Um estudo sobre o uso do infográfico no jornal O Estado de Mato Grosso do Sul

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS CURSO DE JORNALISMO

AMANDA LEAL MARQUES

UM ESTUDO SOBRE O USO DO INFOGRÁFICO NO JORNAL O ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL

Campo Grande (MS) MARÇO/2017


UM ESTUDO SOBRE O USO DO INFOGRÁFICO NO JORNAL O ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL AMANDA LEAL MARQUES

Monografia

apresentada

como

requisito

parcial para aprovação da disciplina Projetos Experimentais do curso de graduação em Comunicação

Social,

Habilitação

em

Jornalismo da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.

Orientador: Prof. José Márcio Licerre.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus por me permitir concluir a mais uma graduação, aos meus tios, padrinhos e pais de coração, Eline e Marcos Basmage, que me deram todo o suporte e apoio para que pudesse me dedicar a essa graduação, ao meu primeiro orientador, David Trigueiro, por me auxiliar a descobrir os meus interesses e aptidões em direção do meu caminho e escolha de um tema de trabalho que tivesse relação com a minha afinidade pessoal e interesse profissional, aos meus amigos que me estimularam à concluir esse trabalho através de seus auxílios em diferentes fases do trabalho: Carlos Alexandre Araújo de Oliveira, Renata Tatiane Marques Silveira, Miguel Machado Manhães, e em especial a Ana Lúcia Franco. aos mestres da minha qualificação que colaboraram para ressignificação do meu trabalho, aos entrevistados, Humberto Marques e Emerson Orquiola, pela atenção dedicada, e por fim, aos meus pais pelo apoio no período de conclusão deste trabalho.

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LISTA DE TABELAS, FIGURAS, GRÁFICOS, ILUSTRAÇÕES

Figura 01 Mr. Blight’s House veiculada no The Times...........................

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Figura 02 Gráfico de divisão dos gêneros jornalísticos.......................... 10 Figura 03 Comparativo da infografia como Gênero e Ferramenta......... 12 Figura 04

Comparativo entre a quantidade de infográficos na 14 publicação nacional nas locais...............................................

Figura 05 Capa do jornal O Estado........................................................

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Figura 06 Estilo de Infográfico produzido para a editoria Cidades......... 20 Figura 07 Gráfico ilustrativo na editoria de Política ...............................

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Figura 08

Gráficos fixos de Cotações e Tempo, situada na editoria de 22 Economia................................................................................

Figura 09

Formas de uso da informação visual na editoria de Esportes.................................................................................

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Figura 10 Estilo comum de infográfico OEMS........................................ 24 Figura 11 Organograma de segmentação dos grupos de infográficos Figura 12

Estilo visual característico dos infográficos produzidos pelo 26 jornal.......................................................................................

Figura 13 Matérias sobre Cesta Básica em Economia.......................... Figura 14

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Exemplo de figura que pode tendenciar a interpretação pelo 30 o uso de barras.......................................................................

Figura 15 Exemplo de gráficos numérico...............................................

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Figura 16 Perfil dos profissionais na redação........................................

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Figura 17 Exemplo de infográfico assinado pelo autor ........................

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SUMÁRIO 1 – INTRODUÇÃO

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2 –INFOGRAFIA: COMO SURGIU E COMO É UTILIZADA

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2.1 – História da Infografia

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2.2 – Infografia como gênero jornalístico

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2.3 – Infografia: do nacional para o local

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3 – METODOLOGIA

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4 – DENTRO DA REDAÇÃO: ANÁLISE DOS DADOS

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4.1 – O Jornal O Estado de Mato Grosso Do Sul

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4.2 - Estilo gráfico dos recursos visuais

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4.3 – Rotinas Produtivas

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4.4 – Profissionais da infografia

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5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS

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6 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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6.1 Livros

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6.2 Manual

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6.3 Artigos

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6.4 Dissertações e Teses

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7 – ANEXOS

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7.1. - Protocolo de Pesquisa 01: o que os jornais publicam

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7.2 - Protocolo de Pesquisa 02: a palavra do gestor

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7.3 – Decoupagem das entrevistas

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7.3.1 – A palavra dos gestores dos jornais

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7.3.2 – A palavra do profissional da arte

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1- INTRODUÇÃO “A infografia não descreve. Ela mostra!”. Tattiana Teixeira Esta monografia é fruto de uma pesquisa exploratória sobre o uso do infográfico jornalístico na imprensa diária de Campo Grande/MS. Esta pesquisa foi realizada a partir da revisão bibliográfica do assunto, utilizando como principais referências os autores Tattiana Teixeira (2010), José Manuel de Pablos Coelho (1998), Borras e Caritás (2000) Adriana Alves Rodrigues (2011), Elio Leturia (1998) e William Robson Cordeiro Silva (2010), entre outros autores pesquisados entre os mais de 50 artigos e publicações pesquisados. Para justificar e mostrar a viabilidade deste trabalho, procedeu-se à realização de um levantamento inicial de dados através da coleta das edições dos jornais Folha de São Paulo, Correio do Estado e O Estado de Mato Grosso do Sul entre 24 de janeiro e 8 de fevereiro de 2017. Uma vez que as condições necessárias para a realização do estudo foram identificadas, procedeu-se ao levantamento

complementar

dos

dados

por

meio

de

entrevistas

de

profundidade com Humberto Marques, o editor-executivo do jornal O Estado de Mato Grosso do Sul, daqui por diante referido apenas por O Estado, e o exeditor de arte e co-criador do projeto gráfico do jornal, Emerson Orquiola. O objetivo geral desta monografia consistiu em identificar como acontece a infográfia e seu uso na imprensa campo-grandense. Entretanto, considerando as limitações de tempo para a realização deste trabalho, decidiu-se por restringir o escopo aos jornais locais comerciais de maior circulação, selecionado um deles para aprofundar os estudos. Assim, os objetivos específicos puderam ser explorados: utilização do infográfico como gênero jornalístico, identificação do perfil da comunicação visual do infográfico, exploração do uso do suporte nas matérias, exploração das rotinas de trabalho na escolha e elaboração do infográfico, identificação dos profissionais envolvidos no jornal selecionado e se há profissionais formados em jornalismo. Para tanto, presume-se que a pesquisa contribuirá para fomentação do uso desse modelo jornalístico nas publicações locais, ao estímulo do estudo e a produção acadêmica sobre o suporte para formar infografistas com nível superior. .

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2 – INFOGRAFIA: COMO SURGIU E COMO É UTILIZADA “Infografia é: você com pouco olhar, e com pouca reflexão conseguir absorver uma quantidade de conteúdo de um jeito mais impactante, mais didático”. Humberto Marques

2.1 – História da Infografia Um infografico é a combinação de texto e imagem para transmitir uma ideia de forma simples e de fácil compreensão em uma comunicação visual, conforme José Manuel Coelho De Pablos (1998) e ainda compara essa relação com as primeiras impressões, nas paredes das cavernas (pinturas rupestes) sendo essa uma forma de comunicação pelo visual existente nas relações sociais desde a pré-história e se transformou ao longo dos anos. No artigo ‘Siempre ha habido infografia’, revela que é muito antiga essa forma comunicacional entre ‘texto

+

imagem’, até a forma como conhecemos a

infografia jornalística atual, explica: Mensagens antigas que hoje estão no antigo Egito e de outras aldeias históricas são formadas por um binômio de texto e imagem. As paredes de templos e folhas de papiros egípcios são um casamento de uma série de sinais com significado literário e uma segunda série de desenhos que estão dizendo a mesma coisa pode ser lido no texto, mas em um formato diferente e mais visual (DE PABLOS, s/p, 1998). 1

A origem etimológica da palavra infografia tem duas raízes, que de alguma forma resumem o binômio ‘texto + imagem’ explicado por De Pablos (1998), A primeira dela está ligada aos programas de softwares gráficos de computador, da palavra inglesa infographics, onde a raiz info significa informática e grafia animação. A outra está relacionada à informação e a grafia (informação escrita), o que para ele representa realmente o binômio, resultante do desejo da humanidade de se comunicar, o que conclui esse ser um “neologismo sensato”. O autor justifica que : O binômio I & T ou T + bi é facilmente compreendido por qualquer leitor normal e sempre jornalista, hoje e ontem, se 1

Tradução da autora de los mensajes antiguos que hoy encontramos del viejo Egipto y de otros pueblos históricos están formados por un binomio de texto e imagen. Las paredes de los templos egipcios y las láminas de tantos papiros dibujados son un matrimonio de una serie de signos con significado literario y una segunda serie de dibujos que están diciendo lo mismo que se puede leer en el texto, pero en un formato diferente y más visual.dibujados son un matrimonio de una serie de signos con significado literario y una segunda serie de dibujos que están diciendo lo mismo que se puede leer en el texto, pero en un formato diferente y más visual.

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teve uma coisa muito clara é que seu formulário deve atingir o maior número possível de leitores (DE PABLOS, s/p,1998). 2

E é esse significado adotado por autores posteriores, como Tattiana Teixeira que concorda com essa característica indissociável de imagem + texto, por ser esta “uma das principais características da infografia jornalística” (TEIXEIRA, 2010, p. 14). A infografia é uma realidade entre os leitores de jornais, revistas e sítios de notícias, principalmente os de abrangência nacional, que exploram o recurso para complementar o conteúdo do texto, ou mesmo transmitir toda a informação por ela. Tanto é que já o classificam como um possível gênero informativo narrativo no campo do jornalismo visual, tanto no impresso como na web em animações multimídia (RIBAS, 2004). As designers Juliana Carvalho e Isabela Aragão (2012), no artigo “Infografia: Conceito e Prática” conceituam o infográfico sob a perspectiva do design gráfico e o definem como:

Um artefato produzido no intuito de comunicar uma mensagem que compõe uma interpretação de dados quantitativos, espaciais, narrativos e/ou cronológicos, contextualizados visualmente através da integração de texto, imagens e/ou formas (CARVALHO e ARAGÃO, 2012, p. 163). Do ponto de vista das autoras, os infográficos são: Peças que possuem certa complexidade e tamanho, se comparada às demais unidades de comunicação. Geralmente apresentam um elemento visual (ou um conjunto deles) central, acompanhados de diversos blocos de textos explicativos. O infográfico é considerado uma unidade de comunicação autônoma, pois seu entendimento não depende de um contexto (HORN, 1998 apud CARVALHO e ARAGÃO, 2012, p. 162 e163).

No que se refere ao que venha ser a infografia na impressa atual, Valero Sanches apud Ana Paula Machado Velho (2009) cita a definição de como “uma peça informativa realizada com elementos icônicos e tipográficos, que permite 2 Tradução da autora de:el binomio I+T o bI+T es fácilmente entendible por cualquier lector normal y siempre el periodista, de hoy y de ayer, si ha tenido una cosa muy clara es que su impreso ha de llegar al mayor número posible de lectores

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ou facilita a compreensão dos acontecimentos, ações e coisas (...) e que acompanha ou substitui o texto informativo” (SANCHES, 2001, p. 21 apud VELHO, 2009). Quanto ao que compõe a infografia, Tattiana Teixeira (2010), descreve o infográfico como sendo composto por elementos icônicos e tipográficos e pode ser constituído por mapas, fotografias, ilustrações, gráficos, e outros recursos visuais e não necessariamente icônicos. Segundo Adriana Alves Rodrigues o objetivo do infográfico no jornalismo é:

Facilitar a compreensão das comparações, descrever processos valores, crise econômica), infografar atemporais, que pode acompanhar (RODRIGUES, s/p, 2010).

informações, realizar complexos (bolsa de notícias hard news 3 ou ou substituir o texto.

