesso! E muito obrigada pela sua contribuição ao Jiu-Jitsu feminino”, Monique Elias “Sem dúvidas, a Kyra foi uma das mulheres mais importantes na história do Jiu-Jitsu feminino. Não apenas por ser uma ótima atleta ou ter o sobrenome Gracie, mas porque ela se importa em abrir portas, em ser exemplo para todas as mulheres que sonham em viver do esporte. Por isso eu admiro muito o trabalho dela”, Bia Mesquita “A Kyra é inspiração para qualquer menina que quer começar a treinar, e até mesmo para quem já é faixa-preta. É um exemplo como mãe, atleta e como uma mulher que faz você acreditar no quanto é capaz. Foi muito importante para mim conhecer a Kyra, sou grata pelo valor que ela dá para nós, meninas, na arte suave”, Tayane Porfírio
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FOTOS: REPRODUÇÃO FACEBOOK
capa
entrevista
MALVINO SALVADOR por Yago Rédua
FOTO: ARQUIVO TATAME
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O LADO LUTADOR DE
MALVINO SALVADOR
Renomado ator de novelas, Malvino Salvador conheceu as artes marciais ainda
criança, quando morava em Manaus (AM), sua cidade natal. Teve o primeiro contato com o Judô, depois foi para a arte suave e, mais tarde, por causa de um papel, aprendeu uma das suas maiores paixões, o Boxe. Atualmente casado com Kyra Gracie e pai de três filhas – duas com Kyra –, o faixa-roxa de Jiu-Jitsu segue ativo e com grande participação no novo empreendimento da esposa: a Gracie Kore.
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ascido em Manaus, um celeiro de grandes lutadores no Brasil, Malvino Salvador sempre quis seguir nas artes marciais, porém, a vida o levou para outro caminho. O amante de lutas se tornou um dos mais renomados atores de novelas e filmes no país, com trabalhos de sucesso na Rede Globo. Atualmente faixa-roxa de Jiu-Jitsu e praticante de Boxe, ele é um dos maiores entusiastas da Gracie Kore, academia criada pela esposa, Kyra, para resgatar os en-
sinamentos da família Gracie. Em entrevista à TATAME, Malvino relembrou seu primeiro contato com as artes marciais, quando estudava e aprendeu Judô na escola. O ator até confidenciou que quis seguir praticando o esporte, mas quando precisou mudar de colégio, o novo local não tinha os ensinamentos da arte marcial japonesa. “O primeiro esporte que eu fiz foi o Judô, aos 6 anos de idade. Eu lembro que fazia no colégio, não era em uma academia... Eram duas ou três vezes na semana.
Mas eu lembro que me divertia fazendo, cada golpe novo, rolamento que eu executava, cada fase nova que eu passava... Nossa! Era realmente uma diversão. Eu fiz entre um e dois anos, se não me engano, e aí mudei de colégio, que não tinha Judô. Uma academia ficava longe da minha casa e tive que parar, embora eu quisesse continuar, me lembro bem disso. Eu pedia aos meus pais para continuar fazendo, mas era muito longe de casa. Eu só voltei a fazer Judô novamente aos 10 anos,
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em um outro colégio também”, lembra Malvino, que foi ter seu primeiro contato com o Jiu-Jitsu apenas na juventude, quando teve a necessidade de se defender. “Acabou que eu enveredei para a Natação, esporte que eu fiz por muitos anos. Parei dos 15 para os 16 anos, um pouco depois, por volta dos 19 anos, aquela coisa de você querer sair, comecei a me deparar com ela coisa de enfrentamento dos caras mais velhos. Eles começaram a me intimidar na rua, por conta de mulher, principalmente. De sair na noite, aquela coisa de uma pa-
quera aqui ou ali e uns caras mais velhos acabavam me intimidando, aí senti a necessidade de me proteger. Então, eu procurei uma academia de Jiu-Jitsu, que na época estava muito na moda em Manaus. Eu me matriculei, comecei, fiz Jiu-Jitsu uns quatro anos e passei a competir, inclusive. Competi na faixa-branca, na faixa-azul e aí acabei mudando de Manaus para São Paulo por conta do trabalho, foi quando parei por cerca de 15 anos com o Jiu-Jitsu... Voltei a fazer Jiu-Jitsu tem cerca de uns dois anos, mas também por conta do deslocamento não estava con-
seguindo fazer com frequência. Fazia um tempo, parava e ganhei a faixa roxa da Kyra (risos). Durante um tempo, lá em Manaus, ficávamos muito tempo na faixa-azul. Era uma prática nas academias segurar muito os atletas na azul. Eu tinha qualidade e capacidade de roxa há um bom tempo, mas eu achava boa essa tática de segurar, porque tem lugar que dá faixa com muita facilidade. Eu trocava com faixa-roxa de igual para igual, na verdade ganhava da maioria. A Kyra então me avaliou e eu peguei a faixa-roxa com uma Gracie”, diz o ator, orgulhoso.
Malvino com a esposa Kyra e as duas filhas do casal: relacionamento com a faixa-preta reacendeu paixão do ator pelo Jiu-Jitsu
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FOTO: RENATA SPINELLI
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Trabalho floresce paixão pelo Boxe Em 2007, quando foi interpretar o personagem boxeador Régis Floretino, Malvino precisou fazer laboratório e teve que, então, aprender Boxe. A arte nobre, por sinal, é uma das grandes paixões do ator, que brincou e disse ter sido “amor à primeira vista” quando conheceu a modalidade. Ao invés de buscar um professor particular, optou por aprender no projeto social “Todos na Luta”, localizado na Zona Sul do Rio de Janeiro. “Comecei a treinar Boxe já aos 32 anos de idade. Nesse meio tempo fazia um esporte ou outro, voltei a nadar um tempo, fiz um pouquinho de Capoeira, musculação. Comecei a fazer Boxe por causa de uma novela. Eu sempre fui apaixonado por Boxe, mas nunca tive a oportunidade de praticar. Quando surgiu essa necessidade de aprender Boxe por causa de um personagem, foi amor à primeira vista (risos). E também, uma coisa a mais: eu não fui trei-
nar com um professor particular. Fui em uma academia de Boxe, que é um projeto social do Rafael Giglio no Vidigal (Rio de Janeiro), que se chama ‘Todos na Luta’. Ali, eu me apaixonei ainda mais por causa do ambiente, com as pessoas que frequentavam. Conheci o projeto, fiquei muito próximo e sou até hoje. Não frequento mais por conta da distância, dos compromissos, mas eu mantenho o contato sempre’, garante Malvino, que seguiu relembrando o período no projeto social. “O Rafa se tornou um amigo, como outros alunos também. Esse contato foi muito bom, porque eu aprendi com uns dos melhores boxeadores do país. De lá, o Esquiva Falcão foi para a
Seleção brasileira, logo após ficou com a medalha de prata (nas Olimpíadas), hoje é profissional e creio que será um dos campeões mundiais. Vários atletas eram crianças e hoje estão competindo em alto nível. A minha iniciação do Boxe foi com os melhores. Hoje eu coloquei um saco de Boxe na minha varanda e, por conta do tempo, não tenho mais condição de me deslocar para a academia, então, eu treino em casa ou chamo o Índio, que era um atleta do Vidigal e hoje é considerado um dos melhores treinadores de Boxe do país, e às vezes ele vai lá em casa e damos uma aula particular. Consigo fazer uma manopla, apurar técnicas e fazer uma luva, eu adoro fazer luva (risos)”.
