UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL - HABILITAÇÃO EM JORNALISMO
DO ROCK AO SERTANEJO: A PRODUÇÃO E A VENDA DA MÚSICA AUTORAL DE CAMPO GRANDE
ERIKA ESPÍNDOLA
UFMS Campo Grande SETEMBRO / 2014
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL - HABILITAÇÃO EM JORNALISMO
DO ROCK AO SERTANEJO: A PRODUÇÃO E VENDA DA MÚSICA AUTORAL DE CAMPO GRANDE ERIKA ALVES ESPÍNDOLA DA SILVA
Relatório apresentado como requisito parcial para aprovação na disciplina Projetos Experimentais do Curso de Comunicação Social / Jornalismo da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.
Orientador: Prof. Msc. Sílvio da Costa Pereira
UFMS Campo Grande SETEMBRO / 2014
SUMÁRIO
Resumo ...................................................................................... 05 1 - Alterações no plano de trabalho ........................................... 06 2 - Atividades desenvolvidas ...................................................... 07 3 - Suportes teóricos adotados ................................................... 14 4 - Objetivos alcançados ............................................................. 20 5 - Dificuldades encontradas ....................................................... 21 6 - Despesas (orçamento) ........................................................... 22 7 - Conclusões ............................................................................ 23 8 - Apêndices .............................................................................. 25
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RESUMO:
O documentário radiofônico Do Rock ao Sertanejo trata da cena musical dicotômica que existe em Campo Grande. A pesquisa foi realizada sobre dois estilos polares - o rock e o sertanejo – partindo das opiniões e dúvidas dos músicos, produtores e a de um gestor público. Foram registradas as inovações e, principalmente, as diferenças nos métodos de produção e venda da música autoral dos dois estilos. O principal método utilizado foi a técnica da entrevista, que registra dados por meio de perguntas às fontes, gravando em áudio os relatos pessoais. Concluiu-se que a existência das diferenças na produção, veiculação e venda dos estilos musicais discutidos estão amplamente ligadas ao incentivo financeiro e midiático que cada um recebe e à maior/menor facilidade de absorção do conteúdo das músicas pelo público.
PALAVRAS-CHAVE: rock, sertanejo, música regional, documentário radiofônico
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1. ALTERAÇÕES DO PLANO DE TRABALHO Durante o processo do fazer jornalístico, vários empecilhos são naturais. Primeiramente, por se tratar de indivíduos, cada um possui uma peculiaridade, uma rotina que não pode ser muito alterada pelo jornalista. O plano inicial propusera um registro analisando a produção e veiculação da música autoral em Campo Grande em 2013 e 2014 em seis grupos distintos de estilos musicais: sertanejo, samba e pagode, MPB, blues e rock, jazz e bossa nova e pop. O número total de fontes elencadas era de 23 pessoas. Porém, durante o processo de qualificação, notou-se a necessidade de um projeto mais estreito, com número de fontes reduzido para facilitar a identificação das mesmas no formato de rádio documentário. Assim, optou-se por delimitar a discussão acerca das diferenças na produção e na venda da música autoral no meio sertanejo e no meio do rock. Vale salientar que “rock” é termo comumente usado no meio musical, principalmente entre produtores musicais, referindo-se a tudo que não se enquadre nos estilos sertanejo, sertanejo universitário, samba, pagode, axé, funk carioca e afins. A escolha dos dois estilos extremos (rock e sertanejo) deu-se por conta das diferenças comportamentais entre os dois públicos e das demandas diferentes que cada estilo tem.
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2. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS: 2.1 Período Preparatório: O processo preparatório da ideia inicial começou em agosto de 2014 e incluiu a produção do roteiro de perguntas para os 23 entrevistados, buscando comparar a produção autoral dos diferentes estilos musicais autorais em Campo Grande. Começou-se pelo sertanejo, passou-se pelo pop, rap, reggae, rock, blues e jazz. Dentre os questionamentos levantados, foram incluídos: o que é mais produzido aqui? Como é feita essa produção? De onde vem a verba para tais produções? Qual o plano de marketing depois das gravações? Foram elencados, também, nomes relevantes na música local em 2013 e 2014. Incluiu-se produtores musicais, produtores culturais e donos de estabelecimentos comerciais que recebem artistas com trabalho autoral. Segue abaixo a lista de gêneros e fontes cogitados inicialmente: Gêneros: • Sertanejo • samba e pagode • reggae • blues e rock • jazz e bossa nova • MPB Quem entrevistar: Produtores musicais: • Júlio Bellucci - produtor sertanejo • Alex Cavalhieri - produtor rock • Adrian Okumoto - produtor e músico reggae e rap • Jerry Espíndola – músico e produtor cultural
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Donos de Estabelecimentos Comerciais: • Bruno e Daniel – proprietários do Barbaquá Botequim • Leonardo Merjan - proprietário do 21 Bar e Lazer • Thiago Coutinho - proprietário do Hangar Live Music • Diego Manciba - proprietário do Rockers Bar • Bruna Fernandes – proprietária da loja de roupas Brecharia, que usa o espaço da loja para apresentações musicais. Dia 4 de outubro aconteceu a primeira edição do Música de Jardim, que foi um espaço improvisado no quintal da loja Brecharia cujas atrações musicais foram três artistas autorais locais (Bianca Bacha, Ju Souc e Leandro Perez) Orgãos governamentais: • Soraia Ferreira: gerente de difusão cultural da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul • Samir Vieira: organização do Som da Concha (evento quinzenal que acontece na Concha Acústica Helena Meirelles) Músicos • blues e rock Renato Fernandes: ex- vocalista de Bêbados Habilidosos) Jefferson Pasa: guitarrista da banda Whisky de Segunda • samba e pagode Renata Sampri: vocalista e violonista do grupo Sampri) Gideão Dias • reggae e rap Marina Peralta Xaras Gabriel • jazz e bossa nova Gabriel Andrade: guitarrista do duo Andrade e Basso Bianca Bacha : vocalista de seu trabalho autoral de mesmo nome e vocalista da banda JazzMonde 8
