Empreendedora

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL - HABILITAÇÃO EM JORNALISMO

EMPREENDEDORA: REVISTA DE ECONOMIA E NEGÓCIOS PARA O PÚBLICO FEMININO

HELOÍSA GARCIA BARBOSA

Campo Grande Novembro/2013


EMPREENDEDORA: REVISTA DE ECONOMIA E NEGÓCIOS PARA O PÚBLICO FEMININO

HELOÍSA GARCIA BARBOSA

Relatório apresentado como requisito parcial para aprovação na disciplina Projetos Experimentais do Curso de Comunicação Social / Jornalismo da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.

Orientador: Prof. Dr. Mário Luiz Fernandes

UFMS Campo Grande Novembro/2013



DEDICATÓRIA

Dedico o presente trabalho primeiramente à minha família, pelo amor e apoio incondicionais. Ao meu pai, Celso, por ter me ensinado a gostar de ler, a gostar de economia e a me dedicar ao máximo em todas as minhas tarefas. À minha mãe, Leila, por plantar em mim, desde pequena, a certeza de que as mulheres são mesmo o sexo forte, e que eu poderia ter sucesso em qualquer profissão que eu escolhesse. E também ao meu irmão, Gabriel, por dar seus “pitacos” no nome da revista e até mesmo participar dela, sendo o modelo de uma das fotos mais bonitas do recheio da Empreendedora. Também dedico a revista ao meu noivo, Marcos, por impedir tantas vezes que eu tivesse uma síncope nervosa quando as coisas davam errado, apenas por ficar ao meu lado e dizer “Eu sei que você é capaz. Vai dar tudo certo”. Da mesma forma, meus amigos também merecem um espaço nesta dedicatória. Mesmo sem entender porque eu gosto tanto de jornalismo econômico, eles sempre estavam dispostos a me ajudar, me aconselhar. À minha “sis”, Weslaine, que, mesmo morando longe, me ouvia e se descabelava junto comigo. Às meninas da comissão de formatura, Carolina, Vanessa, Izabela e Suelen, mesmo igualmente desesperadas com seus próprios trabalhos, sempre reservavam um tempinho para mim. E, por último, ao meu “teto”, Marcelo, que comprou, em 2009, seu lugar nesta dedicatória, ao me incluir em seu trabalho de conclusão de curso, e por estar presente, ainda que distante, quando eu precisei.


AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar, agradeço a todas as fontes, por compartilharem comigo suas histórias, seus conhecimentos, e por todas as lindas palavras de apoio e encorajamento, que me deram a força necessária para continuar. É por vocês, e para vocês, que a revista é feita. Meu muito obrigada, também, a todos os profissionais que cederam seus talentos, muitas vezes sem cobrar nada em troca, para que a publicação saísse sem erros, com um ar profissional e elegante. Também agradeço a todos os professores que gentilmente contribuíram para a construção da revista.


SUMÁRIO

Resumo ................................................................................................... 06

1 - Alterações no plano de trabalho ..................................................... 07

2 - Atividades desenvolvidas ............................................................... 08

3 - Suportes teóricos adotados ........................................................... 11

4 - Objetivos alcançados ...................................................................... 16

5 - Dificuldades encontradas ............................................................... 17

6 - Despesas (orçamento) .................................................................... 18

7 - Conclusões ...................................................................................... 19

8 - Apêndices ........................................................................................ 20

9 – Anexos............................................................................................. 29


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RESUMO:

A revista Empreendedora é um produto jornalístico destinado ao público feminino interessado em economia e empreendedorismo, dedicada às matérias não apenas informativas, mas também educativas, unindo conhecimento e entretenimento. Entre os objetivos da revista estão: produzir matérias sobre carreira, educação profissional, finanças, saúde, beleza, entre outros temas típicos da mulher moderna, além de preencher uma lacuna no mundo editorial focado no mundo feminino atual.

PALAVRAS-CHAVE:

Comunicação, Jornalismo de Revista, Economia, Público Feminino.


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1- ALTERAÇÕES DO PLANO DE TRABALHO

A alteração mais importante foi o nome da revista, que passou de Bolsa de Valores para Empreendedora, para deixar bem claro, logo na capa, o público-alvo e o assunto da publicação. O número de páginas do produto final foi reduzido de 36 para 32, para dar um melhor andamento e fluidez ao processo editorial, bem como adequar ainda mais às matérias às suas páginas. O cronograma também foi alterado, incluindo o mês de setembro no planejamento. Assim, ficou definido que setembro também seria dedicado à Coleta de dados; Análise dos dados; Organização do Roteiro/Partes e Redação do Trabalho. Também foi incluído mais um objetivo específico, Levar entretenimento e conhecimento às empresárias brasileiras. Foram adicionados ainda mais três autores no item 3 – Suportes Teóricos Adotados, para uma melhor compreensão dos temas centrais que regem o presente trabalho. Além disso, duas pesquisas fundamentais, que deram o molde inicial à revista, também foram incluídas no mesmo item, destacando-se os resultados principais e que mais interessam aos leitores deste relatório.


