TCC NOTA 10 ARQ | Centro de Contraturno de Desenvolvimento Infantil | Ana Carolina Estevam

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Universidade São Francisco

Espaço FAZ DE CONTA

Centro Contraturno de Desenvolvimento Infantil baseado na Antroposofia

Ana Carolina Estevam

UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO

ANA CAROLINA ESTEVAM

Espaço Faz de Conta – Centro Contraturno de Desenvolvimento Infantil baseado na Antroposofia

Trabalho final de graduação, apresentado a Universidade São Francisco, como parte das exigências para a obtenção do título de bacharel em Arquitetura e urbanismo.

Orientador: Prof. Me. Diego Fonseca Brasil Vianna

CAMPINAS - SP I 2022

AGRADECIMENTOS

Agradeço à Deus em primeiro lugar, por me dar saúde e determinação para realizar esse sonho, e por ter colocado pessoas tão especiais em minha trajetória. Agradeço a toda minha família pela paciência e apoio em todos esses anos de graduação, em especial, à minha mãe e irmã, por entenderem minha ausência e grosseria em momentos difíceis.

Agradeço aos meus colegas de curso que tornaram o processo mais leve e divertido, Naira, João, Gabriel e tantos outros que pude compartilhar os trabalhos no decorrer desse curso tão desgastante. Agradeço em especial ao meu amigo, Clayton Silva, que não me deixou desanimar e me apoiou em todos os momentos, pessoais e profissionais. Sempre serei grata a tudo que você me ajuda e ajudou.

Às minhas amigas Mayara Dionísio e Tainá por deixarem tudo mais divertido e compreenderem também, meus momentos de ausência. Grata aos companheiros de serviço, Mayara Rocha, Alef e Gabriel Menezes por todo incentivo a esse, finalmente, tão sonhado TCC.

Sou grata a meu antigo chefe (in memorian), Weliton Amorim, pela compreensão, permitindo que eu me dedicasse aos estudos e pela confiança a mim depositada. Jamais esquecerei.

Ao meu orientador, Diego Fonseca Vianna. Agradeço por toda a paciência e pelas valiosas contribuições e ensinamentos durante o trabalho.

Ao Vitor Claudino e toda a sua equipe da AGV Cursos, pelos auxílios e direcionamentos essenciais para a conclusão deste trabalho, muito obrigada!

RESUMO

O acesso à educação púbica é um direito assegurado por Lei à todas as crianças e adolescentes do Brasil. Com o passar dos anos, diversos pesquisadores e estudiosos da área constataram que além do ensino curricular exigido pelo MEC, as crianças necessitam de outros estímulos para seu desenvolvimento.

A antroposofia é uma filosofia de vida que compreende o ser humano em três aspectos – físico, vital e espiritual – que se interligam e servem como “método de pesquisa” para diversas áreas, incluindo a educação, arquitetura, arte e medicina. Relacionado à educação, a pedagogia Waldorf se baseia na visão antropológica e adota a prática de atividades extracurriculares para estimular a criatividade das crianças, como o “livre” brincar, contato com a natureza e materiais naturais, aulas de teatro, música, dança, euritmia, culinária, e etc.

Dessa forma, as atividades compreendem as crianças de maneira integral e trazem os estímulos necessários para o desenvolvimento corporal, cognitivo e emocional.

O governo brasileiro busca atingir - em seus planos educacionais - a meta de ofertar o ensino integral a todos os estudantes. A partir disso, há o surgimento de diversas questões como a capacidade das atuais escolas para suprir a demanda e atender a todos os alunos. Para solucionar essa problemática e complementar a formação das crianças, o presente trabalho tem como objetivo a elaboração, a nível de anteprojeto, um centro contraturno infantil. Esse projeto é desenvolvido para a cidade de Campinas-SP e visa atender as crianças no horário oposto ao seu período escolar, seguindo os princípios da Antroposofia.

Palavras-chave: educação integral, ensino infantil, antroposofia, atividades extracurriculares..

ABSTRACT

Access to public education is a right guaranteed by law to all children and adolescents in Brazil. Over the years, several researchers and scholars in the area found that in addition to the curricular teaching required by the MEC, children lived on other stimuli for their development.

Anthroposophy is a philosophy of life that understands the human being in three aspects – physical, vital and spiritual – that are interconnected and serve as a “research method” for several areas, including education, architecture, art and medicine.

Related to education, Waldorf pedagogy is based on the anthropological vision and adopts the practice of extracurricular activities to stimulate children’s creativity, such as “free” playing, contact with nature and natural materials, theater classes, music, dance, eurythmy, cooking, etc.