“Ali (no projeto social Todos na Luta), eu me apaixonei ainda mais por causa do ambiente, com as pessoas que frequentavam”
Artes marciais na educação e Gracie Kore Formado nas artes marciais e pai de três filhas, Malvino sabe da importância que esportes como o Jiu-Jitsu têm, principalmente para as crianças. Por isso, exaltou o trabalho realizado na Gracie Kore, academia liderada por Kyra, que vem com o intuito de transformar vidas e carrega a metodologia do triângulo Gracie – corpo, mente e espírito –, com foco especial para crianças e mulheres.
“Nos esportes de luta, têm que ser muito bem pensando quem está ministrando essas aulas, porque o professor acaba sendo um ídolo para o aluno. Aqui (Gracie Kore) foi muito bem pensado. A Kyra convidou professores educados, com postura de hombridade, pessoas do bem, sabe? Que sejam vistas como exemplos. Ela trabalhou exaustivamente a metodologia que ela quer passar. As
pessoas foram, realmente, selecionadas a dedo. A Kyra sabe que a principal educação é em casa, mas aqui ela quer dar um suporte, caso o pai sinta a necessidade de um apoio além da escola, esse apoio da educação, porque aqui no esporte ela (criança) vai se deparar com várias situações. Vai ser muito trabalhado a perda e o ganho. Você vai ter sempre uma competição e as brincadeiras que são fei-
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tas com as crianças, a partir dos 3 anos de idade... Não se vai aplicar o Jiu-Jitsu em si, e sim situações, brincadeiras, ir desenvolvendo essa capacidade da criança de lidar com as perdas e os ganhos. Tirá-las da zona de conforto, mas de maneira segura, sem trauma, fazendo com que a criança sinta a segurança suficiente e necessária para que ela possa lidar com essas emoções e sair ilesa. Isso é o maior potencial do Jiu-Jitsu, que o Judô tem também”, destaca. Completando sobre a Gracie Kore, academia localizada no Vogue Square, na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, Malvino confidenciou que era um sonho antigo de Kyra. O faixa-roxa de Jiu-Jitsu contou que deu total apoio na decisão e desta-
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cou o trabalho da esposa na busca por um serviço diferenciado, resgatando a essência da arte suave. “Eu conversava com a Kyra há muito tempo e ela sempre falava desse sonho de abrir uma academia para resgatar os valores... Não esquecidos, mas que não são postos com tanta frequência em prática hoje, como a defesa pessoal, o pensamento filosófico do Jiu-Jitsu, como o corpo, mente e espírito. Como o Carlos (Gracie) ensinava, sobre saber se inserir na vida, o respeito a outras pessoas, ter uma boa alimentação, a prática esportiva... E ela tinha esse sonho. Conversamos por alguns anos. Ela (Kyra) já vinha desenvolvendo um trabalho para crianças, trabalhou dois anos nisso, com uma profes-
sor psicopedagoga, que é especialista na área infantil ligada ao esporte. Eu falei: ‘Kyra, está na hora. Você está pronta’. Ela queria também criar uma academia que desse aula particulares para mulheres e estava tudo dentro da cabeça dela. Sem deixar de lado o Jiu-Jitsu de competição, aqui também vai ter aula masculina, adulto, infantil, e alguns focos direcionados: o rola, a defesa pessoal, colocando o Jiu-Jitsu prático para a vida. Vamos colocar a pessoa em uma situação em que ele poderá presenciar na vida, por exemplo. Não é só a prática do exercício físico, é uma coisa conceitual também”, revela o ator, destacando alguns dos segredos que prometem fazer da Grace Kore um grande sucesso.
FOTO: RENATA SPINELLI
Ator de sucesso, Malvino também é um apaixonado por artes marciais e está ao lado de Kyra no lançamento da Gracie Kore
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GRACIE KORE por Yago Rédua fotos Renata Spinelli
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DO SONHO À
REALIZAÇÃO Inaugurada recentemente, a Gracie Kore é mais um projeto da Kyra que chega com tudo ao mercado de academias do Rio de Janeiro. Seguindo os ensinamentos do triângulo Gracie sobre corpo, mente e espírito, o ambiente vai muito além de ensinar técnicas de Jiu-Jitsu, reunindo o melhor da arte suave em um local voltado para a melhora da qualidade de vida.
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ulticampeã no Jiu-Jitsu, apresentadora e comentarista nos canais da Globo, além de empresária e promotora de eventos, Kyra Gracie é um exemplo de mulher que quebrou paradigmas dentro e fora do esporte. Em seu último projeto, a faixa-preta inaugurou a academia Gracie Kore, localizada no Vogue Square, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro. A arte suave, claro, é o carro-chefe, com foco na defesa pessoal e o bem-estar do corpo, mente e espírito.
