Cotidiano das mulheres da comunidade Cidade de Deus | Vitória Olga Teslenco

Page 1

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL FACULDADE DE ARTES, LETRAS E COMUNICAÇÃO CURSO DE JORNALISMO

VÍDEO DOCUMENTÁRIO: COTIDIANO DAS MULHERES DA COMUNIDADE CIDADE DE DEUS

VITÓRIA OLGA TESLENCO

Campo Grande NOVEMBRO/2018

FACULDADE DE ARTES, LETRAS E COMUNICAÇÃO Cidade Universitária, s/nº - Bairro Universitário 79070-900 - Campo Grande (MS) Fone: (0xx67) 3345-7607 http://www.ufms.br http:// www.jornalismo.ufms.br / jorn.faalc@ufms.br


COTIDIANO DAS MULHERES DA COMUNIDADE CIDADE DE DEUS

VITÓRIA OLGA TESLENCO

Relatório apresentado como requisito parcial para aprovação na disciplina Projeto Experimental II do Curso de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.

Orientador (a): Prof. Me. Cristina Ramos da Silva Ribeiro

FACULDADE DE ARTES, LETRAS E COMUNICAÇÃO Cidade Universitária, s/nº - Bairro Universitário 79070-900 - Campo Grande (MS) Fone: (0xx67) 3345-7607 http://www.ufms.br http:// www.jornalismo.ufms.br / jorn.faalc@ufms.br


FACULDADE DE ARTES, LETRAS E COMUNICAÇÃO Cidade Universitária, s/nº - Bairro Universitário 79070-900 - Campo Grande (MS) Fone: (0xx67) 3345-7607 http://www.ufms.br http:// www.jornalismo.ufms.br / jorn.faalc@ufms.br


SUMÁRIO Resumo

4

Introdução

5

1. Atividades desenvolvidas

8

1.1 Execução

8

1.2 Dificuldades encontradas

11

1.3 Objetivos alcançados

12

2. Suportes teóricos adotados

13

Considerações finais

18

Referências

20

Anexos

22

Apêndice

26

FACULDADE DE ARTES, LETRAS E COMUNICAÇÃO Cidade Universitária, s/nº - Bairro Universitário 79070-900 - Campo Grande (MS) Fone: (0xx67) 3345-7607 http://www.ufms.br http:// www.jornalismo.ufms.br / jorn.faalc@ufms.br


RESUMO: Este produto consiste em um vídeo-documentário que procura retratar, através de depoimentos das mulheres da comunidade Cidade De Deus, situada ao lado do antigo depósito de lixo a céu aberto em Campo Grande, o significado do que é ser uma mulher da periferia e todas as adversidades do seu cotidiano nos dias de hoje. O trabalho relata a história e mostra com imagens a situação precária e marginalizada em que vivem as mulheres, com o objetivo de dar voz para as figuras descreverem questões acerca do seu dia a dia. O documentário ainda expõe o papel social que as mulheres exercem dentro da comunidade e suas moradias.

PALAVRAS-CHAVE: Comunicação; Documentário; Jornalismo; Mulheres; Periferia; Marginalização;

FACULDADE DE ARTES, LETRAS E COMUNICAÇÃO Cidade Universitária, s/nº - Bairro Universitário 79070-900 - Campo Grande (MS) Fone: (0xx67) 3345-7607 http://www.ufms.br http:// www.jornalismo.ufms.br / jorn.faalc@ufms.br


5

INTRODUÇÃO As grandes cidades têm um cenário de ampla insuficiência habitacional. A urbanização é um movimento demarcado por conflitos sociais, o que causa um amplo desequilíbrio sócio espacial nos centros urbanos, que varia de acordo com as classes sociais. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, revelam que no ano de 1991 existiam 25 favelas em Campo Grande, Mato Grosso do Sul. No ano 2000, o número teve um decréscimo para três comunidades registradas, (observar tabelas, em anexos) devido à administração política da época, que apresentava um projeto de desfavelamento da cidade (IBGE, 2010). Nos anos de 2008 a 2009 começaram a ser levantados os primeiros barracos na comunidade Cidade de Deus (DUARTE, 2005). Até o final de 2014 já residiam na favela 470 famílias. Localizado na região sul da capital, o local foi chamado de Anhanduzinho pelo Instituto Municipal De Planejamento Urbano. Entre as proximidades do Bairro Dom Antônio e antigo depósito de lixo municipal. A favela passou por duas etapas; A Cidade de Deus I era composta por 360 famílias, aproximadamente 800 pessoas. Decorreu entre 2008 e 2011, quando o poder público entregou as últimas moradias sociais, fator que originou o bairro José Teruel Filho. A distribuição das casas à população foi feita através de sorteio. Em dezembro de 2010 foram entregues 68 casas. Em abril de 2011 mais 112 casas. E por fim em setembro de 2012 que as últimas 182 casas foram cedidas. No total, 362 casas constituem o bairro; A cidade de Deus II, iniciou-se no final de dezembro de 2012, quando 40 famílias ocuparam um terreno de 200 metros quadrados, após uma semana o número praticamente quadruplicou, totalizando 180 famílias (DISCIPULAS DA MISÉRICORDIA DO PAI, 2018). Na transição entre 2012 e 2013 houve a troca de gestão política da prefeitura da cidade, o que ocasionou uma alteração no projeto de desfavelamento da antiga administração. No início de 2016 ocorreu a remoção da favela de forma inapropriada e FACULDADE DE ARTES, LETRAS E COMUNICAÇÃO Cidade Universitária, s/nº - Bairro Universitário 79070-900 - Campo Grande (MS) Fone: (0xx67) 3345-7607 http://www.ufms.br http:// www.jornalismo.ufms.br / jorn.faalc@ufms.br


