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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL - HABILITAÇÃO EM JORNALISMO
O MERCADÃO E SUAS HISTÓRIAS
Fabiane Barros Neiva Manuel Lucas Francisquini Pellicioni
Campo Grande DEZEMBRO / 2013
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O MERCADÃO E SUAS HISTÓRIAS FABIANE BARROS NEIVA MANUEL LUCAS FRANCISQUINI PELLICIONI
Relatório apresentado como requisito parcial para aprovação na disciplina Projetos Experimentais do Curso de Comunicação Social / Jornalismo da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. (para produtos)
Orientadora: Profa. Ma. Juliana da Costa Feliz
UFMS Campo Grande DEZEMBRO - 2013
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SUMÁRIO
Resumo ........................................................................................................................ 05 1 - Alterações no plano de trabalho ..............................................................................06 2 - Atividades desenvolvidas .........................................................................................07 3 - Suportes teóricos adotados .....................................................................................15 4 - Objetivos alcançados ...............................................................................................20 5 - Dificuldades encontradas .........................................................................................21 6 - Despesas (orçamento)..............................................................................................22 7 – Conclusões...............................................................................................................23 8 - Apêndices ................................................................................................................25 8.1 - Entrevista com Ronald Kanashiro, presidente da Associmec, em tópicos............25 9 - Anexos......................................................................................................................29 9.1 - Matéria do Correio do Estado de 29 de agosto de 2008 ......................................29 9.2 - Matéria do Diário do Pantanal de 4 de setembro de 2008.....................................33 9.3 - Matéria da revista Visão n 2 da UCDB de 2 de dezembro de 2002......................35 9.4 - Informações sobre o Mercado Municipal como parte de um roteiro turístico da revista ARCA, n 8, de 2002............................................................................................36 9.5 - Páginas da edição especial da revista ARCA intitulada Campo Grande: Imagens da história.......................................................................................................................37 9.6 - Matéria na revista Minasan, publicação do jornal Correio do Estado, de 18 de junho de 2006.................................................................................................................41 9.7 - Recortes do Jornal Correio do Estado...................................................................42 9.8 - Páginas do livro História de Mato Grosso de Rubens Mendonça..........................45 9.9 - Páginas do livro História de Mato Grosso do Sul de Hildebrando Campestrini ....51
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9.10 - Decupagem da entrevista de Edson Marcos Duran............................................55 9.11 - Decupagem da entrevista de Francisco Morel de Souza....................................57 9.12 - Decupagem da entrevista de Regina Santana....................................................59 9.13 - Decupagem da entrevista de Gleice Borges........................................................61 9.14 - Decupagem da entrevista de Luiza Oliveira Rocha.............................................64 9.15 - Decupagem da entrevista de Diego Almeida.......................................................65 9.16 – Decupagem da entrevista de Sérgio Costa de Oliveira......................................67 9.17 - Decupagem da entrevista de Alice Joana Betoni................................................69 9.18 - Decupagem da entrevista de Marcelo Kinoshita..................................................71 9.18 - Decupagem da entrevista de Zenaide Souto.......................................................75 9.19 - Decupagem da entrevista de Hiroshi Utinoi.........................................................77 9.20 - Decupagem da entrevista de Cleuber Linares.....................................................83 9.21 - Decupagem da entrevista de Jefferson da Silva Santos.....................................92 9.22 - Decupagem da entrevista de Tereza Simabukuru...............................................94 9.23 - Decupagem da entrevista de Ronald Kanashiro..................................................97 9.25 - Roteiro do documentário “Mercadão e suas histórias”......................................101
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RESUMO: O trabalho a ser apresentado é um videodocumentário que aborda a história do Mercado Municipal Antônio Valente, conhecido como “Mercadão”, importante espaço cultural de Campo Grande, capital de Mato Grosso do Sul. Através dos relatos de quem trabalha e frequenta o local, pretendemos esclarecer sua importância na vida dessas pessoas. Apresentamos o Mercado não apenas como um ponto comercial, mas um local histórico para a cidade, de tradição e vínculos, sejam eles entre os próprios funcionários e permissionários ou entre estes e clientes. PALAVRAS-CHAVE: Jornalismo, Videodocumentário, Mercado Municipal, Cultura Popular.
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1- ALTERAÇÕES DO PLANO DE TRABALHO Além do cronograma, não houve alterações realizadas no plano de trabalho inicial. Abaixo o cronograma seguido:
M ê s
/
E t a p a julho agosto setembro Outubto Novembro
Escolha do tema
X
Levantamento bibliográfico
X
Elaboração do anteprojeto
X
Apresentação do projeto Coleta de dados
X X
X
Organização do roteiro
X
X
Gravação do trabalho
X
X
Edição final
X
Entrega
X
Defesa
X
Outro ponto alterado, sugestão da pré-banca, foi retirar dos objetivos a divulgação do produto final para que esta não fosse uma obrigatoriedade.
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2- ATIVIDADES DESENVOLVIDAS 2.1 Período Preparatório: Antes de começarmos a produção do documentário, pesquisamos se já havia trabalhos similares feitos por outros acadêmicos na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Procuramos entre os trabalhos de conclusão de curso e monografias dos cursos de Jornalismo, História e Ciências Sociais da Instituição. No entanto, não encontramos nada diretamente relacionado ao objeto de estudo escolhido. As reuniões com a orientadora foram marcadas semanalmente para discutir o andamento do trabalho. Entre as recomendações estava a criação de um blog, com conteúdo privado, que reunisse todos os contatos telefônicos de fontes, atividades realizadas, referências de audiovisual, além de servir de uma espécie de diário das atividades realizadas. A página contempla qualquer material ou informações que possam ajudar na construção do documentário. O objetivo é assegurar que nada seja perdido, bem como auxiliar a produção dos relatórios. Outro passo importante foi a matrícula na disciplina optativa “Tópicos especiais em Jornalismo – Documentário” ministrada pelo professor Hélio Godoy e oferecida pela primeira vez pelo curso. Ao estudar a história do documentário, pudemos assistir a vários filmes de diferentes escolas do cinema que servirão como referência estética para a produção. Esse conhecimento ajudará a construir uma base teórica sobre o assunto. Antes de abordar os entrevistados, consultamos alguns livros para levantar quais são as técnicas de entrevista existentes e a maneira mais adequada de lidar com os personagens do documentário.
5.2 Execução:
Fomos ao Arquivo Histórico de Campo Grande (ARCA) para levantar o máximo de informações sobre o Mercadão. Encontramos pouco material, o que reafirmou a importância de se contar a história por meio dos personagens, testemunhas oculares do
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desenvolvimento do lugar. As informações oficiais obtidas na ARCA foram de suma importância para o script. Toda semana visitamos o Mercadão e entramos em contato com os comerciantes de maneira informal. Além disso, a visita serviu para que soubéssemos quais os suportes técnicos que iriamos precisar ao longo das gravações. Marcamos uma entrevista com Ronald Kanashiro, presidente da Associação dos Comerciantes do Mercado Municipal de Campo Grande. Ele nos contou sobre sua trajetória no comércio, falou sobre passado e presente do Mercadão e indicou fontes. Esse encontro foi fundamental porque conseguimos não só a liberação para as filmagens, mas também o apoio da Associação e conteúdo audiovisual (como fotos antigas e vídeos da última reforma do Mercadão) que serão usadas durante a edição. O relato desse encontro está no Apêndice deste relatório. Inicialmente, gravamos as imagens de apoio para o documentário. O estudo preliminar ajudou a resolver questões de origem técnica (como o ajuste do áudio, enquadramentos, luz, foco), mas a prática levantou várias outras necessidades. Seguem os dias de filmagem:
Dia 16.10
Gravamos as duas primeiras entrevistas. A primeira com Tereza Simabukuru, uma descendente de japoneses que está no Mercadão há 25 anos, que falou sobre sua família e frisou que o Mercadão é como uma “irmandade”. Depois, gravamos com o funcionário Jefferson da Silva Santos. A entrevista foi muito descontraída. O erro dessas duas primeiras foi não alertar os entrevistados de falar sentenças completas ou fazer movimentos muito bruscos, que os tirassem do quadro. A orientadora nos alertou de instruir os próximos personagens quanto ao procedimento das gravações. Posteriormente, gravamos imagens que pudessem cobrir a fala do Jefferson e da Tereza. Dia 22.10
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Gravamos nas intermediações do Mercado. A ideia era gravar imagens de lojas vizinhas ao local, que de certa forma são influenciados pela cultura popular ou mesmo pelo próprio nome (por exemplo, uma loja chamada Mercadão dos Doces) e da feira indígena. Grande parte dessas imagens foi descartada devido a baixa qualidade, mas principalmente porque não se encaixaram na proposta do documentário, que é retratar a história do local a partir das pessoas que vivem ali. Dia 23.10
Marcamos para a data a gravação com Ronald Kanashiro, com quem já havíamos conversado anteriormente. A entrevista foi realizada na sala da diretoria do Mercadão e durou aproximadamente uma hora. Ronald nos contou novamente sobre sua história, a história do próprio Mercado e como é a relação entre os que ali frequentam, além de esclarecer questões políticas e administrativas do local. Essa entrevista completa acabou sendo usada como base do documentário. Ronald pontuou bem as suas falas com sentenças que introduziam de maneira bastante direta o assunto. Na sala, também gravamos a maquete do Mercado e pôsteres, que exibem fotos antigos e atuais do local. O "Paulista" do Box que leva seu apelido permitiu que filmássemos dentro do seu local de trabalho. Ele comercializa principalmente café, diversos tipos de amendoim e cachaças artesanais. O movimento no box é grande e gravamos também imagens da interação entre clientes e comerciantes. Felizmente, e somente depois de certa insistência, conseguimos também entrevista-lo. O entrevistado, tímido, falou pouco. Gravamos novamente imagens para cobrir a entrevista do Jefferson. Dia 29.10
O dia 29 foi totalmente dedicado às imagens de apoio das intermediações do Mercadão.
Dia 01.11
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Gravamos imagens externas do Mercadão, situando novamente o local no centro de Campo Grande. Gravamos também imagens da orla ferroviária, já que o Mercado surgiu a partir dos trilhos da Estrada de Ferro Noroeste Brasil, e poderíamos usar tais imagens para contar a história do local.
Dia 03.11
Gravamos no domingo, dia de maior fluxo de pessoas no Mercado, inclusive com apresentação de música ao vivo. A desvantagem de gravar em um dia de bastante movimento foi a falta de espaço e o transtorno causado pelo tripé, que atrapalhava o fluxo de pessoas nos corredores. Entrevistamos Nilva Maria B. Roza Esteves, uma comerciante que acabou de fixar ponto no Mercado, sua filha, que a ajuda no novo negócio e aprendeu na escola sobre o ponto turístico, e também Gleice, sua prima que a incentivou a comprar uma banca no Mercado. Dia 04.11
Começamos a gravar a tarde e prosseguimos as gravações até o horário de fechamento do Mercado. Quadro com as bancas e boxes, detalhes de produtos, os corredores do Mercado, negociações e o dia a dia. Entrevistamos Hiroshi, um comerciante que continua trabalhando no Mercado por opção e todos os dias se informa sobre as notícias do mundo para ter o que conversar com os clientes. Também gravamos com Marcelo, descendente de japoneses, que contou a história de como os pais vieram do Japão e começaram a trabalhar no Mercado. Conseguimos filmar inclusive uma interação entre clientes estrangeiros e o comerciante. Gravamos também com Sérgio, o comerciante mais antigo que encontramos e que nos concedeu entrevista. Também entrevistamos Morel, um funcionário que está no Mercado há um ano. Entrevistamos também Alice, que contrariando o padrão de negócios que passam de geração para geração, começou a trabalhar no Mercado para auxiliar os filhos no trabalho.
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Dia 05. 11
Começamos a gravar cedo, aproximadamente às seis horas da manhã. Capturamos a imagem das portas se abrindo e os mercadistas arrumando suas bancas e boxes, além de imagens de pessoas comendo nas tradicionais pastelarias. Gravamos o Mercado a partir de um mezanino, que rendeu imagens com uma boa perspectiva. Um dos funcionários tocou berrante, que aprendeu no local, e aproveitamos para gravar. Entrevistamos três clientes nesse dia. Essa foi a parte mais desafiadora das entrevistas. Entrevistamos primeiro Regina, uma cliente muito simpática que estava comprando ervas na banca da Teresa Japonesa, a primeira entrevistada. Depois de ouvir uma sequencia de nãos, um dos comerciantes nos indicou Zenaide, cliente e frequentadora assídua do Mercadão. Conversamos com ela brevemente e já percebemos sua paixão pelo local. Nessa conversa inicial, Zenaide nos contou que sem o Mercadão, não sobreviveria. Ela vai todos os dias ao lugar. Esse relato casou exatamente com o que ouvimos mais tarde, no último entrevistado do dia, com Linares, ex-presidente da Associmec, atual vice-presidente e o dono da peixaria do Mercadão. Ele nos contou que existem pessoas que vão ao mercadão simplesmente por gostar do ambiente e não necessariamente pela vontade ou necessidade de comprar. Ele, assim como Ronald, falou sobre o Mercadão como uma escola, pois foi nesse ambiente em que ele cresceu. Entrevistamos também Diego, que tem uma história semelhante e que atualmente é dono de um box que comercializa brinquedos e artigos para presente, especialmente voltado para o público infantil, um segmento que foge aos tipos de produtos comercializados ali, mas, que de acordo com ele, foi visto como uma oportunidade de negócio devido ao ambiente familiar. Entrevistamos também Luzia, uma cliente que frequentava o Mercadão ainda com os pais e que continua indo ao local. Processo de edição
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O objetivo do documentário é contar a história do Mercadão através de seus personagens. Por isso, decidimos deixar de lado questões políticas e administrativas do funcionamento do local. Como é um documentário de curta metragem, resolvemos manter o tempo para as histórias mais humanas, transmitindo ao espectador o sentimento que as pessoas têm em relação ao local, que extrapola questões trabalhistas. Foi consenso entre os entrevistados de que os mercadistas são como uma grande família. Optamos também por não usar um narrador, já que dessa forma, os entrevistados é que contam suas próprias histórias e falam da relação com o local. A trilha sonora escolhida foi do músico Marcelo Loureiro, que representa a sonoridade de Mato Grosso do Sul, através de suas interpretações de músicas dos países vizinhos. 5.3 Revisão Bibliográfica:
5.3.1 Livros LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropológico. Ed. 24. Rio de Janeiro: J. Zahar, 2009. TURNER, Graeme. Cinema como prática social. São Paulo: Summus, 1997. TRAQUINA, Nelson. Teorias do jornalismo - uma comunidade interpretativa transnacional. Florianópolis, Insular, 2005. MEDINA, Cremilda de Araújo. Entrevista – O diálogo possível. São Paulo, Ática, 1990. SAMPAIO, Walter. O documentário. In: Jornalismo audiovisual, rádio, TV e cinema. 2 ed. São Paulo: Vozes/Edusp, 1971. p. 100. MENDONÇA, Rubens de. A História de Mato Grosso. Editora Rio Bonito, 1973. LAGE, Nilson. A reportagem: teoria e técnica de entrevista e pesquisa jornalística. 5° edição. Rio de Janeiro. Record, 2005. NICHOLS, Bill. Introdução ao Documentário. Tradução: Mônica Saddy Martins. Editora Papirus Editora, 2005. SILVA, Marconi Oliveira da. Imagem e verdade: jornalismo, linguagem e realidade. Editora Annablume. São Paulo, 2006.