“Eu cresci assistindo meus tios, meus primos (lutarem) e todos eles competiram, fizeram o próprio nome e abriram suas academias. Então, foi uma sequência natural da minha vida e um sonho que eu sempre tive. Eu sempre me vi como professora de Jiu-Jitsu e tendo a minha própria academia. Era engraçado, porque quando eu falava isso há um tempo atrás, quando estava competindo, a mulher ainda buscava o seu espaço. Era muito difícil para uma mulher. Eu falava: ‘Quero ter uma academia’, e o pessoal respondia: ‘Vai falir,
Kyra! Tá maluca?’. Mulher tendo academia de Jiu-Jitsu? Isso não existe. Você tem que abrir sempre com um homem, algum campeão’. Mesmo assim, eu sempre me vi tendo a minha própria academia. Mas se hoje a gente ainda busca espaço, imagina na época em que eu decidi viver da luta? É um sonho que estou realizando e há muitos anos planejando. Toda a proposta da academia foi muito bem pensada, a metodologia... Estou há dois anos pensando em cada detalhe”, explicou Kyra. Uma das maiores inspirações da faixa-preta para elaborar o
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conceito das aulas foi a lendária academia Gracie na Rio Branco, no Centro do Rio de Janeiro. Lá, Carlos e Hélio Gracie propagaram o Jiu-Jitsu criando uma legião de praticantes, entre pessoas da alta sociedade e anônimos, que buscavam conhecer as técnicas e o estilo de vida Gracie. Outro detalhe importante será a parte de defesa pessoal, uma prioridade para Kyra. “Nós temos uma estrutura
de primeiro mundo para atender nossos alunos. A nossa metodologia é diferenciada. Eu peguei exatamente todo o currículo de aulas da academia Gracie da Rio Branco, que foi um marco. Essa academia Gracie foi onde os meus bisavôs conseguiram criar a metodologia Gracie e atender um público não só de lutadores, mas um público de executivos, estavam lá o presidente do Brasil, Roberto Marinho, Os-
“Nós temos uma estrutura de primeiro mundo para atender nossos alunos. A nossa metodologia é diferenciada”
Psicomotricidade é um dos métodos utilizados no desenvolvimento das crianças
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car Niemeyer, todas as grandes personalidades do país. Então, eu me baseei muito nessa academia, só que eu adicionei o que temos hoje nessa questão psicopedagógica, com educadores físicos, todo o nosso time com professores bem treinados. A defesa pessoal também vem sendo muito esquecida nas academias de Jiu-Jitsu e eu quero mudar isso. Eu viajo o mundo inteiro dando aulas, seminários e, realmente, essa parte de defesa pessoal foi deixada de lado e as pessoas procuram o Jiu-Jitsu justamente para isso, em busca de se defender de uma possível agressão, caso venham ser abordadas na rua”, projeta Kyra,
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que contou mais sobre grandes nomes do esporte que usou como referências. “Eu tive aulas com o meu avô Robson (Gracie) e com o Mestre João Alberto Barreto, ambos professores da academia Gracie. Conseguimos trazer todos esses elementos para o que a gente quer ensinar aqui na Gracie Kore. Fizemos uma consultoria com os irmãos Valente, em Miami (EUA). Eles foram graduados pelo tio Hélio (Gracie), seguem as aulas da academia Gracie da Rio Branco e são especialistas em defesa pessoal. Eu fui lá para aprender, eles têm um conceito bem legal. Me inspirei na academia deles e, óbvio, na do Renzo (Gracie), que é o meu mestre. O Fábio Gurgel (Alliance) também me deu uma consultoria sobre academia. Com essa abertura que eu tenho, consegui adquirir uma amizade grande e juntar um pouquinho de cada um para poder montar minha própria identidade”.
Conceito e transformação de vidas Muito além de uma academia de Jiu-Jitsu, a Gracie Kore vai funcionar como um ambiente para a pessoa buscar evolução em todas áreas da vida. Kyra contou à TATAME que enxerga o Jiu-Jitsu como ferramenta de transformação, sendo na parte de mudanças na alimentação, como na questão da autoconfiança, em especial para as crianças. “A Gracie Kore chega com um conceito de estimular uma vida mais saudável, com exercício físico, com atitudes saudáveis. É corpo, mente e espírito e o nos-
“Ter um ambiente bacana para as mulheres, a família e as crianças foi o que mais me motivou a criar a Gracie Kore” so triângulo significa exatamente isso - inspirando no famoso triângulo Gracie. Aqui, a gente engloba todos esses aspectos. Vamos falar sobre a filosofia. Existe a parte do café... Vamos trazer os
sucos Gracie, que é parte dessa filosofia de uma boa alimentação, para uma vida mais plena. Eu vi durante a minha vida inteira a transformação de milhares de pessoas através do Jiu-Jitsu.
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contrava com a gente, eu lembro quando eu era pequenininha, ele falava: ‘Oi, campeã’. Quando eu ia treinar com os meus tios, eu entrava numa queda e eles se jogavam e caíam. Eu ficava: ‘Nossa, eu sou muito forte (risos)’.
Você trabalhar essa autoconfiança na criança, estimular o tempo todo, isso é muito bom. Você falar coisas boas, incentivar os alunos, agregar nas suas vidas. Ter um ambiente bacana para as mulheres, para a família e as crianças
“Uma das coisas que me motivou muito (a criar a academia), depois que eu sai da competição, foi o fato de que as academias não estavam mais oferecendo o que eu queria”
foi o que mais me motivou a criar a (Gracie Kore)”, revelou Kyra, que ainda detalhou. “A fórmula do homem casca-grossa já está pronta e todo mundo faz. Mas você fazer diferente, trabalhar com as crianças de uma maneira lúdica, introduzir o Jiu-Jitsu, é muito mais prazeroso. Eu estou totalmente pensando fora da caixa. Quero fazer diferente. Em tudo o que eu faço, dou o meu melhor. Então, a academia não foi diferente. A nossa estrutura aqui eu pensei em cada detalhe. Temos telão no tatame, podemos fazer teleconferência, consigo dar palestra para atingir um público que quer consumir Jiu-Jitsu. Nossa metodologia in-
NOSSA FILOSOFIA A filosofia, inspirada no Código 7-5-3, combina as 7 virtudes dos Samurais, as 5 chaves para a saúde e os 3 estados da mente que guiam a conduta dos nossos professores e alunos, dentro e fora do tatame.
ESPÍRITO | CORPO | MENTE O CÓDIGO PARA A FELICIDADE RETIDÃO | CORAGEM | BENEVOLÊNCIA RESPEITO | HONESTIDADE HONRA | LEALDADE EXERCÍCIO | NUTRIÇÃO | DESCANSO HIGIENE | POSITIVIDADE ESTADO DE ALERTA | EQUILÍBRIO | FLUIDEZ
SOCIAL E SUSTENTÁVEL AQUI TRABALHAMOS PARA UM MUNDO MELHOR! SUSTENTABILIDADE, PROJETOS SOCIAIS E CONSCIÊNCIA AMBIENTAL FAZEM PARTE DA NOSSA IDEOLOGIA.
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fantil, durante as aulas, nós falamos sobre nutrição, sobre o Jiu-Jitsu verbal, para você saber se posicionar, as vezes até falar um ‘não’, mas que na fase de adolescente, você tem até vergonha de falar ‘não’ e ser excluído. Vamos trabalhar a coragem da criança. A gente fala sobre princípios, simulamos situações para cada faixa
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etária e como acontece no dia a dia deles. Vamos falar sobre boas escolhas alimentares, de amizades e boas escolhas de vida. Eu quero um aluno campeão na vida. Um aluno que possa ter autoconfiança para falar tranquilamente com o chefe, falar não para um amiguinho mais velho que quer, as vezes, o levar para uma situa-
ção onde ele não está confortável. De uma menina ter autoconfiança para chegar para um namorado agressivo que a sacudiu ou enforcou e dar um basta nisso, enfim, são muitas situações”. A professora que usar exemplos da própria família Gracie, como o avô Robson, o tio Renzo, os bisavôs Carlos e
Hélio, entre outros, como referência para os mais jovens: “Eu penso no Jiu-Jitsu como uma ferramenta para formar bons cidadãos. Quero ter um cidadão do bem e quero seguir essa tradição da família Gracie. Os exemplos que eu tenho, do meu tio Renzo (Gracie), que é um cara nota mil, que ajuda
todo mundo, que trata todos à sua volta com alegria. Tenho do meu avô (Robson Gracie), que puxou muito do vovô Carlos e Hélio. São pessoas íntegras e por isso possuem essa fama mundial e admiração. Não adianta você ser bom de luta, se você não é uma pessoa bacana, se você não é íntegro,
não é honesto e não quer levantar outras pessoas. É esse todo que nós vamos trabalhar aqui na Gracie Kore, principalmente, que as mulheres tenham um ambiente onde elas se sintam tão confortáveis quanto os homens”, projeta Kyra sobre o novo empreendimento que tem tudo para ser mais um sucesso.