6

com desrespeito aos direitos humanos para uma área próxima à Cidade de Deus I com lotes improvisados. A remoção durou 37 dias. Até hoje as famílias aguardam a promessa de uma moradia digna. O documentário mostra, através dos depoimentos e imagens, a situação de improviso das moradias em que vivem as famílias. A energia e a água são instaladas de forma irregular (DISCIPULAS DA MISÉRICORDIA DO PAI, 2018). Durante muitos anos Campo Grande utilizou o slogan “Capital sem favelas”, porém, com a falta de políticas públicas e o avanço do mercado imobiliário, o cenário mudou. A Agencia Municipal de Habitação Popular – Emha, tem uma grande fila de pessoas que esperam por uma casa. A capital hoje tem 15 ocupações urbanas, que são por maioria formada por mulheres (A TRIBUNA NEWS, 2011). O objetivo deste Trabalho de Conclusão de Curso foi desenvolver vídeo documentário para Web sobre as dificuldades encontradas no cotidiano e na vida das mulheres da periferia, moradoras da Cidade de Deus, localizada ao lado do antigo depósito de lixo em Campo Grande, Mato Grosso do Sul. O produto foi desenvolvido com imagens de apoio e depoimentos das personagens; Adriana Dos Santos, Ariele Ramos De Freitas, Delair Coelho e Silvia Vitória. As mulheres que vivem na comunidade retratam, com suas visões femininas, como são as relações sociais no local, a vida, as adversidades, acesso à saúde, educação e a vulnerabilidade socioeconômica, em que vivem as os grupos das regiões periféricas. O interesse na temática feminina sempre foi a intenção, só não era desconhecido qual segmento seguir dentro do tema. Em 2016, após uma roda de conversa na disciplina de Jornal Laboratório I, com a participação da Postulante Delair Coelho, uma das personagens do filme, surgiu o interesse em fazer o produto sobre as mulheres da Cidade de Deus. O intuito é mostrar a realidade de maneira transparente com as vivências, contrariedades e a dificuldade ao acesso aos direitos humanos e básicos de todos os cidadãos. O cuidado com os filhos, com os barracos, o trabalho social e todas as questões acerca do dia a dia das mulheres. Um dos maiores objetivos do produto foi mostrar a marginalização, maternidade, autoestima, suas histórias, seus FACULDADE DE ARTES, LETRAS E COMUNICAÇÃO Cidade Universitária, s/nº - Bairro Universitário 79070-900 - Campo Grande (MS) Fone: (0xx67) 3345-7607 http://www.ufms.br http:// www.jornalismo.ufms.br / jorn.faalc@ufms.br


7

pensamentos, seus sonhos e batalhas diárias. A narrativa expõe através de palavras e imagens as questões de classe e gênero. Além disso, mostrar a voz dessas figuras femininas nesse cenário de desigualdade social, que mesmo com tanta desproporção não se fragilizam e nem deixam de sonhar. Apesar de todos obstáculos enfrentados, algumas personagens trabalham em projetos sociais dentro da comunidade Cidade de Deus. As mulheres encontram-se à margem das políticas públicas, sofrendo com ausência de saúde, saneamento básico, escolaridade e vivem em condições calamitosas de moradia. O intuito foi permitir e tornar público o conhecimento, a história e o cotidiano. O vídeo documentário exibe imagens e depoimentos dessas mulheres de maneira democrática, tendo em vista que a sua produção tem um resultado mais dinâmico e objetivo. Por despertar a visão, a audição e a sensibilidade no receptor. As personagens têm características e hábitos próprios de suas vidas sociais, o que prova a necessidade de uma produção de um filme, que se caracteriza pelo compromisso de exploração da realidade vivenciada pelas figuras, que se sentem à beira da sociedade por não terem oportunidade de inserir-se no mercado de trabalho e por não se sentirem incluídas nas políticas públicas. Com o objetivo de atingir um alcance maior na sociedade, a linguagem visual possui o imediatismo da compreensão, devido às imagens, o que pode impactar em um número maior de pessoas.

FACULDADE DE ARTES, LETRAS E COMUNICAÇÃO Cidade Universitária, s/nº - Bairro Universitário 79070-900 - Campo Grande (MS) Fone: (0xx67) 3345-7607 http://www.ufms.br http:// www.jornalismo.ufms.br / jorn.faalc@ufms.br


8

1- ATIVIDADES DESENVOLVIDAS 1.1 - Execução: Em março de 2017 o tema foi escolhido definitivamente. Os meses de abril, maio, junho e julho foram utilizados para fazer o levantamento bibliográfico. Também foi realizada a elaboração do pré-projeto de conclusão de curso como requisito na aprovação da disciplina Projeto Experimental I. Continuo de um cronograma do projeto de pesquisa a ser seguido. Em seguida, foram levantados conteúdos referentes ao produto escolhido (vídeo documentário), artigos, vídeos, referências e livros que definiram toda a estrutura do projeto. Após isso, a temática foi aprofundada através de conversas com especialistas, com objetivo de compreender melhor as questões acerca da periferia, da desigualdade social, da má distribuição de habitações e da mulher dentro de todos esses contextos. Livros, artigos e reportagens sobre o tema também foram determinantes para se obter mais conhecimento do assunto a ser trabalhado. Depois do pré-projeto de conclusão de curso passou por uma pré-banca de qualificação do tema no mês de junho e ocorreu a busca das fontes femininas, o que determinou o enfoque narrativo do documentário. Em continuidade, iniciou-se a representação do processo de produção a ser seguido, o cronograma organizava cada etapa do projeto com as entrevistas e afazeres, incluindo o aprofundamento nas revisões teóricas e na esquematização do relatório a ser desenvolvido. Em setembro, teve início a primeira observação direta dentro da comunidade, com o objetivo de conhecer o local e visualizar a rotina das moradoras. A primeira entrevista foi realizada no dia 1° de setembro, com a coordenadora da Escolinha Filhos da Misericórdia, Delair Coelho, que é atualmente moradora da Cidade de Deus. Delair é formada em Letras pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), mestre em literatura e após anos de trabalho em salas de aula descobriu que sua missão era cuidar das crianças pobres, quando começou com o projeto da Escolinha e se mudou FACULDADE DE ARTES, LETRAS E COMUNICAÇÃO Cidade Universitária, s/nº - Bairro Universitário 79070-900 - Campo Grande (MS) Fone: (0xx67) 3345-7607 http://www.ufms.br http:// www.jornalismo.ufms.br / jorn.faalc@ufms.br


