Muda mais

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL - UFMS CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL – HABILITAÇÃO EM JORNALISMO

DANIEL GILMARCOS DE SOUZA CAMPOS DA COSTA

MUDA MAIS: JORNALISMO E O PAPEL DAS REDES SOCIAIS NA COMUNICAÇÃO POLÍTICA

CAMPO GRANDE - MS 2015


DANIEL GILMARCOS DE SOUZA CAMPOS DA COSTA

MUDA MAIS: JORNALISMO E O PAPEL DAS REDES SOCIAIS NA COMUNICAÇÃO POLÍTICA

Monografia apresentada como requisito parcial para aprovação na disciplina Projetos Experimentais do Curso de Comunicação Social / Jornalismo da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, sob orientação do Prof. José Mário Licerre.

CAMPO GRANDE - MS 2015




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RESUMO Este trabalho tem como objetivo discutir as transformações na comunicação que estão acontecendo no espaço das redes sociais. Com o aparecimento de novas tecnologias e plataformas midiáticas, um novo público que está se formando e, dessa forma, novas maneiras de comunicar estão sendo produzidas para esses meios. Para isso, foi usado para a pesquisa a página no Facebook do portal Muda Mais durante a campanha eleitoral para presidente da República de 2014, com levantamento de publicações e de produtos usados para comunicar-se com o público de interesse. Para tal, Raquel Recuero, Alex Primo, Jorge Pedro Sousa, entre outros autores, serviram como base teórica para entendimento dessa nova dinâmica comunicacional.

PALAVRAS-CHAVE: Redes Sociais; Facebook; Jornalismo


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SUMÁRIO

1 - INTRODUÇÃO............................................................................................................6 2 – DISCUSSÃO TEÓRICA.............................................................................................9 2.1 – REDES SOCIAIS: CONCEITOS E VALORES........................................................9 2.2 – REDES SOCIAIS...................................................................................................11 2.3 – REDES SOCIAIS E JORNALISMO.......................................................................12 2.4 – REDES SOCIAIS E MOBILIZAÇÕES POLÍTICAS................................................15 3 – CONTEXTO E METODOLOGIA...............................................................................21 3.1 – PANORAMA POLÍTICO.........................................................................................21 3.2 – PANORAMA DO FACEBOOK...............................................................................23 3.3 – LEVANTAMENTO..........................................................................................,.......24 4 – ANÁLISE DE DADOS..............................................................................................28 5 - CONCLUSÕES ....................................................................................................... 37 REFERÊNCIAS..............................................................................................................39 APÊNDICES...................................................................................................................43


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1- INTRODUÇÃO Em 2014, muito mais que a eliminação do Brasil na Copa do Mundo de Futebol, em casa, após uma sonora goleada sofrida para a seleção da Alemanha, por 7 a 1, nas semifinais da competição, um fato mostrou-se presente nas casas da população brasileira: a eleição para presidente do País. Três candidatos se destacaram entre os presidenciáveis, entre eles, a então presidente Dilma Rousseff, que concorria à reeleição. Na sociedade, debates acalorados tomaram conta da situação. Para contribuir com o debate nas redes sociais, um portal foi construído em março do mesmo ano na internet em prol da candidata petista. Com o nome Muda Mais1 – slogan usado pela candidata no período eleitoral – tinha como objetivo dialogar com os internautas a respeito do projeto de governo do PT e, além disso, desconstruir difamações edificadas nas redes. É importante salientar que o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), durante a campanha, questionou a coligação encabeçada pelo PT a respeito da ligação do portal com a campanha, pois a página estava registrada em nome da agência Pólis Propaganda, empresa de marketing político, cujo diretor-presidente é João Saldanha, marqueteiro da campanha de Dilma Rousseff. O criador e responsável pelo comando operacional foi o ex-ministro da Secretaria de Comunicação Social, Franklin Martins2. Para dialogar com o seu público, além do portal Muda Mais, foi solidificado em outras diversas plataformas, como Facebook, Twitter, Instagram e YouTube, entre outros dispositivos, como o SoundCloud – programa para compartilhamento online de áudio. Isso tudo, segundo o Muda Mais, gerou no período mais de 4,2 mil matérias publicadas, 66 transmissões via internet, com o alcance de mais de 10 milhões de pessoas, com 72 mil curtidas na fanpage do Facebook - depois de quatro meses do fim das operações para a campanha, a página passou às 75 mil curtidas – e com mais 53 milhões de perfis atingidos, com 2.144 vídeos publicados e mais de três milhões de visualizações.

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www.mudamais.com/sobre FERNANDES, Talita. Coligação de Dilma é multada em R$ 30 mil por site irregular. O Estado de São Paulo, Brasília, p. A8, 24 de abril de 2015


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A construção dessa ideia de comunicação em rede vai ao encontro do desenvolvimento e ampliação da participação dos brasileiros na internet. Segundo o Centro de Estudos sobre Tecnologias da Informação e da Comunicação (Cetic.br), ligado ao Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), que implementa projetos do Comitê Gestor Internet no Brasil (CGI.br), em 2014, 51% da população no país com mais de 10 anos de idade, ou 85,9 milhões de pessoas, acessaram à rede mundial de computadores, pelos menos, uma vez por trimestre. É importante darmos vazão às pesquisas que introduzam em sua temática a comunicação e jornalismo em redes sociais, comunicação política e mobilização. Nesse sentido, autores como a estudiosa das redes sociais digitais Raquel Recuero, Rousiley Maia, Wilson Gomes e Francisco Paulo Marques, que organizaram o livro “A Internet e Participação Política no Brasil”, e John Downing responsável pelo livro “Mídia Radicial – Rebeldia nas Comunicações e Movimentos Sociais”; serviram de embasamento teórico para a argumentação do pesquisador. Além disso, a opção foi por uma análise quantitativa, considerando que as transformações tecnológicas vividas nas últimas décadas nos proporcionaram alternativas e novos métodos de medir, especialmente, a audiência e o engajamento do público, por exemplo, do número de compartilhamentos e curtidas no caso do Facebook. Valendo-se dessas informações, e se utilizando do Muda Mais como objeto de estudo, a partir da elaboração comunicacional entre o objeto, rede e portal, foi estudado a estratégia de interlocução entre a tríade, focando, principalmente, a rede social mais popular no Brasil, o Facebook. Nossa proposta é estudar teoricamente os temas de interesse e realizar um levantamento quantitativo que nos permita cruzar os dados e entender as principais características da informação e da mobilização ali produzidas. E buscamos ainda, analisar as possibilidades jornalistas e como se deu o gerenciamento de redes na campanha política em 2014. O portal e as redes Muda Mais iniciaram seus trabalhos em março de 2014, mas nossa pesquisa se concentra especificamente no período eleitoral, portanto a partir do início das campanhas nas ruas e nas redes, segundo as normas do TSE, de 6 de junho à 26 de outubro de 2014 - data do segundo turno da eleição para presidente no Brasil. Em sua página no Facebook, levantamos que o Muda Mais totalizou 411 publicações,


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entre compartilhamentos de imagens, vídeos, dentre outros tipos de publicações. É a partir dessas publicações que iremos inferir sobre suas características, gerenciamento, engajamento, discutindo as possibilidades de jornalismo e comunicação nas redes digitais.


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2- DISCUSSÃO TEÓRICA Com o eixo de pesquisa nas redes sociais e jornalismo, o presente trabalho busca investigar comunicação e novas plataformas midiáticas, tendo como objeto a campanha política de 2014, a partir de um levantamento quantitativo e análise de dados das postagens da fanpage do Facebook Muda Mais, página criada pela militância em prol da então candidata a presidente da República. A proposta é entender a comunicação política realizada ali, o gerenciamento da informação e as possibilidades jornalísticas que existiram no âmbito dessa rede social específica. Para tanto, se faz necessário discutir conceitualmente os temas relacionados.

2.1 REDES SOCIAIS: CONCEITOS E VALORES

Antes de iniciar a análise, é preciso compreender a significação das redes sociais digitais e de sua dinâmica. Estudamos aqui a rede social na internet, ou seja, uma rede interpessoal conectada através da rede mundial de computadores, no caso específico, a rede social Facebook. Trata-se da plataforma virtual que possibilita interação entre pessoas, que através de seus interesses em comum – afinidades pessoais – se agrupam e, por meio de um sistema intermediário, estabelecem relações entre si. Para Raquel Recuero (2009), o indivíduo ao estabelecer uma relação por intermédio dessas redes sociais virtuais não está se afastando totalmente dos relacionamentos construídos em outras redes presenciais, mas fazendo uso de outros instrumentos e estabelecendo diferentes relações.