In this way, the activities include children in an integral way and bring the necessary stimuli for bodily, cognitive and emotional development.

The Brazilian government seeks to achieve - in its educational plansthe goal of offering comprehensive education to all students. From this, there is the emergence of several issues such as the capacity of current schools to meet the demand and serve all students.

In order to solve this problem and complement the education of children, the present work has as its objective the elaboration, at the preliminary project level, of a children’s after-school center. This project is developed for the city of Campinas-SP and aims to serve children at the opposite time to their school period, following the principles of Anthroposophy.

Keywords: integral education, early childhood education, anthroposophy, extracurricular activities.

A nossa mais elevada tarefa deve ser a de formar seres humanos livres que sejam capazes de, por si mesmos, encontrar propósito e direção para suas vidas.”
Rudolf Steiner

lista de figuras

infância (0
de idade)...............................................................................................................................20 Figura 02: Bases sólidas
afeto
o sucesso do desenvolvimento infantil..............................................................................................................21 Figura 03: Taxa de retorno financeiro para a sociedade x Idade.............................................................................................................................................................21 Figura 04: Diagrama Esquemático “Primeira Infância”............................................................................................................................................................................22 Figura 05: Atual Catedral de Campinas-SP.............................................................................................................................................................................................26 Figura 06: Atual Estação Cultura – Campinas-SP.....................................................................................................................................................................................27 Figura 07: Plataforma da antiga Companhia Paulista de Estradas de Ferro em Campinas-SP..............................................................................................................27 Figura 08: Mapa de 1842 realizado pela prefeitura de Campinas...........................................................................................................................................................28 Figura 09: Mapa de 1878 realizado pela prefeitura de Campinas............................................................................................................................................................28 Figura 10: Mapa de 1900 realizado pela prefeitura de Campinas...............................................................................................................................................................29 Figura 11: Mapa de 1916 realizado pela prefeitura de Campinas...............................................................................................................................................................29 Figura 12: Mapa de 1929 realizado pela prefeitura de Campinas.............................................................................................................................................................29 Figura 13: Retrato de Oziel Alves Pereira...................................................................................................................................................................................................31 Figura 14: Manifestações pelo MST............................................................................................................................................................................................................31 Figura 15: Localização estado de SP, Região Metropolitana de Campinas, a cidade de Campinas e o conjunto Pq. Oziel, Jd. Monte Cristo e Gleba B....................32 Figura 16: Recorte da área de estudo x Centro de Campinas – 5km........................................................................................................................................................33 Figura 17: Área de estudo demarcando os bairros e as Rodovias que cercam a área.............................................................................................................................34 Figura 18: Área de estudo demarcando o nome dos bairros atualmente e as Rodovias que cercam a área............................................................................................35 Figura 19: Média de residentes 0 a 5 anos de idade................................................................................................................................................................................36 Figura 20: Média de residentes 6 a 15 anos de idade..............................................................................................................................................................................37 Figura 21: Mapa de Percepções Coletivas................................................................................................................................................................................................38 Figura 22: Mapa de Tipologia da Construção..........................................................................................................................................................................................39 Figura 23: Mapa de Morfologia Urbana...................................................................................................................................................................................................40 Figura 24: Vegetação, APP e Hidrografia.................................................................................................................................................................................................41 Figura 25: Mapa de Gabarito..................................................................................................................................................................................................................42 Figura 26: Mapa de Uso e Ocupação......................................................................................................................................................................................................43 Figura 27: Mapa de Pontos de Interesse Urbano.....................................................................................................................................................................................44 Figura 28: Mapa de Mobilidade Transporte Individual.............................................................................................................................................................................45 Figura 29 - Mapa de Mobilidade Transporte Público e de Pedestres.......................................................................................................................................................46 Figura 30: Premissas da escolha do terreno.............................................................................................................................................................................................47 Figura 31: Área de estudo com o lote do projeto demarcado..................................................................................................................................................................47 Figura 32: Zoom do terreno escolhido......................................................................................................................................................................................................47 Figura 35: Institutos Educacionais existentes.......... ..................................................48
36: Diagrama Esquemático “Estilo Tradicional”.............................................................................................................................................................................54
Diagrama esquemático “Pedagogia Waldorf”.........................................................................................................................................................................55
Crianças Escola Waldorf..........................................................................................................................................................................................................56
Crianças Escola Waldorf..........................................................................................................................................................................................................56
Arco-íris Waldorf......................................................................................................................................................................................................................57
Brinquedos Waldorf.................................................
Figura 01: Formação de novas sinapses na primeira
a 6 anos
com
e estímulo garante
Figura
Figura 37:
Figura 38:
Figura 39:
Figura 40:
Figura 41:

Figura

66: Vista da escola.........................................................................................................................................................................................................................76

Figura 67: Vista pátio coberto da escola..................................................................................................................................................................................................77

Figura 68: Rampa de ligação entre térreo, meio nível e 1 pavimento.......................................................................................................................................................77

Figura 69: Implantação da escola.............................................................................................................................................................................................................78

Figura 70: Planta Baixa Pavimento 01........................................................................................................................................................................................................79

Figura 71: Corte AA...................................................................................................................................................................................................................................80

Figura 72: Corte BB...................................................................................................................................................................................................................................80

Figura 73: Implantação perspectivada da escola....................................................................................................................................................................................84

Figura 74: Fachada da escola..................................................................................................................................................................................................................85

Figura 75: Salas de grupo.........................................................................................................................................................................................................................85

Figura 76: Vestiário....................................................................................................................................................................................................................................85

Figura 77: Planta Baixa térreo e Elevação sudeste...................................................................................................................................................................................86

Figura 78: Diagrama esquemático + vista isométrica................................................................................................................................................................................87

Figura 79: Implantação com entorno da escola........................................................................................................................................................................................87

Figura 80: Diagrama Conceito................................................................................................... ..................................................................90

Figura 42: Brinquedos Waldorf..................................................................................................................................................................................................................57
Figura 43: Bonecos Waldorf......................................................................................................................................................................................................................57
Figura 44: Bonecos Waldorf......................................................................................................................................................................................................................57
euritmia..................................................................................................................................................................................................58
Figura 45: Atividades Waldorf –
46: Atividades Waldorf – horta.......................................................................................................................................................................................................58
Figura 47: Diagrama esquemático “Antroposofia”...................................................................................................................................................................................59
Campinas................................................................................................................................................................................................60
Figura 48: Escolas Waldorf em
entrada.................................................................................................................................................................................................63
Figura 49: Calçada e portão de
entrada................................................................................................................................................................................................................64
Figura 50: Caminho da
Figura 51: Parquinho..................................................................................................................................................................................................................................64
diferentes........................................................................................................................................................................................64
Figura 52: Sala de aula em ângulos
Figura 53: Janelas com peitoril baixo........................................................................................................................................................................................................65
Figura 54: As três salas de aula, “casinhas”..............................................................................................................................................................................................65
...................................65
Figura 55: Interno sala de aula 02..........................................
ângulos..................................................................................................................................................................65
Figura 56: Interno sala de aula 03, com paredes em
Figura 57: Área de lava-pés......................................................................................................................................................................................................................66
Figura 59: Parquinho.................................................................................................................................................................................................................................66 Figura 60: Cantinho atrás da sala três – amoreiras...................................................................................................................................................................................66 Figura 61: Vista da escola..........................................................................................................................................................................................................................70 Figura 62: Implantação.............................................................................................................................................................................................................................71 Figura 63: Vista da circulação vertical......................................................................................................................................................................................................72 Figura 64: Vista da circulação vertical.....................................................................................................................................................................................................73 Figura 65: Espaço de convivência............................................................................................................................................................................................................73 Figura
Figura 58: Vista das três salas de aula.....................................................................................................................................................................................................66

lista de figuras

Figura

Figura

Figura

Figura

Figura 119: Salas de Aula.........................................................