9

definitivamente para a comunidade. A conversa com a coordenadora do projeto serviu para nortear o documentário, devido à sua ampla perspectiva da favela. Delair destacou fatores determinantes sobre a comunidade, desde a criação da Cidade de Deus I, até a remoção da Cidade de Deus II, além de esclarecer quais são os conflitos sociais que acontecem dentro da favela. No dia 13 de setembro, aconteceu a entrevista com Silvia Vitória, de 18 anos, que é dona de casa e trabalha como voluntária na escolinha Filhos da Misericórdia. Silvia mudou com 12 anos para a comunidade, após seus pais ficarem desempregados. Ela foi uma peça importantíssima por representar uma geração mais nova das mulheres que residem na Cidade de Deus. A personagem conseguiu expressar muito bem seu caráter emocional quando retratou como é a vida de uma mulher da periferia. Ser mulher na Cidade de Deus no começo foi muito difícil, não estava acostumada com a realidade daqui, era diferente na minha casa, sempre foi muito diferente, cheguei aqui e comecei a ver que não era tudo no meu mundinho cor de rosa, era totalmente diferente. Aqui ou você fazia ou você fazia, eu aprendi a ser forte, aprendi a não dar ouvidos para todo mundo e ouvir quem é necessário, aprendi a ser mais solidária com o próximo, a dividir mais as coisas, compartilhar uma causa que as vezes eu não me identifico, mas eu compartilho para mim também. Eu aprendi que nem sempre aquela pessoa vai estar certa, como eu também não vou estar muito certa, que aqui ou você é forte ou você toma pancada. Aqui eu aprendi que você tem que correr atrás. Se o carro está dando uma doação se você não correr atrás você vai ficar sem. E não adianta chorar, se você não ganhou tudo bem, não tem problema, vão vir outas. Eu aprendi aqui muito, que tem certas pessoas que elas não conseguem lidar com o fato de você ter voz, é muito complicado, algumas pessoas mais antigas não entendem isso, eu aprendi a cuidar de um barraco, coisa que eu imaginei que eu nunca ia fazer. (VITÓRIA, 2018)

No começo de outubro foram realizadas duas entrevistas, com as duas últimas personagens do documentário. Vale ressaltar que todas as fontes foram indicadas pela professora Delair Coelho, 47 anos. Adriana Dos Santos, de 37 anos é mãe de três filhos e há anos espera uma casa. Seu depoimento ressalta o que aconteceu dentro da comunidade quando o depósito de lixo a céu aberto ficou ocluso a população da favela. Ela relata que o lixão era a única forma de sobrevivência de muitas pessoas da Cidade de Deus.

FACULDADE DE ARTES, LETRAS E COMUNICAÇÃO Cidade Universitária, s/nº - Bairro Universitário 79070-900 - Campo Grande (MS) Fone: (0xx67) 3345-7607 http://www.ufms.br http:// www.jornalismo.ufms.br / jorn.faalc@ufms.br


10

Ariele Ramos De Freitas, de 25 anos, foi a última peça para fechar o projeto, tendo em vista que o objetivo do produto a ser seguido era encontrar personagens de várias faixas etárias, para poder representar em contexto geral o que é ser uma mulher da periferia. Qual é a visão feminina dentro de cada idade em um ambiente marginalizado e saturado de desigualdade social. Ariele ressalta esses pontos em seu depoimento, por se sentir esquecida e desemparada de políticas públicas que ajudem essas pessoas a não permanecer nessa situação desumana. Todas as entrevistas até então foram gravadas somente pelo gravador do celular para poder fazer um roteiro de perguntas para cada uma das entrevistadas no dia de capturar as imagens do documentário. O dia 3 de outubro foi escolhido e marcado com as entrevistadas para colher os depoimentos de todas e fazer as imagens de apoio do produto. Gircilei Prudêncio foi o cinegrafista e usou a Filmadora Panasonic AG-AC30, o áudio foi capturado por um microfone lapela ATR3350is. Cada enquadramento foi escolhido de acordo com o cenário em que cada entrevistada se posicionou. Em alguns momentos no documentário é possível notar a presença do zoom durante os depoimentos, a ferramenta foi usada para quebrar o enquadramento padrão e focar no que o olhar da personagem quer transmitir. O principal tipo de enquadramento usado foi o de primeiro plano, que captura do peito para cima. No dia da gravação as imagens foram feitas em duas etapas. A primeira consistiu em filmar a rotina das mulheres que trabalham na escolinha, Delair e Ariele. Após ser capturada as imagens de apoio com objetos relacionados ao cotidiano das entrevistadas, foram capturados seus depoimentos. Em seguida fomos até os barracos, localizados na região da Cidade De Deus II, onde residem Silvia e Adriana. Após ser coletado o depoimento das duas personagens, foram capturadas as imagens de apoio exteriores e inferiores dos barracos, o apoio das entrevistadas e imagens panorâmicas da favela.

FACULDADE DE ARTES, LETRAS E COMUNICAÇÃO Cidade Universitária, s/nº - Bairro Universitário 79070-900 - Campo Grande (MS) Fone: (0xx67) 3345-7607 http://www.ufms.br http:// www.jornalismo.ufms.br / jorn.faalc@ufms.br


11

Todas as entrevistas tiveram um roteiro de perguntas, mas durante algum tempo a câmera ficou ligada para capturar depoimentos espontâneos das mulheres. O roteiro de perguntas seguido foi: 1. O que é ser uma mulher da periferia? 2. Qual é o seu maior sonho? 3. Como é morar em barraco? 4. O que é mais difícil para uma mulher da periferia? 5. Se você ganhasse 10 mil reais agora, o que faria com esse dinheiro? 6. Como você se imagina daqui 10 anos? 7. Cite algo lindo da cidade de Deus? 8. O que sua família representa para você?

Após todo conteúdo do vídeo documentário ser capturado optou-se por fazer a decupagem de todas as entrevistas, para simplificar o processo de roteirização da edição e marcar os trechos consideravelmente importantes para o produto. Com isso, o processo de edição do produto teve início no dia 19 de outubro, junto com a estruturação do roteiro, que se deu em três etapas, abertura com a definição de ser mulher da periferia, depoimentos e imagens mais marcantes, depoimentos e finalização. A edição foi feita através do Softwere Adobe Premiere CC 2015 e Adobe Photoshop CC 2014. Optou-se por utilizar os depoimentos de forma que o produto tivesse uma coerência narrativa, um assunto interliga o outro. Depois foram inseridos os caracteres, efeitos de câmera lenta, trilha sonora e imagens de apoio. 1.2 - Dificuldades Encontradas Indubitavelmente, a maior dificuldade encontrada foi em realizar o produto de maneira individual, tendo em vista que com apenas uma pessoa trabalhando no projeto o tempo de execução diminui por ter menos pessoas para dividir as tarefas. Além disso, FACULDADE DE ARTES, LETRAS E COMUNICAÇÃO Cidade Universitária, s/nº - Bairro Universitário 79070-900 - Campo Grande (MS) Fone: (0xx67) 3345-7607 http://www.ufms.br http:// www.jornalismo.ufms.br / jorn.faalc@ufms.br


12

dificuldades menores com fontes também foram encontradas, mas foram resolvidas rapidamente. O contato com algumas das personagens também se tornou um desafio, considerando-se que elas não possuíam telefone celular, mas tudo foi resolvido com visitas diretas aos barracos das mulheres.