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BELTRÃO, Luiz. Iniciação à filosofia do jornalismo. Livraria Agir Editora, Rio de Janeiro, 2006. PIZA, Daniel. Jornalismo Cultural. Editora Contexto. São Paulo, 2003. XAVIER, Ismael. In Literatura, Cinema, Televisão. Tânia Pellegrini; et.al. São Paulo: Ed Senac – Instituto Itaú Cultural, 2003. CAMPESTRINI, Hildebrando. História de Mato Grosso do Sul. 6° edição. Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul. Campo Grande, 2009. 5.3.2 Periódicos: Revista Visão, nº 2. Um Mundo de Sensações. UCDB, Dezembro de 2002. ARCA, Revista de divulgação do arquivo histórico de Campo Grande – MS, nº 8. Mercado Municipal Antonio Valente. 2002. ARCA, Revista de divulgação do arquivo histórico de Campo Grande – Edição Especial. Imagens da história. 2011. Revista Minasam. Mercado Oriental. Correio do Estado. 18 de junho de 2011. Jornal Diário do Pantanal. Campo Grande comemora aniversário do Mercado Municipal. 4 de Setembro de 2008. Correio do Estado. Mercadão Resistente. 26 de Agosto de 1999. Correio do Estado. Após 50 anos, Mercadão mantém tradição. 29 de Agosto de 2008. 5.3.4 Redes, sites, e outros: PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMPO GRANDE. Pontos Turísticos. Disponível em: <http://www.capital.ms.gov.br/sedesc/pontosTuristicos>. Acessado em 17 de agosto de 2013. RBV NEWS. Cara Nova. Disponível em <http://www.youtube.com/watch?v=USptZEzqLfQ>. Acessado em 17 de agosto de 2013.
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SBT MS. 01/10/12 Começou hoje a reforma do Mercado Municipal de Campo Grande. Disponível em <http://www.youtube.com/watch?v=Uc3qgU64FUI>. Acessado em 17 de agosto de 2013. SBT MS. 03/07/12 Revitalização Mercadão. Disponível em <http://www.youtube.com/watch?v=h09jMwhv5p4>. Acessado em 17 de agosto de 2013. ALVES, Paulo Hudson. Mercadão Municipal Campo Grande – MS – Parte 1. Disponível em <http://www.youtube.com/watch?v=YEyt70cdVdg>. Acessado em 17 de agosto de 2013. ALVES, Paulo Hudson. Mercadão Municipal Campo Grande – MS – Parte 2. Disponível em <http://www.youtube.com/watch?v=wtnLtATk4Aw>. Acessado em 17 de agosto de 2013. SBT MS RURAL. Especial Mercadão Municipal de Campo Grande - MS – Parte 1. Disponível em <http://www.youtube.com/watch?v=eqZ_2Gr-r_k>. Acessado em 17 de agosto de 2013. SBT MS RURAL. Especial Mercadão Municipal de Campo Grande - MS – Parte 2. Disponível em < http://www.youtube.com/watch?v=ZN9DMYIM1qo>. Acessado em 17 de agosto de 2013. MS RECORD 1 EDIÇÃO. Mercadão Municipal passará por reforma na Capital. Disponível em <http://www.youtube.com/watch?v=8TFbcxRkJJ4.>. Acessado em 17 de agosto de 2013. BALANÇO GERAL. Conheça um pouco mais de quem trabalha no Mercadão Municipal. Disponível em <http://www.youtube.com/watch?v=8zPj5gNGbZs>. Acessado em 17 de agosto de 2013.
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3 - SUPORTES TEÓRICOS ADOTADOS
Para Nelson Traquina (2005), um dos critérios de noticiabilidade (aquilo que define um fato como noticiável) é a quantidade de notícias sobre este acontecimento ou assunto que existe ou que existiu há relativamente pouco tempo no produto informativo de uma empresa jornalística. A esse critério, Nelson Traquina dá o nome de equilíbrio. No nosso contexto, não há uma empresa, mas a própria academia. Nossa pesquisa entre monografias e trabalhos de conclusão dos cursos de Jornalismo, História e Ciências Sociais da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul revelou que não existem muitos trabalhos que abordam especificamente o Mercado Municipal Antônio Valente. Há pouca história documentada sobre o objeto de estudo. Outro critério relatado pelo autor é a proximidade, principalmente em termos geográficos. Daí a importância de registrar a história sobre esse importante marco sociocultural da cidade. Luiz Beltrão (2008) afirma em seu livro “Iniciação à filosofia do jornalismo” que o jornalismo serve, antes de tudo, à comunidade em que se exerce e dirige-se especialmente a indivíduos que pertencem ao mesmo clã, que compartilham linguagem, sentimento, necessidade e aspirações. O jornalismo tem responsabilidade para com o público da cidade, município ou região, do país para o qual propaga informações e idéia. Responsabilidade para com o seu patrimônio cultural, as suas tradições, as suas instituições, os seus revelados ou infusos anseios, os rumos da sua grandeza, desenvolvimento e progresso, a segurança do seu futuro. Por mais universal que seja o jornalismo, ele deve ser entendido primeiro pela sua própria gente. (Beltrão, 2008, p.45)
Outro valor-notícia elencado por Traquina (2005) é a disponibilidade, ou seja, a facilidade com que é possível fazer a cobertura do acontecimento. Segundo o autor, é impossível para a empresa jornalística estar presente em todos os locais por causa dos recursos limitados. O Mercadão Municipal é um local acessível, ideal para que possamos executar o trabalho com qualidade, mas sem deixar de ser uma fonte rica de histórias. Partimos da hipótese de que o Mercadão era palco para a cultura local. Mas como o jornalismo lida com fatos e não suposições, procuramos na literatura acadêmica
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a definição de “cultura” para confirmar ou descartar tal teoria. Os poucos livros que encontramos sobre jornalismo cultural tratam o fazer jornalístico nesse segmento como crítica à produtos, como filmes e livros . Fomos buscar na antropologia uma definição para cultura. Como definição de cultura, Roque de Barros Laraia (2009), em Cultura: Um conceito Antropológico cita Jacques Turgot ao escrever o seu Plano para os discursos sobre história universal, que afirmou: “Possuidor de um tesouro de signos que tem a faculdade de multiplicar infinitamente, o homem é capaz de assegurar a retenção de suas idéias eruditas, comunicá-las para outros homens e transmiti-las para os seus descendentes como uma herança sempre crescente” (Laraia, 2009, p. 26). Laraia diz que “basta apenas a retirada da palavra erudita para que esta afirmação de Turgot possa ser considerada uma definição aceitável do conceito cultura” (Laraia, 2009, p. 27). É o que fez a família de Ronald, presidente da associação do Mercado Municipal, e um dos nossos entrevistados. Sua vó passou os conhecimentos do comércio naquele local para sua mãe, que por fim passou para ele. O mesmo acontece entre os clientes, que renovam a tradição familiar de ir ao lugar. O autor ainda cita outras definições de cultura. “Em 1981, Tylor definiu cultura como sendo todo o comportamento aprendido, tudo aquilo que independe de uma transmissão genética. Segundo Kroeber, a cultura é um processo acumulativo, resultante de toda a experiência histórica das gerações anteriores”. De acordo com Graeme Turner em Cinema Como Prática Social (1997), cultura é um processo dinâmico que produz os comportamentos, as práticas, as instituições e os significados que constituem nossa existência social. A partir desse conceito, é possível situar o Mercadão Municipal como palco cultural da capital sul-matogrossense, pois é onde ela está representada de maneira abrangente. Diversos símbolos representativos do estado estão inseridos no local, como por exemplo, a cultura sertaneja, o tereré, gastronomia e artesanato. Para o autor, é a linguagem o principal mecanismo pelo qual a cultura produz e reproduz os significados sociais. Neste caso, a linguagem utilizada é o audiovisual. “É claro que o cinema não é uma linguagem, mas gera significados por meio de sistemas
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(cinematografia, edição de som e assim por diante) que funcionam como linguagens”, explica Turner. Escolhemos apresentar o tema como documentário em vídeo porque o Mercadão tem uma diversidade de imagens indispensável para compreensão do tema. Segundo Nelson Traquina, a visualidade, isto é, se há elementos visuais, como fotografias e filmes, é fundamental em particular para o jornalismo televisivo. E como ressalta o jornalista Walter Sampaio (1971), o documentário é justamente um estágio evolutivo do telejornalismo. Traquina considera que a existência de um material visual pode ser determinante na seleção do elemento como noticia. Nesse caso, foram as imagens que determinaram o formato em que essa história será apresentada. Segundo Bill Nichols (2005), os documentários representam o mundo histórico ao moldar o registro fotográfico de algum aspecto do mundo de uma perspectiva ou ponto de vista diferente. O fato de os documentários não serem uma reprodução da realidade da a eles uma voz própria. Eles são uma representação do mundo, e essa representação significa uma visão singular. A voz do documentário é, portanto, o meio pelo qual esse ponto de vista ou essa perspectiva singular se dá a conhecer. (Nichols, 2005, p. 73)
Nichols constata que a voz do documentário pode defender uma causa, apresentar um argumento, bem como transmitir um ponto de vista. No entanto, não procuramos convencer o espectador do nosso ponto de vista particular. Um trabalho jornalístico busca, acima de tudo, a verdade. Fomos atrás de argumentos, fontes e fatos que mostrassem o que é o Mercadão e qual é a sua relevância no contexto cultural e social de Campo Grande. Marconi (2006) afirma que os interlocutores não só se comunicam, como também asseguram a correspondência da informação com o mundo extra-mental. Por isso, considerados a escolha das fontes fundamental. Não basta escolher múltiplas fontes que sirvam apenas para confirmar uma hipótese. A diversidade de fontes é o que dará pluralidade ao documentário. A criteriosa escolha das fontes é, portanto, um exercício de objetividade.
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Nilson Lage (2005) levanta o porquê das fontes prestaram informação a um estranho, sem nenhum ganho. A resposta é dada, segundo ele, pelos cientistas sociais da corrente funcionalista (principalmente Lazarfeld, Merton, Keneddy) que nas décadas de 1930 a 1950, estudaram a comunicação humana. Os homens consideram crucial serem aceitos socialmente e, por isso, desenvolvem atitudes cooperativas; trata-se algo, supõem esses cientistas, que se molda desde a primeira infância, ao longo do processo de socialização. (Lage, 2005, p. 55)
Segundo o autor, essa “convenção social” tem pouca variação entre as culturas e induzem a reciprocidade na troca de informações, ostentação de sinceridade e argumentação em defesa dos próprios interesses. Qualquer receio por parte da fonte, segundo o autor, pode ser minimizado através da demonstração de um interesse em comum. No caso, o Mercadão. É necessário preparar o terreno e desarmar o entrevistado, interagindo de maneira informal com os comerciantes. Para Lage, o testemunho mais confiável é o imediato. A mente reorganiza os fatos para guardá-los na memória de longo prazo e os reescreve como narrativa ou exposição, ganhando em consistência, mas perdendo em exatidão factual. Nossa proposta baseia-se justamente nos relatos de vida dos comerciantes e sua relação com o Mercadão, como local de trabalho e convívio. Não estamos atrás simplesmente da exatidão dos fatos. Para tal, nos apoiamos nos documentos e outros recursos que não são modificados pelo tempo. Procuramos também, e principalmente, por histórias. Nossas entrevistas podem ser classificadas, segundo Lage, como testemunhal. Eis a definição de Lage: Trata-se do relato do entrevistado sobre algo de que ele participou ou a que assistiu. A reconstituição do evento é feita, aí, do ponto de vista particular do entrevistado, que, usualmente, acrescenta suas próprias interpretações. Em geral, esse tipo de depoimento não se limita a episódios em que o entrevistado se envolveu diretamente, mas incluí informações a que teve acesso e impressões subjetivas. (Lage, 2005, p. 75)
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Cremilda Medina (1990) considera que a entrevista é uma técnica de interação social, podendo servir também a pluralização de vozes e a distribuição democrática da informação. Medina afirma que as pessoas andam armadas umas em relação às outras, particularmente com os jornalistas, e que, portanto, é preciso quebrar o bloqueio entre entrevistado e entrevistador. O jornalista é um “perturbador da privacidade”. Assim como Lage, Cremilda também relata a necessidade de preparar a atmosfera de trabalho para então partir para a pauta. Os dois autores ainda usam o conceito de Edgar Morin da entrevista como diálogo. É por meio da conversa que pretendemos abordar o entrevistado, mas fazendo o mínimo de interrupções possíveis, como recomendado por Lage. Em certos casos felizes, a entrevista torna-se diálogo. Esse diálogo é mais que uma conversação mundana. É uma busca em comum. O entrevistador e o entrevistado colaboram no sentido de trazer à tona uma verdade que pode dizer respeito à pessoa do entrevistado ou a um problema. O diálogo começa a aparecer no rádio, na televisão (Edgar Morin fala nos anos 60). Foi necessário tempo para que a palavra humana se descongelasse diante do micro e da câmera. (Medina, 1990, p. 15)
Segundo Cremilda (1990), “se o objetivo é aplacar a consciência profissional do jornalista, discuta-se a técnica da entrevista: se quisermos trabalhar pela comunicação humana, proponha-se o diálogo”. Ela ainda afirma que o leitor sente a autenticidade no discurso enunciado por entrevistado e entrevistador.
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4- OBJETIVOS ALCANÇADOS Conseguimos produzir um documentário que conta a história do Mercadão através dos depoimentos daqueles que o tem como segunda casa e ao mesmo tempo abordar a relação das pessoas com o espaço. Com os depoimentos, percebemos como ele é fundamental na vida de muitas pessoas e, logo, para a história de Campo Grande. Também retratamos como a cultura sul-mato-grossense está inserida no mercado, através dos costumes, gastronomia, música e produtos típicos. Também gravamos, como pretendíamos, um produto com uma estética cinematográfica,
diferente
do
padrão
de
telejornalismo
que
aprendemos
na
universidade, com offs e passagens. O “Mercadão e suas histórias” tem uma narrativa fluida, que segue apenas com os depoimentos de nossas fontes. Para dar ritmo ao filme, utilizamos trilha sonora durante momentos em que mostrávamos o dia a dia do local. Gravamos todo o material em um período bem reduzido, mas com trabalho intenso. Formamos uma rede de contatos no local, onde os próprios comerciantes auxiliaram com a indicação de outros personagens. Conseguimos mostrar o sentimento dos mercadistas e clientes para com o Mercado e como essa relação vai além da atividade comercial, o que garante ao local uma importância histórico-cultural para a cidade.
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5- DIFICULDADES ENCONTRADAS: Inicialmente, as maiores dificuldades foram as questões técnicas. Perguntas sobre como ajustar o áudio, a luz, o foco foram constantes durante toda a gravação. Algumas imagens não ficaram da maneira como gostaríamos, justamente em decorrência dessa falta de conhecimento técnico. O mesmo problema aconteceu na hora da edição. Escolhemos contratar um profissional para fazer este trabalho, com receio de não termos conhecimento suficiente para executar uma tarefa bem feita. Outro empecilho foi a relutância por parte de alguns personagens mais antigos em conceder entrevista. Outros entrevistados também tinham dificuldade de se expressar ou eram tímidos. E por fim, a montagem do roteiro, pois tínhamos muito tempo de gravação para pouco tempo de produto final. Ser conciso e fazer uma seleção do que deveria ser colocado foi certamente a parte mais difícil do trabalho.
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6- DESPESAS (ORÇAMENTO) Para produzir o documentário, precisamos primeiro adquirir o material para gravação. Era indispensável que a câmera tivesse uma boa qualidade de imagem, além do tripé para evitar imagens tremidas. Optamos pela câmera Canon T3, um modelo mais acessível, mas que não possui a opção de regular o áudio de maneira manual, o áudio se tornou uma preocupação. Pensamos inicialmente em adquirir um gravador e registrar som e imagem separadamente. Isso implicaria em custos com o software Plural Eyes, que une esses dois elementos de maneira automática. Acabamos decidindo por alugar uma câmera mais profissional, já com a opção de regular o áudio e outras lentes para as entrevistas, que facilitaria a edição. Outros gastos incluem créditos de celular para marcar entrevistas e locomoção. Conseguimos sem custo o direito de uso da trilha sonora. A identidade visual do documentário e o material gráfico foram produzidos por nós mesmos, restando apenas custos de impressão. A maior despesa ficou por conta da edição.
