UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL - HABILITAÇÃO EM JORNALISMO
JORNALISMO IMPRESSO NA FRONTEIRA BRASIL-BOLÍVIA: UM ESTUDO DA REPRESENTAÇÃO DO BOLIVIANO NO JORNAL DIÁRIO CORUMBAENSE
LIGIA BARALDI
Campo Grande JUNHO /2014
JORNALISMO IMPRESSO NA FRONTEIRA BRASIL-BOLÍVIA: UM ESTUDO DA REPRESENTAÇÃO DO BOLIVIANO NO JORNAL DIÁRIO CORUMBAENSE LIGIA BARALDI
Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do título de bacharel em Comunicação Social – Habilitação em Jornalismo na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, sob orientação do Prof. Dr. Marcos Paulo da Silva.
Orientador: Prof. Dr. Marcos Paulo da Silva
UFMS Campo Grande JUNHO - 2014
LIGIA BARALDI
JORNALISMO IMPRESSO NA FRONTEIRA BRASIL-BOLÍVIA: UM ESTUDO DA REPRESENTAÇÃO DO BOLIVIANO NO JORNAL DIÁRIO CORUMBAENSE
Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do título de bacharel em Comunicação Social – Habilitação em Jornalismo na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, sob orientação do Prof. Dr. Marcos Paulo da Silva.
Campo Grande, MS, 16 de Junho de 2014.
Aos meus pais, Dirceu e Rosane.
AGRADECIMENTOS Na conclusão deste trabalho, preciso dizer que meus agradecimentos não são formais. Fiz muitos amigos durante este percurso, dentro e fora da faculdade, e a formalidade nos tornaria distantes. Quero agradecer a todas as pessoas que se fizeram presentes, que se preocuparam, que foram solidárias, que torceram por mim. Agradecer é sempre difícil, pois posso cometer injustiças esquecendo pessoas que me ajudaram. Peço perdão antecipadamente àqueles que não forem mencionados, mas em meu coração ninguém ficou de fora. A toda minha família – meus pais, Dirceu e Rosane, irmão Rodrigo, pela grande compreensão e apoio manifestados por palavras e silêncios. Por terem acompanhado de perto minhas angustias, e por terem ajudado com suas opiniões. Obrigada por serem as pessoas mais maravilhosas do meu mundo. Aos meus padrinhos Rose Mary Xavier Val Marchiori e José Luiz Marchiori, pela participação na minha vida, sempre apoiando e incentivando meu progresso e minhas conquistas. Em especial ao meu padrinho, que de onde estiver estará olhando por nós. Ao meu orientador, professor doutor Marcos Paulo da Silva, pela confiança depositada em mim, por ter acreditado em meu trabalho, mesmo quando eu mesma não acreditava. Pelo apoio, profissionalismo e correções, fundamentais para que este trabalho chegasse até esse momento. Aos amigos, Adriano, Anna Paula e Mariana que não me deixaram desanimar, me aconselharam, emprestaram documento da biblioteca, e sempre tinham alguma palavra para me fazer rir, me acalmar e fazer seguir em frente. À minha grande amiga Danielly Azevedo, que sempre demonstrou preocupação com o trabalho, me cobrando disciplina ao mesmo tempo em que me incentivava. Obrigada também por me ouvir sempre com paciência e calma, por entender e respeitar minha falta de tempo e meu “sumiço”.
A minha prima Karenina e amiga Daniela Zanetti, por serem minha válvula de escape, me distraindo e fazendo rir. Obrigada por entenderem que alguns dias precisei ficar em casa e por terem ficado aguardando ansiosamente na torcida. Aos meus amigos dos Rotaracts do Distrito 4470, que entenderam minha ausência nas reuniões, projetos, conferências e deram apoio e incentivo para continuar. Agradeço pela paciência. Agradeço também a todos os professores que me acompanharam durante a graduação e que de alguma forma colaboraram para este trabalho.
"O jornalismo, é antes de tudo, e sobretudo, a prática diária da inteligência e o exercício cotidiano do caráter" Cláudio Abramo
RESUMO BARALDI, Ligia. Jornalismo impresso na fronteira Brasil-Bolívia: um estudo da representação do boliviano no jornal Diário Corumbaense. 2014. Monografia (Graduação em Comunicação Social – Jornalismo). Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Campo Grande-MS, Junho de 2014.
Os meios de comunicação de massa têm sido importantes para manter proximidade e contato entre pessoas de diferentes lugares. O jornalismo fronteiriço é uma modalidade que abrange várias editorias, uma notícia da fronteira pode abordar sobre política, tragédia, policial, economia. O que é assunto doméstico no Brasil pode ser relevante para países vizinhos. Escolheu-se como tema para este trabalho monográfico "Jornalismo impresso na fronteira Brasil-Bolívia", visando analisar como é feito o jornalismo fronteiriço na fronteira sul-mato-grossense. Essa temática foi levantada tendo em vista a grande deficiência de informação da Bolívia na imprensa brasileira. Buscouse avaliar um mês das notícias do jornal local do município de Corumbá-MS que faz divisa com Puerto Suarez na Bolívia. Ao final, pode-se notar com este trabalho que o impresso na fronteira do Mato Grosso do Sul traz pouca abordagem do país vizinho em foco.
PALAVRAS-CHAVE: Comunicação; Jornalismo; Impresso; Fronteira.
ABSTRACT BARALDI, Ligia. Newspapers in Brazil-Bolivia border: a study of Bolivians' representation in the newspaper Diário Corumbaense.. 2014. Monograph (Graduation in Social Communication – Journalism). Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Campo Grande-MS, June, 2014. Mass media have been important for maintains proximity and contact between people from different regions. The border journalism is a modality that holds several sections; a border news may discuss about politics, tragedies, police subjects, economy. What is a domestic topic in Brazil may be a relevant topic for neighbor countries. It was chosen as thematic for this monograph “print journalism in Brazil-Bolivia border”, once it intends to analyze how is made the border journalism in Mato Grosso do Sul state. This option is related to the wide lack of knowledge about Bolivia in the Brazilian press. It was sought to evaluate a month of news from a local newspaper from Corumbá-MS, city which borders Puerto Suarez, in Bolivia. In the end, it was verified that this border newspaper presents a lack of references from the neighbor country.
KEYWORDS: Communication; Journalism ; Newspaper; Border.
SUMÁRIO INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 11 1. IDENTIDADE FRONTEIRIÇA NA REGIÃO DE CORUMBÁ ..................................... 14 1.1. CONCEITO DE IDENTIDADE .................................................................................. 14 1.2. CORUMBÁ E A FRONTEIRA COM A BOLÍVIA ........................................................... 21 2. O CONCEITO DE “JORNALISMO FRONTEIRIÇO” ................................................ 24 2.1. A CONCEPÇÃO DE FRONTEIRA ............................................................................ 24 2.2. JORNALISMO E FRONTEIRA ................................................................................. 28 2.3. JORNALISMO FRONTEIRIÇO X JORNALISMO INTERNACIONAL X JORNALISMO LOCAL . 34 3. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DO MATERIAL EMPÍRICO .................................... 41 3.1 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS FATOS ............................................................... 41 3.2 O MÉTODO ........................................................................................................ 43 3.3 ANÁLISE DOS TEXTOS ......................................................................................... 49 CONCLUSÃO ................................................................................................................ 75 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................. 79 APÊNDICE ..................................................................................................................... 83 ANEXO (S) ..................................................................................................................... 85
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INTRODUÇÃO Na geopolítica da mídia brasileira, Steinberger (2005, p. 215) afirma que “prevalecem os campos de forças desenhados sob inspiração das grandes potências”. Por isso é comum acompanharmos notícias da Europa, Estados Unidos e China nos telejornais nacionais e também nos grandes veículos de informação impressos. Tal característica de cobertura noticiosa distancia-se da realidade sul-mato-grossense. Dessa forma, o presente trabalho visará analisar um recorte que está geograficamente em contato direto com o Mato Grosso do Sul, ou seja, a relação Brasil-Bolívia nos impressos fronteiriços. Mais precisamente, busca-se estudar de que maneira a Bolívia, membro integrante do Mercosul (Mercado Comum do Sul), é noticiada nos impressos de uma das cidades de fronteira. Mato Grosso do Sul é o oitavo estado com maior número de migrantes do país, segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Dos 2,4 milhões de habitantes que vivem no estado, 636 mil vieram de outras regiões do Brasil. As pessoas naturais de outros estados representam cerca de 26% da população sul-mato-grossense. O Brasil é um país de grande dimensão territorial, e apesar de os habitantes pertencerem a mesma nação, existem os contrastes culturais, sociais e econômicos nas diversas regiões do país. Por possuir esse número elevado de migrantes, o Estado insere seus moradores em uma realidade marcada pela diversidade cultural, uma vez que são habituados a conviver com culturas e costumes diferentes. Nas cidades de fronteira essa multiplicidade tende a ser maior devido ao fácil trânsito, seja de pessoas ou de veículos. Espera-se, nesse contexto, que também sejam amplas as ocorrências de notícias de migrantes. O Estado de Mato Grosso do Sul possui superfície de mais de 358 mil quilômetros quadrados e limita-se ao norte com o Mato Grosso, ao Sul com Paraguai e o Paraná, a leste com São Paulo, Minas Gerais e Goiás e a Oeste com Bolívia e Paraguai. De acordo com dados da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, do Planejamento, da Ciência e Tecnologia (SEMAC), trata-se do Estado do Centro Oeste com maior extensão fronteiriça: são no total 1.520 quilômetros de fronteira internacional, sendo mais de mil quilômetros de fronteira com o Paraguai e cerca de
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390 quilômetros de divisa com a Bolívia. O Estado possui 79 municípios, desses, 17 estão localizados na chamada “faixa de fronteira”, que se configura o território de até 150 quilômetros de largura ao longo das fronteiras terrestres, como consta na Constituição Federal de 1988. A ocupação do que hoje conhecemos como Corumbá, se deu ainda no inicio do século XVI. Segundo o site oficial da Prefeitura, os portugueses começaram a chegar à região no ano 1524. O desenvolvimento do sul do antigo estado unificado de Mato Grosso se deu após a implantação da ferrovia na região, o que acabou por facilitar a circulação de pessoas e de mercadorias com outras cidades do Brasil. A construção teve duas forças de trabalho, uma iniciada em Bauru (interior de São Paulo) e outra em Corumbá. Muitos trabalhadores, após a inauguração da ferrovia em 1914, instalaram-se nas cidades, aumentando a população e desenvolvendo da região. Ainda de acordo com o site do governo, Corumbá “é o maior núcleo industrial do Centro-Oeste, com indústrias de cimento, fiação, curtume, beneficiamento de cereais e uma siderúrgica que trata o minério de Urucum” (GOVERNO DE MATO GROSSO DO SUL, 2014). O principal porto do Estado é o de Corumbá, localizado às margens do rio Paraguai. Conforme dados do Censo Demográfico de 2010 publicado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), os cinco maiores municípios do Mato Grosso do Sul são, em ordem decrescente, Campo Grande, Dourados, Corumbá, Três Lagoas e Ponta Porã1. Dos cinco maiores citados, os únicos que fazem fronteira com outros países são Corumbá e Ponta Porã. Desse modo, pela importância histórica, geopolítica e pelo critério demográfico estabeleceu-se que Corumbá seria objeto deste estudo. O objetivo do presente trabalho monográfico é buscar informações sobre como a mídia impressa da fronteira sul-mato-grossense, especificamente de Corumbá com relação a Bolívia, tem abordado o país vizinho. O trabalho tem como finalidades específicas entender como se dá a construção da identidade boliviana no jornalismo fronteiriço, bem como o que é relevante e o que é notícia do ponto de vista de um jornal local de Corumbá com o país vizinho que faz fronteira. Como recorte empírico, será 1
Censo Demográfico de 2010 do IBGE, maiores municípios do Mato Grosso do Sul: Ponta Porã (77.872 habitantes), Três Lagoas (101.791), Corumbá (103.703), Dourados (196.035) e Campo Grande (786.797).
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estudado o veículo Diário Corumbaense (DC). Busca-se identificar se a cobertura noticiosa é feita por um profissional brasileiro sem contato com o estrangeiro ou se a comunicação é mútua e há parceria entre os dois lados da fronteira. Se existe correspondente nos impressos locais e se há participação de colaboradores bolivianos. Isto é, as matérias buscam ouvi-los como fontes ou preocupam-se apenas com o lado brasileiro? Por meio dessa análise, também busca-se verificar o que predomina nos impressos quando a abordagem recai sobre o outro lado da fronteira e verificar se a publicação ocorre com mais regularidade no caderno de política, de economia ou de cultura. Quais elementos são importantes para o jornal impresso na hora de noticiar outros países e como isso pode ser importante na construção do outro? Analisar-se-á se a notícia é veiculada com multiplicidade de vozes e de que forma isso influencia a relação Brasil e Bolívia. No Estado do Mato Grosso do Sul, que possui limites físicos com dois países, este tema é abordado na UFMS em grupos de estudos e linhas de pesquisa de cursos de mestrados, além de pesquisas realizadas por docentes e discentes. Nesse contexto, visa-se com esta monografia estimular futuras buscas sobre como o jornalismo na América do Sul é trabalhado nas regiões de fronteira física, permitindo compreender se há ou não estereótipos ou escassez de notícias a respeito dos países vizinhos, além de verificar como o jornalista relata a outra nação e se há parceria entre os dois lados na hora de construir o material noticioso.
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1. IDENTIDADE FRONTEIRIÇA NA REGIÃO DE CORUMBÁ 1.1. Conceito de Identidade Este trabalho busca analisar o modo como é feita a representação da identidade
estrangeira
pelo
jornalismo
impresso
em
regiões
de
fronteira,
especificamente a fronteira Brasil-Bolívia. Todavia, para poder analisar o jornalismo impresso na fronteira com este olhar específico, é preciso antes de tudo entender o que é identidade e compreender o que é morar em uma região de fronteiriça. Segundo Pereira (2013, p.4), os estudos preocupados “em delimitar o que é identidade e como ela é produzida, começaram a surgir na década de 1960”. Stuart Hall (2011, p.8) afirma que o conceito de “identidade, é demasiadamente complexo, muito pouco desenvolvido e muito pouco compreendido na ciência social contemporânea”. O pensador jamaicano radicado na Inglaterra ressalta que os antigos conceitos de identidade, que por muitos anos “estabilizaram o mundo”, estão agora em declínio, sofrendo alterações, o que leva ao surgimento de “novas identidades e fragmentando o individuo moderno, até aqui visto como um sujeito unificado” (HALL, 2011, p.7). Hall (2011, p.10) distingue três concepções diferentes de identidade. São elas: o sujeito do Iluminismo, o sujeito sociológico e o sujeito pós-moderno. O sujeito do Iluminismo, segundo o autor, é o “individuo totalmente centrado, unificado, [...] cujo ‘centro’ consistia num núcleo interior, que emergia pela primeira vez quando o sujeito nascia e com ele se desenvolvia” (HALL, 2011, p.10-11). Tratava-se de uma conceituação bastante individualista do sujeito e de sua identidade. O sujeito sociológico, por seu turno, não possuía um núcleo interior: Autônomo e autossuficiente, mas era formado na relação com “outras pessoas importantes para ele”, que mediavam para o sujeito os valores, sentidos e símbolos – a cultura – dos mundos que ele/ela habitava (HALL, 2011, p.11).
Nesta concepção de identidade, “o sujeito ainda tem um núcleo ou essência interior que é o ‘eu real’, mas este é formado e modificado num diálogo continuo com os mundos culturais ‘exteriores’” (HALL, 2011, p.11-12). Segundo o autor britânico, a
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identidade, nessa visão sociológica, completa uma espécie de buraco entre o “interior” e o “exterior”, entre o mundo pessoal e o mundo público, isto é, a identidade é responsável por costurar “o sujeito à estrutura”. Nos termos de Hall (2011, p.12), a identidade “estabiliza tanto os sujeitos quanto os mundos culturais que eles habitam, tornando ambos reciprocamente mais unificados e predizíveis”. O teórico explica que uma “mudança estrutural está transformando as sociedades modernas no final do século XX”. Tal processo tem gerado a fragmentação das paisagens culturais de classe, gênero, etnia, raça, sexualidade e nacionalidade, aspectos que eram mais rígidos no passado e que passavam o entendimento da sociedade como “sólida localização” para “individuo social” (HALL, 2011, p.9). Tal mudança tem causado uma “crise de identidade” no individuo, que antes possuía sua identificação cultural unificada e estável. Com o passar dos anos, porém, essa identificação tornou-se “fragmentada; composto não de uma única, mas de várias identidades, algumas vezes contraditórias ou não resolvidas” (HALL, 2011, p.12). Hall afirma ser uma fantasia a crença em uma identidade unificada, sólida, coerente, pois “à medida em que os sistemas de significação e representação cultural se multiplicam, somos confrontados por uma multiplicidade desconcertante e cambiante de identidades possíveis” (HALL, 2011, p.13). O autor explica que o individuo ainda mantém sua “essência interior que é o ‘eu real’, mas este é formado e modificado num diálogo contínuo com os mundos culturais ‘exteriores’ e as identidades que esses mundos oferecem” (HALL, 2011, p.11-12). Uma vez que a humanidade é representada pelos sistemas culturais que a rodeiam, é certo afirmar que o terceiro conceito de identidade cunhado por Hall (2011, p.13), o de sujeito pós-moderno, constitui “um sujeito que não tem uma identidade fixa, essencial ou permanente” (HALL, 2011, p.13). De acordo com o autor britânico, “uma variedade de áreas disciplinares (...) criticam a ideia de uma identidade integral, originária e unificada” (HALL, 2013, p.103), o que remete à ideia de que as “identidades modernas estão sendo ‘descentradas’, isto é, deslocadas ou fragmentadas” (HALL, 2011, p.8). Pereira (2013, p.3) também acredita que a formação da identidade está relacionada à interação que o sujeito possui com a sociedade. A autora conclui que
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cada sujeito não possui “uma identidade própria e fixa, ela vai moldando-se de acordo com as experiências dele com o mundo”. Ota (2006a, p.27), por seu turno, segue em linha semelhante ao mencionar Gellner (1983) e afirmar que as pessoas não nascem com as identidades nacionais determinadas. Em perspectiva complementar, Hall (2011, p.18) ressalta que atualmente as “sociedades não se desintegram totalmente não é porque elas são unificadas, mas porque seus diferentes elementos e identidades podem, sob certas circunstâncias, ser conjuntamente articulados”. Segundo o autor, a identidade é um conceito que remete à ideia de que “não pode ser pensada da forma antiga, mas sem a qual certas questõeschave não podem ser sequer pensadas” (HALL, 2013, p.104). O que o teórico sublinha é que ao conceituar identidade na pós-modernidade, não se pode simplesmente apagar tudo o que foi afirmado sobre o conceito antes dessa época. O que deve ser feito, por conseguinte, é uma análise da identidade única, originária e, então, sobre essa perspectiva, delimitar o que é esse novo conceito de identidade. Hall (2013, p.105) ainda reconhece que esse descentramento não exige que se abandone ou elimine o conceito de sujeito, mas que se faça uma reconceitualização do mesmo: “É preciso pensá-lo em sua nova posição – deslocada ou descentralizada – no interior do paradigma.” O filósofo Roger Scruton (1986 apud HALL, 2011, p.48) enfatiza que o homem, embora exista como um ser livre e independente, faz isso somente porque pode se identificar “como algo mais amplo – como um membro de uma sociedade, grupo, classe, estado ou nação, de algum arranjo, ao qual ele pode até não dar um nome, mas que reconhece instintivamente como seu lar”. Conforme explicita o próprio Hall (2013, p. 106), “na linguagem do senso comum, a identificação é construída a partir do reconhecimento de alguma origem comum, ou de características que são partilhadas com outros grupos ou pessoas”; e é a partir desse reconhecimento que ocorre o que é chamado de “natural fechamento”, que forma a fidelidade e solidariedade do grupo em questão. Porém, o autor explica que em contraponto a essa definição, a “abordagem discursiva” define a “identificação” como algo que nunca é terminado, como um processo sempre em construção. “Ela não é, nunca, completamente determinada”.