• MPB Ju Souc Ivan Cruz (Iucatan) • Sertanejo Patrícia e Adriana Renato de Oliveira, conhecido como ‘Bolha’ (ex-baterista do Michel Teló) Foi feito, também, agendamento de entrevista com três das fontes elencadas acima, para a semana entre 15 e 19 de setembro (Bruna Fernandes, Júlio Bellucci e Alex Cavalhieri). As entrevistas foram feitas mas não foram utilizadas por ter havido redução no número de entrevistados após a passagem pela banca de qualificação. No dia da qualificação (22/9), alguns pontos importantes para correção foram ressaltados. Por estar sendo feito um documentário em rádio, foi necessário reavaliar a quantidade de fontes que se usaria e repensar QUAIS fontes seriam usadas, uma vez que o enfoque foi também alterado. Os objetivos passaram a ser comparar os meios de produção e venda da música autoral em Campo Grande em 2013 e 2014 no rock e no sertanejo e averiguar quais incentivos cada estilo recebe. Sendo assim, restringiu-se ao uso de cinco fontes: dois produtores musicais - Adriano “Magoo” Oliveira (rock) e Júlio Bellucci (sertanejo); dois músicos - o baterista Sandro Moreno (rock) e o baterista Renato de Oliveira, o “Bolha” (sertanejo) e a representante da gerência de difusão cultural da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul Soraia Ferreira. Os nomes foram escolhidos pelo destaque na área de atuação. Durante o período que antecedeu a produção do documentário, foram pesquisadas várias fontes bibliográficas, musicais e cinematográficas para servir de embasamento auxiliar nas entrevistas. A escolha dos entrevistados foi um processo de lapidação dos objetivos do documentário. 2.2 Execução: O agendamento das entrevistas com os músicos e com os produtores não foi de grande dificuldade. Para registro das entrevistas foi utilizado um gravador portátil 9
da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, com bateria recarregável. As entrevistas foram feitas dentro do estúdio de cada músico/produtor, o que ofereceu bom isolamento acústico na maioria das gravações. Ao chegar ao local da entrevista, solicitou-se às fontes que, ao responderem as perguntas, começassem a frase retomando a pergunta feita. Isso facilitaria o processo de edição caso fosse optado ‘costurar’ as sonoras sem offs. O agendamento, encontro e entrevista com a representante da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, Soraia Ferreira, foi o mais trabalhoso. Devido à impossibilidade de ela se deslocar do seu escritório e por não poder reservar determinado horário para a entrevista, as interrupções durante a gravação foram inevitáveis. O telefone tocava sempre e os funcionários batiam à porta por precisarem de assinatura em documentos. A sala da entrevistada no prédio da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul é bastante grande e com grandes janelas de vidro, o que dificultou a obtenção da boa qualidade de som. Os ruídos necessitaram, então, serem removidos através de um processo de tratamento de áudio adequado através do Free Audio Editor, editor de áudio utilizado na etapa inicial da edição e montagem do documentário. Posteriormente, ele foi substituído pelo editor Audacity. A troca de softwares aconteceu devido à performance de baixa qualidade e pouca praticidade do Free Audio Editor. Percebeu-se que, se este editor fosse mantido em funcionamento por longas horas no computador, ele parava de funcionar automaticamente, ocasionando por diversas vezes a perda de documentos previamente editados. No processo de decupagem as entrevistas foram agrupadas em sonoras por temas semelhantes. Agrupar essas sonoras foi decisivo na criação dos offs, pois percebeu-se a narrativa que poderia ser criada ali. Os offs foram captados com o mesmo gravador usado nas entrevistas. Na tentativa de evitar ao máximo a captação de qualquer ruído, optou-se por gravar os offs durante a madrugada, uma vez que isso foi feito na residência da acadêmica, onde não havia isolamento acústico. Para identificação de cada fonte, inicialmente foram separadas algumas vinhetas instrumentais. No entanto, optou-se por utilizar uma única música instrumental 10
(“Kalimba”, de Mr. Scruff), como trilha de fundo tanto para os offs quanto para marcar o encerramento do documentário radiofônico. Durante a finalização, notou-se que alguns trechos do rádio documentário estavam com a mixagem em “mono”, o que causava desconforto ao ouvir o áudio em algumas partes. Para solucionar o problema, agrupou-se o áudio inicial em uma única faixa mono para, em seguida, duplicá-la em duas faixas estéreo. Todo o processo de finalização foi realizado através do software Audacity. Na entrevista com Renato de Oliveira, conhecido como “Bolha”, foram citadas duas músicas de Michel Teló – Ai, se eu te pego e Eu te amo e open bar. Ao final das sonoras em que o entrevistado cita essas músicas, foram utilizados trechos de não mais que 10 segundos para ilustrar cada uma dela. Sandro Moreno cita as versões que Jerry Espíndola & Croa fez para “Come together”, de The Beatles e “Aquele grandão”, de Mário Manga, mas mais conhecida na voz de Cássia Eller. Além dessas canções, foi inserido um trecho da versão de “Força Verde”, de Zé Ramalho, criada pela banda. O produtor Júlio Bellucci já gravou músicas da dupla sertaneja Munhoz e Mariano. Apesar de ele não ter citado nome de música nenhuma, optou-se por usar um trecho de “Camaro Amarelo” por ser a mais conhecida da dupla. O produtor Adriano Oliveira, ao falar da importância do papel do produtor na criação de um novo produto musical, cita a experiência relatada por Gilberto Gil ao produzir seu próprio disco. Optou-se, então, por usar um trecho da música “Essa é pra tocar no rádio”, de Gilberto Gil, ao final da fala do produtor. A trilha instrumental utilizada durante os offs já era de conhecimento da acadêmica. A música se chama “Kalimba” e é de autoria de Mr. Scruff. 2.3 Revisão Bibliográfica: 2.3.1 Livros BARBOSA FILHO, André. Gêneros Radiofônicos. São Paulo: Paulinas, 2009.