Aluguel da câmera
R$280,00
Tripé
R$120,00
Custos com ligações
R$40,00
Locomoção
R$50,00
Edição
R$600,00
DVDs e Material Gráfico
R$80,00
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7- CONCLUSÕES O Mercado Municipal Antônio Valente, conhecido como Mercadão, teve sua origem na primeira feira central da cidade, localizada às margens da estrada de ferro Noroeste do Brasil e na frente do Colégio Oswaldo Cruz. O seu nome é uma homenagem ao feirante que doou o terreno para edificação do mercado. Em 1958, ele foi inaugurado. De certa forma, podemos dizer que o Mercado cresceu com a cidade e que foi palco da vida de muitos personagens reais. Daí a sua relevância. Se o espaço é importante na vida de muitos campo-grandenses, logo ele é também para a cidade. O Mercado Municipal Antônio Valente resiste ao tempo devido às tradições. Nesse caso, a palavra tradição tem diversos significados. A hereditariedade dos negócios familiares, os produtos que ali são vendidos e até mesmo os próprios clientes, que optam pelo local não só pelo apelo comercial, mas pela relação familiar. O estabelecimento é como uma grande família, onde os comerciantes se tratam por vizinhos e se relacionam diariamente e intensamente. Em sua maioria, os próprios donos dos negócios trabalham no dia a dia do local. Isso estabelece uma relação quase que de intimidade e coloca o mercado municipal como um espaço de grande importância na vida de cada um. Alguns comerciantes, inclusive, passam mais tempo no local do que em casa. Desde o princípio, a proposta era contar a história do Mercadão através da história dessas pessoas que cresceram no local, e que trabalham e frequentam o lugar. Acreditamos que conseguimos cumprir esse papel, imprimindo no produto final uma visão mais artística. Produzimos um jornalismo mais humanizado, literário e sem deixar os fatos de lado, comprovando que é possível um jornalismo mais refinado e que se aproxima da linguagem cinematográfica, com imagens mais trabalhadas, sem perder o foco da informação. O processo de edição exigiu um grande esforço de seleção para que pudéssemos construir uma narrativa coerente, que realmente transmitisse aquilo que vimos e ouvimos nos corredores do Mercadão: o sentimento de “irmandade”, de uma grande família trabalhando coletivamente tinha que ser representado. Escolhemos
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depoimentos mais pessoais, que representavam a diversidade de personagens do local. O próprio documentário tem a sua história, como se fosse um dia no Mercadão. A experiência de gravação só reforçou ainda mais a teoria de Morin, compartilhada por Cremilda Medina. A entrevista é, de fato, um diálogo possível. Concluímos as gravações com muitos amigos, apesar de construir um respeito como profissionais. Se chegamos lá como dois jovens com uma (ou duas câmeras) na mão, saímos de lá como jornalistas, não porque não cometemos erros, mas por termos aprendido a sempre fazer o melhor.
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8 - APÊNDICES 8.1 - Entrevista com Ronald Kanashiro, presidente da Associmec, dividida em tópicos.
História do Mercadão
O Mercadão ganha um lugar fixo em 1955. Antes disso, o lugar funcionava como uma feira livre às margens do trilho da estrada de ferro Noroeste, em frente ao tradicional colégio Oswaldo Cruz. Ali, desde 1946, eram comercializadas hortaliças e grãos. Antônio Valente doou as terras e em parceria com o prefeito da época, Marcelino Pires, o Mercado ganhou um espaço fixo. Daí o nome Mercado Municipal Antônio Valente. As famílias da feira se estabeleceram onde estavam antes da edificação. Desde então, já são 58 anos. Hoje, o lugar tem atrativo histórico e é ponto turístico da capital. Nem o colégio, nem a Noroeste resistiram ao tempo, mas o Mercadão continua.
História de Ronald
Ronald faz parte da terceira geração Kanashiro no Mercadão. Sua vó e sua mãe comercializavam hortaliças no mercado. Em 1989, ele foi para o Japão onde ficou por seis anos. Volta em 1996, mesmo ano em que sua mãe faleceu, e ingressa no mercado da carne. Atualmente, administra 30 funcionários na Casa de Carne Oriente. Segundo o empresário, são 20 toneladas de alimentos por semana. Após oito anos como vice-presidente da Associação, ele agora cumpre seu segundo mandato como presidente que dura até o final do ano que vem (2014). Seu maior orgulho é ser criado dentro do Mercadão, filho de verdureiros e ter conquistado o espaço e prestígio que tem hoje no local. Ronald afirma trabalhar com paixão. Seu status parece ser verdadeiro. Durante os 40 minutos que tivemos de conversa, fomos interrompidos por ligações telefônicas e visitas.
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Ronald acredita que existe uma corrente no lugar, um ciclo. Assim como seu negócio vem de família, os clientes do espaço também começaram a frequentá-lo desde pequenos. Essa transferência não se dá apenas nos negócios familiares, que passam de geração para geração, mas também os próprios consumidores. Aliás, o espaço é familiar.
Reforma Ele se auto intitula o causador da reforma do Mercadão. “Nunca houve uma intervenção de nível federal”. A verba foi viabilizada por meio do Ministério do Turismo. Ronald destacou as mudanças. No lugar do piso que existe hoje, havia apenas contrapiso. O teto também foi trocado. A telha agora é termo acústico. Mais do que contar, Ronald mostra as fotos da reforma, tiradas no seu smartphone. Durante a reforma, o Mercadão se dividiu em dois. Enquanto a metade dos comerciantes continuava no local, a outra metade trabalhava do lado de fora e seu espaço era modificado.
Processo de votação
Cada banca tem direito a um voto. O presidente, vice-presidente e diretoria executiva atuam sem receber nada por isso. Ronald garante dar à diretoria autonomia para tomar decisões em sua ausência. Ficaram ainda algumas dúvidas. Quantas bancas são? Os associados pagam a Associação. Quanto? A prefeitura ajuda com as despesas? Permissão para o comércio
Dentro do Mercadão, não há donos de banca. Os comerciantes são permissionários. Segundo Ronald, desistir não é muito comum. Mas quando acontece, o acordo acontece entre quem vai assumir a posição e quem a deixa. O comerciante entra com o processo de desistência e logo em seguida, o novo ocupante entra com o
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requerimento. Entre os bastidores, o preço dessa transação é alto. Em uma banca de 1 a 3 metros, o preço varia entre 60 a 100 mil reais. Já em banca entre 2 a 4 metros, esse valor dobra, podendo chegar até 200 mil. Outra questão que ainda permaneceu sem resposta é se qualquer tipo de produto é permitido.
Essência do Mercadão
Ronald afirma que quando as pessoas entram no Mercadão, elas sentem um cheiro que não existe em nenhum outro lugar. Através desse cheiro, passa um filme na cabeça do visitante. Esse flashback lembra o quanto a vida é efêmera e inspira carinho. “Tem uma japonesa vendendo, limpando cebolinha como sua mãe fazia.” Segundo Ronald, o espaço é vivo, rotativo. “As pessoas se vão, o lugar fica.” A média diária é de 3 mil pessoas. “A população prestigia”.
Problemas
Ronald aponta que Campo Grande tinha apenas 130 mil habitantes quando o Mercadão foi edificado. A cidade cresceu, mas o espaço não. “O poder público precisa garantir a sobrevivência de um patrimônio”. Além disso, Ronald apontou a necessidade de sanitários e que seja um espaço mais acessível. Além disso, ele fala da necessidade para a criação de um centro de convívio dos funcionários.
De botão a avião “De botão a avião” é uma frase que define bem o espaço. Ronald brinca que a frase se tornou verdadeira, já que o espaço agora abriga também uma agência de viagens. Gastronomia local
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Quando soube que éramos fãs do Mercadão por oferecer uma grande variedade de ingredientes, Ronald apontou que cada comerciante tinha uma dica de chef. Inicialmente, nossa proposta era justamente falar sobre o lugar e sua relação com a gastronomia local. Mudamos o nosso foco antes mesmo de escrever o pré-projeto porque tal corte não refletia a importância do local.
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9 â&#x20AC;&#x201C; ANEXOS Abaixo, documentos como recortes de jornais, revistas e trechos de livros que comprovam a pesquisa. 9.1 - MatĂŠria do Correio do Estado de 29 de agosto de 2008
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9.2 - MatĂŠria do DiĂĄrio do Pantanal, de 4 de setembro de 2008
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9. 3 - Matéria da revista Visão n° 2, da UCDB, de 2 de dezembro de 2002
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9.4 - Informações sobre o Mercado Municipal como parte de um roteiro turístico da revista ARCA, n° 8, de 2002.
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9.5 - Páginas da edição especial da revista ARCA intitulada Campo Grande: Imagens da história
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9.6 - MatĂŠria na revista Minasan, do Correio do Estado, de 18 de junho de 2006
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9.7 - Recortes do Correio do Estado
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9.8 - Pรกginas do livro Histรณria de Mato Grosso, de Rubens Mendonรงa
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9.9 - P谩ginas do livro Hist贸ria de Mato Grosso do Sul de Hildebrando Campestrini
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9.10 - Decupagem da entrevista de Edson Marcos Duran
Dados: Conhecido como "Paulista" e permissionário do Box do Paulista
Há quanto tempo veio trabalhar no mercadão?
20" - Eu estou há doze anos aqui.
Como você chegou aqui?
30" - É que minha esposa veio pra cá, por que ela é efetiva no estado, dá aula, é professora, e eu vim pra cá também.
E você é de onde?
38" - Sou paulista.
Você já era comerciante antes?
53" - Não era comerciante antes. Como eu vi que o mercadão tinha a ver com as coisas que eu mexia em São Paulo, da zona rural, aí eu vim aqui com essa ideia de montar o comércio desse tipo aqui. Café, amendoim, essas coisas...
O que vocês vendem?
1'10" - Café, amendoim... tem vinho, cachaça.
E o que mais vende?
1'23" - É o café torrado.
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Vocês são os únicos que vendem café torrado aqui?
1'41" - Não, tem mais gente que vende, né.. mas como nós ficamos conhecidos pela qualidade do café, nós fomos nos destacando e hoje é o que vende mais.
O que você acha do mercadão? Gosta de trabalhar aqui?
1'56" - É bom, né. Uma área no centro, passa muita gente. Cidade é grande, é bom.
Vende muito?
2'05" Vende bem (ele sorri).
Tá feliz de trabalhar aqui?
2'15 - Tô contente. Não volto mais pra São Paulo. É aqui mesmo (rs).
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9.11 - Decupagem da entrevista de Francisco Morel de Souza
Dados: 25 anos, funcionário da banca da Tereza e Box 27
Há quanto tempo que você trabalha aqui?
30" - Agora em novembro completou um ano que eu trabalho aqui já.
Você veio trabalhar aqui por qual motivo? Indicação...
40" Indicação, meu tio tinha uma banca aqui e me indicou pro senhor Nakamura e eu comecei a trabalhar aqui.
E como é o clima de trabalhar aqui no mercadão?
48" - É muito bom, cara. Você passa seu dia a dia aqui, vai convivendo com as pessoas. Conhece pessoas diferentes, Aqui você acaba tendo como sua segunda casa, você vai criando vínculos com as pessoas, com os clientes, com todo o pessoal do ambiente de trabalho. Acaba virando uma família.
O que você acha desse ambiente familiar?
1'20" - É você vai criando vínculos com as pessoas que passam aqui. Tem pessoas que vem todos os dias, são clientes, amigos, você acaba fazendo amizades. É até porque a gente passa mais tempo aqui do que em casa. Então você acaba criando um vínculo, um afeto especial com as pessoas que passam aqui.
Que horas você chega e que horas você vai embora?
1'37'' - Eu entro 7h30 e vou até às 6 e meia.
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O que você achava do mercadão antes de trabalhar aqui?
1'45 - Eu só vinha aqui pra comer pastel, comprar erva, passear, andar a toa. O que você fazia antes?
1'55 - Eu era padeiro e confeiteiro.
O que você acha que o mercadão representa pra Campo Grande?
2'10 - É um ponto turístico, que resgata raízes e tradições, costumes nossos, como a erva de tereré, farinha, chipa, que são as coisas que são típicas daqui. Remédios naturais, que o pessoal procura muito. Que o pessoal às vezes troca a medicina convencional pela medicina alternativa, que é a fitoterapia. Eu acho que é um ponto muito importante aqui em Campo Grande sim.
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9.12 - Decupagem da entrevista de Regina Santana
Dados: Corumbaense, cliente do Mercadão
50'' - Meu nome é Regina Santana, eu moro aqui em Campo Grande já há treze anos e há treze anos eu frequento o mercadão.
Porque você vem aqui?
1' - Eu acho que sempre tem produtos diferentes, que eu acho assim que é aquele produto mais natural. Eu venho comprar sempre alguma coisa e acho algo diferente, porque eu passo em todas as bancas pra verificar.
Você vem sem pressa?
1'18'' - Nunca venho com pressa, porque eu gosto de passar por todas as bancas, verificando o que tem de diferente de novidade, e sempre tem coisas diferentes aqui no mercado.
E o que você costuma comprar?
1'30 - Eu compro queijo, peixe, ervas, eu compro carnes, já comprei lingüiças, já comprei farinha.
E o que você veio fazer hoje aqui?
1'50'' - Hoje, especificamente, eu já ia esquecendo, eu vim pra comprar peixe, e acabei comprando queijo, aí depois que eu acabei lembrando que é o peixe que eu vim buscar e não o queijo. Mas foi uma coisa que eu vi, gostei, e pensei já vou levar o queijo. Aí já passei na banca de ervas, que eu lembrei que eu tenho ervas pra comprar e já fiz o pedido da erva.
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E qual a importância do mercado municipal pra Campo Grande?
2'20'' - É um lugar onde todas as pessoas podem vir, então independente de horário. É um mercado que tá aberto às 7 da manhã, diferente dos outros comércios, em que você tem que ficar esperando horário pra vir. E você pode vir a hora que quiser, desde segunda a sábado. Sábado pode ser um lugar que você pode passear. Você vem, come seu pastel, e você tem um lugar de lazer pra você e sua família.
E de onde você é?
3' - Sou corumbaense (rs).
Você acha que no mercadão está presente a cultura sul-mato-grossense?
3'06'' - Aqui está presente, aqui você encontra várias pessoas, de diversos lugares. Pessoas tanto do estado, como pessoas do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina. Então várias pessoas, que até visitam o estado, gostam de vir aqui no mercadão pra ver coisas diferentes. É um lugar turístico.
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9.13 - Decupagem da entrevista de Gleice Borges
Dados: Permissionária do Mercado Municipal
Há quanto tempo trabalha no mercadão e porque veio trabalhar no local
8'' - Bom, eu trabalho há seis anos no mercadão e eu vim indicada pela minha sogra, pra comprar uma banca aqui pra trabalhar para nós mesmos, né, para ter nossa empresa. Aí comecei com uma banca e depois comprei essas duas bancas a mais.
O que você vende aqui?
27'' - Vendo farinha, polvilho, polén, mel, ervas de tereré em geral, bombas de tereré, todos os utensílios de tereré. Farináceos, polén, mel, guaraná, tudo o que você imaginar (rs)... Coisa mais natural.
Porque começou a trabalhar com esse tipo de produto?
1' - Uma coisa leva a outra. Comecei com a erva ali, na banca e comecei a comprar as coisas. De início comecei com farinha e erva só. Depois a gente vai começando a ampliar o negócio.
Começando a comprar o resto das coisas. Aí começa o negócio, né rs.
Como foi o começo da vida de empresária?
1'30'' - Muito bom. No começo na verdade só paguei conta, por que eu fiz um empréstimo pra comprar. Até uns 3 anos, só conta. Depois que comecei a colocar funcionário, a ampliar o negócio, a começar a ter o lucro. Até você ter o lucro mesmo demora. Até estabelecer.
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Como é hoje?
1'57'' - Hoje é ótimo. Eu adoro o que eu faço. Eu gosto de trabalhar aqui, de ver pessoas. É o que eu gosto de fazer.
Como é trabalhar no mercadão?
2'08'' - Tem os prós, os contras e as pessoas boas. Tem que saber lidar, no começo eu não sabia lidar não, mas agora, com determinado tempo, você conhece as pessoas e sabe o que você pode fazer e o que não pode. O que você pode falar e o que não pode. Porque aqui é uma cooperativa, tem coisa que você precisa fingir de cego, mudo e surdo pra dar certo.