Figura 81: Entorno Imediato......................................................................................................................................................................................................................92 Figura 82: Planta de Situação...................................................................................................................................................................................................................93 Figura 83: Corte AA - Topografia..............................................................................................................................................................................................................94 Figura 84: Corte BB - Topografia..............................................................................................................................................................................................................94 Figura 85: Vista 1 do terreno (Rua Amália Forti Poli).................................................................................................................................................................................94 Figura 86: Vista 2 do terreno (Rua Manoel da Silva Cipriano).................................................................................................................................................................94 Figura 87: Diagrama Estudo Bioclimático.................................................................................................................................................................................................95 Figura 88: Diagrama Estudo da Forma......................................................................................................................................................................................................96 Figura 89: Fluxograma...............................................................................................................................................................................................................................98 Figura 90: Setorização..............................................................................................................................................................................................................................99 Figura 91: Esquema de Fluxos Térreo...................................................................................................................................................................................................... 100 Figura 92: Esquema de Fluxos Primeiro Pavimento.........................................................................................................................................................................................101 Figura 93: Esquema de Fluxos Segundo Pavimento.........................................................................................................................................................................................101 Figura 94: Ambientes - Térreo.........................................................................................................................................................................................................................102 Figura 95: Ambientes -Primeiro Pavimento..................................................................................................................................................................................................102 Figura 96: Ambientes -Segundo Pavimento...................................................................................................................................................................................................103 Figura 97: Materiais Utilizados.................................................................................................................................................................................................................104 Figura 98: Árvore Pau-Ferro......................................................................................................................................................................................................................101 Figura 99: Árvore Ipê-amarelo.................................................................................................................................................................................................................101 Figura 100: Árvore Flamboyant................................................ ...................................101 Figura 101: Árvore Cambuci......................................................................................................................................................................................................................101 Figura 102: Árvore Dama da noite.............................................................................................................................................................................................................101 Figura 103: Árvore Jabuticabeira..............................................................................................................................................................................................................101 Figura 104: Árvore Amoreira......................................................................................................................................................................................................................101 Figura 105: Arbusto Clusia Fluminensis......................................................................................................................................................................................................101 Figura 106: Arbusto Jasmim-do-cabo ou Gardênia..................................................................................................................................................................................101 Figura 107: Trepadeira Jasmim-Estrela.Forma.........................................................................................................................................................................................102
108: Planta Baixa Estrutural - Térreo..............................................................................................................................................................................................106
109: Planta Baixa Estrutural - Primeiro Pavimento...............................................................................................................................................................................107
110: Planta Baixa Estrutural - Segundo Pavimento..........................................................................................................................................................................107
111: Detalhamento Laje Nervurada..............................................................................................................................................................................................107
Diagrama estrutural vista Sudeste.........................................................................................................................................................................................108
vista Sudoeste......................................................................................................................................................................................108
Figura
Figura
Figura
Figura
Figura 112:
Figura 113: Diagrama estrutural
Figura 114: Diagrama estrutural vista Noroeste.......................................................................................................................................................................................108
115: Dimensões caixa d’água 5.000 litros Fortlev.............................................................................................................................................................................109
116: Dimensões Cisterna 5.000 litros Fortlev ..................................................................................................................................................................................109
117: Fachada entrada principal..........................................................................................................................................................................................................112
118: Fachada Entrada Secundária...................................................................................................................................................................................................113

lista de TABELAS

Tabela 01: Institutos Educacionais existentes e número crianças atendidas............................................................................................................................................49 Tabela 02: Parâmetros Urbanísticos do lote..............................................................................................................................................................................................91 Tabela 03: Programa de Necessidades – Setor Administrativo..................................................................................................................................................................97 Tabela 04: Programa de Necessidades – Setor Pedagógico....................................................................................................................................................................97 Tabela 05: Programa de Necessidades – Setor de Vivência.....................................................................................................................................................................97 Tabela 06: Programa de Necessidades – Setor de Serviços.....................................................................................................................................................................98 Tabela 07: Programa de Necessidades – Setor de Infraestrutura..............................................................................................................................................................98 Tabela 08: Dimensionamento dos frequentadores do espaço..................................................................................................................................................................98 Tabela 09: Áreas – Setor Administrativo...........................................................................................................................................................................109 Tabela 10: Áreas – Setor Pedagógico................................................................................................................................................................................110 Tabela 11: Áreas – Setor de Serviços..................................................................................................................................................................................110 Tabela 12: Áreas – Setor de Vivência................................................................................................................................................................................110 Tabela 13: Áreas – Setor de Infraestrutura.........................................................................................................................................................................110 Tabela 14: Parâmetros Urbanísticos..................................................................................................................................................................................112 Figura 120: Horta...........................................................................................................................................................................................................................................115 Figura 121: Terraço.....................................................................................................................................................................................................................................116 Figura 122: Refeitório..................................................................................................................................................................................................................................117 Figura 123: Pátio descoberto com vista do parquinho....................................................................................................................................................................................118 Figura 124: Pátio Salas de Aula......................................................................................................................................................................................................................119 Figura 125: Corte perspectivando estrutura em balanço..........................................................................................................................................................................120 Figura 126: Iluminação Zenital...................................................................................................................................................................................................................120
1.1 Introdução 1.2 Justificativa 2.2 Histórico da Área de Estudo 1.3 Objetivo Geral 2.3 Localização e Dados Importantes 1.4 Objetivos Específicos 2.4 Levantamento Urbanístico 3.1 Planos de Educação no Brasil
Estilo Tradicional de Ensino
Pedagogia Waldorf
Noções da Antroposofia
Pedagogia Waldorf no Brasil e em Campinas
Arquitetura das Escolas Waldorf 3.7 Visita à Escola Waldorf - Jardim das Amoras 2.1 Histórico de Campinas 4.1 Escola Estadual em Votarantim LOCAL CASO REGIONAL TEMA 16 18 19 30 23 32 23 38 52 53 54 56 59 61 63 26 70 24 68 50
1 2 4 3 APRESENTAÇÃO
3.2
3.3
3.4
3.5
3.6
6 + 5 7 7.2 Partido 7.3 Terreno 7.4 Entorno Imediato 7.5 Topografia 7.6 Estudos Bioclimáticos 7.7 Estudo da Forma 7.8 Programa de Necessidades 7.9 Fluxograma 7.10 Setorização 7.11 Fluxos 7.12 Materiais Utilizados 7.13 Vegetação 7.14 Sistema Estrutural 7.15 Abastecimento de Água 7.16 Espacialidades 7.17 Detalhamentos 5.1 Jardim de Infância em Piracicaba 7.1 Conceito 6.1 Creche e Escola Waldorf em Berlim CASO INTERNACIONAL CONCLUSÃO FINAL REFERÊNCIAS APÊNDICES CASO NACIONAL PROJETO 76 90 90 91 92 93 95 96 97 98 99 100 104 105 106 108 112 120 84 82 122 124 126 74 88 Sumário