Nesse sentido, Irene Machado (2002) fala das potencialidades de trocas com o leitor e da “semiose que ocorre entre o dito e do não-dito num contexto dialógico - e nisso estão implicados vários constituintes cênicos de todo processo interativo”. Além das trocas semióticas, a organização textual de sua forma é muito particular e adaptável aos variados suportes de transmissão da mensagem e Velho (2009) defende a incorporação eficaz da infografia nos jornais diários:

E a utilização destas novas linguagens proporciona ao jornalismo maior conteúdo informacional. A organização do texto infográfico tem exatamente este objetivo, o de força modelizadora da linguagem, o de oferecer uma multiplicidade de códigos em diálogo, tornando as reportagens sistemas mais complexos, porém, com maior conteúdo (VELHO, 2009, p. 6).

Ricardo Lima (2009), alerta para não tornar o recurso um resumo da informação:

Não devemos concluir que a infografia seja necessariamente uma simplificação de uma informação complexa, embora ela também possa ser. Sua função é contextualizar a informação para o leitor, trazendo, para primeiro plano, questões de 3

do inglês, notícias pesadas, expressão usada para caracterizar os jornais diários com enfoque em notícias factuais, quentes e imediatistas.

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compreensão visual e verbal, muitas vezes ignoradas na tradição da linguagem verbal (LIMA, 2009, p.32).

Alberto Cairo (2011) compreende de forma mais fisiológica o infográfico no processo de ver e entender. Para ele, o cérebro não somente processa a informação visual captada do entorno; também gera imagens internas com o fim de planejar ações futuras que facilitem a sobrevivência de raciocinar e de idealizar estratégia de ações sobre aqueles que nos rodeiam. “Compreender os mecanismos implicados nessas atividades cerebrais é o grande desafio a que nós enfrentamos e que nos dedicamos à criação de gráficos informativos”, expõe. A ciência foi uma das primeiras a utilizar imagens para explicar ideias. Pode se considerar que Leonardo da Vinci foi o primeiro infografista da história, com o manuscrito sobre o desenvolvimento dos embriões produzido no século XVI, conforme relatado por Teixeira (2010) e relaciona outros cientistas da história que expressavam as suas ideias visualmente. Na história da infografia jornalística, o registro do ‘primeiro’ infográfico de relevância foi feito por Peltzer (1991) apud Teixeira (2010), e reproduzido por vários autores como exemplo e foi intitulado Mr. Blight’s House, veiculado no The Times de Londres, em 7 de abril de 1806, que explica o assassinato de Isaac Blight, conforme a Figura 01. Figura 01- Infográfico Mr. Blight’s House.

Fonte: TEIXEIRA, 2010, p.17.

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2.2 – Infografia como gênero jornalístico

Para falar da infografia como um gênero jornalístico, primeiro precisamos conhecer o que vem a ser gênero. Para isso, na presente pesquisa será usada a definição da autora Lia Seixas (2009), que sustenta:

O conceito de gênero aceito pela grande maioria dos pesquisadores brasileiros de comunicação (semiótica, estudos culturais, análise do discurso, jornalismo), é aquele desenvolvido por Mikhail Bakhtin: tipos relativamente estáveis de enunciados (SEIXAS, 2009, p. 43). A autora complementa que:

O emprego da língua efetua-se em forma de enunciados (orais ou escritos) concretos e únicos, proferidos pelos integrantes desse ou daquele campo da atividade humana. Esses enunciados refletem as condições específicas e as finalidades de cada referido campo não só por seu conteúdo (temático) e pelo estilo da linguagem, ou seja, pela seleção dos recursos lexicais, fraseológicos e gramaticais da língua mas, acima de tudo, por sua construção composicional. Todos esses três elementos – o conteúdo temático, o estilo, a construção composicional – estão indissoluvelmente ligados no todo do enunciado e são igualmente determinados pela especificidade de um determinado campo da comunicação. Evidentemente, cada enunciado particular é individual, mas cada campo de utilização da língua elabora seus tipos relativamente estáveis de enunciados, os quais denominamos gêneros do discurso (BAKHTIN, 1981 apud SEIXAS, 2009, p. 43).

Segundo Seixa (2009, p. 43) o “gênero caracteriza-se pelo uso da linguagem e não pela linguagem que o compõe”. E continua argumentando:

Isto porque, o termo gênero vem dos estudos literários e todos eles são similares em termos dos elementos de linguagem, mas diferenciam-se no aspecto performático, por sua “construção composicional” (BAKHTIN, 1981, apud SEIXAS, 2009, p.43).

Para Seixas (2004) a forma que os pesquisadores se embasaram para classificarem os gêneros jornalísticos levou-se em conta a separação entre forma e conteúdo. Essa “organização textual, o contexto, os modos de

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produção (modos do discurso) apontam para direções corretas, mas são tratados

superficialmente,

não

desenvolvidos

enquanto

critérios”.

A

pesquisadora em gêneros jornalísticos explica que a:

Separação entre forma e conteúdo, o que gerou a divisão por temas, pela relação do texto com a realidade (opinião e informação) e deu vazão ao critério de intencionalidade do autor, que realiza uma função (opinar, informar, interpretar, entreter). A função, ao invés de ser vista como ‘intenção’ do autor, deve ser trabalhada como cumprimento dos poderes, papéis e estatuto implicado no contrato de leitura de determinada prática social discursiva (gênero) (SEIXAS, 2004 p.3).

Dentro das práticas jornalísticas para categorizar os gêneros, Seixas (2009) e Teixeira (2010) utilizam a definição em categorias opinativa e informativa, conforme proposto por Lorenzo Gomis (1991), exposta na figura 02. Figura 02 – Gráfico de divisão dos gêneros jornalísticos.

Fonte: TEIXEIRA, 2010, p.77.

Na figura 02, Teixeira (2010) trabalha com as categorias: gêneros opinativos e gêneros informativos. A pesquisa seguirá pelo viés do gênero Informativo, onde inclui-se a infografia, isso porque o infográfico apresenta a

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mesma estrutura de uma unidade informativa por responder as principais perguntas do lead.

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Segundo Leturia, sobre a relação de um infográfico e o lead:

O infográfico, como um artigo de notícias, deve responder a quem, o quê, quando, onde, como e por quem, mas também deve mostrar coisas visuais. Assim, o infografista deve trabalhar com a mentalidade jornalística e não se contentar com o que o editor disse-lhe do fato (LETURIA, 1998, p. 1) 5.

Além dessa relação com o lead em Leturia (1998) e Teixeira (2010), também em Sojo (2002) sustenta a infografia como um gênero jornalístico pelas seguintes características: “1) por ter uma estrutura claramente definida; 2) ter uma finalidade; 3) possui marcas formais que se repetem em diferentes trabalhos; e 4) tem sentido por si mesma”. Leturia (1998) e Borrás e Caritás (2000), observaram a composição dos infográficos e demonstraram que a estrutura ligada a estrutura clássica do jornalismo, pois narra e descreve o fato ao mesmo tempo por possuir em sua forma: título, o texto, o corpo, a fonte e créditos. Beatriz Ribas (2004) explica:

Título deve expressar o conteúdo do quadro; o Texto deve ser explicativo, mas não redundante; o Corpo é a própria informação visual, as imagens, fotos ou figuras acompanhadas por números ou flechas; a Fonte garante a veracidade da informação (RIBAS, 2004, p.3)

As características apontadas por Ribas (2004) “concedem à infografia a consistência de gênero” (Silva, 2010 p.39). Irene Machado (2002) avalia os infográficos pela semiose da enunciação e para ela qualificar a infografia como um gênero informativo, independente do espaço gráfico, “a mensagem exibe interferências semióticas tanto no processo de produção quanto no de recepção”, e completa:

A transferência de formato se realiza em função do desenvolvimento de relações dialógicas entre diferentes 4

Primeiro parágrafo do texto jornalístico em que situa o leitor os primeiros mais importantes fatos da matéria comas perguntas: o quê?, por quê?, quando?, como? e onde? 5 Tradução da autora de: El infográfico, al igual que un artículo noticioso, debe responder al qué, quién, cuándo, dónde, cómo y por quién, pero, además, debe mostrar cosas visuales. Por eso el infografista debe trabajar con mentalidad periodística y n o contentarse con lo que el redactor le ha contado del hecho.

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códigos que migram para meios muito diferentes de seu habitat semiótico original. (...) O infojornalismo foi concebido como gênero informativo exatamente por sua capacidade modelizante em relação aos códigos de representação da linguagem jornalística. Isso significa que o gênero não se restringe a uma mídia, mas pode ser modelizado em diferentes sistemas semióticos (MACHADO, 2002, p. 3).

Como se vê, os formatos são híbridos. Um gênero pode migrar para outros formatos. Seixas (2009) lança a hipótese que, uns podem acabar enquanto outros aparecem ou até mesmo transformam-se em outros. Porém, a infografia faz digressões como Silva (2010) coloca. Revela-se ora como gênero, ora como ferramenta como assevera Rodrigues (2005) apud Silva (2010). Gênero jornalístico é quando disposto de forma autônoma, e ferramenta quando dá suporte a outros recursos na página. Borras e Caritá (2000) observaram que muito pouca a utilização específica da infografia como gênero. Em comparação feita por Rodrigues (2005) apud Silva (2010) em relação aos Estados Unidos e Europa, expõe uma situação no jornalismo praticado no Brasil em que constata que os infográficos como ferramenta são mais utilizados para complementar uma reportagem ou ilustrar uma página. As diferenças apontadas seguem no quadro da figura 03. Figura 03 – Quadro comparativo da infografia como Gênero e Ferramental.