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CALDAS, Sônia. Radiodocumentário: gênero em extinção ou lócus privilegiado de aprendizado? In: FERRARETO, Luiz Artur e KLOCKNER, Luciano (Org.). E o rádio? Novos horizontes midiáticos. Porto Alegre: ediPUCRS, 2010. p. 494 – 505 GARRETT, A. A entrevista – seus princípios e métodos. Rio de Janeiro: Agir. 1981 KOTSCHO, Ricardo. A prática da reportagem. São Paulo: Ática, 2003. LAGE, Nilson. A reportagem: teoria e técnica de entrevista e pesquisa jornalística. Rio de Janeiro: Record, 2001. MEDINA, Cremilda. Entrevista, um diálogo possível. São Paulo: Ática, 1986. NEDER, Álvaro. Enquanto esse novo trem atravessa o Litoral Central – Música popular urbana, latino-americanismo e conflitos sobre a modernização em Mato Grosso do Sul. Rio de Janeiro: Mauad, 2014. SÁ ROSA, Maria da Glória e DUNCAN, Idara. Histórias de vida: a música de Mato Grosso do Sul. Campo Grande - MS: Uniderp, 2009. SODRÉ, Muniz; FERRARI, Maria Helena. Técnica de reportagem: notas sobre a narrativa jornalística. São Paulo: Summus, 1986. 2.3.2 Redes, sites, e outros: ANDRADE, Thiago. Música feita para circular. Correio do Estado, Campo Grande – MS, 30 de setembro de 2014. Correio B. p. 01 CALDAS, Sônia. Radiodocumentário: gênero em extinção ou lócus privilegiado de aprendizado?
Porto
Alegre
–
RS.
2010.
Disponível
em
<www.pucrs.br/edipucrs/eoradio.pdf> Acesso em 20 de outubro de 2014. JOSÉ, Carmen Lúcia. História oral e documentário radiofônico: distinções e convergências.
Disponível
em
<http://www.portcom.intercom.org.br/pdfs/1451850194804374962127257240110177558 60.pdf> Acesso em 10 de outubro de 2014. LIMA CAETANO, Gilmar. A música regional urbana em Mato Grosso do Sul. Disponível
em
<http://www.fecilcam.br/revista/index.php/nupem/article/view/218>
Acesso em 05 de setembro de 2014. 12
2.3.3 Outros documentos: Ele é o blues. Direção e produção: Vinícius Bazenga e Kleomar Carneiro. Campo Grande–MS, 2010. 66 min. Disponível em < http://www.youtube.com/watch?v=ROIsUHesVE>. Acesso em 20 de outubro de 2014. Geração 10. Direção e produção: Alexander Onça. Campo Grande – MS, 2012. 20 min. 15 seg. Disponível em < http://www.youtube.com/watch?v=tlAFe7qA5yQ>. Acesso em 20 de outubro de 2014. Rádio documentário – A história do rádio FM em Salvador. Direção e produção: Frank.
Salvador
–
BA,
2011.
20
min.
11
seg.
Disponível
em
<http://soundcloud.com/radioconexaodance/r-dio-document-rio-a-hist-ria>. Acesso em 20 de outubro de 2014.
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3. SUPORTES TEÓRICOS ADOTADOS 3.1. Música em Mato Grosso do Sul No campo teórico foi fundamental o estudo da história da música em Mato Grosso do Sul. Entender as influências que rondam o estado e, em especial, Campo Grande, é parte importante para comparar a produção e a venda da música autoral na Capital. Ao falar sobre a música em Mato Grosso do Sul, Sá Rosa e Duncan afirmam que: Talvez seja a música a forma de arte que melhor reflita a fisionomia cultural de Mato Grosso do Sul. Os sons gerados por seus criadores contêm sonhos, ilusões, conflitos definidores do perfil de um Estado em que se cruzam as tendências de uma cultura multifacetada, que abriga identidades indígenas e latinoamericanas, além das influências das correntes migratórias que incorporaram seu jeito de ser e estar no mundo ao cotidiano material e moral do Estado. (SÁ ROSA e DUNCAN,, 2009. p. 26).
O registro histórico feito por Sá Rosa e Duncan destaca o processo de evolução da música regional, seja qual for o gênero. Contudo, a cena alternativa e “roqueira”, ficou esquecida. As influências musicais na capital de Mato Grosso do Sul estão diretamente ligadas à sua história. Segundo Neder (2014, p. 61) “Campo Grande [...] desenvolveu maiores laços com São Paulo, que se evidenciaram no apoio mútuo quando da Revolta de 32 e acenavam com a expectativa, por parte das elites agrárias, de trazerem a divisão do estado”. Ainda de acordo com Neder, além de laços com São Paulo, o estado teve grande influência da cultura do Sul do Brasil: [...] a intensa penetração gaúcha em quase todo o estado terminou por fazer com que os gêneros sulistas em geral, como o fandango, a milonga e o vanerão, sejam, hoje, cultivados intensamente. Inclusive, o chamamé, surgido na região de Corrientes (outrora parte da República do Paraguai, anexada à Argentina após a Guerra da Tríplice Aliança) tornou-se popular em Mato Grosso do Sul por meio da influência gaúcha. [...] (NEDER, 2014).
