A Comunidade Surda e a Comunicação em Libras

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL FACULDADE DE ARTES, LETRAS E COMUNICAÇÃO CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL COM HABILITAÇÃO EM JORNALISMO

A COMUNIDADE SURDA E A COMUNICAÇÃO EM LIBRAS: A LÍNGUA NEGLIGENCIADA ENTRE NÓS

Maria Luiza Queiroz Pereira Mayara Franciny Bakargi Almeida

Campo Grande OUTUBRO /2017


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A COMUNIDADE SURDA E A COMUNICAÇÃO EM LIBRAS: A LÍNGUA NEGLIGENCIADA ENTRE NÓS Maria Luiza Queiroz Pereira Mayara Franciny Bakargi Almeida

Relatório apresentado como requisito parcial para aprovação na disciplina Projetos Experimentais do Curso de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.

Orientador(a): Prof. Dr Marcelo Cancio Soares

UFMS Campo Grande OUTUBRO - 2017


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SUMÁRIO Resumo

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Introdução

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1. Atividades desenvolvidas

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1.1 Execução

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1.2 Dificuldades encontradas

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1.3 Objetivos alcançados

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2. Suportes teóricos adotados

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Referências

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Apêndices

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RESUMO: Este projeto teve por objetivo analisar a acessibilidade da Língua Brasileira de Sinais (Libras) na Comunicação e explicar através de uma videorreportagem a importância da língua e das leis criadas para proteger os direitos dos surdos. E com base em fontes documentais, pessoais e audiovisuais, foram levantados dados sobre a LIBRAS e as problemáticas existentes quanto a acessibilidade dos surdos nos afazeres cotidianos. Negligenciados pela sociedade, os surdos são submetidos a uma falha de comunicação que os prejudica em todo o âmbito social.

PALAVRAS-CHAVE: ​Comunicação; Inclusão; Surdos; Libras; Vídeo Reportagem.


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INTRODUÇÃO

Este trabalho de conclusão do curso de Comunicação Social/Habilitação em Jornalismo em formato de videorreportagem buscou retratar a vida e as dificuldades

da

comunidade

surda.

Abordou especialmente a relação da

comunicação de surdos com os ouvintes que não sabem Libras – Língua Brasileira de Sinais. De acordo com o censo do IBGE do ano de 2010, cerca de 9,7 milhões de pessoas possuem deficiência auditiva no Brasil, sendo que mais de 2 milhões delas têm a deficiência em sua forma mais severa. Para ser considerado um caso severo, deve haver uma perda entre 70 e 90 decibéis da audição. Por anos a população surda foi discriminada em todo o mundo e, no Brasil, a Libras foi apenas considerada como a segunda língua oficial do país no ano de 2002, pela lei federal de número 10.436, anteriormente sendo considerada apenas uma linguagem. O Artigo 2º da lei federal 10.436 explica que o poder público tem o dever de auxiliar a difusão da língua. Deve ser garantido, por parte do poder público em geral e empresas concessionárias de serviços públicos, formas institucionalizadas de apoiar o uso e difusão da Língua Brasileira de Sinais - Libras como meio de comunicação objetiva e de utilização corrente das comunidades surdas do Brasil. (BRASIL, 2015)

Recentemente foi levantada a questão sobre a presença de surdos no cinema. A lei federal de número 13.146, sancionada no ano de 2015 e denominada de “Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência”, presente no Estatuto da Pessoa com Deficiência garante a inclusão dessa comunidade em eventos culturais. “A pessoa com deficiência tem direito à cultura, ao esporte, ao turismo e ao lazer em igualdade de oportunidades com as demais pessoas”, incluindo, desta forma, acessibilidade nos cinemas, teatros, entre outros locais culturais e esportivos. No município de Dourados, no estado de Mato Grosso do Sul, os cinemas que não exibiam filmes legendados foram intimados a apresentarem ao menos uma sessão dos filmes internacionais com legenda, de forma a garantir a acessibilidade à cultura, como previsto na lei, aos clientes surdos.


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Apesar deste avanço recente na cidade próxima à capital, alguns direitos concedidos a essa população estão em retrocesso. No dia 25 de agosto de 2017, o curso de Libras disponível no Centro Estadual de Línguas e Libras de Mato Grosso do Sul (CEL/MS) da capital, foi suspenso pelo governo do estado, com o objetivo de cortar gastos. Conclui-se que a falta do cumprimento das leis que favorecem os direitos dos surdos prejudicam a convivência entre surdos e ouvintes e que as leis atuais necessitam de revisão e aprimoramento. Atualmente questiona-se também a falta do aprendizado da Língua Brasileira de Sinais em escolas de Ensino Fundamental e médio, especialmente considerando-se que é a segunda língua oficial do país. A proposta deste projeto, teve como objetivo retratar a vida e as dificuldades da comunidade surda em relação à comunicação. Como objetivos específicos o trabalho buscou através de especialistas, dados, histórico da deficiência e também do surgimento da Língua Brasileira de Sinais e o processo de constituição como língua oficial; Foi retratada a vida e a comunicação dos surdos na capital;


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1. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

O vídeo reportagem foi desenvolvido a partir da abordagem do tema Comunidade Surda e a Comunicação em Libras: a Língua Negligenciada entre nós. A importância sobre o tema foi destacada através da observação direta e pela percepção da dificuldade comunicativa que os Surdos são expostos diariamente. Para explorar o assunto foram feitas pesquisas bibliográficas sobre a Comunidade Surda, inclusão e acessibilidade da Língua Brasileira de Sinais (Libras), e técnicas de reportagem. Foram elaborados dois roteiros de questionamentos para direcionar as entrevistas, um para os surdos e outro para a população em geral de Campo Grande. O roteiro de perguntas foi importante para poder identificar as dificuldades, avanços e os interesses das pessoas acometidas de surdez no âmbito social, sobretudo, os entraves criados entre surdos e ouvintes, por ser a língua de Sinais Libras negligenciada pela maioria da população. Para tanto, realizamos contato com fontes surdas, quanto ouvintes, que se comunicam ou não, através da língua de sinais; Também foram feitas leituras de pesquisas, TCC’s, livros, documentários sobre o tema, além de visualizações de fontes audiovisuais que abordam as leis, a comunicação e a vivência dos surdos no Brasil. Exploração de caminhos para aproximação e contato direto com a vida dos surdos, a fim de pesquisar e observar a situação social da comunidade surda atualmente em Campo Grande.