Fonte: SILVA 2010, p.47

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2.3 – Infografia: do nacional para o local

O que observamos no mercado editorial jornalístico é que o uso desse recurso informativo está concentrado em veículos de maior circulação e nos grandes centros urbanos, principalmente nas revistas segmentadas que fazem parte do grupo editorial Abril, como a Super Interessante, Mundo Estranho e Saúde, além dos portais de notícias O Globo e o G1, do Grupo Globo, e a Folha de São Paulo, registro que a Folha e o Globo possuem publicações nos formatos impresso e digital. Os primeiros registros bibliográficos sobre o uso da infografia nos diários datam o ano de 1991, com os pesquisadores espanhóis Gonzalo Peltzer e José Manuel de Pablos. Um infográfico bem feito pode ser entendido por 100% entre 100 leitores, afirma De Pablos (1998). No jornalismo impresso de Mato Grosso do Sul a realidade é um pouco diferente. Encontrar infográficos nas páginas ainda é pouco comum, e quando aparecem são apenas como complemento da matéria, tanto na quantidade por edição como na proporção das artes. Contudo, há veículos que buscam algum tipo de suporte visual para contribuir com a matéria, mas reportagens infográficas são praticamente inexistentes. Como aferição da proposta do trabalho, foi feita uma pesquisa comparativa entre uma publicação nacional com as principais estaduais, com objetivo de sondar frequência e quantidade de infográficos em ambas publicações campo-grandense. As perguntas que guiaram a sondagem seguem em anexo no protocolo de pesquisa 01 (Anexo 7.2). Como parâmetro nacional de referência, foi escolhida a Folha de São Paulo por ser um dos veículos mais antigos do país e o primeiro a explorar o uso da infografia diariamente nas publicações, além de lançar em 1998 o ‘Manual de Infografia’, produzido pelos infografistas Mário Kanno e Renato Brandão. Para a análise local, o critério de seleção destes dois veículos estaduais para a pesquisa se deu pelo tempo de existência e pela abrangência da circulação, sendo eles: o “Correio do Estado”, fundado em sete de fevereiro de 1954 e, “O Estado”, mais novo, fundado em dois de dezembro de 2002, ambos

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possuem grande aceitação do público, pela circulação na cidade e consolidados pelo tempo de atuação e estrutura empresarial. O levantamento inicial de dados foi realizado entre os dias 24 de janeiro a 08 de fevereiro de 2017, inteirando 16 dias e não 15 dias, devido à ausência de exemplar suficiente na distribuidora no dia 31 de janeiro. Uma vez de posse dos dados iniciais, um questionário/roteiro foi elaborado para estipular critérios e parâmetros a serem observados, bem como aferir a frequência e tipos de gráficos usados nos jornais campo-grandenses em relação ao nacional. Os pontos relevantes que guiaram a observação dos dados iniciais deram origem a um protocolo de pesquisa 01 (Anexo 7.1), resumido pelas seguintes ações: a busca de algum tipo de elemento visual, como estes elementos visuais eram utilizados, em que editorias eles aparecem mais e qual o espaço que ocupavam na página. Durante o período observado, verificou-se uma discrepância do uso de infográfico entre a Folha e os dois diários estaduais. O que sustenta a afirmação que o uso desse recurso informativo está concentrado em veículos de maior circulação e nos grandes centros urbanos. Enquanto a Folha mantém uma média diária de sete matérias com o suporte de infográficos, algumas contêm mais de um tipo de complemento para o texto, enquanto nos dois veículos locais há pouco uso desse tipo de recurso.

Figura 04 – Comparativa entre a quantidade de infográficos em publicação nacional com as locais

Fonte: arquivo da pesquisa (2017)

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Durante o período observado, o jornal Correio do Estado apresentou alguns suportes visuais que complementa as matérias, além dos gráficos e tabelas fixos com Indicadores econômicos e o mapa do Tempo, como tabelas e resumos. O Estado de MS apresentou alguns gráficos e tabelas complementando a notícia e valorizando a apuração feita pelo repórter, além também das tabelas fixas, como Cotação, Tempo e resultados das loterias. Numericamente falando, o Correio do Estado obteve uma quantidade maior de infográficos no período pesquisado, comparando com o Estado. Foram 13 contra nove, o que é positivo para um jornalismo mais visual, porém o uso do recurso é recente no veículo, enquanto que O Estado já possui uma tradição no uso de ferramentas visuais, há pelo menos oito anos, desde a reformulação gráfica da publicação em 2010. Após a apuração e análise dos dados iniciais, constatou-se que jornal O Estado de Mato Grosso do Sul, continua a fazer uso do suporte ferramental em estudo. Em 2013, quando foi elaborado o primeiro pré-projeto de pesquisa para elaboração de TCC, foi feita a mesma sondagem entre os dois veículos. Na ocasião, apenas O Estado apresentou infográficos com assiduidade. Hoje, continuam a utilizar o ferramental, porém com menos frequência, mas mesmo assim, foi escolhido para delimitar o objeto da pesquisa nele, pois vislumbrouse oferecer as respostas para perguntas desta pesquisa exploratória.

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Figura 05 - Capa do jornal O Estado do dia 13 de marรงo de 2011

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3 – METODOLOGIA Os levantamentos de dados iniciais apresentados na Seção 2.3 apontam no sentido de que há condições necessárias para a realização de uma pesquisa mais aprofundada. Assim, para atingir os objetivos propostos por este trabalho, optou-se pela realização de uma pesquisa de campo exploratória, de caráter qualitativo no formato de uma entrevista em profundidade, semi-estruturada, semi-aberta no modelo de roteiro, conforme segue em anexo o protocolo de pesquisa dois (Anexo 7.2). A análise dos dados iniciais ajudou a produzir o roteiro de perguntas da pesquisa exploratória, usando a técnica metodológica de entrevista em profundidade, conforme catalogou Jorge Duarte (2015), direcionado ao editorexecutivo, Humberto Marques e o ex-editor de arte, Emerson Orquiola 6 O formato entrevista em profundidade para Selltiz (1987) apud Duarte (2015) é extremamente útil para estudos exploratórios, que tratam no caso, de percepções ou visões para ampliar conceitos sobre a situação analisada. A escolha deste método, deu-se como estratégia, por proporcionar mais fluidez à conversa com os editores e poder aprofundar as respostas com outras perguntas pertinentes ao momento. De acordo com Duarte (2015), “a lista de questões desse modelo tem origem no problema da pesquisa e trata da amplitude do tema, apresentando cada pergunta de forma mais aberta possível”. O questionário montado para a pesquisa exploratória com o editor possui onze perguntas, um pouco a mais que o sugerido por Duarte: Uma entrevista semi-aberta geralmente tem algo entre quatro a sete questões, tratadas individualmente como perguntas abertas. O pesquisador faz a primeira pergunta e explora ao máximo cada resposta até esgotar a questão. Somente então passa para a segunda pergunta. Cada questão é aprofundada a partir da resposta do entrevistado, como um funil, no qual as perguntas mais gerais vão dando origem a específica. O roteiro exige poucas questões, mas suficientemente amplas para serem discutidas em profundidade sem que haja interferência entre elas ou redundâncias. A entrevista é 6

Embora este atualmente exerça a função de web design no site, mas possui 14 anos de trabalho na empresa, ou seja, desde a fundação, e foi um dos profissionais responsáveis pela criação do projeto gráfico, e chefe da editoria de Arte.

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conduzida, em grande medida, pelo entrevistado, valorizando seu conhecimento, mas ajustada ao roteiro do pesquisador (DUARTE, 2015, p.66)

Para chegar às perguntas mais adequadas à pesquisa de sondagem e de campo, realizou-se uma profunda pesquisa bibliográfica a respeito do tema infográfico para conhecer os principais artigos de pesquisa cientificas e os principais questionamentos levantados nessas publicações. Etapa foi necessária para identificar o processo de produção, vê-lo não apenas como um complemento ilustrativo, mas como suporte independente entre os gêneros jornalístico, buscar a novidade no tema e questionar a respeito da produção e realidade local. Analisando o infográfico no contexto campo-grandense, o roteiro de perguntas foi direcionado para investigar em quais situações acontecem o uso desse suporte, quem sugere e como as informações são passadas ao profissional que desenvolve a “arte”, e as principais dificuldades enfrentadas pelos editores e produtores gráficos. O questionário foi aplicado primeiro ao editor executivo em exercício, em uma entrevista realizada no dia oito de março de 2017, na redação do jornal, durante o expediente de trabalho e gravada em mídia de voz do celular. Logo em seguida, concedida na oportunidade pelo editor, foi entrevistado o editor de arte. A transcrição das entrevistas segue nos Anexos 7.3.1 e 7.3.2. Pela entrevista em profundidade soube-se mais a respeito do estilo gráfico do recurso visual e o período de maior produção no jornal. Com esta informação em mãos, foi feita uma busca aleatória em publicações antigas a partir de 2010, no ano em que houve a reformulação do projeto gráfico do jornal e incrementou-se o uso do ferramental na rotina de trabalho, até a data da pesquisa inicial de sondagem. Por isso, julgou-se importante utilizar no corpo do texto, como exemplo os tipos de infográficos produzidos pelo jornal O Estado. .

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4 – ANÁLISE DOS DADOS 4.1 – Jornal O Estado de Mato Grosso do Sul

O jornal O Estado de Mato Grosso do Sul foi fundado em dois de dezembro de 2002 como um veículo impresso diário, com sede em Campo Grande, onde aloca o seu próprio parque de impressão em conjunto com a editora Lazul, dos mesmos proprietários, os empresários Jaime Vallér e Lidia Vallér. O preço do jornal é menor comparado ao seu principal concorrente, o Correio do Estado. Enquanto ele hoje custa R$1,00 o Correio custa R$1,20 na Capital, mas possui a sua independência editorial e financeira com a venda de assinaturas, classificados e anúncios. Em agosto de 2014 lançou o portal de notícias factuais O Estado Online 7 em paralelo com a versão impressa, e manteve o link de acesso da versão digitalizada do jornal em PDF para leitura online, cujo, o endereço eletrônico antes era apenas para ler o impresso. O planejamento visual da página possui uma diagramação limpa, com boa separação visual das matérias, observa-se mais o uso de recursos gráficos compondo as notícias, além das fotos. Possui citações, tabelas, gráficos e mapas, fato que motivou a escolha para a análise desta pesquisa. O editor Executivo, Humberto Marques8, em entrevista concedia no momento da pesquisa exploratória, na própria redação do jornal O Estado, em oito de março do corrente ano, explicou a relevância desses elementos na proposta editorial e gráfica da publicação:

A informação visual é muito importante. Até o projeto gráfico que o jornal trabalha sempre procurou se colocar para o público como um jornal bem diagramado, bem enquadrado, um jornal que valoriza imagens, ou que se valoriza o conteúdo de uma forma bem distribuída. E o infográfico entra nisso, você com pouco olhar, e com pouca reflexão consegue absorver

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www.oestadoonline.com.br Humberto Marques esteve no jornal por nove anos, passou por diversos cargos na redação até a assumir como editor-executivo no período de maio de 2014 a março de 2017. Logo após a pesquisa ele se desligou da empresa. 8

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uma quantidade de conteúdo de um jeito mais impactante, mais didático (MARQUES,2017).

A distribuição dos assuntos jornalísticos do jornal O Estado estão segmentados em sete principais editorias, sendo elas, Política, Cidades, Geral, Mundo, Economia, Esportes e Arte & Lazer, além de Opinião que fica na contracapa, do caderno de Classificados ao final da publicação, e dos cadernos especiais semanários, Agropenegócios, Caderno Viver (inclui Vida Saudável, Turismo, Moda, Comes & Bebes, Casa & Design) e Concursos. As editorias que mais usam elementos gráficos são: Esportes, Cidades, Economia e Política. Esportes possui elementos visuais fixos com frequência diária de tabelas de jogos, escalação de time, ranking de pontuações, programação de partidas de jogos na TV. Cidades é outra editoria que possui infográficos com mais frequência, até pela diversidade de assuntos que reúnem, e editorialmente falando, são mais ilustrados e explicativos. A figura 05 ilustra o uso. Figura 06 - Estilo de Infográfico produzido para a editoria de Cidades, publicado em 16 de julho de 2013.

