UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL - HABILITAÇÃO EM JORNALISMO
AS MULHERES DA CIDADE DE DEUS Radiodocumentário sobre histórias de luta e resistência
ALESSANDRA SCHWANTES MARIMON GUILHERME DE SOUZA PIMENTEL
Campo Grande 2º Semestre/2015
AS MULHERES DA CIDADE DE DEUS Radiodocumentário sobre histórias de luta e resistência
ALESSANDRA SCHWANTES MARIMON GUILHERME DE SOUZA PIMENTEL
Relatório apresentado como requisito para aprovação na disciplina Projetos Experimentais do Curso de Comunicação Social / Jornalismo da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.
Orientadora: Profª. Drª. Katarini Miguel
UFMS Campo Grande 2º semestre/2015
ATA AVALIAÇÃO VERSO
SUMÁRIO
Resumo ....................................................................................................................05
1 - Alterações no plano de trabalho..........................................................................06
2 - Atividades desenvolvidas.....................................................................................07 2.1 Período preparatório.................................................................................07 2.2 Execução..................................................................................................07 2.1.1 Bloco 1 – Dia a dia na favela.......................................................09 2.1.2 Bloco 2 – Mulheres que lutam.....................................................09 2.1.3 Bloco 3 – Resistência..................................................................10 2.1.4 Bloco 4 – Gênero.........................................................................10 2.1.5 Bloco 5 – Ser mulher...................................................................11 2.3 Revisão Bibliográfica.................................................................................11 2.3.1 Livros............................................................................................11 2.3.2 Redes, Sites e Outros..................................................................12
3 - Suportes teóricos adotados .................................................................................15 3.1 Favela cidade de Deus..............................................................................15 3.2 Raça, gênero e classe...............................................................................18 3.3 Jornalismo de resistência..........................................................................21 3.4 Jornalismo radiofônico...............................................................................22
4 - Objetivos alcançados............................................................................................25
5 - Dificuldades encontradas......................................................................................26 6 – Despesas (Orçamento)........................................................................................27 7 – Conclusão............................................................................................................28 8 – Apêndice..............................................................................................................30
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RESUMO
Este trabalho consistiu na elaboração de um radiodocumentário sobre as mulheres da favela Cidade de Deus, em Campo Grande (MS). Procuramos compreender e expor as relações de luta e resistência dentro da comunidade, a fim de dar voz a esse grupo socialmente marginalizado. O trabalho, intitulado "As mulheres da Cidade de Deus – radiodocumentário sobre histórias de luta e resistência", possui uma narrativa descritiva - em primeira pessoa do plural - e se baseia em histórias contadas pelas entrevistadas. O uso da descrição no jornalismo serve de suporte para a construção imagética, assimilação e imersão do ouvinte na narração. Dividido em cinco blocos, o trabalho aborda temas como a questão de gênero, o cotidiano da mulher na favela, as dificuldades enfrentadas por elas dentro da comunidade e a luta por moradia e permanência no local. A abordagem desses temas e a escolha do formato, pouco usual no Brasil, evidenciam a relevância do projeto, que vai ao encontro das práticas de jornalismo contra-hegemônicas e compromissadas com a função social. PALAVRAS-CHAVE: Radiodocumentário; Mulheres; Cidade de Deus; Gênero; Favela; Jornalismo Luta; Resistência;
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1 - ALTERAÇÕES DO PLANO DE TRABALHO A ideia inicial do radiodocumentário "As mulheres da Cidade de Deus – radiodocumentário sobre histórias de luta e resistência" era focar nas histórias de mulheres da Cidade de Deus partindo de recursos narrativos. Mas, por conta do produto e do tema escolhidos, decidimos utilizar uma linguagem essencialmente descritiva e coloquial, observando a necessidade de situar o ouvinte na favela. A locução tornou-se mais informal e menos sisuda, o que permitiu maior aproximação, tanto dos locutores quanto dos ouvintes, com a realidade dessas mulheres. A música "Capital sem favela" do grupo de rap Falange da Rima, usada em uma primeira versão do produto foi substituída pelas canções "Deus é do Gueto" (abertura) e "Ela Encanta" (fechamento), de Marina Peralta. A alteração se deu por considerarmos que as músicas da cantora traduzem de forma mais clara a proposta do radiodocumentário, enfatizando questões de gênero e resistência. Inicialmente, contávamos com apenas quatro blocos, mas devido à complexidade do tema e à grande quantidade de informações obtidas, julgamos necessária a inserção de um quinto e último bloco. Esse bloco resume o entendimento dessas mulheres sobre o significado de ser mulher. O
título foi alterado para “As mulheres da Cidade de Deus –
radiodocumentário sobre histórias de luta e resistência”, na tentativa de dar mais notoriedade ao formato produzido. O título anterior, não tinha a palavra Radiodocumentário.
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2- ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
2.1 Período Preparatório: O interesse e a escolha do tema surgiram durante estágio supervisionado, em 2014, no jornal O Estado de Mato Grosso do Sul. Realizamos visitas, entrevistas e fotografias no local, num período em que a favela detinha maior visibilidade midiática por conta de protestos, cortes de energia elétrica e ordens de reintegração de posse. O estágio também nos possibilitou maior entendimento sobre questões referentes à luta por moradia e conseguimos garantir alguns contatos na favela. A ideia do tema foi levada a reuniões com a orientadora para discutirmos um direcionamento. Ao reconhecermos a importância do protagonismo da mulher, da luta de classes e das reflexões de teóricos a respeito dos estudos de gênero, decidimos, portanto, dar voz apenas às moradoras daquela favela. Para termos maior liberdade criativa e de ferramentas não usuais, optamos pelo formato de radiodocumentário, que proporciona o uso do elemento descritivo, por utilizar somente recursos sonoros. Após esse período, buscamos leituras (próprias e sugeridas pela orientadora) de artigos que envolvessem a Cidade de Deus, os estudos de gênero, os formatos radiofônicos e as possibilidades a serem exploradas em relação à linguagem utilizada. As orientações semanais foram fundamentais para o planejamento do estudo e para o desenvolvimento do trabalho. Com a ajuda da professora orientadora, pensamos algumas estratégias radiofônicas que serviram para executarmos o radiodocumentário - como, por exemplo, a utilização de uma linguagem essencialmente descritiva e uma locução temporal que inserisse, com mais profundidade, o ouvinte, além de sons/vinhetas que despertassem a curiosidade e situassem, de maneira familiarizada, o local apresentado.
2.2 Execução: Já com um material em mãos (fotografias, entrevistas, personagens em mente), devido ao número de visitas durante os estágios, a aproximação e a
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confiança que havíamos conquistado com alguns moradores, os passos que seguimos à execução do trabalho foram a continuidade da leitura e da pesquisa sobre o tema, para entendermos mais profundamente a história da comunidade (como se deu a criação da favela, quem são as pessoas envolvidas, quais foram as ações da prefeitura, como ocorreram os protestos, etc). Concluída a etapa, realizamos uma visita à Cidade de Deus, no dia 15 de outubro de 2015. Colhemos um total de quatro entrevistas, gravadas em áudio, todas com mulheres (incluindo duas "lideranças" ou "comissão de frente): Mariana Gonçalves, Francisca Barrios, Nazaré Pereira de Moura e Elissandra da Silva Sobral. Também captamos sons ambiente para servirem como auxílio para a criação de BG's (backgrounds) e outros complementos sonoros. No dia 06 de Dezembro de 2016, realizamos mais uma visita à favela, onde coletamos mais três entrevistas gravadas. As entrevistadas foram: Alessandra Silva, Erika Gregório e Vanessa Rodrigues. Já na última visita, no dia 17 de janeiro do mesmo ano, entrevistamos Giuliana Dutra, Ivaneide de Souza, Tatiane Lourenço e Viviane Araújo, finalizando as gravações necessárias para a produção do material. Após essa etapa, demos início a montagem técnica do produto, selecionando e editando as entrevistas (sonoras), para então, começarmos a elaboração do roteiro. (Roteiro segue no apêndice, página 28) Já com o roteiro definido, fizemos a gravação dos offs em três dias. Não conseguimos utilizar o Laboratório de Radiojornalismo da Universidade por incompatibilidade de horários. Optamos, então, por fazer as gravações em casa, diretamente no computador, com mais tempo e liberdade para experimentações e exercitando uma parte prática fundamental para atingirmos o objetivo desejado: uma locução coloquial e descritiva. Decidimos, também, que todas as questões técnicas em relação à edição do radiodocumentário seriam feitas por nós. Em duas semanas, entre edições e orientações,
concluímos
nosso
objetivo
prático,
resultando
em
um
radiodocumentário com 25 minutos de duração. A última semana do nosso deadline para entrega deste Projeto Experimental foi dedicada à finalização da parte teórica do trabalho.