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2- ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

2.1 PERÍODO PREPARATÓRIO:

Antes de começar a parte prática, consultou-se alguns livros sobre jornalismo econômico, jornalismo de revista e jornalismo feminista, como Mulher de Papel, de Dulcília Buitoni (2009) e Jornalismo Econômico, de Suely Caldas (2008), por exemplo. Também acessei, via internet, artigos e pesquisas que dessem respaldo ao objetivo de produzir a revista inédita de economia voltada para o público feminino. A pesquisa mais importante, que norteia todo o trabalho, foi produzida em 2012 pelo Sebrae nacional e divulgada em maio de 2013. Trata-se de uma análise por sexo dos empreendimentos brasileiros, comparando os avanços de homens e mulheres em uma década. Foi a partir do gráfico “Distribuição de Empreendedores Iniciais por sexo (em %)”, que a ideia da revista surgiu. O gráfico mostra a escalada das mulheres que começaram o seu próprio negócio. Em 2012, elas já eram 50% dos empreendedores iniciais, mas o mercado jornalístico, especialmente o de revista, não tem se atentado a este fato. A prova disso é a completa falta de uma publicação específica para elas no mercado econômico. Ao começar a produzir as matérias, a autora pesquisou e entrou em contato com vários órgãos que auxiliavam pequenos empresários a se desenvolverem. Eles indicaram diversos especialistas aptos a falarem sobre os temas que ela procurava destrinchar nas reportagens, além de me fornecerem personagens com histórias de inspiração e esforço.

2.2 EXECUÇÃO:

Primeiro, a autora organizou uma lista de 10 matérias que julgava apropriadas e necessárias para o conhecimento, conforme o perfil que construiu das leitoras em potencial. Em seguida, montou um checklist das tarefas, com os itens: pauta; contato


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com as fontes; entrevistas; matéria pronta; e fotos, facilitando, assim, o bom andamento do trabalho e o acompanhamento de cada etapa da produção das matérias que comporiam a revista. O contato com as fontes foi feito sempre feito via telefone ou e-mail, no qual esclareci a todos sobre a ideia geral da reportagem que participariam e da revista como um todo, com os questionamentos básicos a serem respondidos. Assim, eles avaliavam se estavam aptos a responder as perguntas ou se existia outra pessoa no mercado mais bem preparada. Ao final, eram marcados um horário e local (no caso dos entrevistados residentes em Campo Grande/MS), que se encaixasse na agenda da fonte. Por diversas vezes, a autora precisou trocar algumas fontes e até mesmo mudar o foco de uma matéria, por conta do deadline apertado e falta de retorno dos entrevistados. Mas as mudanças se encaixaram nos objetivos da revista, que continuou a perseguir o objetivo inicial. À medida que ia entrevistando as fontes, também já produzia as fotos. Aqueles entrevistados por telefone me enviavam suas fotos via e-mail, já que produzir fotos próprias estava fora de questão. Ao final das entrevistas – sempre gravadas, para facilitar a decupagem e autenticação das matérias – a autora as transcrevia e selecionava as partes que julgava necessárias para redigir as reportagens.

2.3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA:

2.3.1 LIVROS BUITONI, Dulcília Schroeder. Mulher de Papel. 2ª ed, São Paulo: Summus, 2009. CALDAS, Suely. Jornalismo Econômico. 2ª ed, São Paulo: Contexto, 2008. KUCINSKI, Bernardo. Jornalismo Econômico. 3ª ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2007. MARTINS, Nelson. A Imagem Digital na Editoração. 1ª ed, Rio de Janeiro: Senac Nacional, 2005.


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NASCIMENTO, Patrícia Ceolin. Jornalismo em Revistas no Brasil. 1ª ed, São Paulo: Annablume, 2002. OYAMA, Thaís. A Arte de Entrevistar Bem. 1ª ed, São Paulo: Contexto, 2008. SCALZO, Marília. Jornalismo de Revista. 3ª ed, São Paulo: Contexto, 2008. VILAS BOAS, Sérgio. Estilo Magazine. 1ª ed, São Paulo: Summus, 1996. 2.3.2 REDES, SITES E OUTROS

http://bis.sebrae.com.br/GestorRepositorio/ARQUIVOS_CHRONUS/bds/bds.nsf/c 807fa6b861a7fd5336f89fc1bad3c09/$File/4476.pdf Acesso em 1 de agosto de 2013. ftp://ftp.ibge.gov.br/Censos/Censo_Demografico_2010/Familias_e_Domicilios/ce nso_fam_dom.pdf. Acesso em 05 de setembro de 2013. ftp://ftp.ibge.gov.br/Censos/Censo_Demografico_2010/Trabalho_e_Rendimento/c enso_trabalho_e_rendimento.pdf . Acesso em 05 de setembro de 2013. ftp://ftp.ibge.gov.br/Censos/Censo_Demografico_2010/Educacao_e_Deslocamen to/censo_educacao_e_deslocamento.pdf . Acesso em 05 de setembro de 2013. JACOBINI, Maria Lucia de Paiva. O jornalismo econômico e a concepção de mercado. Disponível em < http://bjr.sbpjor.org.br/bjr/article/view/171>. Acesso em 14 de setembro de 2013.