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Nas demais editorias, usa-se o ferramental visual de apoio conforme a necessidade da pauta. Na Política é mais frequente o resumo de ideias, gráfico de pesquisas políticas e esquemas com foto e legenda, como o exemplo da figura 07, e, em economia são os índices, oscilação de valores e gráficos comparativos de preços. Figura 07– Gráfico ilustrativo na editoria de política publicado em 24 de junho de 2013;

Além dos suportes para as matérias, o jornal traz gráficos e tabelas fixos para informações independentes, como Cotações, Tempo e resultados da Loteria (Mega Sena, Loteria Federal, Lotamania e Quina). Eles foram considerados fixos por ser uma prestação de serviço diária, têm lugar estabelecido na diagramação do caderno, estão no mesmo local da folha e em páginas pares, possuem menos prioridade visual por ser a “segunda leitura” do bloco.

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Cotações e Previsão do Tempo ocupam a parte inferior inteira, uma à esquerda e a outra na direita. Os resultados da Loteria ficam em uma coluna no canto direito inferior. Figura 08– Gráficos fixos de Cotações e Tempo, situada na editoria de Economia, publicado em 04 de fevereiro de 2017;

Quanto à utilização de infográfico na publicação, o editor de Arte e cocriador do projeto gráfico no momento de fundação do jornal, Emerson Orquiola, em entrevista durante a pesquisa exploratória, sustenta o suporte caminha junto com a diagramação, no entanto era pouco explorado no início, e explica por que:

No início do jornal, nas primeiras edições, nós não explorávamos tanto (a infografia) por uma questão de não ter espaço e também porque era uma cultura daqui não usar informação visual, justamente por requerer mais espaço. Tem que ter uma editoria e aí entra a editoria de arte (ORQUIOLA, 2017).

Segundo o editor de arte, o jornal usa muitos gráficos e tabelas e sempre houve a necessidade de ter infografista, mas não tinha por questões administrativas. Devido a esse fato, o ferramental em si, com todos os elementos juntos, teve mais frequência após a reformulação gráfica de 2010. Orquiola descreve essa repaginada como a mais relevante.

Mudança mesmo no projeto gráfico, a mais impactante foi somente uma, em 18 de janeiro de 2010. Nesta, mudou Logotipo, Software de diagramação (do QuarkXpress para InDesign) e as alterações no parque gráfico. Outras alterações

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no projeto gráfico, podemos dizer que foram adequações necessárias do dia-a-dia (ORQUIOLA, 2017).

Para atender a nova demanda houve uma mudança na rotina de trabalho da equipe, até então chamada de ‘paginação’, em que todos os profissionais faziam de tudo um pouco, para uma segmentação de funções e a criação da editoria de arte, na qual foi chefe, como explica:

Quando fizemos as mudanças gráficas no jornal, separamos a equipe. No início todos faziam de tudo um pouco. Tratavam fotos, diagramavam páginas, faziam arte. Mas quando mudou o projeto gráfico, tiveram dois profissionais específicos: um para imagem e um exclusivamente para a criação artística (ORQUIOLA, 2017).

Hoje o jornal ainda possui a editora de arte, porém com um número reduzido de colaboradores em relação ao seu período de auge, entre 2011 e 2015, que chegou a oito profissionais contando com o especialista em infográficos. Atualmente não possui esse especialista e a equipe conta com cinco pessoas capazes para atender as necessidades de produção do jornal, como argumenta. Figura 09 - Formas de uso da informação visual na editoria de Esportes, publicada em 22 de novembro de 2011.

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4.2 – Estilo gráfico dos recursos visuais

O estilo gráfico do material visual do jornal O Estado são figuras em formato 2D, como: recorte da situação, associação de formas e números, box de textos, ilustrações, mapas de localização, gráficos em barra, ficha-resumo, que são característicos do jornalismo Hard News. Boa parte dos elementos visuais utilizados pelo jornal se enquadra como “recursos gráficos”, pois, funcionam como um conteúdo jornalístico, por serem estruturados com título, corpo da mensagem, fonte e crédito da criação. Para tanto, isolados não completam toda a informação, apenas uma parte delas, por não responderem as perguntas do lead do texto jornalístico. As escolhas visuais e o estilo de gráfico seguem o padrão aplicado pela Folha de São Paulo catalogado no Manual de Infografia. A matéria a seguir exemplifica o estilo visual do jornal O Estado. Figura 10- Estilo comum de infográfico OEMS,publicado em 23 de maio de 2012, em economia.

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Segundo Rodrigues (2005) apud Silva (2010), no Brasil as redações aproveitam o infográfico como um ferramental jornalístico, sendo um distribuidor de informações. Em paralelo Teixeira (2010), que traz em seu bojo a ideia de distribuição do ferramental infográfico apresentado no organograma da Figura 10, como utilizado no jornal O Estado, que se enquadra na categoria jornalístico e complementar, por integrarem o texto e não serem autônomos, pois não são compreendidos por eles mesmos e precisam do texto jornalístico. Sobre o jornalístico complementar, explica Teixeira (2010): Costuma ser indispensável à matéria, sobretudo quando é capaz de trazer esclarecimentos que se tornariam indispensáveis à matéria, mas que ficariam maçantes ou confusos se fosse usado na narrativa jornalística textual e contextual (TEIXEIRA , 2010, p. 23). Figura 11- Organograma de segmentação dos grupos de infográficos elaborado por Tattiana Teixeira.

Fonte: TEIXEIRA, 2010 p.42

Embora teoricamente tenha essa distribuição de produção, a escolha do estilo visual depende da cultura local e o tempo de produção para aprofundamento dos detalhes. O estilo é simplificado pela agilidade necessária para atender ao formato de jornais diários hard news, pelo pouco tempo de produção e que acabam sendo mais superficiais, sobretudo em reportagens infográficas, teriam um aprofundamento no tema. Essa forma de produzir o ferramental jornalístico é característica da imprensa local, que no ambiente da redação se categoriza como infográfico por conter a estrutura distribuída em título, corpo de mensagem e a fonte de origem, Para tanto, em Teixeira (2010, p.34) para ser infográfico é necessário “construir uma narrativa em si.”

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Figura 12: Estilo visual característico dos infográficos produzidos pelo jornal, publicado em 04 de outubro de 2014, em Política.

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4.3 – Rotinas Produtivas

Na produção do jornal diário, ou seja, aqui pensado como rotinas produtivas, assim como em qualquer outra empresa possui as fases de elaboração do produto notícia. O repórter faz a apuração, escreve, passa para o editor, do editor para a diagramação e depois de finalizado no impresso ou digital, até chegar ao leitor. Dentro dessa cadeia produtiva, a confecção do infográfico é um derivado, um subproduto do texto jornalístico. Teixeira (2010 p.41) defende que “a criação do infográfico deve ser concebida a partir de uma ação conjunta entre jornalistas e designers que devem focar não na beleza de uma página, mas na qualidade, na precisão e na clareza informativa, como um todo”. No jornal o Estado, segundo Humberto Marques, a informação visual tem esse espaço desde o seu início com o intuito de facilitar a transmissão do conteúdo, em alguns casos tirar do texto o que pode vir em uma tabela ou gráfico. Relembra os primeiros elementos visuais utilizados para acompanhar a matéria: Desde que o jornal foi fundado em 2002, eles sempre valorizaram materiais gráficos. O primeiro foi a tabela de pesquisa da cesta básica, até pela dinamicidade de você fazer a tabulação. Isso facilita a leitura do público na absorção da informação do modo mais fácil. O conceito básico de qualquer infográfico é facilitar essa transferência de informação (MARQUES, 2017).

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Figura 13- Matéria sobre Cesta Básica em Economia, publicada 17 de fevereiro de 2010.

No jornal O Estado à função de verificar se há possibilidade de transformar uma apuração em um infográfico para compor a matéria está condicionada a decisão do editor setorista. É durante a reunião de pauta que ele apresenta a ideia e também sugere como usar na diagramação final. Diante 28


das sugestões apresentadas, o infografista ou o responsável pela arte é consultado sobre a viabilidade. Para acelerar o processo de comunicação entre os profissionais, na reunião da pauta estão presentes: editores, foto e paginação. É importante registrar que a construção desse trabalho acontece pela oralidade, na conversa entre os profissionais. Humberto Marques reafirma essa comunicação oral e explica quando a pauta para infográfico é escrita:

Há uma conversa com base nos programas de editoração e com a informação que a gente tem. Quando se faz um gráfico muito grande, ou quando vai trabalhar uma pauta gráfica que é muito extensa, já antecipo que é raro, eu passo tudo por escrito, detalhado. A parte de conteúdo é o que o repórter precisa apurar (MARQUES, 2017).

Quando há algum tipo de pedido descritivo de pauta infográfica só é feito quando encomenda infográfico em agência especializada, no caso, na empresa Graffo, e as informações são passadas por e-mail. Mesmo com profissionais na redação, ainda é necessário e prático comprar material pronto. Sobre encomenda, Marques detalha.

A gente trabalha com o Graffo desde 2008, somos clientes e consigo trabalhar com antecedência. Eles têm o banco de pautas próprias e também trabalham On Demand (por demanda). Se eu precisar de uma criação, eles pedem com dois dias de antecedência para poder criar e finalizar (MARQUES, 2017).

Atento ao tempo de produção do material, Marques também pede antecedência na redação para solicitar suportes gráficos.

Nós tentamos ao máximo possível trabalhar com uma programação prévia, por conta do quanto o profissional absorve para ser feito. A decisão vem do repórter, editor e editor executivo e o infografista ou diagramador que estiver envolvido na situação é consultado sobre o tempo que pode levar (MARQUES, 2017).

Emerson Orquiola se guiava pela antecipação da arte e reforça quanto a necessidade da participação do editor de arte participar na reunião de pauta e distribuir do material entre os diagramadores.

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Quando eu era editor de arte eu participava da reunião de pauta, pegava o material antecipado, tinha um conteúdo prédefinido. Antecipava muita coisa. Não adianta ter a relação entre infografista e repórter, se na verdade tem que começar com o editor de arte, ele que direciona tudo (ORQUIOLA, 2017).

. Marques alerta para construções tendenciosas, principalmente na relação proporções vs forma do desenho que pode as vezes não equivale à proporção real. Exemplo, se a forma do desenho representado graficamente for maior que o valor que o representa. Isso pode tendenciar à interpretação equivocada da informação pelo leitor. Teixeira (2010 p.77) pontua a necessidade de manter a veracidade da Informação quando apresenta a sua compreensão ao dizer que “o infográfico pode ser uma modalidade jornalística, mas defendemos que sempre que usado na imprensa ele deve ter um compromisso com a veracidade das informações explicitadas”. O editor-executivo chama a atenção nesse ponto ao dizer que “a parte visual pode transformar uma informação em algo extremamente tendencioso. Não precisa ser milimétrico, mas se a fatia é bem maior do que deveria ser, o impacto visual daquilo dá outro efeito na informação”. Figura 14 – Exemplos de figura que pode tendenciar a interpretação pelo o uso de barras, caso não tenha uma boa relação entre número e tamanho. Matéria publicada em 05 de junho de 2012, em Economia, no jornal O Estado.

.