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Planejamos a divisão do radiodocumentário em cinco blocos temáticos: 1º bloco – dia a dia na favela/trabalho; 2º bloco - mulheres que lutam (participação em manifestações em prol de moradia e de permanência no local; ordens de reintegração de posse, etc); 3º bloco - resistência; 4º bloco - gênero e 5º bloco - ser mulher (o entendimento das entrevistadas sobre o que é/como é ser mulher; relação mãe/filha/esposa/trabalho/lar). 2.2.1 Bloco 1 - Dia a dia na favela A introdução é composta por uma vinheta que utiliza elementos típicos do formato escolhido. A passagem pelo dial do rádio serviu para sinalizar o começo e o término de cada bloco. A vinheta é utilizada também, na introdução do bloco, intercalada com música e, depois, por sonoras de reportagens televisivas nas vozes de jornalistas mulheres, que resumem algumas situações enfrentadas na favela. Além da vinheta, também utilizamos BG's (backgrounds) em todos os offs (locução). Os BG’s são os sons ambientes da favela, utilizados para situar o ouvinte. Na
locução,
que
introduz
o
primeiro
bloco,
optamos
por
realizar
uma
contextualização histórica que recupera o passado da Cidade de Deus e introduz a localização da favela, a data de ocupação, o número de famílias, além de um resumo sobre as problemáticas do lugar. Na sequência, trocamos o BG pela trilha, a música “Deus é do Gueto”, de Marina Peralta, enquanto a locutora pronuncia o título: “As Mulheres da Cidade de Deus - radiodocumentário sobre histórias de luta e resistência”, marcando o início do radiodocumentário. Usamos nos offs uma linguagem descritiva. O primeiro bloco conta com um total de três entrevistadas - Francisca, Mariana e Nazaré - que nos descrevem sua rotina na favela e no trabalho. 2.2.2 Bloco 2 - Mulheres que lutam No início do bloco 2, fazemos uma contextualização sobre os protestos realizados pelos moradores da Cidade de Deus e seus desdobramentos. O estágio
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em um veículo de comunicação nos possibilitou cobrir todas essas manifestações, facilitando a construção de um texto narrativo-descritivo. Para esse bloco utilizamos depoimentos de mais três mulheres. Mariana, Tatiane e Vanessa. Elas nos contaram sobre como conciliar as movimentações políticas dentro da favela com o trabalho fixo ou doméstico e a educação dos filhos, bem como sobre o porquê de não participarem dos protestos, justamente para ressaltar a pluralidade de posições das mulheres. 2.2.3 Bloco 3 - Resistência No terceiro bloco, optamos por fazer uma breve descrição da resistência que as mulheres da Cidade de Deus enfrentam todos os dias, para permanecer naquele local sem acesso às condições básicas, como saúde, saneamento básico, energia elétrica e acesso à educação. Francisca, Ivaneide, Érika e Vanessa são as entrevistadas desse bloco. Elas nos contaram sobre a construção de seus barracos, denunciaram problemas ocasionados pela falta de atendimento médico e sobre o preconceito em relação a ser uma mulher favelada dentro do ambiente de trabalho. 2.2.4 Bloco 4 - Gênero Tatiane, Giuliana, Alessandra, Vanessa e Viviane foram ouvidas para a produção do quarto bloco. Decidimos dar ênfase na questão de gênero em relação a às problemáticas que essas mulheres enfrentam por causa do machismo. Nesse bloco, os relatos dessas mulheres deixam claro a necessidade do empoderamento diário de cada uma delas, para superar traumas causados por abuso sexual, violência doméstica e psicológica, gravidez e educação dos filhos, em um ambiente hostil.
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2.2.5 Bloco 5 - Ser mulher No último bloco, optamos por colocar a compreensão de cada uma sobre o que é ser mulher. Todas as mulheres entrevistadas no radiodocumentário deram sua opinião. Apesar da realidade ser a mesma para todas elas, as respostas foram de acordo com a vivência de cada uma. Após a última sonora das entrevistadas, usamos fade in com a trilha “Ela Encanta”, música de Marina Peralta. Durante a música, colocamos offs com a assinatura do radiodocumentário, questões técnicas e agradecimentos. 2.3 Revisão Bibliográfica: Os eixos teóricos que decidimos seguir englobam questões como: a importância e execução do jornalismo/mídia de resistência; os preceitos do radiojornalismo e radiodocumentário; as questões de gênero de maneira geral e com atenção especial à mulher periférica, além de artigos específicos sobre a favela Cidade de Deus. 2.3.1 Livros BARBEIRO, Heródoto; LIMA, Paulo Rodolfo de. Manual de radiojornalismo. 2. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2003. CHANTLER, Paul; SIM, Harris. Radiojornalismo. São Paulo: Summus, 1998.
DOWNING, John. Mídia radical: Rebeldia nas Comunicações e Movimentos Sociais. São Paulo: Senac, 2002.
MEDITSCH, E. B. V. . A nova era do rádio: o discurso do radiojornalismo enquanto produto intelectual eletrônico. Livros Leituras e Estudos da Comunicação, Lisboa, 2005. v. 1, n.2, p. 00-0.
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MEDITSCH, E. B. V. . Sete meias verdades e um lamentável engano que prejudicam o entendimento da linguagem do radiojornalismo na era eletrônica. In: ZAREMBA, L.;BENTES, I.. (Org.). Rádio Nova: Constelações da Radiofonia Contemporânea. 1ed.Rio de Janeiro: Publique-UFRJ, 2002, v. 5, p. 00-0.
2.3.2 Redes, sites, e outros: ANDRADE, Andreza. de O. Gênero e História das Mulheres: diálogos conceituais. In: XIII ENCONTRO ESTADUAL DA ANPUH - PB, 2008, Guarabira. História e Historiografia: entre o nacional e o regional. Campina Grande: Editora da UFCG, 2008. v. 1. p. 1-16. ANDRADE, T. P. ; Resistência na 'sociedade do controle': jornalismo alternativo, novas linguagens e tecnologia. In: 5º Simpósio Internacional de Ciberjornalismo, 2014, Campo Grande. Anais do 5º Simpósio Internacional de Ciberjornalismo, 2014. v. 1. CORREA, M. Do feminismo aos estudos de gênero: uma experiência pessoal. Cadernos Pagu (UNICAMP), Campinas, v. 16, 2001. CRENSHAW, K. Documento para o encontro de especialistas em aspectos da discriminação racial relativos ao gênero. Revista estudos feministas, v. 10, n. 1, 2002. DORNE, V. D.; SANTOS, E. F. S. ; GONCALVES, A. B. . Reflexões Sobre o Radiodocumentário "Visão de Liberdade: Os Olhos de Quem não Pode Ver": Da Proposta ao "Fazer". Revista de Iniciação Científica Cesumar, v. 17, p. 237, 2015. FILHO, André Barbosa. Gêneros Radiofônicos – os formatos e os programas em áudio. São Paulo: Ed. Paulinas, 2003.
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FREITAS, C. C. S. Associação de Mulheres: a resistência feminina nos assentamentos rurais. Em Extensão (UFU), v. 6, p. 40-50, 2008. FUNCK, S. B. A (in)visibilidade da mulher na mídia impressa: uma análise discursiva. Comunicação & Inovação, v. 8, p. 15-22, 2007. GITAHY, R. R. C. MATOS, M. L. . A evolução dos direitos da mulher. Colloquium Humanarum, v. 4, p. 74-90, 2007. IPEA – INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA et al. Retrato das desigualdades de gênero e raça. 4. ed. Brasília: Ipea; ONU Mulheres; SPM; SEPPIR, 2011. Disponível em: <http://www.ipea.gov.br/retrato/pdf/revista.pdf>. JOSÉ, C. L. História Oral e Documentário Radiofônico: distinções e convergências na formatação dessa categoria de programa. Conexão (Caxias do Sul), Caxias do Sul, v. 2, n.n.3, p. 121-132, 2003. LEMOS, E. M. ; SANTOS, S. R. ; DAVID, C. M. . Os Trabalhadores no Lixão de Campo Grande, Estado de Mato Grosso do Sul, MS. In: VI Seminário O Trabalho em Debate, 2012, Franca, SP. MANZANO, Rodrigo. Ouvido-repórter: por um radiojornalismo acústico. Conexão (Caxias do Sul), Caxias do Sul, v. 2, n.3, p. 111-120, 2003. MCLEISH, Robert. Produção de rádio: um guia abrangente da produção radiofônica. Tradução por Mauro Silva. São Paulo: Summus, 2001. ORTRIWANO, Gisela Swetlana. A informação no rádio: os grupos de poder e a determinação dos conteúdos. São Paulo: Summus, 1985. ROCHA, L. B., CABRAL, N. Pesquisa em radiojornalismo como ferramenta de Aprendizagem: considerações sobre uma metodologia voltada a uma cobertura jornalística alternativa. ECA-USP, São Paulo, 2011, v. 1. p. 1-13
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ROCHA, S. S. D. O espaço da descrição no rádio. Uniceub, Brasília, 2010, p. 1-50. SANTOS, S. R. dos. “Favela “Cidade de Deus” e os catadores de materiais recicláveis do aterro controlado em Campo Grande, MS.” 2012. 81 p. (Dissertação de Mestrado em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional). Universidade Anhanguera-Uniderp, Campo Grande-MS. SAFFIOTI, H. I. B. Já se mete a colher em briga de marido e mulher. Perspectiva, São Paulo, v. 13, n. 4, p. 82-91, 1999. SOUZA, L. L. Gênero, periferia e identidade: Coletivo “Nós, mulheres da periferia”. CELACC/ECA - USP, 2014, São Paulo, SP. SILVA, E. P. Território e conflito - Mulheres em situação de violência na Favela de Paraisópolis e a Arte de Sobreviver na Adversidade. SBIBAE, 2015, Londrina, PR. VIII Seminário de Saúde do Trabalhador (em continuidade ao VII Seminário de Saúde do Trabalhador de Franca). UNESP/ USP/STICF/CNTI/UFSC, 25 a 27 de setembro de 2012 – UNESP- Franca/SP Os Trabalhadores no “Lixão” de Campo Grande, Estado de Mato Grosso do Sul (MS). WIRTI, D. H. M. BERNADELLI, M. L. F. A favela Cidade de Deus em Campo Grande - MS: Gênese, conflitos e a negação do direito à moradia. UEMS, Campo Grande, 2015, p. 1-26.