1.1 Execução:

Para a elaboração do produto final utilizamos técnicas jornalísticas características de um videorreportagem, como o levantamento de dados, entrevistas com fontes testemunhais e/ou especialistas e uma análise detalhada sobre a vida sociocultural dos surdos. Sem o caráter noticioso, já que não fizemos a cobertura de um fato, mas sim, uma pesquisa de campo e observação direta, através da seleção


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de fontes, checagem, gravações, decupagens, elaboração de roteiro, edição, administração de colaboradores e profissionais capacitados para produzir o produto final. A partir das entrevistas realizadas, o trabalho analisa a opinião dos surdos, diante as problemáticas de comunicação e a inclusão destes nas atividades sociais cotidianas, como por exemplo, assistir televisão, cinema, teatro, ir ao supermercado, pedir informações na rua, entre outras, mostrando quais os problemas que os mesmos enfrentam.

1.2 Dificuldades Encontradas

Inicialmente a dificuldade encontrada foi quanto a delimitação do tema, já que ao estudarmos e aprofundarmos a pesquisa, observamos que a abordagem da Comunidade Surda e a Comunicação em Libras é ampla, e foram necessárias longas conversas para alinharmos o caminho a seguir. Os entraves da comunicação com o surdo, pode ser nao só observado, mas também vivido durante as entrevistas, já que, infelizmente não dominamos a Língua Brasileira de Sinais e em todas as entrevistas com fontes surdas precisamos de um intérprete para que a comunicação fosse estabelecida. Algumas fontes, programadas no pré-roteiro, não foram entrevistadas com recurso audiovisual, algumas vezes, por problemas de saúde da fonte e em outras por impossibilidade de horário favorável a todos os envolvidos: fontes, pesquisadores e cinegrafistas. Mesmo assim, o acervo de imagens e entrevistas foi amplo e a construção do roteiro do videorreportagem exigiu bastante experiência jornalística, que adquirimos nos quatro anos de faculdade, para elencarmos as informações mais importantes.

1.3 Objetivos Alcançados ​


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Com o levantamento de dados sobre a comunidade surda, foi possível a análise da Comunicação Social dos surdos e constatar que por anos esta população foi discriminada em todo o mundo. E no Brasil, o reconhecimento da Libras como língua oficial do país foi uma conquista recente, em 2002, anteriormente era considerada apenas uma linguagem. Os limites de uma língua negligenciada pela sociedade e a falta do cumprimento das leis que favorecem os direitos dos surdos prejudicam a convivência entre surdos e ouvintes. Foi possível, constatar também, a necessidade que os alunos surdos possuem em perceber que suas dificuldades são valorizadas, entendendo que, com o devido atendimento, a comunicação pode ser viabilizada através de uma educação inclusiva. Além disso, mostramos a importância do intérprete na vida dos deficientes auditivos, em tarefas importantes ou mais corriqueiras, como por exemplo, no pronto atendimento médico, supermercado, cinema, agências bancárias e outros. A educação inclusiva é uma necessidade real aos surdos brasileiros, para que os mesmos conquistem carreiras e profissões possíveis se extinguirem os entraves na comunicação. Com a pesquisa realizada, observamos, que, para mudar o quadro do preconceito com a comunidade surda presente no cenário atual e diminuir a

invisibilidade da deficiência, é importante trabalhar a educação das

crianças do nosso país e que as escolas possuam o ambiente linguístico adequado aos surdos, mas além disso, estenda o aprendizado da Língua Brasileira de Sinais as crianças ouvintes, evitando assim o isolamento dos surdos. Tal entendimento acrescenta à vida das crianças surdas e ouvintes, habilidades, valores e atitudes que irão refletir em ações para o convívio em sociedade.


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2. SUPORTES TEÓRICOS ADOTADOS:

Os dados do censo demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realizado em 2010, mostram que cerca de 5,1% dos brasileiros possuem deficiência auditiva, ou seja, 9,7 milhões de pessoas sendo que 344,2 mil delas possuem perda total da audição. Entre essas 9,7 bilhões, 2 milhões possuem ainda uma dificuldade profunda para ouvir. Sabendo então que o número de surdos no Brasil é tão grande, questiona-se o nível da qualidade do amparo e acessibilidade que o Estado e a Sociedade fornecem à essa parcela da população. Em sua obra, “Telejornalismo e Audiência Surda: Um estudo Sobre as Estratégias de acessibilidade nas Produções de TV em João Pessoa”, Poliana Medeiros Lemos (2015, p.16), explica “Por isso, algumas medidas são necessárias para que estas pessoas se sintam de fato parte de uma sociedade, que é diversa, mas, plural, na multiplicidade dos seus indivíduos.” É de extrema importância que os surdos possam conviver em sociedade com o direito de aprender e se desenvolver com qualidade de vida, bem-estar e incluídos socialmente. Atualmente existem diversas estratégias para que esses direitos sejam garantidos, porém é necessário que esses planos sejam checados com o intuito de assegurar a acessibilidade. No Trabalho Projeto Experimental, como requisito parcial para a obtenção do Grau de Bacharel Comunicação Social, Habilitação Jornalismo, na Universidade Federal da Paraíba, Poliana Medeiros reforça a necessidade de inclusão e acessibilidade dos surdos no exercício da cidadania. Vale lembrar que, acessibilidade, além de tudo, é o que torna realizável o exercício da cidadania das pessoas com deficiência, e através dela também é possível proporcionar qualidade de vida às pessoas. Por isso, ela está associada não só aos processos tecnológicos e arquitetônicos, mas também ao desenvolvimento social. (LEMOS, 2015, p.17)

2.1 O Contexto Histórico Da Comunidade Surda


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No Brasil, foram nos anos de 1880, que surgiram as propostas educacionais acerca do surdo. Posteriormente houveram avanços e transformações diante desse cenário e políticas públicas favorecendo a educação especial, visando o incentivo à utilização da Língua Brasileira de sinais (LIBRAS) no processo de ensino e aprendizagem dos alunos com surdez e o incentivo à oficialização da língua. Fazendo uma comparação da realidade atual da educação inclusiva que direciona o atendimento educacional especializado, com a educação inclusiva no ano de 2000, nas escolas o fato era totalmente diferente, os recursos e materiais pedagógicos eram adaptados em salas específicas onde somente estudavam alunos que tivessem a mesma deficiência, hoje, são disponibilizados recursos e capacitações direcionadas aos profissionais e a inserção desses alunos no ensino regular, no entanto, não se pode afirmar ser o modelo ideal, pois para Paulo Freire (2006a, p.97 apud VERISSIMO e SOARES, 2010), “o espaço pedagógico é um texto para ser constantemente “lido”, interpretado, “escrito” e “reescrito”. Atualmente, a Política Nacional de Educação surgiu como um dispositivo de orientação para o encaminhamento do trabalho educacional no país e define como importantíssimo o ensino da LIBRAS para as crianças surdas. O Plano Nacional de Educação (PNE) determina diretrizes, metas e estratégias para a política educacional dos correntes dez anos (2014/2024). Designa metas estruturantes para a garantia do direito à educação básica com qualidade, e que assim promovam a garantia do acesso, à universalização do ensino obrigatório, e à ampliação das oportunidades educacionais. Apontam metas que diz respeito também, especificamente, à redução das desigualdades e à valorização da diversidade, caminhos imprescindíveis para a equidade.

A Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva define a Educação Especial da seguinte forma: A educação especial é uma modalidade de ensino que perpassa todos os ícones, etapas e modalidades, realiza o atendimento educacional especializado, disponibiliza os recursos e serviços e orienta quanto a sua utilização no processo de ensino e aprendizagem comum do ensino regular.


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Neste tópico do projeto, o real objetivo é salientar como o processo de alfabetização no Sistema Regular de Ensino, como ambiente linguístico adequado, tem sua importância, proporcionando aos surdos à descoberta da sua própria língua e a riqueza de informações juntamente com as crianças ouvintes. Assim a interação passa apresentar qualidade e quantidade, aspectos esses que tornam o processo de alfabetização rico e complexo, apresentando sentido na vida da criança. Sendo importante que o ambiente escolar seja aquele onde a cultura surda possa estar presente, oferecendo boas condições de desenvolvimento ao estudante surdo e respeitando seu direito à igualdade linguística. Tendo consciência que o ensino da Libras é o início da inclusão e fundamental aos surdos nas atividades educacionais, culturais e sociais.

2.2 Libras - A Língua Brasileira De Sinais

O termo Libras tem origem da frase Língua Brasileira de Sinais, que constitui na língua utilizada como comunicação pela comunidade surda brasileira. No dia 24 de abril do ano de 2002, a Lei Federal nº 10.436 reconheceu em seu artigo 1º a Língua Brasileira de Sinais como a segunda língua oficial do país. “Art. 1° É reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a Língua Brasileira de Sinais – Libras e outros recursos de expressão a ela associados.” (BRASIL, 2002). Assim como a língua portuguesa falada, a língua de sinais também apresenta influências regionalistas, ou seja, alguns sinais mudam em questão de detalhes de uma região a outra do Brasil.

2.3 Identidade Da Cultura Surda

As diferenças que constituem o convívio de surdos e ouvintes podem ser analisadas diante de um processo histórico sendo possível perceber o preconceito, os paradigmas e o desconhecimento da sociedade acerca das pessoas com surdez,


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fazendo com que sejam excluídas das situações que compõem todo o convívio social. E caminhando diante dessa perspectiva, é importante refletir sobre a comunidade surda, não em sua totalidade, como se fosse um grupo homogêneo e uniforme, mas sim, em toda a sua diversidade, afinal, existem surdos pobres, ricos, homens, mulheres, homossexuais, negros, brancos, velhos e demais características pertencentes à condição humana. Podendo compreender que os surdos têm uma cultura, que se pode dizer não ser algo único ou estável, e sim algo que possui uma pluralidade que representa as diferenças. Os surdos nas suas relações sociais visam contemporaneamente à busca por uma identidade surda, possuindo sua própria cultura que envolve hábitos favoráveis trazidos das próprias famílias, que refletem na vida social. O surdo há muito luta pela inclusão social e plena comunicação. As dificuldades expostas diariamente os excluem de um ambiente igualitário aos dos ouvintes. A Língua Brasileira de Sinais – Libras funciona como forma legal para a comunicação entre surdos-surdos e surdo-ouvinte. Desta forma, faz-se necessário a introdução desta língua nos meios sociais e comunicativos.

2.4 O Que Diz A Lei?

No âmbito comunicativo pode-se citar a lei 10.098, de 19 de dezembro de 2000, que explica as condições da acessibilidade na área da comunicação. No artigo de número 17 explica-se: O Poder Público promoverá a eliminação de barreiras na comunicação e estabelecerá mecanismos e alternativas técnicas que tornem acessíveis os sistemas de comunicação e sinalização às pessoas portadoras de deficiência sensorial e com dificuldade de comunicação, para garantir-lhes o direito de acesso à informação, à comunicação, ao trabalho, à educação, ao transporte, à cultura, ao esporte e ao lazer. [...] ​O cumprimento dessa Portaria possibilita aos deficientes auditivos mais um recurso de acessibilidade, o que já é um direito. De acordo com a Lei Complementar de Natureza Civil n° 10.098, de 19 de dezembro de 2000, acessibilidade é definida como: Possibilidade e condição de alcance para utilização, com segurança e autonomia, dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das edificações, dos transportes e dos sistemas e meios de


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comunicação, por pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida. (BRASIL, 2000).

2.5 Trabalhos De Conclusão De Curso E Filmes Consultados

Para a construção da videorreportagem, vários documentários e reportagens em vídeos foram consultados, entre eles os Trabalhos de conclusão de curso “Silêncio - A vida do surdo e a tendência da comunicação tecnológica” e “Vozes do Silêncio”. O primeiro, ​formado pelos alunos aprovados em Jornalismo da Unisanta: Josimar Frazão, Priscilla Kovacs, Vinicius Kepe e Wagner Tavares, buscou aproximar mais o público das necessidades da comunidade surda, tentando amenizar opiniões pré formadas sobre ela. O espectador pode entender que a Libras-Língua Brasileira de Sinais é a segunda língua oficial brasileira e que é a principal usada por essa comunidade, e que seus membros não têm a obrigação de a compreender perfeitamente a Língua Portuguesa, que é a língua estrangeira dela. O segundo trabalho mencionado​, produzido pelos alunos Géshica Rodrigues Bernardo, Saulo Gabriel Maciel e Tatyane Soares Cance, da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, no formato de vídeo documentário teve como objetivo mostrar a realidade e dificuldades da vida dos surdos, tal como conscientizar sobre a importância dos intérpretes e da inclusão social dessa parcela da população. Além dos Trabalhos de Conclusão de curso já citados, a história de Ludwig van Beethoven (1770-1827), que em 1798 foi acometido com os primeiros sintomas da surdez, mas escondeu o problema de todos e foi grande compositor alemão, da "9.ª Sinfonia", famosa como Coral, e que o consagrou em todo o mundo, sendo reconhecido, em 1814, como o maior compositor do século. Foi inspirador no processo de pesquisa e aprofundamento deste projeto.