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O conceito de identidade da pós-modernidade já não é compatível com aquela definição de um sujeito com seu núcleo estável, “do eu que passa, do inicio ao fim, sem qualquer mudança, por todas as vicissitudes da história”. (HALL, 2013, p.108). Essa visão não condiz com a concepção do eu que permanece sempre o mesmo com o passar dos anos, mas também não se refere ao conceito daquele “eu coletivo ou verdadeiro que se esconde dentro de muitos outros eus – mais superficiais ou artificialmente impostos” que uma sociedade, com história e seus ancestrais divididos, compartilham.
Essa concepção aceita que as identidades não são nunca, singulares, mas multiplamente construídas ao longo de discursos, práticas e posições que podem se cruzar (HALL, 2013, p.108).
Giddens (1991, p.12) cita que à medida em que “diferentes áreas do globo são postas em interconexão, ondas de transformação social penetram através de virtualmente toda a superfície da Terra”. É o que Hall expõe ao citar Laclau (1990 apud HALL, 2011, p.17-18), que afirma que as sociedades da modernidade tardia, ou da pósmodernidade, são caracterizadas pela diferença; “elas são atravessadas por diferentes divisões e antagonismos sociais que produzem uma variedade de diferentes ‘posições do sujeito’”, criando assim diversas identidades para um único ser humano. Hall concorda com Laclau e outros pensadores, a exemplo de Derrida e Butler, ao enfatizar que é apenas pela “relação com o Outro, da relação daquilo que não é, com precisamente aquilo que falta [...] que o significado ‘positivo’ de qualquer termo – e, assim, sua ‘identidade’ – pode ser construído” (HALL, 2013, p.110). O teórico britânico ainda relata a forma como Derrida procura mostrar como uma identidade é baseada no ato de “excluir algo” (HALL, 2013, p.110). Isto é, uma vez “brasileiro”, por exemplo, o sujeito também frisa que não é argentino, libanês ou boliviano. Se as ‘identidades’ só podem ser lidas [...] não como aquilo que fixa o jogo da diferença em um ponto de origem e estabilidade, mas como aquilo que é construído na différence ou por meio dela, sendo constantemente desestabilizadas por aquilo que deixam de fora, como podemos então, compreender seu significado e como podemos teorizar sua emergência? (HALL, 2013, p.111).
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Tais identidades têm a ver com o aquilo no qual vieram a se tornar, e não aquilo que são. Tem a ver não tanto com as questões ‘quem nós somos’ ou ‘de onde nós viemos’, mas muito mais com as questões ‘quem nós podemos nos tornar’, ‘como nós temos sido representados’ e ‘como essa representação afeta a forma como nós podemos representar a nós próprios ’ (HALL, 2013, p.109).
Freire Filho (2005, p.5) assevera que as representações culturais, principalmente aquelas construídas pelos meios de comunicação de massa, podem gerar estereótipos. O autor brasileiro relata que a criação de estereótipos pode atrapalhar a democracia, pois, para isso, o ser humano precisa ter uma opinião esclarecida sobre questões da vida política e social, e se as mídias de massa não trabalharem para isso, então o processo de democracia está comprometido. Hall (2013, p. 109) reconhece que as identidades são estabelecidas “dentro e não fora do discurso que nós precisamos compreendê-las como produzidas em locais históricos e institucionais específicos, no interior de formações e práticas discursivas específicas”. Prado (apud PEREIRA, 2013, p.5), por sua vez, acredita que o jornalismo não é uma “atividade exclusivamente representadora da realidade, mas como conformadora, criadora, que põe e repõe as identidades do leitor”. Hall (2011) avalia que não se trata de uma ideia fixa, visto que as identidades são instáveis, relacionais e situacionais, uma vez que são redefinidas conforme jogos de interesse e de visões do mundo acionados em cada circunstância histórica. Ao tratar especificamente da região fronteiriça que abrange o Mato Grosso do Sul, foco deste trabalho, Albuquerque (2005, p. 202) explica: Não existe um ‘Paraguai eterno’ ou um ‘Brasil definitivo’. As noções são móveis e mutáveis e as identidades nacionais estão constantemente sendo modificadas nas narrativas dos intelectuais, nas expressões populares e nos discursos cotidianos dos políticos, jornalistas, empresários, camponeses e outras categorias e classes sociais.
Pereira (2013) também ressalta que as identidades, além dinâmicas e múltiplas, são hibridas. Para explicar o que a concepção de hibridismo, a autora retoma
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a definição de Garcia Canclini: a “cultura hibrida” sob três aspectos diferentes, isto é, “a quebra e a mescla das coleções organizadas pelos sistemas culturais, a desterritorialização dos processos simbólicos e a expansão dos gêneros impuros” (CANCLINI, 1987, p. 283). Em entrevista concedida a Marcelo Cancio (2011, p.44), Alvarez, um artista plástico e professor de sociologia residente no território entre Brasil e Paraguai, afirma que “a fronteira simboliza basicamente uma forma de ser”. O artista plástico explica que para ele a fronteira significa “uma cultura híbrida, uma mistura de ambas que forma uma terceira que é muito particular e muito singular”. Outro personagem da região que concedeu entrevista a Cancio em 2006 foi Diegues. Para o entrevistado, a fronteira “não pertence a ninguém. Ela é diluída, na fronteira você não tem a nacionalidade demarcada. O fronteiriço é um desterritorializado e ao mesmo tempo um reterritorializado” (DIEGUES apud CANCIO, 2011, p.44). Assim como a fronteira Brasil Paraguai apresenta tais características ditas pelos entrevistados, também se identifica as mesmas misturas de culturas na divisa Brasil Bolívia. Tal fronteira também constitui um território “mesclado, misturado, imbricado” e a consequência dessa mistura é o ser fronteiriço: As culturas nacionais, ao produzir sentidos sobre ‘a nação’, sentidos com os quais podemos nos identificar, constroem identidades. Esses sentidos estão contidos nas estórias que são contadas sobre a nação, memórias que conectam seu presente com o seu passado e imagens que dela são construídas (HALL, 2011, p.51).
Conforme afirma Ota (2006a, p.28), na região de fronteira a questão da nacionalidade difere das demais regiões do país, pois para o morador da fronteira, o “outro” não é um desconhecido, mas faz “parte do seu cotidiano e do seu espaço social”. Segundo Todorov (1996 apud OTA, 2006a, p.28),
no âmbito da fronteira é difícil para o indivíduo estabelecer uma identidade que o faz ser eu e não o outro, uma vez que, no meio em que transita, é rotineiro o uso de dois ou três idiomas, verifica-se a mescla de tradições culturais e a aproximação familiar é efetiva.
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Dessa forma, Ota (2006a) conclui que na fronteira Corumbá – Puerto Quijarro, entre Brasil e Bolívia, a identidade local se sobrepõe, é mais valorizada do que a identidade nacional. Para a autora, mesmo que a fronteira sul-mato-grossense apresente um processo de produção jornalística singular, “entendemos que a revitalização das mídias locais na conjuntura da globalização representa um processo significativo na manutenção das identidades locais”. Ota (2006b, p.128) ainda ressalta a importância da comunicação fronteiriça, pois ela “age como meio de materialização da identidade dos povos envolvidos”. Martins (2002, p.62), por seu turno, relata que o ponto de partida para quem vive em uma região de fronteira, é reconhecer que não existe identidade singular, mas uma identidade coletiva. Para ela, “a busca de nossa identidade parte do reconhecimento de nosso pluralismo”. Nesse contexto, os moradores da fronteira “vivem com uma particularidade que facilita a união dos dois povos” (CANCIO, 2011, p.43). Na fronteira com o Paraguai, por exemplo, os habitantes transitam de um lado para o outro sem restrições, atravessando apenas um canteiro central, o que não acontece na fronteira do Mato Grosso do Sul com a Bolívia, visto que existe uma alfândega no local. Todavia, tal aduana, como Ota (2006a) explica, não impede o livre transito de carros e pedestres entre bolivianos e brasileiros. Ou seja: “a fronteira permite uma mistura permanente de culturas.” (CANCIO, 2011, p.43). Para definir quem mora na fronteira, Cancio (2011) afirma tratar-se de “pessoas que vivem em um território que mescla aspectos dos dois países simultaneamente”. Ou, com mais detalhes, consistem nas pessoas que vivem em uma região de fronteira, estão habituadas em compartilhar sua vivencia com o outro lado: “o constante ir e vir, a ultrapassagem da linha, a passagem diária de um país para o outro tornam os habitantes de cidades de fronteira indivíduos com características muito próprias” (CANCIO, 2011, p. 43). Por conseguinte, a fronteira representa uma região muito peculiar (CANCIO, 2011, p. 46). Segundo o autor, as facilidades que tais regiões oferecem geram uma “convivência pacífica e criminosa, legal e ilegal, documental e não documentada. A fronteira é um lugar de contradições permanentes para o bem ou para o mal”. Cancio (2011, p. 44) ressalta também que o ser “fronteiriço tem características na linguagem,
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na alimentação, nas comemorações cívicas e cria novas formas de comunicação”. Além disso, a interação transfronteiriça pode se construir “sobre o cultural, mais especificamente sobre as semelhanças entre padrões de conduta, valores, idiomas” (RUIZ, 1996, p. 1).
1.2. Corumbá e a fronteira com a Bolívia Antes de qualquer outra função, as fronteiras possuem o mais profundo efeito de configuração de cenários de ‘paz ou guerra’ entre os países. Assim, cada empenho diplomático precisa ser produzido com o intuito de resolver tensões fronteiriças. Segundo Cancio (2011), praticamente toda a região da fronteira do Mato Grosso do Sul com a Bolívia está localizada no interior do Pantanal e o que delimita a diferença geográfica entre as duas porções territoriais é o leito do rio Paraguai: “As cidades existentes em todo esse percurso são Corumbá e Ladário, no lado brasileiro, e Puerto Quijarro e Puerto Suarez, no lado Boliviano”. Corumbá, fundada em 1778, cidade distante 415 km de Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul, apresenta população de aproximadamente 103.703 habitantes de acordo com o Censo Demográfico de 2010 (IBGE), e área total de 64.961 km2. O município é também conhecido como a “Capital do Pantanal” e “Cidade Branca”, devido à cor de suas terras, ricas em calcário. A região de Corumbá possui um desenvolvimento histórico peculiar. Foi palco de importantes batalhas na Guerra do Paraguai e, posteriormente, tornou-se um importante centro econômico ligado à atividade de importação/exportação (LEITE, 1978). Em 1856, houve a liberação do trânsito de barcos – tanto de embarcações brasileiras quanto de estrangeiras – no rio Paraguai. A localização privilegiada do porto de Corumbá logo o transformou no principal entreposto comercial da região e um importante centro econômico, rompendo o isolamento da região. Com as alternâncias econômicas na área, no começo do século XX, a cidade passou a priorizar comercialmente o turismo, a agropecuária e a exploração mineral. Do ponto de vista histórico, as únicas formas de integração da região até a década de 50 eram os rios, e Corumbá vivia de acordo com influências dos países da Bacia do Prata,
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dos quais obteve boa parte dos seus hábitos, costumes e linguagem. Nesse cenário, Corumbá passou a configurar um dos principais municípios do estado de Mato Grosso do Sul em termos sociais, econômicos e ambientais, uma vez destaca-se como um dos principais polos de desenvolvimento turístico da região. A pesca nos diversos rios da região, principalmente no próprio rio Paraguai, foi o que impulsionou a implementação do turismo a fim de atender os turistas que se deslocavam até a localidade. Numa perspectiva de caracterização, Lomba (2004) descreve a localização da cidade de Corumbá da seguinte maneira: localiza-se à margem do rio Paraguai, fazendo a divisa entre o Brasil e a Bolívia, formando uma espécie de grande rede urbana com quase 150 mil pessoas de ambas as localidades, o que contribui para que o choque de culturas na região seja demasiadamente grande e que possa ser utilizado como atrativo para turistas, além das belezas naturais da área. Corumbá é também ponto de parada da ligação ferroviária entre o Brasil e a Bolívia, constituindo a última cidade brasileira antes do território boliviano, do qual se separa por fronteira seca. Um dos mais antigos centros urbanos do estado de Mato Grosso (unificado), Corumbá tornou-se ainda polo de integração regional desde o final do século XIX (no pós-guerra da Tríplice Aliança), configurando-se um ponto de referência para os municípios vizinhos, sobretudo do lado boliviano, depois da construção da Ferrovia Corumbá – Santa Cruz de la Sierra. Tais municípios se limitaram a um papel secundário de entreposto mercantil, incluindo, nas últimas décadas do século XX, atividades de lazer e prostituição, com a consolidação do turismo de pesca e de grandes empreendimentos de infraestrutura, tais como o gasoduto e a ponte sobre o rio Paraguai. Na divisa entre Corumbá e Puerto Quijarro existe uma aduana que organiza o trânsito dos carros e dos pedestres. Porém, a população (principalmente boliviana) atravessa essa barreira livremente, sem grande dificuldade, para trabalhar e utilizar serviços brasileiros, tais como educação e saúde. “Podemos dizer que, nestas localidades, a fronteira representa um espaço de trocas constantes, cujo significado se dá através de uma construção coletiva” (OTA, 2006a, p.14-15). Ota (2006a, p.22) ainda afirma que a economia da região de Corumbá é voltada para o agronegócio e para o comércio, sendo que este último gera emprego
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para bolivianos, paraguaios e brasileiros. Devido aos altos impostos no Brasil, nas regiões de fronteira estão instalados camelôs, onde é possível encontrar produtos em um valor abaixo do cobrado no Brasil. Já sobre a perspectiva cultural, Ota (2006a, p.23) acredita que “destaca-se a vivacidade dos intercâmbios entre as comunidades. Manifestações ligadas à dança, música, culinária, religião, são compartilhadas e passam a representar a cultura do povo fronteiriço”. Por fim, para Cancio (2011, p.77), Corumbá tem ascendência sobre as duas localidades vizinhas bolivianas (o povoado de Quijaro, localizado a cerca de cinco quilômetros, e a cidade de Puerto Suarez, 17 quilômetros distante de Corumbá) “pela maior força econômica e população em torno de 90 mil habitantes”, enquanto as cidades bolivianas juntas chegam perto de 30 mil moradores. Observando-se a partir de um vértice prático, no dia 16 de abril de 1998, o Brasil consolidou o “Acuerdo marco para creación de la Zona de Libre Comercio entre el Mercosur y la Comunidad Andina”, assumindo o compromisso de acabar com as restrições de comércio entre BrasilBolívia, além de incentivar o desenvolvimento e uso da infraestrutura, para baixar despesas e gerar benefícios. Tudo isso visando a associação econômica dos países participantes do acordo e também com os mercados mundiais. Mato Grosso do Sul, assim, não está inserido na ação de integração dos países da América do Sul apenas por ser membro da República Federativa do Brasil, mas, principalmente, pela sua localização geográfica. Deste modo, o Estado é favorecido com a abertura de novas possibilidades de escoamento de seus produtos e produtos dos demais estados, rumo a Bolívia e de lá, ao mercado asiático.
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2. O CONCEITO DE “JORNALISMO FRONTEIRIÇO” Neste capítulo, busca-se delimitar o que é o jornalismo fronteiriço. Isto é, questiona-se quais as características e definições do jornalismo de fronteira. Na busca por bibliografias que abordem este tema, percebe-se que o “jornalismo fronteiriço” é uma expressão recente e que ainda não possui uma única definição academicamente aceita como definitiva. As tentativas de respostas para tais perguntas nascem de teorias das mais diversas naturezas, pois, na verdade, ainda não existe um consenso sobre quais são os aspectos desse jornalismo de intercâmbio fronteiriço, bem como o que o diferencia do chamado “jornalismo local” ou, ainda, do “jornalismo internacional”. Porém, Soengas apud Cancio (2011, p.125) afirma que o jornalismo em si não é diferente em nenhum caso. Tanto o jornal do interior, quanto o de circulação nacional e o da fronteira são modalidades de jornalismo, posto que possuem como principal objetivo a intenção de informar seu leitor. De acordo com o autor, o que acontece nessa região fronteiriça é a necessidade de ter uma visão dupla de todos os fatos e das pautas a serem apuradas, pois há no território uma dualidade no que pode ser notícia. Uma vez que se opta pelo estudo da fronteira de Mato Grosso do Sul com a Bolívia, por configurar a região onde a Universidade está inserida, busca-se utilizar o livro de Cancio (2011) como base para composição do trabalho no que tange a questão da territorialidade, definições do espaço geográfico da fronteira e da identidade fronteiriça. Cancio é professor do curso de Comunicação Social da UFMS e autor do livro Televisão Fronteiriça: TV e telejornalismo na fronteira do Brasil e Paraguai. A obra apresenta como foco o estudo do jornalismo televisivo na fronteira, diferentemente deste trabalho no qual o foco principal é o jornalismo impresso. No entanto, as reflexões presentes no livro ajudam na compreensão dos conceitos de território e de fronteira.