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3- SUPORTES TEÓRICOS ADOTADOS 3.1 FAVELA CIDADE DE DEUS Os grandes centros urbanos brasileiros sofrem de déficit habitacional ocasionado pelo surgimento de favelas. Como pontuam os autores Wirti e Bernadelli (2015), o processo de urbanização é marcado por contradições sociais e conflitos que se materializam nas cidades, devido à forma como a sociedade encontra-se estruturada, segmentada em classes sociais, à existência da propriedade privada da terra, à relação capital-trabalho. Os autores explicitam que a ausência e/ou precariedade de políticas públicas vem agravando as desigualdades socioespaciais. A luta pelo acesso à habitação de forma coletiva e planejada vem desde o começo da década de 1960 na cidade de São Paulo. Mais recentemente, tiveram repercussão a desocupação do Pinheirinho, em São José dos Campos (SP), e a ocupação denominada Estelita, em Recife (Pernambuco), bem como as remoções que foram feitas nas cidades que sediaram a Copa do Mundo de 2014 no Brasil (WIRTI E BERNADELLI, 2015). A ilegalidade da posse da terra é inerente ao surgimento das favelas. Os moradores não detêm o título de propriedade sobre o qual assentaram a habitação e, em geral, são terras sem uso anterior, pertencentes ao Estado ou a proprietários particulares. Wirti e Bernadelli (2015), afirmam que o surgimento das favelas é resultado das contradições sociais derivadas da existência da sociedade de classes, da mercantilização da terra e especulação imobiliárias, do baixo valor do salário mínimo, etc. A favela Cidade de Deus, em Campo Grande (MS), surgiu com o nome de "Cidade de Deus I". Os primeiros barracos foram erguidos entre os anos de 2008 e 2009. Naquele momento, como explicam Wirti e Bernadelli (2015) já havia uma certa organização por parte dos habitantes da favela, que procuraram o poder público solicitando moradia. Em dezembro de 2010, a prefeitura entregou 68 casas da primeira fase do Residencial José Teruel Filho. Em Abril de 2011 foram entregues outras 112 casas e em setembro mais 182, totalizando 362 residências. Mas o déficit habitacional em
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Campo Grande não foi resolvido. Na mesma época, o governador André Puccinelli (PMDB) e o prefeito Nelson Trad Filho (PMDB) anunciaram o “Programa de Desfavelamento”, adotando a alcunha de “capital sem favelas”. A forma de atuação desse governo se baseava na fiscalização e na coerção. O grupo de rap “Falange da Rima” ironiza a afirmação falsa dos gestores com a música “Capital sem favela” (WIRTI E BERNADELLI, 2015). No final de 2012, uma nova ocupação aconteceu, junto ao residencial recémterminado, com o nome de Cidade de Deus II. Os autores lembram que a ocupação deu início com 40 famílias, que dividiram os lotes em terrenos de 200 metros quadrados. Uma semana depois a favela tinha 180 famílias. Segundo os mesmos autores, no final de 2012 Alcides Bernal (PP) foi eleito prefeito após duas décadas de poder do PMDB. A configuração dos programas e políticas públicas relativas à questão da moradia foi alterada. Em 2013, uma disputa de poder entre a prefeitura e a Câmara de Vereadores resultou na cassação do mandato do prefeito, consumada em março de 2014. A prefeitura foi assumida por Gilmar Olarte (PP). Nesse cenário político, a ocupação da favela só aumentou, culminando em um total de 470 famílias no final de 2014. Naquele mesmo ano, o problema de habitação das famílias da Cidade de Deus apresentou novo agravante. A concessionária de energia, Energisa, cortou as ligações improvisadas pela população. Em meados de 2014 a prefeitura repassou dois geradores para acabar com as ligações clandestinas, porém, meses depois, foram retirados pela prefeitura, como forma de pressionar os ocupantes a sair da área. Com efeito, as ligações irregulares voltaram a acontecer e os moradores permanecem por lá (WIRTI E BERNADELLI, 2015). A Cidade de Deus está localizada no sul de Campo Grande, na região denominada Anhaduizinho. Faz divisa com o bairro Dom Antônio Barbosa e com o antigo lixão de Campo Grande, localizado nas proximidades, na BR-262, e se encontra em processo de transição para um aterro sanitário. Tal processo provocou impasse entre os catadores e as questões ambientais, além de irregularidades na obra, financiada com recursos do governo federal, e o impedimento da entrada dos trabalhadores no local, gerando conflitos com a empresa (WIRTI E BERNADELLI, 2015).
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Na favela, as casas são montadas de improviso e o suprimento de energia e de água nos barracos não é feito nos padrões regulares. Os moradores adotam a prática de ligações clandestinas para terem acesso à energia elétrica e à água. No local atuam organizações não governamentais e governamentais, por meio de serviços oferecidos em equipamentos de Educação, Saúde, Assistência Social e Geração de Renda, bem como por intermédio de representação comunitária e parcerias (LEMOS; SANTOS; DAVID, 2012). No que se refere à Educação, os mesmos autores afirmam que as crianças têm acesso ao Centro de Educação Infantil (CEINF), localizado no bairro Parque do Sol, e às escolas municipais que ficam no bairro Dom Antônio Barbosa, no Parque do Lageado, no Jardim Pênfigo e no Jardim das Hortênsias, além de uma escola improvisada dentro da favela. Quanto à Saúde, os autores afirmam que a população pode recorrer ao Centro Regional de Saúde, localizado no Bairro Aero Rancho, e à Unidade Básica de Saúde da Família (UBS), no bairro vizinho Parque do Lageado, e também contar com o trabalho do Agente Comunitário de Saúde (ACS), vinculado ao Programa da Saúde da Família (PSF). Nas palavras de Santos (2012, p. 40), há um “[...] verdadeiro descaso do poder público com a condição de vida daquelas pessoas [...]”. Essas pessoas estão vulneráveis a adquirir doenças, a serem contaminadas por metais pesados (cobre, chumbo), por fumaça e gás metano. No “lixão” não existem instalações sanitárias e nem água, a não ser o líquido do chorume. Bem como lembram Wirti e Bernadelli (2015), a ocupação que originou a favela Cidade de Deus busca solucionar duas problemáticas: garantir a reprodução social de seus habitantes que não podem adquirir moradia digna e estabelecer uma forma de pressão sobre o poder público para promover políticas habitacionais. São justamente essas questões de moradia, acesso saúde e educação, que o radiodocumentário colocou em discussão, mas sob a ótica exclusiva das mulheres que lá residem.