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2.6 Produção De Videoreportagem

No âmbito da Comunicação, Berlo, David K., (2003, p.30) no livro O processo da Comunicação: introdução à teoria e a prática, diz que: Toda comunicação humana tem alguma fonte, uma pessoa ou um grupo de pessoas com um objetivo, uma razão para empenhar-se em comunicação. Estabelecida em origem, com ideias, necessidades, intenções, informações e um objetivo a comunicar, torna-se necessário o segundo ingrediente. O objetivo da fonte tem que ser expresso em forma de ​mensagem​. Na comunicação humana, a mensagem existe em forma física, a tradução de ideias, objetivos e intenções num código, num conjunto sistemático de símbolos. Mas de que forma os objetivos da fonte são traduzidos num código, numa linguagem? Isto requer o terceiro ingrediente: o codificador, responsável por pegar as ideias da fonte e pô-las num código, exprimindo o objetivo da fonte em forma de mensagem. Na comunicação de pessoas para pessoa, a função codificadora e executada pelas habilidades da fonte, seu mecanismo vocal (que produz a palavra oral, gritos, notas musicais, etc), o sistema muscular da mão (que produz a palavra escrita, desenhos, etc.), os sistemas musculares de outras partes do corpo (que produzem os gestos da face e dos braços, a postura, etc.).

Tendo o ponto de vista de Berlo considerado em relação aos âmbitos do que é a comunicação, pode-se partir para o ponto de vista da produção de videorreportagem e programas de TV. Marcelo Cancio (2005, p.28) explica que “a televisão trouxe para a sociedade o poder de transmitir informação com fascínio da imagem real, antes apenas imaginada por meio de transmissões radiofônicas”. Concomitantemente a esse raciocínio, Rezende (2000, p.31) afirma “inegavelmente, a TV é o principal veículo de comunicação do sistema de comunicação de massa brasileiro”. Com ambos pensamentos combinados, conclui-se então que a TV é, atualmente, um dos meios mais acessíveis e mais fascinantes para a população brasileira. Portanto explica-se então a escolha de uma videorreportagem acessível com o intuito de propagar o ponto de vista que mostra a dificuldade dos surdos. Além dos motivos apontados acima, a videorreportagem foi a plataforma escolhida para a apresentação desta pesquisa para que o assunto possa ser abordado apresentando diversos pontos de vista, na tentativa de sermos imparciais


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e atingirmos uma expectativa prévia da pauta e do espectador. Diferentemente do documentário que possui caráter autoral e geralmente prevalece a abordagem e a opinião do autor. Para tanto fizemos o uso da estrutura clássica de reportagem para televisão, ou seja, construção de off’s, sonoras com diversas fontes (entrevistas), passagens em estúdio e externas. Seguindo a pauta inicial, mas sabendo que a partir desta, possivelmente, outras pautas serão acrescentadas.

2.6.1 A Televisão E A Acessibilidade Aos Surdos

Considerando que a televisão é um dos meios de comunicação mais acessíveis à população brasileira, é importante ressaltar a existência de meios que a tornam acessível também para a comunidade surda. Sabe-se que os telejornais são programas de grande audiência no Brasil. Desde 1950, mecanismos técnicos e demais recursos audiovisuais vêm sendo adotados para deixá-los cada vez mais atrativos. Segundo o portal MEC, a plataforma nacional de vídeos voltados para o surdo entrou no ar em março de 2013. A TV INES, assim chamada, lançou em outubro de 2016, o programa “Primeira Mão”, o primeiro telejornal nacional na Língua Brasileira de Sinais (Libras). (LIMA. et al. 2017, p. 6)

2.6.2 A Videorreportagem

O formato escolhido para a divulgação de uma informação é de grande importância e deve ser sempre pensado com cautela. Tanto o meio quanto o tema devem se adequar um ao outro. Na obra A videorreportagem no telejornalismo: modo de endereçamento do programa Passagem Para, a autora, Karina de Araujo Silva (2008, p.5) explica: O contexto comunicativo se refere aos modos como os emissores se apresentam, como representam seus receptores e como situam uns e outros em uma situação comunicativa concreta. Há uma comunicação implícita que acontece através das escolhas técnicas, do cenário, da postura do apresentador.

No projeto, foi necessário utilizar todas as teorias e métodos de produção do videorreportagem para que o entendimento não fosse prejudicado para o telespectador, ou seja, foi utilizado um acervo de imagens de apoio, sonoras,


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passagens, offs e a construção da imagem em harmonia com o texto apresentado e desenvolvido durante as atividades de pesquisa e coleta de entrevistas.


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3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Trabalho de Conclusão de Curso “A comunidade surda e a comunicação em Libras: a língua negligenciada entre nós”, como já pontuado anteriormente, teve o objetivo de mostrar a realidade vivida diariamente pelos surdos de Campo Grande, mas que representa as dificuldades que todo surdo brasileiro passa. Percebe-se, após diversas entrevistas e pesquisas, que atualmente poucos locais seguem as leis citadas neste trabalho. Tanto em atividades comuns do dia a dia, como ir ao cinema, assistir novelas e jornais e praticar esportes, quanto em tarefas mais importantes como ir ao médico ou estudar, são afetadas pela falta de comunicação e adaptação dos lugares à língua de sinais. A presença de intérpretes nos locais, hoje, é irrisória e a educação desses milhares de surdos, ainda na fase da infância e adolescência, é extremamente afetada por essas barreiras. No entanto, conclui-se também que ainda há esperança para a comunidade surda. Como podemos ver durante a videorreportagem, tanto dentro da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, quanto fora, alguns espaços estão sendo contemplados pela Língua de Sinais. Podemos ver exemplos dessa presença com o ​personal trainer que aprendeu a língua, Rafael Santos, e com o Fonoaudiólogo, Nelson Fook, que reconhece os surdos como indivíduos que se comunicam exclusivamente através da Libras. Mostrar ambos os lados, bons e ruins, da atual situação da acessibilidade no Brasil, foi o principal objetivo alcançado deste Trabalho de Conclusão de Curso. Apesar das dificuldades encontradas na execução do trabalho, os objetivos alcançados foram satisfatórios, considerando as realizações durante o curto período de tempo estipulado excepcionalmente neste semestre.


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REFERÊNCIAS

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Para​.

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4. APÊNDICES

4.1 Questionário Para Surdos

Pergunta:​ Qual é a maior dificuldade comunicativa que você encontra no dia a dia como surdo? P:​ A faculdade e/ou trabalho é adaptado para você? Existe um intérprete disponível no local? P:​ Quais foram as suas dificuldades durante o processo seletivo para ingressar nos estudos e/ou trabalho? P:​ Você frequenta o cinema? Como é essa experiência para você? P:​ Quais outras formas de lazer você usufrui? Quais são as dificuldades encontradas nesses locais? P:​ Você pratica algum esporte? Quais foram as suas dificuldades encontradas nesse ambiente? P:​ Você aprendeu a Língua Portuguesa? E leitura labial? Com que facilidade? P:​ Como foi a experiência na escola para você? P: ​Houve algum tipo de discriminação ou mal entendido por parte dos professores ou colegas? P: ​A comunidade surda de Campo Grande é unida? 4.2 Questionário para ouvintes intérpretes ou que sabem Libras P: ​Como você se interessou por aprender Libras? P: ​Como foi o seu primeiro contato com um surdo? P: ​Para você, qual a importância de ter aprendido a Língua de Sinais? P: ​Você acha que a Língua deveria ser ensinada nas escolas como disciplina obrigatória? P: ​Há quanto tempo você trabalha com a Libras? P: ​Quais dificuldades de comunicação você já observou ou vivenciou com algum surdo?