Quais eram as dificuldade no começo que você não sabia lidar?
2'40'' - Por que eu não sabia pesar um polvilho, eu não sabia como fazer as coisas, aí eu fui aprendendo.
Aprendeu sozinha ou recebeu ajuda?
2'49'' - Recebi ajuda da minha vizinha da frente, ela ajudou.... Ajuda, quando precisa ajuda. Vídeo 2
Você sente que o ambiente é familiar?
15'' - É bom, é igual eu te disse no começo, tem que saber lidar com as pessoas. Cada pessoa tem seu jeito e sua mania. Ainda mais aqui que tem as pessoas mais velhas, pessoas mais de idade, aí tem que saber manusear a história, senão não vai.
O que mudou nesses seis anos?
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40'' - Muita coisa. O telhado, o piso não tinha, iluminação melhorou... Tá melhor de trabalhar. Tá mais fresco aqui dentro, era um calor muito grande.
O que o mercadão representa pra cidade?
1'05'' - É um ponto turístico o mercadão. Vem inglês, vem bastante pessoas de fora. E isso ajuda na venda?
1'10'' - Ajuda bastante.
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9.14 - Decupagem da entrevista de Luzia Oliveira Rocha
Dados: Advogada e cliente do Mercado Municipal desde a infância
07'' - Meu nome é Luzia Oliveira Rocha, sou advogada.
Você nasceu onde?
13'' - Nasci aqui em Campo Grande mesmo.
Há quanto tempo freqüenta o mercadão?
17'' - Olha, eu freqüento o mercadão desde criança. É uma tradição de família freqüentar o mercadão.
E o que você vem buscar aqui?
25'' - Olha, é uma variedade de coisas que você encontra aqui, que é legal você vir e poder fazer vários tipos de compras. Desde um açougue, um cereal. Um café moído na hora. Até uma cesta básica pra você doar pra uma família, você encontra aqui.
Qual a diferença que você nos mercados municipais para outros maiores?
53'' - Eu acho que é esse contato que você tem, né? Assim, é mais intimista. Eu acho que o legal é isso.
Qual a importância pra Campo Grande?
1''10'' - Eu acho que é uma coisa histórica. É um lugar de encontros de família. Acho bem interessante por causa disso.
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9.15 – Decupagem da entrevista de Diego Almeida
Dados: Permissionário do Box Mundo dos Brinquedos
13'' - Meu nome é Diego Almeida, tenho 26 anos. Estamos no mercado municipal há dez anos, nesse segmento de brinquedos e presentes. O nome da nossa loja é Mundo dos Brinquedos. Quem começou a loja de brinquedos e de onde surgiu a idéia de montar uma loja de brinquedos no mercadão?
32'' - A loja de brinquedos começou com meu pai, viu que aqui não tinha esse segmento. É um segmento totalmente diferenciado aqui do mercado. Foge do pastel, do queijo, do doce, que é a tradição do mercado. Viu que como tinha um ponto na mão e que aqui o público alvo de crianças era muito grande, que vinhas com os pais, tios... ele achou legal montar uma coisa diferenciada e partiu para o brinquedo.
E há quanto tempo você está cuidando aqui da loja?
1'03'' - Aqui vai fazer 5 anos que eu estou aqui. Meu pai montou outra loja e há 5 anos eu tomo conta daqui.
Como foi passar a adolescência? Como é o clima do lugar?
1'21'' - Eu nasci no Mercadão, por que tirando a loja aqui, minha mãe já teve pastelaria aqui há 20... Bom, eu tenho 26 e desde que eu me conheço por gente, ela já tinha a pastelaria no mercadão. Então, eu nasci dentro do mercadão e cresci dentro do mercadão. Então eu vi muita coisa no mercadão, muita mudança. Muita gente que tava, que já se foi. Eu me criei aqui, então o convívio é bem tranqüilo. Com os permissionários, sempre tem um ou outro que dá azia, mas é normal em um ambiente de trabalho.
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E o que você acha que o mercadão representa pra Campo Grande e pro Estado?
1'55'' - As raízes, porque aqui no mercadão você encontra tudo o que você precisa, em questão de tempero, em questão de culinária em geral. A raiz mesmo de Campo Grande tá aqui no Mercadão.
Como o mercadão contribuiu pro seu caráter?
2'25'' - Contribuiu muito,por que como o mercadão é um comércio, um ambiente que atrai todo o tipo de público, do A ao Z. Aqui você tá sentado do lado de um pedreiro e ao mesmo tempo posso estar do lado de um delegado, de um juiz, de uma pessoa importante que seja. Então esse convívio com todas as classes sociais... acabei me tornando uma pessoa bem flexível a tudo. Não tenho discriminação com "ah por que você é isso, você é aquilo". E aprendi a lidar com as pessoas também, por que tem pessoas de determinada classe social que são mais ignorantes, outras são mais gente fina, mais tranqüila. Então devido a isso, a gente sabe colocar na balança, sabe diferenciar bem, sabe levar as pessoas. Isso contou muito pra gente aqui.
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9.16 - Decupagem da entrevista de Sérgio Costa de Oliveira
Dados: 58 anos, permissionário da banca Tabacaria do Serginho
Vídeo 1
Desde quando trabalha?
18'' - Eu trabalho aqui há 40 anos. Comecei como funcionário e depois de 10 anos adquiri a banca.
Como é trabalhar no mercadão?
36'' - O mercadão é um clima familiar. Aqui você se sente a vontade, e os fregueses é como se fossem amigos, se tornam amigos.
Fez muitos vínculos, conheceu muita gente?
55'' - Conheci gente de diversas categorias, de diversas profissões, é o contato direto com o cliente, isso é muito bom.
Nesses 40 anos, o que mudou no mercadão?
1'15'' - O mercadão mudou pra melhor, teve várias reformas, todas as reformas foram pra melhorar. Melhor para o cliente, para nós mesmos que trabalhamos aqui. Então o mercadão está sempre tendo melhorias.
Nesses 40 anos, tem alguma história pra contar?
1'44'' - Histórias tem várias, pessoas importantes que passaram por aqui. Artistas, políticos. Então sempre tem alguma coisa.
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E o que acha que o mercadão representa pra Campo Grande?
2'02'' - Ah, o mercadão é a história de Campo Grande. O mercadão é como se fosse assim um patrimônio histórico. Isso aqui virou um patrimônio histórico
História de como virou empresário.
2'47'' - Então, eu comecei a trabalhar aqui em 1972, e trabalhei dez anos de funcionário, e como meu ex patrão não se interessou mais, ele me deu preferência pra eu comprar a banca e facilitou... eu fui pagando, pagando e consegui adquirir a banca.
Por que trabalha com fumo?
3'32'' - É, além de surgir a oportunidade, eu comecei a gostar, comecei a me interessar pelo ramo e continuei.
Vídeo 2
Nome completo
Sérgio Costa de Oliveira, 58 anos, Tabacaria do Serginho.
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9. 17 - Decupagem da entrevista de Alice Joana Betoni
Dados: Trabalha no Mercado Municipal há 30 anos
Abre o vídeo rindo.
23'' - O meu nome é Alice Joana Betoni, tenho 68 anos.
Há quanto tempo está aqui?
43'' - Trabalho aqui há 30 anos.
Como começou aqui no mercadão?
53'' - Os meninos começaram pequenos, aí quando eles iriam servir a base, aí foi o primeiro, e quando foi o segundo, o pequeno não conseguia tomar conta sozinho, aí eu vim pra ajudar e tô aqui até hoje.
Como é o clima do mercadão?
1'18'' - Ah, eu acho aqui uma grande família, a gente se dá com os vizinhos muito bem, a gente pega amizade com quem tem chácara, fazenda, pessoa que vem de fora. Uma coisa muito gostosa.
Relação com os clientes.
1'36'' - Então, os clientes vinha, as vezes com as crianças pequenas, aí com as crianças grande, depois os netos. Então, a gente acompanhou a vida das pessoas.
Conhece gente há muito tempo?
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1'50'' – Sim, sim. Aí eles vêm trazem queijo, a gente troca. Ovos caipira, galinha, troca com farinha, com erva, com alho. Às vezes a gente faz umas trocas. É bom, bom pra caramba. E o que acha da importância do mercadão pra Campo Grande?
2'13'' - Ah, eu acho muito bom, por que shoppings têm muitos. Mercadão só tem esse. Nós não temos concorrentes (rs).
2'42'' - Os filhos que me trouxeram. Os filhos vieram, com quatro anos que os filhos estavam aqui eu vim.
Hoje em dia é aposentada, vem ainda por quê?
2'56'' - Ah, em primeiro lugar, por que a aposentadoria é pequena, é um salário mínimo. A gente precisa de mais pra poder (viver). E segundo, porque eu gosto mesmo de vir, a gente tem uma amizade bem gostosa aqui dentro.
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9.18 - Decupagem da entrevista de Marcelo Kinoshita
15'' - Marcelo Kinoshita, tenho 35 anos e sou proprietário da banca pimenta pantaneira. A gente sempre mexeu com feira, meus pais, sempre trabalhei na feira com eles. Aí surgiu uma oportunidade da gente adquirir uma banca aqui no mercadão. Isso há 22 anos atrás. Daí paramos de mexer com feira, começamos a trabalhar aqui no mercado, e desde então estamos aqui.
E vocês trabalhavam com feira onde?
58'' - Fazia feira em todo lugar, aqui no Estado mesmo, aqui em Campo Grande. Daí largamos mão da feira e começamos a trabalhar aqui no mercadão.
História dos pais.
1'15'' - Meu pai veio do Japão há uns 85 anos atrás, ele é imigrante, fugindo da guerra, daí ele desembarcou em Santos e veio tentar a vida aqui no Mato Grosso do Sul. Aí conheceu minha mãe, eu nasci, meus irmãos (rs)...
Porque resolveu assumir os negócios da família?
1'43'' - Fui pro Japão, voltei, fui de novo, voltei, e como minha mãe já estava com a intenção de se aposentar, daí ela falou "ó, a oportunidade é essa, se você quiser, você assume”.
E o que te fez ficar?
2' - Ah, fui criado aqui no mercadão, né? 20 e poucos anos.
O que o mercadão te representa?
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2'06'' - Tudo. Tiramos tudo daqui de dentro. Tanto meus pais, que estão estáveis financeiramente, estão estáveis, então saiu tudo daqui. Criou todos os filhos daqui de dentro.
E como é trabalhar aqui? Você gosta?
2'25'' - Eu gosto. O clima é só de amizade. Na verdade já faz parte da família, porque a gente vive 12 horas por dia aqui dentro né. Então, já é uma família, na verdade.
E como é tua rotina aqui dentro?
2'45'' É rotina mesmo, todos os dias. Eu levanto 4h30 da manhã e vou até às 6h30 da tarde aqui. E todos os dias é praticamente a mesma coisa.
O que vocês vendem?
2'58'' - A gente vende verdura, pimenta e eu tenho uma banca de cachaça também. São quatro bancas que a gente tem.
E tem alguma coisa que vocês produzem?
3'08'' - Na verdade aqui é tudo produção nossa. Algumas coisas que não, né. Só o pequi, que vem de fora. O resto tudo é produzido pela gente. Tanto a pimenta quanto algumas cachaças que a gente produz.
E sempre foi produção de vocês?
3'22'' - Não, vem da minha mãe. Minha mãe produzia, mas não nessa escala. Tipo assim, em grande quantidade. Daí, a gente foi aperfeiçoando e agora a produção total é nossa.
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Como é a produção de cachaça?
3'40'' - Então, cachaça a gente vende algumas que são mais tradicionais de minas, tem umas do nordeste. E a gente faz algumas misturas com frutas típicas aqui da região. Pequi, guavira, jabuticaba, pitanga, carambola, goiaba.
Quantas pessoas você emprega?
4' - No momento só uma. Só que eu já tive até três funcionários aqui.
Qual a importância do Mercado Municipal pra cidade?
4'18'' - Então, faz parte do patrimônio histórico. Porque o mercado já tem 54 anos, então faz parte da história de Campo Grande, né? Tanto que roteiro turístico, a maioria das pessoas que vem pra Campo Grande quer conhecer o mercadão.
O que a cultura nipônica influencia pro local.
4'58'' - Então, agora, atualmente, tem poucos descendentes de japoneses aqui, né? Antigamente era mais, por que o japonês sempre teve essa tradição de cultivar as verduras e vender. Então a maioria dos antigos que trabalhavam aqui produzia sua própria verdura e vendia. Então essa tradição do japonês está mais ligada a verdura. E como aqui no mercadão, antigamente, tinha mais bancas de verduras, do que de outros produtos, tinha mais concentração de japonês.
Você acha que a cultura tá se perdendo?
5'42'' - No mercadão está se perdendo, porque você pode notar aí, tem pouquíssimo japonês.
Relação com clientes
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6' - Vish, clientes aqui que ... Essa senhora mesmo que tava aqui, ela tem mais de ... acho que desde a época que a gente chegou aqui, há uns 20 e poucos anos atrás que ela é cliente nossa. Tem vários assim. Então a relação é como se fosse de uma amizade já, né? Não chega nem a ser cliente mais. Tá mais pra amigo do que pra cliente RS
Já conheceu muita gente diferente?
6'25'' - Sim, direto vem turista de fora. Italiano, espanhol, o próprio japonês, paraguaio, boliviano, então a gente conhece bastante gente de fora aqui.
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9.19 - Decupagem da entrevista de Zenaide Souto
Dados: Cliente e visita todos os dias o Mercado Municipal
Vídeo 1
01'' - Eu já levanto e vejo o mercadão na minha frente.
Vídeo 2
Por que vem no mercadão?
21'' - É meu lugar preferido. Eu amo aqui.
O que você compra aqui?
27'' - A primeira coisa, essas coisas (mostra amendoim). Aí depois (mostra remédio pra emagrecer) pra deixar a gente bem bonitinha.
Vídeo 3
Qual a importância do mercado municipal pra Campo Grande?
06'' - Eu acho que é um lugar importantíssimo pras pessoas que entendem o que é o mercado. Por que pra mim, é uma coisa maravilhosa.
E a senhora fez amigos aqui?
24'' - Muitos. Muitos amigos. Amigos maravilhosos. Amigas. Então, é um lugar que eu não deixo por nada.
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Sobre os filhos.
53'' - Então, foi assim, quando eu criei todos. Eles são 5 da minha irmã. Ela faleceu, eu peguei pra criar. Aí tive 5 filhos. 10 filhos. 12 netos e 5 bisnetos. E tô aqui, menininha moça.
Sobre mercadão de Araçatuba.
1'24'' - Acabou. Não existe mercadão lá. Então a cidade ficou falida. Com tantas pessoas importantes. Inclusive meus parentes, que são advogados, juízes. Então uma coisa horrível. Onde era o mercado, aquelas parreiras bonitas, se acabou tudo. Tá assim, as paredes caindo. Tá horrível lá.
O que seria de você sem o mercadão.
2'17'' - Eu seria uma folha seca que o vento bateu e levou, pra cá, pra lá; É a coisa mais linda. São umas pessoas cortezas, umas pessoas maravilhosas. Lindo. Eu adoro todo, pra mim não tem diferença. São maravilhosos, educados. Tem pessoas que reclamam. Por que razão eu não sei. E as pessoas que freqüentam assim como eu, amam. São uns maravilhosos. E tem tudo o que a gente quer. Tudo. Não falta nada.
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9.20 - Decupagem da entrevista de Hiroshi Utinoi
Dados: Trabalha no Mercado Municipal há 38 anos
Vídeo 1
Hiroshi Utinoi
48'' - Eu trabalho aqui há 38 anos. 38 anos que eu trabalho aqui.
Como o senhor chegou aqui?
1'04'' - Eu comecei a trabalhar nessa banca aqui ó. Vendia verdura. Nessa banca 9. Eu vim do Estado do Paraná. Comprei essa banca e to trabalhando aqui até hoje.
Já vendia esse tipo de produto no Paraná? O que fazia? 1'25'' – Não, não, eu vendia verdura aqui do Mato Grosso.