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[…]As redes sociais online, por exemplo, são apresentadas através de representações dos atores sociais. Ou seja, ao invés de acesso ao indivíduo, tem-se acesso à uma representação dele. Do mesmo modo, as conexões entre os indivíduos não são apenas laços sociais constituídos de relações sociais. No meio digital, as conexões entre atores são marcadas pelas ferramentas que proporcionaram a emergência dessas representações. As conexões são estabelecidas através dessas ferramentas e mantidas por elas. (RECUERO, 2009, p.2)

Nesse sentido, os vínculos sociais estabelecidos nesses ambientes não são relações fincadas nas redes sociais pessoais, mas, sim, nas ferramentas que possibilitaram a junção entre as pessoas. Com isso, segundo a autora, duas novas concepções no espaço digital são formadas. A primeira em relação aos atores, que no campo da internet podem ter diversas representações, isso porque, um sujeito pode criar diversas encenações para ele, para isso basta criar vários perfis em uma rede. E a segunda, em relação às conexões, que nas redes online são diferentes das offline, pois as conexões criadas pelos sistemas são também mantidas pelos sistemas, como os sites de relacionamentos. (RECUERO, 2009, p.2) No entanto, para entender significação de redes sociais virtuais é importante diferenciar redes sociais e sites. Segundo Recuero, os sites são apenas um suporte que sustenta a rede social digital, ou melhor, “ambientes onde as pessoas podem reunir-se publicamente através da medicação da tecnologia”. (RECUERO, 2009, p.3). Já rede social pode ser entendida, na visão da autora como “uma metáfora utilizada para o estudo do grupo que se apropria de um determinado sistema. O sistema, em si, não é uma rede social, embora pode compreender vários delas”. (RECUERO, 2009, p.3). E por haver essa mediação da tecnologia para existir essa conectividade, os espaços públicos mediados3 apresentam aspectos próprios. Assim, na internet, as informações são armazenadas, replicadas, buscadas e direcionada às audiências invisíveis. “São essas características que fazem com que as redes sociais que vão emergir nesses espaços sejam tão importantes. São essas redes que vão selecionar e repassar as informações que são relevantes para os seus grupos sociais”, (RECUERO, 2009, p.4). 3

O termo “espaço públicos mediados”, estabelecido por Danah Boyd (2007), refere-se alugares onde as pessoas se reúnem publicamente por meio da mediação da tecnologia


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Essa dinâmica, aliada à circulação de informação e à comunicação gerada entre os indivíduos, gera impactos reais. Cria-se uma propagação de valores sociais que produzem um sentimento imagético entre os atores sociais, o capital social (RECUERO, 2009, p.5). Para a autora, o capital social é um valor que se perpetua nas redes sociais e está relacionado ao sentido de pertencimento ao grupo social em que está inserido e “está também relacionado ao modo através do qual os atores percebem e mobilizam esses recursos para atingir seus interesses” (RECUERO, 2009, p.6). Uma maneira de medir os valores que as redes sociais proporcionam é observar o impacto causado na hora que for publicado uma informação em determinado grupo. Existem dois tipos de valores, segundo a autora. O primeiro estaria relacionado ao construído na rede social, algo coletivo onde todos têm a mesma relevância no momento da construção da informação. O segundo está relacionado ao valor exclusivo para os atores sociais, que são apropriados individualmente, e isso seria a partir de certa influência que a pessoa causa no ambiente das redes, o que pode acarretar na construção da própria reputação. Essa reputação está relacionada à credibilidade no meio que o indivíduo construiu. “O capital social que a publicação de uma determinada informação irá gerar para um determinado ator está diretamente relacionado com a relevância dessa informação para o outro, bem como novidade e sua especialidade para a rede social”, (RECUERO, 2009, p.7). Todos esses elementos podem ser identificados na página do Muda Mais no Facebook, onde encontramos um elevado grau de compartilhamento das publicações, principalmente, quando o assunto se refere à desconstrução de informações discursadas pelos adversários políticos da Dilma e do Partido dos Trabalhadores. 2.2 REDE SOCIAL A plataforma virtual que estamos analisando é o Facebook, ferramenta criada em janeiro de 2004, por Marck Zuckerberg, em coautoria com Dustin Moskovitz, Chris Hughes e Eduardo Saverin4, ex-alunos da Universidade de Havard. Contudo, a rede social só foi oficialmente lançada no dia 4 de fevereiro de 2004, com o nome 4

TEIXEIRA, Carlos Alberto. A Origem do Facebook. O Globo, Rio de Janeiro, 18 de maio de 2012.


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TheFacebook, e limitada apenas ao corpo estudantil de Havard. Com a popularização entre o meio acadêmico, Zuckerberg, nos anos seguintes, acabou ampliando a rede para acadêmicos de outras instituições dos Estados Unidos. Com a abertura de inscrições para qualquer indivíduo, e, também, com a entrada de Sean Parker – inicialmente investidor inicial, e, logo após, presidente da empresa –, a rede social conquistou o nome que a desponta como uma das maiores empresas no ramo de tecnologia. Em seus primeiros anos, o site disponibilizou aos usuários a possibilidade de em “murais” escrever mensagens aos amigos5. Após isso veio o compartilhamento de imagens e fotos na rede social, e, posteriormente, permitiu a postagem de vídeos nos “murais”, ou feed pessoal, onde o indivíduo pode visualizar as publicações de seus amigos. E outro dispositivo que impulsionou a plataforma na rede, foram os aplicativos para ferramentas móveis, como celulares e tablets. Com relação aos números de usuários, em janeiro de 2015, o Facebook anunciou que cresceu em comparação ao balanço de outubro do ano anterior, quando publicou o resultado do terceiro trimestre. Nesse período, a empresa afirmou ter 1,35 bilhão de usuários. No novo balanço, a empresa assegura que o número cresceu para 1,39 bilhão. O Brasil está na segunda colocação de países que mais acessam a plataforma. De acordo com o Facebook, em março de 2015, aproximadamente 92 milhões de brasileiros acessaram a plataforma. Essa cifra representa 45% da população do país, segundo dado populacional disponível pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Portanto, uma rede que alcançou quase que metade da população, e que tem possibilidade que crescer e exerce grande influência na população brasileira, tem que ser explorada e pesquisada. 2.3 REDES SOCIAIS E JORNALISMO

A maneira de se fazer jornalismo está, nestas duas últimas décadas, passando por perceptíveis mudanças, que vão desde ao seu modelo de produção à sua fórmula de distribuição e consumo. Parte dessa nova realidade que impacta a comunicação em 5

FACEBOOK completa 10 anos: conheça a história da rede social. Terra, São Paulo, 04 de fev. 2014.


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geral tem como responsável o desenvolvimento tecnológico, mais especificamente, o estabelecimento da internet nas casas de pessoas, como fonte de pesquisa e informação. Segundo Sebastião Squirra (2012), no início desse processo, em meados dos anos de 1990, os jornalistas, ainda desconfiados com a “nova descoberta” e com o sistema que aparecera, subjugaram a sua utilidade comunicacional, e apenas a passos lentos começaram a experimentar e conhecer esse ambiente. Todavia, com o passar do tempo, essa realidade foi mudando, principalmente, com a transformação do próprio comportamento do público consumidor de informação. Segundo Squirra, não apenas a maneira comercial que a comunicação tem como propósito, mas, também, os modelos de difusão tidos como clássicos não alcançam mais os seus objetivos anteriormente esperados. Muito disso, para o autor, é responsável pela mudança de hábito de pessoas que, com melhores condições de compra, estão adquirindo novos meios de acesso à informação, como por exemplo, os novos gadgets – dispositivos eletrônicos portáteis como celulares, smartphones e tablets. São consumidores de uma realidade anterior, mas onde seus integrantes aderiram às novas tendências tecnológicas (adquiriram e experimentaram os equipamentos digitais móveis, online e interativos a que passaram a ter acesso) e que, portanto, passaram a acessar informações também em novos repositórios informativos, normalmente digitais, (SQUIRRA, 2012, p.108)

Outra razão para esta lógica é a geração dos nativos digitais, pessoas que nascem sob influência das tecnologias e desde cedo têm contato e crescem imersos nos ambientes conectados. O autor acredita ainda que, nesse cenário, novos comportamentos sociais em relação a maneira de se consumir (e produzir) informações jornalísticas estão se somando ou se adaptando. Ou seja, o espaço dos meios tradicionais jornalísticos está se reduzindo, e precisa se reinventar. Trata-se de um costume inédito que produz um novo modelo de consumo. Dessa forma, pressionado pelo comportamento do público consumidor contrasta-se que tanto os donos das casas editoras, quanto os jornalistas, estão sendo forçados a rever suas formas mercadológicas de décadas, (SQUIRRA, 2012, p.108)