2.1. A concepção de fronteira Uma das definições encontradas é a de que esses pontos específicos onde duas cidades se juntam “agrupam povos com crenças, costumes, tradições e
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identidades diferentes. Juntas, formam um território com particularidades diferentes” (CANCIO, 2011, p.21). Tais cidades fronteiriças não são formadas apenas por questões territoriais e acordos diplomáticos. Nelas habitam pessoas com culturas diferentes, o que faz dessa região um espaço singular. Haesbaert apud Cancio (2011, p.23) acredita que “o território se tornou muito mais complexo [...]. Não se pode entender a fronteira como fim. A fronteira é a ideia de contato entre territórios”. Para Moraes (2000, p.18), por sua vez, “o território é um produto socialmente produzido, um resultado histórico da relação de um grupo humano com o espaço que o abriga”. Dessa forma, não se pode definir território apenas pelo ponto de vista geográfico, pois ele é determinado pela sociedade que ali reside. De uma perspectiva histórica, a cidade de Corumbá, região pesquisada neste trabalho, surgiu com a necessidade de proteção militar contra o avanço dos espanhóis na caça do ouro. É nesse território, onde Brasil e Bolívia se comunicam que surgem as relações sociais, políticas e culturais – entre elas a atividade jornalística. Definir o conceito de fronteira não é tarefa fácil pois ele constitui um termo polissêmico. Seus significados podem variar dependendo do tema a ser abordado, por exemplo, do ponto de vista político, geográfico ou cultural. A palavra fronteira surge na maioria das línguas europeias apenas entre os séculos XIII e XV, derivando-se do latim front, segundo afirmam Machado e Steiman (2003). Adaptado na França no século XVI, o conceito de “fronteira natural” já era um indício do novo papel dos “limites”, relacionando-se a estabelecer o alcance territorial do Estado, conforme aponta Norman Pounds (1954). Uma nova teoria de “fronteiralimite” nasce no inicio do século XIX na Alemanha. Machado e Steiman (2003, p. 5) relatam:
A reação alemã à doutrina das fronteiras naturais dos franceses foi o conceito de fronteira baseado no princípio da nacionalidade. Fazendo uso de uma ideia mística de “povo”, Fichte defende a unidade territorial do estado e de que seus limites sejam derivados da existência (histórica) de língua e cultura comuns.
O que antes, pela literatura pesquisada, era considerada uma restrição do papel do Estado, seria, de fato, somente um reflexo do fato de que não há um ator
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único, do qual a vontade seja indivisível. “As políticas de migração refletem o dissenso dos diferentes atores políticos, dentro e fora do Estado, sobre a construção de suas fronteiras” (REIS, 2004). No Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa (1986, p. 814) encontramse as seguintes definições: “1. Extremidade de um país ou região do lado onde confina com outro; limite, raia, arraia, estremadura. 2. Limite. 3. Extremo, fim, termo. 4. O conjunto dos pontos-fronteiras de um conjunto; contorno.” Portanto a palavra fronteira significa limite, traçado por uma faixa que divide o Estado-Nação. No caso das reflexões de Cancio (2011), durante todo o primeiro capítulo de sua obra, nota-se que existem diversas definições e conceitos para a ideia de fronteira. Primeiramente, o autor afirma que o termo “fronteira” “abrange o universo geográfico, histórico, econômico, social, cultural, jurídico, ambiental, político e urbanístico nos espaços habitados da Terra” (CANCIO, 2011, p.24). Ou seja, possui natureza multifacetada. Historicamente foram os europeus que inicialmente começaram a criar conceitos e teses para definir a concepção de fronteira, a qual surge, normalmente de forma espontânea, indicando a margem de um mundo habitado. Posteriormente, surgem os acordos diplomáticos que vieram para delimitar exatamente onde começa um país e termina o outro (CANCIO, 2011). As definições mais comuns encontradas estão relacionadas à geografia e ao território, porém ao longo do tempo o termo passa a ganhar outras definições além da demarcação territorial. Estudiosos de outras áreas, além da geografia, também arriscam definir o termo fronteira. Dentre eles, estão sociólogos, historiadores e até mesmo jornalistas. No entanto, para valer-se do trabalho de Cancio (2011, p.22), “os conceitos que interessam particularmente a este estudo estão ligados aos aspectos de espaço social que não existem sem a presença humana e formação de sociedades”. Na obra de Cancio (2011, p.25), encontra-se a concepção de fronteira como uma linha limite de território. Porém, quando a fronteira é humanizada, se torna uma área de interprenetação de interesses e de culturas diversas. Definição semelhante surge de Melo apud Cancio (2011, p.26): “Ao lado das fronteiras materiais, identificáveis nos mapas, há também as fronteiras simbólicas resultantes de um processo de construção de determinado imaginário social”. O autor ainda reconhece que as
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fronteiras são elementos carregados de ambiguidades, pois ao mesmo tempo em que permitem ser ultrapassadas, também podem gerar impedimento. Podem ser amigáveis ou não, ter o livre trânsito ou não de pessoas. Em suma, as fronteiras não são todas iguais; cada uma possui suas características, seus povos e suas barreiras. Osório apud Cancio (2011, p.26) esclarece essa concepção ao dizer que as fronteiras “só adquirem significado quando referenciadas às sociedades que as produziram”, o que as torna ainda mais singulares. Embora exista a definição de que uma fronteira caracteriza-se pela divisão de territórios, a separação de regiões, não é dessa forma que moradores das regiões fronteiriças muitas vezes a enxergam. Segundo entrevistas realizadas por Cancio em 2006, quem vive na região de fronteira, acredita que ela seja um local de integração, “mistura de culturas, de união dos dois povos” e não de divisão (CANCIO, 2011, p.27). O Brasil, como aponta o pesquisador, é um dos países do mundo com mais ambientes fronteiriços, o que o coloca em uma situação particularmente rica e paradoxalmente preocupante. A preocupação existe porque, com um grande número de vizinhos, há uma maior região para se trabalhar a comunicação e a integração de povos. Segundo Martin (1997, p. 83), o país ocupa a terceira posição em termos de número de vizinhos, ficando atrás da União Soviética e da China. Nesse ambiente fronteiriço, não circulam apenas pessoas, mas também bens, mercadorias e informações. A fronteira é um ambiente de circulação e Cancio (2011) interpreta que tal movimento surge antes mesmo do comércio, no qual migram apenas produtos. Já com a “circulação”, há também a troca de conhecimentos, culturas, valores, palavras: “o vocabulário das línguas modernas está cheio de palavras de uma determinada origem que circulam por outros idiomas” (CANCIO, 2011, p.56) – a circulação não se limita aos produtos, ela é “interespiritual”. Em estudo feito por Mattos apud Cancio (2011, p.29), foram analisadas as características das fronteiras terrestres brasileiras e constatou-se que 89% delas são identificadas como fronteiras naturais e apenas 11% como artificiais. O pesquisador acredita que em ambientes como esses não circulam apenas pessoas (que residem e/ou trabalham nas cidades vizinhas), mas constitui-se também um grande fluxo de produtos, como revistas, roupas, alimentos, eletrônicos e costumes, pois os hábitos
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culinários são compartilhados, assim como a música, além, muitas vezes, do contrabando de drogas e armas, no caso de fronteiras secas, pouco habitadas e de difícil fiscalização. Por fim, conforme define Cancio (2011), Mato Grosso do Sul é um estado que possui uma posição estratégica, pois detém fronteira com dois países, ou seja, consuma-se uma região com fortes relacionamentos comerciais (em atividades distintas como pecuária, acordos financeiros, agricultura, compra e venda de produtos): “a zona fronteiriça surge como um local de oportunidades e de desenvolvimento, mas também apresenta problemas graves de segurança como o tráfico de drogas, armas e contrabando de mercadorias”. (CANCIO, 2011, p.30). Os mais de trezentos quilômetros de fronteira com a Bolívia é um trecho pouco habitado por ser uma área com dificuldade de acesso, falta de estradas e outras vias de transporte. Esse isolamento geográfico reforça a ligação das cidades localizadas na fronteira, fazendo com que as cooperações sociais fiquem maiores. Algumas características tornam as cidades mais interligadas: atividades como fluxo de capital, uso de serviços de saúde, educação, saneamento. Essas modalidades de atividades podem transformar duas cidades de fronteira em cidades com uma grande conexão e cooperação.
2.2. Jornalismo e fronteira A comunicação tem um papel importante na integração desses povos. A atividade comunicativa pode tanto contribuir como prejudicar a união dos moradores da região fronteiriça. Cabe a ela integrar culturas e principalmente não criar estereótipos. Quando se trata de uma área de fronteira, isso se torna ainda mais significativo, pois envolve duas culturas diferentes de cidades distintas. Segundo Pereira (2013, p.6):
A desterritorialização é um dos fatores que contribuem para o atual hibridismo cultural e na fronteira não há nada mais intenso do que a questão territorial, pois ela é um espaço que politicamente pertence a um país, culturalmente a dois e socialmente a nenhum.
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Para que duas cidades tenham uma relação de cooperação entre si, é preciso que os habitantes tenham sentimento de empatia por quem mora do outro lado da fronteira. Os meios de comunicação de massa têm o poder de, através de suas notícias, criar esse sentimento, aumentando o diálogo, no caso em questão, entre Brasil e Bolívia. Müller (2003) lembra que a mídia localizada na fronteira “torna-se palco e, ao mesmo tempo, agente dos conhecimentos devido sua proximidade com a população e com as instituições sociais do local”. A mídia tem um grande poder de integração uma vez que a informação diária estimula “o diálogo, a participação dos cidadãos, a cooperação e a democracia” (CANCIO, 2011, p.50). Outro autor que relaciona a mídia com os temas da fronteira e da integração é Grimson (2000, p. 9), que afirma que os meios de comunicação se encarregam de contar histórias para ambos os lados da fronteira, instituindo-se como um grande marco de integração das localidades. O jornalismo, visto como Grimson (2000) afirma, é uma ferramenta a serviço da integração entre as nações, acrescentando entre ambos os lados a vontade do diálogo e da cooperação, gerando a busca pelo convívio em paz e a solidariedade entre os povos. Vale ressaltar que isso é o que se espera do jornalismo fronteiriço, um jornalismo de integração, porém ele não necessariamente se faz sinônimo de integração por estar na fronteira. Por mais que o jornalismo possa ter a intenção de criar um sentimento de empatia, de estabelecer o diálogo e o bom convívio, ele não pode omitir fatos e notícias sobre conflitos. Isto significa que o jornalismo atua nas duas pontas: da mesma maneira em que trabalha estimulando o bom convívio, também tem o papel de informar sempre seus leitores e, dependendo da maneira que o repórter coloca o texto, escolhe as palavras, ele pode vir a gerar atrito entre a população. Por exemplo, se algum carregamento de droga foi encontrado na fronteira, se existe uma denúncia de contrabando na região, o jornalismo tem a tarefa de informar sem omitir nada e tais notícias podem gerar conflitos na região. O jornalismo fronteiriço se diferencia das demais modalidades do jornalismo, não só pelo seu formato, mas também pelas características socioculturais de cada região. Desse modo, é difícil numerar e nomear as características desse jornalismo, uma vez que cada fronteira possui suas peculiaridades socioculturais. O jornalismo
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fronteiriço de uma região dificilmente vai ter as mesmas características de um jornalismo de outra fronteira. Olhando para as fronteiras do Mato Grosso do Sul já é possível notar tais circunstâncias. A fronteira de Ponta Porã, no Brasil, com Pedro Juan Caballero, no Paraguai, é diferente da encontrada em Corumbá, no Brasil, e Puerto Quijaro, na Bolívia. Na primeira, existe uma proximidade geográfica muito grande, uma vez que a fronteira é dividida por um canteiro central de uma avenida. Já em Corumbá existe uma fronteira mais “formalizada”, com aduana (e exigência da apresentação de documentos). Entretanto, como as duas cidades (Corumbá – Puerto Quijaro) são separadas por apenas oito quilômetros de distancia, a circulação de veículos é constante, assim como o fluxo de pessoas e de mercadorias é intenso e diário. Devido ao fato de que cada fronteira possui suas características e peculiaridades, o jornalismo fronteiriço pode vir a apresentar características que o diferenciam da atividade jornalística de outras regiões. O interesse de um leitor brasileiro por uma notícia pode se chocar com os interesses de um boliviano que reside a poucos metros da fronteira. Desse modo, até mesmo a escolha das pautas é feita de maneira diferente, pois um jornalista da fronteira precisa pensar na escolha das notícias de maneira que evite conflitos e diminua estereótipos entre as duas sociedades. O profissional precisa entender da realidade social de ambos os lados. Desta forma, quando descobre uma nova informação, ele consegue analisar tal fato levando em consideração a realidade dos dois povos. As situações do dia-a-dia que ocorrem nessa região peculiar – a fronteira Brasil-Bolívia – podem ou não ser exploradas pelo jornalismo fronteiriço. Cancio (2011), entretanto, ressalta que as inúmeras relações estabelecidas entre os dois países se tornam frequentemente fonte das pautas jornalísticas. Por isso, o autor afirma que o jornalista dessa área precisa ter uma ampla visão dos dois lados, para que a notícia tenha valor para ambos os pontos da fronteira. Em estudo realizado por Portugal, entende-se o jornalismo como instrumento da paz e que pode servir para melhorar situações de conflitos:
Fazer jornalismo fronteiriço é uma tarefa difícil, duplamente complicada e de extrema responsabilidade porque nossas mensagens, a maioria
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das vezes, tendem a quebrar com facilidade o “outro lado da fronteira”, e às vezes, perturbar o vizinho (PORTUGAL apud CANCIO, 2011, p.51).
Marcelo Cancio (2011), em seu estudo, diz que os procedimentos jornalísticos de fronteira estão diretamente relacionados às características e questões históricas de cada uma dessas localidades. Além disso, o que diferencia o jornalismo fronteiriço dos demais é o fato de ele ter que ser trabalhado para atingir dois grupos culturais diferentes, que podem possuir estereótipos criados pelos habitantes de cada lado da fronteira. Por isso, afirma o autor, uma das missões desse jornalismo é a diminuição de qualquer estereotipagem que possa existir entre as nações, ou seja, um jornalismo que precisa sempre buscar a diminuição da rivalidade. Cancio (2011) constata-se que para trabalhar nessa região é preciso, além da ética e técnica jornalística, um conhecimento grande sobre política, história, geopolítica, tanto do seu país como do país vizinho. O jornalismo fronteiriço vive em constante dualidade, pois ao mesmo tempo em que pode ser ferramenta de integração, pode ser também de conflito, pode servir tanto para criar amizades ou rivalidade. “Uma informação equivocada publicada de um lado da fronteira pode ser rapidamente rejeitada do outro e criar uma situação de atrito internacional” (CANCIO, 2011, p.51). Nesse contexto, quem trabalha com jornalismo fronteiriço precisa estar ciente das particularidades e complexidades desse tipo de jornalismo. Pereira (2013, p.6) afirma que ser jornalista na região de fronteira é desafiador, pois geralmente o profissional também é um morador da localidade, isto é, está envolvido nesta relação complexa. Por sua vez, Mata (1993 apud Ota, 2006b, p.128) afirma que a comunicação não é “uma prática estritamente racional, mas sim na qual se põem em jogo os sentimentos, gostos, paixões da vida mesmo”. Ou seja, um jornalista que nasceu e cresceu na fronteira, tem uma ligação muito forte com o que escreve – com suas notícias. O texto escrito por um jornalista de outra cidade que foi contratado para trabalhar na fronteira pode ser diferente de uma notícia escrita por um jornalista que ali nasceu e estabeleceu laços familiares e culturais. Ao falar da influência dos meios de comunicação de massa, Ota (2006b) afirma que é preciso enxergá-la “como um processo plural, transitório. A lógica da comunicação midiática é representada por aquilo que experimentamos culturalmente
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como próprio, em termos nacionais ou latino-americanos”. Os mass media atuam “como forma das relações sociais, [...] deixando de ser meramente um meio técnico para se consolidar em uma dimensão da sociabilidade atual” (OTA, 2006b, p.128). Em jornais com abrangência nacional, é raro encontrar notícias relacionadas com as fronteiras sul-mato-grossenses. Quando a Bolívia ou o Paraguai ganham espaço em impressos nacionais, ou até mesmo nas emissoras de televisão, geralmente são notícias de alguma maneira negativas, por exemplo, sobre trafico de drogas e contrabando. Por isso, a mídia impressa da fronteira tem a possibilidade de noticiar pautas relacionadas aos dois países da fronteira, permitindo a integração que não é verificada nos impressos nacionais. Para Ota (2006b, p.128), “Os meios de comunicação através dos discursos elaborados pelos jornalistas passam a compor o conhecimento cotidiano dos indivíduos com relação às realidades locais, regionais, nacionais ou internacionais”. As informações que circulam pela região fronteiriça acabam por ser, ao mesmo tempo, locais e internacionais. Sobra para o jornalista fronteiriço, nesse cenário, ter o discernimento, a sensibilidade de notar quais são os acontecimentos que têm relação com as duas nacionalidades, para assim transformá-los em uma matéria que relaciona os dois países. Numa perspectiva normativa (ideal), quem trabalha nessas regiões precisa ter o conhecimento de um jornalista internacional com a proteção de um comunicador de rede nacional, quando na verdade o que se nota é que a mídia fronteiriça possui mais características dos meios de comunicação interioranos. De certo modo, uma cidade fronteiriça que possui um meio de comunicação de massa local pode-se dizer privilegiada, uma vez que não são todos os municípios que possuem um veículo com informações da localidade. Conforme afirma Cancio (2011, p.64), a informação local tem sido cada vez mais valorizada. Com o avanço da tecnologia e o investimento em satélites, transmissão a cabo, computadores conectados em rede e a internet, a comunicação evoluiu muito e hoje a população de diversos países tem a oportunidade de viver conectada ao que acontece no mundo todo. Porém, isso não quer dizer que o leitor perdeu o interesse em saber o que acontece em sua própria rua. “Ao lado desse mundo globalizado de
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informações continuam ocorrendo processos de comunicação que reforçam a importância de questões regionais e locais” (CANCIO, 2011, p.63). As noticias locais têm grande força em regiões de fronteira, pois essas cidades estão, normalmente, distantes de centros nacionais. Assim, a proximidade física entre cidades fronteiriças aumenta a troca de informações regionais, e segundo Cancio (2011), o “local” ganha força sobre o “global”. Além das funções básicas do jornalismo de informar, entreter e formar, o jornalismo local e regional, conforme aponta Ota (2006b, p.133), tem também que assumir a função de integrar, reintegrar ou desintegrar os membros da comunidade. Camponez apud Ota (2006b, p.133) reforça essa ideia ao dizer que a impressa local tem um compromisso com a região e com as pessoas que a habitam, transformando-se “em um jornalismo de proximidade, comprometido com a região e a comunidade do entorno”. Os cidadãos de fronteira têm o direito de ser informados sobre o espaço em que vivem, sobre sua realidade, sua área de convívio. Na obra de Cancio (2011, p. 33) encontra-se a informação de que no Brasil existem 80 localidades na linha de fronteira, entre vilas, cidades e povoados. Destes, 49 são classificadas como cidades e dessas, nem todas possuem jornais, revistas, rádios ou televisão com conteúdo local. Tavares apud Cancio (2006, p.66) lembra que:
o nosso mundo começa na nossa rua e, portanto, nós temos que saber o que acontece nela e depois vamos alargando a nossa influencia. Para nós o que é mais importante é o que está próximo de nós e o menos importante é o que está longe.