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3.2 RAÇA, GÊNERO E CLASSE Historicamente, as mulheres não são consideradas capazes de desenvolver tarefas diferentes daquelas estabelecidas pela sociedade e se restringem às profissões que reforçam o papel construído ao longo da história, como responsável pela educação dos filhos e afazeres domésticos. Na sociedade contemporânea, as questões de gênero apresentam muitos avanços relacionados à equidade nos campos do trabalho e relações entre gêneros, mas permanecem as dicotomias (SOUZA, 2014). No entanto, a história da mulher não é somente sobre sua opressão. É também de luta e resistência, na tentativa de banir preconceitos, recuperar sua condição de vida como ser humano igual, autônomo e digno (GITAHY, MATOS, 2007). A sociedade brasileira, na última década, tem testemunhado tanto a redução da pobreza como a diminuição das assimetrias na distribuição da renda. Mas é inquestionável a imensa desigualdade no país, que tem no racismo e no sexismo alguns de seus elementos estruturantes. São as mulheres negras que vivenciam as discriminações de raça e gênero, ocupando a camada mais baixa da hierarquia social. A distribuição de renda é profundamente marcada pela condição de raça e gênero. Se para a mulher branca de classe média, a inserção no trabalho remunerado é um ponto para sua autonomia, para a mulher negra da periferia, a participação no mundo do trabalho é, em geral, precoce e precarizada. O questionamento e embate promovidos pelo feminismo negro, permitiu perseguir uma visão mais plural do debate de gênero e das perspectivas de subordinação de raça, gênero e classe a que estavam submetidas mulheres negras (IPEA, 2011). Crenshaw (2002) adverte sobre as diferenças em torno da perspectiva de gênero. Na “superinclusão” não é possível identificar outra dimensão da discriminação. Já na “subinclusão”, problemas vivenciados por mulheres de um determinado grupo racial não são considerados, tanto porque não são identificados como problemas das mulheres, ao não serem compartilhados com mulheres do grupo dominante, como também não são percebidos como relevantes pelos homens
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do mesmo grupo racial. Na Cidade de Deus, a subinclusão pode ser notada por exemplo, nas relações de trabalho, no desemprego e nas divisões de tarefas do lar. A discriminação interseccional é particularmente difícil de ser identificada em contextos onde forças econômicas, culturais e sociais inserem as mulheres em uma posição em que são afetadas por outros sistemas de subordinação. Por ser tão comum, a ponto de parecer um fato da vida, natural, esse pano de fundo estrutural é, muitas vezes, invisível. O efeito disso é que somente o aspecto mais imediato da discriminação é percebido, enquanto que a estrutura que coloca as mulheres na posição de 'receber ' tal subordinação permanece obscurecida. Como resultado, a discriminação em questão poderia ser vista simplesmente como sexista (se existir uma estrutura racial como pano de fundo) ou racista (se existir uma estrutura de gênero como pano de fundo). Para apreender a discriminação como um problema interseccional, as dimensões raciais ou de gênero, que são parte da estrutura, teriam de ser colocadas em primeiro plano, como fatores que contribuem para a produção da subordinação (CRENSHAW, 2002). A população que vive na periferia de grandes centros urbanos é acometida por uma infinidade de fatores históricos, sociais e econômicos, que intensificam as formas de exclusão. A distância física dos centros das cidades, o baixo ou inexistente acesso a serviços públicos, a violência, os preconceitos e misérias, afetam as periferias. Para além das privações e exclusões, as favelas acolhem a população desejosa por transformação do status quo (SOUZA, 2014). O estudo Retratos das desigualdades de gênero e raça, realizado pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), mostrou que a taxa de escolarização de mulheres brancas no ensino superior é de 23,8%, enquanto, entre as mulheres negras, é de apenas 9,9%. Ainda de acordo com o Ipea (2011), as políticas de expansão das universidades, o Prouni, as ações afirmativas e outras políticas têm contribuído para os avanços nesta área, no entanto, as desigualdades raciais que determinam e limitam as trajetórias de jovens negras explicam a discrepância dos dados. É principalmente em relação aos afazeres domésticos que essa dimensão contribui para revelar desigualdades significativas de gênero. Nos domicílios, conforme aumenta o número de filhos, menor é a proporção de homens que cuidam
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dos afazeres domésticos. No estudo realizado pelo Ipea em 2009, nas famílias com nenhum filho, 54,6% dos homens e 94% das mulheres se dedicam a estas atividades. Nos domicílios com cinco filhos ou mais, são apenas 38,8% dos homens, para 95,7% das mulheres cuidando destes afazeres, problemática que conseguimos constatar no desenvolvimento do radiodocumentário. O desemprego é também uma realidade permeada de desigualdades de gênero e raça. Assim, a menor taxa de desemprego corresponde à dos homens brancos (5%), ao passo que a maior remete às mulheres negras (12%). No intervalo entre os extremos, encontram-se as mulheres brancas (9%) e os homens negros (7%) (IPEA, 2011). Compreendida na violência de gênero, a violência doméstica pode ocorrer no interior do domicílio ou fora dele, embora seja mais frequente o primeiro caso. Estabelecido o domínio de um território, o chefe, via de regra um homem, passa por um processo de territorialização do domínio, que não é puramente geográfico, mas também
simbólico
(SAFFIOTI,
1997).
A
violência
doméstica
tem
lugar,
predominantemente, no interior do domicílio e atinge majoritariamente as mulheres (SAFFIOTI, 1999). As mulheres negras e pobres são as mais vulneráveis quando se diz respeito à violência. Como pontua Silva (2015), a desigualdade social é uma das formas mais contundentes de violência no Brasil. A pobreza associada às questões de violências nos territórios incide diretamente na vida das mulheres – dificulta as possibilidades de autonomia e o acesso aos direitos essenciais, conformando um cenário complexo e propício a vários tipos de vulnerabilidades. O racismo, efetivamente, contribuiu sobremaneira para constranger a identificação da população negra, que tem, desde a segunda metade do século XX, participação crescente, especialmente nos anos 2000. Este movimento mais recente é atribuído notadamente ao aumento da autodeclaração, em que os indivíduos passam a se reconhecer como pardos e pretos com maior frequência. Este fenômeno, por sua vez, tem sido relacionado ao crescente debate sobre a questão racial, à influência dos movimentos de combate ao racismo e valorização da matriz africana e aos avanços das políticas de ação afirmativa (IPEA, 2011).
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Consideramos que a realidade da mulher negra e pobre é invisibilizada pela mídia, já que só é destacada quando envolta em vitimização e sensacionalismo. Assim, o radiodocumentário se mostrou um instrumento eficaz de reflexão ao dar voz a essas mulheres por meio de uma linguagem contra-hegemônica. 3.3 JORNALISMO DE RESISTÊNCIA Acreditamos que o jornalismo contra-hegemônico, em outras palavras, o jornalismo de resistência, nos serve como base para a construção do radiodocumentário, já que prezamos por um modelo que expressa uma visão alternativa
às
políticas,
prioridades
e
perspectivas
hegemônicas
atuais,
representadas em discursos do jornalismo tradicional. Fugir desses padrões nos dá a oportunidade de experimentar novas concepções da chamada "mídia radical" e, a partir disso, buscar dar voz a segmentos socialmente excluídos: neste caso, mulheres, em sua maioria negras, e faveladas. Assim sendo:
(...) Se toda forma de opressão tem sua própria intuição defensiva, todos os movimentos de resistência à humilhação e à desigualdade também descobrem sua própria sabedoria. (ROWBOTHAM, 2002 apud DOWNING, 2002 P. 53).
O jornalismo de resistência, como ferramenta social, torna-se imprescindível na desconstrução de sensos e estereótipos presentes na sociedade e reproduzidos em discursos midiáticos hegemônicos. Onde há opressão, há resistência. Esta é uma das lições originadas na teoria política contemporânea (POGREBINSCHI, 2004 apud ANDRADE, 2014) e explicita uma questão que perpassa a comunicação e o jornalismo. Diante dos discursos oficiais e hegemônicos, controlados por aqueles que detêm o poder, cabe ao jornalismo alternativo desafiar e combater (MENEZES, 2010 apud ANDRADE, 2014) as versões “imparciais” apresentadas pelos meios de comunicação tradicionais. À diferença destes, o jornalismo alternativo se define por
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“ter um posicionamento ideológico explícito” (MENEZES, 2010, p. 61, apud ANDRADE, 2014, p. 02), sendo marcado por sua contestação do status quo ou do senso comum construído pela mídia hegemônica. O jornalismo de resistência faz parte do conceito de mídia radical, que tem a missão não apenas de fornecer ao público os fatos que lhe são negados, mas também de pesquisar novas formas de desenvolver uma perspectiva de questionamento do processo hegemônico e fortalecer o sentimento de confiança do público em seu poder de engendrar mudanças construtivas. (DOWNING, 2002, p. 50). A resistência, em outras palavras, é resistência às múltiplas fontes de opressão, mas requer, por sua vez, diálogo nos diversos setores - por sexo; raça, etnia e nacionalidade; por idade; por categorias profissionais - para que possa efetivamente tomar forma. A mídia radical alternativa é central nesse processo. (DOWNING, 2002, p. 53). Desse modo, Downing (2002) afirma que uma estrutura em que as classes e o Estado capitalista são analisados meramente como controladores e censores da informação, o papel da mídia radical pode ser visto como o de tentar quebrar o silêncio e refutar as mentiras. Esse é o modelo da contra-informação, que tem um forte elemento de validade, especialmente sob regimes repressores e extremamente reacionários. 3.4 JORNALISMO RADIOFÔNICO A fim de não utilizar o formato padrão de produção de notícia, optamos por explorar um gênero não usual no Brasil: o radiodocumentário. Com a ascensão da internet e das novas tecnologias, acreditamos que o formato radiofônico desperta atenção do ouvinte. Além de companhia, o uso de técnicas específicas transforma ideia e palavra, em imagens auditivas, exigindo o desenvolvimento da criatividade e da percepção. A importância do rádio torna-se evidente ao passo em que serve como uma ferramenta de alcance para as massas (pessoas analfabetas/semi-analfabetas, por exemplo). Meditsch (2005) afirma que o rádio representa um meio de informação
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preferencial para os setores mais letrados da população, além de resistir às novas tecnologias dos meios de comunicação de massa. Ressaltando como o meio possui uma importante função social, André Barbosa Filho (2003, p. 49) salienta que o rádio “[...] atua como agente de informação e formação do coletivo”. O autor expõe que desde sua criação, tal mídia vem se estabelecendo como “[...] um serviço de utilidade pública, o qual exerce uma comunicação que em muito contribui para a história da humanidade” (BARBOSA FILHO, 2003, p. 49). O rádio provoca sentidos e estimula a imaginação, e consegue trazer pra perto, a realidade para o receptor. As palavras das outras pessoas causam mais impacto do que as suas, e que há sons muito mais importantes do que palavras. (CHANTLER; SIM, 1992). De acordo com José (2003), o gênero radiodocumentário multiplica as informações, em relação ao jornalismo corriqueiro. O aprofundamento que o gênero exige, não resume os fatos em um lide, mas sim, uma história do início ao fim, utilizando as fontes e os personagens para confirmarem a narrativa. José (2003) afirma que o radiodocumentário pode ou não, abordar temas essencialmente factuais. Ele deve trazer o assunto ao presente e mostrar para o ouvinte a relevância que o tema tem para a sociedade. Para McLeish (2001, p. 192), esse produto radiofônico não é apenas mais uma maneira de informar, mas também uma forma de promover reflexões e “[...] estimular novas ideias e interesses”, e é justamente isso que se procura mostrar com a produção deste radiodocumentário proposto neste projeto. O radiodocumentário se torna relevante não apenas no plano ideológico. O texto radiofônico consegue atingir um grande número de ouvintes simultaneamente, de forma coletiva e, ao mesmo tempo, individual, em lugares diversos, com opiniões, comportamentos, crenças e gostos bastante distintos e, mesmo assim, se fazer compreender. Através do rádio, “As pessoas podem receber suas mensagens sozinhas, em qualquer lugar que estejam” (ORTRIWANO, 1985). Westerkamp (2011) aponta que “sob diversos aspectos, fazer rádio é semelhante a compor música. Mesmo cuidado com a forma e o conteúdo deve ser tomado ao fazer rádio, assim como ao criar uma peça musical”. A autora faz tal
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constatação ao destacar a importância do equilíbrio dos sons no rádio, sobretudo no que diz respeito ao silêncio, o qual pode “ser realçado ou destruído pelo som”. Quando se faz rádio, surgem, entre outras, as questões: “quando ter som e quando ter silêncio; qual o sentido de tempo a ser criado; que sons selecionar; o que falar e como falar; como reter as dimensões do silêncio sob um fluxo de som; como atrair e manter a atenção do ouvinte”. (ROCHA, CABRAL apud WESTERKAMP, 2011). Consideramos,
portanto,
as
possibilidades
que
o
gênero
de
radiodocumentário oferecem, como a liberdade criativa para a composição de uma narrativa
descritiva,
que
sensorialidade do ouvinte.