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O jornalismo vem se reinventando também por conta das plataformas de acesso. Um exemplo mais recente desta mudança de comportamentos dos meios de comunicação foi o acordo, anunciado em maio de 2015, entre o Facebook e empresas de jornalismo, para que as companhias de notícias publicassem artigos e notícias diretamente na rede social virtual 6, sem que haja um link, ou mesmo, outro dispositivo que leve o indivíduo para outra plataforma fora do site. Entre as empresas anunciadas, estava o New York Times, uma das organizações jornalísticas mais respeitadas no mundo. Para o vice-presidente de produtos do Facebook, Chris Cox, esta é uma maneira de dar aos usuários o que eles mais querem, ou seja, enquanto mantém relações com amigos e familiares, os indivíduos acabam se informando por meio de notícias que estarão destacadas em seu painel de contatos (feed de notícias), de acordo com seu perfil. A nova experiência ainda deve proporcionar que as empresas vendam anúncios incorporados às publicações, e incrementem seu modelo de negócios. Para Primo (2011), esta nova ação que as empresas de mídias estão ensaiando, como a parceria com o Facebook, é um movimento natural. O autor acredita que as organizações midiáticas tradicionais estão apenas buscando novas formas de capitalizarem os seus produtos e, ao mesmo tempo, com atores que colaboram e competem, fazendo uso de outros instrumentos para disputar atenção e audiência de seus públicos. Isto muito por conta do comportamento dos indivíduos que procuram em outras plataformas, não apenas em veículos jornalísticos, informação que lhes são importantes e atendam seus diferentes interesses. A notícia era vista até recentemente como: a) eventos que respondem aos critérios de noticiabilidade; b) eventos cobertos pela imprensa. Em outras palavras, é o julgamento de um profissional de jornalismo que define o que é ou não notícia. Os canais da Web 2.0 e as redes sociais na internet permitiram a ultrapassagem desse modelo, (PRIMO, 2011, p.134).

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http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2015/05/1628499-the-new-york-times-the-guardian-e-bbcpassam-a-publicar-no-facebook.shtml


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Segundo Jorge Pedro Sousa (2001), esta nova dinâmica no campo jornalístico é apenas uma das características do jornalismo, que, segundo o autor, está em constante transformação. Desta forma, o jornalismo se adapta às necessidades e aspectos do ambiente na qual está inserido, a partir das tecnologias que vão surgindo.

O jornalismo é, portanto, uma modalidade de comunicação social rica e diversificada. Não há um jornalismo. Há 'vários' jornalismos, porque também há vários órgãos jornalísticos, vários jornalistas, várias pessoas que podem ser equiparadas a jornalistas, vários contextos em que se faz jornalismo, SOUSA (2001, p.15)

Diferente do cenário anteriormente proposto pelos meios tradicionais de notícias, com o advento da internet, as pessoas passaram a filtrar as informações disponíveis a partir de seus interesses, e também começaram a buscar de forma autônoma informações alternativas e outros espaços para uma comunicação mais ativa, menos unilateral. E nesse contexto que emergem as páginas da rede social Facebook, como o Muda Mais, que desenvolve um jornalismo engajado em determinada opção política, mas não está inserido em organizações tradicionais de notícias.

2.4 REDES SOCIAIS E MOBILIZAÇÕES POLÍTICAS Em referência à mobilização política na internet, Rousiley Maia (2011) acredita que, nos últimos tempos, novas formas de ações e mobilizações foram surgindo entre os indivíduos. Isso estaria relacionado diretamente às inovações tecnológicas que surgiram, entre elas, as redes sociais virtuais, como o Facebook. Maia (2011, p. 67) interliga as atividades virtuais e físicas, chegando a afirmar que “ambas atividades tornaram-se crescentemente interligadas”. Tal ação estaria relacionada a uma transformação das antigas formas de mobilizações dos indivíduos, e, com isso, as


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ferramentas mais atuais estão traçando novas formas de participação e novos desenhos institucionais em participação e interesse com a política. “Assim, ferramentas conceituais tradicionais se mostram precárias para abordar esses fenômenos”, (MAIA, 2011, p.67). Para Espírito Santo (2010), as campanhas eleitorais em sociedades democráticas, ao longo de sua história, sofreram drásticas mudanças estruturais. Isso em consequência das transformações no comportamento dos partidos, dos meios de comunicação e, principalmente, da ação do eleitorado. A autora divide as campanhas em três fases. A primeira, pré-moderna, entre meados do século XIX e os anos 1950 no século XX. Tinha como característica a relação próxima entre os candidatos e cidadão, onde os indivíduos eram alinhados ideologicamente com os partidos e organizações, como os sindicatos, e grupos políticos que representavam. Na segunda fase, a moderna, a partir dos anos 1950 até por volta dos anos 1980, os partidos, que na era pré-moderna tinham como pilar a relação direta entre eleitor e candidato, nesse novo processo, criam um distanciamento entre as partes. Isso advém das mudanças tecnológicas, principalmente com a chegada da televisão nos domicílios, e com um crescente número de profissionais da área da comunicação foram incluídos na construção da estratégia de campanha. Houve nítida alteração na estrutura de organização. Se no período anterior os políticos conduziam o cronograma da campanha com a contribuição voluntariosa da militância, iniciou-se a centralização das atividades e aparição de tarefas especializadas, como marqueteiros políticos e profissionais para fazer pesquisa de opinião. Na comunicação eleitoral, cresceu o aporte técnico por conta das transmissões dos debates e início dos trabalhos direcionados aos meios de comunicação, como as inserções nas televisões. Se antes o suporte era dado pela militância que, ideologicamente se alinhava ao candidato, e pelo político, nessa fase criou-se profissionais específicos para a área de marketing político. No terceiro período, a pós-moderna, a partir dos anos de 1990, Espírito Santo diz que houve uma acentuação na personificação dos políticos, em que, os candidatos que disputavam o pleito conquistaram, nas campanhas eleitorais, mais importância que os próprios partidos. Certificação, com pesquisas e dados, contato indireto com o eleitorado, construção de campanha para os meios de comunicação, foram algumas


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transformações que ocorreram. Ou seja, se valendo das transformações na fase moderna, houve uma profissionalização nas campanhas eleitorais. Contudo, se na fase moderna, e no início pós-moderna, criou-se um distanciamento entre partidos, políticos e indivíduos, que eram as bases no início das campanhas eleitorais no período pré-moderno, as transformações tecnológicas, como, por exemplo, o surgimento de comunicação na internet, trouxe uma grande conquista do público em relação a dependência aos meios de comunicação existentes. Para Espírito Santo, esse novo período promoveu uma comunicação interpessoal e espaços de discussão entre os indivíduos, ação que a televisão tinha excluído. Se valendo dessa transformação social que os fenômenos tecnológicos vêm causando na sociedade, Wilson Gomes analisa que diferentes iniciativas de participação e ações na vida pública/política estão surgindo. Acompanhar o noticiário político online, ler blogs de política, ver vídeos de política no Youtube, por exemplo, é ação, mas não literalmente uma participação política; já escrever um blog de política, fazer campanha online, escrever petições eletrônicas, manifestar-se num fórum eletrônico ou numa consulta orçamentária digital e postar vídeos políticos são formas de participação na vida pública e/ou no jogo político. O primeiro conjunto de ações pode servir para orientar o indivíduo na sua participação política e para aparelhar o grupo para o envolvimento na vida pública. Pode até mesmo, em virtude da informação obtida, produzir efeito imediato de participação. O segundo conjunto de ações é participação, em sentido estrito. (GOMES, 2011, p.37)

Para o autor, a participação na esfera digital estaria relacionada a um potencial agente integrante da movimentação política. O indivíduo em seu fluxo diário, no qual divide a sua atenção entre múltiplas atividades, em um certo contexto e período de tempo, pode ou não estar interessado em se envolver na vida pública. Ainda assim, por mais que seu desejo não seja o envolvimento, total ou parcial, está absorvendo informações políticas, ou mesmo, de inciativas que atinjam toda uma esfera organizacional pública, assim, moldando suas ideias a respeito de um tal assunto. E essa capacidade de interação com objeto, seja ela uma interação ativa ou não, é o que movimenta as atividades na internet, no caso, em relação ao estudo proposto, as redes sociais, ou mais especificamente, o Facebook. A internet possibilita aos seus envolvidos criar laços interpessoais, apesar do distanciamento existente entre