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Editoras: Maria Luiza Pereira e Mayara Bakargi

Retranca: Roteiro videorreportagem

Tempo: 20’08”

CABEÇA EXTERNA

MAYARA BAKARGI REPÓRTER

(CENÁRIO EM MEIO A NATUREZA DENTRO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL). COMO VOCÊS PODEM OBSERVAR/ EU ESTOU EM MEIO A NATUREZA E O VERDE DO CAMPUS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO DO SUL/ E AQUI/ É POSSÍVEL OUVIR VÁRIOS SONS RELAXANTES E QUE DÃO PRAZER EM ESCUTÁ-LOS//. (SUGESTÃO DE IMAGENS E SONS: BARULHO DOS PÁSSAROS E QUEDA D’ÁGUA E IMAGEM REPÓRTER RELAXANDO).

EXTERNA

(CENÁRIO EM MEIO AO TRÂNSITO)

MARIA LUIZA PEREIRA REPÓRTER

JÁ EU NÃO ESTOU EM UM CENÁRIO TÃO AGRADÁVEL ASSIM/ MAYARA//. AQUI O SOM É DE UM TRÂNSITO CARREGADO/ E O BARULHO DOS CARROS/ MOTOS/ E CAMINHÕES JÁ ESTÁ ME DANDO UMA DORZINHA DE CABEÇA//. (SUGESTÃO DE IMAGENS E SONS: BARULHO DOS CARROS PASSANDO E BUZINAS.)

ESTÚDIO MAYARA BAKARGI

MARIA LUIZA PEREIRA

MAYARA BAKARGI

MARIA LUIZA PEREIRA

MAYARA BAKARGI

SABE AQUELA CRENÇA DE QUE SER OUVINTE É MELHOR QUE SER SURDO? PARA MUITOS OUVINTES/ SER SURDO É O RESULTADO DA PERDA DE UMA HABILIDADE DISPONÍVEL PARA A MAIORIA DOS SERES HUMANOS/ O QUE FORTALECE O PRECONCEITO COM A DEFICIÊNCIA//. É VERDADE/ E COMO ACABAMOS DE MOSTRAR/ TUDO DEPENDE DO PONTO DE VISTA//. AFINAL/ AMBOS /OS SURDOS E OS OUVINTES/ POSSUEM DIFICULDADES E RESTRIÇÕES/ POR ISSO/ NENHUM SER HUMANO É MELHOR QUE O OUTRO/ APENAS DIFERENTE//. POR EXEMPLO/ ENQUANTO UM SURDO NÃO CONVERSA NO ESCURO/ O OUVINTE NÃO CONVERSA DEBAIXO D’ÁGUA//. EXATAMENTE//. E EM UM LUGAR BARULHENTO/ O OUVINTE SE COMUNICA COM DIFICULDADE/ PRECISA GRITAR/ JÁ O SURDO SE COMUNICA SEM PROBLEMA//. ISSO MESMO MARIA LUIZA/ E PROVAR QUE OS SURDOS NÃO SÃO OUVINTES COM DEFEITO/ MAS SIM PESSOAS QUE POSSUEM UMA DIFERENÇA FÍSICA/ MAS QUE TEM O DIREITO DE UMA VIDA SOCIAL IGUALMENTE AOS OUVINTES É O NOSSO OBJETIVO COM ESSE VÍDEORREPORTAGEM//.


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SONORA MAYARA MANGOLIN

OFF 1

Oi, tudo bem? Meu nome é Mayara (...) para facilitar a comunicação com a gente. MAYARA RESIDE EM SÃO PAULO/ MAS MOROU EM CAMPO GRANDE QUANDO CRIANÇA/ AQUI ESTUDOU EM UMA ESCOLA ESPECÍFICA PARA SURDOS/ E MESMO COM O DOMÍNIO DA LÍNGUA DE SINAIS ENFRENTA PROBLEMAS COM A COMUNICAÇÃO//. ASSIM COMO ELA/ EXISTEM APROXIMADAMENTE OUTROS 10 MILHÕES DE SURDOS NO BRASIL// BRUNO ISAAC É UM DELES/ TEM 17 ANOS/ MORA EM CAMPO GRANDE E TAMBÉM PASSA POR PROBLEMAS NA ACESSIBILIDADE//. MELHORIAS NAS CONDIÇÕES DE VIDA/ NO TRABALHO/ NA EDUCAÇÃO E O PLENO RECONHECIMENTO DA LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS A LIBRAS/ SÃO CONQUISTAS QUE A COMUNIDADE SURDA DESEJA DIARIAMENTE//.

SONORA BRUNO ISAAC

Bom, eu acho difícil a comunicação (...) tenho mais contato com os surdos.

OFF 2

ALGUNS ACREDITAM QUE A LÍNGUA DE SINAIS SÃO SOMENTE UM CONJUNTO DE GESTOS/ MÍMICAS E QUE OS SURDOS DEVERIAM APRENDER PRIMEIRO O PORTUGUÊS//. MAS NO BRASIL/ A FILOSOFIA DE ENSINO PARA OS SURDOS É O BILINGUISMO/ A PRIMEIRA LÍNGUA DEVE SER LIBRAS / E A SEGUNDA/ O PORTUGUÊS//. É QUE A PROFESSORA ISADORA EXPLICA PRA GENTE//.

SONORA PROFª ISADORA

A língua de sinais é uma língua visual (...) a gente que tem que incluir aprendendo a Libras.

OFF 3

ELAINE É SURDA E PROFESSORA DE LIBRAS PARA LICENCIATURA NA UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO DO SUL/ ELA CONTA QUE O SONHO DA CARREIRA ACADÊMICA VIROU REALIDADE APÓS A CRIAÇÃO DO DECRETO QUE REGULAMENTA A LEI SANCIONADA EM 2002/ QUE EXIGE QUE TODAS AS UNIVERSIDADES E SEUS POLOS OFEREÇAM LIBRAS COMO DISCIPLINA OBRIGATÓRIA NOS CURSOS DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES//.

SONORA PROFª ELAINE

Eu acompanhei esse processo (...) com a inclusão de alunos surdos.