As uniões estabelecidas entre Campo Grande e São Paulo e Campo Grande com o Sul do Brasil fizeram com que estilos como o chamamé e o fandango se 14
perpetuassem na cultura musical da cidade até os dias de hoje. À música emergente na época deu-se o nome de MLC, ou Música do Litoral Central, conforme explica Neder: [...] [...] foi contra os interesses do capital financeiro que emergiu esse contraditório movimento de oposição, de tão grande importância para a cultura e a música de Mato Grosso do Sul. Foi também essa conjuntura que levou Campo Grande a estabelecer uma polarização com Cuiabá, ao tornar-se o centro decisório das elites pecuaristas após 1914, o que se refletiria na música dos anos 1960. (NEDER, Álvaro. 2014. p. 40 )
Como consequência de todas as influências musicais, criou-se uma dicotomia. A origem dessa polarização musical (rock e sertanejo) pode estar nos conflitos entre pecuaristas e setores urbanos de Mato Grosso do Sul ao longo da história. Logo, “[...] desde o início, a valorização das culturas platinas fazia-se de maneira oposicional em relação aos discursos dominantes no estado, que favoreciam os pecuaristas.” (NEDER, 2014. p. 85). Neder também ressalta que: Simultaneamente, a MLC colocava-se também em conflito com os grandes centros nacionais, que perderiam sua hegemonia caso ela conseguisse estabelecer laços suficientemente fortes com a região platina. Por fim, as preocupações geopolíticas de que a região pudesse se tornar um foco de subversão e guerrilha dada sua “ambiguidade” (representada, justamente, pelos laços que a uniam aos países do Prata) faziam a MLC ir, também, no sentido oposto ao desejado pela ditadura militar, implantada poucos anos antes da concepção do movimento. (NEDER, 2014. p. 85)
Sobre a inserção do rock na Música Litoral Central, Neder pontua: O rock, utilizado com profusão na Música do Litoral Central, contribui para solapar a construção ideológica de um regionalismo "autêntico", rural, oral, e é, muitas vezes, empregado pelos compositores e intérpretes desse movimento com o propósito de ironizar qualquer tentativa de bucolismo, e mesmo criticar abertamente os pecuaristas. Entretanto, a mistura do rock com gêneros caipiras e platinos funciona como um discurso crítico com relação à globalização. Já se vê que a busca por estabelecer os sentidos dessa música como forma binária é problemática. (NEDER, Álvaro. 2014. p. 62)
O propósito da MLC, segundo Neder, era “[...] confundir o Norte e o Sul de Mato Grosso em uma coisa só. [...]” (2014. p. 63). No entanto, as disputas entre
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sentidos extremamente polares - de um lado o estilo de vida rural e pecuarista e, de outro, artistas buscando integrar a MLC a outros estilos musicais nacionais e mundiais, como o rock - dificultaram a criação de uma identidade musical na Música do Litoral Central. (NEDER, 2014. p. 63). Isso se estende aos dias de hoje. Os meios de comunicação de massa, televisão e rádio, são ainda dominados pela cultura pecuarista e isso se deve, principalmente, à localização histórica e geográfica do estado, conforme citado anteriormente. As emissoras de rádio e de TV com altos índices de audiência propagam estilos considerados mais populares, principalmente o sertanejo. 3.2. Entrevista radiofônica Segundo Barbosa Filho (2009. p. 93), a entrevista “representa uma das principais fontes de coleta de informação de um jornal e está presente, direta ou indiretamente, na maioria das matérias jornalísticas.” O autor ainda afirma que entrevistar exige mais que técnica – trata-se de uma arte. De acordo com Prado (apud BARBOSA FILHO, 2009. p. 94): [...] a entrevista é, formalmente um diálogo que representa uma das fórmulas mais atraentes da comunicação humana. Produz-se uma interação mútua entre o entrevistado e o entrevistador, fruto do diálogo. Esta interação – natural na comunicação humana em nível oral – exerce um efeito de aproximação no ouvinte, que se sente incluído no clima coloquial, ainda que não possa participar [...]
Para Medina (MEDINA, 1986. p. 29), “O entrevistador tem de encarar o momento da entrevista como uma situação psicossocial, de complexidade indiscutível.”, e pondera: Se for um iniciante sem preparo ou um prático profissional inconsciente da dimensão psicológica e social daquele encontro com a fonte de informação, as coisas acontecerão atabalhoadamente, com agressividade, imposição, autoritarismo. Se não houver consciência das etapas de observação mútua – namoro, busca da confiança recíproca, entrega -, a matéria resultará numa versão pobre do que teria sido uma entrevista.
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Valendo-se de outros teóricos, a autora ainda situa a entrevista no cotidiano: Garrett amplia o âmbito dessa prática humana (entrevista): todas as pessoas, de uma maneira ou de outra, são envolvidas na entrevista, ora entrevistando, ora sendo entrevistadas. Admite também que qualquer dessas situações contém aspectos objetivos e subjetivos. Um ponto básico de sua teorização é projetar corajosamente a técnica para a ARTE da entrevista. Garrett identifica no entrevistar, acima de tudo, a arte de ouvir, perguntar, conversar. (MEDINA, Cremilda. 1986. p. 29)
Como base formadora do material jornalístico atual, a entrevista está longe de ser usada somente em jornais impressos. No entanto, cada meio tem suas especificidades. Sobre a entrevista radiofônica, Walter Sampaio (Sampaio apud BARBOSA FILHO, 2009. p. 94) afirma que: [...] é acontecimento jornalístico eventual e normalmente se apresenta inserida no corpo da notícia. A não ser em episódios circunstanciais, como desastres, incêndios, manifestações, onde o repórter parte em busca de informações suplementares daquele acontecimento e ali tenta apurá-las, em ‘som ambiental’, a entrevista geralmente é ‘montada’ na sequência de uma narrativa fundamentalmente noticiosa [...]
Uma vez feita, a entrevista será usada como base para a montagem de uma narrativa jornalística. Nesse trabalho optamos por usar o formato de documentário para rádio. 3.3. Documentário radiofônico O documentário radiofônico, segundo Barbosa Filho (BARBOSA FILHO, 2009. p. 102) “constitui verdadeira análise sobre tema específico. Tem como função o aprofundamento de determinado assunto com a participação de um repórter condutor.” O autor também afirma que: O documentário radiofônico mescla pesquisa documental, medição dos fatos in loco, comentários de especialistas e de envolvidos no acontecimento, e desenvolve uma investigação sobre um fato ou conjunto de fatos reais, oportunos e de interesse atual, de conotação não-artística.”
