UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL FACULDADE DE ARTES, LETRAS E COMUNICAÇÃO CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL COM HABILITAÇÃO EM JORNALISMO
CORPOS EM LUTA: NARRATIVA EXPERIMENTAL FOTOJORNALÍSTICA ONLINE SOBRE A MULHER DA PERIFERIA CAMPO-GRANDENSE
CAMILA VILAR DE OLIVEIRA
Campo Grande DEZEMBRO / 2017
CORPOS EM LUTA: NARRATIVA EXPERIMENTAL FOTOJORNALÍSTICA ONLINE SOBRE A MULHER DA PERIFERIA CAMPO-GRANDENSE CAMILA VILAR DE OLIVEIRA
Relatório apresentado como requisito parcial para aprovação na disciplina Projetos Experimentais do Curso de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.
Orientadora: Profª. Drª. Katarini Giroldo Miguel
UFMS Campo Grande DEZEMBRO - 2017
SUMÁRIO Resumo
3
Introdução
4
1. Atividades desenvolvidas
7
1.1 Execução
8
1.2 Dificuldades encontradas
12
1.3 Objetivos alcançados
13
2. Suportes teóricos adotados
14
2.1 Mínimos Vital e Social
14
2.2 Mulher de Periferia no Brasil
15
2.3 Movimento Feminista no Brasil
17
2.4 O fotojornalismo e suas possibilidades de narrativas digitais
20
3. Considerações Finais
23
4. Referências
25
5. Apêndices
28
5.1 Sobre as entrevistadas e pontos a serem discutidos sobre elas
28
5.2 Perguntas servidas como base para as entrevistas
30
5.3 A plataforma
31
RESUMO: ‘Corpos em Luta’ é uma narrativa experimental fotojornalística online que retrata a trajetória de cinco mulheres que vivem na periferia da cidade de Campo Grande, localizada no estado de Mato Grosso do Sul. Fruto do resultado de uma exploração na fotografia, fotovídeo, áudio e texto, a plataforma tem o objetivo de trazer visibilidade e espaços de fala para as entrevistadas, por meio de registros imagéticos de seus cotidianos, lutas e mazelas. No decorrer dos seis capítulos disponíveis no site ‘corposemluta.atavist.com/home’, a situação da mulher de periferia foi relatada e problematizada com o intuito de retratar como o machismo as afetam no Brasil. Os resultados principais foram trazer mais protagonismo para as personagens, em uma narrativa que exercita a empatia com a outra, além de evidenciar novas possibilidades com plataformas digitais e experimentações fotográficas para futuros projetos experimentais de estudantes de jornalismo.
PALAVRAS-CHAVE: Jornalismo; Mulheres; Periferia; Narrativa experimental online; Campo Grande
4
INTRODUÇÃO “É do encontro com o pior que arrancamos a nossa força de resistência.” (RODRIGUES, 2016, p.31) Corpos em Luta é uma narrativa fotojornalística experimental online, disponível no link: https://corposemluta.atavist.com/home, sobre a vida de cinco mulheres que vivem na periferia de Campo Grande, cidade localizada no estado de Mato Grosso do Sul. Ela foi desenvolvida com o objetivo de evidenciar a luta de personagens periféricas de Campo Grande, com a combinação de fotojornalismo, texto opinativo e materiais audiovisuais em uma plataforma digital, e, também, de refletir sobre a situação da mulher de periferia em um país que ocupa a quinta posição no ranking mundial de homicídios contra a mulher (WAISELFISZ, 2015). Construí o trabalho sob a ótica do feminismo interseccional, vertente que valoriza as diferenças das mulheres e é mais inclusiva, pois defende que todas as mulheres sofrem por uma mesma estrutura do sistema, portanto nenhuma opressão é mais importante que a outra. O interesse pela temática surgiu após pesquisas e entrevistas feitas para a reportagem intitulada “Moradores do ‘Morro do Mandela’ temem reintegração de posse”1, cuja produção é de novembro de 2016, em favelas de Campo Grande. Nelas, boa parte das figuras de liderança são mulheres, a maior parte sem renda fixa e desempregada, porém dotadas de grande discernimento – muitas vezes sem possuir educação formal – para administrar e organizar, com auxílio da comunidade, as favelas em que habitam. A busca da liberdade para definir seus próprios valores, ordenar suas prioridades e decidir seu destino, como defendido pela escritora australiana Germaine
1
Matéria produzida para a disciplina Laboratório de Ciberjornalismo II, parte da grade obrigatória do sexto semestre do curso, na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul pelas acadêmicas Camila Vilar e Júlia Verena em novembro de 2016. Disponível em: <”http://www.primeiranoticia.ufms.br/cidades/moradores-da-favela-morro-do-mandela-temem-pedido-de/857/”>
5