combinadas
com
elementos
sonoros,
ativam
a
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4 - OBJETIVOS ALCANÇADOS
Após pelo menos sete meses de trabalho, atingimos o nosso objetivo principal, que era o de produzir um radiodocumentário, abordando o cotidiano de luta e resistência de mulheres moradoras da favela Cidade de Deus, por meio de relatos das diversas formas de organização social e política desse grupo. Fomos capazes de investigar parte da realidade social dessas mulheres a partir de observações, visitas ao local e da conquista de maior aproximação com as fontes. A construção de uma narrativa-descritiva atingiu os objetivos específicos. Pudemos criar um produto que situasse o ouvinte e criasse familiaridade com o ambiente relatado. Foi possível, também, reavivar parte da história da favela, por meio de pesquisas e entrevistas realizadas com as moradoras. Entender as questões de gênero, classe e raça, foram possíveis graças às leituras de artigos e documentos específicos, e tal objetivo se mostrou imprescindível para maior compreensão do tema. Outros objetivos específicos alcançados: propor reflexões a partir de relatos de luta e resistência das mulheres da favela, por meio da participação em manifestações populares e nas diversas formas de organização dentro da comunidade; explorar a capacidade comum entre a linguagem jornalística e descritiva, a fim de enriquecer e dar suporte para a realização o do produto. Quanto às questões técnicas, mantivemos a ideia de intercalar as locuções, no formato manchetado, para dar maior fluidez à narrativa, não centralizando a voz em apenas um locutor. O roteiro seguiu os padrões de um roteiro de jornalismo radiofônico e a edição dos blocos se deu da maneira desejada, sendo feita por nós (roteiro no apêndice).
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5 - DIFICULDADE ENCONTRADAS Mesmo já existindo uma aproximação e confiança com alguns moradores, percebemos certa dificuldade durante a realização das entrevistas, principalmente para que as moradoras se sentissem à vontade para responder algumas perguntas mais profundas e pessoais, associadas, essencialmente, às questões de gênero, à violência e às relações conflitantes com marido/companheiros e filhos. Algumas delas também tiveram dificuldade em nos relatar sobre a história da Cidade de Deus, tendo em vista que não existe nenhum registro histórico documentado. Além disso, o número atual de moradores do local é impreciso e resolvemos nos apoiar em um número adquirido por meio de relatos de líderes da comunidade. A carência de material acadêmico/científico sobre a Cidade de Deus impediu maior aprofundamento a respeito da história do local. Também não foi possível precisar alguns dados que pudessem complementar o estudo, como, por exemplo, o número exato de famílias. Outra dificuldade encontrada deve-se ao deslocamento até a favela, que se encontra, aproximadamente, a 15 km de distância do Centro de Campo Grande. Durante a execução do radiodocumentário, não conseguimos usufruir do Laboratório de Rádio da universidade, por incompatibilidade de horário, tal como frisado anteriormente, o que prejudicou a qualidade das gravações. Além disso, por optarmos realizar a edição sem auxílio profissional, enfrentamos dificuldades técnicas com as ferramentas do software escolhido.
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6 - DESPESAS
A principal despesa se relaciona ao deslocamento para a favela, feito de carro. Lista das despesas: 1) Deslocamento favela-residência: R$ 13,00 2) Dois exemplares do radiodocumentário em CD, para a banca de qualificação: R$ 4,00 3) Impressão do relatório para a banca de qualificação: R$ 9,50 4) Impressão do relatório para a banca de defesa: R$ 16,20 5) Encadernação do relatório para a banca de defesa: R$ 15,50 6) Três exemplares do radiodocumentário em DVD para a banca de defesa R$ 6,00
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7- CONCLUSÃO
O acirramento da pobreza e as metamorfoses da questão social na atualidade repercutem, sobretudo, no cotidiano das mulheres pobres e não é diferente no caso das moradoras da Cidade de Deus. Suas histórias de resistência explicitam-se nas várias formas de movimentação, na luta pela sobrevivência, na busca por trabalho, na criação dos filhos e na reivindicação de moradia. Considerando as questões de gênero, raça e classe social, o projeto experimental pretende mostrar, a partir de um radiodocumentário, a trajetória de luta e resistência das mulheres moradoras da Cidade de Deus sob uma ótica exclusivamente feminina. Por meio da utilização de recursos sonoros, dos formatos de radiodocumentário jornalístico e das pesquisas de campo, buscamos conhecer, documentar e relatar histórias de mulheres inseridas na realidade da favela. Procuramos entender como se dão as relações de luta e resistência dessas mulheres por meio da observação do cotidiano delas (como funcionam as relações sociais, o trabalho e como se organizam na luta diária). A universidade pública brasileira, como espaço de desenvolvimento de conhecimento e de reflexão, ainda se mostra estruturalmente tradicionalista e elitista. Apesar de a homogeneidade ainda ser parte do universo acadêmico, ao realizarmos o projeto experimental, a partir do Trabalho de Conclusão de Curso, fomos capazes de romper com parte desse espaço segregatório e buscar o entendimento de certas questões sociais de forma ampla e aprofundada, levando em consideração aspectos como gênero, classe social e raça. A relevância do projeto é evidente desde a essência, já que Mato Grosso do Sul, um estado conservador que mantém as marcas do coronelismo, ignora a realidade de milhares de pessoas sem acesso aos direitos humanos básicos. A mídia hegemônica regional encobre ou distorce grande parte dos acontecimentos na favela Cidade de Deus, onde concentram pessoas que encontraram, nas ocupações irregulares, um meio de sobrevivência. Dentro dessa comunidade, as mulheres negras se posicionam ainda mais abaixo da "hierarquia social".
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Enfim, produzimos um radiodocumentário de 25 minutos, que busca romper com o modelo dominante, tanto o midiático, como o político/social, que invisibiliza essa realidade.