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dois ou mais dispositivos que conectam os indivíduos. Aggio (2011, p.175) conta que nos primeiros anos em que se começou a explorar a internet como ferramenta de estudo aberta, e não de interesse apenas militar ou científico, no começo da década de 1990, a sua abrangência ainda era pequena, e, de certa forma, rudimentar. Das poucas pessoas que a usavam, apenas uma pequena parcela se interessava por conteúdo político. Porém, em poucos anos, a realidade em relação à internet e seu uso começa a mudar. Em 1996, são feitas experimentações com o uso de sítios eletrônicos para contribuir em campanhas eleitorais norte-americanas. Apesar de não ter mudado o rumo das eleições, a internet começou a evidenciar partidos e candidatos que a utilizaram em sua campanha, ou mesmo, a notabilizar com o possível meio de comunicação com o público, e dando assim início a estratégias que ainda hoje são usadas. Nas campanhas seguintes o olhar dos políticos em relação a mobilizações nas redes começou a se expandir. Em 2002, um ex-lutador, ator e apresentador de programa de rádio alcançara o cargo de governador de Minnesota por se utilizar, e bem, de espaços para discussões criados em suas redes. Os adeptos à candidatura de Jesse Ventura se comunicavam com o candidato e sua equipe por meio da internet tendo em vista a contribuição em atividades relacionadas à campanha, principalmente no que diz respeito a mobilizações de apoio. Para Aggio (2011), isso está diretamente ligado ao que é proporcionado pela internet. As redes possibilitam uma forma de interação que em outras formas de comunicação não são vistas, como a televisão e mídias radiofônicas. A grande diferença entre a televisão, o rádio e a internet, então, estaria na forma de interação e de participação que a última oferece. Ao passo que os dois primeiros têm objetivos claros de construir imagens e passar com eficiência uma mensagem a prescindir de contatos diretos, interativos, a terceira proporciona uma maior aproximação da campanha ao possibilitar a troca de mensagens, produzindo um efeito de sentimento de pertença e configurando elementos de participação. (AGGIO, 2011, p.180)

E essa forma de interação e pertencimento que a internet proporciona ao indivíduo contribui sobremaneira para a propagação e produção de informação nas


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redes. Em diversas passagens da história política recente da humanidade, a internet teve participação ativa para construção da informação, ou mesmo, por mais que atuasse como agente coadjuvante, auxiliou na distribuição das informações com maior veracidade, mediante a análises de atores que detinham uma reputação nas redes maior que a de outros indivíduos. Como no caso da ocupação do Complexo do Alemão, conjunto de comunidades cariocas, na região Norte do Rio de Janeiro, em novembro de 2010. Por meio do Twitter – rede social virtual - do perfil na plataforma Voz da Comunidade, o jovem Renê Silva, na época com 17 anos, e seus companheiros, Igor Santos, 15, e Jackson Alves, 13, fizeram uma cobertura em tempo real do que acontecia dentro das favelas, e, muitas vezes, corrigindo certas informações que os meios de comunicações hegemônicos que estavam cobrindo a ação policial, passavam ao público. Em poucas horas, o perfil ganhou notoriedade nas redes com a atuação de indivíduos que replicavam as informações e interagiam com as redes do grupo de moradores da comunidade. Depois disso, além de conquistar credibilidade nas redes, o Voz na Comunidade conquistou notoriedade na imprensa também. Neste sentido, as redes sociais, enquanto circuladoras de informações, são capazes de gerar mobilizações e conversações que podem ser de interesse jornalístico na medida em que essas discussões refletem anseios dos próprios grupos sociais. Neste sentido, as redes sociais podem, muitas vezes, agendar notícias e influenciar a pauta dos veículos jornalísticos. (RECUERO, 2009, p.8)

É provável que, sem a possibilidade de comunicação pela internet, a desconstrução da informação não ocorresse de fato. Para Downing (2001), no ambiente global, a internet pode se tornar a primeira esfera pública global, onde haja realmente uma participação massiva da população, tanto nos âmbitos regionais e internacionais, “e é o primeiro veículo que oferece, aos indivíduos e coletivos independente de todo o mundo, a chance de comunicar-se, com próprias vozes, com uma audiência internacional de milhões de pessoas”, (DOWNING, 2001, p. 271). Com base nas ideias relacionadas no parágrafo anterior, meios de comunicação alternativos, que visam primordialmente contrapor as informações passadas pelo sistema hegemônico, começaram a se ocupar desses espaços para se relacionar com


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os indivíduos ali presentes. Para estes meios que se manifestam oposição, Downing (2001, p. 271) propõe o termo mídia radical, alicerçado em um ativismo social e midiático que cria impacto sobre as redes e a vida dos envolvidos. Em meio a tendências socioeconômicas, lutas pelos direitos humanos e liberdades civis, tanto no âmbito social quanto no online crescem, como também o debate a respeito das vozes criadas no âmbito da internet e das redes das mídias radicais. Analisamos aqui o Muda Mais como um espaço de desconstrução de pensamentos e reafirmação de uma comunicação onde o veículo transparece ao leitor a sua identificação política. Ainda que tenha ligação partidária, o veículo pode sim se portar como um meio de informação e reflexão.


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3. CONTEXTO E METODOLOGIA Neste tópico, desenvolveremos a metodologia, os itens que elencamos e o que pretendemos levantar para o desenvolvimento da pesquisa. Contudo, antes de se iniciar a descrição metodológica é necessário que se faça um resgate do contexto político e digital durante a campanha em 2014, desde os principais acontecimentos no período eleitoral e os reflexos dessas ações no campo digital. 3.1 PANORAMA POLÍTICO Após 113 dias de disputa ao pleito eleitoral para presidente da República, em 2014, no dia 26 de outubro, a candidata Dilma Rousseff é eleita para o seu segundo mandato. A petista venceu o tucano Aécio Neves em um segundo turno acirrado, com uma margem de votos de apenas três pontos porcentuais, a menor na história do Brasil desde a redemocratização, em 1985 7. Há 25 anos, no embate entre Lula (PT) e Fernando Collor de Melo (PRN), o candidato do Partido da Reconstrução Nacional ganhou o petista 42,75% dos votos válidos contra 37,86% do adversário, uma diferença de 6 pontos percentuais. Às 20 horas, horário de Brasília, o anúncio do resultado final: Dilma Rousseff 51,65 %, 54,48 milhões de votos, e Aécio Neves 48,35%, 50,99 milhões de eleitores. Aproximadamente 115 milhões de eleitores compareceram nas eleições do segundo turno. O número de abstenção foi de 21,50%, 29,1 milhões, e de brancos ou nulos foi de 26,76%, 36,6 milhões. Somos a quarta maior democracia em número de eleitores, com mais 142,8 milhões de pessoas aptas a votarem, em 2014. O resultado no segundo turno, onde poucos mais de três milhões de pessoas fizeram a diferença na decisão final, foi um reflexo do tom da campanha para presidente em 2014. Acirrada desde o início, em 6 de julho, quando 11 candidatos se apresentaram ao pleito. Além da petista e do tucano, Eduardo Campos (PSB) era apontado como a terceira via na eleição, ainda que as pesquisas mostrassem uma larga diferença de votos entre o socialista e os outros dois postulantes. Todavia, um 7http://oglobo.globo.com/blogs/base-dados/posts/2014/10/26/a-menor-diferenca-desderedemocratizacao-553265.asp