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3- SUPORTES TEÓRICOS ADOTADOS

A revista tem o nome de Empreendedora porque deixa bem claro, já no início, a quem a revista se dirige: mulheres que desejam abrir e gerenciar o próprio negócio, e que antes não tinham uma publicação que falasse diretamente com elas, relacionando não só a parte técnica de uma empresa, como tributos e fluxo de caixa, mas também que falasse sobre os aspectos familiares, sociais, emocionais e até mesmo – por que não? – estéticos de uma vida que precisa ser dividida entre o trabalho, a família, as amizades e si mesma. Mas, primeiro, foi preciso perguntar: o que é jornalismo econômico? E como a mulher está inserida nos dois contextos? A autora do livro Jornalismo Econômico, Suely Caldas, descreve a editoria jornalística como:

[...] é de fato um guia de sobrevivência indispensável para nossa vida cotidiana: é lá que estão as notícias sobre juros e inflação, tarifas públicas e aluguel, golpes e trambiques, sobre o preço da carne e do feijão, o emprego perdido e o salário reduzido. (CALDAS, 2008, p.9)

Tão antigo quanto a imprensa em si, o jornalismo de economia sempre desempenhou um papel fundamental na vida da população. Às vezes bem escrito, com o poder de informar adequadamente até mesmo os leitores de escolaridade baixa; por outras, um mero “economês”, quase exclusivamente dedicado aos empresários e economistas, que entendem todos os jargões sem precisar de tradução. O escritor Bernardo Kucinski, autor do livro também chamado Jornalismo Econômico, critica a falta de espaço para a Economia nos jornais brasileiros, mesmo considerando a grande importância do assunto para o dia-a-dia da Nação. Ele ainda indica o que poderiam ser as principais causas para este fenômeno:

Apesar do predomínio do econômico sobre o político, as hierarquias e as estruturas de produção jornalísticas ainda são remanescentes de quando o jornalismo econômico era apenas uma especialização. O espaço dos jornalistas dedicados à economia permanece confinado, dificultando a formação de uma


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nova linguagem, apropriada à apresentação e à análise da questão econômica para um grande público. Na cobertura e na disposição temática, o político continua frequentemente separado do econômico. No Brasil, essa disfunção foi acentuada pelas deficiências na formação tanto de jornalistas como de leitores, pelos obstáculos à pratica do jornalismo e pelo número reduzido de publicações voltadas à macroeconomia e à economia política, em comparação com países de dimensões semelhantes. (KUCINSKI, 2007, p.15)

À primeira vista, a editoria econômica da imprensa brasileira é um ambiente masculino, a história prova que ocorre o contrário. Desde a década de 90, as mulheres ocupam, inclusive, cargos de chefia na área. “Hoje, a proporção de mulheres no jornalismo econômico é de 70% para 30% de homens.” (CALDAS, 2008, p.33). A forte presença feminina nas redações não se reflete no público. Ou pelo menos nas publicações da imprensa. A pesquisadora Dulcília Buitoni dedicou seu estudo a decifrar as formas de representações da mulher na imprensa ao longo das décadas. Ela encontrou caricaturas que vão da mulher-oásis, na década de 1900, que descrevia a mulher como um “consolo na aridez” (BUITONI, 2009, p. 55), até a mulher segura e sexy, de 1990. Mas em nenhum momento o público feminino foi retratado como o que comanda o próprio negócio, administra as próprias finanças e também a da casa e sabe aonde quer chegar na carreira.

A mulher só é comparada a qualidades ou defeitos dentro dos paradigmas abrangidos pelos seus papeis básicos. E frase com mulher apenas envolve predicados contíguos aos três objetos: lar, marido e filhos. Nesse particular, notamos que a maioria dos textos femininos utilizava verbos de estado [...] do que de ação. (BUITONI, 2009, p.200)

Nesse contexto, propõe-se uma revista voltada para o público feminino, feita por e para a mulher que não se encontra nos textos publicados atualmente. A pesquisa bibliográfica também se debruçou em busca da linguagem mais adequada para chegar até o público da revista. E ela começa na escolha do formato.


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A revista é um veículo de comunicação, um produto, um negócio, uma marca, um objeto, um conjunto de serviços, uma mistura de jornalismo e entretenimento. Nenhuma das definições acima está errada, mas também nenhuma delas abrange completamente o universo que envolve uma revista e seus leitores. SCALZO, 2008, p 12)

A revista também e a publicação preferida das mulheres, tendo em vista a enorme variedade de títulos específicos para elas.

Nos anos 70, com a mulher entrando para valer no mercado de trabalho, há um grande crescimento no mercado de revistas femininas. Nesse momento, começam a aparecer também as revistas que não tratam as mulheres como simples donas-de-casa e mães, mas como profissionais em busca de realização. (SCALZO, 2008, p. 34)

Essa pesquisa procura observar a importância do discurso adotado por qualquer publicação, e seus reflexos nas reportagens apresentadas. A autora Patrícia Ceolin Nascimento, em seu livro Jornalismo de Revistas no Brasil, explica melhor o conceito:

A ideia é a de que o discurso, mais do que representar os interesses da revista ou a expectativa de um público leitor, tem um funcionamento que lhe é próprio, possibilitando a emergência de significações que escapam (ou deslizam) para outros lugares discursivos, para outras 'cenas', que não a percebida na linearidade do texto especificamente. Com isso, pretendemos mostrar que falar em discurso jornalístico é mais do que imprimir uma marca identificatória, uma etiqueta de categorização. É, antes, falar de uma forma de ação, de uma forma de colocar em movimento relações sociais, não mais por sua delimitação temática, mas por seu contorno significante. (NASCIMENTO, 2002, p. 13)

Segundo o censo geral de 2010 realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), as mulheres já ultrapassaram os homens em anos de estudo. Naquele ano, 12,5% delas possuíam diploma de ensino superior, contra 9,9% deles. Elas também são maioria no comando dos lares, especialmente os monoparentais com filhos. Em 2010, 12,6% das casas brasileiras que se encaixavam nesse perfil e tinham a figura materna como a principal, contra apenas 1,8% dos lares comandados pelo pai.