1.3 - Objetivos Alcançados De acordo com os objetivos apresentados na apresentação do pré-projeto, o documentário foi bem exitoso em relação a construir uma narrativa que apresentasse a vida e o cotidiano das mulheres marginalizadas. Todas as entrevistas realizadas não só evidenciaram a falta de humanização e de políticas públicas na vida das personagens, mas também como aprendizado pessoal, de que dar é melhor do que receber, tive o privilégio de conhecer mulheres que vivem à beira da sociedade e que mesmo com tanta desigualdade social dividem o pouco que têm com o próximo. Dados teóricos enriqueceram a pesquisa sobre favelas de Campo Grande, foram levantados para obter um melhor entendimento de quantas pessoas vivem nessa situação na Capital. Além disso, também foram levantados dados da Cidade de Deus, de como ocorreu as etapas de Cidade de Deus I e Cidade de Deus II. As fontes foram elencadas de acordo com as suas faixas etárias, para ressaltar e conceder voz a essas mulheres, que se sentem esquecidas. Dessa maneira, o vídeo-documentário cumpriu seu papel imprescindível de tornar público a realidade de desigualdade social das mulheres. Com o intuito de não mostrar apenas o lado desumano da vida das personagens, o produto também deixou aberto para elas falarem de seus sonhos, de coisas bonitas da sua vida, de como se imaginam daqui a um tempo e mostrar o lado sensível de cada uma.

FACULDADE DE ARTES, LETRAS E COMUNICAÇÃO Cidade Universitária, s/nº - Bairro Universitário 79070-900 - Campo Grande (MS) Fone: (0xx67) 3345-7607 http://www.ufms.br http:// www.jornalismo.ufms.br / jorn.faalc@ufms.br


13

2. SUPORTES TEÓRICOS ADOTADOS: 2.1 – PERIFERIA A definição do conceito do termo Periferia é uma definição geográfica onde os espaços são longe do centro e de áreas urbanizadas. Em termos sociológicos são locais onde existem péssimas condições de habitação, é o local onde vive uma parcela da população de baixa renda. Dentro de uma visão concreta e objetiva de que a ocupação do território urbano depende apenas da classe social. O termo periferia passa a ideia geográfica de que o que está à margem da sociedade passa por exclusão. As ações humanas são entendidas como um dinâmico processo de criação e recriação das experiências que nos impelem a delimitar o campo empírico de nossa pesquisa nos espaços rurais e urbanos em função da diversidade cultural que se move em um mesmo território. Assim, o território deve ser visto como fruto de uma classificação das pessoas a partir do espaço que ocupam, ou ainda, pelas referências ao espaço de onde elas procedem. Por exemplo: bairros ou cidades onde divisões do tempo e do espaço não estavam clara e rigorosamente determinadas sintetizavam, em seu espaço, uma condição marginal. Daí o florescimento de uma inversão da lógica: se o lugar é marginal, conseqüentemente, aqueles que ali vivem são contaminados por tal imagem. (SHÖRNER, 2011, p.1).

O termo Periferia se subdivide em duas questões; a pobreza e a diversidade cultural que juntas compõem um cenário complexo. A pobreza é um alvo de estudo que está totalmente ligado a periferia, que aparecem como territórios com limitações, violências e pouca estrutura. Em um contexto onde não existe diálogo com os cidadãos, que vivem em precárias situações de vida e dificil acesso a saúde e outros direitos no país.

Em linhas gerais, a pobreza é a situação na qual as necessidades não são atendidas de forma adequada”7 Deve-se sublinhar, contudo, que, no Brasil, a abordagem da pobreza remete a uma importante especificidade, pobreza e desigualdade estão estreitamente imbricadas4. No País, a FACULDADE DE ARTES, LETRAS E COMUNICAÇÃO Cidade Universitária, s/nº - Bairro Universitário 79070-900 - Campo Grande (MS) Fone: (0xx67) 3345-7607 http://www.ufms.br http:// www.jornalismo.ufms.br / jorn.faalc@ufms.br


14

desigualdade tem sido denunciada nas últimas décadas em cores fortes. (CERQUEIRA, 2010, p. 3).

A pobreza nas áreas periféricas aponta as principais características sociais do ambiente; falta de acesso aos serviços básicos, pouca escolaridade, desemprego e precariedade no trabalho. A palavra periferia tem um significado que remete sobre a extremidade marginal, o olhar da sociedade sobre a periferia é de uma área distante do centro urbano que abriga a população de baixa renda. O principal problema de milhares de moradores da periferia é o acesso a saúde pública, as comunidades se localizam em áreas de risco e precariedades e mesmo com esses fatores a garantia do acesso a saúde não existe.

Em primeiro lugar, é preciso reconhecer o conhecimento popular acumulado, um saber que desafia indicadores de escolaridade e a competência de médicos, engenheiros, arquitetos e os padrões da linguagem culta. Desconsiderá-lo é desqualificar famílias, moradores, ambientes, rotinas. É preciso apreender a riqueza da cultura popular da periferia que interpreta e explica a realidade, produzindo e reproduzindo constantemente padrões de sociabilidade, a partir da imensa diversidade das camadas populares. (CERQUEIRA, 2010, p. 4).

2.2 – QUESTÃO DA MULHER A visão da periferia pela sociedade é uma visão marginalizada, como desempregados, pobres ou membros de minorias. Esse pensamento inclui as mulheres suburbanas, devido a sua condição de exclusão social: ser mulher e o agravante de ser FACULDADE DE ARTES, LETRAS E COMUNICAÇÃO Cidade Universitária, s/nº - Bairro Universitário 79070-900 - Campo Grande (MS) Fone: (0xx67) 3345-7607 http://www.ufms.br http:// www.jornalismo.ufms.br / jorn.faalc@ufms.br


15

mulher da periferia. A raça, a classe e o gênero são os determinantes das diferenças. A dupla condição posiciona as mulheres das periferias de forma diferente. Com esse deslocamento, não há possibilidade de construção de uma identidade feminina periférica essencialista, já que a representação feminina da periferia ganha em multiplicidade, na medida em que a mulher não pode ser aprisionada em uma categoria, tampouco em preceitos de gênero que não dão conta da vivência singular deste ser concreto. Nesse processo, as mulheres da periferia respondem às demandas locais pelo viés disjuntivo da alteridade, a partir de fissuras e deslizamentos identitários próprios e de injunções diferenciadas. (IPOTESE, 2011, p.19)