Por seu turno, Soengas apud Cancio (2011, p.66) segue em linha semelhante ao dizer que a informação que está mais próxima da realidade local é a que mais afeta a comunidade, pois atinge o cotidiano diretamente, seja na qualidade de vida ou em outras questões. Por exemplo, uma decisão da Câmara Municipal de uma determinada cidade afeta diretamente a vida cotidiana da população, diferentemente de um acordo internacional que foi assinado entre dois países da Europa. Ou seja, a informação local possibilita ao morador saber os índices de violência do bairro em que reside, e isso acaba sendo importante para que ele decida ou não em adquirir um sistema de segurança particular, por exemplo.
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Se recebe notícias de algo que lhe afeta diretamente em seu modo de vida, nos produtos que consome, na melhoria em seu entorno, isso representa um serviço publico de informação que o cidadão aproveita para melhorar suas condições de vida ou sentir-se informado em seu entorno. (SOENGAS apud CANCIO, 2011, p.66).
Nesse ponto de vista teórico, a população quer ser informada sobre o que se passa a sua volta primeiramente. Depois surge o interesse em saber o que se passa em cidades e países mais distantes.
2.3. Jornalismo fronteiriço x jornalismo internacional x jornalismo local Para entender como é feito o jornalismo local na região de fronteira é preciso uma análise diferenciada das demais áreas do país. É importante, portanto, saber diferenciar as concepções de jornalismo fronteiriço, jornalismo internacional e jornalismo local. A história do jornalismo internacional se mistura com a história do jornalismo local, pois no passado esses dois tipos de jornalismo caminhavam juntos e existem autores que acreditam que o jornalismo já começou sua trajetória de modo internacional, como também existem autores que acreditam que o jornalismo surgiu da necessidade de abastecer uma população local com informações de seu meio social. Natali (2004) afirma que historicamente o jornalismo nasce internacional com a criação da primeira newsletter, que continha informações sobre a cotação de mercadorias, conflitos territoriais e ainda relatos de acordos e rupturas dentro da igreja. Essas informações eram repassadas para os agentes de uma rede bancária. O autor conclui que “o jornalismo impresso – e o jornalismo internacional, que nos primórdios do jornalismo era o único tipo de jornalismo conhecido – não nasceu com o capitalismo. O mercantilismo já precisava dele e foi por isso que o criou” (NATALI, 2004, p.22). Nesse contexto, os primeiros vestígios de jornalismo internacional passam a existir na Europa Ocidental no século XVI. Porém, conforme afirma Los Monteros (1998, p.416), o reconhecimento e aparecimento do que hoje se conhece e se entende como jornalismo internacional só foi acontecer no século XIX, depois da revolução industrial,
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com os avanços no transporte, comercialização internacional de gado, metais, grãos, além da criação da indústria editorial e melhorias nas comunicações telegráficas. As raízes do que hoje é interpretado como jornalismo internacional são encontradas em muitos lugares da Europa, no início do século XIX, especialmente nas regiões de Paris e Londres. O avanço industrial na Inglaterra favoreceu a especialização do jornalismo diário e da expansão de notícias sobre os acontecimentos no mundo. Assim surgiu a necessidade de formar uma classe intelectual especializada nos fenômenos do exterior. A classe profissional que exerce o jornalismo internacional in locu nos dias atuais é conhecida, via de regra, pelas nomenclaturas de “correspondente” ou “enviado especial”. Atualmente, esse é um trabalho que demanda preparação especializada. Para localizar notícias que possam ser de interesse no exterior, o jornalista correspondente se firma na imprensa e nos meios de comunicações locais. Los Monteros (1998, p.416) descreve que a trajetória do jornalismo internacional está intimamente ligada à evolução da escrita, da imprensa, da indústria editorial, das tecnologias de comunicação e também do transporte. Antes da era industrial, o jornalismo já existia tanto na forma oral como impressa, porém foi só durante
esse
período
que
a
atividade
de
produzir
notícias
se
estruturou
profissionalmente, abrindo espaço para instituições e organizações acadêmicas que pudessem reconhecer o trabalho dos jornalistas. O jornalismo impresso se delineia de acordo com o avanço da economia de mercado. O desenvolvimento tecnológico de impressão e produção em massa de papel se tornou o propulsor de transformação da imprensa política e literária do século XIX para o que é conhecido hoje como jornalismo diário, com as grandes impressões, com a imagem do repórter e com o conceito moderno de notícia. Para Los Monteros (1998, p.416), em uma perspectiva complementar, o jornalismo surgiu como vocação comunitária, como uma prática apenas de comunicação local. Pautas internacionais ganharam espaço na imprensa diária quase cem anos depois da Revolução Industrial, pois não havia formas de apuração dos fatos e o interesse do público não ultrapassava fronteiras. Inicialmente, as notícias locais e os assuntos de interesse da elite social eram as pautas mais importantes.
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Um fator essencial para a produção de matérias internacionais na imprensa são as agências de notícias. A bandeira de tais agências sempre esteve ligada à bandeira de seu país sede. Relata Natali (2004, p.19) que “a história do jornalismo internacional é de algum modo a história dos vencedores”. Os Estados Unidos, a França e o Reino Unido foram países em destaque por causa da industrialização que lhes dava visibilidade por seu poder industrial, mercantil e de imprensa. A primeira agência de notícias internacionais que se tem conhecimento, a Havas, foi fundada no século XIX, em 1835. Segundo Los Monteros (1998, p. 417):
As guerras, os conflitos político-militares nos estados coloniais europeus, foram os primeiros condutores temáticos do jornalismo em países como Inglaterra e França. Até hoje, as guerras são objeto de interesse primordial para os jornalistas; as motivações são as mesmas ontem e hoje: a vontade de relatar os dramas da guerra, a ambição de publicar as notícias que estremecem os leitores, a necessidade de relatar com imparcialidade os fatores de uma mudança social e política.
No decorrer dos anos, os franceses, alemães e ingleses perderam lugar para os estadunidenses na cobertura de notícias internacionais. Conforme aponta Anthony Smith apud Los Monteros (1998, p.417), na geopolítica da informação,
os Estados Unidos acabaram com o predomínio da Reuters no final dos anos 1940, com o interesse de criar um fluxo de notícias mais equilibrado que entrara nos Estados Unidos e que não estivesse mediado por uma organização que, ainda quando não é controlada pelo governo britânico, parecia impor um conjunto de prioridades e valores ingleses às notícias de todo o globo.
Após essa tomada de poder midiático pelos EUA, Los Monteros (1998, p.417) afirma que mais do que qualquer outro exercício jornalístico, a escrita noticiosa em inglês ampliou sua reputação no mundo: é muitas vezes escandalosa, sensacionalista e intrometida, mas também é penetrante em fatos e impõe pautas ao redor do globo. As concepções de poder que durante séculos orientaram a vida das nações foram radicalizadas na primeira metade do século XX, o que trouxe uma mudança nas relações internacionais contemporâneas. Esse poder nacional era calculado de acordo
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com a habilidade de autonomia própria e de influência sobre outros estados. Países que almejavam entrar para o “clube” das grandes potências, tinham essa força medida pelos critérios de população, território e recursos naturais que davam condições melhores de força industrial e militar. O mercado midiático pavimentou seu caminho nessa mesma lógica. No nível internacional, os meios de comunicação social possuem a força de estabelecer a imagem de certos países, governos ou organizações junto à opinião pública. Da mesma forma, o que é publicado em uma mídia localizada na fronteira influencia a forma como a população local enxerga o estrangeiro. Hoje em dia é possível notar com facilidade as diferenças entre o jornalismo de fronteira e o internacional. Pode-se afirmar que o jornalismo de fronteira é também uma forma de jornalismo internacional, uma vez que ele aborda o país vizinho em seu conteúdo. Contudo, faz-se importante ressaltar que existem grandes diferenças entre essas duas modalidades noticiosas. O jornalismo internacional encontrado nos impressos nacionais não constitui o mesmo modelo de jornalismo situado nos impressos de regiões fronteiriças. No caso do primeiro, a análise empírica de um mesmo dia em três impressos diferentes, por exemplo, leva a crer que as notícias são muito semelhantes. Um breve olhar para a seção “internacional” dos jornais impressos de circulação nacional revela uma concentração de notícias sobre países mais desenvolvidos e ricos. Estima-se que essa escolha é resultante da complexa rotina profissional adotada por redatores e editores que precisam analisar um grande número de informações todos os dias, mas há também implicações econômicas e geopolíticas. Steinberger (2005) descreve em seu livro que os estilos sociais de dizer algo (o que pode ser entendido conceitualmente pelo termo “gênero”) – por exemplo, o narrar, o analisar, o descrever, o reportar e o comentar – contribuem para “inventar mundos”. Nesse cenário, a própria geopolítica é definida pela autora como uma maneira de discurso social. Ao se manifestarem, os discursos geopolíticos geram um certo conjunto de efeitos na sociedade. Em outras palavras, o que é escrito na mídia sobre um determinado espaço geopolítico também é responsável por sua construção simbólica e cultural (STEINBERGER, 2005, p.190).
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Nesse contexto, as notícias que se encontram na editoria internacional são escritas principalmente a partir da cobertura de agências noticiosas. Tais notícias são produzidas com base em um núcleo central, que são as grandes agências ao redor do mundo. Hoje, mundialmente falando, existe um número bem restrito de grupos que monopolizam o mercado, o que faz com que grande parte do globo receba as mesmas notícias e o mesmo material fotográfico. Sem o acesso direto aos fatos diários, espera-se que o jornalismo internacional brasileiro busque fazer uma análise fundamentada, apresentando ao receptor uma opinião dos temas em foco. Isso quer dizer, em última análise e num modelo ideal, que a coleta de dados feita à distância pode vir a atrapalhar a reportagem factual, que tem a necessidade de uma observação especial. Por outro lado, se o profissional da área manter o foco naquilo que seu entrevistado – notadamente, um especialista local sobre o tema tratado – tem a dizer, conseguirá realizar um bom jornalismo de análise, entregando ao seu leitor uma matéria com informações além do que recebeu das agências de notícias. O jornalismo fronteiriço se difere nesse aspecto do jornalismo internacional, pois não depende exclusivamente de agências de notícias e não é escrito por alguém que está sediado em partes distintas (e distantes) do mundo. O jornalismo fronteiriço é geralmente feito na localidade por repórteres que possuem uma ligação com o local, que vivenciam a fronteira. O jornalismo desse tipo de região possui sua própria complexidade, uma vez que o repórter vive ali. Nesse cenário, o profissional também é um ser fronteiriço e isso pode influenciar o que ele entende por notícia, o modo como relata um acontecimento local. Em suma, ele tem uma ligação com o que está noticiando. Camponez (2002 apud GAERTNER, 2010, p.3) afirma que:
Na sua perspectiva, o jornal local estabelece uma relação mais convivial e calorosa, regida pelo dever de informar: em primeiro lugar, sobre o que está a sua volta, em segundo lugar, acerca dos acontecimentos do seu país e, finalmente sobre o mundo, interpretando os factos sobre à luz das vivências locais.
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O que ocorre na região de fronteira é que o local e o internacional se misturam. Gaertner (2010, p.3) ressalta que:
Esse sequencial cai por terra, se considerarmos que o terceiro estágio citado, o de mundo, é encaixado perfeitamente como o primeiro, o de lugar, em regiões de fronteira. Afinal, o que seria internacional (o país vizinho) diz e afeta diretamente essas relações diárias no recorte do espaço de interseção fronteiriço.
Por mais que os tópicos que configuram o conteúdo das notícias locais e aqueles que configuram o foco das notícias internacionais possam se misturar na região fronteiriça, fica claro que a maneira pela qual o material noticioso é apurado, escrito e publicado no jornal local da fronteira é bem diferente da maneira com que é feita na mídia impressa nacional. O jornal local fronteiriço é um veículo muitas vezes pequeno, com um numero restrito de páginas, que possuem características muito mais próximas do jornalismo local do que da própria atividade noticiosa internacional. Tome-se um exemplo com base no recorte empírico desta monografia. Em questionário respondido em outubro de 2013 por Rosana Nunes de Cáceres, sóciaproprietária e diretora geral do jornal Diário Corumbaense (DC), descobre-se que não há participação direta de mídia e jornalistas bolivianos na elaboração do periódico, mas que os repórteres do veículo sempre checam notícias nos jornais bolivianos. Ou seja, o jornalista, ao descrever certos acontecimentos da Bolívia, remonta a uma informação de segunda mão que lhe foi passada por um boliviano. Outro exemplo é apresentado por Pereira (2013). Em seu estudo sobre a fronteira entre Ponta Porã e Pedro Juan Caballero, a autora explica que os jornais da região têm uma realidade muito próxima da mídia do interior, pois são veículos que não possuem grandes recursos, remetem à falta de material humano para a produção do conteúdo e muitas vezes estão ligados à política local. O mesmo afirma Ota (2006a) em sua tese de doutorado, na qual estuda o jornalismo radiofônico em áreas de fronteira, ao reconhecer que nas regiões estudadas, no caso as fronteiras Ponta Porã – Pedro Juan Caballero e Corumbá – Puerto Quijarro, o meio de sustentação predominante dessas fronteiras consiste nas atividades formais ligadas ao setor agropecuário e ao comércio, o que restringe a sobrevivência dos meios de comunicação que são
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dependentes de anúncios publicitários. Assim como em outras partes do interior do país, a subordinação dos meios de comunicação ao setor político é grande. O jornalismo fronteiriço se diferencia do jornalismo internacional no que tange também às pautas, ou seja, o que é e o que não é notícia na fronteira. Como dito anteriormente, a editoria “internacional” dos impressos nacionais está repleta de assuntos noticiados a partir de agências de notícias, não constituindo uma relação de proximidade do jornalista com o acontecimento, tampouco do leitor com o conteúdo noticiado. Já o jornalismo fronteiriço, ao abordar o estrangeiro em suas páginas, se refere cotidianamente ao país vizinho, àquele que está em contato direto todos os dias com o seu leitor. É o que Mario Luiz Fernandes (2004) ratifica em seu estudo sobre critérios de noticiabilidade na imprensa local. Exemplifica o autor: ao passo em que uma notícia sobre 20 mil vítimas de um terremoto na Turquia soará como uma dramática estatística para um leitor de Joinville, a morte em um acidente de trânsito no bairro do leitor significará uma grande tragédia.
Longe dos importantes centros políticos, econômicos e populacionais, fora, portanto, do mercado das grandes notícias, é no cotidiano dos pequenos centros urbanos que está a essência dos jornais locais, promovendo, de algum modo, a interação da comunidade. A proximidade geográfica somada a outros critérios de valores/notícia (news values) forma um conjunto de intenso poder persuasivo ao leitor. (FERNANDES, 2004, p. 10)
Uma das principais diferenças entre o jornalismo internacional e o jornalismo fronteiriço está, portanto, na maneira como é feita a apuração da notícia. O jornalismo internacional muitas vezes depende das grandes agências internacionais ao passo em que o jornalismo fronteiriço é feito no próprio local, por um jornalista que reside na região fronteiriça e com isso tem uma relação de proximidade com o que escreve. O jornalismo fronteiriço é ainda diferente do jornalismo local uma vez que precisa ser cauteloso com o que representa para não construir estereótipos e adensar a rivalidade entre as duas nações.
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3. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DO MATERIAL EMPÍRICO 3.1 Análise e interpretação dos fatos Em Corumbá, baseando-se no site Portal de Mídia2, criado pelo grupo de pesquisa “Mídia, Identidade e Regionalidade”, vinculado ao curso de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo e ao Mestrado em Comunicação da UFMS, verifica-se que existem seis jornais impressos produzidos na cidade, nove rádios, dois sites de notícias e dois canais televisivos que dispõem de jornalismo local, com equipe própria. O impresso foi o meio escolhido para análise desta monografia por ser uma mídia na qual a notícia, uma vez publicada, não recebe mais alterações, diferentemente da mídia online. Se o objeto de estudo fosse sites de notícias, os resultados apresentados poderiam ser diferentes com o passar do tempo, uma vez que o conteúdo noticioso digital possui características de atualização próprias. No impresso, a notícia é publicada e distribuída exatamente da maneira como todos os leitores a recebem em casa. Dos seis impressos de Corumbá, apenas dois são de publicação diária: o Diário Corumbaense (DC) e O Diário da Manhã. Segundo o Portal de Mídia e de acordo com dados coletados com a própria diretora geral do veículo, o DC possui maior tiragem. Nesse cenário, o impresso foi escolhido para análise com base na tiragem e por disponibilizar numa plataforma online a íntegra do conteúdo de sua versão impressa, o que viabilizou o estudo. Conforme informações concedidas exclusivamente para esta pesquisa pela sócio-fundadora e diretora-geral3, o Diário Corumbaense foi fundado no dia 4 de maio de 2007 e atualmente possui tiragem diária entre 1,2 mil e 1,5 mil exemplares, com publicações de segunda a sexta-feira. O formato do jornal é o berliner, com dimensões de 47cm x 31,5cm. O número médio de páginas do DC varia de doze a dezesseis,
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Colocado na rede em abril de 2011, última notícia posta em outubro de 2012. Questionário respondido por e-mail em 30 de outubro de 2013 por Rosana Nunes de Cáceres. Questionário disponível em Apêndice. 3
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sendo que o periódico possui como principais editorias: Cidade, Polícia, Geral, Saúde, Economia, Educação, Publicação Legal4 e Entretenimento. De acordo com Rosana Nunes de Cáceres, responsável pela publicação, desde sua fundação o número de funcionários se manteve praticamente o mesmo, contando com uma equipe de quinze pessoas. A área de circulação e distribuição do impresso estabelece-se apenas nos municípios de Corumbá e Ladário, podendo chegar à faixa fronteiriça. Porém, não há postos de distribuição do lado boliviano da fronteira. Ainda segundo a diretora do periódico, a empresa passou recentemente por reformulações, aumentou o número de assinantes e fortaleceu a marca. Trata-se de um impresso com “informação atual e cobre um amplo número de assuntos”, sendo destaque a disponibilização digital do veículo. O site do jornal – www.diarionline.com.br – foi criado em 20 de abril de 2009, possuindo um nome diferente da versão impressa. Desde 2009 a empresa tem procurado aperfeiçoar e implementar no Diário Corumbaense diversas formas para conquistar maior credibilidade e respeito dos leitores. Uma das mudanças realizadas foi a unificação dos nomes do site com o nome do impresso, e hoje o diarionline.com.br é o portal de notícias mais acessado em Corumbá, conforme sustenta a própria diretora-geral. Como fonte de informação, o jornal recebe a colaboração das instâncias policiais. Rosana Cáceres relata que durante a ronda da política brasileira, os jornalistas possuem acesso ao Sistema Integrado de Gestão Operacional (SIGO), da Polícia Civil, onde encontram as ocorrências policiais. A Polícia Militar também encaminha normalmente releases e a Polícia Civil, quando há casos de repercussão, informa a redação do DC. Foi ainda informado que nenhum material permanente da empresa jornalística – por exemplo, computadores, impressoras e/ou máquinas fotográficas – são comprados na Bolívia, assim como não são utilizados serviços bolivianos para a impressão do jornal, visto que eles possuem gráfica própria. Do ponto de vista dos critérios de noticiabilidade, isto é, dos tópicos que pontuam e norteiam as pautas do jornal, sobressaem as ocorrências policiais. Na prática, a própria operacionalização da fronteira contribui para tal ênfase. Existem barreiras policiais para carros e pedestres tanto do lado brasileiro quanto do boliviano. 4
Publicação de decretos e atos oficiais referente a Processos Licitatórios (Extratos, Homologações, etc.)