Greer em seu livro “A Mulher Inteira”, de 1999, são os princípios básicos da liberação feminina. Na narrativa “Corpos em Luta”, acompanhei, fotografei e relatei a vida de cinco mulheres, moradoras de bairros periféricos da capital, que por meio de suas lutas, feministas ou não, abriram caminho para uma grande mudança em suas vidas e de pessoas ao seu redor. São elas: a professora e criadora da “Escolinha Filhos da Misericórdia”, Della Coelho, moradora do bairro Parque do Sol; a afroturbanista Angela Vanessa Epifânio, moradora do bairro Jardim Centro-Oeste; a coordenadora de igualdade racial da Subsecretaria de Defesa dos Direitos Humanos de Campo Grande, Rosana Anunciação, moradora do Complexo Pioneiros; a militante pelos direitos da mulher com deficiência, Lis Loureiro, moradora do bairro Guanandi e a agricultora familiar Antônia Mendes, moradora do bairro Jardim das Perdizes. Todas as personagens apresentadas neste projeto são mulheres inseridas nas acirradas lutas de classes de um Brasil em um cenário político e econômico caótico, no qual as diferenças e desigualdades aumentam, a ojeriza ao pobre se agrava e o discurso de ódio se prolifera. A militância feminina, a sororidade e a empatia nunca foram tão necessárias quanto nos dias de hoje, principalmente nas periferias. Durante o desenvolvimento do projeto, percebi que a maior parte das entrevistadas são mulheres negras que moram ou vivem na periferia, e no decorrer das entrevistas, ficou evidente que elas possuíam mais dificuldades que as mulheres brancas, pois enfrentavam também o racismo e preconceitos diários relacionados à população afrodescendente, mesmo morando em um país composto 54% de pessoas negras. O racismo no Brasil é estrutural e institucionalizado segundo pesquisa realizada pela ONU em 2014. “A estruturação do racismo também está na invisibilidade dos negros, na construção de estereótipos preconceituosos, na negação de direitos e na desigualdade de condições e oportunidades.” (ONU BRASIL, 2013) Quem sofre com ele precisa, sim, de uma maior visibilidade e espaço de fala em projetos experimentais como o meu, já que essa não é uma preocupação verdadeira da grande mídia. Escolhi essa temática e a desenvolvi em uma plataforma digital disponibilizada na Web pelo site Atavist, e em dispositivos móveis, na tentativa de proporcionar às mulheres da periferia um espaço alternativo onde suas lutas e realidades possam ser
6
expostas de forma diferenciada. Optei por ser online levando em conta a facilidade para os leitores acessarem a narrativa em qualquer lugar e a qualquer instante, a grande possibilidade de alcance além da minha cidade e os baixos custos para produção do produto final. Além disso, uma formação acadêmica voltada às lutas feministas e a crença de que as mulheres precisam conquistar espaços de falas nos meios midiáticos livres de quaisquer estereótipos, sensacionalismos e pré-conceitos, foi também uma das principais justificativas para a escolha da temática. Pesquisei, também, para produção da narrativa, sobre novas formas para produção fotojornalística e de perfis jornalísticos na internet. Explorar o fotojornalismo como ferramenta para contar histórias e criar espaços de fala foi um dos meus objetivos no ‘Corpos em Luta’. Aprendi durante os estudos que o uso de novos formatos para compor narrativas jornalísticas permite ao leitor uma experiência completamente diferente dos meios midiáticos impressos e os tradicionais. Quem utiliza a plataforma pode ser introduzido a personagem retratada de maneira mais imersiva, pois conhecerá a voz da entrevistada, os trejeitos, detalhes e, além de tudo, parte da personalidade dela por meio da fotografia, vídeo, áudio e texto. Essa nova forma de contar uma história parece permitir uma dinamicidade que facilita a conexão do leitor com o personagem retratado, por isso essas novas plataformas devem ser mais exploradas em universidades, assim como no mercado de trabalho regional. O uso da fotografia na composição deste trabalho, foi decidido com base em uma das principais características das fotos, a criação de memórias. “As fotografias podem ser memórias, não apenas pela possibilidade de seu conteúdo representar um dado momento de uma época, mas também pelo seu uso, pelos papéis que desempenham.” (FELDHUES, 2016, p.5). Utilizei três elementos audiovisuais para compor as histórias das mulheres entrevistadas, foram eles: áudio, vídeo e fotografias, explorados em diferentes técnicas e formatos. Os textos são usados prioritariamente para introduzir as cincos entrevistadas, nas legendas fotográficas, para fornecer dados de caráter informativo e na reprodução literal de suas citações. Durante os registros fotográficos fiz escolhas que me permitiam capturar o meu olhar sobre como as entrevistadas realmente eram. Em grande parte das cenas,