APRESENTAÇÃO

1. APRESENTAÇÃO 1.1 Introdução

Em Campinas, interior de São Paulo, os bairros Parque Oziel, Jardim Monte Cristo e Gleba B representam uma das maiores ocupações urbanas da América Latina, com cerca de 30.000 habitantes. Segundo Paulo Freire - “Uma atitude ingênua é esperar que as classes dominantes desenvolvam uma forma de educação que proporcione às classes dominadas perceber as injustiças sociais de maneira crítica.”.

Com a falta de assistencialismo do governo, a própria comunidade se organizou ao longo dos anos desenvolvendo ONG’s, instituições sociais e escolas em prol das crianças e adolescentes, buscando o lazer, interação social e educação. A partir dessa constatação, vale ressaltar que:

“A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade. [...] Os direitos enunciados nesta Lei aplicam-se a todas as crianças e adolescentes, sem discriminação de nascimento, situação familiar, idade, sexo, raça, etnia ou cor, religião ou crença, deficiência, condição pessoal de desenvolvimento e aprendizagem, condição econômica, ambiente social, região e local de moradia ou outra condição que diferencie as pessoas, as famílias ou a comunidade em que vivem.” (Artigo 3° do Estatuto da Criança e do Adolescente).

Logo, entende-se que, todas as crianças compreendidas até os 12 anos de idade e todos os adolescentes e jovens até os 21, possuem o direito ao ensino e aprendizagem gratuitos. A qualificação social da educação está intimamente ligada ao acesso às escolas e oportunidades igualitárias, à arquitetura escolar e aos materiais fornecidos e disponibilizados para uso dos alunos.

Em relação ao tempo de permanência na escola, diversos são os estudos e programas que incentivam o ensino de forma integral, a fim de desenvolver as potencialidades humanas em seus diferentes pontos de vista: cognitivos, afetivos e socioculturais. A UNESCO desenvolveu os quatro pilares da Educação: o aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver juntos e aprender a ser - relacionados à essa forma de educação mais abrangente.

A educação integral é um papel do Estado como aponta a legislação educacional brasileira nos artigos 205, 206 e 227 da Constituição Federal, no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA, Lei nº 9.089/1990) nos artigos 34 e 87, da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (PNE, Lei nº 10.179/01), e no Fundo Nacional de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (FUNDEB, Lei nº 11.494/07). A proposta do PNE - Plano Nacional da Educação - prevê que até 2020 metade das escolas púbicas ofertem a educação em tempo integral para seus alunos.

Segundo o Trabalho de Conclusão de Especialização do Thiago

Dutra de Camargo, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, orientadora Profa. Dra. Jaqueline Moll (professora universitária e autora de diversos livros sobre educação em tempo integral) –“A resolução para os problemas de má formação educacional da população brasileira não perpassa exclusivamente pelo aumento da carga horária, e sim por uma reestruturação da concepção de educação”.

E complementa:

Espaço FAZ DE CONTA 18

“O professor Miguel Arroyo ao falar em escola de tempo integral lembra que “mais uma dose do mesmo será insuportável” (in: MOLL, 2012, pág. 33), ou seja, não podemos oferecer mais três horas diárias de aulas expositivas onde o aluno é bombardeado de conteúdos sem significação prática, tendo que permanecer sentados e de preferência inertes e mudos, para que assim os professores tenham um pseudo domínio de classe.”