Quando pensamos em mulheres da periferia, pensamos em pessoas que são vitimadas pela marginalização social, em relação a sociedade e a lei. Um exemplo disso são pessoas desempregadas, pobres ou membros de uma minoria étnica e racial, nessa situação a mulher entra em uma categorização pior ainda devido ao seu gênero na sociedade machista em que vivemos. “Se alguém ‘é’ uma mulher, isso certamente não é tudo que esse alguém é; o termo não logra ser exaustivo, não porque os traços pré-definidos de gênero, mas porque o gênero nem sempre se constituiu de maneira coerente ou consistente nos diferentes contextos históricos, e porque estabelece interseções com modalidades raciais, classistas, étnicas, sexuais e regionais de identidades discursivamente constituídas. Resulta que se tornou impossível separar a noção de ‘gênero’ das interseções políticas e culturais em que invariavelmente ela é produzida e mantida” (BUTLER, 2008, p. 20).

A realidade vivenciada por essa figura feminina mostra como são as experiências dentro da periferia, as expressões culturais, suas formas de vida e trabalho.

FACULDADE DE ARTES, LETRAS E COMUNICAÇÃO Cidade Universitária, s/nº - Bairro Universitário 79070-900 - Campo Grande (MS) Fone: (0xx67) 3345-7607 http://www.ufms.br http:// www.jornalismo.ufms.br / jorn.faalc@ufms.br


16

2.3 – VÍDEO DOCUMENTÁRIO Os vídeos documentários podem ser descritos como produções artísticas, como filmes não-ficcionais. Sua principal responsabilidade é expor a realidade dos fatos. Os vídeos documentários surgiram quando os irmãos Marie Louis Nicholas Lumière e Louis Jean Lumière, mais conhecidos como irmãos Lumière, começaram a produzir pequenos documentários que exibiam a realidade do momento. Prevalecia um tom de exibicionismo, que diferia radicalmente tanto na ideia de olhar para dentro de um mundo privado e fictício como do material documental usado como prova cientifica, esse exibicionismo também difere no documentário. Nem a ênfase na exibição (cinema de atrações) nem a ênfase na reunião de provas (documentação cientifica) proporcionam uma base adequada para o documentário. (NICHOLS, 2012, p. 121/122)

Se comparar as características primitivas do cinema até o vídeo documentário, seria esperado que até os primeiros anos do século XX, o documentário tivesse sido desenvolvido equiparado aos filmes de ficção. Seu reconhecimento foi conquistado apenas entre a década de 1920 e 1930. (NICHOLS, 2012, p. 123) Um dos seus principais objetivos é representar uma determinada visão de uma parte do mundo. Uma visão que talvez ninguém nunca tenha visto antes. O discurso usado em vídeos documentários tem particularidades próprias, que se amparam em acontecimentos reais. Trata-se dos eventos que ocorreram anteriormente e no decorrer das filmagens. As observações diretas tiveram uma extrema importância para o produto, por permitir uma imersão dentro da comunidade. Durante a observação também foi realizado junto com as mulheres, seu trabalho na escolinha. Com o intuito de dirigir algo que eu senti e não apenas vi. Os documentários costumam abordar questões sociais consideram as questões coletivas de uma perspectiva social. As pessoas recrutadas para o filme ilustram o assunto ou dão opinião sobre ele. (BILL, 2012, p. 205)

FACULDADE DE ARTES, LETRAS E COMUNICAÇÃO Cidade Universitária, s/nº - Bairro Universitário 79070-900 - Campo Grande (MS) Fone: (0xx67) 3345-7607 http://www.ufms.br http:// www.jornalismo.ufms.br / jorn.faalc@ufms.br


17

A narrativa usada nos vídeos documentários é por via de regra quase sempre aberta, por cinematografar personagens e fatos reais. Com trilha sonora e as filmagens organizadas, as representações dão a entender muito mais do que depoimentos passageiros. Representando conceitos abstratos que vão de encontro com a bagagem cultural de cada receptor, que recebera a mensagem da forma com o que o emissor quis ou não expor. O que causa uma experiência única em cada receptor. (NICHOLS, 2012, p. 98) O que marca um documentário são as pré-entrevistas, por efetivar o contato dos documentaristas, da sua equipe e dos personagens participantes. (PUCCINI, 2009, p. 33) Uma das estratégias para manter o espectador é fazer com que o filme seja conduzido por personagens fortes, que vivam situações de risco, conflituosas, que enfrentem obstáculos para atingir a meta e que consigam superar esses obstáculos. (PUCCINI, 2009, p. 39)

Todo o processo de edição e montagem do vídeo documentário se inicia com uma análise do material apurado e capturado. Os documentários apresentam uma perspectiva especial do mundo, por expor as questões que nos cercam em um filme. A edição do produto marca o instante em que o produtor alcança o total controle de representação do filme.

FACULDADE DE ARTES, LETRAS E COMUNICAÇÃO Cidade Universitária, s/nº - Bairro Universitário 79070-900 - Campo Grande (MS) Fone: (0xx67) 3345-7607 http://www.ufms.br http:// www.jornalismo.ufms.br / jorn.faalc@ufms.br


18

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS Este projeto de conclusão de curso, que consiste em um vídeo-documentário, tem a finalidade de mostrar as perspectivas das mulheres moradoras da comunidade Cidade de Deus, e claro, expor e dar voz às pessoas que se sentem a margem da sociedade. O vídeo-documentário: Cotidiano das Mulheres da Comunidade Cidade de Deus, mostra a rotina, as condições de moradia, as histórias, os sonhos, o lado sentimental, as lutas, as perdas, as preocupações, tristezas e alegrias da vida de cada uma das personagens. Porque na maior parte das vezes, essas figuras femininas não têm oportunidade de voz, de falar e ser ouvida pela sociedade. O trabalho busca mostrar que mesmo com tanta dificuldade, as mulheres continuam batalhando, que mesmo com tão pouco, elas dividem o que têm com o próximo e ainda arranjam tempo para fazer trabalho voluntário dentro da comunidade. Com uma representação real através de imagens e depoimentos do que é ser uma moradora da Cidade de Deus. No produto, elas explicam detalhadamente como é morar em um barraco, como são os dias de chuva naquele ambiente e expressam suas percepções da favela. Além é claro de tratarem assuntos importantes, como a representação da família em suas vidas. Na favela, quase não existem políticas públicas para os moradores, serviços como saúde e educação são precários. Notou-se também a ausência de espaços públicos dentro da comunidade que proporcionem lazer e integração, como praças. Um dos principais objetivos do trabalho era tornar pública a definição do que é ser uma mulher moradora da Cidade de Deus, com todas as representações acerca de seu cotidiano. Além disso, apresentar o lado sentimental das personagens e que mesmo com todas as contrariedades enfrentadas por elas, ainda existem coisas lindas vividas dentro da favela. Cada objetivo traçado foi alcançado durante a execução do produto, principalmente os pessoais, de aprender sobre a vida com essas mulheres, que batalham FACULDADE DE ARTES, LETRAS E COMUNICAÇÃO Cidade Universitária, s/nº - Bairro Universitário 79070-900 - Campo Grande (MS) Fone: (0xx67) 3345-7607 http://www.ufms.br http:// www.jornalismo.ufms.br / jorn.faalc@ufms.br