Lá no Paraná?
1'29'' - Não, aqui . Lá eu tocava lavoura. Lá dá muita geada, queimou meu café tudo. Eu aborreci, vendi meu sítio tudo. Mudei pra cá, e a primeira banca que instalei era essa aqui. Banca nove. E por que veio para o MS?
1'55'' - Eu achei que aqui era bom. Uma alternativa porque isso aqui ia dividir o estado. Então campo grande eu achei que era uma cidade que iria crescer. e tinha muito futuro. Antes de vender o sítio lá, eu pensei mais de 50 vezes em ir pra Curitiba, São Paulo. O lugar que achei melhor foi aqui.
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E deu certo?
2'30 - Deu certo. Graças a Deus. Tô Feliz aqui em Campo Grande.
E como é a rotina aqui no mercadão?
2'40'' - Rotina aqui é a seguinte: eu levanto 5 e meia da manhã e vou embora 6 horas da tarde. E eu acho bom aqui por que você convive com a pessoa, sabe? Às vezes você passa nervoso com uma pessoa, com um freguês, mas o dia a dia você constrói pessoas diferentes, você constrói amizades. E isso que é importante na gente. Às vezes pessoas que você nunca viu, fica conhecendo. Então isso na vida é tudo importante.
Você vê seus clientes como amigos?
3'25'' - É como amigos. Meu cliente não é só cliente não. São meus amigos. Porque você faz amizades. Tem cliente velho aqui que desde que eu to aqui, me acompanha. Vem aqui e se não encontrar com Hiroshi, nem compra, vai embora. Aí no outro dia volta e vai me procurar. Então isso é muito importante na vida, né. Quer dizer consideração, né? Se a pessoa na vida não tem consideração, não tem amizade, não vale a pena. O mercadão é mais que só trabalho?
4' - É, eu hoje podia até parar com esse comércio, por que eu sou estabilizado. Sou aposentado há mais de 10 anos e continuo trabalhando não por tanta necessidade, por que hoje eu sou viúvo. Tá com três anos que minha mulher faleceu, então eu não tenho precisão de vir aqui trabalhar, mas eu faço questão de vir. Primeira coisa que eu faço na minha vida, abro a banca é olhar notícias. Se alguém vem me procurar... Eu já sei o que tá passando no Brasil, no estrangeiro. Primeira coisa, vou ali na banca do jornal, compro o jornal... Você viu ali que eu tava lendo o jornal. Então, eu venho aqui mais pra
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passar o dia, por que necessidade já não tenho. Meus filhos estão todos criados, netos grandes. Venho pra passar o dia, né. Ficar em casa sozinho é difícil, fica mais solitário.
O que o senhor vende?
5'22'' - Eu vendo de tudo. O que você tá vendo aí, produto, farinha, mel, erva, produtos medicinais. Vendo de tudo.
Como o senhor consegue os produtos?
5'35'' - A maior parte compra aqui mesmo. O fornecedor entrega aqui. E outra parte vem de Goiás, faço compra, vem de dourados. É isso, aí, eles entregam aqui. Você faz o pedido e eles entregam.
O senhor viaja?
5'56 - Não, não. Produto traz aqui. Vem fornecedor, pergunta: o que você quer: aí eu digo quero isso, quero aquilo. E com dez, quinze dias, o produto tá aqui.
É mais ou menos assim em todas as bancas?
6'13'' - É assim em todas as bancas, igual.
Você tá aqui há mais de 30 anos. O que mudou no mercadão?
6'20 - Ah mudou muita coisa. Isso aqui não tem nem comparação. Quando eu mudei, ó 38 anos de convivência dentro de um mercado... Não era muito fácil não. Isso aqui era a coisa mais precária. Bom, as coisas vão passando. Naquela época, achava que tudo era bom, né? E tudo, com o tempo, vai evoluindo. Tá entendendo? Com a evolução, vai ficando mais, como se diz, sofisticado. 25 anos atrás, nosso banheiro era do lado de fora. Tá entendendo? Se você quisesse ir no banheiro, precisava tomar chuva nas
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costas e ir. Se você tava apertado, era obrigado a ir correndo. E outra, aquele banheiro do lado de fora, era coisa mais precária, era dia e noite mendigo. Você tinha que misturar com tudo, por que era banheiro público. Então lá não tinha porta. A noite, os mendigos entravam lá e faziam a maior sujeira. E você obrigado a conviver com aquilo, porque não tinha outro meio pra você, necessidades. Então mudou. Agora, mudaram o banheiro pra cá. Esse banheiro tá com uns dez anos, mais ou menos. Mas já tá mudando o tipo do banheiro ali. Tem pra cadeirante. É tudo. E aumentou mais. E vai fazer tudo tipo moderno.
Então há dez anos atrás, banheiro era lá fora?
8'13'' - É, dez anos atrás era banheiro lá fora. Pouco tempo mesmo. Pouco tempo que esse banheiro existiu. E já está desmanchando pra fazer outro.
Por que o mercado é importante pra Campo Grande? 8'34’’ - Ah, isso é bom. Por que o mercadão... Pessoa de fora, quem mora no Parará, São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, primeira coisa quer conhecer o mercadão, né? Então como diz, o povo de domingo, sábado, vem todo mundo aqui ... quer dizer que aqui é à vontade. Você compra alguma coisa, compra do outro, se não achar que é bom, vai em outra banca, escolhe. Então é uma comunidade que todo mundo gosta. E outra, né, o turista, primeira coisa quer conhecer o mercadão de Campo Grande. Isso aqui 15 anos atrás fazia nojo, dava até vergonha. Essas bancas não eram de metal, eram de pau. E esse piso era cheio de buraco, pessoa até trupicava aí, por que era feito de cimento e o cimento vai descascando ... vai abaixando e não tinha manutenção porque era por conta da prefeitura. Tá entendendo? Aí nós criamos a Associmec, que é a associação dos mercadistas. Então melhorou um pouco por que ... primeiro a prefeitura recebia um aluguel irrisório, muito mixaria. Uma banca dessas aqui pagava 2 reais. Acha que tem condições da prefeitura manter? Dava era prejuízo pra prefeitura. Então o prefeito não fazia nada. Se quebrava uma porta aí, nós precisávamos fazer vaquinha pra consertar a porta. Por que a prefeitura não vinha e a porta tava
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arrebentada... E ai a gente fazia vaquinha, mandava serralheiro vir soldar e fazer. Aí com 25 anos pra cá, nós criamos a Associmec, a Associação dos Mercadistas. Então, melhorou, só que paga mais aluguel, por que senão como vai ter manutenção? Não é só: eu paguei aluguel e isso... tem que ter uma pessoa pra limpar o banheiro, tem papel. Tudo é consumo, né? Água gasta bastante. Aqui, energia não tinha. Ahl, eu convivia aqui, ó, 38 anos, vocês eram molecão aí, ó, não tem nem 20 anos, sei lá. E eu, 38 anos convivia aqui e hoje to com 79 anos e tô trabalhando e eu acho ... tenho muito orgulho. 11'50 – É, meus pais é japonês.
Influencia japonesa no mercadão
12'07'' - Ah contribui, sinceramente. Você olha aí ó (mostra a placa), eu fui homenageado. Olha aí ó, colônia japonesa aí ó. Não teve um japonês aqui que apresentasse o mercadão. Então o vereador Siufi me chamou, convidou. Pode olhar aí ó. Ganhei troféu...
Video 2
03'' - Esse telhado nosso aqui em cima era de hermetite. Hermetite você sabe. Quando esquenta, esquenta. Quando esfria, esfria. E dia de chuva, pingava pra todo lado. Nas bancas, molhava as mercadorias. Isso tá com o que? Essa reforma aqui, acho que tá com um ano, mais ou menos. Isso faz parte - eu não sou de partido nenhum - mas esse nós agradecemos o senador Delcídio Amaral, foi ele que conseguiu verba pra nós. E tá terminando aí por intermédio dele. Não teve governador, não teve prefeito que investisse um centavo aqui. Você tá vendo hoje ó, tudo clareando ó, não precisa gastar luz. Antes era hermetite, agora é zinco ó, e tem camada de espuma e outra hermetite pra segurar o calor. Então, olha assim e fala não é nada, mas vai tirar do seu bolso. Vai milhões, não é negócio de mil reais, cem mil reais. Aqui tem uma verba de quase um milhão, um milhão! Se não ultrapassar mais. Ah, vai um trocar um telhado tudo isso aí,
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quantos mil você acha que vai? Cem mil? Faz coisa nenhuma. E a mão de obra? E o material. E esse piso aqui é mármore, não é mais piso de cimento. Isso aqui nunca acaba, vai pro resto da vida.
História.
2' - Esse é que eu vim do Paraná. É minha história de que eu vim de lá ó. Pode ler aí. Quando veio, veio com a esposa?
2'16'' - Não, vim com a família toda. Eu vendi meu sítio lá no Paraná, vim embora, comprei um terreno, fiz uma casa aí e vim embora. Não tô arrependido. Tô muito feliz aqui, muito feliz. Seus filhos moram aqui?
3'30 - Moram tudo aqui, filho, filha, neto, tudo! Então onde você planta, enraíza, aí você tá colhendo frutos. Isso é a melhor coisa da vida... acho que Deus ajuda muito, pessoa sem religião, sem deus , não é nada na vida.
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9.21 - Decupagem da entrevista de Cleuber Linares
Dados: Vice-presidente da Associmec e permissionário da Peixaria do Mercadão
Vídeo 1
02'' - A diferença talvez de outras associações, de outros órgãos públicos, como o camelódromo, a feira, talvez é a diferença nossa. Lá no camelódromo, o presidente é assalariado, não sou contra, mas é políticas deles. A nossa política é não ser assalariado. Então essa foi uma condição que eu fiz até numa mudança do estatuto que eu fiz, que é terminantemente proibido qualquer benefício, seja pra presidente, vice ou qualquer diretor. Tem que ser voluntário mesmo, por que aí o cara vai entrar se ele quiser realmente se dedicar aquilo lá. Enquanto se a gente coloca um salário, perde o foco. A pessoa vai querer entrar pelo salário, não é nem pensando em defender a causa. Não quer dizer que em todo o lugar é assim, mas nós já previmos para que isso não acontecesse.
Vídeo 2
10'' - Meu nome é Cleuber Linares, sou proprietário da peixaria do mercado, e eu estou no mercadão há aproximadamente 37 anos. Na verdade, eu a 36, por que quando meu pai abriu a peixaria eu tinha 5 anos de idade. Então é 37, que eu já estou com 42. Então praticamente a gente cresceu ali no mercadão, minha infância toda foi passada ali no mercadão. Então a gente sabe, conhece o mercadão, conhece a alma do mercadão. A peixaria do mercado começou ali em um box pequeno, de aproximadamente 4x4, e ela foi aumentando conforme a necessidade do mercado e também devido ao trabalho que a gente fez, que teve uma boa aceitação. E hoje a peixaria continua lá, firme e forte, e a maior peixaria de Campo Grande, a maior do Estado. Muito conhecida. E originou de lá a indústria, que é a empresa Linares Pescados, que fica aqui, onde é o meu escritório, que fica aqui no Jardim América, onde a gente processa mais de 100 espécies diferentes, onde a gente distribui pra
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mercados, restaurantes, buffets, lanchonetes. E todo o produto que é comercializado lá no mercado, passa aqui pela indústria, onde é processado, com controle de qualidade, passou por inspeção de veterinário, nutricionista. Então quando ele chega lá no mercadão, ele já tá pronto pra ser comercializado. Antigamente, ele era processado totalmente no mercadão, hoje não, hoje ele é processado apenas na indústria e vai lá pra venda.
Por que mantém a peixaria no mercadão?
2' - É o que eu falei, nossa relação com o mercadão... O mercadão é nossa alma né, a gente não consegue se desvencilhar dali de jeito nenhum. Lógico, a gente tem uma expressão de venda muito boa lá no varejo, então por isso que a gente não sai dali. Então, hoje, talvez eu não dedique 100% do nosso tempo lá no mercadão, por que a gente tem, além do mercadão, outras atividades, que é a atividade no atacado, que no caso é a Linares e temos uma fazenda de produção de peixe. Então, a gente não consegue estar 100% do tempo lá, mas todo dia cedo, eu passo lá. O café da manhã é lá no mercadão. Isso é hábito não tem jeito. Então eu passo lá no mercadão cedo, eu passo pela peixaria, organiza, dá alguma instrução pro funcionário. Fim de semana, a gente sempre está por lá, ou está eu, ou está alguns de meus irmãos, por que meu pai hoje já está falecido. Então sou eu e meus irmãos que administramos tudo. Então assim, a gente não consegue se desvincular do mercadão, de jeito nenhum. Aquilo ali é apaixonante, aquilo ali é a nossa vida. A gente respira o mercadão, dia, tarde e noite.
Como ele moldou seu caráter
3'16'' - O mercadão é uma faculdade, a faculdade da vida. Então a gente cresceu junto com... Hoje a gente até conversa, a gente comenta muito. Hoje tem o Ronald, que é o atual presidente, que também era criança na época, filho da Anésia. Eu, criança. Hoje tem o pessoal do Box do gordinho, que é o Cezar. Então, que dizer, nós crescemos ali, fomos educados ali. Então a gente conhece assim... Até recentemente foi feito uma matéria lá com a gente, recentemente não, no aniversário de 50 anos do mercadão e
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aquelas pessoas que às vezes davam bronca na gente ali no mercadão, por que a gente corria, fazia arte, era criança danada mesmo. Hoje ... Quando foi feita a matéria, pessoal entrevistando essa senhora e eu e ela falando: “poxa vida, tanto que eu puxei a orelha dele, por que fazia bagunça, hoje
ele é o nosso chefe, o presidente da
associação”. Não quer dizer que eu sou chefe, eu representava a associação. Então isso aí pra gente é muito grato , é legal. A gente sabia, nós crescemos aí, fazemos parte daquilo ali, fomos educados ali... e o nosso caráter, a nossa seriedade, nosso respeito com o consumidor, a confiança que o consumidor adquiriu com a gente foi tudo com os ensinamentos que a gente adquiriu ali. No meu caso, vendendo peixe.
Por que assumiu a área administrativa e como foi o mandato de presidente.
4'38'' - O meu pai, o Manuel Linares, foi um dos presidentes ali, foi um dos fundadores junto com o Audomir, o fundador da associação, que foi o primeiro presidente. O Audomir é do box do gordinho, o famoso gordinho. Então o gordinho foi o primeiro presidente da associação, a Associmec, e logo em seguida veio o meu pai, e quando ele faleceu, meu pai era o vice e assumiu. E eu sempre tive junto com o meu pai nessa parte administrativa, eu não fazia parte da diretoria, mas estava sempre ali junto, no meio. Se tivesse reunião, eu participava, ajudava de alguma forma. Eu era muito mais novo, é claro. Então, quer dizer, tinha reunião da diretoria e por mais que eu não fosse (parte) eu tava lá no meio. Tava ali olhando, aprendendo, andando com ele nos órgãos públicos, prefeitura, secretaria. Então eu fui pegando afinidade com isso. Quando ele faleceu, no ano de 2002. O pessoal, que na época era o Cezar, que é filho do gordinho, que fundou, ele era o vice do meu pai. Ele assumiu a presidência da associação e me convidou pra participar da diretoria. E como se abriu uma vaga na diretoria com a saída do meu pai, eu fui convidado pra realmente ser um diretor da Associmec. Com seis meses de falecimento do pai, teve eleição. Aí o Cezar chegou em mim e me convidou pra ser presidente, disse: “Cleuber, lança uma chapa como candidato”, e eu falei: “não, eu sou muito novo ainda pra ser presidente. Eu acho que é o seguinte, eu quero colaborar com a diretoria, mas você que tá ha mais tempo na diretoria, você vai pra presidente e eu vou de vice. Eu vou estar junto com você, eu quero participar desse
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processo de evolução, dessa transformação que aconteceu no mercadão”. Tudo bem, aí teve a eleição, a chapa ganhou com número expressivo de votos, e ele teve um desgaste com quinze, vinte dias depois de eleito. Ele teve um desgaste muito grande lá dentro do mercado, que eu prefiro não comentar, e ele renunciou, e eu era o vice. E eu sendo o vice, não tive jeito, tive que assumir. E eu sei que daquela data, em 2002 isso, eu fui até 2010. Por 8 anos, eu fui presidente. E a gente conseguiu muitas melhoras no mercado, conseguimos climatizar o mercado. Conseguimos mudar todas as bancas, conseguimos a primeira revitalização do estacionamento, quando foi tirada a linha férrea. A gente conseguiu - naquela época o prefeito era o André - ganhar o espaço ali debaixo todinho, o que praticamente dobrou o espaço do estacionamento. Além de outras conquistas, né. Mas a grande transformação do mercado, recapitulando no tempo, ela se originou lá nos anos 1997, 96, quando o Audomir ainda era presidente e meu pai era vice. O Audomir só pra lembrar foi quem fundou a associação, que era do gordinho. Onde a administração do mercado, que antes era feita apenas pela prefeitura - o prefeito, quando o André assumiu chamou a associação e ofereceu para que nós passássemos a administrar o mercado. Foi feito um convênio entre a prefeitura e a associação, onde a associação passou a administrar o mercado. Então a taxa que os associados recolhiam para a prefeitura passou a ser direcionada para a associação. Então, com isso a gente não quer dizer que com a prefeitura era mal administrado ... só que com a prefeitura tinha toda aquela burocracia, com a gente não, nós passávamos a investir conforme a necessidade. Então as coisas aconteciam mais rápidas, aí que o mercadão realmente passou a se transformar. Se vocês verem as fotos, o que era o mercado antes e o que é hoje, porque a associação tá em cima. Deu um problema, deu um vazamento, a associação vai lá e resolve. Quando era na prefeitura, é lógico, existe critérios, demora. Então era um pouco mais lente o processo, um pouco mais complicado.