Ainda em seu estudo ele se refere às atividades extracurriculares: “A biodança e a yoga tornam a criança mais feliz, mais criativa e plena de energia para a realização de suas tarefas cognitivas e de ação; o contato com a natureza revitaliza e harmoniza; o teatro e a música ajudam na formação afetiva e espiritual e a última poderia, e deveria, ter um lugar especial na escola, cantar em conjunto conduz ao amor, e a atividade em grupo conduz à comunicação e não-violência.”

Dentre as pedagogias de ensino existentes, há a pedagogia Waldorf, que trata de uma metodologia de ensino e filosofia de vida, baseado na Antroposofia, que visa o auto desenvolvimento das crianças através de atividades extracurriculares, respeitando o tempo e a individualidade de cada um - processo que difere em vários sentidos do Estilo Tradicional (mais empregado no Brasil).

Conforme “Estudo I (O Impacto do Desenvolvimento na Primeira Infância sobre a Aprendizagem)” produzido pelo Comitê Científico

Núcleo Ciência pela Infância, em 2017:

“[...]Nessa fase de crescimento [anos iniciais] a estrutura cerebral é altamente receptiva e a ausência de estímulos, ou a ocorrência de estímulos negativos, podem deixar marcas duradouras, não somente pela elevada vulnerabilidade dos indivíduos nessa fase de

desenvolvimento, mas também pelo efeito cumulativo desses fatores ao longo da vida.[...] Estudos demonstram o efeito do estresse nocivo no cérebro em desenvolvimento, podendo alterar a formação de circuitos neuronais, comprometer o desenvolvimento de estruturas como o hipocampo (região cerebral essencial para o aprendizagem e memória) e retardar o desenvolvimento neuropsicomotor.” (Pág.5)

Sob essa perspectiva de entendimento, se constrói o Centro Contraturno “Espaço Faz de Conta”, para crianças de 04 a 09 anos de idade, com o objetivo de promover o desenvolvimento infantil em toda sua complexidade, através de atividades baseadas na Antroposofia.

O presente trabalho foi dividido em oito capítulos, sendo este o primeiro, que tem como intenção apresentar e justificar a temática abordada, bem como os objetivos que nortearam a elaboração do projeto aqui proposto. O segundo capítulo se refere ao local de estudo, juntamente com a contextualização da área para melhor entendimento e os levantamentos urbanísticos desenvolvidos na disciplina em grupo de Projeto Integrado. O terceiro capítulo trata sobre o tema, no qual é apresentado todo o embasamento teórico, necessário para o desenvolvimento da proposta. O quarto, quinto e sexto capítulo se referem aos estudos de casos analisados, respectivamente, caso regional, nacional e internacional, que servirão como base para a concepção do projeto.

O sétimo capítulo demonstra todo o processo de criação do para a elaboração do projeto, bem como os resultados finais obtidos.

E por fim, o capítulo oito com as considerações finais, referências bibliográficas e apêndices (pranchas produzidas pela autora como parte obrigatória desse projeto de conclusão de curso).

APRESENTAÇÃO 19

1.2 Justificativa

Para complementar o presente estudo, há um vídeo desenvolvido pela Harvard University, traduzido e adaptado para o português pela Fundação Maria Cecília Souto Vidigal, que trata sobre os impactos positivos de se investir na educação das crianças nos anos iniciais de vida, disponibilizado em: https://www.fmcsv.org.br/pt-BR/biblioteca/ o-supercerebro/.

Segundo “Estudo I (O Impacto do Desenvolvimento na Primeira Infância sobre a Aprendizagem)” produzido pelo Comitê Científico

Núcleo Ciência pela Infância, em 2017:

“A aparência externa do cérebro do recémnascido se assemelha com a de um adulto, porém, ao nascimento ele ainda se encontra em formação e passará por modificações fundamentais até a sua maturação. Por meio de um processo chamado “sinaptogênese”, o número de sinapses entre os neurônios se multiplica, chegando a 700 novas conexões por segundo, em algumas regiões cerebrais, no segundo ano de vida. [...] O somatório desses processos ao longo dos primeiros anos de vida modifica a estrutura do cérebro sob influência das experiências vividas, resultando no impressionante desenvolvimento neurológico que permite que a criança gradualmente adquira novas capacidades como emitir os primeiros sons até falar, aprimorar o controle motor até sentar, engatinhar e caminhar, e assim por diante. (Pág. 04)

Pesquisas desenvolvidas ao longo do século XX por estudiosos da infância demonstram que a afetividade e o vínculo são absolutamente necessários para um desenvolvimento saudável e criativo, assim como a valorização do que a criança sabe fazer de

melhor, brincar e criar.