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Há barreiras também na região do Posto Esdras, ponto localizado na rodovia BR-262, a 50 metros da fronteira com a Bolívia e a cerca de seis quilômetros do centro de Corumbá. O posto serve para cobrar tributos, sendo também utilizado para fiscalização policial, com checagens de documentos e vistorias. Rosana Cáceres acredita ser um procedimento normal e necessário para a fronteira. Ela considera ainda que:
A questão de segurança na fronteira Brasil-Bolívia é tranquila, diferente da fronteira com o Paraguai. No meu caso e do meu jornal, nunca tive problemas5.
Em entrevista concedida a Gaetner (2010, p.4), Cáceres também discorre sobre o papel do jornal de fronteira e o desafio de não afetar a imagem do Boliviano:
A imagem que se tem aqui fora é que todos os bolivianos participam desse tipo de ato ilegal, de ato ilícito, mas não, a maioria do povo boliviano, a maioria das pessoas trabalha de sol a sol pra ganhar o seu sustento, é um povo sofrido. [...] você vê que a maioria do povoado aqui de Germán Busch é composta por gente humilde, por gente que batalha dia-a-dia. Mas por conta de toda essa situação de, sabe, de segurança, de receptação, de roubo, tal, aí a imagem que se passa é assim, infelizmente. Então, quer dizer, e nós, como jornalistas, como veículos de comunicação precisamos ter a atenção necessária pra saber discernir cada tema, pra saber lidar com aquilo da melhor forma possível, pra que você leve a informação, mas sem você estar afetando, atingindo, não é? No caso, os bolivianos, a cultura, a legislação, a história deles. É uma situação singular6.
Na sequência, serão apresentadas algumas peculiaridades relacionadas ao método de trabalho: a Análise de Conteúdo.
3.2 O método Para o desenvolvimento da presente monografia, empregou-se a Análise de Conteúdo, método que possui um vasto campo de utilização e é bem difundida por servir de base para análises de documentos escritos e não-escritos.
Num vértice
histórico, existem registros desse tipo de análise datados desde a Idade Média, quando existia um desejo em decodificar escritos misteriosos e/ou sagrados. Segundo Gaertner 5 6
Em entrevista por e-mail enviado à autora no dia 30 de outubro de 2013. Trecho de entrevista a Gaetner, em 2010.
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(2010, p.6) tal prática foi abundantemente usada como ferramenta de análise das comunicações, notadamente nos Estados Unidos, na década de 50. Durante esse período, já se notava traços na sistematização do método. A análise de conteúdo trata-se de um método flexível podendo ser utilizada em diversos temas e análise. Em outros termos:
A análise de conteúdo é um método muito empírico, dependente do tipo de ‘fala’ a que se dedica e do tipo de interpretação que se pretende como objetivo. Não existe o pronto-a-vestir em análise de conteúdo, mas somente algumas regras de base por vezes, dificilmente transponíveis. (BARDIN, 1977, p. 30-31)
No presente trabalho é abordada também a questão das fontes utilizadas e das citações indiretas e diretas. Com isso, o objetivo passa a ser o de identificar se o boliviano possui voz no texto jornalístico, pois um dos aspectos do fazer jornalístico é justamente apurar a notícia, fazendo contato com todos os personagens envolvidos no fato. Se não houver essa interação, a informação pode ser prejudicada ou direcionada para um ponto de vista específico. Para se obter um número expressivo de textos para a análise, foram coletadas as notícias em um intervalo de um mês, tomando como base janeiro de 20147. Como recorte empírico, totalizou-se 20 dias de publicações, uma vez que o DC não possui publicações em feriados e finais de semana. Após a escolha do período, foram considerados e explorados todos os textos que abordam algum aspecto relacionado à Bolívia e/ou à fronteira, mesmo que não seja o assunto principal. Para isso, foi realizada uma pesquisa de palavras-chave nos exemplares de análise. As palavras buscadas foram: Bolívia (boliviano [s], boliviana [s]), Fronteira (s) (fronteiriço [s], fronteiriça [s]) e, ainda, o termo estrangeiro (a) (s), o que resultou em um total de 15 palavras-chave. Todo conteúdo jornalístico foi lido, buscando-se encontrar tais termos, e principalmente, as frases e contextos em que elas estavam inseridas, visto que o
7
Em uma primeira versão da monografia houve a tentativa de coletar textos sob o método de semana construída, porém dessa maneira, o número de matérias para análise não foi satisfatório. Sendo assim, optou-se por pegar um período maior para ter material para ser analisado.
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objetivo da presente monografia não é apenas de quantificar a ocorrência de tais palavras, mas também levantar dados para uma posterior análise qualitativa. Os textos coletados foram separados nas categorias determinadas por Gaertner (2010), a qual explica que as palavras podem estar inseridas em caráter de valor positivo, negativo e de localidade. A autora define como caráter de valor positivo as notícias nas quais as palavras “adquirem carga semântica de interação, ou seja, um sentido agregador e, em muitas vezes, uma somatória de valores no intuito de integrar as cidades” localizadas na fronteira (GAERTNER, 2010, p.8). O caráter de valor negativo foi determinado como “discursos que reforçam o caráter de barreira, de defesa ou de exclusão. (...) informações que atribuem atos criminosos e ilícitos ao território da fronteira e à Bolívia” (GAERTNER, 2010, p. 10). As referências de localidade são identificadas quando as palavras de análise são “utilizadas apenas como uma marca territorial, diferenciando dentro do corpo textual de outras regiões ou também quando estas apareciam agregadas a nomes próprios de entidades e instituições”. TABELA 1 – DISTRIBUIÇÃO DOS TEXTOS ENCONTRADOS COMO RECORTE EMPÍRICO NO DIÁRIO CORUMBAENSE Nº DATA TÍTULO 01 06/01 Flagrantes de Alfredo de Sartory – Reconhecimento 02 06/01 Pré-matrícula digital em escolas municipais de Corumbá termina amanhã 03 07/01 Ônibus da Canarinho é destruído por incêndio; passageiros escapam
PG. GÊNERO 11 Nota
EDITORIA Coluna Social
CARATER Positivo/ Localidade
PALAVRAS Bolívia/ Fronteira
05
Notícia
Educação
Localidade Positivo
Estrangeiro
03
Notícia
Cidade
Localidade
Fronteira
46
04 08/01
05 08/01
06 08/01 07 14/01
08 14/01
09 14/01
10 15/01
11 16/01
12 16/01
13 17/01
ilesos Flagrantes de Alfredo de Sartory – Orgulho Agetrat quer laudos sobre situação dos ônibus da Canarinho Conversa com a Presidenta Homem que saiu da Bolívia é preso em ônibus com mais de 1 quilo de cocaína Morador de Puerto Quijarro é flagrado com 84 cápsulas de cocaína Bolivianas são presas pela PRF com mais de 4 quilos de cocaína Com novo helicóptero, Marinha dá agilidade ao atendimento de ribeirinhos no Pantanal Flagrantes de Alfredo de Sartory – Los Hermanos Flagrantes de Alfredo de Sartory – Comando Quase metade da maconha
11
Nota
Coluna Social
Localidade
Bolívia
03
Notícia
Cidade
Localidade
Fronteira
02
Nota
Coluna
Localidade
Fronteiras
05
Noticia
Polícia
Negativo Localidade
Bolívia Boliviana Fronteira
05
Noticia
Polícia
Negativo Localidade
Boliviana Fronteira
05
Notícia
Polícia
Negativo
Bolivianas (x2)
05
Noticia
Geral
Localidade Negativo
Fronteira (x2) Fronteiras
11
Nota
Coluna Social
Localidade
Bolívia Estrangeiras
11
Nota
Coluna Social
Localidade
Fronteira
05
Noticia
Polícia
Negativo
Bolívia Fronteira
47
14 17/01
15 20/01
16 22/01
17 22/01
18 22/01
19 23/01
20 23/01
apreendida pela PRF no Brasil passa por Mato Grosso do Sul Reme: sai hoje lista de prématrícula para alunos novos Por venda de lotes em assentamentos , MPF recorre para bloquear bens de 19 pessoas Intervenção: usuários reclamam de atrasos, ônibus que não param no ponto e esperam frota nova Prefeito se reúne com funcionários e anuncia primeiras medidas Flagrantes de Alfredo de Sartory Social Com poucos veículos na frota, Município deve alugar ônibus para atender passageiros No Grupo Especial, Marquês de Sapucaí vai
06
Notícia
Educação
Localidade Positivo
Estrangeiro
04
Notícia
Geral
Localidade
Bolívia Fronteira
03
Notícia
Cidade
Localidade
Fronteira
04
Notícia
Cidade
Localidade
Fronteira
11
Nota
Coluna Social
Localidade
Fronteira
04
Notícia
Cidade
Localidade
Fronteira
09
Notícia
Carnaval 2014
Localidade
Fronteiras Estrangeiros
48
21 23/01
22 24/01
23 24/01
24 24/01
25 24/01
26 24/01
27 28/01
28 28/01
29 29/01
cantar as belezas do Rio Grande do Sul Reme: novos alunos devem efetuar matrícula até amanhã Carreta interrompe tráfego na fronteira com a Bolívia Atacados por cachorro com raiva na Bolívia, pai e filho estão em tratamento em Corumbá Carreta interrompe tráfego na fronteira com a Bolívia Mais voos, o aeroporto comporta Flagrantes de Alfredo de Sartory – Comando OAB vistoria presídio masculino de Corumbá e constata superlotação de celas Flagrantes de Alfredo de Sartory – Abusivo Balança comercial de Corumbá é
06
Notícia
Educação
Localidade
Estrangeiro
01
Nota
Capa
Localidade
Bolívia Fronteira
04
Notícia
Cidade
Localidade Positivo
Bolívia (4x) Bolivianas Fronteiriça
06
Notícia
Geral
Localidade
Bolívia (3x) Bolivianas Fronteira (4x)
02
Editorial
Editorial
Localidade
Boliviano Boliviana
11
Nota
Coluna Social
Localidade
Fronteira
03
Notícia
Cidade
Localidade Negativo
Estrangeiros
11
Nota
Coluna Social
Localidade
Estrangeiros
03
Notícia
Economia
Localidade Positivo
Bolívia (2x) Boliviano
49
30 29/01
31 30/01
32 30/01
33 31/01
34 31/01
negativa desde 2000; gás natural é o responsável Isolamento: rompimento de cabos deixa Corumbá sem telefonia móvel e internet Desfile dos Cordões volta para a terçafeira de Carnaval; data é consenso Casal boliviano é preso em ônibus com quase cinco quilos de cocaína Pesque e solte começa dia 1º; turismo de pesca movimentou R$ 100 milhões Um caminho para a sustentabilidad e turística
04
Notícia
Geral
Localidade
Bolivianas
12
Notícia
Carnaval 2014
Positivo
Bolívia (2x)
05
Notícia
Polícia
Negativo
Boliviano Bolivianos (2x) Boliviana
03
Notícia
Turismo
Localidade Positivo
Bolívia
02
Editorial
Editorial
Positivo
Fronteira
(Fonte: tabela construída exclusivamente para as finalidades da presente monografia)
3.3 Análise dos textos TEXTO 01. Flagrantes de Alfredo de Sartory – Reconhecimento (06/01/2014, segunda-feira). O texto 01 refere-se ao destaque que o Centro de Atendimento Internacional ao Turista (CIAT) ganhou em um jornal especializado no tema turismo. O jornal destaca
50
que o CIAT funciona junto à fronteira e tem o objetivo de melhorar o atendimento ao turista que passa por Corumbá para ir ao Pantanal ou à Bolívia. A nota na coluna social não possui um entrevistado direto ou alguma fonte de informação. Trata-se do colunista relatando seu “flagrante” do destaque do Centro no jornal Mercado & Eventos. Os termos fronteira e Bolívia aparecem inseridos na frase “No texto, o jornal cita a inauguração do CIAT, observando que o serviço funciona junto à fronteira com a Bolívia”. Ou seja, as palavras aparecem em caráter de localidade, como uso de marca territorial, mas a nota em si, aborda uma temática positiva pois relata um Centro criado para o turista, a fim de integrar a fronteira. FONTES UTILIZADAS
Não há
CITAÇÕES DIRETAS
Não há
TEXTO 02. Pré-matrícula digital em escolas municipais de Corumbá termina amanhã (06/01/2014, segunda-feira). O texto 02 trata da pré-matrícula nas escolas municipais de Corumbá, e aborda todos os processos da matrícula: onde fazer, quais são os setores que estão com matrícula aberta, como funciona a pré-matrícula em caso de desistência, e é nesse meio que está inserida a única palavra encontrada: Estrangeiro. Ela é encontrada no trecho onde são citados os documentos necessários para a realização da matrícula, na frase “(...) Carteira de Vacinação (para a Educação Infantil); Documento de Permissão emitido pela Polícia Federal, quando estrangeiro”. Sendo assim, estrangeiro tem o caráter de localidade, ao se tratar do documento exigido para a matrícula. A notícia se enquadra em caráter de valor positivo também, pois mostra que o estrangeiro tem vaga disponível no ensino realizado em Corumbá, adquirindo assim um sentido agregador. FONTES UTILIZADAS
Não há
CITAÇÕES DIRETAS
Não há
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TEXTO 03. Ônibus da Canarinho é destruído por incêndio; passageiros escapam ilesos (07/01/2014, terça-feira). A notícia relata um incêndio que aconteceu em um dos ônibus da empresa Canarinho. No decorrer da notícia, é abordado que os problemas estão se tornando constantes, e, em seguida, cita quais as linhas que a empresa Canarinho está operando. É nesse meio que a única palavra encontrada se localiza: “Atualmente, a Canarinho opera em Corumbá com as seguintes linhas urbanas: Popular Velha; Popular Nova; Cristo Redentor, Nova Corumbá; Maria Leite; Dom Bosco e Fronteira”. Tal termo é identificado como caráter de localidade, uma vez que está inserido no texto apenas para determinar a linha que o ônibus percorre. As fontes utilizadas foram o sargento Valdecy, do 3º Grupamento de Bombeiros, que ajudou no combate ao incêndio, além de dois moradores do local onde o ônibus parou e um comerciante das proximidades que, assim que viu a fumaça, correu para o local. O gerente-geral da viação Canarinho também foi ouvido na matéria. Sargento Valdecy, 3º Grupamento de Bombeiros Alvarino Leite de Barros, morador do local FONTES UTILIZADAS
Átila Molnar, comerciante das proximidades Moradora das proximidades (não teve identidade revelada) Udo Faucon, gerente-geral da Viação Canarinho Sargento Valdecy, 3º Grupamento de Bombeiros Alvarino Leite de Barros, morador do local
CITAÇÕES DIRETAS
Átila Molnar, comerciante das proximidades Moradora das proximidades (não teve identidade revelada) Udo Faucon, gerente-geral da Viação Canarinho
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TEXTO 04. Flagrantes de Alfredo de Sartory – Orgulho (08/01/2014, quarta-feira). O texto 04 também está inserido na editoria “Coluna Social” e relata sobre a graduação em medicina do primogênito de um casal de amigos do colunista. O graduado se formou em uma Universidade localizada em Santa Cruz de La Sierra – Bolívia. E essa é a única palavra-chave encontrada, ou seja, ela se encontra em caráter de localidade. Se analisada que essa prática de brasileiros estudarem medicina na Bolívia é bem comum, pode-se também categorizar essa nota como caráter positivo, pois mostra que assim como a população da Bolívia vai a médicos, ou se matriculam em escolas de Corumbá, também existe o caminho inverso, onde é o brasileiro que busca o ensino na Bolívia, havendo, assim, uma integração de ambas as populações. FONTES UTILIZADAS
Colunista Alfredo de Sartory
CITAÇÕES DIRETAS
Não há
TEXTO 05. Agetrat quer laudos sobre situação dos ônibus da Canarinho (08/01/2014, quarta-feira). O texto 05 refere-se ao ônibus da Viação que pegou fogo. A matéria aborda que a Agência Municipal de Trânsito e Transportes de Corumbá entrou com pedido de explicação sobre os motivos do incêndio. Ao final da matéria relatam quais são as linhas que a empresa Canarinho percorre no município. A palavra-chave encontrada é fronteira e está inserida no seguinte texto “Atualmente, a Canarinho opera em Corumbá com as seguintes linhas urbanas: Popular Velha; Popular Nova; Cristo Redentor; Nova Corumbá; Maria Leite; Dom Bosco e Fronteira”. Portanto mais uma vez a palavra-chave possui característica de localidade. É usada como título de um trajeto percorrido pelo ônibus da viação Canarinho. FONTES UTILIZADAS
Diretora-presidente da Agetrat, Silvana Rico
CITAÇÕES DIRETAS
Diretora-presidente da Agetrat, Silvana Rico
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TEXTO 06. Conversa com a Presidenta (08/01/2014, quarta-feira). Esse texto trata-se de uma coluna semanal da presidenta Dilma Rousseff. O tema dessa primeira semana de janeiro é sobre os planos de educação para o ano de 2014. No decorrer da coluna, Dilma fala de diversos programas de educação, aborda a especialização de professores alfabetizadores e de ensino médio. Em um certo momento, é citado o programa Ciência Sem Fronteiras, única palavra-chave encontrada na coluna. O termo fronteiras tem caráter de localidade, uma vez que se refere a um nome próprio do programa. Por mais que o programa possibilite que o universitário brasileiro estude por um período em outro país, o termo fronteiras não tem ligação com Corumbá ou com a Bolívia. Manteve-se o exemplo aqui por uma questão metodológica. FONTES UTILIZADAS
Presidenta do Brasil, Dilma Rousseff
CITAÇÕES DIRETAS
Não há
TEXTO 07. Homem que saiu da Bolívia é preso em ônibus com mais de 1 quilo de cocaína (14/01/2014, terça-feira). A notícia relata a prisão de um homem, residente na Bolívia, que portava mais de um quilo de cocaína. O senhor, de 59 anos, estava em um ônibus que fazia a linha Corumbá – Campo Grande. Primeiro a polícia encontrou 32 cápsulas dentro de uma meia em sua mala. Após o flagrante, o homem informou ter ingerido mais 58 cápsulas da droga. Nesse texto, existem três palavras-chave. São elas: Bolívia, Boliviana e Fronteira. A fonte utilizada foi o Departamento de Operações de Fronteira (DOF). A palavra-chave boliviana está inserida no trecho: “Um homem, de 59 anos, morador na cidade boliviana de Santa Cruz de La Sierra foi preso com 1 quilo e 300 gramas de cocaína”. Já a palavra Bolívia foi localizada no título da notícia: “Homem que saiu da Bolívia é preso em ônibus com mais de 1 quilo (...)”. Já a terceira palavra é encontrada
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na frase: “O flagrante, feito pelo Departamento de Operações de Fronteira (DOF), aconteceu na tarde (...)”. Os três termos possuem caráter de valor de localidade. Os dois primeiros se enquadram como marca territorial, e o terceiro por ser nome próprio de instituição. Porém como a notícia está na editoria policial e possui informações que atribuem atos criminosos e ilícitos, ela se enquadra também como uma notícia de caráter de valor negativo. FONTES UTILIZADAS