O RESTO DESSA HISTÓRIA CONTINUA COM CADA FAIXABRANCA QUE INGRESSA EM UMA DAS NOSSAS ACADEMIAS DE JIU-JITSU PELO MUNDO
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DESENVOLVIMENTO INFANTIL por redação foto Renata Spinelli
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PSICO MOTRI CIDADE
PARA CRIANÇAS
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primeiríssima infância, que corresponde aos três anos iniciais da criança, é o período no qual os pequenos começam a descobrir o mundo à sua volta e a se relacionar com os outros. Nesse período, a criança terá maior atividade e capacidade de expansão do seu cérebro. Sendo assim, o grande potencial de absorção dos estímulos faz com que o acompanhamento do desenvolvimento
psicomotor nessa fase seja fundamental para o seu futuro. Quando se fala em psicomotricidade, deve-se considerar o desenvolvimento físico, cognitivo, psicossocial e a relação entre eles (quadro na página seguinte). A psicomotricidade nos mostra que nosso corpo e mente estão interligados e que um depende e influencia o outro. Com foco em dar suporte a este momento tão importante para as crianças e também para
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DESENVOLVIMENTO INFANTIL
suas famílias, a academia Gracie Kore iniciou uma parceria com o Cariokids, espaço frequentado pelas filhas de Kyra Gracie, que oferece aulas de psicomotricidade infantil para bebês e crianças a partir de 5 meses de idade. “Minhas filhas evoluíram muito depois que começaram com as aulinhas da Cariokids. Desde pequenas, eu faço exercícios em casa para estimular o desenvolvimento de cada uma, e agora isso só vem melhorando”, afirma Kyra. Situado em um espaço 100% adaptado e com equipamentos exclusivos, os estímulos feitos durante os encontros auxiliam no percurso para conquistas de importantes etapas, tais como: sentar, engatinhar e andar. As aulas visam desenvolver da melhor forma todos os fatores psicomotores, sendo esses: equilíbrio, força, lateralidade, tônus, noção corporal, organização espacial e temporal, além de coordenação motora ampla e fina. Quando trabalhados desde cedo, esses fatores potencializam significativamente as aptidões da criança e auxiliam nas suas dificuldades, o que se mostra essencial para o desenvolvimento na prática futura de qualquer esporte. Todos os seus professores são formados em Educação Física com pós-graduação em Psicomotricidade, além de contar com a consultoria de psicóloga infantil e terapeuta familiar. Outro aspecto importante da proposta é fazer com que a criança con-
CARIOKIDS
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Desenvolvimento psicomotor global da criança Desenvolvimento físico: Habilidades motoras e capacidades sensoriais (tato, visão, audição, olfato e paladar)
Desenvolvimento cognitivo: Capacidade de aprendizagem, atenção e memória
Desenvolvimento psicossocial: Interações sociais, capacidade de formação de vínculos, autoconhecimento e autoregulação das emoções
quiste sua autonomia, conhecendo, assim, suas capacidades e dificuldades psicomotoras. Esta é a melhor forma dela sentir a satisfação de suas próprias conquistas e aprender a lidar com suas frustrações. A socialização é, também, um dos objetivos desse trabalho, assim, desde muito pequenas, as crianças aprendem a respeitar o próximo. “O foco do Cariokids é incentivar o desenvolvimento motor e emocional na primeira infância.
Nossas aulas promovem desafios estimulantes, sempre de forma lúdica, para despertar na criança o prazer pelo movimento e a vontade de se desafiar e se superar. Quanto mais seu corpo executa o que ela deseja de forma competente, mais segura ela se sente. Essa confiança em si mesma é fundamental para a formação da sua personalidade e seu desenvolvimento futuro”, indica Samantha G. Wrobel, uma das idealizadoras do projeto.
Contato: cariokidssecretaria@gmail.com *** Todas as terças e quintas, durante o dia inteiro, na Gracie Kore
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EDUARDO AGUIAR por Diogo Santarém fotos Renata Spinelli
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FORMANDO
CIDADÃOS Escolhido a dedo por Kyra Gracie, o faixa-preta Eduardo Aguiar é um dos principais responsáveis pela parte de Jiu-Jitsu na Gracie Kore, academia lançada pela pentacampeã mundial na Barra da Tijuca (RJ). Com dez anos de experiência dando aulas, Eduardo chega para ajudar no resgate dos pilares fundamentais da arte suave, e ao lado de um time de primeira, promete formar cidadãos, além de grandes lutadores.
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ara Eduardo Aguiar, de 37 anos, o Jiu-Jitsu é muito mais do que uma ferramenta de combate. Faixa-preta desde 2007, o carioca conheceu a arte suave na adolescência, e após trabalhar como professor na Gracie Barra e se aventurar em outros projetos, percebeu a importância que o esporte tem na formação das pessoas, principalmente os jovens. “Eu comecei a treinar Jiu-Jitsu aos 14 anos, na academia Kioto, sob a supervisão do Mestre Chico Mansur, aluno de Hélio Gracie, dou aula há aproximadamente 10 anos, boa parte desses anos na Gracie Barra. Em 2008 pude dar uma aula no projeto social da Kyra, o instituto Kapacidade, onde a conheci. Depois que ela foi morar fora
acabamos perdendo o contato, acabei ficando amigo do sócio dela, o Bruno Neves, em meados de 2017 ela me ligou e me convidou para fazer parte do projeto na Gracie Kore”, lembra o carioca, que em entrevista à TATAME, citou os pilares da academia. “Nós queremos resgatar a experiência que os alunos tinham quando treinavam na academia Gracie da Av, Rio Branco na década de 50. Todo nosso programa é pensado nisso, onde nosso pilar é a defesa pessoal em todas as idades. Seguimos o código do samurai para uma vida plena, o código 7-5-3, onde falamos de valores que estão sendo esquecidos como honestidade, benevolência, honra, coragem, lealdade e respeito. Preparamos uma academia para receber toda a famí-
“Nós queremos resgatar a experiência que os alunos tinham em 1950 na antiga academia Gracie (...) Tudo nosso é pensado nisso, desde as aulas para as crianças com foco em defesa pessoal, até o ‘código do samurai’...”