OFF 4

JÁ A PROFESSORA SHIRLEY/ QUE TAMBÉM É SURDA/ E HÁ 33 ANOS TRABALHA EM DEFESA DAS CAUSAS DOS SURDOS/ ENXERGOU NA UFMS A OPORTUNIDADE QUE PRECISAVA PARA AUMENTAR A SUA CONTRIBUIÇÃO NA EDUCAÇÃO//.

SONORA PROFª SHIRLEY

Sempre trabalhei nas escolas de surdos (...) não teve barreiras nesse sentido.

OFF 5

AS PROFESSORAS ELAINE E SHIRLEY/ FAZEM PARTE DA MINORIA DOS SURDOS QUE POSSUEM CARREIRA ACADÊMICA NO BRASIL//. E A FALTA DE PROFESSORES FLUENTES EM LIBRAS EM TODAS DISCIPLINAS ESCOLARES E TAMBÉM A FALTA DE INTÉRPRETES/ IMPEDE OS SURDOS DE CONTINUAREM OS ESTUDOS E ENSINAREM NO FUTURO//.


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SONORA PROFª SHIRLEY

O problema não é a escola é o ambiente linguístico (...) então é importante organizar esse ambiente linguístico.

SONORA BRUNO ISAAC

É difícil no trabalho, na escola é normal. (...) A escola também tem inclusão.

OFF 6

OS JOVENS QUE REALIZARAM O EXAME NACIONAL DO ENSINO MÉDIO/ O ENEM DE 2017/ TIVERAM QUE ESCREVER A RESPEITO DOS DESAFIOS PARA UMA FORMAÇÃO EDUCACIONAL DOS SURDOS NO BRASIL//.

PERGUNTA DA REPÓRTER MAYARA

Eu queria saber de vocês. O que vocês acharam do tema? Qual é a opinião de vocês a respeito?

SONORA PROFª ELAINE

Eu acredito que deu visibilidade para a pessoa surda (...) pelo trabalho de reconhecimento no Brasil todo.

SONORA BRUNO ISAAC

Eu senti dificuldade na hora de fazer a redação (...) então depende do contexto, eu acho simples ou não.

OFF 7

VÁRIAS ATIVIDADES PRECISAM SER INTERMEDIADAS POR INTÉRPRETES PARA QUE O SURDO POSSA SE COMUNICAR//. JESSIKA GARCIA TEM ESSA FUNÇÃO E FALA SOBRE ALGUNS PROBLEMAS FREQUENTES//.

SONORA JESSIKA GARCIA

Bom, já tem cinco anos que eu trabalho com a LIBRAS (...) a visão dele é um pouco diferente da nossa.

SONORA PROFª ELAINE

Todo dia existe uma dificuldade (...)

OFF 8

O FONOAUDIÓLOGO/ NELSON FOOK/ EXPLICA OS TIPOS DE SURDEZ/ E QUAL É A DIFERENÇA ENTRE SER SURDO E DEFICIENTE AUDITIVO//.

SONORA DR. NELSON FOOK

A perda da orelha média (...) eles passam a viver normalmente no seu dia a dia.

OFF 9

SER SURDO VAI ALÉM DA COMUNICAÇÃO/ É UMA IDENTIDADE//. HISTORICAMENTE A CULTURA DOS SURDOS FOI REJEITADA/ E O QUE ELES QUEREM/ HOJE/ É ACEITAÇÃO DA LIBRAS COMO SUA FORMA PRIMÁRIA DE COMUNICAÇÃO//.

SONORA PROFª ISADORA

Aqui no Brasil a gente tem um número (...) são pessoas normais.

OFF 10

ESSA ACESSIBILIDADE DEVE IR ALÉM DA SAÚDE E EDUCAÇÃO/ A VIDA SOCIAL E CULTURAL DOS SURDOS TAMBÉM DEVE SER CONTEMPLADA PELA LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS//.

SONORA PROFª ELAINE

Eu enquanto surda (...) aí sim, eu tenho muita dificuldade.

OFF 11

RAFAEL SANTOS É PERSONAL TRAINER E VENDO ESSA NECESSIDADE DE INCLUSÃO DOS SURDOS/ APRENDEU LIBRAS/ E HOJE COMO PROPRIETÁRIO E


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PROFESSOR DE UMA ACADEMIA/ JÁ PÔDE ATENDER CLIENTES SURDOS USANDO A LÍNGUA DE SINAIS//. SONORA RAFAEL SANTOS

Foi bem bacana (...) foi uma experiência bem bacana

OFF 12

E O PROFESSOR DIZ MAIS SOBRE A IMPORTÂNCIA DESSA TROCA ENTRE SURDOS E OUVINTES

SONORA RAFAEL SANTOS

O aprendizado foi muito importante (...) e a gente poder entrar no mundo deles.

OFF 13

O ISOLAMENTO DA COMUNIDADE SURDA/ POR ENFRENTAR DIFICULDADES NA COMUNICAÇÃO/ ACABA AFETANDO OS RELACIONAMENTOS PESSOAIS.

SONORA BRUNO ISAAC

As pessoas me zoavam (...) agora já está quase adulto.

SONORA PROF. SHIRLEY

Filhos, bom, a minha filha (...) fico triste com isso, com essa falta de comunicação.

OFF 14

É PELO VISTO/ AS BARREIRAS SÃO TÃO GRANDES/ QUE ALGUMAS VEZES O AMOR É A ÚNICA CERTEZA DE COMUNICAÇÃO//. (Sugestão de imagens: cenas das repórteres interagindo com o Bruno e com a intérprete Jéssica. Trilha sonora de finalização ao fundo). (Imagem congela, sobem créditos com os agradecimentos).