7
utilizei a lente 24mm para fotos em que precisava ter as mulheres e o cenário no mesmo plano para contextualizar o cotidiano delas. Para a entrevistada Lis, optei por utilizar a lente 18-55mm com ângulos mais diferentes como, por exemplo, por baixo e com os pés em evidência para transformar ela em uma pessoa de estrutura maior trazendo uma pose de poder para ela, evitei assim de tirar fotografias em pé, pois não queria estar posicionada acima dela. Sempre quem é mais importante é a personagem e a altura da sua linha de visão, cabia a mim o posicionamento correto para deixar todas mais imponentes. Vale lembrar que este Projeto Experimental teve inspiração em entrevistas imersivas e materiais audiovisuais online produzidos no Brasil e no exterior. O maior exemplo de plataforma estudada no exterior é a série de reportagens “One in 8 million” do jornal americano The New York Times, feita durante o ano de 2009. E as reportagens longforms produzidas pelo site UOL TAB como exemplo nacional. As utilizei, pois foram meus primeiros e mais impactantes contatos com entrevistas multimídias e longforms inovadoras que priorizavam o jornalismo mais humanizado e empático, além do uso de belas fotografias para contarem histórias. O “one in 8 million” conta a história de nova iorquinos comuns de maneira tocante por meio de fotografias em preto e branco bem compostas e enquadradas.
1- ATIVIDADES DESENVOLVIDAS Durante todo o desenvolvimento do Projeto Experimental desenvolvi as seguintes atividades: a) Reuniões para definir o tema do produto; b) Pesquisas e leituras referentes ao tema; c) Reuniões de acompanhamento com a orientadora; d) Estruturação e redação do pré-projeto; e) Procura por fontes que se encaixavam na temática proposta f) Definição e elaboração das pautas (ver Apêndice 1); g) Realização de entrevistas e gravação de material audiovisual iniciais com as fontes encontradas; h) Edição do material imagético
8
i) Buscas e testes por plataformas acessíveis e didáticas no uso para a criação da narrativa; j) Início da redação do texto e planejamento gráfico da plataforma; k) Desenvolvimento da plataforma (ver Apêndice 3); l) Divulgação do material imagético para as entrevistadas; m) Conclusão do Projeto Experimental 1.1 Execução: Após as reuniões iniciais de acompanhamento com a orientadora, iniciei um levantamento bibliográfico referente às mulheres no Brasil, feminismo e suas vertentes, além de materiais sobre fotojornalismo e seus usos. Depois de ter conseguido adquirir um bom embasamento teórico para a realização das pesquisas, comecei a busca por personagens expressivas, que pudessem conduzir a narrativa “Corpos em Luta”. Procurei mulheres da periferia que por meio de suas lutas conseguiram mudar de vida, e na maioria dos casos, provocar um avanço em suas comunidades e em pessoas próximas, realizei a busca utilizando as palavras-chave “mulher/periferia” em matérias de jornais, sites, mídias sociais e por meio de conhecidos. Foram necessários alguns dias de pesquisa para eu encontrar as quatro fontes que se enquadravam no tema. Foram elas: a professora e criadora da “Escolinha Filhos da Misericórdia”, Della Coelho, moradora do bairro Parque do Sol. A afroturbanista, Angela Vanessa Epifânio, moradora do bairro Jardim Centro-Oeste. A coordenadora de igualdade racial da Subsecretaria de Defesa dos Direitos Humanos de Campo Grande, Rosana Anunciação, moradora do Complexo Pioneiros e a agricultora familiar, Antônia Mendes, moradora do bairro Jardim das Perdizes. No dia 15 de outubro de 2017, conheci minha última entrevistada, a militante pelos direitos da mulher com deficiência, Lis Loureiro, moradora do bairro Guanandi. Em uma conversa prévia via mídias sociais e ligações, esclareci sobre o que meu tema se tratava e confirmei com as fontes citadas acima as primeiras entrevistas. Antes delas, criei as pautas e elaborei as perguntas principais que auxiliaram a construção de toda a narrativa (ver apêndice 2).