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O fato de possuir mais tabela e gráficos do que o infográfico acontece pela associação automática de que números chamam tabela conforme argumenta Marques:

Ele é sempre utilizado atrelado a números. Nos gráficos que nós utilizamos, a maior parte das vezes é assim. De 70% a 80% dos gráficos publicados estavam relacionados a alguma informação numérica porque é mais fácil desenhar o número para o leitor. Mas em geral, quando você pega uma informação numérica eles já jogam o infográfico na foto para tentar ilustrar, porque às vezes não tem uma informação tão relevante e com os gráficos o número ganha (MARQUES, 2017). Figura 15 – Exemplo de gráficos numérico em matéria publicada em 12 de março de 2015 em Economia.

A dificuldade de produzir um material mais elaborado diante da rotina sobrecarregada da redação, atrelada a outros fatores, fez reduzir a quantidade de infográficos na publicação, conforme constatado em entrevista com Marques. O infográfico segue relevante, mas eu vejo que por conta da dificuldade de produzir materiais mais elaborados, fugindo do factual, isso dificulta que você utilize esse expediente com mais facilidade. Hoje ainda usa, mas com uma frequência menor, também por conta de uma redução de equipe” (MARQUES, 2017).

A empresa no momento está sem um profissional especialista, tanto pela saída do que tinha como pela dificuldade financeira do veículo para contratar outro no lugar. Sobre esse momento, o editor comenta que “estão todos 31


sujeitos a crise que a imprensa passa hoje, que é uma questão financeira e técnica. Estamos sem um infografista próprio, por questões financeiras. Não tem como manter um profissional desse tipo”. Segundo Marques, isso reflete na escolha da abordagem da matéria, no sentido se vai usar infográfico ou não. Isso justifica o porquê de diminuir a produção. Ele descreve essa escolha: Se você consegue passar a informação do jeito A, que é o jeito com infográfico, vai deixar a coisa mais brilhante e interessante com toda certeza. Ou, se puder fazer isso do jeito B, que é o caso de jogar no texto ou trabalhar a informação de um jeito mais simplificado e com o mesmo brilho, com igual esmero, o efeito acaba sendo o mesmo. O importante é você transmitir a informação com exatidão (MARQUES, 2017).

Com relação a continuar a investir em infográfico como ferramenta, Orquiola comenta que entra numa questão estrutural, de pessoal e depende das variáveis “equipe versus investimentos”. Até porque, segundo ele, muitos jornais põem infográfico como opção. “Todos querem, mas aí entra a quantidade de páginas, equipe para fazer, tempo”, pontua.

4.4 – Profissionais do infográfico

Dentro da redação buscou saber quem são os profissionais que produzem o material do jornalismo visual, pois, já sabemos que infografia no Brasil é usada como um ferramental jornalístico em relação aos Estados Unidos e Europa que o usa como um gênero. O trabalho do infografista nestes locais é bem diferente e Willian Silva (2010) detalha o quão profunda é o exercício da função:

O trabalho dos infografistas estadunidenses compreende não apenas a elaboração do desenho a ser publicado, mas inclui aspectos de coleta, reportagem, edição, pesquisa e visita ao local do acontecimento. O modelo difere dos periódicos brasileiros, onde os setores de redação e artes são divididos e onde a cultura do infografista como repórter é pouco explorada. (SILVA, 2010, p.46)

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Livia Cirne (2010) entende que diante das necessidades apresentadas na rotina de produção da notícia, o trabalho do jornalista também está sofrendo radicais mudanças com o surgimento de novas funções, como detalha a autora:

Com o infográfico surgem novas funções no cenário jornalístico: o infografista, o diretor de arte, em essência são jornalistas visuais que necessitam de habilidade tecnológica, potencial criativo e analítico e uma boa base acadêmica em jornalismo (CIRNE, 2010, p.10). Sobre os profissionais, foram levantados e compilados os dados após entrevistas realizadas no ano de 2017. Buscou investigar as expertises das pessoas envolvidas no trabalho quanto, faixa etária, sexo, formação, cargo e tempo no jornal. Desta forma, constatou-se que é uma equipe mista, conforme a tabela da figura 15. Figura 16 – perfil dos profissionais na redação.

Funcionário Chef. Setor 1

2 3 4 5

Sexo M F M F F

Cargo no jornal Diagramador Trata. Imagem Diagramador Diagramadora Diagramadora

Formação Ensino Médio Ensino Médio Ensino Médio Jornalismo Publicidade

Idade 32 52 25 50 24

Atividade 1, 5 anoS 5 anos 6 anos 14 anos 1 ano

Fonte: arquivo da pesquisa (2017).

O perfil do profissional da equipe de diagramação e produção gráfica do jornal O Estado de MS, predomina pessoas de formação técnica, ou com ensino médio completo e cursos dos softwares de editoração eletrônica como: Corel Draw, Indesign, Photoshop, todos relacionados à diagramação, paginação e tratamento de imagem, além de Word e Excel. Sobre esse perfil, o editor argumenta:

Eu não sei hoje se os cursos de jornalismo preparam quem está se formando para esse tipo de trabalho. Se eles não dão essa formação fica complicado eu contratar um jornalista. Ele pode ter as noções do Indesign, dos programas, mas se ele não foi treinado para trabalhar essa com o visual. Pelo histórico de Campo Grande, você acaba encontrando profissionais que trabalhavam em gráficas, agências de publicidades ou em

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outros veículos e que fizeram curso técnicos do Senai e Senac (MARQUES, 2017).

Marques destaca a equivalência salarial entre as suas funções em relação a carreira escolhida pelos profissionais recém-formados:

Eu sou diagramador também, mas eu não tive essa base na universidade. Se olhar hoje, nas redações, e encontrar jornalistas que saibam planejamento gráfico e que trabalham com diagramação, são porque gostam. Em geral é formação técnica. Isso é curioso, porque o salário do diagramador não é muito distante do que paga para um jornalista (MARQUES, 2017).

Como apontado por Silva (2010), a cultura do infografista como repórter não é explorada no Brasil. Esse profissional é visto meramente como um técnico e não como um produtor intelectual. Mas um diferencial o jornal apresenta. Ele possui a política de creditar ao profissional que desenvolveu “a arte” informativa, da mesma forma que outros profissionais da redação, como se dá crédito aos fotógrafos. O infográfico abaixo foi assinado pelo criador Rafael Sena no canto inferior direito da figura 17.. Figura 17 – Exemplo de infográfico assinado pelo autor no canto direito inferior da arte. Matéria publicada em 07 de maio de 2014, no Especial Turismo.

A respeito do ensino do infográfico na graduação, Teixeira reflete: Ensinar a pensar infograficamente significa ensinar a distinguir quando, onde e porque devemos usar a narrativa infográfica e suas implicações; ensinar a apurar corretamente para construí-la de maneira adequada, e, mais do que isto, se devemos usá-la, tal como fazemos quando temos de optar por uma narrativa em forma de notícia, reportagem ou perfil, com a diferença que, no caso da infografia, sempre estamos falando de um inevitável trabalho coletivo, o que nem sempre acontece com outros textos jornalísticos (TEIXEIRA, 2009, P.14).

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A realidade local é reflexo da nacional. Por isso o curso de jornalismo precisa incorporar formalmente essa nova especialidade de atuação. Por isso seria indicado que as universidades incluam na grade curricular a disciplina específica de infografia. E enquanto não houver a inclusão dessa disciplina, o mercado permanecerá sem se especializar e continuará a apenas exigindo a experiência profissional em criação, ou seja, a experiência técnica.

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5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS

A utilização da infografia ultrapassa as páginas do jornalismo impresso diário. É necessária na TV e se proliferou pela web, pela potencialidade de interação com o leitor. Por isso está entre a categoria de gênero informativo por conseguir, através do texto e da imagem, construir uma narrativa visual e responder as perguntas do lead (O que?, por quê?, quando?, como? e onde?) Pela comparação das publicações nacionais com as locais percebeu-se que o uso do infográfico como gênero jornalístico aparece em publicações especializadas, como a Super Interessante, Mundo Estranho, Saúde, Revista Fapesp, Placar, entre outras. Isso ocorre quando há o aprofundamento da composição visual dos elementos do infográfico, devido o tempo maior de criação. O padrão brasileiro de produção editorial e uso de infográficos é mais empregado como Ferramental gráfico do que como Gênero. Os jornais diários usam apenas diferentes formas geométricas aliadas a textos e números, como recursos visuais que complementam a matéria. Pela pesquisa bibliográfica e exploratória foi possível registrar que os tipos de infográficos usados pelo jornal O Estado são suportes visuais, de caráter Jornalístico Complementar, e não como um gênero, pois não transmitem uma narrativa visual autônoma e o leitor precisa do texto jornalístico para compreensão de toda a informação. Mas

segundo

as

estruturas

jornalísticas,

se

enquadram

como

infográficos por apresentaram título, corpo da mensagem e a origem dos dados. Isso valida como fonte de informação, conforme o uso e categorização da Folha de São Paulo. Este grupo tipológico o qual O Estado faz uso é um perfil característico da produção gráfica de rotinas que pedem agilidade na produção. Entende-se que seja por isso que optam por um estilo simplificado para atender os formatos diários de hard news. O uso desse tipo de infografia como facilitadores de leitura já indica a preocupação com um jornalismo mais “visual” e o estudo deste tema se fez necessário para compreender como ele acontece no jornalismo de Mato

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Grosso do Sul, pois, o jornal O Estado desde o seu início se diferencia pela forma como apresenta seu conteúdo usando esse ferramental como apoio. E mesmo com toda essa expansão de suportes, para adaptação de qualquer um deles é também necessário investimentos empresarial e profissional qualificado. O ponto de partida para a produção de qualquer material jornalístico é a pauta. Porém ainda não há um modelo estruturado para a elaboração da pauta infografica como gênero. Pelo estudo, no jornal O Estado registrou-se como rotina de trabalho a participação do editor de arte junto aos demais editores nas reuniões de pauta, com o objetivo de avaliar a possibilidade ou não de produção de infográficos e/ou suporte visual. A variável tempo dita a lógica de qualidade desse trabalho. Quanto mais tempo para aprofundamento e finalização desse suporte, melhor será o resultado. O tempo de produção pode transformar o ferramental em gênero. Por outro lado, a limitação de recursos financeiros dos jornais também interfere nas escolhas de produção. Menos equipe, mais tempo de produção. A rotina produtiva não prospera mais nas páginas diagramadas por ter pouco profissionais diante da demanda diária de produção e principalmente pela limitação de recurso a ser investido na remuneração de profissional. A pesquisa exploratória verificou que essa produção jornalística pode ser terceirizada, como podemos verificar no jornal O Estado que tem assinatura desse serviço, confirmado pelo próprio editor. Quanto aos créditos dos autores na arte, o jornal O Estado apresenta um diferencial comparado aos demais veículos editoriais. O infografista assina a sua criação, um costume iniciado em 2013, quando contratou-se um especialista. Na folha de São Paulo, por exemplo, não constam esses créditos de autoria nas artes de quem a produziu 9.. O perfil profissional de infografista é composto por profissionais com formação média e técnica por meio de cursos de softwares especializados e é expressivo. Há um número pequeno de colaboradores com que possuem formação superior em Jornalismo e/ou Publicidade.