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8- APÊNDICES ROTEIRO RADIODOCUMENTÁRIO
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Data: 21.MAR.2016
Locução:AlessandraMarimon / Guilherme Pimentel
Editora: TCC
Redatora: Alessandra Marimon / Guilherme Pimentel
Retranca: Luta e resistência / Cidade de Deus
VINHETA (RUÍDO)
RUÍDOS DE TROCA DE ESTAÇÃO
INTRODUÇÃO (SONORAS DE TV)
INTRODUÇÃO: 40''
VINHETA PASSAGEM DE BLOCO
RUÍDOS DE TROCA DE ESTAÇÃO
BG DURANTE TODOS OS OFFS
GUILHERME
ALESSANDRA
GUILHERME
NAQUELE DOMINGO DO DIA 17 DE JANEIRO DE 2016/ O SOL ARDIA TANTO NA PELE QUE PARECIA QUEIMAR COMO BRASA TODOS OS DESAVISADOS/ PRINCIPALMENTE OS DE PELE CLARA/ COMO A GENTE// OLHAMOS O RELÓGIO// EXATAMENTE DUAS HORAS DE ÔNIBUS PRA CHEGAR// O CÉU ESTAVA LIMPO/ A NÃO SER POR UMA NUVEM DE URUBUS QUE SE FORMAVA A UNS METROS DALI/ NO LIXÃO//
E NÃO FOI FÁCIL SE ACOSTUMAR COM O MAU CHEIRO// OLHARES CURIOSOS/ GENTILEZAS/ CRIANÇAS E/ PRINCIPALMENTE/ MULHERES/ MARCAVAM PRESENÇA NAS RUAS DE TERRA E BARRACOS IMPROVISADOS DA FAVELA CIDADE DE DEUS/ NO BAIRRO DOM ANTÔNIO BARBOSA/ PERIFERIA DE CAMPO GRANDE/ MATO GROSSO DO SUL//
O DOMINGO NESSA COMUNIDADE É TÍPICO DE ALGUMAS FAMÍLIAS BRASILEIRAS:/ MÚSICA ALTA/ CONVERSAS/ REUNIÕES FAMILIARES// E NÃO PODE FALTAR O CHURRASCO E A BOA E VELHA CERVEJINHA// DE LONGE/ UM PARQUINHO FEITO DE PEDAÇOS DE MADEIRA/ CORRENTES E PNEUS VELHOS/ ERA OCUPADO POR DEZENAS DE CORPOS MIÚDOS E SUJOS/ SÓ DE CALCINHA/ OU DE CUECA/ E DESCALÇOS//
2
Data: 21.MAR.2016
Locução:AlessandraMarimon / Guilherme Pimentel
Editora: TCC
Redatora: Alessandra Marimon / Guilherme Pimentel
Retranca: Luta e resistência / Cidade de Deus
ALESSANDRA
AS MÃES SE ABRIGAVAM EM UM BANCO NA SOMBRA DE UMA ÁRVORE/ TAGARELANDO E TOMANDO TERERÉ/ ATENTAS AOS FILHOS// A MAIORIA DAS MULHERES DA CIDADE DE DEUS ACIMA DE 18 ANOS É MÃE// TODAS AS ENTREVISTADAS DESSE RADIODOCUMENTÁRIO TAMBÉM SÃO/ OU SERÃO MUITO EM BREVE//
GUILHERME
MAS ESSA HISTÓRIA NÃO É SÓ SOBRE SER MÃE NA FAVELA// A VOZ DESSAS MULHERES É FUNDAMENTAL NA LUTA POR MORADIA E DIREITOS HUMANOS// SÃO ELAS QUE FAZEM TODAS AS TAREFAS DOMÉSTICAS/ LUTAM PELA FAMÍLIA/ POR SOBREVIVÊNCIA E CUIDAM DOS FILHOS//
FADE IN TRILHA DEUS É DO GUETO ALESSANDRA
AS MULHERES DA CIDADE DE DEUS/ PRECISAM ENFRENTAR AS DESIGUALDADES SOCIAIS/ O PRECONCEITO RACIAL E DE CLASSE/ A VIOLÊNCIA E O PESO DO MACHISMO EM MAIOR ESCALA/ DO QUE AS MULHERES BRANCAS// AS NEGRAS SÃO MAIORIA NESSA COMUNIDADE//
GUILHERME
TODAS ELAS RESISTEM// E CADA UMA DELAS/ TEM HISTÓRIAS PRA CONTAR//
TRILHA
DEUS É DO GUETO - MARINA PERALTA
VINHETA DE ABERTURA
AS MULHERES DA CIDADE DE DEUS - HISTÓRIAS DE LUTA E RESISTÊNCIA
FADE OUT TRILHA
ALESSANDRA
A FAVELA CIDADE DE DEUS COMEÇOU A SER OCUPADA PELA PRIMEIRA VEZ EM 2008 POR UMA ANTIGA MORADORA/ CONHECIDA POR LÁ COMO VERINHA// A ÁREA PASSOU A ABRIGAR CERCA DE 360 FAMÍLIAS/ QUE BUSCAVAM REFÚGIO EM BARRACOS DE LONA E MADEIRA// TUDO ERA FEITO NO IMPROVISO//
3
Data: 21.MAR.2016
Locução:AlessandraMarimon / Guilherme Pimentel
Editora: TCC
GUILHERME
Redatora: Alessandra Marimon / Guilherme Pimentel
Retranca: Luta e resistência / Cidade de Deus
NO FIM DE 2011/ A PREFEITURA ENTREGOU 430 RESIDÊNCIASNA REGIÃO DA FAVELA/ E REALOCOU A MAIOR PARTE DAS FAMÍLIAS// NO ANO SEGUINTE UMA NOVA OCUPAÇÃO ACONTECEU PRÓXIMA AO RESIDENCIAL RECÉM TERMINADO// HOJE/ DEPOIS DE TENTATIVAS DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE/ APROXIMADAMENTE 160 FAMÍLIAS SOBREVIVEM NO LOCAL/ SEM ACESSOÀ ENERGIA ELÉTRICA/ SANEAMENTO/ EDUCAÇÃO E SAÚDE/CONSIDERADOS ITENS DE LUXO//
ALESSANDRA
E TEM MULHER QUE TÁ NA FAVELA DESDE O COMEÇO DA OCUPAÇÃO// É O CASO DA EMPREGADA DOMÉSTICA FRANCISCA BARRIOS/ DE 52 ANOS//ELA MORA SOZINHA/ NO BARRACO NÚMERO 382/ FEITO DE PALLET E MADEIRA/ E ERGUIDO PELAS PRÓPRIAS MÃOS//A FRANCISCA É UMA MULHER QUE FAZ QUESTÃO DE MANTER SEU CANTINHO ORGANIZADO// SEU GOSTO DECORATIVO SE REVELA POR MEIO DE QUADROS PENDURADOS NA PAREDE/ QUE ESTAMPAMFOTOGRAFIAS DELA MESMA E TAMBÉM DOS NETOS PEQUENOS// DOIS LIVROS SOBRE SAÚDE/ BONECAS/ FOTOS DO ÍDOLO NEYMAR PREGADAS EM UM ARMÁRIO VELHO TAMBÉM COMPÕEM O VISUAL// A FRANCISCA/ UMA MULHER SENSÍVEL DE SORRISO LARGO/ RECEBEU A GENTE COM CARINHO//E CONTOU UM POUCO DO SEU DIA A DIA NA FAVELA E NO TRABALHO//
SONORA
FRANCISCA 21'' (DEIXA: DO DIA A DIA)
GUILHERME
JÁ A DONA DE CASA MARIANA GONÇALVES/ TEM 23 ANOS/ É CASADA E MÃE DE QUATRO MENINAS PEQUENAS// MORADORA DA FAVELA HÁ TRÊS ANOS/ A JOVEM/ AO LADO DO MARIDO/ EXIBE ORGULHOSA AS FOTOS PRODUZIDAS EM ESTÚDIO/ QUE MOSTRAVAM AS FILHAS RADIANTES USANDO VESTIDOS FLORIDOS// NA SALA DO SEU BARRACO/ UMA TV DE PLASMA/ LIGADA EM UM PROGRAMA DE ENTRETENIMENTO DE DOMINGO/ CONTRASTAVA COM O CHEIRO DE FEZES QUE SAÍA DO BANHEIRO/ POR FALTA DE SANEAMENTO//
4
Data: 21.MAR.2016
Locução:AlessandraMarimon / Guilherme Pimentel
Editora: TCC
Redatora: Alessandra Marimon / Guilherme Pimentel
Retranca: Luta e resistência / Cidade de Deus
SONORA
MARIANA 18'' (DEIXA:CUIDANDO DE CASA)
ALESSANDRA
ELISSANDRA SOBRAL/ DE38 ANOS/ CUIDA DO LAR COM A MESMA ATENÇÃO QUE DEDICA ÀS CRIANÇAS QUE BRINCAM AOS FINS DE SEMANA NO PARQUINHO IMPROVISADO//COM UM AR RETRAÍDO E UM SORRISO TÍMIDO/ A ELISSANDRA NOS REVELOU/ AOS POUCOS/ QUE É DONA DE CASA/VIVE HÁ TRÊS ANOS NA FAVELA E MORA COM O FILHO E O COMPANHEIRO//
SONORA
ELISSANDRA 24'' (DEIXA: JÁ ROUBA)
VINHETA PASSAGEM BLOCO
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Data: 21.MAR.2016
Locução:AlessandraMarimon / Guilherme Pimentel
Editora: TCC
Redatora: Alessandra Marimon / Guilherme Pimentel
Retranca: Luta e resistência / Cidade de Deus
2º BLOCO – MULHERES QUE LUTAM: AS MANIFESTAÇÕES SOBE BG DURANTE TODOS OS OFFS
GUILHERME
MANIFESTAÇÃO:// ATO DE EXPRESSAR UM PENSAMENTO/ UMA IDEIA// CONJUNTO DE PESSOAS QUE SE REÚNE PARA TORNAR PÚBLICA UMA OPINIÃO//
ALESSANDRA