9
Para ampliar a reflexão sobre o tema e, finalmente, entender um feminismo menos elitizado e excludente, conheci, nas reuniões de orientação, o conceito do feminismo interseccional, vertente que usei como base para as discussões e reflexões sobre a narrativa. As entrevistas com as personagens, pensadas exclusivamente para conhecêlas e realizar as perguntas que são os fios-condutores da narrativa, foram realizadas na seguinte ordem: no dia 10/09/2017 na sede da Escolinha Filhos da Misericórdia com a Della; no dia 12/09/2017 com a Antônia em sua chácara; no dia 16/09/2017 com a Rosana na associação que coordena também, a Associação Familiar da Comunidade Negra Quilombola São João Batista e no dia 18/09/2017 com a Angela em sua residência, e no dia 28/10/17, no centro da cidade com a Lis Loureiro. As entrevistas foram construídas com base em um diálogo, para que isso acontecesse de forma mais fluída e natural, acompanhei as entrevistadas em seus cotidianos, no dia marcado para a entrevista. Após as conversas, mantivemos contato constante pelas redes sociais. No dia 23/09/17, acompanhei a Feira Afro com a Angela. Ela aconteceu na Praça do Imigrante e serviu como uma porta de entrada para conhecer várias mulheres integrantes do movimento negro, assim como suas produções comerciais e/ou culturais. Realizei fotos e filmagens do evento, porém não tive como entrevistar devido ao tempo e pelo barulho, nesse dia fiquei apenas com os relatos da observação direta. Um outro evento participei com a Rosana, no dia 30 de setembro, na Conferência da Igualdade Racial que aconteceu no Instituto Mirim, mesma circunstância, não pude realizar entrevistas, mas registrei e conheci as divergências e contrastes dentro do movimento negro em uma sessão plenária. Todas as entrevistas foram fotografadas e gravadas com a câmera DSLR Canon T6i, com lentes fixas 50mm 1.8 stm, uma 24mm 2.8 e uma zoom 18-55mm, uma lapela, e, além disso, para material extra audiovisual e gravação de sonoras durante as gravações foi utilizado um celular com uma câmera de 13 megapixels; para efeitos práticos, foram utilizados prismas, CD e pêndulos de lustres. Nas entrevistas iniciais, antes da gravação, optei por conversar com as fontes e realizar as fotografias – pois, como sou apenas uma para a produção de três estilos de materiais, corria o risco de ficar sem registrar algum modo, devido ao fato de não ter equipamento suficiente para gravar
10
e fotografar de ângulos diferentes um mesmo momento. Nesse momento, registrei detalhes tanto dos lugares em que as fontes se encontravam como delas mesmas, com o intuito de juntar material suficiente para conseguir uma narrativa intimista e com uma maior profundidade. Algumas das fotografias foram retratos de como elas gostariam de ser fotografadas, pois acredito que seja um poderoso meio de possibilitar mais empoderamento e autoestima para elas. Realizei também a transcrição das entrevistas, deixando os vícios linguísticos e modos de falar das personagens mais em evidência para facilitar na hora de montar o roteiro e costurar os áudios, fotos e vídeos. A partir do dia 17 de setembro, dei início ao tratamento das imagens no software de edição de imagens em lote, Adobe Lightroom, apenas fazendo ajustes no brilho, cor, contraste e recorte da imagem, com uso de pincéis para correção de iluminação e sombras. Por princípios éticos do fotojornalismo, não alterei qualquer elemento que compunha a imagem, portanto não fiz uso de colagens, retirada de elementos da cena e tratamento de peles. Em outubro, iniciei à procura por plataformas para criar a minha narrativa experimental online, encontrei apenas sites do exterior que se encaixavam no que eu procurava, foram eles: Storyform, Silk, Atavist, Shortland, Wirewax, Skyword, Metta.io, Soundcite, Adobe Spark Pages, Exposure, Stampsy, Verse, Pageflow. Optei por montar a plataforma no site Atavist2 que me ofereceu benefícios gratuitos para criar minha narrativa com elementos audiovisuais, o que não iria acontecer com a maior parte dos outros
sites
visitados.