19

dia a dia para sobreviver e cuidar dos filhos na Cidade de Deus. Indubitavelmente, o trabalho foi uma experiência enriquecedora por me trazer contato com uma realidade totalmente diferente, o trabalho agregou não só para o jornalismo e suas práticas, mas também para uma perspectiva diferente da vida.

FACULDADE DE ARTES, LETRAS E COMUNICAÇÃO Cidade Universitária, s/nº - Bairro Universitário 79070-900 - Campo Grande (MS) Fone: (0xx67) 3345-7607 http://www.ufms.br http:// www.jornalismo.ufms.br / jorn.faalc@ufms.br


20

4. REFERÊNCIAS

RABETTI, Lunna et al. Perifeminas: Nossa história. 1. ed. São Paulo: Editora Livre Expressão, 2013. 63 p. v. 1.

PUCCINI, Sérgio (2009). Roteiro de documentário. Col: Campo Imagético 2 ed. São Paulo: Papirus.

SACRAMENTO, Sandra Maria. Mulheres da periferia: feminismo e transgressão em Guerreira de Alessandro Buzo. 1. ed. [S.l.: s.n.], 2011. 4 p. v. 1. Disponível em: <http://www.ufjf.br/revistaipotesi/files/2011/05/11-Mulheres-da-periferia-Ipotesi-15especial.pdf>. MELO, Aline Kátia . Documentário sobre mulheres da periferia : “Nós, Carolinas”. 1. Disponível

em:

<http://fenafar.org.br/2016-01-26-09-32-20/brasil/1393-documentario-

sobre-mulheres-da-periferia-nos-carolinas-estreia-no-dia-8-de-marco>.

CERQUEIRA, Monique Borba. Pobreza, periferia e diversidade cultural: Desafios para a saúde.

1.

Disponível

em:

<http://periodicos.ses.sp.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S151818122010000200007&lng=pt&nrm=iso.>.

SHÖRNER, Anselmo . Periferia: Pensando em um conceito. 1. Disponível em: <http://ecos-periferia.blogspot.com.br/2011/09/periferia-pensando-um-conceito.html>.

NICHOLS, Bill (2012). Introdução ao documentário. Col: Campo Imagético 5 ed. São Paulo: Papirus.

FACULDADE DE ARTES, LETRAS E COMUNICAÇÃO Cidade Universitária, s/nº - Bairro Universitário 79070-900 - Campo Grande (MS) Fone: (0xx67) 3345-7607 http://www.ufms.br http:// www.jornalismo.ufms.br / jorn.faalc@ufms.br


21

DUARTE, J. A. M. Métodos e técnicas de pesquisa em comunicação. São Paulo: Atlas, 2005.

IBGE

Instituto

Brasileiro

de

Geografia

e

Estatísticas.

Disponível

em:

https://cidades.ibge.gov.br/brasil/ms/campo-grande/pesquisa/23/25359 Acesso em: 31 de outubro de 2018. Dados sobre a Cidade de Deus. DISCIPULAS DA MISERICÓRDIA DO PAI – Instituto Misercordes

Sicut

Pater.

Disponível

http://institutomisericordessicutpater.blogspot.com/?view=timeslide

FACULDADE DE ARTES, LETRAS E COMUNICAÇÃO Cidade Universitária, s/nº - Bairro Universitário 79070-900 - Campo Grande (MS) Fone: (0xx67) 3345-7607 http://www.ufms.br http:// www.jornalismo.ufms.br / jorn.faalc@ufms.br

em.


22

5. ANEXOS Anexo A – Informações sobre e Cidade de Deus I e II.

FACULDADE DE ARTES, LETRAS E COMUNICAÇÃO Cidade Universitária, s/nº - Bairro Universitário 79070-900 - Campo Grande (MS) Fone: (0xx67) 3345-7607 http://www.ufms.br http:// www.jornalismo.ufms.br / jorn.faalc@ufms.br


23

Anexo B – Slogan Campo Grande sem favela.

FACULDADE DE ARTES, LETRAS E COMUNICAÇÃO Cidade Universitária, s/nº - Bairro Universitário 79070-900 - Campo Grande (MS) Fone: (0xx67) 3345-7607 http://www.ufms.br http:// www.jornalismo.ufms.br / jorn.faalc@ufms.br


24

Anexo C – Dados do IBGE de aglomerados subnormais

FACULDADE DE ARTES, LETRAS E COMUNICAÇÃO Cidade Universitária, s/nº - Bairro Universitário 79070-900 - Campo Grande (MS) Fone: (0xx67) 3345-7607 http://www.ufms.br http:// www.jornalismo.ufms.br / jorn.faalc@ufms.br


25

FACULDADE DE ARTES, LETRAS E COMUNICAÇÃO Cidade Universitária, s/nº - Bairro Universitário 79070-900 - Campo Grande (MS) Fone: (0xx67) 3345-7607 http://www.ufms.br http:// www.jornalismo.ufms.br / jorn.faalc@ufms.br


26

6. APENDICES Apêndice A - Roteiro de edição: Vídeo Documentário – O Cotidiano das Mulheres da comunidade Cidade de Deus.

VÍDEO

ÁUDIO

00:00 – 00:26 – Fundo preto com legenda do título do documentário.

TRILHA

00:27 – 00:37 – Imagens de apoio da Adriana.