9

Nos periódicos Super Interessante, Saúde e Fapesp os nomes do editor de arte, designer e ilustrador aparecem apenas no expediente

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Isso se justifica, até o momento por não haver uma disciplina específica para o ensino de infográfica dentro da grade curricular da graduação em jornalismo, conforme defende Teixeira (2010) para “ensinar futuros jornalistas a pensar infograficamente”. Pode ser oferecido dentro de uma disciplina específica que trabalha o olhar visual à partir da pauta e em Planejamento Gráfico. Sugere-se que o professor direcionado para o ensino deste conteúdo ou essa ‘nova’ disciplina fosse alguém com formação em jornalismo para fomentar o interesse na área e com experiência nos programas de criação, paginação, editoração, vetorização e tratamento de imagens. O estudo do tema infográfico, proposto nessa pesquisa teórica e exploratória, permitiu poder afirmar que, com o ensino desse ferramental nos cursos de jornalismo, abrirão novas possibilidades de atuação dos recémformados, trabalhando como criadores ou mesmo como empreendedores. Para finalizar, podemos perceber e afirmar com convicção, que o gênero infográfico veio para ficar, como vemos todos os dias na mídia impressa e eletrônica de cobertura nacional, embora ainda esteja pequena em nosso estado. Esse estudo ainda abre outras possibilidades de abordagem aproveitando essa mesma metodologia para identificar nos veículos de circulação nacional como O Globo, O Estado de São Paulo , correio Braziliense e a Folha de São Paulo e as revistas Super Interessante e Mundo Estranho para identificar como são as rotinas de produção e construção da pauta infográfica.

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6 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

6.1 - Livros DUARTE, Jorge e BARROS, Antonio (org.). Métodos e Técnicas de Pesquisa em Comunicação. 2ª ed. São Paulo:Atlas, 2015; SEIXAS, Lia. Redefinindo os gêneros jornalísticos: Proposta de novos critérios de classificação. LabCom Books, 2009. TEIXEIRA, Tattiana. Infografia e jornalismo. Conceitos, análises e perspectivas. Salvador: Editora UFBA, 2010.

6.2 - Manual KANNO, Mario e BRANDÃO, Ricardo. Manual de Inforgrafia da Folha de São Paulo. Editora Folha, 1998. Disponível em: http://docslide.com.br/documents/livro-jornalismo-infografia-manual-deinfografia-folha-de-sao-paulo.html. Acesso em: 12 de fevereiro de 2017.

6.3 - Artigos BORRAS, Leticia e CARITÁS, María Aurelia. Infototal, inforrelato e infopincel. Nuevas categorías que caracterizan la infografía como estructura informativa (2000). Revista Latina de Comunicación Social, 35 / Extra Argentina. Disponível em: http://www.ull.es/publicaciones/latina/Argentina2000/17borras.htm. Acesso em: 12 de fevereiro de 2017. CIRNE,.Lívia. Novas imagens tecnológicas a infografia no jornalismo (2010). Culturas Midiáticas, Ano III, n.02, jul-dez/2010 Disponível em: periodicos.ufpb.br/index.php/cm/article/download/11731/6771. Acesso em: 12 de fevereiro de 2017. CARVALHO, Juliana e ARAGÃO, Isabella. Infografia: Conceito e Prática [2012]. InfoDesign-Revista Brasileira de Design da Informação, São Paulo, v. 9, n. 3 p.160 – 177, ISSN1808-5377. Disponível em: https://www.infodesign.org.br/infodesign/article/view/136. Acesso em: 12/02/2017. DE PABLOS COELLO, José Manuel: Siempre ha habido infografía (1998). Revista Latina de Comunicación Social, 5. Disponível em: http://www.ull.es/publicaciones/latina/a/88depablos.htm . Acesso em: 12 de fevereiro de 2017.

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LETURIA, Elio.¿Qué es inf ografía? (1998).Revista Latina de Comunicación Social, 4. Disponível em: http://www.ull.es/publicaciones/latina/z8/r4el.htm. Acesso em: 12 de fevereiro de 2017. MACHADO, Irene. Infojornalismo e a semiose da enunciação (2002). Disponível em: http://bocc.ubi.pt/pag/machado-irene-infojornalismo.html. Acesso em: 12 de fevereiro de 2017. QUADROS, Itanel. História e atualidade da infografia no jornalismo impresso Trabalho apresentado à Sessão de Temas Livres do XXVIII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – INTERCOM/2005. Disponível em: http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2005/resumos/R0508-1.pdf. Acesso em: 12 de fevereiro de 2017. RIBAS, Beatriz. Ser infográfico: apropriações e limites do conceito (2005). Grupo de Pesquisa em Jornalismo On-line. Disponível em: www.facom.ufba.br/jol. Acesso em: 12 de fevereiro de 2017. ____________. Infografia Multimídia: um modelo narrativo para o webjornalismo (2004). V Congreso Iberoamericano De Periodismo En Internet. Disponível em: http://s3.amazonaws.com/lcp/ciberperiodismo/myfiles/AIAPI%202004%20Beatri z%20Ribas.pdf. Acesso em: 12 de fevereiro de 2017. RODRIGUES, Adriana Alves. As potencializações e especificidades do infográfico multimídia como gênero jornalístico no ciberespaço. Intercom/2011. Disponível em: http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2011/resumos/r6-2976-1.pdf. Acesso em: 12 de fevereiro de 2017. SEIXAS, Lia. Gêneros jornalísticos digitais: Um estudo das práticas discursivas no ambiente digital, 2004. Disponível em: https://pt.scribd.com/document/28326490/Generos-Jornalisticos-Digitais, acessado em 11/02/2017; SILVA, William Robson Cordeiro. O Desenho da Notícia Uma Análise Semiótica da Infografia do Jornal de Fato (2010). Disponível em: http://www.bocc.ubi.pt/pag/silva-william-o-desenho-da-noticia.pdf. Acesso em: 12 de fevereiro de 2017. SOJO, Carlos Abreu. ¿Es la infografía un género periodístico? (2002). Revista Latina de Comunicación Social, 51. Disponível em: http://www.ull.es/publicaciones/latina/2002abreujunio5101.htm, Acesso em: 12 de fevereiro de 2017. TEIXEIRA, Tattiana. O futuro do presente: os desafios da Infografia jornalística. Revista Ícone do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal de Pernambuco, v.11 n.2, Dezembro de 2009. Disponível em:

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https://www.academia.edu/26790999/O_futuro_do_presente_os_desafios_da_I nfografia_jornal%C3%ADstica. Acesso em: 12 de fevereiro de 2017. VELHO, Ana Paula Machado. Jornalismo e a Infografia dos Veículos Impressos como Textos da Cultura (2009). Disponível em: http://bocc.ubi.pt/pag/bocc-velho-jornalismo-infografia.pdf. Acesso em: 12 de fevereiro de 2017.

6.4 - Dissertações e Teses LIMA, Ricardo Oliveira da Cunha. Análise da Infografia Jornalística. UERJ:2009. Disponível em: http://docplayer.com.br/38064486-Ricardo-oliveirada-cunha-lima-analise-da-infografia-jornalistica.html. Acesso em: 12 de fevereiro de 2017.

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7 - ANEXOS 7.1 - PROTOCOLO DE PESQUISA 01 - O QUE OS JORNAIS PUBLICAM? Fontes: Correio do Estado (MS), O Estado de MS (MS) e Folha de São Paulo (SP). Período: 24 de janeiro a 08 de fevereiro de 2017 Critérios e parâmetros a serem observados: 1. Aparecem infomações visuais? 2. Como e que tipo de informações visuais são utilizadas? 3. Com que frequência elas aparecem no jornal? 4. Que tipo? 5. Em que editoria é mais utilizada? 6. Em que local nas páginas? 7. Qual o espaço ocupado na página? 8. Quais os temas que mais utilizam esse recurso visual?

7.2 - PROTOCOLO DE PESQUISA 02 – A PALAVRA DO GESTOR DO JORNAL ENTREVISTADO: editor-chefe do jornal O Estado de Mato Grosso do Sul. Nome e histórico no veículo.

1. Quando o jornal começou a usar infográficos e por quê? 2. Qual a relevância do uso do infográfico para o jornal? 3. Quem decide sobre o uso de infográfico? 4. Como é construída a pauta do infográfico? // ARTE: como é que o repórter e o editor pautam o design gráfico ou o infografista? 5. Qual o profissional responsável pela elaboração das informações visuais? 6. Como é feito/ qual o suporte tecnológico? 7. EDITOR/ARTE - Qual o tempo que se tem para executar a tarefa? 8. EDITOR/ARTE - na relação entre editor/repórter e o produtor visual, como acontece o processo de aprovação do material? Como é o relacionamento e a verificação das informações?

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9. Há algum tipo de avaliação, da parte do público, sobre o uso de recursos visuais? 10. Qual a dificuldade do mercado em manter a produção de infográficos no jornal diário? O motivo se dá pelo custo com profissionais ou falta de profissionais capacitados para produzir esse tipo de ferramental jornalístico? 11. Quais os motivos que levam a comprar infográficos? 12. Há planos de intensificar o uso de recursos visuais?

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7.3 – DECOUPAGEM DAS ENTREVISTAS

7.3.1 – A PALAVRA DO GESTOR DO JORNAL

Entrevista editor–executivo do jornal O Estado de Mato Grosso do Sul Humberto Vinícius Marques, editor executivo de 2014 a março de 2017. Realizada em 08 de março de 2017 Local: redação do jornal

Histórico Humberto Hoje editor-executivo no jornal, começou na publicação em maio de 2008 como repórter na editoria de política, em 2011 assumiu como editor de política, 2014 assumiu como editor executivo. Formado em Jornalismo pela Unesp em 1999.

1. Quando o jornal começou a usar infográficos e por quê? A informação visual ela é muito importante, e até o projeto gráfico do jornal trabalha sempre procurou se colocar para o público como um jornal bem diagramado, bem enquadrado, um jornal que valoriza-se imagens, ou que valoriza-se o conteúdo de uma forma bem distribuída, e o infográfico entra nisso. Do que eu me lembro, desde que o jornal foi fundado em 2002, desde o início eles sempre valorizavam materiais gráficos, o primeiro deles foi a tabela de pesquisa da cesta básica, até pela dinamicidade de você fazer o tappinp, a tabulação, isso facilita até para a leitura do público alvo, para o leitor absorver a informação de um modo mais fácil. E foi justamente com esse objetivo de tornar mais ágil a transmissão da informação. O conceito básico de qualquer infográfico, é facilitar essa transferência de informação. Você com pouco olhar, e com pouca reflexão conseguir absorver uma quantidade de conteúdo de um jeito mais impactante, mais didático.

2. Qual a relevância do uso do infográfico para o jornal? O infográfico segue relevante, mas eu vejo que muitas vezes por conta da dificuldade de produzir materiais mais elaborados, fugindo do factual, nem

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vou dizer mais elaborados, mas fugindo do factual, isso dificulta que você utilize esse expediente com mais facilidade. Mas é óbvio, sempre que possível o jornal vai continuar a utilizar, hoje com uma frequência menor também por conta de uma redução de equipe. O jornal não conta mais com um infografista próprio, por questões financeiras. Nós continuamos com gráficos, mas com uma estrutura menor.