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58 lia e contribuir na formação de campeões na vida. Nossas aulas de Jiu-Jitsu são para crianças a partir dos 3 anos de idade, adolescentes, pais e avós. Queremos trazer a parte filosófica do Jiu-Jitsu de volta”, afirma. Sobre o seu papel na Gracie Kore, localizada no Vogue Square, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro, Eduardo é o professor responsável pelos primeiros horários do dia até o fim da tarde, dividindo as responsabilidades
com Augusto Vieira, faixa-preta que comanda as atividades do fim de tarde até a noite. “Vou dar aulas para homens, mulheres e crianças, pegando os primeiros horários do dia até o meio da tarde. A arte suave é uma ferramenta muito útil em transformar a vida das pessoas para melhor, e isso é algo que vamos trabalhar muito na Gracie Kore. Trazer os princípios de honestidade, honra e demais para a formação de pessoas melhores”, garante o faixa-preta, que após
dividir sua paixão pelo Jiu-Jitsu com a advocacia por muito tempo, finalmente tem a chance de se dedicar 100% ao esporte. “Durante muito tempo eu conciliei a atividade de professor com meu emprego em uma empresa de construção civil, mas meu sonho sempre foi viver do Jiu-Jitsu. É uma ferramenta muito forte para melhorar a vida das pessoas, então eu sempre quis isso. Com esse projeto da Kyra eu larguei tudo e vim pra cá, de cabeça (risos). Agora é cair dentro”.
Rafael, filho de Eduardo Aguiar, aparece em uma das campanhas nas mídias sociais com foco no combate ao bullying
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Eduardo será um dos responsáveis por formar não apenas lutadores de Jiu-Jitsu, mas cidadãos de bem na academia Gracie Kore
Defesa pessoal em foco “Para nós, esse é o pilar da academia. O que alinha todo nosso projeto é a defesa pessoal. Vamos trabalhar isso todo dia, nas aulas gerais e particulares. Nosso objetivo é trabalhar a defesa pessoal de maneira dinâmica com o Jiu-Jitsu verbal, desequilibrar o aluno, trabalhar a base. Existe todo um acompanhamento por trás para oferecermos o melhor que o Jiu-Jitsu pode dar para os nossos alunos”
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AUGUSTO VIEIRA por Diogo Santarém fotos Renata Spinelli
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NO CAMINHO DA ARTE SUAVE Criado na arte suave, Augusto Vieira não desistiu do esporte mesmo após alguns percalços e encontrou no papel de professor sua verdadeira vocação. Hoje faixa-preta 4º grau, Augusto é um dos nomes à frente da arte suave na Gracie Kore, academia lançada por Kyra Gracie na Barra da Tijuca (RJ), e tem como meta formar a melhor versão dos seus alunos.
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os 43 anos de idade, Augusto soma 36 de arte suave. Seus primeiros passos foram aos 7, e por conta da proximidade com a família Gracie, criou gosto pelo esporte e nunca mais largou. Hoje faixa-preta, o carioca relembrou o início e parte da sua trajetória em entrevista à TATAME. “Minha família sempre foi muito próxima da família Gracie, por isso até eu comecei a treinar cedo. Meu avô foi aluno do Mestre Hélio e o Jiu-Jitsu sempre esteve presente em minha vida. É uma paixão! Sempre treinei, parei de competir na faixa-roxa quando operei o joelho, e depois disso vi que eu treinava, me colocava a prova, mas estava fora de toda essa parte de campeo-
nato. Aí eu comecei a treinar com o Zé Beleza, na Barra, e quando o Renzo abriu a Gracie Ipanema eu fui pra lá. Depois, quando ele (Renzo) foi para os Estados Unidos, eu continuei treinando lá. Peguei minha faixa preta no final de 2003 e continuo treinando. Minha semana não consegue ser boa se eu der pelo menos alguns treinos. Hoje em dia eu nem treino para ver como vai ser a minha performance, treino para desopilar a minha cabeça e aproveitar as coisas boas da vida. O Jiu-Jitsu com certeza é uma paixão”, afirma o professor. Na Gracie Kore - localizada no Vogue Square, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro -, Augusto atua ao lado do também faixa-preta Eduardo Aguiar no comando das aulas.
“Minha família sempre foi muito próxima da família Gracie, por isso até eu comecei a treinar cedo. Meu avô foi aluno do Mestre Hélio e o Jiu-Jitsu sempre esteve presente em minha vida. É uma paixão!”
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62 Enquanto Eduardo é o responsável por abrir o dia e cuidar de tudo até o meio da tarde, Augusto entra em seguida, assumindo até o encerramento das atividades. Sobre a metodologia aplicada, ele explica. “Acreditamos (na Gracie Kore) que o Jiu-Jitsu é uma ferramenta para ajudar a construir confiança nas pessoas, fazer elas seguirem o ‘caminho do Sa-
murai’, o código 753 para uma vida melhor. Então você pega isso, tira do âmbito do Jiu-Jitsu e bota na sua vida. É tudo o que eu quero que a minha tenha, por exemplo, a minha filha... É também pelo que eu quero ser lembrado. O Jiu-Jitsu te dá uma segurança para enfrentar qualquer desafio, porque ele te dá o controle, se não da situação, do modo como você vai se portar”.
“O Jiu-Jitsu te dá uma segurança para enfrentar qualquer desafio...”
Aos 43 anos, Augusto soma 36 de arte suave e encontrou no papel de professor a sua verdadeira vocação
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Augusto, ao lado de Kyra Gracie, trabalhou exaustivamente no resgate da metodologia do Jiu-Jitsu para as aulas na Gracie Kore
Resgate da metodologia Um dos principais pontos da Gracie Kore é o resgate da metodologia ensinada nos primórdios da família. A referência é a lendária academia Gracie da Avenida Rio Branco, no Centro do Rio de Janeiro. “(A academia) é uma coisa que a gente começou a ver tem um tempo. ficamos um ano e meio, dois anos cuidando da parte de metodologia, porque na verdade a gente está com um tipo de metodologia bem inovador, mas tradicional ao mesmo tempo, porque seguimos todos os preceitos da Gracie da Av. Rio Branco (no Centro do Rio). Nossa preocupação é pegar todos os alunos e transformá-los na melhor versão que eles podem ser”, projeta Augusto, completando sobre as aulas. “É um tipo de aula que começamos aqui, mas vamos dividir em
“Nossa preocupação é pegar todos os alunos e transformá-los na melhor versão que eles podem ser” outras academias da família Gracie, expandir esse conhecimento. Nós vimos, por exemplo, que crianças de 3 a 4 anos precisam trabalhar a base, pois a criança nessa idade está desenvolvendo o equilíbrio, então isso é apenas uma parte do trabalho. Tudo isso quando envolve crianças, claro, de uma forma muito lúdica. Pontos como a respiração, meditação, a importância da alimentação, também serão trabalhados, sempre de maneira descontraída. Queremos que as crianças venham brincar. No
adulto, para homens e mulheres, também teremos pontos específicos sendo trabalhados, queremos focar muito no resgate da defesa pessoal. E claro, o espaço para os cascas-grossas, que também terão a sua vez, sempre separando quem busca o lado lutador de quem busca o estilo de vida”. No “caminho do Samurai” e seguindo a sua vocação, Augusto Vieira ainda tem muito a fazer pela arte suave. Que mais uma página de sucesso da sua história seja escrita na Gracie Kore!