Sobre conteúdo e duração de um documentário radiofônico, Kaplun conclui que “[...] é uma monografia radiofônica sobre um tema dado. Uma breve exposição, sem sua completa apresentação. Pode durar meia hora ou pelo menos quinze a vinte 17
minutos [...].” (Kaplun apud BARBOSA FILHO, 2009. p.102). O mesmo autor ainda afirma que: [...] em países da Ásia e da África, com reconhecidos e precários índices de desenvolvimento, a utilização do formato jornalístico reportagem, ao lado de países europeus e dos Estados Unidos, é constante. O aproveitamento pífio deste formato na América Latina tem suas raízes na retração de seu uso na região.
No entanto, a pouca utilização do formato de documentário nas emissoras de rádio e de televisão no Brasil ocasiona a precariedade de material bibliográfico sobre o gênero, como descreve CALDAS (2010. p. 494): A lacuna do documentário na grade de programação das emissoras pode ser um dos motivos para a pouca produção bibliográfica sobre o assunto no Brasil. Alguns autores se ocuparam da definição de documentário, mas a maioria dedica poucas linhas à abordagem dos gêneros radiofônicos. Nas universidades, professores estimulam, quando é possível, a produção de documentários como trabalho de conclusão de curso ou para avaliação em disciplinas de rádio. Algumas experiências foram registradas por pesquisadores do Intercom (Golim, 2007; Picoloi, Hoffman & Raddatz, 2006; Schvarzman, 2006 e Baumworcel, 2001) – só para citar alguns.
Fazendo uso de outros autores, a pesquisadora critica aqueles que concebem o rádio somente como uma forma de dar a primeira notícia: Prado [...] defende o papel informativo do rádio aliado à explicação e análise: ‘pode se contar, além disso, neste sentido reflexivo, com a capacidade de restituição da realidade, através das representações fragmentadas da mesa, veiculadas com seu contorno acústico.’ (CALDAS, 2009. P. 496)
Ela ainda afirma que “o conceito de radiodocumentário extrapola a simples definição de programa especial. Ainda que os dois apresentem algumas características semelhantes, a distinção entre ambos é fundamental.” (CALDAS, 2009. p. 497) Valendo-se
de
Mcleish,
a
autora
opta
por
uma
definição
tradicional
de
radiodocumentário, qual seja: um programa que trabalhe como pressuposto o fato e não permita a inclusão de elementos que não façam parte do campo da ‘realidade. O programa especial, por seu turno, admitiria elementos que ultrapassem
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as fronteiras do real, algo que estaria na esfera da ficção. (CALDAS, 2009. p. 497)
Segundo Ferrareto (2001, p. 57), “o documentário radiofônico aborda um determinado tema em profundidade. Baseia-se em uma pesquisa de dados e de arquivos sonoros, reconstituindo ou analisando um fato importante”. Diferentemente do programa especial, por exemplo, o documentário radiofônico trabalha com o pressuposto da realidade, não permitindo a inserção do fictício dentro do programa. (Caldas, 2010). Diferente, também, da reportagem, o documentário radiofônico tem mais autonomia sobre os fatos. Não é necessário que seja sobre alguma ocorrência do passado ainda comemorada e nem precisa ser factual. Para José: O documentário, como gênero que complexificou a reportagem, dota o fato de generalidade, transformando-o em tema; a documentação da notícia é multiplicada, porque não se reduz aos componentes do lead, e cada documentação pode se tornar um aspecto do tema; portanto, são vários recortes tratados para compor uma generalidade sobre o tema. (JOSÉ, 2003. p. 6)
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4- OBJETIVOS ALCANÇADOS Dos objetivos elencados inicialmente no projeto, o objetivo geral (produzir um programa de rádio que contemple a atual produção musical autoral em Campo Grande, Mato Grosso do Sul) foi alcançado por completo, pois esse é o conteúdo do radiodocumentário produzido. Um dos objetivos específicos (produzir um programa de rádio de no máximo 20 minutos, acessível, com os registros de áudio) foi alcançado parcialmente, pois o produto final tem 25 minutos e 12 segundos. Com a banca de qualificação foram feitos ajustes no número e na escolha de fontes, acarretando em mudanças no estilo – em vez de um plano piloto para uma série de programas de rádio sobre música optou-se por fazer um documentário radiofônico. Com a mudança de enfoque, de fontes e de formato do programa, objetivos anteriormente almejados, como desenvolver levantamento de dados (quantitativos e qualitativos) dos artistas e trabalhos lançados em 2013 e 2014; analisar, a partir do levantamento de dados, quais trabalhos foram realizados de maneira independente (sem contrato com gravadora), quais foram contemplados pelos fundos de apoio à cultura (FIC e FMIC) e quais ainda não foram formalizados em material audiovisual e de áudio (CD); registrar a rotina de três artistas que trabalham exclusivamente com a música e contemplar o ponto de vista de artistas que encontram empecilhos para terem sua música divulgada e veiculada nas rádios e mídias locais foram excluídos.
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5- DIFICULDADES ENCONTRADAS Durante o agendamento das entrevistas, a maior dificuldade foi conseguir dia e horário com a gerente de difusão cultural da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, Soraia Ferreira. Depois de ter feito o agendamento, no momento da gravação da entrevista notou-se que o local não oferecia bom isolamento acústico, deixando o áudio captado com muitos ruídos. Para fazer o tratamento do áudio, utilizou-se, inicialmente, o editor Free Audio Editor. No entanto, as constantes “travas” que o software tornou necessária a substituição por outro software. Nesse trabalho, optamos pelo uso do programa Audacity, cujo uso foi possível através leitura de tutoriais e assistindo a vídeos no YouTube. O deslocamento para os locais das entrevistas foi outro obstáculo. Foi necessário o uso de ônibus para ir até locais onde, muitas vezes, não havia linha de ônibus por perto. Além disso, a mudança de tema poucos dias antes da entrega do projeto foi uma das principais dificuldades encontradas. Foi necessário recomeçar todo o processo de pesquisa o que, na prática, encurtou o tempo de produção.