3. Quem decide sobre o uso de infográfico? É condicionado no primeiro momento ao editor. Na reunião de pauta, quando os editores apresentam o conteúdo, (o editor setorista) sempre que o editor apresenta o conteúdo ele já avalia onde cabe e onde não cabe esse infográfico, como utilizar o infográfico. Por conta de ter mais um profissional dedicado apenas a produção de infográfico, e o tempo que isso toma e também por conta da questão financeira, opta-se usar desse expediente quando puder explorar melhor. Você senta aqui, estou trabalhando a matéria X, vai ficar pronta na semana que vem, a minha ideia é fazer uma série de reportagem, e aqui eu acho que cabe um infográfico. Nós tentamos ao máximo possível trabalhar com uma programação prévia, por conta do quanto ele absorve para ser feito. Não adianta simplesmente fazer um infográfico apenas para deixar uma página bonita. Não, você tem que decidir se você vai fazer um gráfico de coluna, de pizza, se vai utilizar algum tipo de imagem, algum escalonamento... (quem decide isso?) repórter, editor, editor-executivo e o infografista ou o diagramador que estiver envolvido na situação. O André hoje é o diagramador mais experiente, então ele é comumente consultado sobre isso e o tempo que pode levar...

4. Como é construída a pauta do infográfico? // ARTE: como é que o repórter e o editor pautam o design gráfico ou o infografista? Primeiro é discutido para saber que informações nós temos. Essa informação é passível ser transformada em um infográfico? É possível converter essas informações em dados analíticos, dados ilustrativos, para reduzir a didática de texto e ele transmitir com a mesma clareza que a reportagem propriamente dita a informação? Sim. Como vamos fazer esse gráfico? É aí nesse momento que a gente chama o artista para 45


discutir...preciso de um infográfico de tal forma. Fora esse tipo de expediente, as tabelas e outros materiais que a gente costuma utilizar com mais frequência infográfico é no Esporte principalmente. Serviço de jogo, a rodada do campeonato. O Caderno 10, embora a gente não use com frequência, a página 2 do caderno 10 que ela é 100% infográfico página 2, onde tem classificação, tabelas, próximos jogos, agenda de eventos, uma foto que acaba sendo uma foto legenda sobre algum jogo que não vai ser abordado com tanta profundidade. Então ainda é um lugar onde o infográfico sobrevive. ENTÃO É PRIMEIRO COM OS JORNALISTAS E DEPOIS PARA O DESIGN? O ideial seria como quando nós tínhamos um profissional dedicado a cuidar dos infográficos, que foi o Lúcio, o Rafael que trabalhou aqui, eles costumavam a sentar aqui com a gente. Queremos um infográfico tal. A partir do momento que você tem um profissional deslocado para isso, é obrigatório que você utilize o máximo dele. Como você consegue fazer isso? Eu gostaria que ele fosse assim...dá para fazer? Não. Aqui eu acho interessante se você pudesse fluir... há uma conversa com base nos programas dele de editoração, com a informação que a gente tem para não transformar numa bagunça. ENTÃO NÃO TEM UMA PAUTA ESCRITA? É tudo na base da conversa. Quando a gente tem um gráfico muito grande, ou quando vai se trabalhar uma pauta gráfica que é muito grande, aí eu já antecipo, é raro, e passo tudo por escrito, detalhado. Eu acho que a parte de conteúdo é o que você precisa apurar. Vamos para o prático, qual a editoria que seria mais fácil de utilizar gráficos além do esporte? Economia, cotidiano quando você faz comparativos. Gráfico, automaticamente ele pede alguma coisa numérica, ele é sempre utilizado atrelado a números. Aqui nos gráficos que nós utilizávamos era muito frequente isso. Na maior parte das vezes é assim.

5. Como é construída a pauta do infográfico? // ARTE: como é que o repórter e o editor pautam o design gráfico ou o infografista? Então para a elaboração da informação visual, varia do tipo de gráfico que você vai utilizar. Se eu for trabalhar num gráfico focado da visualização de dados, com alguma ilustração, ele costuma ficar fechado com o pessoal da paginação. Se eu for trabalhar um gráfico com uma informação visual focada 46


na fotografia ou como uma charge ou com ilustração, aí chama o chefe da fotografia, que aí ele pode dizer como uma foto pode ficar melhor aproveitada e faz solicitação para o chargista, que não trabalha aqui no jornal, aí passa milimétricamente explicado para o e-mail dele.

6.

Como é feito/ qual o suporte tecnológico? Basicamente Corel Draw, Indesign, Photoshop, Excel e Word

QUAL A FORMAÇÃO DESSES PROFISSIONAIS DA ARTE? Acredito que hoje nós não temos um jornalista formado só nessa parte de comunicação visual. Temos uma jornalista, e uma estudante de jornalismo. VOCÊ VË QUE SERIA IMPORTANTE TER UM INFOGRAFISTA FORMADO EM JORNALISMO? EU PENSO ISSO NA COMUNICAÇÃO ENTRE REPORTER E INFOGRAFISTA. Ai eu devolvo para você com outra pergunta.

No seu curso de

jornalismo, você teve uma disciplina de planejamento gráfico ou uma aula de infográfico? Eu não sei se hoje os cursos de jornalismo preparam quem está se formando agora para esse tipo de trabalho. Se ele não dá essa formação, fica complicado eu pegar um jornalista formado e pedir para ele...senta ali que você vai ser o nosso editor gráfico. Ele pode ter as noções do Indesign, dos programas, mas ele não foi treinado específico para trabalhar essa questão visual. E isso pelo histórico de Campo Grande, você acaba encontrando em profissionais que trabalhavam em gráfica, que trabalhavam em outros veículos ou que trabalhavam como freelancer, ou que fizeram curso do Senai e Senac, que é o caso do Rafael que trabalhou com a gente, (...16’ – 16’36). Nos anos 90 nós já sentíamos necessidade disso e não tínhamos a formação acadêmica. Hoje, falando nisso, eu já não estou mais falando em Corel, nem indesign, eu já sou obrigado a falar em adobe premier, em flash e outras tecnologias para transpor isso para a tela porque é extremamente frequente. Muitos sites utilizam e se você não tiver um celular bom, um computador bom, não consegue absorver esse conteúdo também. Quer dizer, a dinâmica da informação extravando do conteúdo jornalístico, você também precisa de uma plataforma tecnológica adequada. ...eu sou diagramador também, mas eu não 47


tive essa base na universidade. Quando cheguei ali e precisei, eu disse: meu filho, se vira nos trinta!. Se você olhar hoje nas redações e encontrar jornalistas que saibam planejamento gráfico, que trabalham como diagramadores, é porque gostam. Porque em geral é formação técnica. Justamente por isso é curioso, porque o salário não é muito distante do que paga para um jornalista. Eu estava olhando a tabela do Sindijor hoje. Por 5h de trabalho para um jornalista de redação 1.700 reais. É mais ou menos isso que se paga para um paginador. Para o nosso mercado não é pouco, mas é um salário baixo.

7. EDITOR/ARTE - Qual o tempo que se tem para executar a tarefa? Nós temos um jornal diário que neste momento é fechado com 16 a 20 páginas com conteúdo diagramado, com uma equipe pequena para cuidar de toda essa parte visual. Temos 04, paginadores, uma pessoa para cuidar das fotos, e começam a mexer nessas páginas a partir das 16h, que é quando o fluxo de matérias começa a ser passado por assim dizer, para o tratamento de página. Isso pensando no material factual ou o previsto para o dia. Para eu também não sufocar esse pessoal, essa é uma métrica de trabalho minha, eu tenho que pedir isso antecipado. Vamos preparar esse material e eu quero material visual para daqui dois dias, para poder passar para o paginador, diagramador para ele poder avaliar qual a melhor forma de montar isso aqui com a gente, e para ele ter tempo também. Varia muito do profissional que você tem. Quando você tem um infografista próprio para isso ele resolve em horas isso. Quando você tem um pessoal, que além o infográfico ela tem outra pessoa para diagramar, está tomando tempo. Se é um gráfico simples, amanhã tem rodada da Libertadores, uma tabela dessa fica pronta fácil. Então, se nós não a pegarmos no S, nós podemos solicitar aqui e porque é uma coisa que você pode solucionar direto na pagemaker. Na edição de sábado sai pesquisa da sexta básica/sexta de produtos, que é semanal aqui. Porque é o jeito mais fácil de passar a informação. O gráfico, voltando para o começo, pelo menos aqui no jornal O Estado desde que eu estou aqui como editor, eu posso dizer que 70% a 80% dos gráficos estavam relacionados a alguma informação numérica porque é mais fácil você desenhar o número para o leitor. (21’45 – 21’55). Mas em geral

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quando você pega uma informação numérica, por exemplo (cada da folha 21’59 -22’25) eles já jogam o infográfico na foto para tentar ilustrar... Durante a minha passagem aqui eu sempre pedi para tentar tornar a informação mais didática pra ficar fácil, e as vezes a melhor forma é você conseguir sintetizar. E o melhor jeito de fazer isso é você desenhar isso para o leitor, onde você pega uma barra de 10 quadrados e você tira um e diz, meu amigo, é isso aqui que você perdeu! E AI QUEM VAI MONTAR ISSO É O JORNALISTA? O jornalista passa as informações e ele senta com o editor e o paginador e aí explica.

8. EDITOR/ARTE - na relação entre editor/repórter e o produtor visual, como acontece o processo de aprovação do material? Como é o relacionamento e a verificação das informações? A verificação ... o repórter fez a apuração e ele trouxe as informações, essa informação vai ser convertida em um gráfico. Ele senta com o editor eles começam a discutir o que seria interessante? É importante que a gente pegue essa, essa e essa informação. Repórter e editor, vão pegar a informação jornalística e ver a melhor forma de a tratar dentro de um gráfico. Com isso eles sentam com o paginador, diagramador ou artista gráfico... olha o gráfico fala disso, e nós precisamos destacar esse número, como a gente pode fazer? ... o repórter e o editor já chegam com uma primeira ideia. O paginador é a pessoa que vai ter o trabalho de colocar isso no papel, é quem vai dizer com base no conhecimento dele, na expertise dele e das ferramentas que nós temos à disposição, o quê que dá e o quê não dá para fazer, - porque muitas vezes, embora a informação fique desenhada, ela tem que estar próxima da exatidão no gráfico, ela não precisa ser 100% exata, não no conteúdo, na forma. Conteúdo sempre exato. Mas quando você vai fazer o gráfico pizza você não vai se importar se de repente uma fatia de 15% tenha o tamanho de 17% porque você sabe que quando o leitor bater o olho ali ele não vai prestar tanta atenção nisso. Ele vai prestar atenção se eu disser que é 17% e arrancar uma fatia 30% do gráfico por exemplo. Aí ele questiona é tão grande assim? Aí você passa uma imagem tendenciosa. É diferente...(exemplo dos 25%, ¼)... quando você joga isso em uma imagem para chapar na cara do seu leitor, vai 49


chamar atenção. E é uma das funções do gráfico também é essa, um jeito de você aproveitar o extremo de uma informação. Não precisa ser exato milimétrico, mas se você um gráfico e a fatia bem maior do que deveria ser, o impacto visual daquilo dá outro efeito na informação. Chama atenção. Cores, imagens, aquela coisa vibrante da página. Aquilo acaba indo para o inconsciente do leitor. Da mesma forma os gráficos numéricos que nós trabalhamos às vezes você não tem uma informação que ela é tão relevante assim, mas no número você ganha. A parte visual pode transformar uma informação em algo extremamente tendencioso, já vi isso– tiveram que fazer um Erramos porque o gráfico tinha sido rabiscado errado e tinha tendenciado o leitor ao erro.