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4.4 Decupagem das entrevistas Jessika Garcia – Intérprete de Libras Vídeo 1 - 00012. ​Duração: 00:02:14 Pergunta:​ ​00:00:05 – ​Como se interessou pela Libras? Qual foi o seu primeiro contato com surdos? Resposta:​ ​00:00:13 – 00:00:33 – ​Bom, eu trabalhava em um lugar que uma amiga minha fez esse curso de libras e eu a vi apresentando uma música em Libras, e eu achei lindo, magnífica essa língua, e aí eu fui e me inscrevi em uma igreja e fiz curso de Libras. E desde então estou até hoje, fiz todo o curso, até o completo e hoje trabalho nessa área. P:​ ​00:00:35​ – Para você, qual é a importância de ter aprendido LIBRAS? R:​ ​00:00:40 – 00:00:57 – ​Bom, a LIBRAS é, como muitos não sabem, uma língua oficial brasileira, então eu fico muito feliz de saber dessa língua, em poder contribuir com a comunidade surda, pois é uma comunidade que precisa ainda de muita inclusão. Eu fico muito feliz com isso. P:​ ​00:00:58​ – Você acha que LIBRAS deveria ser ensinada nas escolas? R:​ ​00:01:02 – 00:01:15 – ​Com certeza, já existe um projeto para ser aprovado, para ter as escolas bilíngues, para conseguir colocar a LIBRAS nas escolas, e assim eu creio e acredito que futuramente isso pode acontecer. P:​ ​00:01:17 – ​Há quanto tempo você está trabalhando com LIBRAS e quais foram as dificuldades que você já viu um surdo passar com os ouvintes? R:​ ​00:01:27 – 00:02:02​ – Bom, já tem cinco anos que eu trabalho com a LIBRAS, já vivenciei várias dificuldades, uma surda ir em algum estabelecimento público ou privado e não tem ninguém para interpretar, e ela ter que nos chamar ou marcar um horário para nós irmos interpretar, isso é muito constrangedor, ir ao médico e ter que ir alguém para interpretar para ela, é difícil, eu já vivenciei várias coisas. E também da pessoa achar que o surdo ou é preguiçoso ou que não quer nada com a vida ao invés de tentar entender que a visão dele é um pouco diferente da nossa. Vídeo 2 - 00013. ​Duração: 00:00:46 P: ​00:00:10 – ​Você possui alguma história engraçada ou bem legal para contar, que já aconteceu entre você e algum surdo? R:​ ​00:00:16 – 00:00:45 – ​Bom, quando eu fui interpretar uma palestra a respeito das doenças sexualmente transmissíveis foi um pouco difícil, pois os surdos eram adolescentes então interpretar a respeito de sexualidade foi muito engraçado e, ao mesmo tempo, constrangedor. Mas foi uma experiência maravilhosa pois explicar para eles a respeito de coisas tão íntima, mas foi engraçado, pois os sinais, todos os ouvintes ficavam atentos querendo olhar os meus sinais. Bruno Isaac – adolescente surdo – 17 anos


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Vídeo 1- 00003. ​Duração: 00:01:55 P: ​00:00:40 – ​Qual é a maior dificuldade encontrada com a comunicação no dia a dia? R:​ ​00:00:48 – 00:01:17 – ​Bom, eu acho difícil a comunicação, pois os ouvintes não gostam muito de aprender a LIBRAS, é difícil entender cada palavra, cada sinal, e aí demora. No curso eu também tenho pouco contato. A própria LIBRAS é diferente do português, então a comunicação é difícil, eu tenho que ensinar, as vezes a pessoa aprende um pouco, mas aprender rápido demora e a comunicação é difícil. Eu acostumei, já, mas tenho mais contato com os surdos. Vídeo 2 – 00004. ​Duração: 00:05:27 P:​ ​00:00:03​ – Qual é a maior dificuldade encontrada no trabalho e nos estudos? R:​ ​00:00:11 – 00:01:19 –​ é difícil no trabalho, na escola é normal. Pois no trabalho eu não tenho muito contato, não tenho muita comunicação. As pessoas acham que eu tenho preguiça, que eu sou ruim, que eu sou devagar, mas é porque elas não têm paciência de ensinar e não sabem a língua de sinais. Na escola eu tenho um intérprete, me comunico muito bem com ele. A escola também tem inclusão. (​00:00:45 vazio até 00:01:00)​ No trabalho as vezes eu me sinto um pouco abandonado, pois as pessoas acham que eu tenho preguiça, que eu sou ruim, que eu não sei fazer nada, mas eu sou esforçado, eu quero aprender, mas às vezes não tem esse compartilhamento. Na escola é bom, lá eu já consigo fazer todas as atividades. P:​ ​00:02:19 –​ Fez o Enem? Quais as suas dificuldades na hora de fazer a prova? O que achou sobre o tema da redação deste ano? R: ​00:02:32 – 00:03:01 – ​Eu senti dificuldade na hora de fazer a redação pois tem que aprofundar, o surdo é diferente, pois ele usa a LIBRAS, as palavras têm que estruturar conforme o contexto. Esse ano teve o vídeo que foi a inclusão na prova em LIBRAS. As vezes também é difícil pois tem outros sinais de outro lugar, então eu sinto um pouco de dificuldade também. Então depende do contexto, eu acho simples ou não. P:​ ​00:03:17 – ​Quais são as suas formas de lazer? Você vai ao cinema? Quais as suas dificuldades nesses ambientes? R:​ ​00:03:28 – 00:03:54 – ​Bom, eu vou ao cinema. Antes eu pesquiso na internet, eu vejo se o filme tem legenda em português, aí eu vou ao cinema. Então eu começo a legenda, pois não tem intérprete, o filme não é adaptado para LIBRAS, aí se o filme tem legenda eu entendo um pouco ou, se não tem legenda, eu olho a imagem conforme a sequência do filme e tento entender o filme. P:​ ​00:03:55​ – Você pratica algum esporte? R:​ ​00:04:00 – 00:05:17​ – Eu pratico o futebol, as vezes viajo para outras cidades também, junto com esse grupo de futebol. Eu tenho muita vontade de fazer vários esportes, mas por enquanto eu só treino, desde criança, o futebol. ​(00:05:00)​ Tem


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um grupo de futebol que participo, só de surdos, o nome é ESPS, que é a Escola de Clube dos Surdos do Pantanal. Vídeo 3 – 00005. Duração: 00:01:53 P: ​00:00:11 – ​Como são as amizades? Você tem amigos surdos ou que sabem LIBRAS? R: ​00:00:20 – 00:00:50 – ​O meu relacionamento, o meu contato é mais com os surdos pois os ouvintes não tem muita vontade de se comunicar. Eles falam que o surdo é surdo-mudo, mudinho, as vezes só com ​zoação, ​mas com os surdos eu tenho mais facilidade e gosto de compartilhar com os surdos pois são experiências iguais e entende que pro ouvinte é ruim pois não é uma língua igual, nós usamos a Libras e eles não. Vídeo 4 – 00006. Duração: 00:02:21 P:​ ​00:00:21​ – Você aprendeu a escrever em português e a ler lábios? R:​ ​00:00:32 – 00:01:14 – ​eu aprendi quando eu era criança, que eu comecei a estudar na escola CEADA que é a escola própria para surdos. Tinha um professor específico de língua portuguesa, ele ensinava corretamente como escrever, a estrutura de uma redação e isso foi desenvolvendo. A fala, oralidade, fui aprendendo em contato com a minha mãe, antigamente, quando eu era criança não conseguia falar em libras, usava aparelho pela FUNCRAF, então eu falava um pouquinho. Hoje eu aprendi a fazer a leitura labial, um pouco, pois fui acostumando, tendo contato com alguns ouvintes. E a língua portuguesa hoje eu consigo melhor. P:​ ​00:01:21​ – Você já sofreu algum tipo de discriminação por parte dos professores ou no trabalho? R:​ ​00:01:32 – 00:02:18 – ​É difícil falar pois já sofri muito, muitos anos, começou no CEADA, quando eu era menor. As pessoas me ​zoavam​ e eu não tinha como responder essa ​zoação. ​Mudinho, surdo-mudo, eu sofri muito, mas agora eu fui me adaptando, fui vendo que eu sou surdo, que eu tenho uma língua diferente. Só que agora eu sei que é crime, que é errado, precisa evitar. As vezes eu fico mais tranquilo em uma roda de amigos, eu sei que o bullying é crime hoje, muitos surdos já sofreram, mas hoje eu já acostumei, tenho mais paciência pois agora já estou quase adulto. Vídeo 5 - 00007. Duração: 00:02:12 P: ​00:00:56 – ​E nas redes sociais, como é essa comunicação, esse acesso? Você consegue se comunicar bem com os outros? R: ​00:01:03 – 00:02:06 – ​Primeiro foi o celular, quando peguei o celular pela primeira vez, comecei a usar o Facebook, o Whatsapp, o Instagram, pois eu gosto e quero conhecer também a internet. Eu pesquiso as coisas, o que vai acontecer no país, o que acontece com as pessoas, os problemas, também tenho comunicação. É difícil as vezes, eu tento me comunicar, o português é um pouco difícil, diferente, mas as pessoas vão se desenvolvendo e entendendo um pouco. Eu viciei também em