O
link
de
acesso
para
a
plataforma
é:
https://corposemluta.atavist.com/home . Os prints da plataforma seguem nos apêndices 5.2. O atavist se apresenta como um site voltado para produtores de conteúdo por todo o mundo, empresas como BBC o utiliza para criação de grandes reportagens; possui planos mensais para quem deseja mais funcionalidades, mas no meu caso como não possuía recursos, se apresenta como uma boa plataforma, mas limitada para quem precisaria de mais opções de design e layouts. Dividi a narrativa de uma maneira que pudesse oferecer mais visibilidade para as entrevistadas, portanto cada capítulo foi destinado a contar parte da vida de cada uma delas. Antes de iniciar os capítulos, criei uma aba intulada de “Sobre ‘Corpos em Luta’”, 2
http://www.atavist.com/
11
nela expliquei informações básicas da plataforma. A introdução, “Ninguém nasce mulher, torna-se mulher”, referência à famosa frase de Simone de Beauvior, fala sobre a realidade feminina no Brasil. Nela mostro, também, o ponto de vista de Angela, Antonia, Della, Lis e Rosana sobre o que é ser mulher. O capítulo 1, intitulado “O autoconhecimento como resiliência”, conta a história de Angela Vanessa Epifánio. Nele, ela fala sobre as dificuldades que enfrenta no bairro Jardim Centro-Oeste, sobre sua luta contra os padrões e a gordofobia, como teve sua infância roubada e como o coletivo de mulheres negras da cidade e a confecção de turbantes mudaram a sua vida. O capítulo 2, nomeado como “Sobrevivente pela educação”, fala sobre como a entrevistada Della Coelho mudou radicalmente de vida para viver de caridade e em função da educação de crianças carentes na Escolinha Filhos da Misericórdia. O capítulo 3, chamado de “Terra que cura”, conta um pouco sobre a vida de Antonia Mendes, nele ela fala sobre como sua infância de pobreza e dificuldades para se ter educação na roça, e como a agricultura familiar a curou da depressão e a fez gerar renda novamente após ter sido demitida de uma empresa em que trabalhou por 32 anos. “A fé que transforma” é o capítulo 4, nele Rosana Anunciação conta como a tradição familiar de fé e ensinamentos para ajudar mais negros a se empoderarem e se aceitarem mudou sua vida e da comunidade ao seu redor, e também da sua vida política como coordenadora de promoção da igualdade racial em Campo Grande. Por fim, temos o capítulo 5, “Rompendo Barreiras”, no qual Lis Loureiro fala sobre sua vida como militante dos direitos da mulher com deficiência, sobre sexualidade e aceitação, e as dificuldades de ser mulher aqui na capital e como ela está ajudando meninas a se sentirem mais seguras mesmo com o medo constante. No final de cada capítulo, introduzi um pequeno texto sobre minha experiência com cada uma das entrevistadas, procurei, nessa empreitada, mostrar aos leitores como elas produziram um impacto positivo em minha vida, além de revelar a empatia e as experiências que tive com cada uma delas durante esses meses de produção do Projeto Experimental.