9. Há algum tipo de avaliação, da parte do público, sobre o uso de recursos visuais? Nesse período eu não me lembro de alguém ligar especificamente para contextar um gráfico. Já vi ser elogiado. Já li na pesquisa que o gráfico tornou a informação mais fácil de ser absorvida, que o gráfico poderia ter ficado um pouco maior para ter mais visibilidade na página. Em geral, a ideia que nós temos é que a aceitação é positiva, indo pelo copo cheio, ninguém reclamou. QUAL O ESPAÇO QUE ELE OCUPA NA PÁGINA? Depende muito do que você vai colocar ali dentro. Às vezes um gráfico é feito para passar a escalação de um time de futebol. Depende muito da matéria, do assunto. A partir do momento que você pede um gráfico e diante das dificuldades que eu te passei, de equipe e de recursos, você começa a ver esse material com outros olhos. Eu normalmente colocaria esse material para ser um abre.(...) o ideal é não utilizar fontes pequenas, pra não dificultar a leitura, tentar dar uma visibilidade na informação, evitar coisas que deixam muito confuso com muitos dados, um gráfico com muita informação acaba mais confundindo do que informando, então a gente tenta optar por coisas mais simplificadas para não dar esse rolo.

10. Qual a dificuldade do mercado em manter a produção de infográficos no jornal diário? O motivo se dá pelo custo com profissionais ou falta de

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profissionais capacitados para produzir esse tipo de ferramental jornalístico? Aqui em MS nós não temos muitos veículos especializados. Eu acho que quando você começa a falar em uma imprensa especializada, se fala de alguns sites e revistas de negócios, alguns sites na área esportiva, poucos sites na parte de cultura, e muito noticiário geral, o jornalão que saiu do impresso e foi para a internet. Estão todos sujeitos a crise que a imprensa passa hoje, que é uma questão financeira e técnica. O maior site de MS hoje, que eu acredito pelo o quê eles divulgam, é o Campo Grande News e é extremamente rara ver material gráfico. Eles já publicaram no passado. Até porque eu acho que eles estão sem profissionais especializados e dificilmente esses veículos para isso. Essa carga é dividida entre os profissionais. Por tudo isso que eu te disse, por conta de uma questão de custo, você consegue passar a informação do jeito A e do jeito B. o jeito A é o jeito infográfico vai deixar a coisa mais brilhante, mais interessante, com toda certeza. Se puder fazer isso com o jeito B com o mesmo brilho, ou com igual esmero, que é o caso de você jogar no texto ou trabalhar a informação de um jeito mais simplificado, o efeito acaba sendo o mesmo. O importante é você transmitir a informação com exatidão. É por isso que você não acaba trabalhando tanto. Mas sempre se procura alternativas. Qual a alternativa que nós temos hoje? É a agência GRAFFOS. Acho que a gente trabalha com a agência GRAFFO desde antes de eu entrar aqui. Desde 2008 é que somos clientes.

11. Quais os motivos que levam a comprar infográficos? Você não tem como manter um profissional desse tipo. Não sei o valor exato da assinatura hoje, mas com toda certeza é menor que os salários de um profissional. E qual é o caso do GRAFFO? Eu consigo trabalhar com antecedência. Eu passo as informações por e-mail. Eles têm o banco de pauta deles, mas eles também trabalham ON Demand. Se eu preciso de uma criação eles só me pedem que eu envie isso com dois dias de antecedência porque eles vão destacar alguém da equipe para poder mexer. Não trabalhamos com frequência, mas já aconteceu deles mandarem por email. MAS SERIA MAIS BARATO DO QUE TRABALAHR COM UM CLT? 51


Exemplo dos correspondentes O que o Graffos faz como agência, é o que a Folhapress faz como fornecedora de notícias, um mesmo conteúdo para 50 a 60 jornais, que vão pagar não o valor de um repórter, mas pagam uma parte do que pagaria para o repórter. Mas o valor da assinatura da Folhapress é próximo ao salário de um editor por mês, com fotografia, matérias, materiais de tabela, nós não temos infográfico deles porque eles cobram separado. Então, seria mais a questão que você vai trabalhar isso e o custo / benefício, o espaço que você vai ter. Infelizmente jornalismo não se banca com assinatura.

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7.3.2 – A PALAVRA DO PROFISSIONAL DA ARTE Emerson Orquiola – editor de arte co-criador do projeto gráfico do jornal, está há 14 anos no veículo, mas hoje atual no site. Formação: técnico em comunicação visual e design gráfico e treinamento específico na área e já foi chefe da editoria de artes.

O infográfico na verdade é uma questão que nem entrou no jornal por opção, é obrigatório praticamente. Caminha junto com a diagramação. Tanto para ilustração de imagem ou texto, o infográfico é essencial. Não tem como fugir disso. O que acontece é que no início do jornal, nas primeiras edições, nós não explorávamos tanto por uma questão de não ter espaço e também porque era uma cultura daqui não usar muita informação visual porque ele requer mais espaço, tem que ter uma editoria e aí entra a editoria de arte. Agora quando começou...se você olhar nas primeiras edições não tem. Tem gráfico, tem tabela que são coisas distintas e que são mais usados nos jornais, mas infográfico em si, com todos os elementos juntos aí a gente tem usado pouco. O jornal começou a usar depois de um ano (do seu início) aí que se viu a necessidade. Mas o infográfico só entrou forte no jornal depois que teve a reformulação gráfica em 2005, quando começamos a usar no dia-dia. (editor da época Hélio de França e Pio Lopes)

O que isso mudou na rotina do jornal? Quando começamos as mudanças gráficas no jornal, começou a separar a equipe. Começou a ter uma pessoa exclusiva no tratamento de imagem, uma pessoa exclusiva para a criação de arte, porque no início todos faziam tudo, o que chamava paginação, até hoje chama, mas os jornais chamam de arte ou editoria de arte. Mas antes era paginação e todos tratavam fotos, diagramavam as páginas, faziam arte, todos faziam de tudo um pouco. Mas quando mudou o projeto gráfico, teve pelo menos 2 profissionais específico, um para imagem e um para arte exclusivamente.

E você sabe dizer qual era a média de pessoas dessa equipe?

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No início nós tínhamos 5 profissionais na paginação, depois no ponto mais alto chegamos a 8 funcionários com um número maior de páginas e o uso do infográfico diariamente, hoje a equipe reduziu novamente e voltou para 5 profissionais. Hoje não temos um especialista em infografia. Todos são capazes, mas não era como antes que tinha um profissional exclusivo para fazer infográfico.

Qual a formação de cada um? Não tem formação, só conhecimento técnico e experiência comprovada na área.

Reformulação em 2105 – o que mudou para o infográfico? Não mudou nada, entra na rotina normal.

Como vê a relação entre repórter e produtor visual? há dificuldade de comunicação? Existe dificuldade, mas quando nós tínhamos um infografista, eu ainda estava na chefia da editoria de arte, eu fazia questão que o infografista participasse da reunião de pauta, tanto a principal como a de fechamento também para ter todas as informações. E o infografista tinha o contato direto com o repórter para concluir o material.

A apuração da notícia, ela vem toda do jornalista ou quando vai para o infografista ele ainda precisa pesquisar mais alguma coisa? Não. Mas às vezes falta uma matéria que o infografista acrescenta algumas informações que nem no texto contém. As vezes o jornalista extrai os números da matéria, põe em uma forma visual, de repente na criação desse infográfico vê as necessidade de acrescentar alguma informação para complementar por questão visual também. Mas ele não tem essa autonomia de incluir informação sem ser pelo editor ou o repórter para confirmar. Mas apuração não. 100% vêm do repórter. Ele monta, mas é fiel a informação da matéria e do repórter porque já foi feita essa apuração. Só o que seja necessário acrescentar, aí ele pode. Tem situações que a arte pede pelo estilo de criação da arte. 54


Você falou que existe uma dificuldade. qual a principal dificuldade e como isso pode ser sanado? Acho participar no início da pauta. O normal é que a matéria já chege pronta, nela tem alguns números que são interessantes explorar, e as vezes para infografia só tem a que é número e mais nada. Aí acontece do repórter já ter encerrado o horário dele, a matéria está pronta, às vezes se tivesse uma conversa melhor ele poderia direcionar para enriquecer mais a matéria, porque aí entra na apuração porque não adianta apurar no final do dia porque a arte é sempre no final do dia.

Por acaso vc já trabalhou com pauta escrita ou é tudo oral? Por escrito não, mas quando eu era editor eu já pegava o material antecipado. Eu participava da reunião e já tinha um conteúdo pré-definido e eu já ia antecipando muita coisa. Não adianta ter essa relação do infografista e repórter, na verdade tem que começar com o editor de arte, ele que direciona tudo senão não acontece, ou pode acontecer de uma forma simples ou trágica também. Se ele tem que fazer um infográfico pra manhã e já tem que estar sabendo um dia antes pelo menos ou no começo da manhã, antes do infografista chegar.

Planos para intensificar o infográfico? Isso entra numa questão estrutural, de pessoas, Isso depende se tem equipe versos investimentos. Até porque muitos jornais põem como opção. Todos querem, mas aí entra a quantidade de páginas, equipe para fazer, tempo. Sobre 2011 e 2012 Lúcio foi contratado com a função específica de infografista, sentíamos essa necessidade.

Sentíamos... quem sentia? Parte do projeto gráfico. Quando se montou previu o infográfico, mas no dia-dia, nem sempre ele é aplicado por N questões. Nisso entra pessoal (funcionário específico), orientação do editor–chefe no sentido de que temos 55


que produzir, porque se não pedir não é feito. Até porque é mais cômodo você colocar uma foto e um texto. É prático e rápido. O criador do projeto gráfico (João Guedes) que é de fora, teve uma participação efetiva no jornal, começou a cobrar isso, e aí que se sentiu a necessidade de se ter uma pessoa pra só fazer isso. Eu transformo uma ideia principal em uma rotina nossa aqui, aí que entram as adaptações. Porque começamos a usar mais efetivo o infográfico nas páginas utilizadas não estavam correspondendo com a proposta do dono do PG. O Lúcio participava das reuniões enquanto eu era chefe da editoria de arte. Comecei como paginador, na época das 5 pessoas quando todo mundo fazia tudo. Depois houve a necessidade de ter uma chefia, aí fui promovido a chefe da paginação. Houve todo um processo de reformulação, aí houve a necessidade de ter um editor de arte, uma responsabilidade maior, tinha que participar de todas as reuniões e acompanhar toda a parte editorial do jornal e fazer a ponte entre a redação e a paginação.

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