O que o mercadão representa pra Campo Grande?
9' - Ah o mercadão faz parte da história de Campo Grande, né? Imagina Campo Grande sem o mercadão? Não tem como! O mercadão, hoje a gente vê pessoas que
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simplesmente vão no mercadão pra dar uma passeada. Às vezes não vão nem pra comprar. Vão lá no domingo pra dar uma volta. Às vezes nem vai comer um pastel, vai lá dar uma volta com as crianças e conversa com um, conversa com outro. Hoje, o que eu costumo falar, tem pessoas que cresceram no mercadão... Meu pai que era proprietário da peixaria e eu era criança brincando no mercadão, como eu falei, e vinha clientes comprar com crianças também, com seus filhos e a gente fica ali brincando e às vezes estudava junto. Hoje eu to na frente da peixaria administrando e esses que eram crianças às vezes vão lá comprar peixe. Entendeu? Então você vê a importância do mercadão. Da mesma forma que nós comerciantes crescemos ali, os clientes também cresceram, participaram desse processo. Então ele é extremamente importante para a história do mercadão. Ele precisa do que? Precisa de melhoras. O mercadão é o que eu costumo falar sempre, desde que eu era presidente, o mercadão foi projetado, isso é muito importante de frisar, o mercadão foi projetado quando Campo Grande tinha 130 mil habitantes. Hoje Campo Grande tá batendo na porta de um milhão e o mercadão é o mesmo, o mesmo tamanho, ele não evoluiu. Não sei se vocês sentiram alguma dificuldade lá, principalmente no domingo, as pastelarias são uma loucura. Nós temos 4 pastelarias pra atender toda aquela demanda. Então 130 mil habitantes há 57, 58 anos atrás. Hoje nós estamos batendo em um milhão, então realmente ... Um dos nossos maiores sonhos é essa praça de alimentação, que já foi prometida muitos anos atrás em outras gestões e até agora não aconteceu, e ela é uma realidade. Ela precisa acontecer, como aconteceu no mercado de São Paulo, no mercado de Curitiba, que passou por uma reestruturação maravilhosa e é um dos mercados modelo hoje. O nosso mercadão também precisa passar por isso. Ganhamos sim, agradecemos ao poder público, ganhamos o piso, ganhamos o novo telhado, estamos ganhando os novos sanitários, não sei se vocês observaram que está sendo reformado agora. Mas nós precisamos mais, precisamos principalmente dessa praça de alimentação, pra com isso a gente conseguir resgatar até um pouco mais da história do nosso estado, colocando no mercadão um restaurante com produtos aqui do estado. Coisa que não tem.Hoje você chega no mercado de Florianópolis e você chega num restaurante que tem peixe. Imagina aqui no mercadão a gente chegar (a ter) um restaurante especializado em comida pantaneira. Imagina o que não iria atrair de turista. Todo o
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turista que vem pra cá iria querer ir pro mercadão. É isso o que nós precisamos. Não precisamos só de pastelaria. Precisamos de mais ... estar somando, nossa área de alimentação precisa estar sendo somada, com uma chopperia, pra um happy hour no fim da tarde, com comidas típicas, petiscos aqui da região é isso o que a gente precisa.
Vídeo 3
01' - Há 57, 58 anos atrás, o mercadão vinha do começo da praça, até o final ali da 15, onde hoje é a peixaria. Aquela área ali todinha foi doada para o mercado municipal. Aí a prefeitura construiu a praça, aquele pedaço da sete de setembro que hoje tem ali, de quem pega a via morena, ou sobe a 26 de agosto ou sobe a rua 7 de setembro. Aquele pedaço ali não existia. Aquele pedaço ali a praça era toda fechada. Aquele pedaço ali era somente retorno pra quem entrava no mercado e queria sair para a 7 e ir embora. Com a chegada da via morena, ali foi aberto mais uma via, onde só sobe a 26 de agosto e a 7 de setembro. A nossa sugestão foi, aquela via, resgatarmos ela, que ela é da área do mercado e naquele espaço construirmos uma praça de alimentação pra conjugar com a praça e com isso nós termos uma aproximação com os índios também. O pessoal fala, vocês querem tirar os índios? Em hipótese nenhuma, o índio é extremamente necessário para o mercadão. Nós temos que conviver, como é com o camelódromo hoje. Aquela área a gente fala que é um shopping da alimentação e camelódromo é um shopping de presentes. Então o nosso projeto era ali no pedaço da 7 de setembro construir uma área nova, nos moldes do mercado. Não perdendo a característica do mercado, a arquitetura do mercado, que é uma coisa que hoje vem gente de fora estudar isso, que aqueles arcos são todos em madeira. Nós queremos manter aquilo, manter a mesma cara do mercadão, não é uma praça de alimentação a nível de shopping. Não, nós não queremos isso. É lógico, oferecer um conforto para o cliente, de repente um ar condicionado. Um sanitário próximo da praça. O sanitário hoje tá do outro lado. Então isso é extremamente necessário para o mercadão, pra aí sim ele poder receber os turistas, receber o campo-grandense com maior conforto e estar oferecendo toda essa variedade, principalmente na área de alimentação.
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Sobre espaço de convivência de funcionário.
2'17'' - Nessa área, nesse projeto nosso de expansão da área da alimentação, ele seria dois andares. Então nós pensamos justamente nessa área para os funcionários. Nós pensamos num mini auditório, pra gente estar ministrando cursos aos funcionários novos. A gente pensou até em estar colocando uma agência do correio, que não tem no mercadão, uma agência de atendimento da prefeitura, pra IPTU. Então, quer dizer, não iria ser somente alimentação, que iria estar somando... Principalmente essa área que ele falou pros funcionários. Nosso funcionário hoje ele sai pra almoçar, ele almoça ali pelo mercado e ele não nem onde sentar. Tem que ficar de pé, sentar na escada, no meio fio, por que não tem lugar pra ele estar descansando, ele estar aproveitando aquele horário dele de almoço. Realmente esse espaço é totalmente necessário. A nossa praça está abandonada. O funcionário hoje não tem como sair de lá e falar “ah, por que ele não vai na praça”. Não vai, por que lá é ponto de dormida de mendigo, de andarilhos. Então, quer dizer, é complicado. E na nossa proposta, com a chegada dessa praça (de alimentação), se isso viesse a ocorrer, nós assumíamos até a conservação da praça, com a proposta até de cercar ela, pra quando fechar o mercado, nós fecharmos a praça também. Quer dizer, pra não ter o risco também de estar entrando mendigos, andarilhos e tudo o mais. Por que quando se mudou a rodoviária,aquele povo ali, que andava ali e já era um pedaço mal visto da cidade, muitos migraram ali pra região do mercadão, e nós temos muita dificuldade em conseguir controlar isso, por isso nós temos nossa segurança própria, que é treinada a estar convidando o pessoal a sair. E é complicado, tem que ser de uma forma muito complicada, você tem que ser... não pode bater, em hipótese nenhuma, mas chegou uma pessoa, a gente dá um jeito de ligar para o SAS, vir e recolher, mas é complicado, sai um que você consegue encaminhar para o SAS e aparece dois, três. Isso aí, naquela região realmente a gente tem que tomar muito cuidado.
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9.22 -Decupagem da entrevista de Jefferson da Silva Santos
Dados: Funcionário da banca do Daniel
0'16'' Meu nome é Jefferson da Silva Santos. Eu moro em Campo Grande, Mato Grosso do Sul. Tenho 32 anos.
Desde quando você trabalha aqui?
0'27'' Desde 2003, mais ou menos.
Você gosta de trabalhar aqui?
0'48'' Gosto!
Sobre como começou a trabalhar no Mercado Municipal
0'52'' Eu comecei a trabalhar aqui através de amizades. Tinha amizade com os rapazes, que o pai deles que tinha banca aqui, comecei a freqüentar a área de serviço deles e fui pegando gosto. O que comercializam na banca?
01'08'' Farinhas, feijão, é... grãos, remédios naturais, ervas, rações pra animal.
Variedade de feijão
01'22'' Aqui eu tenho mais de 15 qualidades de feijão. Tipo, tem aqui o carioca que é aquele comum, tradicional, que a gente come. O carioca e o preto, né? Aí vem os feijões manteiga que são manteigão, o bolinha, o vermelho, o carnaval, muito conhecido como jalo rajado também, o roxinho mineiro que lá em Minas é muito consumido. E vem o feijão branco que é o tradicional da dobradinha, né? Aí tem as
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favas que é comida nordestina, que é feito farofa, salada. Se você comer uma carninha seca fica bom, vamos parar que eu to ficando com fome. Tem grão de bico também que é pra salada. O feijão andu é muito tradicional aqui pra nós aqui, do Mato Grosso do Sul mesmo. Ele era muito produzido aqui. Como foi passando o tempo e o povo foi ficando mais desleixado para o plantio, ele sumiu também da praça, que é muito difícil encontrar.
Sobre a procura dos produtos:
2'19'' Grande. A procura é muito grande. Esses feijões manteiga mesmo para o plantio, ele é muito procurado. Mais pra plantio do que pra consumo.
A pessoa compra o feijão pra plantar?
2'28'' Sim. A maioria dos clientes é pra plantar. Pra tirar semente. Porque esse daqui tá virando em extinção esses feijões. Tem um tal de manteiguinha, que ele é irmao do manteigão, que ele é igual esse daqui. Só que ele já você não encontra ele. É difícil encontrar. Quando aparece, as pessoas querem pra fazer semente né? Aí compra planta, replanta e assim vai indo.
Há quanto tempo há banca existe e funciona no Mercadão:
03'03'' Aqui, ela tem em torno, se eu não me engano, de 20 anos. Uns 20, 18 anos mais ou menos, por aí.
Você sempre conviveu aqui dentro do Mercadão, como é que é?
03'14'' É, desde o tempo que eles começaram aqui, eu comecei a vir com eles. Então tem mais ou menos isso daí que eu freqüento o Mercado, tem uns 20 anos, 18 anos, mais ou menos. E mudou muita coisa? Você pode me dizer um pouco do que mudou?
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03’27’’ Cara. O Mercadão mudou praticamente tudo, né? O Mercado assim quando as pessoas vinham aqui as bancas mesmo era de madeira, muito saco de farinha era em cima de banca, de bancada, de banquinhos. E hoje não. Hoje cada um tem sua banca, tem seu box bem organizado, tudo com o nome escrito, organizado, fechando com os dutos, mudou muito. A última reforma foi o telhado, piso. Agora, estão indo pro banheiro, reformando o banheiro. Instalação de luz deu uma parada, mas vai continuar, creio que continua. Mas também tá mudando.
O movimento mudou ao longo dos anos?
04'08'' Continua a mesma coisa. O movimento aqui cada dia que passa melhora.
Influência do Mercado em Campo Grande:
04'31'' Eu creio que ele seja o maior ponto turístico que Campo Grande tenha. Porque nem a Casa do Artesão é mais freqüentada do que aqui. Aqui vem gente de varias partes do mundo, como italianos, ingleses. Já veio franceses. Paraguaios que vem mais porque vendem aqui pra gente. Mas, assim, todo o Brasil, o Brasil e de fora, vem bastante. Eu creio que aqui seja o porto turístico maior de Campo Grande.
Você acredita que o Mercado Municipal representa a cultura de Campo Grande?
04'58'' Muito, muito, muito. Tanto que aqui o Mercado não é modificado a estrutura dele porque ele é um patrimônio cultural já. Então não tem nem como você desmanchar isso daqui e fazer um prédio, uma coisa mais bonita, mais sofisticada, como um shopping center é. Você pode olhar: você entra no Mercado e é a mesma coisa. Não muda tanta coisa. São bancas em cima de bancas porque é a cultura, né? Se olha assim e você vê farinha, feijão, tudo aberto. Se você fechar, você perde a venda. Porque o cliente tem a mania de chegar, mandar na boca, ele quer experimentar o que ele tá levando.
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Qual é a essência do Mercadão?
05'35'' A essência do Mercadão é o público, são as pessoas que vem, essa é a essência do mercadão.
Sobre a sensação de trabalhar no Mercado 05’44’’ Cara, a sensação que eu tenho é assim, é a sensação que eu vou cumprir minha tarefa, que eu vou atender bem os meus clientes, que eles vão retornar, que vai ter um movimento bom. Essa é a sensação de poder agradar os meus clientes.
Tradição familiar entre os permissionários
06'11'' Aqui é mesmo já é quase uma base pra mim te passar. Aqui era do pai dos meus amigos, né? Começou com o pai deles. O pai deles começou, levantou e hoje quem toma conta é o filho mais velho deles e os outros irmãos junto. Então aqui, geralmente, a maioria que você passar e perguntar, era do pai ou da mãe. Ou do avô, da avó, do bisa.
De onde vêm os produtos?
06'48'' Geralmente, nem todos são iguais aqui. A maioria das pessoas espera a mercadoria vir até eles. Nós aqui fazemos diferente. O David, quando o Daniel, que é o proprietário da banca, ele começou a trabalhar aqui, ele adquiriu uma forma de trabalhar. Ele vai atrás da mercadoria dele. Então, ele andava 1200 km pra buscar a mercadoria dele. Hoje é o filho dele Davidson que faz isso, vai buscar. A maioria das mercadorias dele é tudo de São Paulo. As que são (típicas) daqui, que vem fora, que trazem que são farinha, erva, que também não é daqui, é de Santa Catarina, berrante, são coisas poucas que é daqui mesmo, o resto a gente busca há 1200 km daqui.
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9.23 - Decupagem da entrevista de Tereza Simabukuru
02'' Meu nome, nome completo, é Tereza Simabucuru. Shimabucuru?
09''S-i-m-a-b-u-c-u-r-u. Tá? Simabucuru.
Sobre os pais.
44'' Meus pais vieram do Japão como emigrante, tá? Porque os pais vieram do Japão.
54'' Meus pais? Meus pais vieram do Japão. Já foi trabalhar no estado de São Paulo, né? Como que chama a coisa? Hoje lá onde meus pais trabalhavam, trabalhavam na lavoura de algodão... de café! De plantação de café! Aí até cumprir aquele tempo que tinha que pagar passagem de navio vinda pra cá. Porque tudo era com navio. Não tinha avião. E vieram pro Brasil pra ganhar dinheiro, tá? Aí, foi trabalhando, trabalhando. Mas não conseguiu ganhar direito até ele ir pra Deus. Aí foi adquirindo família. E graças a Deus, até aqui, foi tudo bem.