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O SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) também realizou uma pesquisa bastante reveladora em 2012. Pela primeira vez, a entidade dividiu seu estudo pelo sexo dos empresários. E constatou que as mulheres correspondem à metade dos empreendedores iniciais - conjunto de indivíduos adultos, entre 18 a 64 anos, que fez alguma ação nos últimos 12 meses visando a ter um negócio próprio, formal ou informal, ou que já possui um negócio, formal ou informal, com até 3,5 anos de atividade. – (SEBRAE, 2013, p.13). Em outros anos, como 2007 e 2009, elas chegaram a ultrapassar os homens na abertura de empresas. Das empresárias, 37% são também as chefes do domicílio onde residem. Outro fundamento básico muito utilizado na confecção da revista tem sido as entrevistas. Mais do que um mero recurso jornalístico para conseguir as informações necessárias, entrevistar bem é quase uma arte, como define a autora Thaís Oyama em seu livro A Arte de Entrevistar Bem. “É impossível fazer uma boa reportagem [...] tendo feito entrevistas ruins: boas entrevistas sempre rendem boas reportagens.” (OYAMA, 2008, p.7).

3.1 - PÚBLICO-ALVO A revista é dirigida ao público feminino, que tem 30 anos ou mais, com ensino superior e família estabelecida, que já não se encaixa no mundo corporativo tradicional, porque precisa de flexibilidade e mais tempo para cuidar da família. A leitora-padrão é chefe de família ou desempenha um papel fundamental no orçamento familiar. Também é cristã, urbana e acompanha regularmente as notícias regionais e nacionais. Ela procura notícias que a ajudem a montar e gerenciar o próprio negócio; que resumam os principais acontecimentos no mundo econômico de maneira simples e de fácil entendimento, bem como matérias sobre educação profissional. Segundo o IBOPE, 61% das mulheres brasileiras preferem ou consomem frequentemente alguma publicação em formato de revista. Elas também se informam via internet e televisão.


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A mesma pesquisa ainda cita que as leitoras de revista são reconhecidas como influenciadoras de opinião. “Entre os leitores de revistas, 27% são considerados ‘campeões’, pessoas informadas, que falam com muitas outras, escrevem resenhas de produtos e realmente conseguem influenciar ou convencer de três a mais pessoas”, diz a publicação. As empreendedoras gostam de ler matérias sobre gestão, planejamento e mercado, assim como são atraídas também pelo entretenimento e moda. Da mesma forma, elas procuram se informar sobre as principais notícias da semana, de modo mais aprofundado e reflexivo. As

fontes

de

apoio

para

esta

revista

foram:

Sebrae,

Rede

Mulher

Empreendedora, Associação de Mulheres Empreendedoras, entre outros.

3.2 - PROJETO EDITORIAL O formato revista impressa foi escolhido por dar mais espaço às conversas informais com as leitoras. As reportagens são mais detalhadas e aprofundadas, sempre se utilizam de recursos visuais, como fotos e infográficos, que, por sua vez, recebem mais atenção do que em outras publicações do gênero. Deliberou-se pelos tons vivos e coloridos para marcar cada reportagem, a fim de tirar o ar pesado de uma publicação de economia e negócios. Cada matéria tem sua cor respectiva, deixando o produto final leve, atraente e elegante, mas sem tirar a formalidade e a seriedade do conteúdo. Para dar um ar de unidade ao trabalho, escolheu-se marcar as páginas com círculos coloridos, como marcas d’água, em todas as páginas, exceto propagandas. É importante definir um ponto comum na publicação, criando um projeto gráfico facilmente identificável nas bancas, que destaca a revista das demais.


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4- OBJETIVOS ALCANÇADOS

4.1- OBJETIVO GERAL Produzir de uma revista de 32 páginas sobre economia e negócios voltada para o público feminino.

4.2- OBJETIVOS ESPECÍFICOS Produzir matérias sobre empreendedorismo, carreira, educação profissional, finanças e outros; Orientar o público feminino sobre como abrir o próprio negócio e como se destacar no mercado de trabalho; Auxiliar as mulheres a decidir que perfil empreendedor combina mais com cada personalidade e divulgar as opções de investimento disponíveis; Preencher uma lacuna no mundo editorial que não satisfazia o público feminino no assunto. Levar conhecimento e entretenimento às empresárias brasileiras.


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5- DIFICULDADES ENCONTRADAS:

As dificuldades deste trabalho foram principalmente logísticas e técnicas, como telefones que ficaram mudos justamente no dia da entrevista agendada e o gravador que desliga no meio da conversa, sendo necessário retomar todo o assunto novamente. Outro grande problema foi a falta de especialistas aptos a discorrer sobre certos assuntos aqui em Campo Grande, sendo necessária a procura destes em outros estados, como São Paulo e Rio de Janeiro. Além disso, certas fontes são extremamente ocupadas, como os ministros Guilherme Afif Domingos (Secretaria da Micro e Pequena Empresa) e Delaíde Miranda Arantes (Tribunal Superior do Trabalho). Precisei reagendar as entrevistas por diversas vezes, o que atrapalhou o cronograma de algumas reportagens. Também houve dificuldades com o software utilizado para diagramar e imprimir a revista. Na gráfica, eram aceitos somente projetos no programa Corel Draw, no qual a autora tem pouco conhecimento. Então, precisou-se contratar um diagramador especializado, que compartilhou o desenvolvimento do projeto gráfico da revista.