12
1.2 Dificuldades Encontradas A primeira dificuldade foi o fato de todas as fontes, por morarem em bairros periféricos, estarem em localizações muito distantes umas das outras para a realização de entrevistas. Como estagio, e também moro em uma região periférica, o bairro Moreninhas, a distância foi um grande empecilho para o agendamento e realização. Muitas optaram por entrevistas matutinas, e, por isso, tive que trocar muitas vezes de turno no estágio ou, dependendo da quantidade de horas e eventos que uma fonte exigia, ficar um dia sem trabalhar, isso fez com que eu precisasse pagar muitas horas de estágio e influenciou o planejamento e desenvolvimento desse projeto experimental. Além disso minha renda diminuiu, então fiquei sem recursos financeiros para aplicar em itens pagos da plataforma que utilizei. Enfrentei bastante dificuldade para costurar os quatro componentes da narrativa: áudio, vídeo, texto e fotografia devido as contradições, vícios linguísticos, falta de coerência em algumas falas e quebra da linha de raciocínio durante as respostas das entrevistadas, principalmente da personagem Antônia, mas optei por manter a personalidade delas nas falas com maior fidelidade. Meu notebook apresentou, durante todo o Projeto Experimental, extrema lentidão e travamento por ter ficado muito cheio com os arquivos pesados do TCC, então foi difícil trabalhar com agilidade. Perdi inúmeras vezes todo o trabalho feito, pois na plataforma não tenho como voltar ou refazer nada do que fiz antes de salvar o conteúdo online. Também foi complicado, sendo uma pessoa só, realizar uma cobertura focada no audiovisual, isso resultou na falta de ângulos diferenciados em vídeos e fotos das entrevistas. A plataforma, em sua versão gratuita, não oferece possibilidades de design e planejamento gráfico fora de seus modelos padrões. As adaptações gráficas que fiz como, por exemplo, intertítulo e legendas com fontes diferenciadas, são todas, na verdade, imagens que criei com o fundo branco de base para dar uma ideia que veio da plataforma.
13
1.3 Objetivos Alcançados Os objetivos alcançados foram: – Adquirir um bom embasamento teórico sobre fotojornalismo, fotografia, produção de narrativas no meio digital. Assim como sobre gênero, diferença de raças, e principalmente, sobre o feminismo; – Entender e conhecer mais sobre como é ser uma mulher da periferia e o porquê de precisarem lutar para se estabelecerem e se afirmarem; – Registrar por meio de fotos, vídeos e áudios o cotidiano, eventos e peculiaridades da vida de cada personagem. E trabalhar com todo esse material no processo de edição jornalística; – Estudar possibilidades de plataformas digitais; – Projetar a narrativa em plataformas que permitam multimidialidade; – Publicar a narrativa completa em uma plataforma digital que permita mais dinamicidade e fuja do habitual da mídia regional; – Costurar e finalizar todo o material audiovisual adquirido utilizando as fontes como protagonistas e contadora das histórias; – Entregar todo o material imagético feito para as fontes; – Concluir a plataforma e todo seu conteúdo; – Publicar e divulgar a plataforma
14
2. SUPORTES TEÓRICOS ADOTADOS 2.1. MÍNIMOS VITAL E SOCIAL
Esta pesquisa enfocou aspectos jornalísticos e fotojornalísticos em ambientes online e a questão da mulher que vive com condições de vida precárias, em que sua representatividade, sociabilidade e autonomia são afetadas pelo meio em que vivem. Partindo do pressuposto de que o equilíbrio social se dá por uma equação entre o mínimo social e vital (CÂNDIDO, 2003). A falta do primeiro é equivalente a anomia, um estado em que o sujeito perde sua identidade, além de seus objetivos e metas, e do segundo a fome. Quem atinge tais mínimos tem sua realidade moldada na pobreza, e uma vida destinada à sobrevivência, pois sua integração é malfeita no mercado de trabalho. Logo verbas para uma educação e qualidade de vida melhor lhe são escassas. É na vida comunitária que encontram forças para as lutas do cotidiano. Além de ter usado os conceitos de mínimo social e vital, a Declaração Universal dos Direitos Humanos foi utilizada, também, como elemento base para responder quais direitos básicos são tomados das mulheres que vivem em condições precárias ou sem teto. Um dos primeiros direitos violados faz parte do artigo 17º. “Toda a pessoa, individual ou coletiva, tem direito à propriedade.” (ONU, 1993). A falta de acessibilidade aos postos de saúde e a negligência do serviço público para com as mulheres que vivem na ocupação sem comprovação de renda e moradia vai contra o artigo 21º, inciso II. “Toda a pessoa tem direito de acesso, em condições de igualdade, às funções públicas do seu país.” (ONU, 1993). O mais recorrente, e problemático, direito que lhes faltam é o artigo 25º da Declaração, inciso I.