Como foi trabalhar no Mercadão
02'09'' Oh, como eu falei pra você. Eu comecei a trabalhar no Mercado onde é a arara agora.Onde chama... IPTU! Onde paga IPTU. E lá foi desativado e virou IPTU. Era feira antes, era como um Mercado, como aqui. Aí, a prefeitura, na época era Lúdio, Lúdio Coelho, resolveu desativar lá e transferir tudo nosso pra cá. E nós viemos todos juntos pra cá.
Quando tempo está no Mercadão.
2'45'' Eu já estou aqui há 25 anos trabalhando.
Sobre como é trabalhar no Mercado
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2'52'' É. É. Aqui é um ambiente muito sadio. Aqui é um ambiente que você trabalha, num cansa. Sabe por quê? Porque todos esses colegas de trabalho virou uma irmandade. Irmandade. Então, é assim, os fregueses, meus fregueses são assim. É freguês e é meu amigo também, tá? Eu to muito feliz. Agradeço sempre pai do céu.
Como aprendeu sobre ervas
03'28'' Olha. Isso vem assim. Com vontade, a força de vontade e vocação. Tem que ter vocação. Eu achei que tinha muita vocação para trabalhar com isso e comecei a estudar sobre as ervas e graças a Deus, to muito bem e deu certinho o que eu planejei.
E a senhora trabalha sozinha?
03'56'' Eu tenho funcionário que trabalha, como aquele que trabalha aí.
Como faz pra comprar a mercadoria. 04'10'' Olha aqui. Aqui vem daqui, né? Mas aí tem que ir longe. Para isso, tem raizeiro que entende e que vai buscar. E nós temos muitas coisas que não tem aqui, tem que pedir de fora, vem também de fora. A gente faz pedido, aí eles fazem a entrega pra gente.
Sobre a procura de ervas
04'49'' Oh, raizada eu acho que tem muita procura, viu? Muita procura mesmo. Essa é uma erva que só faz bem, não faz mal. Então, ele é muito procurado. Cada um tem um sintoma. Aquele sintoma que a pessoa sentir, chega e fala "eu quero tal coisa". Uns falam "eu sinto isso", e a gente já sabe o que vai dar.
Como é trabalhar no Mercado Municipal
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05'09'' Olha, meu filho, até me emociono. Aqui a gente trabalha, nem sente canseira. Sabe por quê? Aqui parece um lazer. Todos os feirantes são amigos. Parece... é uma irmandade. Ambiente muito gostoso para trabalhar. Desde chefia, todos são ótimos, são gente bom. Viu? Desde administração, funcionários, aqui, os feirantes, tudo é amigo, viu? Virou uma irmandade. As mudanças do Mercado
06'03'' Ah, mudou bastante. Olha, mudou bastante mesmo!. Agora ficou coisa linda e chique, não falta nada. Lindo e chique. Não falta nada.
06'18'' Antes também não era ruim. Conforme o tempo vai passando, a pessoa tudo vai evoluindo. Então assim tá acontecendo com o Mercadão, viu? A administração são gente bom. Todo bom, competente, viu? Inteligente. São todos irmãos da gente. Olha...
O que a senhora acha que o Mercadão significa pra Campo Grande?
06'54'' Eu acho que esse Mercadão aqui, eu acho que quem vem uma vez, vai vir sempre. É um ambiente gostoso para você comprar, leva artigo bom, né? Preço bom. Aqui a pessoa chega uma vez, não para mais de vir. Vem sempre.
(Agradecemos pela entrevista.)
7'33'' Então, muito obrigado por darem essa oportunidade pra mim, tá? Vocês aparecem a hora que vocês quiserem, o dia que vocês quiserem que tá aqui pronto pra receber vocês de braço aberto.
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9.24 - Decupagem da entrevista de Ronald Kanashiro
Dados: presidente da Associmec e permissionário da Casa de Carne Oriente
02'' Meu nome é Ronald Kanashiro. Tenho 42 anos de idade. Estou à frente da diretoria da Associmec, que é a associação que dirige o Mercado Municipal.
A história do Mercado Municipal
29'' A história do Mercado Municipal, ela deu se às margens dos trilhos da Noroeste, que localiza-se em frente à Escola Oswaldo Cruz, que é uma escola que vem aí atravessando vários gerações e ainda é um dos marcos aqui da área central. E o Mercado Municipal era nada mais, nada menos do que uma feira livre que acontecia diariamente em frente a essa escola Oswaldo Cruz. Na época, através de uma atitude da pessoa de Antônio Valente, que era uma dos colaboradores e organizadores dessa feira, ele teve um ato, muito nobre, que foi doar essa área para que a prefeitura pudesse iniciar o seu projeto do Mercadão. E, através dessa atitude, em parceria com a prefeitura, deu-se a edificação do Mercado Municipal em meados de 1955, mais ou menos nessa época. Na época, o prefeito da cidade era Marcelino Pires e houve essa edificação, houve uma organização em relação à retirada dessas pessoas para que acontecesse essa edificação e, ao retorno, já com o Mercado edificado, as pessoas conseguiram se manter no mesmo local em que praticavam seu comércio ao ar livre, ou seja, ninguém teve que mudar ou se readequar em relação ao espaço anterior, agora já como Mercado Municipal, as pessoas conseguiram ficar no mesmo espaço, na mesma ordem de seqüência e aí deu-se a inauguração do Mercado Municipal. Um dos pontos que marcaram essa inauguração é que dentro desse espaço foi feito um grande baile na época. Uma festa, e nessa festa teve um grande baile. E assim aconteceu a inauguração do Mercado Municipal.
História da sua família e história pessoal
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02'58'' Pois não. É, a história da minha família, que a família Kanashiro, ela acontece desde o início do Mercado Municipal até o que antecede a edificação. Já na época da feira central, os meus avôs praticavam o comércio aqui de frutas e legumes. Na época, minha vó, ela pontuava como o destaque dessa feira, que ela vendia uma quantidade muito expressiva de batatas, na época. E a maioria da imigração japonesa no qual eu sou descendente, eles residiam na área do São Francisco e o trajeto da área do São Francisco que tinha denominação ou tem a denominação ainda de “cascudo”, eles faziam esse percurso de carroça. E chegava a feira central que era o nome que era dado ao Mercado Municipal antes de se edificar e praticavam ali o comércio. E minha vó era um dos destaques dessa feira. Após a edificação, passado alguns anos, a minha mãe foi a primeira a renovar a questão familiar, a questão da hierarquia aqui dentro pela nossa família. A minha mãe assumiu o comércio e daí então começou o ciclo comercial na qual minha mãe era proprietária. E isso deu-se até o seu falecimento que antecede aí uns sete anos atrás. Só que na minha infância, eu já praticava o comércio junto com a minha mãe porque meu convívio era praticamente dentro do Mercado Municipal. Aqui eu vinha para passar o dia. Estudava na escola Mace na época. Daqui eu era levado pra escola na parte da tarde. Eu até tomava banho nas imediações aqui porque todo mundo conhecia todo mundo e aí as outras famílias de japoneses que tinham no entorno aqui cediam o espaço pra minha mãe poder me dar banho, me colocar uniforme, me preparar pra ir pra aula. E eu estudava no período da tarde. Então os funcionários da minha mãe levavam ate a mace e depois iam buscam no final da tarde. Então eu tive a minha infância e a minha adolescência dentro do mercado municipal. Era um lugar que eu não tinha como um espaço de trabalho, mas assim como um lugar de convivo porque além de não ter a consciência do trabalho, mas eu tinha como um lugar onde todo mundo me conhecia e eu me sentia seguro aqui dentro. Então passava o dia inteiro no Mercado. Só saia daqui para poder ir à escola. Com o tempo, eu tive uma oportunidade de ingressar numa jornada para o Japão que deu-se mais ou menos em 1996. E aí ingressei para o Japão para poder lá tentar a oportunidade de trabalho. Nessa oportunidade, me identifiquei com o país porque já estava inserido no contexto cultural da cultura japonesa, né? A nível de alimentação, costumes. Então, eu me senti bem e por lá permaneci durante seis anos. Eu vou fazer
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uma correção. O nome ingresso pro Japão foi em 89. Em 89, e eu voltei do Japão em 96. Na minha volta, em 96, eu vim aqui a passeio porque estava totalmente estruturado lá no Japão com moradia, com emprego, com meio de locomoção, entre... Tava totalmente já estruturado no país e vim aqui pra poder passar umas férias. Mas já sabendo assim que a dor da partida era muito grande porque sentia vontade de ficar perto da minha mãe e ficar no Mercadão também. E quando surgiu uma oportunidade de eu poder adquirir um ponto comercial no Mercadão. Na época, foi um desafio, porque nunca tinha trabalhado nem mesmo pra fora e também nem mesmo enfrentado uma condição de empresário, de empreendedor. E aí tinha só a garantia de que vamos poder tentar, e se por ventura, não vier a vingar essa idéia, nós temos a condição de estar retornando ao Japão. E essa história começou com a venda diária no ramo de carnes de uma rescasada por dia. Meia vaca, uma rescasada todos os dias. E hoje eu vivo uma
realidade
dentro do
mercado
de
comercializar
19 toneladas de
alimento/semana, o que dá mais ou menos em torno de 100 animais por semana. Tenho 30 funcionários. Estive nesse momento de 17 anos, nesse percurso de 17 anos, atuando na diretoria durante oito anos como diretor, vice-presidente. E agora mais dois mandatos de presidente que tá culminando agora ano que vem, eu finalizo, já vai findar o segundo mandato. Então, eu tenho esse ciclo de realização dentro do Mercado Municipal então isso é uma alegria muito grande e um orgulho muito grande de poder estar fazendo esse relato.
Como foi o ingresso na parte política-administrativa do Mercado
08'26'' O Mercadão Municipal, inicialmente, ele tinha uma gestão pela parte da Prefeitura. Depois fundou-se a associação A associação ela sempre teve uma diretoria formada pelos dez mais votados aqui dentro através de uma eleição interna que fazia a composição da nossa diretoria. E as pessoas eram um pouco conversadoras. E a gente
como
sangue
novo,
idéias
novas
e motivações maiores,
muitas
vezes batíamos com a burocracia, com as limitações que eram impostas pela diretoria. Então o meu ingresso para fazer parte dessa diretoria foi uma atitude direcionada para poder empreitar uma outra cara, expor as minhas dificuldades e tentar
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desta forma trazer o mercado para um condição melhor para o meu comércio. Confesso que não foi nem por uma visão de bem comum e sim na luta de poder estar se estabelecendo dentro do Mercado, pensando nas minhas prioridades. E aí deu-se o meu ingresso na diretoria. Eu lembro até que na época, quando minha mãe, no caso, empreitou a minha candidatura a diretor, eu tive uma vantagem de 25 votos a mais que o segundo colocado. Então foi muito impactante pra diretoria, a minha chegada na diretoria. E não tinha o preparo pra ser diretor, não estava preparado porém tinha assim uma aprovação muito grande, foi quase que por aclamação que as pessoas me colocassem aqui como diretor por se tratar de ser filho da Anésia, que era minha mãe e tinha muito nome aqui no Mercadão e essa fato acarretou que nos primeiros mandatos, eu ficava mais como uma pessoa que estava observando uma ação da diretoria e com o tempo eu fui ganhando espaço com as minhas idéias, mostrando as minhas habilidades e o meu interesse. Hoje tem um fato assim que a nossa associação, a nossa diretoria, ela tem um diferencial muito grande sobre as demais associações municipais, como associação do camelódromo, como a associação da feira central. Nós temos aqui, isso daí já está homologado, já está registrado em cartório, que nós não aceitamos a renumeração para diretores, nem para presidente, e nem para demais diretores. Nem tampouco direitos diferenciados para os demais associados, como vaga no estacionamento, desconto em mensalidades. A pessoa que está hoje fazendo parte dessa diretoria, adentrando nessa sala para nossas reuniões, para tomarmos as decisões da diretoria, nós temos que estar fazendo isso daí pensando no bem comum e por amor ao Mercadão, por ser um lugar histórico, um lugar de tradição, e um lugar no qual a sociedade e a população tem muita aceitação. Então tudo que acontece no mercado de melhoria, ele tem como princípio um ato voluntário da diretoria.
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9.25 - Roteiro do Documentário “Mercadão e suas histórias”
IMAGEM 1 O documentário começa com as imagens da cidade colocando em perspectiva o Mercadão. A ideia é que o espectador contemple o objeto do documentário. Trilha sonora: Música Ripequeteando IMAGEM 2 No detalhe de porta abrindo, surge o título “Mercadão e suas histórias”. Trilha sonora: Música Ripequeteando IMAGEM 3 Imagens das pessoas arrumando as bancas, preparando os alimentos, um cliente comendo pastel. Trilha sonora: Música Ripequeteando IMAGEM 4 Ronald começa a narrar a história do Mercado. Todas as marcações foram feitas baseadas no arquivos das gravações. GC: Ronald Kanashiro, presidente da Associação dos Comerciantes do Mercado Municipal Antônio Valente e permissionário da Casa de Carnes Oriente 29’’ A história do Mercado Municipal, ela deu se às margens do trilho da Noroeste localizada em frente à Escola Oswaldo Cruz, que é uma escola que vem aí atravessando vários gerações e ainda é um dos marcos aqui da área central. E o Mercado Municipal era nada mais, nada menos do que uma feira livre que acontecia diariamente em frente a essa escola Oswaldo Cruz. Na época, através de uma atitude da pessoa de Antônio Valente, que era uma dos colaboradores e organizadores dessa feira, ele teve um ato muito nobre que foi doar essa área para que a prefeitura pudesse iniciar o seu projeto do Mercadão. E, através dessa atitude, em parceria com a prefeitura, deu-se a edificação do Mercado Municipal em meados de 1955, mais ou
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menos nessa época. Na época, o prefeito da cidade era Marcelino Pires e houve essa edificação, houve uma organização em relação à retirada dessas pessoas para que acontecesse essa edificação e ao retorno, já com o Mercado edificado, as pessoas conseguiram se manter no mesmo local em que praticavam seu comércio ao ar livre, ou seja, ninguém teve que mudar ou se readequar em relação ao espaço anterior, agora já como Mercado Municipal, as pessoas conseguiram ficar no mesmo espaço, na mesma ordem de sequência e aí deu-se a inauguração do Mercado Municipal. Essas duas falas do Ronald são intercaladas por imagens de arquivos, com legendas explicando cada uma dela. São imagens históricas desde a feira livre que deu início ao Mercadão até fotos atuais do local.
Trilha sonora: Música "Al Viejo Pablo" IMAGEM 5 Ronald começa a contar sua própria história. 03’33’’Pois não. É, a história da minha família, que a família Kanashiro, ela acontece desde o início do Mercado Municipal até o que antecede a edificação. Já na época da feira central, os meus avós praticavam o comércio aqui de frutas e legumes. Na época, minha vó, ela pontuava como o destaque dessa feira. Ela vendia uma quantidade muito expressiva de batatas, na época. E a maioria da imigração japonesa da qual eu sou descendente, eles residiam na área do São Francisco e o trajeto da área do São Francisco que tinha denominação ou tem a denominação ainda de “cascudo”. Eles faziam esse percurso de carroça. E chegava a feira central que era o nome que era dado ao Mercado Municipal antes de se edificar e praticavam ali o comércio. E minha vó era um dos destaques dessa feira. Após a edificação, passado alguns anos, a minha mãe assumiu o comércio e daí então começou o ciclo comercial na qual minha mãe era proprietária. IMAGEM 6 Entrevista com Marcelo Kinoshita, que assim como Ronald, faz parte da tradição nipônica do Mercado. Segue essa entrevista Hiroshi Utinoni e Tereza
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Simabukuru, pois representam alegorias da tradição do mercado e da cultura japonesa. GC: Marcelo Kinoshita, proprietário da banca Pimenta Pantananeira
1'15'' - Meu pai veio do Japão há uns 85 anos atrás, ele é imigrante, fugindo da guerra, daí ele desembarcou em Santos e veio tentar a vida aqui no Mato Grosso do Sul. Aí conheceu minha mãe, eu nasci, meus irmãos (rs)...