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fato marcou o primeiro mês de campanha. No dia 13 de agosto um acidente de avião, em Santos (SP), causou a morte de Campos, o que deixou a vaga da coligação PSB, PHS, PRP, PPS, PPL e PSL em aberto. Os correligionários tinham 20 dias, segundo às regras do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), para escolherem o substituto. Após uma semana, no dia 20 de agosto, um dia após o início da transmissão da campanha na televisão e rádio, a ex-ministra Marina Silva, então vice de Eduardo Campos, era anunciada pela Comissão Executiva Nacional do PSB como candidata do partido à presidência, ocupando o lugar de Campos. Como vice entrou o socialista Beto Albuquerque8. No dia do acidente de Eduardo Campos, houve uma ampla cobertura da imprensa nacional. Políticos prestaram homenagens ao ex-governador de Pernambuco. A presidente da República, e então adversária no pleito, decretou três dias de luto. Com a comoção nacional, e, logo após, o anúncio de Marina Silva à vaga, o cenário nacional apresentava um novo quadro. A socialista, diferentemente do ex-detentor da vaga, se apresentava como uma forte candidata a disputar o segundo turno. Ao mesmo tempo em que as pesquisas mostravam queda do PT e PSDB, o PSB crescia nas intenções de votos. E com o passar das semanas, se fortalecia mais. Porém, os socialistas que ao apresentarem Marina ao pleito com o slogan de uma “nova política”, buscando diferenciá-la da polarizada relação política e de poder do PT e PSDB, não contavam com uma ofensiva nas redes sociais contra a socialista. Em muitos deles, perfis ligados às ideias petistas, inclusive o Muda Mais, tentavam desconstruir o projeto político do PSB apresentado como o “novo”, antes da eleição para o primeiro turno. Mesmo assim, Marina era vista como uma forte concorrente para o segundo turno contra a possível adversária Dilma Rousseff, e, dessa forma, desbancaria o mineiro Aécio Neves. No entanto, aparentemente as ofensivas contra Marina se apresentavam eficientes. No dia 5 de outubro, data da eleição do primeiro turno, os candidatos do PT e do PSDB, 41,61% e 33,53% de votos, respectivamente, estavam na próxima fase da eleição. A socialista conquistou a terceira colocação com 21,32%. Se durante quase 8

http://g1.globo.com/politica/eleicoes/2014/noticia/2014/08/psb-oficializa-chapa-presidencial-commarina-silva-e-beto-albuquerque.html


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todos os discursos Marina falava a respeito da polarização política existente no Brasil, no segundo turno, ela se confirmou. Com isso, na formação de uma coalizão política a esta segunda etapa, novos rumos foram traçados nos partidos. Se, durante o mandato do ex-presidente Lula e no primeiro mandato de Dilma Rousseff o PSB ocupava cargo em ministério 9, e em 2014 rachou com os petistas e declarou apoio ao candidato tucano, Aécio Neves. Contudo, em menos de um mês, a campanha se intensificou. Se militantes petistas usavam suas redes para atacar o adversário, os tucanos usavam dispositivos eletrônicos para disparar nas redes difamações do concorrente. Ao término do pleito, no dia 26 de outubro, os números de menções relacionados à campanha impressionavam. As citações desde o dia 6 de julho chegaram 674,4 milhões dentro do Facebook. No dia da eleição foram 49 milhões – 53,8% Dilma Rousseff e 46,2% Aécio Neves. 3.2 PANORAMA DO FACEBOOK Anualmente, o Facebook anuncia os principais assuntos comentados em sua rede. Em dezembro de 2014, entre os dez tópicos listados no ranking mundial estava “As eleições no Brasil”. O tema em questão ficou atrás apenas da Copa do Mundo da Fifa, realizada no Brasil, e do Surto do Vírus Ebola, respectivamente, primeiro e segundo colocados no “Top 10” de temas do ano. No País, a corrida presidencial, segundo a empresa, foi o assunto mais comentado, a frente de temas como Copa do Mundo, Carnaval, Dias das Mães e Neymar,

jogador

da

seleção

brasileira

e

da

equipe

espanhola

Barcelona,

respectivamente, segundo, terceiro e quarto lugares no ranking nacional. A rede chegou a afirmar que “as eleições presidenciais do Brasil desse ano foram uma das mais comentadas e debatidas da história do país” (Facebook, 2014). O Muda Mais ganhou papel de destaque na campanha quando, ao mesmo tempo que utilizava seus recursos para desconstruir informações que considerava de cunho pejorativo e errôneo a respeito do Partido dos Trabalhadores e de seus doze anos na presidência do País, também, foi relacionado como propaganda irregular da 9

Em 2004, Eduardo Campos Assumiu o Ministério de Ciência e Tecnologia no primeiro mandato do governo Lula


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coligação de Dilma Rousseff, por mais que em sua descrição o site se descreve ser construído por militantes e apoiadores da campanha da mesma. Nesse sentido, o presente trabalho quer entender como se deu essa comunicação em rede, elencando os elementos a partir de uma tabela de itens importantes para compreender a dinâmica dessa comunicação, o capital social e a prática jornalística. Portanto, na sequência apresentamos nossa análise quantitativa para realizar uma análise e contextualização dos dados levantados na fanpage do Muda Mais.

3.3 LEVANTAMENTO Com o objetivo de se buscar dados para compreender a ação nas redes sociais do Muda Mais, foi elaborada uma tabela com informações que consideramos importantes para a pesquisa, catalogando aspectos de post por post e, desta maneira, buscamos o embasamento para a nossa investigação. Optamos aqui por privilegiar um levantamento quantitativo, que nos permita, em um segundo momento, analisar e dialogar com os dados levantados. Para Cervi (2005), os estudos quantitativos são os procedimentos mais comuns realizados pelos cientistas, por sua construção a partir da compreensão empírica. O autor afirma que, por meio da verificação dos dados coletados, o pesquisador pode identificar padrões de comportamento, ou mesmo, identificar e mapear formas de organização do cotidiano social. No nosso caso específico, conseguimos analisar o gerenciamento das informações e a dinâmica comunicativa em rede. Assim como as demais técnicas empíricas, ele (o método quantitativo) também necessita de um diálogo entre as ideias e as evidências. O resultado da relação entre conceitos e evidências da realidade forma uma representação social da realidade. Essa representação será inovadora e permitirá um avanço real da ciência, quanto mais qualidade haver no “programa de pesquisa” que lhe deu origem (CERVI, 2005, p.130).


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Contudo, Cervi explica que é necessário fazer um recorte no estudo, selecionando abordagens de interesse para o trabalho, uma vez que a pesquisa quantitativa pode propiciar muitos olhares e resultados. Em termos quantitativos, trata-se de medir e contar à exaustão alguns aspectos da realidade – o que não significa ser possível exaurir toda realidade em um programa de pesquisa, muito menos em pesquisas isoladas. Na pesquisa quantitativa, as etapas para transição do mundo das ideias para o das “coisas” materiais é similar às das demais metodologias empíricas, (CERVI, 2005, p.130)

Segundo Cervi, entre os principais aspectos que a pesquisa quantitativa pode oferecer ao estudo é “a identificação de padrões gerais de elementos integrantes da realidade e as reações que existem entre eles”, (CERVI, 2005, p.130). Desta forma, verificar critérios que se correlacionam, e, entre outras coisas, ocorrências de situações excepcionais, que possibilite o pesquisador a ação de comparar dados, contribuindo para a elaboração de novos conceitos, modificando a maneira de pensar do indivíduo, e levando às formas de novas concepções. E, portanto, a partir de Cervi (2005), para desenvolver o estudo da quantificação das postagens do Muda Mais no Facebook foi-se pensando em uma divisão em seis tópicos, que, no entendimento do pesquisador, viu que a presença dos seis campos era necessária para a compreensão de como portal usava a plataforma como um ambiente de informação e divulgação de suas ideias no período da campanha para presidente em 2014. O primeiro campo é o “horário”. Em gerenciamento de redes sociais, esse tópico é pensado a partir do fluxo de usuário, desde os horários que dará mais audiência a publicação, a hora com menor repercussão aos posts. É correto afirmar que quando se fala em gerenciamento de plataformas digitais não existe uma fórmula concreta para a informação chegar em um maior número de pessoas. No entanto, o que se pode assegurar que em cada dia da semana há momentos que há um maior número de pessoas conectadas nas redes, principalmente no Facebook, rede social com maior número de usuários. A partir disso, há possibilidade das informações que foram compartilhadas publicamente alcançar o maior número de indivíduos.