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6- DESPESAS (ORÇAMENTO) Motivo

Responsável

Valor

Revisão ortográfica

Madalena Moisés

R$150

Diagramação

Júlio César

R$250

Impressão

Gráfica Lazuli

R$200

Compra de livros

Amazon

R$45,75


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7- CONCLUSÕES

Para a autora, construir uma revista desde as primeiras etapas até a finalização representou um grande passo profissional e pessoal. Ao enfrentar as dificuldades de produção, como pautas que caem, fontes que desistem na última hora e o desafio de entrevistar, gravar, fotografar, redigir e conseguir encaixar a matéria completa no espaço destinado a ela na publicação, ela aprendeu a lidar com os desafios que a profissão lhe impõe. A linguagem editorial veio naturalmente para a autora, que se identifica com o público-alvo da revista. O objetivo inicial era trazer conhecimento do mundo empresarial a um nível de dia a dia, que as empresárias pudessem entender sem maiores esforços. E, principalmente, que fosse um conteúdo leve, facilmente assimilável, que trouxesse também entretenimento. Para ganhar a atenção deste público em especial, a revista precisa ser como elas: trazer matérias que a ajudem a manter a empresa, mas também equilibrar a família e a vida pessoal. E a Empreendedora veio para mostrar que isso é possível, e não exige um esforço muito grande, basta apenas a vontade de levar ao público o que ele pede. Certos temas destacam-se ao mesmo tempo pela importância e completo descaso da mídia “tradicional”. Matérias como “O Caminho das Pedras” e “Sucesso ao Alcance dos Dedos” não possuem precedentes na imprensa, embora sejam fundamentais para quem está começando o próprio empreendimento. A reportagem “Mulheres na Chefia” merece destaque também por mostrar que o preconceito, embora velado e escondido, ainda existe em certas profissões. Ainda há um longo caminho a percorrer. A revista deve ser encarada como um experimento, algo a ser lapidado e melhorado continuamente, assim como a autora.


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8 - APÊNDICES

Apêndice 1: Matéria de Capa Sucesso ao alcance dos dedos Cada vez mais, empreendedores estão descobrindo que as redes sociais podem ser mais do que um passatempo bonitinho Hoje, para vender um produto, ninguém precisa ficar atrás de um balcão torcendo para que algum comprador entre na loja. Se, antes, o principal empecilho para a criação de empresas eram os custos com o aluguel do ponto comercial e o pagamento de funcionários, hoje eles são substituídos pelo pagamento de um domínio de internet e do layout do site, bem mais baratos. Mas existem aqueles que escolhem as redes sociais, como o Facebook e o Instagram, para divulgar seus produtos e – por que não? – finalizar a venda. A proximidade com os clientes e o custo zero são os atrativos, mas é preciso ter cuidado com a prática. Mayara dos Santos Garcia e Rafael Bertoli da Silva, donos da Ripley Multimarcas, viram no Facebook a vitrine ideal para expor as peças de roupa que importam dos Estados Unidos. Há dois anos, sem muitas pretensões, o casal começou a tirar fotos de cada camisa e tênis que trazia e postá-las na rede. Deu certo. Hoje, a Ripley vende para três estados e não para de receber encomendas. “Cerca de 80% dos nossos clientes vêm do Facebook. A rede é uma ótima ferramenta para todos os segmentos do comércio, porque amplia muito a visibilidade dos produtos em outras cidades”, estima o casal. Para Mayara e Rafael, as redes sociais possibilitam uma relação de amizade com os clientes, o que facilita a venda e, principalmente, a fidelização de quem visita a página da loja. Os dois já lançaram o site de e-commerce da Ripley e pretendem, dentro de um ano, abrir a loja física, mas sem deixar de lado o site de relacionamentos. Mas é preciso ter cuidado: como a venda é feita de maneira informal, as chances de a sua empresa levar um calote aumentam. É o que conta Juliana Queiroz Rodrigues, dona da Rineli Confecções, conhecida no Instagram como @roupas_online. “Já aconteceu de o cliente falar que depositou o valor devido em nossa conta. Para ‘provar’, postou um envelope vazio no banco e mandou um extrato falso. Ficamos desprotegidas, pois não conhecemos o nosso cliente.” Instagram como um diferencial Saber como se destacar da “multidão” de vendedores na internet pode ser o passo que falta para a sua marca decolar. Vivian Jorge, a idealizadora do @bolsasinspiredonline,