Departamento de Operações de Fronteira (DOF)
CITAÇÕES DIRETAS
Não há
TEXTO 08. Morador de Puerto Quijarro é flagrado com 84 cápsulas de cocaína (14/01/2014, terça-feira). Essa notícia é bem parecida com a anterior, o que muda são os detalhes, como a idade e cidade de moradia do homem detido, bem como o número de cápsulas encontradas. Ele tem 33 anos, mora na cidade boliviana de Puerto Quijarro, e com ele foram encontradas 84 cápsulas, aproximadamente 1 quilo 130 gramas. O homem foi detido no mesmo dia em que o senhor relatado no texto 07, sábado dia 11/01. A fonte de informação é o Departamento de Operações de Fronteira (DOF). As palavras estão inseridas nas frases “Um morador da cidade boliviana de Puerto Quijarro, de 33 anos (...)” e “Barreira do Departamento de Operações de Fronteira (DOF), na rodovia BR-262 em Corumbá, apreendeu 1 quilo e 130 gramas (...)”. Ambas as palavras-chave possuem caráter de valor de localidade, a primeira por significar marca territorial e a segunda por estar ligada ao nome de uma instituição. Aqui, a notícia também recebe caráter de valor negativo por abordar atos criminosos e ilícitos. FONTES UTILIZADAS
Departamento de Operações de Fronteira (DOF)
CITAÇÕES DIRETAS
Não há
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TEXTO 09. Bolivianas são presas pela PRF com mais de 4 quilos de cocaína (14/01/2014, terça-feira). Essa notícia, inserida na editoria “Policial”, aborda duas bolivianas que foram presas carregando cocaína. Encontrou-se duas vezes a palavra-chave bolivianas, a primeira no próprio título do texto e outra na frase “Duas bolivianas, uma de 20 e outra de 23 anos, foram presas com mais de 4 quilos de cocaína”. Nesse contexto, as palavras são inseridas em caráter de valor negativo, visto que o termo “bolivianas” é usado em uma notícia sobre tráfico de drogas. É reforçado logo no título que as personagens não eram brasileiras a carregar a droga, mas bolivianas. FONTES UTILIZADAS
Não há
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Não há
TEXTO 10. Com novo helicóptero, Marinha dá agilidade ao atendimento de ribeirinhos no Pantanal (15/01/2014, quarta-feira). O texto trata da aquisição de um novo helicóptero para o Comando do 6º Distrito Naval de Ladário. Ao todo agora, o comando tem três helicópteros para realizar serviços diversos junto à população. Além disso, também adquiriram dois navios para ajudar nas operações náuticas. O helicóptero integra a frota do 4º Esquadrão de Helicópteros de Emprego Geral. As fontes utilizadas foram o comandante do 6º Distrito Naval, contraalmirante Edervaldo Teixeira de Abreu Filho, e o comandante do Esquadrão HU-4, Alexsander Moreira dos Anjos. Ao todo no texto foram encontradas três palavras-chave, sendo duas delas a palavra fronteira e, em um caso, fronteiras, no plural. Elas estão presentes nas seguintes frases: “(...) para atendimentos diversos à população, como prestação de primeiros-socorros, auxilio em situações de incêndio, além da guarnição da fronteira”; “’O importante é que a comunidade local veja a relevância que a Marinha do Brasil está dando à nossa fronteira oeste (...)’”, sendo esta última uma declaração do
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contra-almirante; e “Com essa nova aeronave, os serviços ganham maior agilidade, seja em socorro médico, auxilio em combate a pequenos focos de incêndio e proteção das fronteiras”, uma declaração de Alexsander. As três palavras-chave referem-se à localidade, são usadas como marca territorial, para delimitar o limite geográfico existente no local. Logo após a frase do contra-almirante, contendo a palavra-chave fronteira, afirma-se: “Com essa aeronave, podemos prestar um melhor atendimento social, em caso de resgates, de socorros, (...) aumentando também nosso poderio bélico”. Por isso, analisando o contexto na qual as frases estão inseridas, pode-se afirmar que também possuem caráter de valor negativo, uma vez que de um modo ou de outro elas estão imersas em discursos que reforçam a defesa, a barreira. Comandante do 6º Distrito Naval, contra-almirante FONTES UTILIZADAS
Edervaldo Teixeira de Abreu Filho Comandante do Esquadrão HU-4, Alexsander Moreira dos Anjos Comandante do 6º Distrito Naval, contra-almirante
CITAÇÕES DIRETAS
Edervaldo Teixeira de Abreu Filho Comandante do Esquadrão HU-4, Alexsander Moreira dos Anjos
TEXTO 11. Flagrantes de Alfredo de Sartory – Los Hermanos (16/01/2014, quintafeira). Esse texto é uma nota presente na Coluna Social. O tema abordado pelo colunista Alfredo de Sartory é o investimento de cursos de medicina da Argentina em propagandas para chamar brasileiros a estudarem por lá. Não há fontes diretas sendo utilizadas. Foi encontrada a palavra-chave Bolívia na seguinte frase: “Os argentinos vão competir com a Bolívia, que tem hoje 25 mil universitários vindos do Brasil”. Tal palavra está inserida em caráter de valor de localidade, pois está sendo utilizada como uma
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marca territorial, um modo de comparação com o país Argentina. A segunda palavrachave encontrada foi estrangeiras, na frase “O Conselho Federal de Medicina alerta para os alunos analisarem bem o programa das faculdades estrangeiras”. Aqui o termo também possui valor de caráter de localidade uma vez que diz respeito à faculdade de outro país. FONTES UTILIZADAS
Não há
CITAÇÕES DIRETAS
Não há
TEXTO 12. Flagrantes de Alfredo de Sartory – Comando (16/01/2014, quinta-feira). Tal nota trata do convite enviado ao colunista para comparecer à cerimônia de passagem de comando do 17º Batalhão de Fronteira – Batalhão Antonio Maria Coelho. A nota não possui fonte direta, nem entrevistado. Apesar de aparecer duas vezes a abreviação de fronteira, “Fron.” a palavra escrita por inteiro aparece apenas uma vez, no nome do Batalhão. A palavra extensa e as duas abreviações possuem caráter de valor de localidade pois estão agregadas a nome próprio de Batalhão. FONTES UTILIZADAS
Não há
CITAÇÕES DIRETAS
Não há
TEXTO 13. Quase metade da maconha apreendida pela PRF no Brasil passa por Mato Grosso do Sul (17/01/2014, sexta-feira). O texto 13 aborda sobre os números de apreensões de drogas realizadas pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) de Mato Grosso do Sul, no ano de 2013. A notícia foi escrita pelo site Midiamax e replicada no DC. Em 2013, de 118 toneladas de maconha apreendidas, 54 toneladas foram detidas em Mato Grosso do Sul, ou seja, pouco menos da metade. As palavras-chave Bolívia e Fronteira foram encontradas na frase “Mato Grosso do Sul é um dos Estados com diversas faixas de fronteira, ligando Paraguai e
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Bolívia ao restante do Brasil”. E o texto continua com “Por esse motivo, boa parte da rota do crime organizado com drogas, armas e veículos roubados passa pelo Estado”. Devido a essa última frase e pelo contexto da notícia, as palavras-chave encontradas se enquadram em caráter de valo negativo, uma vez que estão inseridas em uma notícia sobre atos criminosos e ilícitos do contrabando de drogas, como cocaína e maconha, além do contrabando de cigarros e apreensões de carros roubados. FONTES UTILIZADAS
Não há
CITAÇÕES DIRETAS
Não há
TEXTO 14. Reme: sai hoje lista de pré-matrícula para alunos novos (17/01/2014, sexta-feira). O texto 14 refere-se às matrículas para a Rede Municipal de Ensino de Corumbá (Reme). No dia 06 de Janeiro, o DC publicou texto sobre o prazo da prématrícula (ver texto 02) e, no dia 17/01, publicou a lista dos estudantes aprovados na pré-matrícula. As informações foram obtidas através da Assessoria de Comunicação Institucional da Prefeitura Municipal de Corumbá. O site do Diário Oficial do Município é divulgado por ser o meio de publicação da lista, com dados como o nome do aluno, a escola, a série e o turno em que ele foi aprovado. A palavra-chave estrangeiro é encontrada no trecho onde são citados os documentos necessários para a realização da matrícula, na frase “(...) Carteira de Vacinação (para a Educação Infantil); Documento de Permissão emitido pela Polícia Federal, quando estrangeiro”. Sendo assim, estrangeiro tem o caráter de localidade, ao se tratar de um documento exigido para a matrícula. O termo se enquadra também em caráter de valor positivo, pois mostra que o estrangeiro tem vaga disponível no ensino realizado em Corumbá, adquirindo assim um sentido agregador. FONTES UTILIZADAS CITAÇÕES DIRETAS
Assessoria de Comunicação Institucional da Prefeitura Municipal de Corumbá Não há
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TEXTO 15. Por venda de lotes em assentamentos, MPF recorre para bloquear bens de 19 pessoas (20/01/2014, segunda-feira). O texto 15 relata o fato de o Ministério Público Federal de Mato Grosso do Sul (MPF/MS) recorrer ao Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3) para bloquear os bens de 19 pessoas que são acusadas de envolvimento com irregularidades na ocupação e na transferência de lotes em assentamentos de Corumbá e Ladário. A fonte utilizada para essa notícia foi a Assessoria de Comunicação do MPF/MS. As palavras-chave Bolívia e Fronteira são encontradas logo no primeiro parágrafo da matéria, na frase “(...) transferência de lotes em assentamentos rurais nas cidades de Corumbá e Ladário, fronteira do Brasil com a Bolívia”. Nesse contexto, tais palavras possuem carga semântica de localização, estão inseridas no texto para identificar para o leitor onde estão localizadas as cidades de Corumbá e Ladário, ou seja, se enquadram em caráter de valor de localidade. FONTES UTILIZADAS
Assessoria de Comunicação do MPF/MS
CITAÇÕES DIRETAS
Não há
TEXTO 16. Intervenção: usuários reclamam de atrasos, ônibus que não param no ponto e esperam frota nova (22/01/2014, quarta-feira). O texto 16 trata-se de uma matéria longa, uma página inteira, que aborda a reclamação dos usuários de transporte coletivo do município de Corumbá. Ao todo, quatro pessoas foram ouvidas na reportagem, todas são usuárias do transporte público. As reclamações principais foram em relação à demora da passagem dos veículos e as condições dos ônibus. A única palavra-chave encontrada, fronteira, foi localizada no trecho onde são relatadas as linhas de ônibus que são operadas na cidade. A frase é “(...) opera em Corumbá com as linhas urbanas: Popular Velha; Popular Nova; Cristo Redentor; Nova Corumbá; Maria Leite; Dom Bosco e Fronteira”. Tal termo é identificado como caráter
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de localidade, uma vez que está inserido no texto apenas para determinar a linha que o ônibus percorre. Aposentada (não identificada) FONTES UTILIZADAS
Estudante Kimberlly Kathen Nunes Soares Maria de Lurdes Monteiro Silva, usuária de ônibus Aposentada, Fermina dos Santos Aposentada (não identificada)
CITAÇÕES DIRETAS
Estudante Kimberlly Kathen Nunes Soares Maria de Lurdes Monteiro Silva, usuária de ônibus Aposentada, Fermina dos Santos
TEXTO 17. Prefeito se reúne com funcionários e anuncia primeiras medidas (22/01/2014, quarta-feira). O texto 17 aborda uma reunião do Prefeito de Corumbá com os funcionários da Viação Canarinho, empresa que realiza os serviços de transporte público no município. Junto ao prefeito também estavam o interventor Valnei de Oliveira e a diretora-presidente da Agência Municipal de Trânsito e Transporte (Agetrat), Silvana Ricco. A matéria possui como fonte de informação a Assessoria de Comunicação Institucional da Prefeitura Municipal de Corumbá. A única palavra-chave encontrada também é a palavra fronteira e está inserida no trecho: “Atualmente as linhas urbanas são as seguintes: Popular Velha; Popular Nova; Cristo Redentor; Nova Corumbá; Maria Leite; Dom Bosco e Fronteira”. O termo aqui significa o nome próprio de uma linha do transporte público urbano de Corumbá e por isso se enquadra na categoria de caráter de valor de localidade. Prefeito Municipal de Corumbá, Paulo Duarte (com FONTES UTILIZADAS
informações da Assessoria de Comunicação) Assessoria de Comunicação Institucional da Prefeitura
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Municipal de Corumbá CITAÇÕES DIRETAS
Prefeito Municipal de Corumbá, Paulo Duarte (com informações da Assessoria de Comunicação)
TEXTO 18. Flagrantes de Alfredo de Sartory – Social (22/01/2014, quarta-feira). O texto 18 refere-se ao Coronel de Infantaria, José Roberto Andrade de Jesus Ferreira, que parte para cumprir “outras funções nas fileiras do Exército Brasileiro”. O colunista aborda que, com isso, a cidade também deixará de contar com a presença da esposa do coronel, Adriana Ferreira, artesã na cidade. A única palavra-chave encontrada está inserida no trecho “[...] José Roberto Andrade de Jesus Ferreira deixa o comando do 17º Batalhão de Fronteira na próxima sexta-feira, dia 24”. Pela palavra “Fronteira” representar o nome próprio de um Batalhão, ela carrega caráter de valor de localidade. FONTES UTILIZADAS
Não há
CITAÇÕES DIRETAS
Não há
TEXTO 19. Com poucos veículos na frota, Município deve alugar ônibus para atender passageiros (23/01/2014, quinta-feira). O texto 19 relata o problema de transporte público que acontece na cidade. Dessa vez, o prefeito Paulo Duarte anunciou que o Município terá que alugar veículos extras, pois grande parte dos ônibus da viação Canarinho não se encontrava em condições de circulação. A matéria apresenta falas do prefeito ditas em uma entrevista em cadeia às rádios do Grupo Pantanal de Comunicação. E é nesse contexto que a única palavrachave, “fronteira” foi encontrada. “[...] disse o chefe do Executivo durante entrevista em cadeia às rádios Difusora AM, Band FM e Fronteira AM, do Grupo Pantanal de
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Comunicação, na manhã da quarta-feira, 22 de janeiro”. Pelo termo ser encontrado no nome próprio de uma rádio, ela se enquadra no caráter de valor de localidade. Prefeito, Paulo Duarte (através de entrevista concedida às FONTES UTILIZADAS
rádios) Assessoria de Comunicação Institucional da Prefeitura Municipal de Corumbá
CITAÇÕES DIRETAS
Prefeito, Paulo Duarte (através de entrevista concedida às rádios)
TEXTO 20. No Grupo Especial, Marquês de Sapucaí vai cantar as belezas do Rio Grande do Sul (23/01/2014, quinta-feira). O texto 20 trata da escola de samba Marquês de Sapucaí, que está no Grupo Especial do carnaval corumbaense, do presente ano. A matéria faz parte de uma editoria especial criada pelo jornal chamada de “Carnaval 2014”. Como fonte de informação, o DC ouviu a presidente da escola, Odete Brinckler de Oliveira Bueno, e o carnavalesco Ramon Medeiros. O samba-enredo escolhido pela escola é a história do estado do Rio Grande do Sul. Como parte da editoria criada pelo jornal, toda escola de samba foi ouvida para falar dos preparativos e divulgar as letras do samba-enredo. E é nesse contexto que foi encontrada a palavra-chave, “fronteiras”. Ela faz parte do samba-enredo, logo no começo, onde é dito “Viajando trilhei fronteiras. Pra chegar até aqui do alpestre ao Chuí”. Fronteiras carrega o caráter de valor de localidade, uma vez que é usada como uma marca territorial. Ainda na letra do samba-enredo encontra-se o trecho: “História do neguinho do pastoreio. Da flor da Hortência. E dos imigrantes estrangeiros”. Por estar relacionada aos estrangeiros que vivem no Rio Grande do Sul e não estar relacionada a nada que remete à atividade criminosa e ilícita, a palavra-chave “estrangeiros” possui mero caráter de valor de localidade. FONTES UTILIZADAS
Presidente da escola de samba, Odete Brinckler de Oliveira
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Bueno Carnavalesco Ramon Medeiros Presidente da escola de samba, Odete Brinckler de Oliveira CITAÇÕES DIRETAS
Bueno Carnavalesco Ramon Medeiros
TEXTO 21. Reme: novos alunos devem efetuar matrícula até amanhã (23/01/2014, quinta-feira). O texto 21 é um lembrete para a população de Corumbá a respeito do prazo para a matrícula na Rede Municipal de Ensino em Corumbá (Reme), que se encerra no dia 23 de janeiro, sexta-feira. No dia 17 do mesmo mês foi publicada uma notícia sobre a divulgação da lista dos aprovados para a matrícula, juntamente com os dias em que seriam destinados à efetivação da mesma. A matéria do texto 21 traz a palavra-chave estrangeiro no trecho onde relata quais documentos são necessários para a efetivação da matrícula presencial: “[...] Carteira de Vacinação (para a Educação Infantil); Documento de Permissão emitido pela Polícia Federal, quando estrangeiro”. Sendo assim, estrangeiro tem o caráter de localidade, ao se tratar do documento exigido para a matrícula. De uma perspectiva ampla, a notícia também se enquadra em caráter de valor positivo, por mostrar que o estrangeiro tem vaga disponível no ensino realizado em Corumbá, adquirindo um sentido agregador, de união e aceitação de pessoas de outro país. FONTES UTILIZADAS
Não há
CITAÇÕES DIRETAS
Não há
TEXTO 22. Carreta interrompe tráfego na fronteira com a Bolívia (24/01/2014, sexta-feira). O texto 22 está inserido na capa do jornal do dia 24 de Janeiro e ocupa uma pequena parte inferior da coluna da direita. O texto completo é o seguinte “Carreta
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interrompe tráfego na fronteira com a Bolívia. Acidente aconteceu no final da tarde de ontem. Página 06” e está na editoria “Trânsito”. As palavras fronteira e Bolívia, nesse caso, estão inseridas com caráter de valor de localidade uma vez que estão sendo usadas como marca territorial e não têm relação com nenhum ato criminoso/ilícito. Não há registro de fontes.