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INSTRUTORES por Mateus Machado fotos divulgação
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KAPACITANDO’
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JOVENS Crias do Instituto Kapacidade, fundado por Kyra Gracie em 2008 e desenvolvido com o intuito de promover crianças da região de Vargem Grande e Recreio, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, à inclusão social através do esporte, os irmãos Rosil e Roberta hoje trabalham como instrutores na academia Gracie Kore, inaugurada recentemente pela ex-lutadora na Barra da Tijuca (RJ). Em meio às diversas crianças do projeto social, a dupla se destacou com disciplina e foco, além de bons resultados em campeonatos, recebendo a “promoção” e uma chance de vencer na vida.
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Ao lado da estrela Ronaldo Jacaré, Rosil teve um dos grandes momentos da sua vida até agora
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om apenas 17 anos, Rosil da Silva esteve com Kyra no Instituto Kapacidade desde 2008 e começou no Jiu-Jitsu justamente por influência da pentacampeã mundial, que apresentou a arte suave à então criança com apenas oito anos. Mostrando gratidão pela lenda do Jiu-Jitsu feminino, o jovem atleta falou sobre o trabalho realizado pela faixa-preta e, com alegria, explicou de forma breve o desafio de trabalhar como instrutor na Gracie Kore. “É um trabalho imenso (realizado por Kyra Gracie). Ela abriu diversas portas para muitas pessoas, deu muitas oportunidades para a gente, e hoje eu estou podendo trabalhar na academia
dela, tendo a oportunidade de ser instrutor. É um grande prazer estar aqui. Eu entrei no projeto em 2008, tinha apenas oito anos. Atualmente, já estou há dez anos no Jiu-Jitsu. Eu conheci a arte suave ali, a Kyra me ‘apresentou’ e eu acabei me apaixonando, não larguei mais o Jiu-Jitsu (risos). Meu trabalho aqui na Gracie Kore vai ficar na parte de ajuda aos professores, e nisso vou acabar me desenvolvendo também, para no futuro poder me tornar um professor bem capacitado”, projeta o jovem. Atualmente faixa-azul, Rosil ainda terá um longo caminho pela frente em sua vida pessoal e profissional, no entanto, já tem história para contar. Com resultados expressivos nas competi-
ções que disputa desde a faixa-branca, o lutador recebeu uma grande oportunidade este ano. Com ajuda de Kyra Gracie, ele participou do treino aberto com Ronaldo Jacaré para o UFC 224, que foi realizado em maio, no Rio de Janeiro. O carioca mostrou desenvoltura e aproveitou a chance de poder treinar, mesmo que por poucos minutos, com um dos grandes nomes da história do Jiu-Jitsu e também estrela do MMA. “O Ronaldo Jacaré também tem um projeto em Vargem Grande e acabou me dando a oportunidade de participar do treino aberto dele para o UFC 224, no Rio. A Kyra também me ajudou bastante, me direcionou para estar ali. Foi
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INSTRUTORES
uma oportunidade muito boa e eu pude treinar com ele por alguns momentos. Sem dúvida, foi um aprendizado enorme, uma honra muito grande poder treinar com ele naquela ocasião”. Descoberto no projeto social de Kyra, Rosil aproveitou a oportunidade que lhe foi dada e, hoje, além de instrutor na Gracie Kore, sabe que tem pela frente uma carreira promissora no Jiu-
-Jitsu. Todavia, ao mesmo tempo em que Rosil e sua irmã, Roberta, souberam aproveitar a chance, muitos outros jovens se perderam pelo caminho e tomaram rumos diferentes na vida. Inspiração para outros jovens que também são de comunidades carentes e almejam um futuro de sucesso, o morador de Vargem Grande espera seguir seu caminho, brilhar e criar novos admiradores.
“Com certeza sei que sou e posso ser um exemplo para outras pessoas” Rosil da Silva
“Com certeza sei que sou e posso ser um exemplo para outras pessoas. Alguns jovens, infelizmente, acabaram se perdendo no mundo de hoje. É triste ver essas coisas acontecendo, mas espero muito que um dia a gente possa inspirá-los ainda mais, fazendo com que voltem ao mundo do Jiu-Jitsu”. Aos 19 anos, Roberta percorreu praticamente a mesma trajetória do seu irmão. Também faixa-azul, ela começou a praticar Jiu-Jitsu através do Instituto Kapacidade, e com os princípios do esporte bem aplicados em sua vida, somados ao bom desempe-
Fundado em 2008, o Instituto Kapacidade já ajudou na formação de dezenas de crianças e adolescentes, entre elas Rosil e Roberta
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Ao lado de grandes exemplos e feras do esporte, Rosil da Silva se espelha para um dia também se tornar um faixa-preta de sucesso
nho em competições, foi alçada ao posto de instrutora na Gracie Kore. Com Kyra desde 2009, Roberta revelou que a paixão pelo Jiu-Jitsu veio após algumas tentativas “frustradas” de praticar outros esportes, e projetou seu papel como instrutora. “Eu entrei bem nova no projeto, em 2009. Eu não conhecia o Jiu-Jitsu e foi um prazer estar com a Kyra Gracie durante todo esse tempo. Ela foi me apresentando a modalidade, porque eu não conhecia... Eu já havia tentado outros esportes, mas não me identificava, mas a Kyra me apresentou a arte suave da melhor forma possível e estar aqui, hoje, sendo instrutora, podendo ajudá-la, é um enorme prazer. Vou poder auxiliar professores e alunos e, sem dúvida, vai ser uma grande ajuda pra mim também. Vou poder aprender bastante exercendo essa função na Gracie Kore”, prevê Roberta. Com planos ambiciosos para
Crias do Instituto, irmãos Roberta e Rosil seguem ao lado de Kyra até hoje
seu futuro profissional, Roberta tem o desejo de receber a faixa preta de Kyra Gracie, que a acompanha desde o início. Além disso, a lutadora revelou ter grande inspiração na multicampeã da arte suave para sua sequência no esporte. “Eu vou auxiliar os professores na Gracie Kore e quero continuar aqui até me tornar faixa-preta. Vai ser incrível receber a faixa preta da Kyra (risos). Com certeza, eu
me inspiro muito nela e quero me tornar uma grande competidora no futuro. Eu tenho uma relação maravilhosa com a Kyra, estou aprendendo cada vez mais com ela, coisas que eu até já sabia, mas procuro aperfeiçoar com ela. A Kyra ajuda demais a gente desde o começo”, garante Roberta, assim como seu irmão, mais um bom fruto do trabalho social realizado pela ex-lutadora.