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decidiu humanizar a venda de seus produtos colocando-se nas fotos que postava no Instagram. “Eu comecei no Facebook criando o grupo ‘Comércio Delas’, mas muitas das participantes também vendiam bolsas. Ou seja, eu fiz as minhas próprias concorrentes. Assim, eu vi que tinha que mudar”, conta a empresária. O perfil da loja na rede tem mais de 15 mil seguidores, o que abriu precedente para a criação de uma marca exclusiva. “Já começamos a produzir a própria linha de bolsas, no estilo de que minhas clientes gostam”, revela Vivian. Pontos de contato Antes de sair criando contas em todas as redes sociais existentes, pergunte a si mesma: quem é o seu cliente? Como ele se comunica? Como você pode atraí-lo para a sua marca? “Nós sempre tentamos imaginar os pontos de contato que o consumidor tem. Como podemos oferecer o que ele quer, na hora em que ele quer?” – indaga o diretor de Marketing e Novos Negócios da 8020 Marketeria Digital, Estevão Rizzo. Segundo Estevão, “dá para classificar os clientes em dois tipos: o que estão querendo um produto, e os que ainda não sabem que querem”. Geralmente, o primeiro inicia a busca no Google, onde você pode inserir um anúncio da sua marca ou, se tiver um blog, posicionar uma matéria falando bem da sua mercadoria. O segundo tipo é o mais complicado: “Você precisa gerar uma demanda, um desejo pelo seu produto, é aí que entram as redes sociais”, explica o diretor. “Redes como o Facebook e o Instagram são como uma grande vitrine, a fachada da sua empresa. Ela tem que ser bonita e bem organizada, mas só a fachada não vende”, completa. Por isso, é necessário pensar: para onde você vai redirecionar seu cliente depois que ele se interessar por seu produto? “Se a venda for realizada na própria rede, certifiquese de que o atendimento será rápido e eficiente”, aconselha Rodrigo Motta, coordenador de relacionamento da 8020. Mas existem inúmeras outras formas de concluir a venda. De acordo com Estevão, um site simples tem o custo inicial de R$ 300. Depois, é preciso pagar uma taxa de domínio, em média R$ 20 mensais. “Eu duvido que alguém consiga ter uma estrutura de venda que custe menos do que R$ 20 por mês”, brinca ele. Seja qual for o caminho mais adequado para sua empresa, tenha em mente que as coisas estão sempre mudando, e você precisa ficar atenta. Novas redes sociais surgem todo dia, assim como “manuais de comportamento” na internet são modificados. Tire o máximo de proveito dessa mina de ouro e faça sua marca decolar.


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BOX: O que NÃO fazer nas redes sociais: – Entrar numa rede social sem conhecê-la. Não saber as “regras de etiqueta” de determinada rede de relacionamento pode deixar seus clientes com uma péssima impressão da marca. Pesquise antes! – Mau atendimento. Não apague as críticas ruins que alguém postar sobre sua marca. Ao invés disso, entre em contato com a pessoa e tente resolver o problema dela – em até 24 horas. Na internet, as informações viajam rápido, e saber lidar com isso é fundamental. – Não monitorar a marca, principalmente fora das redes sociais, com sites especializados e fóruns. Se você não souber o que estão falando de sua empresa, como vai defendê-la e melhorá-la? –Promoções do tipo “curta e compartilhe”. Desde o dia 18 de julho de 2013, o Ministério da Fazenda proíbe as promoções e os sorteios feitos através das redes sociais. Sua empresa pode ser multada, por isso, tome cuidado! *Fonte: 8020 MKT Digital Sites & apps para vender mais: - Bondsy – www.bondsy.com: uma espécie de Classificados do Instagram, mas apenas seus amigos e amigos de amigos veem o que você está vendendo. O pagamento pode ser feito à base de troca, não necessariamente em dinheiro; - Arco – www.arco.vc: uma ferramenta que possibilita compra e venda de produtos no Instagram, com apenas um comentário deixado na foto do produto vendido; - Pinterest – www.pinterest.com: ótima rede para empresas cujo público-alvo sejam mulheres jovens, entre 18 e 30 anos, antenadas em moda e tecnologia. Lá, compartilham-se apenas fotos e vídeos. Funciona como uma vitrine, onde você pode “pinar” as fotos dos produtos da sua loja.


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Pauta original: A Tecnologia é para Todas! Hoje, ninguém precisa ficar presa a máquinas de cartão com taxas caras e que são difíceis de manusear. Basta ter um smartphone conectado a internet 3G ou wi-fi. O mesmo acontece com as lojas. Se antes o principal empecilho para a criação de novas empresas eram os custos com o aluguel do ponto comercial e pagamento de funcionários, hoje eles são substituídos pelo pagamento de um domínio de internet e do layout do site, bem mais baratos. Tahiana D'Egment – CEO da UniPay Tel: | E-Mail: tahiana@unipay.com.br 1 – Quais os prós e os contras desses novos tipos de tecnologia? 2 – Como as mulheres podem tirar proveito desses benefícios? 3 – Qual a proporção de mulheres que utilizam o UniPay? 4 – Você já teve a oportunidade de conversar com alguns clientes? O UniPay já possibilitou que alguma empresa deixasse de ser sonho para se tornar realidade? Denise Lima – Anúncios no Facebook Tel.: (11) 5645-0612 | E-Mail: denised@sales.fb.com 1 – Quantas páginas de empresas brasileiras existem no Facebook? 2 – Quantas delas são atribuídas a perfis de mulheres? Lúcia Sandri – Laloo Modas 1 – Há quanto tempo você possuía a loja física? 2 – Por que decidiu migrar para o mundo virtual? 3 – Qual o impacto disso nas vendas? E no lucro? 4 – Você voltaria a ter loja física? Airu – Loja colaborativa apenas para artesãos 1 – Há quanto tempo a Airu existe? 2 – Quantos associados ela conta hoje?