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6- DESPESAS (ORÇAMENTO) O maior gasto foi com telefone. A fatura de setembro e outubro foi de 45 reais para 150 reais. O gasto foi devido às ligações para agendamento e confirmação das entrevistas. O gasto com transporte foi de aproximadamente 300 reais, o que inclui passes de ônibus e gasolina ao usar o carro emprestado de algum familiar. A impressão e encadernação do relatório teórico ficou em 27 reais e houve aquisição de 8 CDs virgens para armazenar o arquivo em formato mp3,
totalizando 4,98 reais. Sendo
assim, o gasto total para confecção deste documentário radiofônico foi de 481,98 reais.
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7- CONCLUSÕES Durante as entrevistas, levantamento das informações, decupagem dos arquivos de áudio e montagem do programa, ficou bastante evidente a insatisfação financeira na parte “rock”. Por outro lado, a parte “sertaneja” encontra-se em vantagem, por encontrar maior facilidade para inserir seus produtos no mercado radiofônico e vendê-los mais rapidamente, trazendo um retorno financeiro quase que imediato. A pesquisa bibliográfica sobre a música em Mato Grosso do Sul foi primordial para a compreensão dessa dicotomia musical que se arrasta até os dias de hoje. Concluiu-se que o posicionamento geográfico e histórico de Mato Grosso do Sul é o fator que delimitou os laços que a Capital fez ao longo de sua história, refletindo-se não somente em seus interesses econômicos, mas, também, na cultura da região. Atualmente, a música sertaneja, bem como outros estilos considerados comerciais, é vista como produto de grande alcance às massas. Isso devido à facilidade no linguajar e nas mensagens que as músicas passam, que são prontamente absorvidas pelo ouvinte, aliados ao trabalho intenso de divulgação em rádios, Internet e emissoras de televisão. No entanto, a fusão de estilos que se iniciou na década de 60, originando a denominada MLC (Música do Litoral Central) ganha força na atualidade com o advento da Internet. Essa ferramenta de baixo custo e alto alcance contribui para a difusão da música produzida no estado, e influencia nas produções musicais atuais e futuras. A tecnologia mais acessível tanto pelos musicistas quanto pelo público é o maior responsável pela fusão de elementos culturais da atualidade, desmitificando a teoria de que música regional se restringe ao sertanejo, à polca, ao vanerão e à milonga, e ressaltando estilos considerados elitizados, como o rock, o jazz, o blues e a MPB. O processo de pesquisa e entrevista trouxe à tona sentimentos variados. Antes de levar a temática a campo já se tinha uma boa ideia da atual realidade musical da cidade. Logo, levantar dados e entrevistar pessoas diretamente ligadas aos dois estilos polares, rock e sertanejo, serviu de constatação da problemática abordada e abriu espaço para reflexão e melhor entendimento histórico e até comportamental dos dois estilos. 23
Além de melhor entendimento do campo cultural e social da cidade, a realização deste documentário radiofônico foi primordial para o aperfeiçoamento do uso de softwares de edição de áudio. Foi a primeira experiência da acadêmica com um editor mais completo, o que possibilitou, também, melhor escolha das trilhas sonoras tanto de fundo quanto de amostras do que foi produzido aqui na Capital.
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8 – APÊNDICES
ROTEIRO BLOCO 1 INTRODUÇÃO “PERDEDOR – BÊBADOS HABILIDOSOS” (PARTE INSTRUMENTAL)
DESCE SOM
*OFF 1 - ROCK VERSUS SERTANEJO / HOJE A CAPITAL SUL-MATO-GROSSENSE É RECONHECIDA POR SER O BERÇO DE NOMES IMPORTANTES NA MÚSICA SERTANEJA / COMO OS CANTORES LUAN SANTANA / MICHEL TELÓ E O PRODUTOR DUDU BORGES // PARALELAMENTE / MÚSICOS E PRODUTORES DE OUTROS ESTILOS MUSICAIS RESISTEM E INSISTEM EM PRODUZIR ROCK / BLUES / JAZZ / MPB / REGGAE E OUTROS ESTILOS NA CAPITAL // O BATERISTA SANDRO MORENO / QUE JÁ TRABALHOU COM ALMIR SATER / ZÉ RAMALHO / TETÊ ESPÍNDOLA E JERRY ESPÍNDOLA / ACREDITA QUE HOJE EXISTE UMA GRANDE DIFERENÇA ENTRE MÚSICA FEITA PARA A ARTE E MÚSICA FEITA PARA O COMÉRCIO //
SONORA SANDRO MORENO “HOJE INFELIZMENTE A GENTE TEM QUE SEPARAR MÚSICA ARTE DE MÚSICA COMERCIAL. NUM PASSADO NUM FOI ASSIM, NÉ? ... NÃO IMPORTANDO QUE ELA SOASSE COMERCIAL OU NÃO.” Trecho de “Força Verde”
Trilha instrumental de off – “Kalimba” *OFF 2 - MAS O QUE É A MÚSICA FEITA PARA A ARTE? // E MÚSICA COMERCIAL? // O PRODUTOR ADRIANO OLIVEIRA / CONHECIDO COMO MAGOO / EXPLICA O PAPEL DO PRODUTOR AO DIRECIONAR / OU NÃO / UM ARTISTA PARA O MERCADO FONOGRÁFICO// 25
SONORA ADRIANO OLIVEIRA “DEPENDENDO DO ARTISTA, DA MÚSICA, CÊ TENTA VISUALIZAR AQUELA MÚSICA DENTRO DAQUELE CONTEXTO ... TEM QUE TER ALGUÉM QUE FAÇA ESSA LIGAÇÃO DO ARTISTA COM O PÚBLICO, NÉ?” Trecho de “Essa é pra tocar no rádio”
Trilha instrumental de off – “Kalimba” *OFF 3 - O ANTIGO BATERISTA DE MICHEL TELÓ / BOLHA / É NATURAL DE CAMPO GRANDE E VIAJOU O MUNDO TOCANDO SERTANEJO // APESAR DE TER INFLUÊNCIAS DIVERSAS NA MÚSICA / BOLHA VIVENCIOU O PROCESSO DE PRODUÇÃO MUSICAL SERTANEJA AO TRABALHAR COM DUDU BORGES / PRODUTOR DE MICHEL TELÓ E UM DOS RESPONSÁVEIS POR HITS COMO “AI, SE EU TE PEGO” //
SONORA BOLHA “DUDU BORGES, O PRODUTOR, DIRECIONOU 100%, NÉ? ... COM SANFONA E O PÚBLICO DESMAIAVA.” Trecho de “Eu te amo e open bar”
*OFF 4 - JÁ SANDRO MORENO AFIRMA QUE / TRABALHANDO COM JERRY ESPÍNDOLA & CROA / O PROCESSO PRODUTIVO ERA BASTANTE DIFERENTE //
SONORA SANDRO MORENO “OS PRODUTORES COM QUEM A GENTE TRABALHOU... OS NOSSOS DISCOS A GENTE SEMPRE FEZ MUITO RÁPIDO.”