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sustentabilidade
RECICLAGEM por redação
SUSTENTABILIDADE
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lém do foco no resgate à essência do Jiu-Jitsu, com pontos como defesa pessoal, alimentação, respeito ao próximo, etc, e um trabalho especial voltado para mulheres e crianças, a Gracie Kore também pensa na questão da sustentabilidade. Por conta disso, alinhou seus passos com a Ball Corporation, empresa referência no meio. Conheça mais a seguir! A Ball Corporation fornece so-
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luções inovadoras e sustentáveis de embalagens para clientes de bebidas, alimentos e produtos domésticos, bem como tecnologias e serviços aeroespaciais e outros para o governo dos EUA. A Ball Corporation e suas subsidiárias empregam 18.450 pessoas ao redor do mundo e registraram vendas líquidas de U$ 11 bilhões em 2017. A divisão da América do Sul mantém seu escritório central no Rio de Janeiro, onde coordena as
13 fábricas de Brasil, Argentina e Chile, dois centros de distribuição, sendo um no Brasil e outro no Peru, e cerca de 2.400 funcionários. A empresa também atua junto à Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alumínio (Abralatas) para promover políticas públicas que estimulem cadeias circulares e norteia a sustentabilidade de seu negócio, apoiando-se em quatro pilares: produtos, operações, talentos e comunidades.
FOTOS: REPRODUÇÃO
NA GRACIE KORE
69 Sobre o Movimento Vá de Lata Maior fabricante de latas para bebidas do mundo, a Ball Corporation lançou, este ano, um movimento que busca conscientizar os consumidores sobre os benefícios das latinhas, por se tratar da embalagem mais sustentável existente, que preserva o sabor da bebida, ou a que mais se adequa aos momentos de diversão. Leve, compacta, resistente e fácil de transportar para qualquer situação de consumo, a lata ainda esfria a sua bebida mais rápido do que qualquer outra embalagem, o que economiza uma quantidade significativa de energia. Quando falamos de sabor, ela também sai na frente. Isso porque ela protege o líquido contra os efeitos do oxigênio, mantém a integridade, o valor nutricional e o sabor do conteúdo. Segurança é outro benefício, pois quando você escolhe beber na lata, investe em uma embalagem que não quebra, não se fragmenta ao cair e não estoura quando congela. E como se não bastasse tudo isso, ela ainda é inviolável, ou seja, não permite fraude nem no rótulo e nem no conteúdo, pois conta com um sistema de fechamento que protege o líquido, garantindo que a bebida dentro dela seja 100% original. A lata de alumínio é a embalagem mais sustentável e com o maior índice de reciclagem do mundo, aproximadamente 69%, contra 43% do PET e 46% do vidro. No Brasil, esse índice chega a 98%, colocando o país como
líder mundial de reciclagem no mundo deste tipo de produto. Um estudo demonstrou também que o processo de reciclagem de alumínio reduz em 95% as emissões dos gases de efeito estufa quando comparado a produção de alumínio primário. Além disso, consome apenas 5% de energia elétrica - também quando comparado à produção primária do alumínio. Esses dados comprovam o quanto a lata é infinitamente reciclável, com um ciclo
de logística reversa eficiente, que alimenta uma importante cadeia e gera emprego e renda em todas as fases de seu processo - da produção até ao mercado, em um ciclo que dura cerca de 60 dias. Isso significa que praticamente tudo o que é produzido em lata, retorna. E por acreditarmos em um consumo com menos lixo e mais consciência, nos movimentamos todos os dias para fazer com que o mundo inteira “Vá de Lata” com a gente.
BALL CORPORATION Mais informações: www.ball.com
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saúde
NUTRIÇÃO por Mateus Machado
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ábito alimentar introduzido pela família Gracie e popularizado pelos praticantes de Jiu-Jitsu, o consumo do açaí virou uma grande paixão dos brasileiros. Com seu sabor único e propriedades benéficas à saúde, a frutinha originária do Norte do Brasil conquistou adeptos no mundo inteiro. Alimento energético, tem nos estados do Pará e Amazonas os maiores produtores da fruta, sendo, juntos, responsáveis por mais de 85% da produção mundial. O açaí é muito usado na “Dieta Gracie”, que mostra várias formas de consumi-lo: “Sempre comi muitas frutas, tomava açaí na mamadeira, lá em casa tudo isso é muito natural”, relembre Kyra. Pensando no bem-estar dos alunos e demais presentes, a Gra-
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cie Kore fechou parceria com a ASA (Ação Sustentável da Amazônia), que vai distribuir o melhor do açaí para os frequentadores do local. Responsável pela ASA, João Hermeto explicou como surgiu o primeiro contato com Kyra e como vai funcionar a distribuição do açaí na academia da pentacampeã mundial, citando as diversas formas que os amantes poderão consumir a fruta. “Tem um cliente nosso, um faixa-preta dos Gracie, que tem uma academia na Barra da Tijuca também. Ele ficou muito encantado com o açaí, lembrou dos açaís antigos que vinham para o Rio de Janeiro, de qualidade, e ele sabe que não se acha mais isso aqui no mercado. Ele apresentou para os Gracie, e a Kyra foi uma das pessoas que ele me apresentou. Então,
“Sempre comi muitas frutas, tomava açaí na mamadeira, lá em casa tudo isso é muito natural” Kyra Gracie
mandei açaí para ela e eles se encantaram com a qualidade. É uma grande honra estar com eles, uma vez que prezam tanto pela alimentação. Os Gracie também têm uma origem em Belém do Pará, que é a capital mundial do açaí verdadeiro, então são vários fatores que me ligaram de cara com a Gracie Kore. Foi um encontro bacana e ela
FOTO ABERTURA AÇAÍ: REPRODUÇÃO; FOTO ASA: DIVULGAÇÃO; FOTO FRUTA: REPRODUÇÃO
JIU-JITSU E O AÇAÍ
se encantou na hora pelo produto. No caso da academia, a gente não vai necessariamente operar lá, mas vamos estar com o açaí. Terá uma promoção especial para os alunos dela, inclusive para quem quiser levar as polpas para casa, preparar em casa. E a grande novidade é que os clientes / alunos vão poder consumir o açaí da maneira que
eles querem... Adoçado, não adoçado, com adoçamento diferente, porque o açaí vai ser preparado lá, então tem esse detalhe que eu acho bacana, que é raro você ter um acesso ao açaí preparado na hora de acordo com o que você quer. Se é adoçado, com mel, açúcar, açúcar mascavo, xilitol, banana, morango, essas coisas, e ela
vai oferecer isso aos clientes dela da lanchonete”, explica João, que falou mais sobre a parceria. “A Kyra se encantou muito também pela sustentabilidade, a ASA é a Ação Sustentável da Amazônia, e ela ficou feliz de associar a marca dela a essa questão da sustentabilidade. E a gente não atua só com açaí, tem derivados de mandioca, de cacau e outras coisas. Tem essa questão socioambiental, vamos dizer assim, que a atraiu. Então, de um lado, a qualidade e o conceito a atraiu, e do meu lado, o que atraiu foi justamente a possibilidade de estar fazendo negócio com uma família que preza tanto pela alimentação. Uma família de sucesso no meio do esporte de alto rendimento, que é o Jiu-Jitsu brasileiro”.