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3 – Quais são os pré-requisitos para participar? 4 – Quais os objetivos do site? Outros pontos importantes: - Pegadinhas (pontos ruins / que podem atrapalhar o bom funcionamento da empresa) Imagens: Gráfico das informações; Fotos das fontes; Print das páginas da UniPay e da Laloo Modas Pauta com alterações: Pauta: Sucesso ao alcance dos dedos Hoje, ninguém precisa ficar presa a máquinas de cartão com taxas caras e que são difíceis de manusear. Basta ter um smartphone conectado a internet 3G ou wi-fi. O mesmo acontece com as lojas. Se antes o principal empecilho para a criação de novas empresas eram os custos com o aluguel do ponto comercial e pagamento de funcionários, hoje eles são substituídos pelo pagamento de um domínio de internet e do layout do site, bem mais baratos. Mas existem aqueles que escolhem as redes sociais, como o Facebook e Instagram, para divulgar seus produtos e - por que não? - finalizar a venda. A proximidade com os clientes e o custo zero são os atrativos, mas é preciso ter cuidado com a prática. Mayara dos Santos Garcia e Rafael Bertoli da Silva – Ripley Multimarcas 1 - Há quanto tempo vocês publicam as fotos no aqui no Facebook? 2 – Como surgiu a ideia? 3 - Quais os prós e contras de vender numa plataforma como essa? 4 - Vocês têm uma noção de quantas peças vendem exclusivamente pelo Facebook por mês? Vivian Jorge – Bolsas Inspired 1 – Como funciona sua venda pelo Instagram? 2 – Suas postagens sempre atraem muitas compradoras, mas você disse que só traz 1 ou 2 exemplares de cada modelo. Como é feita a escolha de quem vai comprar?


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3 – Você pensa em montar um site próprio? 4 – Quais são os planos de expansão da empresa? Rodrigo Motta – 8020 Mkt Digital 1 – Quais são os prós e contras (principalmente para a imagem da empresa) de realizar as vendas direto nas redes sociais? 2 – Quais os cuidados que a empresa precisa tomar nesses casos? 3 - Existe algum “manual de etiqueta” empresarial dentro das redes sociais? O que elas devem ou não devem fazer? 4 – Que dicas você daria para uma empresa melhorar as vendas online? Imagens: Gráfico das informações; Fotos das fontes;

Apêndice 2: Da lavoura aos tribunais A história da ministra Delaíde Miranda Arantes parece até roteiro de filme. Vinda de família pobre ela decidiu, ainda criança, que queria ser advogada, e não mediu esforços para conseguir se formar. Ajudou o pai na lavoura, foi empregada doméstica e recepcionista, para pagar os estudos, e hoje julga cerca de mil causas por mês na mais alta corte da justiça trabalhista brasileira. Ciente de que é o exemplo vivo de como a educação pode alavancar a carreira da mulher brasileira, ela diz que só se considerou uma pessoa bem-sucedida quando conseguiu conciliar a vida profissional com a família, os amigos e a Igreja. Em entrevista exclusiva à Empreendedora, a ministra conta sua trajetória e dá dicas para quem quer seguir seus passos. Quando a senhora era criança, imaginava chegar onde está hoje? Não, eu não imaginava, mas eu aspirava a sair do lugar-comum, a sair de onde eu estava, a poder estudar. Eu era bem criança, mas me lembro até hoje de que eu pedia a Deus para me ajudar a estudar.


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Dra. Delaíde, a senhora sempre batalhou muito pelo que queria, não? Eu só não ficava parada. Minha reação nunca foi de revolta. Quando eu era moça, na zona rural, os empregos eram bem escassos, e eu me lembro de que fazia uma série de serviços para ajudar nos estudos. Ajudava meu pai na roça, a fazer a comida em casa... Eu subia em uma espécie de banquinho para poder alcançar no fogão. Na escola, eu sempre procurava fazer as tarefas da melhor forma possível, participava ativamente da aula. Quando tinha 14 anos, por exemplo, eu me inscrevi em um projeto do governo para jovens de áreas rurais. Eu sou uma pessoa muito religiosa, e acredito piamente que Deus guia nosso caminho, que nos inspira e nos dá sabedoria, exatamente como fez com Salomão, mas temos que fazer a nossa parte. Por exemplo, quando eu me candidatei para a vaga do quinto constitucional para o Tribunal Superior do Trabalho, eu já tinha três obras publicadas, era presidente de um instituto cultural de grande respeitabilidade aqui e já tinha sido diretora da Ordem dos Advogados do Brasil. Ou seja, sempre procurei ir atrás do que julgava ser a minha parte. O começo de vida difícil lhe dá um ponto de vista diferente do dos demais colegas nos casos que a senhora julga? Eu diria que me propicia um olhar de experiência. Por exemplo, quando eu vou apreciar o processo de uma empresa, tenho a oportunidade de utilizar o olhar do que eu vivenciei quando trabalhava em uma empresa semelhante. Eu fui empregada doméstica, recepcionista e muitas outras coisas. Acho que o fato de ter começado a trabalhar tão cedo e de ter passado por tantos postos de trabalho me proporciona um olhar bem amplo na minha função de julgar hoje. Quando contava aos colegas, na sua cidade, que queria ser advogada, ou mesmo ministra, eles a apoiavam ou achavam que não conseguiria? Eu não tenho nenhuma história de discriminação ou preconceito em relação aos meus projetos, até porque eu sempre fui muito otimista. Claro que, quando mocinha, eu não dizia que gostaria de ser ministra, até porque, naquela época, eu nem sabia muito o que isso significava. Mas, em relação aos meus projetos – mudar para a cidade grande e estudar Direito –, nunca tive problemas. Uma pessoa, quando é muito otimista, deixa as outras até intimidadas, elas têm dificuldade de tolher seus sonhos. Eu diria que encontrei pouquíssimas pessoas dispostas a me intimidarem, tão poucas que nem saberia lhe contar uma história real que esteja presente na minha mente. Sempre encontrei muito incentivo, muita ajuda.