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algumas redes sociais para ter mais comunicação com as pessoas, usando o celular, as vezes vicia e isso é ruim, mas eu gosto. Gosto de usar as redes sociais, gosto de usar o Facebook, pois eu me comunico, conheço outros surdos de outras cidades, tenho essa comunicação pelo Whatsapp. Eu converso normal, as pessoas são muito viciadas nas redes sociais, mas eu gosto mesmo pra conhecer outras coisas. Rafael Santos – Dono da academia Estúdio RP Vídeo 1- 00404. ​Duração: 00:04:56 P: ​00:00:05 – ​Como você se interessou a aprender Libras? R:​ ​00:00:08 – 00:00:30​ Eu tinha dois vizinhos que eram surdos e desde pequeno a gente convivia juntos, na época das brincadeiras nas ruas, a gente brincava em casa, ai a gente começo a ter esse interesse em aprender, pois a brincadeira de criança todo mundo se interage, mas então a gente começou a se aprofundar mais um pouquinho na parte da ​linguagem​ dele para a gente poder conversar melhor com eles. P:​ ​00:00:33​ – Quando você decidiu procurar uma aula de Libras? R:​ ​00:00:36 – 00:00:58​ – A princípio, eu tenho uma tia que é professora e intérprete de Libras e a minha mãe foi a primeira da nossa casa a fazer o curso mesmo. Aí logo depois, ela terminando o curso, eu e o meu irmão começamos a praticar com as apostilas dela que ela trazia para casa. Aí a gente começou a fazer essas aulas através da minha mãe. P:​ ​00:01:00​ – Como foi a experiência de dar aula para um surdo na sua academia? Você ensinou ele em Libras? R:​ ​00:01:06 – 00:01:31 ​– Foi bem bacana, ele chegou na academia e estava todo tímido. Começou a querer explicar que ele queria treinar e eu estava aqui no fundo, aí o vi lá na frente e teve essa interação de eu ir lá nele, a gente começou a conversar. Minha Libras é básica, mas aí a gente começou a trocar um pouquinho de ideia sobre, eu entendi o que ele queria e a gente começou a treinar. Foi uma experiência muito bacana. P:​ ​00:01:32​ – Para você, qual foi a importância de aprender Libras, então? R:​ ​00:01:38 – 00:02:03​ – Olha, o aprendizado foi bem importante, pois eles estão no mundo deles e a gente que tem que ir ao encontro deles. Então eu acho que a importância dessa interação entre esses dois mundos, entre essas duas ​linguagens diferentes, que faz todo mundo ser igual e faz todo mundo poder fazer qualquer tipo de atividade, qualquer tipo de situação dá para eles entrarem no nosso mundo e nós entrarmos no deles. P:​ ​00:02:04 – ​Quais foram as dificuldades que você encontrou para se comunicar com eles (surdos) mesmo depois de você já ter aprendido a Língua de Sinais? R:​ ​00:02:12 – 00:02:59 – ​A gente tem que, por exemplo, na hora de passar uma série, na hora de falar que ele tem um tempo de descanso, tempo de fazer a execução do movimento, para correção do movimento, tem um pouquinho de dificuldade, mas eu acho que a linguagem da musculação é uma linguagem só. E as


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vezes a gente demonstrava como a gente queria que ele fizesse não só com a fala da Libras, mas também com a fala do movimento mesmo. Tinha que demonstrar o movimento pra ele aprender e aí sim ele foi entendendo como ele tinha que fazer o treinamento. Então, mas a dificuldade foi em relação a isso, ao tempo de ele ter o tempo de descanso, o tempo dele mudar as séries, a gente queria fazer um circuito com ele, ele não entendia. A gente tinha que ir adaptando à ​linguagem​ dele para a gente poder dar o treinamento certo. P:​ ​00:03:00​ – Você acha que seria importante aprender Libras nas escolas? R:​ ​00:03:05 – 00:03:35​ – Seria fundamental. Acho que todo e qualquer tipo de linguagem, a gente aprendendo na escola, a gente vai chegar nessa fase adulta já com o básico e o básico faz todo mundo ser igual. Se a gente demorar para aprender, ai pode acontecer, se eu não estivesse aqui, o professor que não sabia Libras não ia saber conversar com ele. Isso aí poderia afastar o aluno e ele mesmo se sentir coagido em relação a querer aprender novas coisas. Acho que na escola é fundamental o aprendizado de Libras. P:​ ​00:03:38​ – Você tem alguma história engraçada ou diferente que tenha acontecido entre você e um surdo? R:​ ​00:03:42 – 00:04:50​ – Desses meus vizinhos, pois a gente aprendia uns gestos e a gente aprendia de um jeito e pra eles era um outro. Teve uma vez que eles foram pedir água pra gente e a gente não entendia, aí eu cheguei na minha mãe e disse, mãe, ele quer água, e fiz o sinal que eu achei que era água e era outro sinal, a gente caiu na risada, não é assim, aprende, é diferente. Fora as brincadeiras na rua, a gente queria ​zoar, ​aprendia um xingamento, ele ia e xingava a gente e a gente caia na risada também. Somos amigos até hoje, quinze anos convivendo juntos, inclusive ele foi um dos meninos que eu treinei na academia e hoje ele está em Santa Catarina, morando, mas as brincadeiras de infância são iguais, tanto pros surdos quanto pra gente que sabe a nossa linguagem, é igual. Brincadeira de criança é tudo junto entrando na brincadeira.


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