Trilha instrumental de off – “Kalimba” *OFF 5 - JÚLIO BELLUCCI / ANTIGO SAXOFONISTA DA EXTINTA BANDA DE BLUES BÊBADOS HABILIDOSOS / É TAMBÉM PRODUTOR MUSICAL // BELLUCCI TEM SEU PRÓPRIO ESTÚDIO E A DEMANDA PARA GRAVAÇÕES DE DUPLAS 26
SERTANEJAS É GRANDE // JÁ PASSARAM POR SEU ESTÚDIO NOMES COMO MUNHOZ E MARIANO E JADS E JADSON // PARA ELE / O PAPEL DO PRODUTOR É DAR SENTIDO À MÚSICA //
SONORA JÚLIO BELLUCCI “ÀS VEZES O CARA, ELE TEM UMA LETRA MAS A MÚSICA TÁ MAL RESOLVIDA... MECANISMOS E FERRAMENTAS QUE ENVOLVAM O OUVINTE A QUERER OUVIR ATÉ O FINAL.” Trecho de “Camaro Amarelo”
FIM DO PRIMEIRO BLOCO BLOCO 2 Trilha instrumental de off - “Kalimba” *OFF 6 - EM SE TRATANDO DE FINANCIAMENTO / O DINHEIRO PARA GRAVAR OS SINGLES OU OS ÁLBUNS E DIVULGAR O TRABALHO VARIA NO MEIO SERTANEJO E NO MEIO ROCK // SONORA SANDRO MORENO “MUITAS VEZES FOI COM INCENTIVO DO GOVERNO, QUE É MUITO BACANA... A GENTE QUERIA FAZER, A GENTE BANCAVA, A GENTE CORRIA ATRÁS.” Trecho de “Aquele grandão”
SONORA BOLHA “O LEVANTAMENTO DE FUNDOS, ASSIM, DE DINHEIRO, NO SERTANEJO FUNCIONA COMO UMA EMPRESA MESMO... FOI COM O DINHEIRO DELES MESMO QUE COMEÇARAM.”
SONORA JÚLIO BELLUCCI
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“EDITAL, NORMALMENTE, OS PROJETOS, QUEM ENTRA SÃO ARTISTAS QUE NÃO TÊM UM ESCRITÓRIO... O ESCRITÓRIO MESMO FINANCIA O ARTISTA E O PROJETO DO ARTISTA.”
SONORA ADRIANO MAGOO “CADA VEZ MAIS TÁ TENDO FORMAS ALTERNATIVAS PRA ISSO, NÉ? ... SE ELES PUDESSEM BUSCAR MAIS A INICIATIVA PRIVADA.”
Trilha instrumental de off – “Kalimba” *OFF 9 - O GOVERNO DO ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL ABRE ANUALMENTE INSCRIÇÕES PARA O FUNDO DE INCENTIVO À CULTURA / O FIC // ESSE EDITAL VISA CONTEMPLAR ARTISTAS INTERESSADOS EM GRAVAR CDs / DVDs OU EM FAZER SHOWS DE CIRCULAÇÃO PELA CIDADE E PELO ESTADO // ALÉM DO FIC / A FUNDAÇÃO TEM PROMOVIDO HÁ SEIS ANOS EDIÇÕES DO KIT DE DIFUSÃO MUSICAL / CONFORME EXPLICA A GERENTE DE DIFUSÃO CULTURAL DA FUNDAÇÃO DE CULTURA SORAIA FERREIRA // SONORA SORAIA FERREIRA “A FUNDAÇÃO DE CULTURA, ELA TEM O PAPEL, LÓGICO, DE DIVULGAR... DIVERSIDADE QUE É A MÚSICA PRODUZIDA AQUI NO ESTADO.”
Trilha instrumental de off – “Kalimba” *OFF 10 - NO MEIO SERTANEJO / UMA DAS FERRAMENTAS UTILIZADAS PARA DIVULGAÇÃO DE CDs E DE SHOWS SÃO TAMBÉM OS CDS PROMOCIONAIS // DIFERENTEMENTE DOS CDs PRODUZIDOS PARA OS KITS DE DIFUSÃO MUSICAL
DA FUNDAÇÃO DE CULTURA / O FINANCIAMENTO PARA A CONFECÇÃO DESSES CDs PROMOCIONAIS É PRIVADO / E / NA MAIORIA DAS VEZES / SÃO USADOS COMO FLYERS PARA PANFLETAGEM //
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SONORA BOLHA “EU ACOMPANHEI UMA ÉPOCA QUE FOI ESSE CD PROMOCIONAL ... MASSACRANDO COM RELAÇAO AO CDZINHO QUE TODO MUNDO QUERIA TER, TODO MUNDO QUERIA TER”
Trilha instrumental de off – “Kalimba” *OFF 11 -- APESAR DO USO DE CDs PROMOCIONAIS PARA DIVULGAR DETERMINADO TRABALHO E ARTISTA / A FERRAMENTA MAIS COMUM E MAIS BARATA UTILIZADA HOJE EM DIA É A INTERNET //
SONORA SANDRO MORENO “CD FÍSICO É COISA DO PASSADO, NÉ? ... OU COMPARTILHADAS EM APLICATIVOS E ETC., NÉ?”