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Uma experiência que eu posso contar para as pessoas é que quando elas têm foco e força de vontade, Deus as ajuda muito. E as pessoas também. Sua história é fantástica, mas, infelizmente, não se repete com a frequência ideal. Ainda hoje, mesmo com um novo leque de oportunidades, é difícil ver crianças de comunidades pobres se destacando em certas áreas. A que a senhora atribui esse fato? A educação brasileira é verdadeiramente inclusiva? Eu diria que ela está caminhando para ser inclusiva, veja bem: por que eu pude ser nomeada ministra para a vaga destinada à advocacia? É preceito da Constituição federal que um quinto dos cargos seja provido pela OAB e pelo Ministério Público. Mas isso só é possível no Brasil de hoje. O país precisou ser presidido por um metalúrgico, e depois por uma mulher, para que isso acontecesse. Porque na concepção mais antiga, praticamente apenas pessoas de origem “nobre”, educadas nos grandes centros, ou que estudaram fora do Brasil, tinham essa oportunidade. Acho que isso tem mudado muito ultimamente. Não apenas na questão das cotas acadêmicas, mas o Brasil está se tornando cada vez mais inclusivo, de maneira geral. Eu trabalhei muito pela emenda 72, a de inclusão dos trabalhadores domésticos, porque acho que temos de brigar por mais oportunidades de educação e cultura, e também para mudar a mentalidade das pessoas. A senhora acha que existe algum segredo para alcançar os seus objetivos? Que dica daria para as mulheres que se espelham em sua história? Sempre que falo sobre isso eu me atrevo a dar algumas dicas, mas isso não é uma receita de bolo. Eu fui uma menina normal, brinquei de boneca até os 10 anos de idade, namorei muito na adolescência, casei duas vezes, tenho marido e duas filhas, e o que eu sempre digo é que precisamos ter foco nos nossos objetivos. Quem não tem muitos recursos financeiros, e precisa ainda transcender barreiras referentes a classe social, precisa batalhar mais ainda. Acho que falta foco aos jovens. Não que eles devam ficar apenas em casa, sem sair, sem ir à balada, mas se colocassem nos estudos um terço da força de vontade que têm, certamente teríamos uma nação repleta de exemplos como o meu. Eu me propus, bem cedo, a me considerar uma pessoa de sucesso apenas se conseguisse conciliar minha carreira profissional com a minha família, os meus amigos e com a Igreja. Eu só seria bem-sucedida se conseguisse administrar todos esses aspectos da vida de mulher. Uma das minhas grandes vitórias é essa, mas não é fácil, é preciso muita força de vontade. Acho que o grande segredo do sucesso é o foco nos objetivos.


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Eu li, em uma de suas entrevistas, que, quando assumiu o cargo, havia 12 mil processos em sua mesa, aguardando julgamento. Tem noção de quantos processos a senhora tem hoje? Tenho quase 14 mil. A distribuição é mensal, então, às vezes, ela ultrapassa nossa capacidade de julgamento. Eu julgo em torno de mil processos por mês, mas recebo cerca de 1,5 mil. Quando recebo menos, consigo adiantar o trabalho, mas nem sempre isso é possível. Mas isso não significa que eu vá julgá-los às pressas, ou de qualquer maneira, preciso apreciar cada caso com a devida atenção, porque, atrás de cada processo, existem vidas em jogo. Pauta: Ministra Delaíde Arantes 1 - Quando a senhora era criança, imaginava que chegaria aonde chegou hoje? 2 - O começo de vida difícil te oferece um ponto de vista diferente nos casos em que trabalha? 3 - Quando contava às pessoas da sua cidade que gostaria de ser advogada ou juíza, eles te apoiavam ou achavam que era loucura? 4 - A história da senhora é fantástica, mas, infelizmente, não se repete com a frequência ideal. Ainda hoje, mesmo um novo leque de oportunidades, ainda é difícil ver crianças de comunidades pobres se destacando em certas áreas. A que a senhora atribui esse fato? A educação brasileira é verdadeiramente inclusiva? 5 - Existe algum segredo para alcançar seus objetivos? Que dia daria para as mulheres que se espelham na senhora? 6 – Quantos processos a senhora tem na mesa hoje?


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9 - ANEXOS

Anexo 1:

Fonte: Sebrae

Anexo 2:

Fonte: Sebrae

Anexo 3:


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Fonte: IBGE

Anexo 4:

Fonte: IBGE


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