15'' - Marcelo Kinoshita, tenho 35 anos e sou proprietário da banca pimenta pantaneira. A gente sempre mexeu com feira, meus pais, sempre trabalhei na feira com eles. Aí surgiu uma oportunidade da gente adquirir uma banca aqui no mercadão. Isso há 22 anos atrás. Daí paramos de mexer com feira, começamos a trabalhar aqui no mercado, e desde então estamos aqui.
IMAGEM 7
GC: Hiroshi Utinoni Trabalha há 38 anos no Mercadão
1'04'' - Eu comecei a trabalhar nessa banca aqui ó. Vendia verdura. Nessa banca 9. Eu vim do Estado do Paraná. Comprei essa banca e to trabalhando aqui até hoje.
1'29'' - Não, aqui . Lá eu tocava lavoura. Lá dá muita geada, queimou meu café tudo. Eu aborreci, vendi meu sítio tudo. Mudei pra cá, e a primeira banca que instalei era essa aqui. Banca nove.
1'55'' - Eu achei que aqui era bom. Uma alternativa porque isso aqui ia dividir o estado. Então campo grande eu achei que era uma cidade que iria crescer. e tinha muito futuro. Antes de vender o sítio lá, eu pensei mais de 50 vezes em ir pra Curitiba, São Paulo. O lugar que achei melhor foi aqui.
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2'30 - Deu certo. Graças a Deus. Tô Feliz aqui em Campo Grande. Imagem 8 Nome do arquivo: Dona Tereza GC:Tereza Shimabucuru Trabalha no Mercadão há 25 anos 0’55’’ (Meus pais vieram do Japão) até 01’37’’ (Pra ganhar dinheiro) 2’12’’ (Eu comecei a trabalhar no Mercado) até 2’43’’ (transferiu tudo nós pra cá) IMAGEM9 Compilação de imagens de pessoas comprando, corredores e produtos. Essa sequência introduz a parte do documentário sobre os produtos que são comercializados no Mercado. Trilha sonora: Música "Al Viejo Pablo" IMAGEM 10 Ronald Kanashiro começa resumindo a diversidade de produtos no Mercado com o seguinte trecho: 3’53’’ A proposta do Mercadão para o consumidor hoje é a seguinte. Há algum tempo atrás, a gente dizia o seguinte ditado “O mercadão tem de botão a avião”. É isso era só um ditado. Mas hoje nós temos sim a proposta de vender passagens aéreas já no Mercadão que é um, recentemente, foi lançado um espaço em que a pessoa tem uma agencia de turismo. Então hoje realmente se vende de botão a avião. Mas em que antecede as passagens de avião, sempre tivemos um leque praticamente completo aqui dentro. 04’25 IMAGEM 11
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A consumidora Regina Santana exemplifica esse variado mix de produtos e explica o porquê de comprar no Mercadão. GC:Regina Santana, corumbaense Mora em Campo Grande há 13 anos 1'50'' - Hoje, especificamente, eu já ia esquecendo, eu vim pra comprar peixe, e acabei comprando queijo, aí depois que eu acabei lembrando que é o peixe que eu vim buscar e não o queijo. Mas foi uma coisa que eu vi, gostei, e pensei já vou levar o queijo. Aí já passei na banca de ervas, que eu lembrei que eu tenho ervas pra comprar e já fiz o pedido da erva. 1' - Eu acho que sempre tem produtos diferentes, que eu acho assim que é aquele produto mais natural. Eu venho comprar sempre alguma coisa e acho algo diferente, porque eu passo em todas as bancas pra verificar. Cobrir com imagens que ilustrem a diversidade de produtos. Segue uma série de pequenos trechos, onde funcionários e permissionários falam sobre o que vendem. IMAGEM 12 Entrevistado: Marcelo Kinoshita 2'58'' - A gente vende verdura, pimenta e eu tenho uma banca de cachaça também. (SEM GC) IMAGEM 13 Entrevistado: Gleice Soares 27'' - Vendo farinha, polvilho, polén, mel, ervas de tereré em geral, bombas de tereré, todos os utensílios de tereré. (GC – Gleice Soares, permissionária de banca)
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IMAGEM 14 Entrevistado: Diego Almeida GC: Diego Almeida, 26 anos Proprietário do Box Mundos dos Brinquedos 32'' - A loja de brinquedos começou com meu pai, viu que aqui não tinha esse segmento. É um segmento totalmente diferenciado aqui do mercado. Foge do pastel, do queijo, do doce, que é a tradição do mercado. IMAGEM 15 Jefferson fala sobre seus produtos e segue falando como começou a trabalhar no local. Ele é seguido por outro funcionário e permissionários que falam sobre seu ingresso no Mercado. Entrevistado: Jefferson (ENTREVISTA JEFERSON) (GC - JEFERSON DA SILVA SANTOS - FUNCIONÁRIO DA BANCA DO DANIEL) 1'07'' - Farinhas, feijão... rações para animal 1'15'' 0’53’’ Eu comecei através de amizade. Amizade com os meninos aqui, que a pai deles tinha uma banca aqui. Eu comecei a frequentar aqui o serviço e fui pegando gosto. 03’14’’ É, desde o tempo que eles começaram aqui e eu começar a vir com eles. Então tem mais ou menos isso daí que eu frequento o Mercado. Tem uns 20, 18 anos mais ou menos. 05’44’’ Cara, a sensação que eu tenho é assim, é a sensação que eu vou cumprir minha tarefa, que eu vou atender bem os meus clientes, que eles vão retornar, que vai ter um movimento bom. Essa é a sensação de poder agradar os meus clientes.
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IMAGEM 16 Entrevistado:Morel GC:Francisco Morel de Souza Funcionário do box da Tereza
48" - É muito bom, cara. Você passa seu dia a dia aqui, vai convivendo com as pessoas. Conhece pessoas diferentes, Aqui você acaba tendo como sua segunda casa, você vai criando vínculos com as pessoas, com os clientes, com todo o pessoal do ambiente de trabalho. Acaba virando uma família. IMAGEM 17
Entrevistado: Paulista
GC: Paulista, permissionário do box do Paulista
53" - Não era comerciante antes. Como eu vi que o mercadão tinha a ver com as coisas que eu mexia em São Paulo, da zona rural, aí eu vim aqui com essa ideia de montar o comércio desse tipo aqui. Café, amendoim, essas coisas...
2'15 - Tô contente. Não volto mais pra São Paulo. É aqui mesmo (rs). IMAGEM 18
Entrevistado: Sérgio
GC: Sérgio Costa de Oliveira, proprietário da Banca do Serginho
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2'47'' - Então, eu comecei a trabalhar aqui em 1972, e trabalhei dez anos de funcionário, e como meu ex patrão não se interessou mais, ele me deu preferência pra eu comprar a banca e facilitou... eu fui pagando, pagando e consegui adquirir a banca. Imagens da banca cobrem a entrevista.
1'15'' - O mercadão mudou pra melhor, teve várias reformas, todas as reformas foram pra melhorar. Melhor para o cliente, para nós mesmos que trabalhamos aqui. Então o mercadão está sempre tendo melhorias.
IMAGEM 19 Jefferson fala sobre as transformações e reformas que o Mercado sofreu ao longo do tempo.
Entrevistado: Jefferson 03’27’’ Cara. O Mercadão mudou praticamente tudo, né? O Mercado assim quando as pessoas vinham aqui as bancas mesmo era de madeira, muito saco de farinha era em cima de banca, de bancada, de banquinhos. E hoje não. Hoje cada um tem sua banca, tem seu box bem organizado, tudo com o nome escrito, organizado, fechando com os dutos, mudou muito. A última reforma foi o telhado, piso. Agora, estão indo pro banheiro, reformando o banheiro. Instalação de luz deu uma parada, mas vai continuar, creio que continua. Isso também tá mudando. Alguns imagens que ilustram o Mercado antes e durantes as reformas cobrem a fala do Jefferson. IMAGEM 20
Arquivo: Entrevista Dona Tereza
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06’19’’ Antes também não era ruim. Conforme o tempo vai passando, a pessoa tudo vai evoluindo. Então tá acontece com o Mercadão, viu? A administração são gente bom. Todo mundo bom, competente, viu? Inteligente. São todos irmãos da gente. Fecha com imagens de apoio do quadro geral do Mercado. A sequencia segue com os personagens que cresceram no Mercado agora falam sobre a infância no lugar. Trilha sonora: Música "Al Viejo Pablo" IMAGEM 21 Entrevistado: Diego 1'21'' - Eu nasci no Mercadão, por que tirando a loja aqui, minha mãe já teve pastelaria aqui há 20... Bom, eu tenho 26 e desde que eu me conheço por gente, ela já tinha a pastelaria no mercadão. Então, eu nasci dentro do mercadão e cresci dentro do mercadão. Então eu vi muita coisa no mercadão, muita mudança. Muita gente que tava, que já se foi. IMAGEM 22 Entrevistado: Ronald 04’34’’ Só que na minha infância, eu já praticava o comércio junto com a minha mãe porque meu convívio era praticamente dentro do Mercado Municipal. Aqui eu vinha para passar o dia. 05’16’’ Então eu tive a minha infância e a minha adolescência dentro do Mercado Municipal. Era um lugar que eu não tinha como um espaço de trabalho, tinha assim como um lugar de convivo porque além de não ter a consciência do trabalho, mas eu tinha assim, como todo mundo me conhecia e eu me sentia seguro aqui dentro. Então passava o dia inteiro no Mercado. Só saia daqui para poder ir a escola. IMAGEM 23
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PASTA: 05.11 Entrevistado: Cleuber GC: CleuberLinares, permissionário da Peixaria do Mercadão 3'16'' - O mercadão é uma faculdade, a faculdade da vida. Então a gente cresceu junto com... Hoje a gente até conversa, a gente comenta muito, hoje tem o Ronald, que é o atual presidente, que também era criança na época, filho da Anésia. Eu criança, hoje tem o pessoal do box do gordinho, que é o Cezar. Então que dizer, nós crescemos ali, fomos educados ali. 9' - Ah o mercadão faz parte da história de Campo Grande, né? Imagina Campo Grande sem o mercadão? Não tem como! O mercadão, hoje a gente vê pessoas que simplesmente vão no mercadão pra dar uma passeada. Às vezes não vão nem pra comprar. Vão lá no domingo pra dar uma volta. As vezes nem vai comer um pastel, vai lá dar uma volta com as crianças e conversa com um, conversa com outro. Hoje, o que eu costumo falar, tem pessoas que cresceram no mercadão... Meu pai que era proprietário da peixaria e eu era criança brincando no mercadão, como eu falei, e vinha clientes comprar com crianças também, com seus filhos e a gente fica ali brincando e as vezes estudava junto. Hoje eu to na frente da peixaria administrando e esses que eram crianças às vezes vão lá comprar peixe. IMAGEM 24 A próxima entrevista é com Luzia, justamente uma cliente que segue a tradição família de comprar no Mercado. Entrevistada: Luzia GC: Luzia Oliveira Rocha, advogada 17'' - Olha, eu frequento o mercadão desde criança. É uma tradição de família frequentar o mercadão.
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1''10'' - Eu acho que é uma coisa histórica. É um lugar de encontros de família. Acho bem interessante por causa disso. IMAGEM 25 Alice, uma permissionária, segue falando dessa tradição familiar e da relação com os clientes. Em seguida, ela esclarece porque trabalha no local. Entrevistada: Alice GC: Alice Joana Betoni, trabalha há 30 anos no Mercadão
1'36'' - Então, os clientes vinha, as vezes com as crianças pequenas, aí com as crianças grande, depois os netos. Então, a gente acompanhou a vida das pessoas.
53'' - Os meninos começaram pequenos, aí quando eles iriam servir a base, aí foi o primeiro, e quando foi o segundo, o pequeno não conseguia tomar conta sozinho, aí eu vim pra ajudar e tô aqui até hoje. 2'56'' - Ah, em primeiro lugar, por que a aposentadoria é pequena, é um salário mínimo. A gente precisa de mais pra poder (viver). E segundo, porque eu gosto mesmo de vir, a gente tem uma amizade bem gostosa aqui dentro. IMAGEM 26 O documentário segue com Hiroshi, permissionário, que assim como Alice, trabalha também pelo prazer. Entrevistado: Hiroshi 4' - É, eu hoje podia até parar com esse comércio, por que eu sou estabilizado. Sou aposentado há mais de 10 anos e continuo trabalhando não por tanta necessidade, por que hoje eu sou viúvo, tá com três anos que minha mulher faleceu, então eu não tenho precisão de vir aqui trabalhar, mas eu faço questão de vir. Primeira coisa que eu faço na minha vida, abro a banca é olhar notícias. Se alguém vem me procurar... eu já sei o que tá passando no Brasil, no estrangeiro. Primeira coisa, vou ali na banca do jornal, compro o jornal... você viu ali que eu tava lendo o jornal. Então, eu venho aqui mais pra
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passar o dia, por que necessidade já não tenho. Meus filhos estão todos criados, netos grandes. Venho pra passar o dia, né. Ficar em casa sozinho é difícil, fica mais solitário. IMAGEM 27 Zenaide enfatiza a importância que o Mercado tem em sua vida. Entrevistada: Zenaide GC: Zenaide Souto, cliente e amiga fiel 01'' - Eu já levanto e vejo o mercadão na minha frente. 21'' - É meu lugar preferido. Eu amo aqui. 06'' - Eu acho que é um lugar importantíssimo pras pessoas que entendem o que é o mercado. Por que pra mim, é uma coisa maravilhosa. 2'17'' - É a coisa mais linda. São umas pessoas cortezas, umas pessoas maravilhosas. Lindo. Eu adoro todo, pra mim não tem diferença. São maravilhosos, educados. Tem pessoas que reclamam. Por que razão eu não sei. E as pessoas que frequentam assim como eu, amam. São uns maravilhosos. E tem tudo o que a gente quer. Tudo. Não falta nada. IMAGEM 28 Tereza fecha o documentário falando sobre o sentimento de trabalhar no Mercado e deixando um convite ao espectador. Entrevistada: Dona Tereza 05’09’’ Olha, meu filho. Eu até me emociono. Aqui a gente trabalha e nem sente canseira. Sabe por quê? Aqui parece um lazer. Todos os feirantes são amigos. Parece... é uma irmandade. 06’52’’ Eu acho que esse Mercadão aqui, quem vem uma vez, vai vir sempre. É um ambiente gostoso para você comprar. Leva artigo bom, né? Aqui a pessoa chega uma vez, não para mais de vir. Vem sempre.
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07’33’’ Então muito obrigado por darem essa oportunidade pra mim. Vocês aparecem a hora que vocês quiserem, o dia que vocês quiserem que eu estarei pronta pra receber vocês de braço aberto. IMAGEM 29 Compilação do Mercadão fechando marcam também o fim do documentário. Os créditos aparecem à medida que a imagem escurece. Trilha sonora: música Aire Manantialero CRÉDITOS FINAIS Produção, Direção e Roteiro: Fabiane Neiva e Lucas Pellicioni
Edição: Gustavo Arakaki
Orientadora: Professora Mestre Juliana da Costa Feliz
Trilha Sonora cedida por Marcelo Loureiro
Aire Manantialero Artista: Marcelo Loureiro Compositor: Antonio Nicolas Niz Álbum: Alma Platina Gravadora: Panttanal Ano: 2003
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Al Viejo Pablo Artista: Marcelo Loureiro Compositor: Alberto Aire Ramon Ă lbum Alma Platina Gravadora: Panttanal Ano: 2003
Repiqueteando Artista Marcelo Loureiro, Compositor Rudi Flores Ă lbum Alma Platina. Gravadora Panttanal. Ano 2003.
Fotos cedidas por Daniel Amaral
Agradecemos: Ronald Kanashino CleuberLinares Everson Tavares Eric Lima
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Daniel Amaral Marcelo Loureiro Gustavo Arakaki Audemir Lima