FONTES UTILIZADAS
Não há
CITAÇÕES DIRETAS
Não há
TEXTO 23. Atacados por cachorro com raiva na Bolívia, pai e filho estão em tratamento em Corumbá (24/01/2014, sexta-feira). O texto 23 refere-se ao ataque de um cão que continha o vírus da raiva. Pai e filho são moradores de Corumbá, mas foram atacados enquanto estavam visitando familiares na Bolívia. Três fontes são ouvidas na matéria, sendo a primeira Neuza Gonçalves, esposa do homem machucado pelo cachorro. Neuza conta que sua mãe, moradora da Bolívia, tinha adotado recentemente dois cachorros de rua, e na ocasião da visita, ela e o cônjuge foram medicar um dos animais por estar doente. Foi nesse momento que o cachorro avançou no segundo entrevistado da matéria, Júlio Franco Belaunde, de 37 anos, marido de Neuza. Júlio descreve o desespero que sentiu ao notar que alguns minutos depois da mordida, o cachorro de sua sogra começou a tremer, espumar pela boca, morrendo logo em seguida. Ele voltou ao hospital onde já tinha tomado uma injeção antitetânica, contou sobre a morte do cachorro e foi encaminhado ao Hospital de Corumbá, onde recebeu a medicação necessária para estes casos. Seu filho, uma criança de nove anos, não foi mordido pelo cão, porém dois dias antes do incidente, ele foi arranhado pelo mesmo animal, por isso também passou a receber medicação contra raiva. O DC ouviu a chefe do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) de Corumbá, Walkiria Arruda, que explica os procedimentos tomados após a morte do cachorro. Ao todo, no texto, foram encontradas quatro vezes a palavra Bolívia, uma vez a palavra bolivianas e uma vez fronteiriça. A primeira palavra Bolívia é encontrada
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logo no título da notícia. A segunda pode ser localizada no trecho: “Júlio Franco Belaunde, 37 anos, e o filho, de 09, foram atacados por um cachorro com raiva na semana passada na Bolívia”. A terceira presença da palavra Bolívia está inserida na seguinte frase: “O casal mora em Corumbá, mas tem familiares na Bolívia”. A última menção à palavra Bolívia é encontrada na seguinte passagem: “Em 2012, foi registrado um caso de raiva animal na área rural de Corumbá e outro fator de risco é a circulação viral na Bolívia”. Todas possuem caráter de valor de localidade, pois estão citando o país vizinho como marca territorial. As palavras bolivianas e fronteiriça se encontram no trecho: “Já entramos em contato com as autoridades bolivianas, porém, ainda não obtivemos nenhuma resposta. Queremos realizar alguma ação, pois estamos em área fronteiriça e devemos dar total atenção a esta situação”. A palavra bolivianas se enquadra na categoria de caráter de valor de localidade, pois aborda autoridades de outro país. O termo fronteiriça é de caráter de valor positivo, pois demonstra um interesse em integrar ambos os lados da fronteira para realizar alguma atividade em conjunto no combate do vírus da raiva. Neuza Gonçalves, esposa de Júlio Júlio Franco Belaunde, homem mordido pelo cachorro FONTES UTILIZADAS
Chefe do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) de Corumbá, Walkiria Arruda Portal da Saúde Neuza Gonçalves, esposa de Júlio
CITAÇÕES DIRETAS
Júlio Franco Belaunde, homem mordido pelo cachorro Chefe do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) de Corumbá, Walkiria Arruda
TEXTO 24. Carreta interrompe tráfego na fronteira com a Bolívia (24/01/2014, sexta-feira). O texto 24, apesar de ser pequeno, é o que possui o maior número de palavras-chave encontradas em um único só texto. Ao todo, são oito palavras. Logo no título é possível identificar duas delas: fronteira e Bolívia. Em seguida, no primeiro parágrafo, estão as palavras fronteira e Bolívia pela segunda vez: “Incidente envolvendo uma carreta interrompeu o tráfego de veículos na fronteira entre Brasil e
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Bolívia no final da tarde desta quinta-feira, 23 de janeiro”. A terceira e última vez em que o nome do país vizinho aparece no DC é encontrada no trecho: “[...] o peso do carregamento fez com que as rodas esquerdas da carreta ficassem suspensas, impedindo que o caminhão, com placas do Brasil, seguisse para a Bolívia”. A terceira e quarta vez que se identifica a palavra fronteira estão respectivamente nas seguintes frases: “Dois guinchos foram deslocados até a fronteira para levantar a carga e equilibrá-la adequadamente na carreta”; e “A interdição provocou um princípio de confusão no lado brasileiro da fronteira”. A única palavrachave bolivianas que foi possível localizar no texto 24 está inserida na frase: “O caminhão atravessava a ponte que liga Corumbá às cidades bolivianas de Puerto Quijarro e Puerto Suárez, quando a carga, de 21 toneladas [...]”. Todos os termos identificados possuem caráter de valor de localidade, pois se referem à Bolívia, fronteira e cidades bolivianas, para identificar o local do acidente, o trajeto que o caminhão percorria no momento do tombamento. Sendo assim, são categorizadas como marcas territoriais. FONTES UTILIZADAS
Não há
CITAÇÕES DIRETAS
Não há
TEXTO 25. Mais voos, o aeroporto comporta (24/01/2014, quinta-feira). O texto 25 relata o “momento complicado” que Corumbá vive quando o assunto é o transporte aéreo. A cidade já chegou a ter uma frequência de 17 voos semanais para a Bolívia e hoje recebe apenas um voo diário em um aeroporto que foi reformado, ampliado, recebeu investimento para a recuperação de pátios e outras diversas melhorias. O texto discorre sobre o bom momento no setor de turismo que Corumbá tem vivido e relata que o aeroporto municipal tem aproximadamente 90% de sua capacidade ociosa: de 500 mil passageiros que Corumbá pode receber por ano, recebe apenas pouco mais de 30 mil. Nesse editorial, é possível encontrar uma vez o termo Boliviano e uma vez Boliviana. Ambas as palavras estão inseridas no trecho: “[...] tinha frequência semanal de 17 voos para a cidade boliviana de Santa Cruz de La Sierra. Por pouco mais de dois anos, entre 1996 e 1998, operaram por aqui a Aerosur e Lloyd Aéreo Boliviano”. As
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duas menções carregam o valor de caráter de localidade, a primeira por se referir às duas cidades do país vizinho, tendo significado geográfico, e a segunda por ser nome próprio de uma empresa de linhas aéreas. FONTES UTILIZADAS
Não há
CITAÇÕES DIRETAS
Não há
TEXTO 26. Flagrantes de Alfredo de Sartory – Comando (24/01/2014, sexta-feira). Esse texto trata-se da solenidade da troca de comando do Batalhão Antonio Maria Coelho. O evento estava marcado para começar às 9 horas daquele dia. A única palavra encontrada nesta nota da coluna social é “Fronteira” no trecho: “[...] nas dependências do 17º Batalhão de Fronteira”. Por estar agregada ao nome próprio de um batalhão do exército, a palavra-chave encontrada é categorizada como caráter de valor de localidade. O texto não possui entrevistados e fontes de informação direta. FONTES UTILIZADAS
Não há
CITAÇÕES DIRETAS
Não há
TEXTO 27. OAB vistoria presídio masculino de Corumbá e constata superlotação de celas (28/01/2014, terça-feira). O texto 27 aborda a vistoria no presídio masculino de Corumbá, realizado por uma comissão temporária da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Mato Grosso do Sul. Com a vistoria, foi constatada a superlotação das celas, além de outros problemas. As fontes utilizadas para a construção da notícia foram o presidente da Comissão Temporária do Sistema Carcerário da OAB/MS, Carlos Magno, e a Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen). Só uma das palavraschaves pesquisadas foi encontrada nesse texto 27. Estrangeiros está inserida no trecho “Há 40 presos estrangeiros cumprindo pena”. Como na matéria não há uma repercussão, reclamação ou afirmação se esse número de presidiários de outro país é aceitável ou não, o termo se caracteriza como caráter de localidade. FONTES UTILIZADAS
Presidente da Comissão Temporária do Sistema Carcerário da OAB/MS, Carlos Magno.
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Agência
Estadual
de
Administração
do
Sistema
Penitenciário (Agepen) CITAÇÕES DIRETAS
Presidente da Comissão Temporária do Sistema Carcerário da OAB/MS, Carlos Magno.
TEXTO 28. Flagrantes de Alfredo de Sartory – Abusivo (28/01/2014, terça-feira). Esse texto refere-se aos preços abusivos que algumas empresas encontram para trazer estrangeiros para a Copa do Mundo, realizada no Brasil. O colunista Alfredo de Sartory relata que “[...] recuou após receber orçamento de R$ 777.200 para hospedar 18 estrangeiros durante seis dias no Rio – R$506.016, no período da final, e outros três na semifinal em Belo Horizonte – R$ 206.184”. É nessa citação que se encontra a palavra-chave “estrangeiros”, que, por ser utilizada para diferenciar turistas que virão de fora do Brasil, possui o caráter de valor de localidade. FONTES UTILIZADAS
Não há
CITAÇÕES DIRETAS
Não há
TEXTO 29. Balança comercial de Corumbá é negativa desde 2000; gás natural é o responsável (29/01/2014, quarta-feira). O texto 29 relata o fato de a balança comercial de Corumbá estar negativa e a possível causa disso. O saldo da balança – que leva em consideração as exportações e importações – registra efeito negativo nos últimos 14 anos. A fonte de informação é o Relatório Anual da Balança Comercial de Corumbá 2013, que foi elaborado pela Secretaria Municipal de Indústria e Comércio (SMIC). Segundo o relatório, um grande vilão para esse número negativo é a importação do gás natural vindo da Bolívia. Pois, mesmo o produto não sendo utilizado em Corumbá, é por lá que entra no Brasil; e a simples entrada em terra corumbaense é creditada como importação do município. Ainda com informações do relatório, o gás natural boliviano é responsável por 99% das importações do município. Por mais que a matéria seja sobre a balança comercial, logo no título é possível encontrar um indício de que muitas palavras-chave seriam encontradas, o que não ocorre. Por se tratar de uma notícia da editoria de economia, o texto contém a divulgação de muitos dados, números, ou seja, ao todo foram encontradas apenas três
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palavras-chave. A primeira é boliviano, identificada no trecho “O gás natural boliviano é ‘responsável por 99% das importações do município e manteve-se estável desde 2012’”. A segunda palavra, Bolívia, está inserida na frase “As origens dos produtos importados com entrada por território corumbaense são: Bolívia; Estados Unidos; Ucrânia; Suécia; Rússia; Paraguai e Tailândia”. Já a terceira, também Bolívia, é localizada em “Argentina; Bolívia; Reino Unido; Paraguai; Espanha; Indonésia e Peru figuram como os principais parceiros da exportação corumbaense”. Os dois primeiros termos aparecem como caráter de valor de localidade ao serem mencionados como marca territorial, apenas para identificação da origem do gás e do país vizinho. Já o terceiro termo, mesmo com a palavra se referindo ao país Bolívia, é caracterizado como caráter de valor positivo por estar inserida em uma frase que aborda a parceria entre os países citados, agregando assim valor de integração entre as nações. FONTES UTILIZADAS
Secretaria Municipal de Indústria e Comércio (SMIC) Conteúdo do Relatório Anual da Balança Comercial de
CITAÇÕES DIRETAS
Corumbá 2013, elaborado pela Secretaria Municipal de Indústria e Comércio (SMIC)
TEXTO 30. Isolamento: rompimento de cabos deixa Corumbá sem telefonia móvel e internet (29/01/2014, quarta-feira). Este texto trata de um problema nos cabos de telefonia móvel que deixou Corumbá sem internet e sinal de celular por toda a manhã do dia 28/01. A matéria não informa o horário do retorno do sinal. O problema ocorreu devido ao rompimento de fibra óptica em um cabo compartilhado pelas operadoras Vivo e Oi. Apesar disso, o DC afirma que o problema afetou todas as operadoras de telefonia móvel. Quatro pessoas foram ouvidas para a construção do texto: duas trabalham no comércio, com vendas, e duas não tiveram suas profissões identificadas, pois deram entrevista como usuários que tiveram problemas por conta desse rompimento nos cabos. A primeira pessoa ouvida é Maurício Duarte, gerente de uma loja de eletrodomésticos. Na sequência, entrevistam Pâmela Munhoz, que trabalha com a revenda de chips para celular. Em seguida, ouvem João Bosco de Arruda, que pretendia comprar um chip novo, mas teve que esperar a normalização dos serviços.
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Por fim, é entrevistada Helena Miguéis, que relatou que até os serviços bancários foram prejudicados. A palavra bolivianas é encontrada no seguinte trecho: “Os telefones móveis, em alguns momentos, registravam o sinal de operadoras bolivianas”. Esse é o único termo encontrado com as palavras-chave pesquisadas. Os celulares têm uma tecnologia que permite buscar sinal da operadora mais perto de onde ele se encontra, por isso, com a falha no sinal das operadoras brasileiras, alguns automaticamente registravam sinal de operadoras do país vizinho. Tal palavra está inserida em caráter de valor de localidade, por bolivianas se referir às operadoras de telefonia móvel daquela região. Maurício Duarte, gerente de loja de eletrodomésticos. FONTES UTILIZADAS
Pâmela Munhoz, revendora de chips para celular. João Bosco de Arruda Helena Miguéis Maurício Duarte, gerente de loja de eletrodomésticos.
CITAÇÕES DIRETAS
Pâmela Munhoz, revendora de chips para celular. João Bosco de Arruda Helena Miguéis
TEXTO 31. Desfile dos Cordões volta para a terça-feira de Carnaval; data é consenso (30/01/2014, quinta-feira). Esse texto aborda a decisão da Fundação da Cultura do Estado junto à União dos Cordões Carnavalescos de retornar o desfile dos grupos para a terça-feira de Carnaval, data que já tinha se tornado tradição nos últimos anos. Na mesma reunião foi definida a ordem do desfile. A notícia traz ainda a informação de que este ano o Carnaval de Corumbá conta com a “participação de um bloco carnavalesco da Bolívia (Comparsa)”. É possível encontrar a palavra Bolívia nesse trecho citado anteriormente e também no último parágrafo do texto, onde é divulgada a ordem de exibição na passarela do carnaval: “(...) Bloco dos Marinheiros; Bloco do Frevo; Cordões (Cinelândia/ Cravo Vermelho/ Flor de Corumbá/ Paraíso dos Foliões); Comparsa da Bolívia e Bloco dos Palhaços”.
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Nas duas vezes em que Bolívia aparece no texto 31, são definidas com o caráter de valor positivo, visto que o conteúdo que as acompanha é de uma festividade e mostra a integração dos bolivianos sendo aceitos no desfile do Carnaval de Corumbá. FONTES UTILIZADAS
Fundação de Cultura
CITAÇÕES DIRETAS
Não há
TEXTO 32. Casal boliviano é preso em ônibus com quase cinco quilos de cocaína (30/01/2014, quinta-feira). O texto 32 refere-se à fiscalização feita em um ônibus que seguia para São Paulo, onde um casal foi preso em flagrante pela Polícia Federal, por transportar mais de quatro quilos de cocaína. O entorpecente foi encontrado embaixo das poltronas nas quais eles estavam. A fonte utilizada foi a Polícia Federal de Corumbá. Logo no título encontra-se a primeira palavra-chave, boliviano, que identifica a nacionalidade do casal. A primeira vez que o termo ‘bolivianos’ é encontrado está no primeiro parágrafo, no seguinte trecho: “Um casal de bolivianos, com idades de 56 e 41 anos, foi preso pela Polícia Federal em Corumbá”. Outra ocorrência da palavra bolivianos está em “A droga estava escondida embaixo das poltronas em que os bolivianos estavam”. Em seguida o texto continua com: “Eles confessaram a propriedade do entorpecente e disseram ter recebido a cocaína na cidade boliviana de Puerto Quijarro (...)”, trecho que contém a palavra boliviana. Individualmente, as palavras carregam caráter de valor de localidade, porém analisadas junto aos trechos em que estão inseridas, adquirem também o caráter de valor negativo, uma vez que a notícia contém informações que atribuem atos criminosos e ilícitos. FONTES UTILIZADAS
Polícia Federal
CITAÇÕES DIRETAS
Não há
TEXTO 33. Pesque e solte começa dia 1º; turismo de pesca movimentou R$ 100 milhões (31/01/2014, sexta-feira). O texto 33 relata a liberação para o “pesque e solte” no rio Paraguai e aproveita para divulgar os dados de uma pesquisa de Demanda e Movimentação
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Econômica do Turismo de Pesca Esportiva, realizada pelo Observatório do Turismo. Com a pesquisa, o Observatório conseguiu traçar o perfil do turista de pesca esportiva em Corumbá. Em maioria são homens, de 46 a 65 anos, moradores da região Sudeste e com renda acima de R$ 5 mil. A pesquisa mostra quanto, em média, cada turista gasta em Corumbá. São mais de R$ 3 mil com compras diversas. Com a apuração dos dados, o Observatório notou também que turistas vão até a Bolívia enquanto estão em visita à chamada “Cidade Branca”. No período na pesquisa, ao passo em que aproximadamente R$ 1,3 milhão é gasto em Corumbá pelos turistas, no mesmo período R$ 8 milhões são gastos com compras na Bolívia. É em meio a esses dados que a palavra-chave Bolívia é encontrada: “Um dado curioso é que eles também vão à Bolívia e gastam o estimado em R$ 8 milhões em compras naquele país”. O termo possui caráter de valor positivo e de localidade pois está relacionado a um “dado curioso”, e mostra como o trânsito da fronteira Corumbá – Bolívia é de grande interação, permitindo que turistas visitem o país vizinho sem problemas. No texto, são ouvidas a Diretora-geral da Fundação de Turismo, Hélènemarie Dias Fernandes, e a presidente da Associação Corumbaense das Empresas de Turismo (Acert), Joice Santana Marques. A terceira fonte da matéria é a pesquisa realizada pelo Observatório do Turismo. Pesquisa de Demanda e Movimentação Econômica do Turismo de Pesca Esportiva (Observatório do Turismo). FONTES UTILIZADAS
Presidente da Acert, Joice Santana Marques. Diretora-geral da Fundação de Turismo, Hélènemarie Dias Fernandes. Presidente da Acert, Joice Santana Marques.