2013 FOI UM ANO MARCADO POR MOVIMENTAÇÕES POLÍTICAS PELO PAÍSINTEIRO// PRA A FAVELA CIDADE DE DEUS/ SUA HISTÓRIA COMEÇAVA A SE TORNAR MAIS VISÍVEL AOS OLHOS DA SOCIEDADE/ GRAÇAS AOS PROTESTOS DE PESSOAS QUE REIVINDICAVAM MORADIA E PERMANÊNCIA//
GUILHERME
APÓS ORDENS DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE E PROMESSAS DE POLÍTICOS NÃO CUMPRIDAS/ A COMUNIDADE AGIU POR CONTA PRÓPRIA// EM 18 DE AGOSTO DE 2013/ MULHERES/ HOMENS/ JOVENS E CRIANÇAS FORAM ATÉ A PREFEITURA/ SEGURANDO FAIXAS E CARTAZES/ E EXIGIRAM UMA REUNIÃO COM O PREFEITO ALCIDES BERNAL/ PRA QUE ELE GARANTISSE MORADIA//
ALESSANDRA
SEM UMA SOLUÇÃO DEFINITIVA/ NO DIA 8 DE SETEMBRO DE 2014/ A RODOVIABR-262/ QUE FICA PRÓXIMA À FAVELA/FOI BLOQUEADA PELOS MORADORES// PNEUS/ MADEIRAS E GALHOS ARDIAM EM CHAMAS/ SERVINDO COMO BARRICADA// O PROTESTO GANHOU REPERCUSSÃO NA MÍDIA/ MAS MESMO ASSIM/ O PROBLEMA NÃO FOI RESOLVIDO//
GUILHERME
NO MESMO ANO/ DURANTE A MADRUGADA DE 15 DE SETEMBRO/ ESSAS PESSOAS OCUPARAMA FRENTE DA ENERGISA/ EMPRESA DE FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA DE CAMPO GRANDE/ EXIGINDOO RELIGAMENTO DA ENERGIA// A PREFEITURA/ ENTÃO/ CEDEU DOIS GERADORES PRA FAVELA/MAS/ COM HORA EXATA PARA LIGAR E DESLIGAR//
ALESSANDRA
TODOS ESSES MOMENTOS TEM ALGO EM COMUM: A PRESENÇA EM PESO/ DE MULHERES// DURANTE AS MANIFESTAÇÕES/VOZES FEMININAS ECOAVAM// ELAS CONVERSAVAM E NEGOCIAVAM COM OS RESPONSÁVEIS/ COM A POLÍCIA/ OS POLÍTICOS E COM A MÍDIA//
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Data: 21.MAR.2016
Locução:AlessandraMarimon / Guilherme Pimentel
Editora: TCC
GUILHERME
SONORA
ALESSANDRA
SONORA
Redatora: Alessandra Marimon / Guilherme Pimentel
Retranca: Luta e resistência / Cidade de Deus
ENTRE OS 12 MEMBROS QUE COMPÕEM A COMISSÃO DE FRENTE DAS MANIFESTAÇÕES/ ESTÁMARIANA//OS TRAÇOS INFANTIS E O SORRISO TÍMIDO/ NÃO TIRAM A IMPONÊNCIA DELA// ERA COMUM/ DURANTE OS PROTESTOS/VER UMA MULHER NEGRA E BAIXINHA/ QUE/ DE LONGE/ ATÉ SE CONFUNDIA COM UMA CRIANÇA/ MAS QUE AGORA/ OLHANDO DE PERTO/ PERCEBEMOS ALGUÉM COM ESPÍRITO DE LIDERANÇA E SEMPRE A PAR DOS ACONTECIMENTOS//
MARIANA 45'' (DEIXA: ...SEMPRE NO MEIO)
A DONA DE CASA/ TATIANE LOURENÇO/ DE 28 ANOS/ É CASADA E MÃE DEDUAS CRIANÇAS/: UMA MENINA DE 7 E UM MENINO DE 4 ANOS// HÁ TRÊS ANOS/ ELA E A FAMÍLIA MORAM EM UM BARRACO NOS FUNDOS DA CASA DE MARIANA/ E PARTICIPA/ DESDE O INÍCIO/ JUNTO COM A AMIGA E O CUNHADO/ DA LUTA PELA MORADIA// SEUS CABELOS PRESOS E PINTADOS DE LOIRO/ EM CONJUNTO COM UM SORRISO DESCONTRAÍDO/ SE DESTACAVAM NAQUELE AMBIENTE SUJO E EMPOEIRADO//
TATI 34” (DEIXA: COMO QUAQUER PESSOA)
GUILHERME
MAS NEM TODAS AS MULHERES DA FAVELA ACREDITAM NESSA LUTA//VANESSA RODRIGUES/ TEM 33 ANOS/ E TRABALHA/FAZ POUCO TEMPO/NO MUTIRÃO DE COMBATE A DENGUE// CASADA/ MÃE DE QUATRO FILHOS/DOIS ADOLESCENTES E DUAS CRIANÇAS/ ELA DEMONSTRA SIMPATIA DESDE O MOMENTO EM QUE SE APRESENTA// AO CONTRÁRIO DA MARIANA E DA TATIANE/ VANESSA OPTOU POR NÃO PARTICIPAR DAS MANIFESTAÇÕES//
SONORA
VANESSA 39'' (DEIXA: NÃO COMPENSA)
VINHETA PASSAGEM DE BLOCO
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Data: 21.MAR.2016
Locução:AlessandraMarimon / Guilherme Pimentel
Editora: TCC
Redatora: Alessandra Marimon / Guilherme Pimentel
Retranca: Luta e resistência / Cidade de Deus
3º BLOCO: RESISTÊNCIA ALESSANDRA
GUILHERME
GUILHERME
AS MULHERES DA CIDADE DE DEUS MARCAM PRESENÇA NA COMUNIDADE DESDE O INÍCIO// JUNTO COM COMPANHEIROS OU SOZINHAS/ ELAS ERGUERAM OS BARRACOS// AJUDARAM NA LIGAÇÃO DA REDE DE ÁGUA/ E PASSARAM NOITES SEM DORMIR POR FALTA DE ENERGIA ELÉTRICA/ O QUE AJUDAVA A CONCENTRAR GRANDE QUANTIDADE DE MOSQUITOS//
DE VEZ EM QUANDO/ A CHUVA APARECE E SOPRA VENTOS TÃO FORTES/ QUE CASTIGAM AQUELES BARRACOS/ A PONTO DE ABALAR A ESTRUTURA// AS LONAS ACUMULAM TANTA ÁGUA QUE SERVEM COMO RESERVATÓRIO DE LARVAS DO MOSQUITO DA DENGUE//
A FRANCISCA TÁ DESDE O COMEÇO DA OCUPAÇÃO NA FAVELA E/ COMO MUITAS DESSAS MULHERES/ TAMBÉM PRECISOU SE VIRAR PRA PERMANECER NO LOCAL//
SONORA
FRANCISCA 45''(DEIXA: EM DEUS MESMO)
ALESSANDRA
AS DIFICULDADES DE ACESSO AOS DIREITOS BÁSICOS/ COMO TRANSPORTE/ SAÚDE/ EDUCAÇÃO E SANEAMENTO/REFLETEM O DESCASO DO PODER PÚBLICO COMAQUELA COMUNIDADE// O POSTO DE SAÚDE MAIS PRÓXIMO/ DO BAIRRO DOM ANTÔNIO/ NÃO ATENDE A POPULAÇÃO DA FAVELA// CASOS DE DENGUE// VIROSES/ E ATÉ GRÁVIDAS/ DEIXAM DE SER ATENDIDOS TODOS OS DIAS//
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Data: 21.MAR.2016
Locução:AlessandraMarimon / Guilherme Pimentel
Editora: TCC
Redatora: Alessandra Marimon / Guilherme Pimentel
Retranca: Luta e resistência / Cidade de Deus
GUILHERME
A CATADORA DE MATERIAL RECICLÁVEL/ IVANEIDE DE SOUZA/ DE 36 ANOS/ NOS CONVIDOU PRA CONHECER O SEU BARRACO E/ ANTES QUE PUDÉSSEMOS ENTRAR/ PEDIU AO MARIDO PRA PRENDER A LAURA// LOGO DESCOBRIMOS QUE LAURA ERA SUA CADELA//PIPOCA/ A GALINHA DE ESTIMAÇÃO/ CACAREJAVAE PULAVA ATRÁS DAS DEZENAS DE MOSCAS QUE INFESTAVAM AQUELE LUGAR//A IVANEIDE DESABAFOU SOBRE TUDO QUE PASSOU/ DEPOIS DE PERDER UM FILHO/POR NÃO CONSEGUIR ATENDIMENTO MÉDICO//
SONORA
IVANEIDE 47"(DEIXA: DELES AQUI Ó)
ALESSANDRA
ERIKA GREGÓRIO/ DE APENAS 20 ANOS/ JÁ TEM TRÊS FILHOS// O JEITO DE MENINA NÃO DEIXA ESCONDER QUE/ POR TRÁS DESSA MÃE CORUJA/ EXISTE UMA ALMA DE CRIANÇA// A FILHA RECÉM NASCIDA/ DE UM MÊS/ PERMANECE DURANTE TODA A CONVERSA NO COLO/ SUGANDO O LEITE DOS SEIOS DA MÃE// A ERIKA/ UMA MULHER NEGRA E ALTA/ FAZ PIADAS/ E RI O TEMPO TODO// ASSIM COMO A IVANEIDE/ ELA NÃO CONSEGUIU ATENDIMENTO MÉDICO QUANDO ESTAVA GRÁVIDA// MAS O FINAL DESSA HISTÓRIA FOI DIFERENTE GRAÇAS A AJUDA DA VIZINHA E DO MARIDO///
SONORA
ERIKA 23"(DEIXA: FOI MUITO RÁPIDO)
GUILHERME
A MAIORIA DOS MORADORES DA COMUNIDADE NÃO TEM ACESSO A UMA EDUCAÇÃO FORMAL/ E A FALTA DE UM COMPROVANTE DE RESIDÊNCIA NÃO IMPEDE SOMENTE O ATENDIMENTO MÉDICO/ MAS TAMBÉMA PROCURA POREMPREGO// E SE VOCÊ É MULHER/ NEGRA E FAVELADA/ A BARREIRA É AINDA MAIOR// É COMUM ENCONTRAR MULHERES DESEMPREGADAS POR LÁ// AS QUE CONSEGUEM ALGUM TRABALHO VIRAM CATADORAS/ VOLUNTÁRIAS DE PROJETOS SOCIAIS/ COSTUREIRAS E TAMBÉM EMPREGADAS DOMÉSTICAS/ COMO É O CASO DA FRANCISCA/ QUE CHORA AO LEMBRAR DO PRECONCEITO QUE SOFREU DA PATROA//