TRILHA

00:28 – 01:10 – Fundo preto com legenda da fala da Delair, e de créditos do documentário. 01:11 – 01:16 - Dissolução de imagens de fundo preto que alterna para Adriana.

TRILHA

01:17 – 01:26 – Dissolução de imagens que alterna para imagens da Cidade de Deus.

01:27 – 03:11 – Dissolução de imagens que alterna para depoimento da Sílvia. (Parte coberta com imagens de apoio do barraco)

Fala da entrevistada: “-Cita algo lindo da sua vida?” “ãn?” “- Cita Algo lindo da sua vida?” “Que que é isso?” TRILHA

Fala da entrevistada: “A coisa mais linda que aconteceu até hoje na favela que eu me lembro muito bem foi quando a minha mãe ganhou esse terreno, que ela chorou muito, ajoelhou e agradeceu, e eu achei aquilo lindo. ”

FACULDADE DE ARTES, LETRAS E COMUNICAÇÃO Cidade Universitária, s/nº - Bairro Universitário 79070-900 - Campo Grande (MS) Fone: (0xx67) 3345-7607 http://www.ufms.br http:// www.jornalismo.ufms.br / jorn.faalc@ufms.br


27

03:12 – 08:35 – Dissolução de fundo preto para as imagens de apoio e depoimento de Adriana.

Fala da entrevistada: “Eu acho que eu vou ficar mais feliz quando sair a casa um dia né, porque na verdade até os filhos perguntam, ela pergunta “Mãe quando nós vamos ter uma casa? ” Porque a gente não considera o barraco como casa, mas eu falo, por em quanto a casa de vocês é essa aqui. Eles perguntam, ela pergunta para mim direto. ” “Nossa minha batalha dentro da favela foi muita luta, a gente sempre estava passando dificuldade, muitas vezes cortavam a luz porque é gambiarra e a gente ficava sem luz três dias. No pernilongo, as crianças pequenas. Também quando fecharam o lixão ali, muita gente sobrevivia dele, tanto é que agora tem muita gente desempregada, porque abriram a UTR ali para muita gente trabalhar, mas só que daí não dá para encaixar todo mundo ali né, que trabalhava no lixão. O lixão foi fechado e aí começou a luta do pessoal e a dificuldade ficou maior né, na verdade a gente vivia disso, todo mundo trabalhava lá né. Quando os guardas não deixavam entrar a gente pulava a cerca por cima. Para trabalhar né, porque muitas vezes o guarda não deixava mesmo não, eu cheguei a pular lá algumas vezes. E daí a gente ficava sem luz, passava dificuldade. Depois a ema resolveu lotear aqui, aí veio a esperança da casa, começou a construir e falamos, agora nós vamos ter uma casa. Colocaram uma empresa aqui para

FACULDADE DE ARTES, LETRAS E COMUNICAÇÃO Cidade Universitária, s/nº - Bairro Universitário 79070-900 - Campo Grande (MS) Fone: (0xx67) 3345-7607 http://www.ufms.br http:// www.jornalismo.ufms.br / jorn.faalc@ufms.br


28

construir a casa e roubaram material, e daí sumiu o material, pararam. As casas pararam lá, nem chegou até aqui. Aí nós perdemos a esperança da casa de novo. Para cá parece que é mais esquecido do que para cima né? Lá pelo menos está pela metade, aqui não, aqui ficou pelo. ”

FACULDADE DE ARTES, LETRAS E COMUNICAÇÃO Cidade Universitária, s/nº - Bairro Universitário 79070-900 - Campo Grande (MS) Fone: (0xx67) 3345-7607 http://www.ufms.br http:// www.jornalismo.ufms.br / jorn.faalc@ufms.br


29

08:36 – 10:36 – Dissolução de fundo preto para imagens de apoio e depoimento de Silvia.

Fala da Entrevistada: “Quando eu cheguei aqui eu estava com doze para treze anos, a gente estava morando de aluguel, nesse aluguel a gente pagava duzentos e não tinha água e nem luz, minha mãe tinha que pagar cinquenta reais para encher um tambor e esse tambor tinha que dar duas semanas. Então estava bem complicado e a gente soube que estava tendo favela aqui. Nesse momento a gente pegou e juntou o dinheiro do pai, que nessa época estava trabalhando no lixão e fazendo bico de servente, desse dinheiro a gente pegou e comprou material, Madeirit, tábua, todas essas coisas para fazer o barraco e a gente fez se eu não me engano ainda não tinha a escolinha ali ainda, próximo ali a escolinha. Só que a gente passou um tempo e a Ana ficou com febre, ficou ruinzinha e ai a gente não pode mudar. No segundo dia a tarde, que a gente veio, já não tinha mais nada, tinham levado. “E a gente não veio e continuou morando lá, e minha mãe teve que pedir dinheiro emprestado para a minha vó, minha vó emprestou e a gente comprou um barraco que já estava feito. Só que esse barraco também precisava de ajustes porque ele era muito pequeno, esse barraco não dava para uma família de três adultos e sete crianças, porque ele era muito pequeno. Não tinha como, teve que aumentar, subir, porque tinha pedaços de telha que estavam caindo.

FACULDADE DE ARTES, LETRAS E COMUNICAÇÃO Cidade Universitária, s/nº - Bairro Universitário 79070-900 - Campo Grande (MS) Fone: (0xx67) 3345-7607 http://www.ufms.br http:// www.jornalismo.ufms.br / jorn.faalc@ufms.br


30

E a gente comprou esse barraco por cento e pouco e teve que dar mais sessenta reais para ligar a luz. E setenta para a água. Nessa época a gente enchia o tambor também, mas tinha água para poder tomar banho porque não tinha como ter chuveiro ainda. Com passar do tempo foi ajeitando coisas na casa, foi separando cômodo por cômodo. Foi colocando lona no chão porque a mãe não gosta de terra no chão. Foi colocando chuveiro, torneira, tudo certinho e foi ajeitando as coisas. “

FACULDADE DE ARTES, LETRAS E COMUNICAÇÃO Cidade Universitária, s/nº - Bairro Universitário 79070-900 - Campo Grande (MS) Fone: (0xx67) 3345-7607 http://www.ufms.br http:// www.jornalismo.ufms.br / jorn.faalc@ufms.br


31

10:37 – 11:03 – Dissolução de fundo preto para depoimento de Adriana.