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O campo seguinte é a “característica visual” da postagem. Dividida em três subitens – foto, ilustração e vídeo – o tópico busca saber quais são os principais aspectos visualmente presente nas publicações da página. Ou mesmo, no momento da publicação não foi usado nenhuma dessa ferramenta. Este tópico é importante para saber se há diferença de penetração e alcance de usuário no momento de propagar alguma informação. E se alguma linguagem foi predominante, principalmente da forma que ela foi construída. O terceiro tópico presente na quantificação “características do post” é dividido em Origem, Conteúdo, Hashtag, Editado, Divulgação e Notícia. Esta área busca verificar qual é o perfil de cada publicação. Em Origem há preocupação de qual plataforma foi originada a publicação compartilhada. Isso, desde de redes como o YouTube ao Vine11. O subitem Conteúdo tem o objetivo de informar que a publicação é compartilhada, ou seja, armazenada em outra plataforma, ou se é conteúdo próprio. Ou seja, foi publicada diretamente na página do Muda Mais. O terceiro subitem “Hashtag12” se refere às hashtags que foram usadas na publicação (se usada). Já “Editado” é importante para ver se os profissionais responsáveis pelo gerenciamento da página tinham a preocupação de corrigir – editar – as informações, caso necessário. Divulgação e Notícia entrarão em um tópico especial. O quarto campo é referente à repercussão das publicações no Muda Mais. A “repercussão do post” com as divisões: número de curtidas, número de comentários e número de compartilhamento. Em conjunto, os três subitens têm como proposta, em imediato, passar a quem gerencia se na publicação houve adesão do público e aparentemente se a mensagem foi passada. É interessante reforçar que por mais que haja um número elevado de curtidas, comentários ou compartilhamento, não significa que se alcançou o público esperado. Principalmente, se for levado em conta que com os algoritmos do Facebook, na qual apenas cerca de 3% das pessoas que curtiram a página receberem a informação. Outro ponto importante a ser abordado em Levantamento, é o fato que muito mais que apenas receber curtida ou mesmo 1 1

1 Rede social digital de armazenamento de vídeos curtos, com até seis segundos de duração. O serviço é disponibilizado para smartphone e em 2012 foi adquirido pelo microblog Twitter. 2 Com o símbolo “#” representando a hashtag, tem a função de qualificar o conteúdo nas redes sociais digitais.


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comentários, é se relacionar com quem está interagindo com a página. No caso dos comentários, por exemplo, caso haja uma dúvida, ela tem que ser respondida de maneira mais objetiva e de forma verídica. O quinto e sexto campo se reporta ao “Link para mais informações” e “Observações do Post”. O primeiro está relacionado à questão da preocupação do responsável pelo gerenciamento da rede do Muda Mais de usar um link de auxílio ao público. No caso, o tópico leva o indivíduo à outra plataforma que complementará a informação inserida na página. Já observações do post, se refere a alguma informação adicional, seja ela a hashtag usada na publicação, seja o título e o tempo do vídeo publicado na página. É importante salientar que a pesquisa quantitativa da página Muda Mais no Facebook foi realizada acessando entre os dias 2 e 21 de junho de 2015. Desta forma, é de suma relevância considerar que as publicações podem ter sofrido alterações, como a remoção das publicações no período antecedente ao início da catalogação. Além disso, a internet é um ambiente vulnerável.


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4 – ANÁLISE DOS DADOS Tendo em vista o objetivo proposto, a compreensão de como o portal Muda Mais usava a página na plataforma do Facebook como um ambiente de informação e divulgação de suas ideias no período da campanha para presidente em 2014 para desenvolver um diálogo com o eleitorado da então candidata à presidência da república, a análise partirá de acordo os conceitos desenvolvidos por Cervi (2005). Para o melhor entendimento dos campos propostos pelo pesquisador, foi necessário a adequação em algumas áreas, como do tempo. O horário das publicações foram divididos

em

três

momentos:

Manhã,

Tarde

e

Noite,

que

correspondem,

respectivamente, entre às 6 horas e às 11h59; 12 horas e às 17h59; e 18 horas e 5h59. Ao todo, entre os dias 2 e 21 de junho de 2015, momento referente a coleta das postagens, foram levantados 411 publicações no período dos 113 dias de campanha – do dia 6 de julho a 26 de outubro, data que marcou o segundo turno das eleições do requerido ano – realizadas pelo Muda Mais em sua página no Facebook. Algo em torno de três publicações por dia, se contarmos o número de publicações realizadas em relação ao número de dias para o desenvolvimento do trabalho dos profissionais responsáveis pela página. Inicialmente, foi-se necessário entender que durante o período eleitoral houve diferenciação no modelo de publicação – se era vídeo ou imagem, por exemplo –, que informações

continham nesses

conteúdos

compartilhados,

se

haviam

ícones

específicos utilizados nas redes sociais digitais, como a hashtag e qual carácter da difusão da informação, e isso associado, também, a repercussão na plataforma. Para isso, foi visto a necessidade de dividir em seis campos de estudos para melhor compreender as atividades desenvolvidas nesse período: Postagens, com os tópicos “Data”, “Dia da Semana” e “Horário”; Características Visuais, com os itens “Foto”, “Ilustração” e “Vídeo”; Características do Post, com os subitens “Origem”, “Conteúdo”, “Hashtag”, “Editado”, “Divulgação” e “Notícia”; Repercussão do Post, com “Número de curtidas”, “Número de comentários” e “número de compartilhamentos”; Link para mais informação; e Observações sobre o Post.


29

Após o levantamento, na primeira informação pode-se perceber que é crescente o número de postagens que a página realizava (Figura 1). Ainda em início de campanha, julho foi o mês que mostrou menor número de publicações compartilhadas na rede digital, 41 posts. Ainda irregular, sem padrão de publicação, os dias da semana que mostraram mais publicações foram a segunda-feira e a sexta-feira, 12 e 8 postagens, respectivamente, intercalando entre compartilhamentos na parte da manhã, tarde e noite, com o fluxo de informações no período da madrugada inexistente.

Figura 1: Mostra o número de postagens a cada mês realizado na página do Facebook do Muda Mais

Em relação aos produtos, julho apresentou uma predominância em optar pelo vídeo. Ao todo, foram 23 publicações nesse modelo, contra 13 ilustrações e 3 usos de fotos. E foi justamente um vídeo que teve mais engajamento no mês. Destoando das demais publicações, o vídeo de 35 segundos que desmente o boato que na premiação do primeiro lugar da Copa do Mundo o zagueiro alemão Boateng não teria cumprimentado a presidente Dilma Rousseff. Contrastando com os demais, o post teve 2.486 compartilhamentos, 162 comentários e 799 curtidas. Média mensal foi de 216


30

compartilhamentos,

18

comentários e

214

curtidas. No

geral,

foram 5.403

compartilhamentos, 456 comentários e 5.356 curtida entre os dias 6 e 31 de julho. Outras publicações que se destacaram no mês foram a ilustração a respeito da produção do Brasil do biomedicamento contra o câncer que serão distribuídos pelo Sistema

Único

de

Saúde

(SUS)

durante

uma

sabatina,

o

obteve

397

compartilhamentos, 9 comentários e 164 curtidas; a foto durante uma sabatina realizada e que mostra o desconhecimento do candidato do PSDB, Aécio Neves, sobre o funcionamento do SUS, que teve 208 compartilhamentos, 20 comentários e 236 curtidas; e a ilustração que contava o caso da funcionária do Banco Santander que enviou um e-mail para os clientes com a análise em que sugere no cenário de reeleição de Dilma que a economia do País entraria em crise, o Muda Mais em questão, buscou desmentir a informação e teve 206 compartilhamentos, 18 comentários e 177 curtidas. O mês de agosto, diferente do anterior, começa a demostrar um padrão de postagem no gerenciamento. Um número maior de publicações (Figura 1), com melhor distribuição dos conteúdos. Além disso, o mês marca o início de campanha eleitoral nas ruas de todo País, no dia 6, e, também, o início da propaganda política nas rádios e nas televisões, no dia 19. Porventura, em relação a essas datas, o número de postagens mais que dobra se comparado ao mês anterior e alcança a casa de 84 publicações. Mas é necessário lembrar que esse período, também, ficou marcado por outro fato que ocorreu: a morte do então candidato à presidência da República pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB), Eduardo Campos, que faleceu em decorrência de um acidente aéreo em Santos (SP). Após esse acontecimento, o partido decidiu disputar as eleições com a vice na chapa, Marina Silva, ex-ministra do Meio Ambiente e ex-senadora pelo PT. Nesse momento, as publicações começaram a ser condicionadas nas ações do governo e do partido, que, até então, há três mandatos está na presidência da república, como a série de vídeo “O Brasil que conquistei”, com 43 segundos, e teve 44 compartilhamentos, 69 curtidas e nenhum comentário. Mas, no início do mês, a postagem que se destacou foi o álbum de fotos “#CaminhadacomDilma: O Brasil inteiro com Dilma!”, que conta com 438 fotos, enviadas pelos leitores do portal, 2.481 compartilhamentos, 38 comentários e 428 curtidas. Em relação a esse post, além da interação existente em página e público que resultou no envio das imagens que


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aconteciam simultaneamente em todo país, é importante ressaltar o início da hashtag para demarcar ações e movimentos que aconteciam. O uso desse artifício foi realizado em outras 29 publicações. Entre as mais utilizadas, destacam-se: #MaisMudança #MaisFuturo, empregadas juntas, já que se tratavam de uns dos símbolos que Dilma usou durante o período eleitoral; #RenovaraEsperança; #TrabalhadorescomDilma e #EstudantescomDilma, que estabeleceram que respectivas classes, trabalhadores e estudantes, apoiavam a candidata; e #DilmaTVDia1, que indicava a respeito do primeiro programa eleitoral para TV de Dilma Rousseff. No geral, comparando ao mês de julho, agosto teve um aumento de 204%, que representa 84 postagens (Figura 1), gerando 12.973 compartilhamentos, 769 comentários e 14.048 comentários (Figura 2), uma média por dia de 418 compartilhamentos, 25 comentários e 453 comentários.