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Data: 21.MAR.2016
Locução:AlessandraMarimon / Guilherme Pimentel
Editora: TCC
Redatora: Alessandra Marimon / Guilherme Pimentel
Retranca: Luta e resistência / Cidade de Deus
SONORA
FRANCISCA 56" (DEIXA: NAQUELA CASA)
ALESSANDRA
A RESISTÊNCIA DESSAS MULHERES SE REFLETE NO MODO COM QUE ENXERGAM A VIDA// A VANESSA/ A QUE ESCOLHEU NÃO PARTICIPAR DAS MANIFESTAÇÕES/ É UMA MULHER SONHADORA E/ COMO TODAS/ BATALHA POR UMA VIDA MELHOR PROS FILHOS/ E PRA ELA//
SONORA
VINHETA PASSAGEM DE BLOCO
VANESSA 28'' (DEIXA: MEUS FILHOS)
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Data: 21.MAR.2016
Locução:AlessandraMarimon / Guilherme Pimentel
Editora: TCC
Redatora: Alessandra Marimon / Guilherme Pimentel
Retranca: Luta e resistência / Cidade de Deus
4º BLOCO: GÊNERO
GUILHERME
SONORA
ALESSANDRA
GUILHERME
SONORA
"DA HISTÓRIA/ MUITAS VEZES/ A MULHER É EXCLUÍDA"// ESSA AFIRMAÇÃO/ FEITA PELA HISTORIADORA/ MICHELLE PERROT/ NOS FAZ PENSAR QUE/ EM PLENO SÉCULO XXI/ AS MULHERES AINDA PRECISAM LUTAR PRA CONQUISTAR DIREITOS BÁSICOS/ E REVERTER SÉCULOS DE DESIGUALDADE// A TATIANA SABE QUE AS MULHERES SOFREM POR CAUSA DO MACHISMO/ E CONTA QUE A RESISTÊNCIA DAS MULHERES DA CIDADE DE DEUS/ SE DÁ NO COTIDIANO//
TATIANA 23" (DEIXA: SE É MULHER)
NESSE PAÍS CONSERVADOR/ QUE AINDA CARREGA AS MARCAS DA ESCRAVIDÃO/ FAVELADAS E NEGRAS/ SÃO CONDENADASÀ MARGINALIDADE//ASSIM/É COMUM OUVIR HISTÓRIAS DE MULHERES AGREDIDAS PELOS COMPANHEIROS/ FORÇADAS A DAR A LUZ EM CASA/ VIOLENTADAS/ PROIBIDAS DE USAR AS ROUPAS QUE QUEREM/ OBRIGADAS A FAZER TODO O TRABALHO DOMÉSTICO E A CUIDAR DOS FILHOS EM TEMPO INTEGRAL//
A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER É NORMAL NA FAVELA/E ATINGE/ PRINCIPALMENTE/ AS MAIS VULNERÁVEIS//GIULIANA DUTRA TEM 38 ANOS/ MAS AS MARCAS DA VIDA A DEIXARAM COM UMA APARÊNCIA BEM MAIS VELHA// O ABUSO NO CONSUMO DE ÁLCOOL É FREQUENTE NA CIDADE DE DEUS E MULHERES COMO ELA SOFREM POR ISSO// DE VOZ ROUCA/ PORTE BAIXO/ E UMA PERNA MAIS CURTA DO QUE A OUTRA/ A GIULI/ COMO GOSTA DE SER CHAMADA/ TEM OS OLHOS CHEIOS DE LÁGRIMAS/ ENQUANTO MOSTRA AS CICATRIZES DA VIOLÊNCIA/ FEITAS PELO SEU COMPANHEIRO//
GIULIANA26"(DEIXA: ELE QUEIMADO)
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Data: 21.MAR.2016
Locução:AlessandraMarimon / Guilherme Pimentel
Editora: TCC
Redatora: Alessandra Marimon / Guilherme Pimentel
Retranca: Luta e resistência / Cidade de Deus
ALESSANDRA
SER MULHER NA CIDADE DE DEUS NÃO SIGNIFICA SER LIVRE// ALESSANDRA SILVA/TEM 26 ANOS/É CASADA E MÃE DE 4 FILHOS PEQUENOS// A FALA DURA/ E A EXPRESSÃO SÉRIA/ MOSTRAM QUE A ALESSANDRA É UMA PESSOA RETRAÍDA// A MULHER CONFESSA QUE TEM POUCOS AMIGOS E QUASE NÃO SAI DE CASA//PRA ELA/ QUEBRAR OS LIMITES QUE O PARCEIRO IMPÕE/ NÃO É UM TRABALHO FÁCIL//
SONORA
ALESSANDRA 28"(DEIXA: ELE JÁ VAI)
GUILHERME
O ABUSO SEXUAL AFETA TAMBÉM/ ESSAS MULHERES QUE ESTÃO INSERIDAS NUMA REALIDADE DE POBREZA// E PRECISAM RESISTIR PRA SUPERAR TRAUMAS/ E PROTEGER OS FILHOS// A VANESSA/ FOI ABUSADA PELO PADRASTO/ DENTRO DE CASA/ ENQUANTO A MÃE TRABALHAVA// A MÃE DE VANESSA/ NUNCA CAREDITOU NELA//
SONORA
VANESSA 48"(DEIXA: OLHO Ó)
ALESSANDRA
A GRAVIDEZ INDESEJADA PODE SER UM FATOR DECISIVO PRA QUE A MULHER TENHA QUE SE MUDAR PRA FAVELA// É O CASO DA VIVIANE ARAÚJO DE 20 ANOS/ GRÁVIDA DE QUATRO MESES// ELA PERDEU O EMPREGO EM UMA LOJA QUE TRABALHAVA HÁ TRÊS ANOS/ DEPOIS QUE A PATROA DESCOBRIU SOBRE A GRAVIDEZ// A VIVIANE NÃO ERA REGISTRADA// SENTADA EM UM SOFÁ PRATICAMENTE DESTRUÍDO/ EM FRENTE AO BARRACO DO IRMÃO/ A JOVEM/ DE TRAÇOS DELICADOS/ ALMOÇAVA UM PRATO DE ARROZ E LINGUIÇA/ ENQUANTO CONVERSÁVAMOS//
SONORA
VIVIANE 19"(DEIXA: TÁ NA FAVELA)
VINHETA PASSAGEM DE BLOCO
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Data: 21.MAR.2016
Locução:AlessandraMarimon / Guilherme Pimentel
Editora: TCC
Redatora: Alessandra Marimon / Guilherme Pimentel
Retranca: Luta e resistência / Cidade de Deus
5º BLOCO: SER MULHER
ALESSANDRA
OS MORADORES DA FAVELA CIDADE DE DEUS AINDA ESPERAM/ SEM RESPOSTAS/ POR UMA SOLUÇÃO// E AS MULHERES SEGUEM LUTANDO PELO DIREITO À MORADIA DIGNA// AO LONGO DAS VISITAS/ PERGUNTAMOS ÀS MULHERES SOBRE O QUE É SER MULHER// CADA UMA DELASTINHA UMA VISÃO DIFERENTE DO ASSUNTO E ALGUMAS RESPOSTAS NOS SURPREENDERAM//
SONORAS 48''
FRANCISCA 6" ERIKA 5" GIULI 3" TATI 10” IVANEIDE 5" VIVIANE 6" VANESSA 6"
FADE OUT NAZARÉ
NAZARÉ 7"
FADE IN TRILHA
ELA ENCANTA – MARINA PERALTA
OFF ALESSANDRA DURANTE TRILHA
VOCÊ OUVIU O RADIODOCUMENTÁRIO/ AS MULHERES DA CIDADE DE DEUS/ HISTÓRIAS DE LUTA/ E RESISTÊNCIA// FOI PRODUZIDO COMO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO/ PELOS ACADÊMICOS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL/ COM HABILITAÇÃO EM JORNALISMO/ ALESSANDRA MARIMON E GUILHERME PIMENTEL/ DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL/ SOB A ORIENTAÇÃO DA PROFESSORA KATARINI MIGUEL//
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Data: 21.MAR.2016
Locução:AlessandraMarimon / Guilherme Pimentel
Editora: TCC
OFF GUILHERME DURANTE TRILHA
Redatora: Alessandra Marimon / Guilherme Pimentel
Retranca: Luta e resistência / Cidade de Deus
ROTEIRO/ LOCUÇÃO/ E EDIÇÃO/ ALESSANDRA MARIMON/ E GUILHERME PIMENTEL// ENTREVISTAS/ ALESSANDRA MARIMON// AS MÚSICAS/ DEUS É DO GUETO/ E ELA ENCANTA/ SÃO DE MARINA PERALTA//
OFF ALESSANDRA DURANTE TRILHA
FADE OUT TRILHA
AGRADECEMOSÀ NOSSA ORIENTADORA E/ PRINCIPALMENTE/ A TODAS AS MULHERES DA CIDADE DE DEUS/ QUE NOS RECEBERAM COM CARINHO EM SEUS BARRACOS/ PRA DIVIDIR HISTÓRIAS/ LÁGRIMAS E RISADAS//CADA VISITA FOI UM APRENDIZADO//E A LUTA/ CONTINUA//