CITAÇÕES DIRETAS
Diretora-geral da Fundação de Turismo, Hélènemarie Dias Fernandes.
TEXTO 34. Um caminho para a sustentabilidade turística (31/01/2014, sexta-feira). Trata-se de um editorial do jornal que aborda justamente o setor do turismo. Segundo o autor, por muitas vezes o setor foi questionado pela falta de estatísticas que
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pudessem comprovar a alta movimentação de recursos econômicos, não se restringindo apenas a “rios e peixes”, mas também à influência no ramo hoteleiro, no comércio e na geração de empregos. Para acabar com essa escassez de dados, um levantamento foi feito por iniciativa da Fundação de Turismo, onde se traçou o perfil socioeconômico dos turistas, além de obter informações sobre “onde” e “quanto” são investidos em Corumbá. O autor apresenta um questionamento: “Agora, imagina quando tivermos mensurado os dados referentes ao turismo de fronteira, ecológico, de aventura e de negócios e eventos”. A palavra-chave fronteira está inserida em caráter de valor de localidade por ser usada como marca territorial, como uma modalidade de turismo. FONTES UTILIZADAS
Não há
CITAÇÕES DIRETAS
Não há
Os textos estudados são encontrados nas editorias Coluna Social, Educação, Cidade, Coluna, Polícia, Geral, Carnaval 2014, Editorial, Economia, Turismo e Capa. Ressalta-se que “Capa” foi caracterizada como editoria para dinamizar o trabalho de análise, contabilizando textos que foram publicados na primeira página dos exemplares pesquisados. Dos 34 textos encontrados, nota-se que 19 deles têm a ocorrência das palavras pesquisadas apenas como caráter de valor de localidade. Não são textos que apresentam tais palavras com carga semântica de interação ou exclusão. Dois textos se enquadram em caráter de valor positivo e três em valor negativo. Totalizam seis os textos que contêm uma ou mais palavras buscadas e que tiveram termos categorizados em dois valores diferentes, isto é, na categoria localidade/positivo e quatro em localidade/negativo. É salutar identificar que não há bolivianos entrevistados como fontes, nem mesmo no texto 23, na matéria sobre o ataque do cão com o vírus da raiva, onde, numa perspectiva ideal, alguma autoridade poderia ter sido ouvida sobre casos de raiva na Bolívia. Sendo assim, a partir do recorte empírico pesquisado, pode-se concluir que o boliviano não tem voz definida no jornal DC.
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Finalmente, a proximidade geográfica e cultural é um valor-notícia que determina a presença da Bolívia na mídia impressa de Corumbá em função de ser uma cidade com grande número de bolivianos que ali trabalham, moram ou apenas transitam. A relevância dos acontecimentos está presente em todos os casos estudados, pois os temas noticiados possuem impacto sobre a vida das pessoas – ou seja, são fatos que têm importância, pois fazem parte do cotidiano da comunidade local.
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CONCLUSÃO Estudar os meios de comunicação social e realizar uma pesquisa sobre como o jornalismo representa a fronteira e a realidade boliviana, é pertinente no âmbito acadêmico e social. O embasamento teórico apresentado nesta monografia foi significativo para o andamento desse trabalho, uma vez que o instrumento de estudo foi o jornalismo fronteiriço. O jornalismo expõe suas particularidades dentre os meios de comunicação disponíveis para a propagação da notícia. A mídia se faz presente no dia a dia da população e é através delas que diversas matérias são publicadas e debatidas no meio social. Ela exibe aspectos culturais, políticos, sociais, econômicos, ou seja, revela fatos do dia-a-dia de forma que o leitor consiga ter acesso à sua realidade, e é através dessa leitura que ele constrói sua identidade, suas representações. Para entender como é feita a construção da identidade boliviana no impresso corumbaense, foi necessário primeiro entender o conceito de identidade e como a mídia influencia isso.
Hall (2011) apresenta três concepções, o sujeito do Iluminismo, o
sociológico e o sujeito pós-moderno. É sob este último que este trabalho se inspirou. Uma vez que o morador da fronteira vive em contato direto com outra cultura e pessoas de outra nacionalidade, e então adquire o que Hall chama de multiculturalidade. O sujeito possui uma identidade fragmentada; composta não de uma, mas de várias identidades, algumas até contraditórias ou não resolvidas. Essa multiplicidade encontrada na identidade pós-moderna é facilmente percebida em regiões fronteiriças. Pois a fronteira é um lugar de contradições constantes. As facilidades que estas regiões apresentam, provocam um convívio que ora pode ser pacífico, ora criminoso. Reafirmando o que foi citado por Pereira (2013), a formação da identidade está relacionada com a interação que o sujeito tem com a sociedade. Ao entender que a humanidade é representada pelos sistemas culturais que estão à sua volta, fica fácil perceber o papel da mídia, é o que Prado (apud PEREIRA, 2013, p.5) aborda afirmando que o jornalismo é uma atividade criadora, que põe e repõe as identidades do leitor.
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Para o habitante da fronteira, o “outro” não é um desconhecido, pois faz “parte do seu cotidiano e do seu espaço social” é o que afirma Ota (2006a). Era o que se esperava que o boliviano fizesse parte do espaço social do corumbaense, mas após a pesquisa, percebe-se que o boliviano ainda tem pouco espaço na mídia da fronteira corumbaense. Uma vez que o objeto de analise é o impresso localizado na fronteira, para a realização da pesquisa, fez-se necessário explicar o que é jornalismo fronteiriço, o que é fronteira, e ainda, diferenciar o jornalismo fronteiriço do local e do internacional. Logo percebe-se que ainda não existe uma conformidade sobre quais são as características desse jornalismo fronteiriço, então foi necessário buscar o conceito de fronteira. A obra de Marcelo Cancio (2011) foi utilizada como base para a compreensão dos conceitos de território e de fronteira. As cidades fronteiriças não são só formadas por território e acordos diplomáticos. Elas abrigam pessoas com culturas diferentes, o que faz da cidade fronteiriça um espaço singular. É preciso lembrar que a fronteira não é o fim, ela é o contato de territórios. Não se pode mais pensar como ela sendo barreira, a linha limite de território. Fronteira possui diversas definições, sendo elas da área política, geográfica ou cultural. O que é unanimidade é reconhecer que não existe uma fronteira igual à outra. Cada uma é singular, possui suas características, suas peculiaridades pois cada uma tem sua população, e isso cria as particularidades. Acredita-se que esse seja o motivo de não existir uma única definição aceita pelos estudiosos para o “jornalismo fronteiriço”, uma vez que ele terá características diferentes em cada fronteira estudada. A comunicação pode tanto contribuir ou prejudicar a união dos moradores da fronteira, cabe a ela procurar diminuir qualquer estereotipização que possa existir entre as duas nações. O jornalismo tem o poder de integração, como afirma Cancio (2011) que a informação diária estimula o diálogo, a cooperação. E, infelizmente a informação diária sobre a Bolívia, boliviano, não foi encontrada no DC. O jornalismo fronteiriço, se diferencia do jornalismo internacional na apuração da notícia, enquanto o jornalismo da fronteira apura a informação no próprio local, com relação de proximidade, o jornalismo internacional depende das grandes
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agências internacionais de notícia. O jornalismo fronteiriço difere-se também do jornalismo local, uma vez que precisa ser cuidadoso com as palavras, para não construir estereótipos aumentando assim o atrito entre os povos. A análise da presença boliviana na mídia corumbaense feita a partir do levantamento de notícias no jornal impresso de Corumbá – Diário Corumbaense – permite uma série de verificações que podem colaborar para outras pesquisas acadêmicas na área da Comunicação e para o próprio aprimoramento do jornalismo fronteiriço e o tipo de abordagem noticiosa quando o assunto é o “ser fronteiriço”. O respeito às diferenças e a diversidade cultural são muito falados em todo o mundo. No entanto, ao se analisar o impresso, nota-se que o tema não é sinceramente adotado pela mídia impressa. O que se percebe é que o jornalismo fronteiriço ainda tem características muito próximas do jornalismo da cidade pequena, do jornalismo interiorano. O DC ainda utiliza releases de instituições, órgãos públicos, de replicação de sites da capital, para preencherem suas páginas, e raramente pautas sobre o país vizinho ganha destaque. Do impresso local analisado, nota-se que existe uma preocupação em noticiar o que acontece no cotidiano local. Ou seja, os resultados da pesquisa mostram que existe frequência de notícias locais, contudo, o foco na fronteira é pequeno e os números não foram significativos como se esperava. Com os 20 dias de publicação de janeiro, das 313 notícias publicadas, incluindo aqui as notas divulgadas nas capas, apenas 34 continham uma ou mais palavras pesquisadas, totalizando assim apenas 10,8% do contexto geral. Se as capas forem excluídas, o número de matérias cai para 235, aumentando assim a porcentagem para 14%. Desses 34 textos, 19 possuem caráter de valor exclusivamente de localidade. Percebe-se que por mais que os termos pesquisados estejam inseridos no conteúdo do DC, eles aparecem em mais da metade apenas para delimitar território, ou especificar a nacionalidade do personagem da matéria, mais da metade não trata diretamente sobre bolivianos e/ou fronteira Corumbá - Bolívia. Não são notícias que abordam sobre o boliviano, seu cotidiano, modo de vida, alguma decisão política do país vizinho.
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Outro ponto que se destaca é o número alto de palavras-chave encontradas na editoria “Coluna Social”. Do total de 34, sete estão nesta editoria. São textos curtos, sendo que seis apresentam caráter de valor exclusivamente de localidade, e apenas uma dessas notas na coluna social possui caráter de valo positivo e de localidade ao mesmo tempo. Por mais que apenas cinco textos estão na editoria de “Polícia”, observou-se certa tendência de pautas que abordavam assuntos policiais, mesmo não estando designado à essa editoria, fato esse confirmado pela diretora-geral do jornal Diário Corumbaense, Rosana Nunes de Cáceres. As ocorrências policiais são as que mais chamam a atenção por se tratar de notícia de maior interesse local. Identificou-se com o decorrer do trabalho que durante a cobertura da notícia, não há o contato direto e nem indireto com os bolivianos, a não ser através de autoridades, como por exemplo, do consulado. O único contato que existe é com a checagem de notícias dos jornais da Bolívia. Como citado, não existe informante, correspondente ou colaborador do lado boliviano da fronteira. Busca-se com este trabalho estimular futuras buscas de como o jornalismo na fronteira é trabalhado, e como anda a representação do boliviano no impresso sulmato-grossense. Espera-se que cada vez mais seja possível ver jornalistas trabalhando lado a lado com bolivianos, comprometidos em mostrar a força que a fronteira tem. Este trabalho não teve a pretensão de tratar das especificidades dos bolivianos, mas sim mostrar como eles são representados no impresso corumbaense. Sendo assim, não foi discutido se essa reprodução está equivocada ou não, mas os dados foram apresentados para que se possa contribuir com futuras discussões sobre o tema. Desta forma, observa-se que a discussão se faz necessária.
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THOMPSON, John B. A mídia e a modernidade 3ª ed., Petrópolis: Vozes, 2001.
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APÊNDICE APÊNDICE A – Questionário encaminhado à diretora-geral do Diário Corumbaense
1) No começo do ano você me informou que havia 15 funcionários no Diário Corumbaense. Houve alteração no quadro de funcionários? Quantos são atualmente?
2) Houve um aumento na tiragem diária do jornal, ou continua sendo entre 1,2 mil e 1,5 mil?
3) Qual o número médio de páginas do jornal? Existe alteração de um dia para o outro?
4) Utiliza a policia, governo ou outras entidades bolivianas como fonte? Durante uma ronda, por exemplo, é costume da redação ligar para fonte boliviana? Se sim, quais?
5) O jornal faz uso de algum serviço boliviano para o trabalho da redação? Exemplo: aquisição de impressora, computadores, máquinas fotográficas, impressão do jornal.
6) Qual a área de circulação do Diário Corumbaense? É distribuído em outras cidades brasileiras, como Ladário, Aquidauana, Miranda? E na Bolívia, há distribuição?
7) Existe algum tópico ou critério de noticiabilidade que pontua e nortifica as pautas do jornal?
8) Há participação de colaboradores, mídias e/ou jornalistas bolivianos?
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9) Como é o acesso na fronteira entre Corumbá, Puerto Quijarro e Puerto Suárez – Bolívia? Existe barreira policial, para carros e pedestres? Gostaria de uma explanação como é o dia-a-dia nessa barreira.
10) Como a questão de segurança na fronteira Brasil-Bolívia, difere da segurança de um jornalista que não trabalha na fronteira?
11) Gostaria de um histórico evolutivo da trajetória do jornal. No começo, como foi, quantos funcionários tinha? O crescimento do jornal, as conquistas até agora nesses seis anos de Diário Corumbaense.
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ANEXO (S) ANEXO A. TEXTO 01. Flagrantes de Alfredo de Sartory â&#x20AC;&#x201C; Reconhecimento (06/01/2014, segunda-feira).
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ANEXO B. TEXTO 02. Pré-matrícula digital em escolas municipais de Corumbá termina amanhã (06/01/2014, segunda-feira).
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ANEXO C. TEXTO 03. Ônibus da Canarinho é destruído por incêndio; passageiros escapam ilesos (07/01/2014, terça-feira).
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ANEXO D. TEXTO 4. Flagrantes de Alfredo de Sartory â&#x20AC;&#x201C; Orgulho (08/01/2014, quartafeira).
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ANEXO E. TEXTO 05. Agetrat quer laudos sobre situação dos ônibus da Canarinho (08/01/2014, quarta-feira).
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ANEXO F. TEXTO 06. Conversa co m a Presidenta. (08/01/2014, quarta-feira).
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ANEXO G. TEXTO 07. Homem que saiu da Bolívia é preso em ônibus com mais de 1 quilo de cocaína (14/01/2014, terça-feira).
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ANEXO H. TEXTO 08. Morador de Puerto Quijarro é flagrado com 84 cápsulas de cocaína (14/01/2014, terça-feira).
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ANEXO I. TEXTO 09. Bolivianas são presas pela PRF com mais de 4 quilos de cocaína (14/01/2014, terça-feira).
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ANEXO J. TEXTO 10. Com novo helic贸ptero, Marinha d谩 agilidade ao atendimento de ribeirinhos no Pantanal (15/01/2014, quarta-feira).
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ANEXO K – TEXTO 11. Flagrantes de Alfredo de Sartory – Los Hermanos (16/01/2014, quinta-feira).
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ANEXO L – TEXTO 12. Flagrantes de Alfredo de Sartory – Comando (16/01/2014, quinta-feira).
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ANEXO M. TEXTO 13. Quase metade da maconha apreendida pela PRF no Brasil passa por Mato Grosso do Sul (17/01/2014, sexta-feira).
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ANEXO N. TEXTO 14. Reme: sai hoje lista de prĂŠ-matrĂcula para alunos novos (17/01/2014, sexta-feira).
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ANEXO O. TEXTO 15. Por venda de lotes em assentamentos, MPF recorre para bloquear bens de 19 pessoas (20/01/2014, segunda-feira).
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ANEXO P. TEXTO 16. Intervenção: usuários reclamam de atrasos, ônibus que não param no ponto e esperam frota nova (22/01/2014, quarta-feira).
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ANEXO Q. TEXTO 17. Prefeito se reĂşne com funcionĂĄrios e anuncia primeiras medidas. (22/01/2014, quarta-feira).
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ANEXO R. TEXTO 18. Flagrantes de Alfredo de Sartory â&#x20AC;&#x201C; Social (22/01/2014, quartafeira).
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ANEXO S. TEXTO 19. Com poucos veículos na frota, Município deve alugar ônibus para atender passageiros (23/01/2014, quinta-feira).
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ANEXO T. TEXTO 20. No Grupo Especial, Marquês de Sapucaí vai cantar as belezas do Rio Grande do Sul (23/01/2014, quinta-feira).
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ANEXO U. TEXTO 21. Reme: novos alunos devem efetuar matrícula até amanhã (23/01/2014, quinta-feira).
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ANEXO V. TEXTO 22. Carreta interrompe trĂĄfego na fronteira com a BolĂvia (24/01/2014, sexta-feira).
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ANEXO W. TEXTO 23. Atacados por cachorro com raiva na Bolívia, pai e filho estão em tratamento em Corumbá (24/01/2014, sexta-feira).
108
ANEXO X. TEXTO 24. Carreta interrompe trĂĄfego na fronteira com a BolĂvia (24/01/2014, sexta-feira).
109
ANEXO Y. TEXTO 25. Mais voos, o aeroporto comporta (24/01/2014, sexta-feira).
110
ANEXO Z. TEXTO 26. Flagrantes de Alfredo de Sartory â&#x20AC;&#x201C; Comando (24/01/2014, sextafeira).
111
ANEXO A1. TEXTO 27. OAB vistoria presídio masculino de Corumbá e constata superlotação de celas (28/01/2014, terça-feira).
112
ANEXO B1. TEXTO 28. Flagrantes de Alfredo de Sartory – Abusivo (28/01/2014, terçafeira).
113
ANEXO C1. TEXTO 29. Balança comercial de Corumbá é negativa desde 2000; gás natural é o responsável (29/01/2014, quarta-feira).
114
ANEXO D1. TEXTO 30. Isolamento: rompimento de cabos deixa Corumb谩 sem telefonia m贸vel e internet (29/01/2014, quarta-feira).
115
ANEXO E1. TEXTO 31. Desfile dos Cordões volta para a terça-feira de Carnaval; data é consenso (30/01/2014, quinta-feira).
116
ANEXO F1. TEXTO 32. Casal boliviano é preso em ônibus com quase cinco quilos de cocaína (30/01/2014, quinta-feira).
117
ANEXO G1. TEXTO 33. Pesque e solte começa dia 1º; turismo de pesca movimentou R$ 100 milhões (31/01/2014, sexta-feira).
118
ANEXO H1. TEXTO 34. Um caminho para a sustentabilidade turĂstica (31/01/2014, sexta-feira).