Figura 2:


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O aumento exponencial no segundo mês de campanha é marcado com ataques diretos a adversários. Principalmente, Marina Silva. Após a morte de Eduardo Campos, que se mantinha nas pesquisas como terceiro colocado, atrás de Dilma Rousseff e Aécio Neves (PSDB), a candidata socialista começou a crescer na intenção de votos chegando a ultrapassar o tucano e ameaçar a petista. Como resposta, o programa de governo de Marina começou a ser destrinchado e apresentado como um projeto que afetaria a vida da população brasileira. Vídeos anteriores respondiam algumas opiniões da candidata, como a importância do projeto do governo federal Mais Médicos e sobre o eventual apoio de Luís Inácio Lula da Silva a Marina Silva, mas logo desmentido. O destaque nessa nova estratégia foi a publicação de 4 minutos e vinte e dois segundos, diferente dos padrões na qual a página Muda Mais tinha vinha desenvolvendo, com tempo de um minuto e meio. Na desconstrução do plano de governo da adversária, já no fim de mês, está Dilma Rousseff, antiga colega de ministério. Em setembro, o Muda Mais deu continuidade à série de vídeos “Mostra a sua cara” e a mostrar imagens das transformações que o governo Dilma trará caso seja reeleita. Mas, no primeiro dia do mês, o destaque fica para a ação integrada com o debate com os presidenciáveis, transmitido pelo SBT, e retirando alguns trechos da presidente e publicando na página, uma atividade simultânea. A estratégia de comunicação adotada acabou gerando um alto número de interação com público no Facebook. O primeiro relacionado ao debate é o questionamento de Dilma à Marina a respeito do financiamento da educação, com 33 segundos de duração e empregado com a hashtag “#Dilma13MaisEmpregos”, com 393 compartilhamentos, 24 comentários e 286 curtidas. Depois o vídeo “Pessimistas: O Brasil não está em recessão”, com 25 segundos, 259 compartilhamentos, 6 comentários e 143 curtidas; uma imagem de Dilma com uma frase dita durante o debate no SBT, 579 compartilhamentos, 10 comentários e 480 curtidas; logo após, vídeo com 29 segundo, na qual a presidente explica a proposta de Marina sobre autonomia do Banco do Brasil, com 249 compartilhamentos, 23 comentários e 231 curtidas. Para finalizar essa operação, a equipe do portal Muda Mais publicou na página o vídeo “Dilma: Não se governa com frases de efeito”, com 32 segundos, 101 compartilhamentos, 8 comentários e 193 curtidas.


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Em outros debates, a estratégia foi usada novamente, seja para reforçar alguma proposta da candidata, ou mesmo, direcionar questionamentos a respeito dos projetos políticos de adversários. Nos demais dias, o direcionamento era o mesmo: apresentar ideias de seu governo e desconstruir a imagem dos demais candidatos. Em “Diálogos conectados: propostas para a internet”, com 2 minutos e 21 segundos, Dilma apresenta os

objetos

para

o

próximo

mandado

em

relação

à

internet.

Teve

906

compartilhamentos, 95 comentários e 642 curtidas. Em “PSDB quebrou o Brasil três vezes! ”, com 28 segundos, 930 compartilhamentos, 44 comentários, 705 curtidas e com a hashtag “#Dilma13MaisBrasil; e com a ilustração “Até o Hulk recuou! Ator Mark Ruffalo retira apoio à candidatura de Marina Silva” - referente ao apoio à candidata que o ator tinha dado dias antes a Marina Silva-, que teve 609 compartilhamentos, 45 comentários e 731 curtidas, mostram o planejamento de comunicação da equipe do Muda Mais, com defesas e ataques. Ressaltando que do número total de publicações, 20 foram direcionadas à Marina, seja para questionar projeto político, ou mesmo, para frisar que a candidata entrou na justiça eleitoral questionando a legalidade da ação do portel Muda Mais. Para o caso, foi usado a hashtag #MarinaCensura. Após entrar com pedido de retirada da página do ar e acatada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o site apresentou sua defesa e, depois de dois dias fora do ar, voltou a funcionar. Também, outra proposta que começa a se fortalecer é o uso de imagens de fácil compreensão e circulação nas redes sociais. Além de usos de hashtags, como “#FimdeSemanaDilmais

#MaisMudança

#MaisFuturos”,

outras

linguagens

de

comunicação, próprias da internet, como os memes – uma expressão de fácil propagação. Em 2014, um dos hits que maior sucesso nas rádios no Brasil foi a música “Lepo Lepo”, interpretada pelo artista baiano Psirico. Aproveitando a repercussão da música, a equipe produziu o vídeo, de 54 segundos, o “Lepo Lepo do Muda Mais”. Outro assunto que teve grande repercussão foi o “Churrasco da gente diferenciada”, protesto em São Paulo contra os moradores que discriminava os visitantes do Museu de Imagem e Som (MIS), no Jardim Europa. A postagem gerou 104 compartilhamentos, 14 comentários e 220 curtidas. Outras publicações se destacaram em setembro, como a imagem de Lula e Dilma que falam que 36 milhões de brasileiros saíram da miséria, com 779


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compartilhamentos, 20 comentários e 586 curtidas; trecho do programa eleitoral, com 1 minuto e 19 segundos, que teve 1.163 compartilhamentos, 71 comentários e 424 curtidas; imagem que fala sobre o Pronatec, criado no governo Dilma, teve 1.090 compartilhamentos, 22 comentários e 680 curtidas, além de ter a hashtag #OcupeoFacebook; ilustração “Diferenças entre programa de governo de Dilma e Marina”, com 1076 compartilhamentos, 21 comentários e 442 curtidas; vídeo de apoio do

cantor

pernambucano

Otto,

com

2

minutos

e

26

segundos,

4.150

compartilhamentos, 140 comentários e 808 curtidas; vídeo “Marina mentiu sobre votação da CPMF”, com 20 segundos e 1.225 compartilhamentos, 39 comentários e 347 curtidas; vídeo que questiona a opinião de Marina Silva sobre a Usina Belo Monte, com 1 minuto e 2 segundos, 682 compartilhamentos, 49 comentários e 331 curtidas; o álbum da mobilização em todos os estados “Dia Nacional de Mobilização Por Dilma #Dilma13EmTodoBrasil” #MaisFuturo #MaisMudança #Agite13, com o alcance de 695 fotos enviadas pelo público que interage com a página e 1.631 compartilhamentos, 42 comentários e 581 curtidas; vídeo de 1 minuto e 28 segundos “Vai ganhar a eleição é quem mudou o Brasil”, com 698 compartilhamentos, 70 comentários e 666 curtidas; vídeo paródia de 28 segundos “Eu sou a diva que você quer copiar” com a hashtag #MarinaCensura, com 678 compartilhamentos, 101 comentários e 540 curtidas; e o vídeo de 20 segundos em que Lula discursa no Congresso a respeito da saída do Brasil do mapa da fome, com 3.979 compartilhamentos, 120 comentários e 656 curtidas. Neste mês, a predominância foi de publicações de vídeo. Foram 139 postagens, desses, 95 vídeos, 29 ilustrações e 14 imagens. A segunda-feira foi o dia mais movimentos, com 28 posts. Acompanhando o crescente engajamento que a página Muda Mais apresentou nos meses anteriores, só em compartilhamentos, os números foram quase quatro vezes mais que agosto, com 42.847, contra 12.973. Além disso, foram 2.644 comentários e 40.546 curtidas (Figura 2), uma média diária de 1.428 compartilhamentos, 88 comentários e 1.352 curtidas. O período de maior publicação de conteúdo foi outubro. As 147 postagens (Figura 1), entre os dias 1º e 26 (respectivo ao segundo turno da campanha eleitoral), apresentam os números de posts que o portal se empenhou durante todo o período do pleito. E, principalmente, o empenho em se dedicar a publicar vídeos em detrimentos