A atividade lúdica permite liberar a criança das limitações do mundo real, permitindo que ela crie situações imaginárias, possibilitando explorar, reviver e elaborar situações que muitas vezes são difíceis de entender. Dessa forma, mais do que educar os cidadãos para serem aprovados em grandes Universidades, deve-se haver a preservação do “direito das crianças de viverem o presente, de forma despretensiosa, feliz e plena”, segundo o Plano Nacional pela Primeira Infância, 2010.

Figura 01: Formação de novas sinapses na primeira infância (0 a 6 anos de idade).

Fonte: Modificado de Charles A. Nelson, From Neurons to Neighborhoods, 2000.

Os especialistas comparam esse processo ao da construção de uma casa: bases sólidas garantem um prédio forte e indestrutível. “De todos os órgãos fetais, o sistema nervoso central é o mais sensível às influências externas. O estímulo começa desde o

Espaço FAZ DE CONTA 20

nascimento e vai até a adolescência”, diz Saul Cypel, neuropediatra da Fundação Maria Cecília Souto Vidigal. E complementa:

“Interações que estimulam a afetividade geram vínculos consistentes, os quais encorajam a autonomia e são necessários para que a criança gradualmente entenda a si própria, sua importância na vida dos outros e futuramente na sociedade. Por outro lado, relações com empobrecimento afetivo e negligência funcionam como fatores de risco para distúrbios psicossociais no futuro.” (Pág. 6)

Outro fator importante nesse período é a experiência do brincar, sendo necessário oferecer situações em que ela possa brincar, explorar e adquirir gradativamente autonomia e responsabilidade por suas ações, desde seus primeiros anos de vida. Em longo prazo, crianças que tiveram menos oportunidades de desenvolvimento tornam-se, com maior probabilidade, adultos pobres, produzindo o fenômeno conhecido como ciclo intergeracional da pobreza. Tais estudos demonstram que o investimento para o desenvolvimento e a aprendizagem durante a primeira infância trazem um retorno maior para a sociedade do que investimentos em qualquer outra etapa da vida.

APRESENTAÇÃO 21
Figura 02: Bases sólidas com afeto e estímulo garante o sucesso do desenvolvimento infantil Fonte: Fundação Maria Cecília Souto Vidigal Figura 03: Taxa de retorno financeiro para a sociedade x Idade. Fonte: Fundação Maria Cecília Souto Vidigal

PRIMEIRA INFÂNCIA

DESENVOLVIMENTO CEREBRAL

BASE SÓLIDAS

VULNERABILIDADE SOCIAL

+ DESENVOLVIMENTO

+ RENDIMENTO ESCOLAR

ADVERSIDADES

FISIOLÓGICAS E

EMOCIONAIS

+ RETORNO FINANCEIRO

PARA A SOCIEDADE

+ INFLUÊNCIA AO CRIME

+ DEPENDÊNCIA DE BENEFÍCIOS DO GOVERNO

Espaço FAZ DE CONTA 22
Figura 04: Diagrama Esquemático “Primeira Infância” Fonte: Desenvolvido pela autora, 2022

Segundo “O Impacto do Desenvolvimento na Primeira Infância sobre a Aprendizagem”:

Do ponto de vista social, a evidência empírica demonstra que crianças que frequentaram boas escolas e tiveram atenção à saúde adequada na primeira infância tornaram-se cidadãos com menor propensão ao envolvimento com tabagismo, alcoolismo, criminalidade e violência, além de precisarem menos da ajuda do governo para sua sobrevivência -através de programas de transferência de renda e concessão de benefícios.”(Pág. 7)

1.3 Objetivo Geral

Propor um anteprojeto arquitetônico de um centro contraturno/ extracurricular para crianças de 04 a 09 anos de idade, equivalente ao ensino infantil (Pré I e II) e fundamental I (1º, 2º e 3º anos), no bairro Jardim do Lago, na cidade de Campinas-SP.

1.4 Objetivos Específicos

• Compreender o funcionamento de um centro contraturno, os Planos de Ensino do Brasil e os princípios da Antroposofia relacionada às crianças;

• Criar espaços que desenvolvam a autonomia e o lado artístico das crianças, valorizando o brincar e o contato com a natureza;

• Produzir espaços que tragam a sensação de pertencimento, através da semelhança com seus respectivos lares;

• Incentivar o contato das crianças com a terra e a plantação de seus próprios alimentos, reforçando bons hábitos, respeito e cuidado com a natureza;

• Priorizar a iluminação e ventilação de forma natural, garantindo o conforto térmico no processo de aprendizagem;

• Criar espaços de convivência internos e externos para interação com o meio.