Busca por alimentos de primeira linha é um dos trabalhos constantes na Gracie Kore
Os benefícios da fruta Nos últimos 20 anos, tem crescido o número de pesquisas sobre o papel da nutrição no desempenho físico do atleta. Manter uma alimentação equilibrada, com uma boa ingestão de nutrientes e que dê um suporte proteico calórico adequado, é um grande desafio, e exige o acompanhamento com um nutricionista. Para uma dieta hipercalórica e hiperproteica, o açaí é uma boa opção no pré ou pós-treino, na forma de polpa,
por Thaís Chaein Muniz*
frutas, na tigela com granola, sucos, sorvete e até mesmo geleia. Sua polpa é um ótimo energético. Para cada 100g do açaí, obtemos 250 calorias, sendo uma fruta rica em proteínas, lipídios, fibras, vitaminas E, C, B1, B2, minerais e compostos que contribuem para a prevenção de doenças. O açaí possui mais propriedades antioxidantes que a uva, e com o auxílio da vitamina E, distribui Ômega 6 e 9, combatendo o colesterol LDL, melhorando a circulação sanguínea e prevenindo doenças
cardiovasculares. Essa fruta ajuda a combater células cancerígenas por possuir ácido oleico e a prevenir a osteoporose, afinal, é um alimento rico em cálcio, ferro - que previne a anemia -, fósforo, magnésio e potássio, além de outros minerais. Sendo assim, o açaí é uma ótima fonte de energia para atletas por sua quantidade de carboidratos. É ideal para o ganho de massa muscular e repositor rápido de glicose.
* Thaís Chaein Muniz é nutricionista E-mail: nutrithaischaein@hotmail.com
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saúde
CUIDADOS BUCAIS por Diogo Santarém
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SAÚDE
BUCAL PARA LUTADORES Cirurgião-dentista e faixa-roxa de Jiu-Jitsu, Eduardo Ferreira Pinto concilia as duas paixões em sua vida. Aos 44 anos, “lamenta” quando não pode treinar, mas aposta no seu trabalho e na importância do bem-estar para ajudar na prevenção de doenças, deixando os esportes de luta cada vez mais saudáveis. Parceiro da academia Gracie Kore, lançada por Kyra Gracie, o carioca garante: “Cuidar da saúde bucal faz a diferença”.
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eferência em Odontologia do Esporte, Eduardo Ferreira é mais um profissional bem-sucedido em sua área que também carrega consigo a paixão pelo Jiu-Jitsu. Faixa-roxa da Gracie Barra Jacarepaguá e há seis anos com o professor Villeem Coelho, ele aposta na alta do bem-estar para ajudar na prevenção de doenças e problemas relacionados à saúde bucal. Em entrevista à TATAME, o cirurgião-dentista explicou. “Atletas e pessoas que praticam esportes de contato, sobretudo artes marciais, necessitam um equilíbrio do sistema que
envolve saúde física e mental. A busca do bem-estar é o ponto comum entre a odontologia moderna e a filosofia de trabalho da Gracie Kore: uma experiência inovadora de saúde. Os protetores bucais fazem parte de um conjunto de ações preventivas que ajudam na saúde bucal. Antes do protetor bucal o atleta de alto rendimento ou praticante eventual deve se preocupar com a saúde como um todo, incluindo a odontologia, que previne doenças e pretende manter todas as estruturas do sistema mastigatório em perfeito estado. Tenho um exemplo muito próximo de
um atleta de Jiu-Jitsu que durante um treino comum teve um dos dentes anteriores avulsionado (removido) por um trauma direto de um companheiro de maneira acidental. A perda do dente teve como consequência a instalação de um implante e uma prótese sobre o implante. Um tratamento de custo relativamente elevado quando comparado a tratamentos preventivos e confecção de protetor bucal personalizado. Apesar das inovações técnicas da odontologia que permitem devolver ao paciente dentes perdidos com extrema naturalidade, os implantes não são dentes na-
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CUIDADOS BUCAIS
turais e requerem cuidados especiais por toda a vida”, afirma Eduardo, ressaltando o valor dos protetores bucais atualmente e suas diferenças. “A principal diferença entre os protetores personalizados e os pré-fabricados é a adaptação nos dentes e estruturas adjacentes. Como o objetivo do protetor é a dissipação das forças do trauma direto e sua anulação, acredito que quando não há adaptação, não existe proteção dos dentes e tecidos, de maneira que os protetores que não são moldados tendem a não proteger, e além disso, podem ser prejudiciais aos dentes e ao osso alveolar. Outra vantagem incontestável do personalizado é a possibilidade do atleta abrir a boca a todo instante sem que o dispositivo saia. Isso traz maior segurança, conforto e possibilidade de respirar de maneira natural. Cores e símbolos que o atleta desejar também dão um charme a mais, sem deixar de lado a importância da peça”. Eduardo é, além de cirurgião-dentista, especialista e mestre em cirurgia bucomaxilofacial, professor da disciplina de cirurgia oral na UERJ e trabalha com Odontologia do Esporte, principalmente na prevenção de traumas dentários e da face. Já na clínica onde atua com seu irmão, Cesar Ferreira Pinto, além dos tratamentos de cirurgia odontológica, trabalha com odontologia voltada para o bem-estar e estética. Desta forma,
Eduardo Ferreira (à esquerda), Cesar Ferreira e o faixa-preta Eduardo Aguiar
o faixa-roxa cita a importância do cuidado com a saúde bucal. “Uma dica que dou a qualquer praticante de arte marcial ou qualquer esporte de contato é o cuidado com a saúde bucal. Visitas constantes ao dentista com a finalidade de prevenção de doenças inflamatórias, infecciosas ou até mesmo cárie, são importantes para a saúde geral do atleta e a garantia de um melhor desempenho no esporte. Um exemplo bem comum são as doenças inflamatórias relacionadas com
dentes parcialmente erupcionados como os sisos, principalmente em pacientes jovens. Essa condição por causar transtornos infecciosos que podem limitar ou impedir a prática do esporte. Lesões articulares ou musculares podem ser instaladas ou agravadas por um processo inflamatório nos dentes de maneira exacerbada. Portanto, além do sorriso protegido, recomendo cuidados com a higiene e consultas periódicas ao dentista para a garantia da manutenção do bem-estar”.
SERVIÇO: Atendimento na Av. das Américas, nº 3333, salas 1509 e 1510 - Condomínio Blue Chip, na Barra da Tijuca (RJ) Contato: (21) 2240-6472 www.ferreirapintoodontologia.com.br
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FOTO: ARQUIVO PESSOAL
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