Fala da Entrevistada: Nossa, é difícil. É difícil não tanto por causa da gente grande, mas as crianças pequenas, que eu tenho ela e outro menor de quatro anos, que está na creche agora. A gente limpa, mas barraco não para limpo, porque parece que vem sujeira não sei de onde para dentro, mas vem, não para limpo barraco. A gente limpa, limpa, mas não consegue limpar, não sei de onde vem tanta sujeira, tudo esburacado também, quando a chuva vem ainda lá, já está caindo dentro do barraco. ”

11:04 – 11:30 – Dissolução de fundo preto para depoimento de Silvia Vitória

Fala da entrevistada: “Quando eu saio de casa, para um evento ou qualquer coisa, quando eu estava lá na escolinha, no instituto tinha festa da igreja e essas coisas, e determinada comida que eu sei que se eu comer lá, e eu não puder trazer eu não vou comer. Se tiver lá um Bolo de pote ou coisa desse tipo, uma coisa que eles gostam de comer e eu não vou poder trazer para eles eu não como. Agora se eu puder trazer eu como um pouquinho e trago para eles, para poder dividir.”

FACULDADE DE ARTES, LETRAS E COMUNICAÇÃO Cidade Universitária, s/nº - Bairro Universitário 79070-900 - Campo Grande (MS) Fone: (0xx67) 3345-7607 http://www.ufms.br http:// www.jornalismo.ufms.br / jorn.faalc@ufms.br


32

11:31 – 12:02 – Dissolução de fundo preto para entrevista de Delair Coelho.

12:03 – 13:09 – Dissolução de fundo preto para depoimento de Silvia.

Fala da Entrevistada: “Algo lindo da Cidade de Deus é a bondade das pessoas, eu nunca vi bondade maior e mais sincera do que entre os mais pobres. Eu nunca vi acontecer das pessoas que não tem nada, alguém chegar com fome que ele não divida o nada com aquela pessoa. Nunca vi, eles arrumam um jeito e alguma coisa ele dá para aquela pessoa mas não fica sem dar.” Fala da entrevistada: “Daqui 10 anos eu me imagino não estando aqui, não morando na favela, espero que a casa da minha mãe esteja pronta e que eu não tenha que depender do governo e programa social para eu ter uma casa. Pretendo já ter me formado em letras, não pretendo estar no Brasil, porque eu gosto e sinto muita vontade de viajar para fora, eu quero dar aula na África, Síria, na onde eu acho que para mim lá precisam de mim mais do que aqui. É lá que eu sinto vontade de ir, daqui 10 anos eu me imagino lá. Se eu ganhasse dez mil reais agora eu construiria aqui para minha mãe, eu ajudava minha vizinha dona Adriana e minha vizinha dona Amilda de lá, porque ela é sozinha então ela também precisa de ajuda. Ajudaria também na escolinha, porque eu sinto muita falta de lá, guardaria uma quantia boa para os meus irmãos. Pagaria algumas dividas, da luz, dá água, da minha mãe, para ela não ter preocupação com isso. Guardaria uma quantidade para mim poder

FACULDADE DE ARTES, LETRAS E COMUNICAÇÃO Cidade Universitária, s/nº - Bairro Universitário 79070-900 - Campo Grande (MS) Fone: (0xx67) 3345-7607 http://www.ufms.br http:// www.jornalismo.ufms.br / jorn.faalc@ufms.br


33

pagar os meus estudos e para mim poder viajar pra lá, para Síria, Azerbaijão, Paquistão. ”

13:10 – 13:42 – Dissolução de fundo preto para depoimento da entrevistada Adriana.

Fala da entrevistada: “Nossa, falta luz, fica uma escuridão, sempre os postes estão dando problema, sem contar que as ruas são todas escuras, você ainda aqui de noite você não vê nada não, não vê um pico de luz, é difícil ver um, uma escuridão só, e daí no dia de chuva piorou tudo. Acaba a energia dentro de casa pronto, a gente fica em uma situação precária mesmo. Sem contar que os bichos vêm todos do mato, aqui tem capivara, aqui tem tamanduá, aqui tem tudo que é bicho nesse mato aí. “

13:43 – 13:50 – Dissolução de fundo preto para imagens de apoio de Delair.

TRILHA

LEGENDA: Delair deixou para trás 17 anos de trabalho em salas de aula, para morar e se dedicar as crianças da comunidade.

FACULDADE DE ARTES, LETRAS E COMUNICAÇÃO Cidade Universitária, s/nº - Bairro Universitário 79070-900 - Campo Grande (MS) Fone: (0xx67) 3345-7607 http://www.ufms.br http:// www.jornalismo.ufms.br / jorn.faalc@ufms.br


34

13:51 – 14:06 – Dissolução de fundo preto para imagens de apoio de Silvia Vitória. LEGENDA: Silvia tem 18 anos, ainda não concluiu o ensino médio, e sonha em ser professora. 14:07 – 14:19 – Dissolução de fundo preto para imagens de apoio de Adriana. LEGENDA: Adriana continuará lutando, para dar uma moradia digna a seus filhos. 14:20 – 14:35 – Dissolução de fundo preto para imagens de apoio de Ariele. LEGENDA: Ariele cuida dos três filhos sozinha e ainda trabalha como voluntária na escolinha 14:36 – 14:45 – Dissolução de fundo preto para depoimento de Delair.

TRILHA

TRILHA

TRILHA

TRILHA Fala da entrevistada: “Ser uma mulher da periferia, é ser uma sobrevivente através da luta. É isso. “

FACULDADE DE ARTES, LETRAS E COMUNICAÇÃO Cidade Universitária, s/nº - Bairro Universitário 79070-900 - Campo Grande (MS) Fone: (0xx67) 3345-7607 http://www.ufms.br http:// www.jornalismo.ufms.br / jorn.faalc@ufms.br


35

14:46 – 15:33 – Dissolução de fundo preto para imagens de apoio com os créditos. Direção, produção, roteiro e edição: Vitória Teslenco Imagens: Gircilei Prudêncio Agradecimentos: Adriana, Ariele, Delair e Silvia. Orientação: Cristina Ramos Trilha sonora: Queen – It’s a beautiful day Cine belas artes – Vinicius Faina 15:34 – 15:45 – Dissolução para fundo preto com nome do projeto, disciplina e ano.

TRILHA

TRILHA

FACULDADE DE ARTES, LETRAS E COMUNICAÇÃO Cidade Universitária, s/nº - Bairro Universitário 79070-900 - Campo Grande (MS) Fone: (0xx67) 3345-7607 http://www.ufms.br http:// www.jornalismo.ufms.br / jorn.faalc@ufms.br

.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.