SONORA BOLHA “ELES TÊM UM SISTEMA TODO, NÉ, DE DIVULGAÇÃO QUE TRABALHA PRA ISSO. ... SE VOCÊ ENTRA HOJE LÁ TEM FOTO DO SHOW QUE TEVE ONTEM.”
SONORA SORAIA FERREIRA “EU ACHO QUE AS REDES SOCIAIS TÊM ESSE PAPEL, QUE ACHO QUE AMPLIOU BASTANTE ... TAMBÉM POSSAM VER SEU TRABALHO.”
FIM DO SEGUNDO BLOCO BLOCO 3 Trilha instrumental de off – “Kalimba”
*OFF 12 - ALGUNS ARTISTAS SÃO CONHECIDOS POR TRANSFORMAREM SUAS MÚSICAS EM GRANDES SUCESSOS / SEJA POR UM PERÍODO CURTO OU POR VÁRIOS ANOS // MAS O QUE TORNA UMA MÚSICA E UM ARTISTA GRANDES SUCESSOS? // 29
SONORA SANDRO MORENO “VAI MUITO DO PERÍODO SÓCIO-ECONÔMICO... FACILIDADE PRA CONSEGUIR PATROCÍNIO, FINANCIADORES, NÉ?”
SONORA JÚLIO BELLUCCI “DENTRO DO PROCESSO, SÃO ELEMENTOS, NÉ? ... PRA QUE SEU CÉREBRO CONTINUE ANTENADO QUERENDO QUE VOCÊ OUÇA AQUILO AINDA.”
SONORA ADRIANO MAGOO “A QUALIDADE DA SUA OBRA ... UMA OBRA EM GERAL, EU ACHO QUE ISSO SE TORNA UM SUCESSO.”
SONORA BOLHA “EU ACREDITO QUE, PRA TORNAR A MÚSICA UM SUCESSO ... PELA VIBE DA MÚSICA MESMO.” Trecho de “Ai se eu te pego”
SONORA SANDRO MORENO “QUANDO A GENTE TAVA COM JERRY E CROA, A GENTE TINHA TAMBÉM ... A GENTE GRAVOU” Trecho de “Come together” “... MATO GROSSO DO SUL, ARGENTINA, ASSUNÇÃO, NÉ?” Trecho de “Aquele grandão”
Trilha instrumental de off – “Kalimba” *OFF 9 - PREFERÊNCIAS MUSICAIS //
SONORA JÚLIO BELLUCCI “ANTES EU ERA MAIS SELETO, MAS, ASSIM ... E ASSIMILAR, NÉ, AS DIFERENÇAS.” 30
SONORA SORAIA FERREIRA “A GENTE TEM, TAMBÉM, MÚSICAS POPS E ROCKS RUINS ... DE AMBOS OS GÊNEROS, DE TODOS OS G6ENEROS.”
SONORA ADRIANO OLIVEIRA “ATÉ HOJE EU LI UMA COISA, NOS ESTADOS UNIDOS, ... O MEU GOSTO PESSOAL É PELA MÚSICA BOA.”
Trilha instrumental de off – “Kalimba” *OFF 10 - AS DIFERENÇAS ENTRE O PÚBLICO ROCK E O PÚLICO SERTANEJO PODEM APARECER DE DIVERSAS FORMAS: A MANEIRA COMO SE VESTEM E AS GÍRIAS PERTINENTES A CADA ESTILO SÃO ALGUMAS DELAS // MAS E QUANDO SE FALA DO CONSUMO DAS MÚSICAS DOS SEUS ARTISTAS PREFERIDOS?//
SONORA ADRIANO OLIVEIRA “EU ACHO BEM VARIÁVEL, PORQUE O PÚBLICO ROCK ... TÁ GOSTANDO DAQUILO E NUM QUEREM CONHECER OUTRAS COISAS.”
SONORA SANDRO MORENO “A ANÁLISE QUE EU POSSO FAZER ... ELE É MAIS ABERTO A OUVIR OUTROS TIPOS DE SOM, TAMBÉM.”
SONORA 23 BOLHA “EU PELAS ANDANÇAS, ASSIM, PELO QUE EU VI ... MAS TEM TAMBÉM, LÓGICO, OS ROCKEIROS QUE, AH, SERTANEJO, SERTANEJO, SERTANEJO...”
SOBE SOM Trilha instrumental de off – “Kalimba”
DESCE SOM 31
OFF INSTITUCIONAL “VOCÊ OUVIU O DOCUMENTÁRIO RADIOFÔNICO DO ROCK AO SERTANEJO: A PRODUÇÃO E VENDA DA MÚSICA AUTORAL DE CAMPO GRANDE EM 2013 E 2014”, DESENVOLVIDO E EDITADO PELA ACADÊMICA ERIKA ESPÍNDOLA. O TRABALHO FOI PRODUZIDO SOB A ORIENTAÇÃO DO PROFESSOR SILVIO DA COSTA PEREIRA, COMO REQUISITO PARCIAL PARA APROVAÇÃO NA DISCIPLINA PROJETOS EXPERIMENTAIS DO CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL COM HABILITAÇÃO EM JORNALISMO, DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL, NO SEGUNDO SEMESTRE DE 2014.”
SOBE SOM FINAL
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