• Possibilitar, por meio da arquitetura, o desenvolvimento intelectual e físico das crianças;

APRESENTAÇÃO 23
LOCAL

2.1 Histórico de Campinas

A atual cidade Campinas surgiu através do Movimento Bandeiristas e a necessidade destes de um local para fazer suas paradas. Os homens que caminhavam com a intenção de chegar até as minas começaram a se fixar ao longo do caminho, até surgir um pequeno povoado que ficou conhecido como Freguesia de Nossa Senhora da Conceição das Campinas do Mato Grosso de Jundiaí no ano de 1774. A partir desse pequeno povoado iniciaram-se as melhorias no local, a Capela de sapê que era dependência de Jundiaí, as primeiras ruas, quadras e a inserção da agricultura por conta da queda da mineração.

Em 1797 a Freguesia foi emancipada e elevada a Vila. Os engenhos de açúcar aumentaram a sua produção e se inseriram no mercado de exportação a nível mundial, passando a ser uma elite agrária de peso, implicando em uma urbanização da Vila.

Dessa forma ocorre a formação do atual centro da cidade e no ano de 1842 a Vila se eleva a Município de Campinas, agora produzindo o “ouro da agricultura”, o café.

Em meados de 1870, Campinas foi considerada o município mais rico da Província Paulista e possuía mais habitantes que a própria capital. No ano de 1872 foi inaugurada em São Paulo a Ferrovia Paulista (que passava por Campinas), e em 1875 a Ferrovia Mogiana (sede em Campinas). Esse período foi marcado pelo desenvolvimento urbano e arquitetônico - ligação de iluminação a gás, bondes interligando pontos da cidade, hotéis, restaurantes e a população crescendo cada vez mais.

No ano de 1883, após 76 anos em construção, inaugura-se a Matriz Nova, hoje conhecida como a Catedral de Campinas e outros estabelecimentos como bancos e mercados. E em 1886, a

26 Espaço FAZ DE CONTA
O LOCAL
2.
Companhia Paulista de Estradas de Ferro, hoje conhecida como Estação Cultura, recebe energia elétrica. Figura 05: Atual Catedral de Campinas-SP Fonte: Pinterest, 2022

Em meados de 1890, Campinas sofre com a queda no número de habitantes devido a febre amarela - a população de 20 mil caiu para 5 mil. Além disso, outros problemas atingiram a cidade, tais como: a falta de tratamento de esgoto, onde o mesmo era jogado a céu aberto nos brejos e córregos que cercavam a cidade; elevado número de cortiços; e pra agravar endividada com o desenvolvimento da modernidade e a falta de recursos para o saneamento.

Nesse cenário surgem as Leis de Uso do Solo e são estabelecidos:

- Critérios de ventilação das residências,

- Altura dos pavimentos;

- Espessuras de paredes;

- Destinação do lixo;

- Canalização subterrânea dos córregos;

- Sistema de captação de águas pluviais.

E em 1900 o número de habitantes volta a subir e Campinas começa a ser chamada de “Cidade Planejada”.

Houve também a criação das vilas operárias para receber os trabalhadores da estação, hoje conhecidas pelos bairros Vila Industrial, Guanabara e Jardim Proença. O desenvolvimento industrial era iminente e a população na área central em média de 60 (sessenta) mil pessoas.

Nesse panorama de crescimento (1934-1938), surge a necessidade de uma reorganização urbana. Contrata-se então os serviços do Urbanista Prestes Maia para o “Plano de Melhoramento Urbano de Campinas”, com o objetivo de alargamento das vias, para melhora do tráfego rodoviário. Alguns edifícios passaram por desapropriação, muitos na Avenida Glicério - incluindo a Igreja do Rosário.

Campinas era tomada pelo fenômeno da verticalização, adaptação das ruas para os automóveis, crescimento dos negócios imobiliários e expansão de habitações para a região periférica da cidade.

LOCAL 27
Figura 06: Atual Estação Cultura – Campinas-SP Figura 07: Plataforma da antiga Companhia Paulista de Estradas de Ferro em Campinas-SP. Fonte: G1 - CAMPINAS, 2019. Fonte: G1 - CAMPINAS, 2019.

OLÁ esse é um spoiler do resultado de um dos nossos TCCinhos

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