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de outras mídias. Do total, 115 vídeos, 21 ilustrações e 10 imagens. Em sua maioria produtos próprios, publicados na própria página do Muda Mais e exibindo um link que direciona o leitor a outras plataformas, seja para o site ou para outro canal que complementa a informação transmitida. Além do número de publicação, outubro foi também o maior em engajamento (Figura 2). Não diferenciou, em sua maioria, na estratégia para atuar nas redes sociais. A página buscou alinhar a estratégia de apresentar as mudanças sociais conquistadas nos últimos três governos do PT e avançar sobre os principais concorrentes. O primeiro turno da eleição aconteceu no dia 5 de outubro, até a referida data, Marina Silva continuava o alvo central das publicações negativas. Entre elas os vídeos “Dilma demitiu diretor corrupto do IBAMA nomeado por Marina”, com 30 segundos, 2.583 compartilhamentos, 90 comentários e 824 curtidas; “Marina, sugiro que você leia o seu programa

de

governo”,

#Dilma13MudaMais,

com

29

segundos,

1.096

compartilhamentos, 29 comentários e 625 curtidas. Para Aécio houve alguns posts, como o vídeo “Aécio propõe programa que já existe”, com 35 segundos, com 1.173 compartilhamentos, 81 comentários e 635 curtidas; e o vídeo “Explicando Minha Casa Minha Vida para Aécio”, 16 segundos, com 2.853 compartilhamentos, 129 comentários e 967 curtidas. Após o primeiro turno, outras personalidades políticas e culturais começaram a declarar apoio a reeleição de Dilma Rousseff, entre eles, o deputado federal Jean Wyllys (Psol -RJ). Uma imagem com a declaração de apoio do parlamentar foi publicado e gerou 2.011 compartilhamentos, 207 comentários e 2.585 curtidas. Outro apoio revelando foi do cantor Chico Buarque. Seu vídeo teve apenas 6 segundos mas gerou 12.442 compartilhamentos, 410 comentários e 2.278 curtidas. Nesse segundo turno, o foco em desconstruir foi centrado em Aécio Neves. Ao mesmo tempo que a página apresentava os motivos pelos quais Dilma era a melhor candidata no pleito, o Muda Mais publicava informações visando porque não votar no adversário. O grande momento para criticar o tucano foi durante o primeiro encontro dos dois em debate. Usando a mesma estratégia do primeiro debate, trechos foram retirados, como “Dilma investiga: cadê os envolvidos em casos de corrupção do PSDB?”, com 44 segundos, 7.473 compartilhamentos, 250 comentários e 1.721 curtidas; vídeo “Governo de Aécio


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em MG desviou R$ 7 bilhões da saúde”, 25 segundos, com 1.245 compartilhamentos, 82 comentários e 643 curtidas; vídeo “Aécio não explica aeroporto de Cláudio”, 40 segundos, 2.568 compartilhamentos, 199 comentários e 1.012 curtidas; e o vídeo “O nepotismo de Aécio e a meritocracia”, 23 segundos, 2.280 compartilhamentos, 187 comentários e 1.362 curtidas. Como visto nos exemplos, o teor dos embates direcionados ao oponente começa a ficar mais agressivo se comparados aos turno anterior e se apegando a suspeitas de desvio de conduta e denúncias da justiça. Memes e paródias são produzidas para refutar informações. Durante o debate, Aécio pronunciou que o ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso seria o responsável pelo Programa Bolsa Família. Retirando o trecho da fala do candidato e do Programa do Ratinho, do SBT, em que o apresentador Carlos Massa, o Ratinho apresenta do teste de DNA. Acrescentando a lei e imagens do ano de criação do programa, o vídeo de 31 segundos “Saiu o resultado do DNA: FHC não é pai”, teve 40.269 compartilhamentos, 1950 comentários e 5.409 curtidas. O mês de outubro teve ao todo 262.434 compartilhamentos, 20.060 cometários e 128.818 curtidas (Figura 2). Uma média dia de 10.094 compartilhamentos, 772 comentários e 4.955 curtidas.


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5 – CONCLUSÕES O intuito para o desenvolvimento desta pesquisa foi buscar a compreensão de como as redes sociais digitais se comunicavam com o novo público que a cada ano está integrando às novas formas midiáticas, analisando as principais características de informação e mobilização produzidas na era digital. Para isso, como objeto de estudo foi-se utilizado a página no Facebook do Muda Mais, portal de comunicação que se utilizava, também, da plataforma para distribuição do conteúdo gerado em prol da candidata do Partido dos Trabalhadores (PT), Dilma Rousseff, para o pleito presidencial de 2014. É importante salientar que a pesquisa foi desenvolvida estritamente a partir das informações coletadas na página do Facebook. Na

internet,

formas

diferentes

de

organização

e

comunicação

foram

estabelecidas, contribuindo para a formação, a participação e criação de novos agentes de mobilização, como afirma Maia (2011). E estas sistematizações foram vistas na página Muda Mais, criada em março do mesmo ano. Por mais que tenha foca em antigas estratégias, como na disseminação de conteúdos referentes à candidata que disputava e eleição e em desconstruir a imagem dos principais concorrentes da petista, apresentando, por exemplo, possíveis desvios de conduta cometidos pelos adversários, a fanpage também utilizou-se de mecanismos próprios das ferramentas virtuais, como a interação com público e a publicação de fotos das pessoas que apoiavam a petista, o que acabou gerando um maior envolvimento entre as partes. Ao longo da história, as campanhas foram sofrendo drásticas mudanças, como a criação de pesquisas de intenção de votos, ou mesmo, o início de debates políticos na televisão, que contribuíram para massificar a imagem do candidato no pleito. Mas também contribuíram para distanciar eleitor e candidato. As redes trouxeram essa aproximação, mesmo que efêmera, mas o necessário para atrair o público para a participação. Esses novos meios de interligar pessoas também possibilitaram novas formas de medir o envolvimento das pessoas com a informação distribuída, como as curtidas, os comentários e compartilhamentos da publicação, o que, para Recuero (2009), refere-se ao capital social. Em relação ao capital social, Muda Mais mostrou crescimento ao longo da campanha, principalmente, quando se trava de refutar denúncias ou


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insinuações dos adversários, atividades durantes os debates promovidos e, principalmente, quando essas matérias eram sustentadas com artifícios próprios da internet, uma linguagem agregada a informação, como o uso dos memes – que elementos de fáceis compreensão que se reproduzem de pessoa para pessoa. Mas, também, na apresentação de apoio de pessoas do meio artístico e político a aceitação do público também foi alta. Esta relação entre difusão do conteúdo e capital social nas redes está relacionada ao novo comportamento do público, que, com o desenvolvimento tecnológico, passou a consumir informação de formas diferentes, distante dos meios tradicionais, seguindo a tendência que está se desenvolvendo, como afirma Squirra (2012). É necessário se reinventar. Técnicas inseridas nos veículos convencionais, como o triângulo invertido, não têm a mesma capilaridade se comparadas às plataformas virtuais. Seja para capitania economicamente ou social, como é o caso do objeto. Para isso, o Muda Mais se adaptou para os novos meios de comunicação e buscou diferenciar sua maneira de comunicar. Integrou não apenas a linguagem usadas nas redes digitais, mas como técnicas, com publicação de vídeos curtos e fácil assimilação, buscando a objetividade da mensagem que está sendo transmitida. Esta maneira de se comunicar e propagar a informação requerida está inserida na dinâmica jornalística. Conforme Sousa (2001), a comunicação é uma área diversificada, sofrendo frequentemente novos debates a respeito de suas atividades, em mudanças, e não se comportando de forma estática. Sua ação é constante e está continuamente em transformação. Em relação a esse cenário, o Muda Mais propõe nova maneira de organizar a informação. Não diferente de veículos tradicionais de comunicação, como a BBC, que observaram no Facebook uma maneira de diversificar o seu modelo de negócio. E, também, a estratégia para o assunto alcançar o leitor. É importante salientar que o Facebook é apenas um meio. Talvez, transitório. Como ele, outras plataformas podem surgir como rede social digital, maneiras de mobilização e consumo de conteúdo. Mas, para isso, é interessante identificar o comportamento dos que utilizam as redes que estão inseridas.


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APÊNDICES

Mês de julho


44


45


46


47

MĂŞs de agosto


48


49


50


51


52

MĂŞs de setembro


53


54


55


56


57


58


59


60

MĂŞs de outubro


61


62


63


64


65


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