Toda a pessoa tem direito a um nível de vida suficiente para lhe assegurar e à sua família a saúde e o bem-estar, principalmente quanto à alimentação, ao vestuário, ao alojamento, à assistência médica e ainda quanto aos serviços sociais necessários, e tem direito à segurança no desemprego, na doença, na invalidez, na viuvez, na velhice ou noutros casos de perda de meios de subsistência por circunstâncias independentes da sua vontade. (ONU. Declaração Universal dos Direitos Humanos, 1993).
15
Durante as entrevistas realizadas, percebi que muitos dos problemas das mulheres moradoras de periferia se agravam quando elas são negras. Apesar de o Brasil ter se empenhado nas últimas décadas em ações de diminuição das desigualdades sociais e de enfrentamento da violência contra a mulher, elas não impediram o aumento de 54,2% dos assassinatos de mulheres negras entre 2003-2013, o aumento do encarceramento feminino e a continuidade das violações de direitos das mulheres negras. (WERNECK, IRACI, 2016) Para proteger a vida e os direitos de mulheres e meninas negras, é imprescindível que mecanismos, soluções e políticas atuem sobre as experiências e necessidades específicas deste grupo populacional, incorporando a perspectiva de enfrentamento ao racismo patriarcal heteronormativo, ao racismo institucional e seus impactos sociais, econômicos e psíquicos na vida das mulheres e meninas negras. (WERNECK, IRACI, 2016, p.5)
Por fim, durante as entrevistas, compreendi mais sobre as mazelas de ser mulher periférica. Todas passaram, passam ou irão passar por situações onde seus direitos são tomados, ou em que esses mínimos vitais e sociais não serão cumpridos. É válido ressaltar, que busquei retratar essas realidades de forma imagética e textual para que os leitores possam conhecer, e quem sabe compreender mais sobre a realidade de vida dessas mulheres.
2.2 – MULHER DE PERIFERIA NO BRASIL A mulher da periferia, personagem principal desse projeto experimental, acorda cedo para ir trabalhar, enfrenta grandes distâncias para garantir seu sustento, e quando não executa os itens anteriores, é a base de muitas famílias, zelando pelo bemestar e harmonia delas. Muitas lutam, algumas abaixam a cabeça, mas a maioria teme.
Somos aquela que, depois de oito horas de trabalho e quatro horas no transporte público, ainda passa a roupa e nina o bebê. Somos quem vai no posto atrás de remédio e pra agendar consulta pra daqui a cinco meses. Somos quem cria abaixo-assinados para pedir creches. Somos quem denuncia que a vizinha apanha do marido. Somos operárias, empreendedoras, manicures, jornalistas, costureiras, motoristas, advogadas. Somos esposas, mães, irmãs, primas, tias, comadres, vizinhas. Somos maioria. Somos minoria. Pobres, pretas, brancas,
16
periféricas. Migrante, nordestina, baianinha, quilombola, indígena. (NÓS MULHERES DE PERIFERIA, 2015).
De acordo com o levantamento do site Serasa Experian, a maior parte das jovens adultas da periferia está na faixa de 21 e 35 anos, possui baixa escolaridade e é solteira. Vive com pouco acesso a serviços de saneamento básico e convive com suas famílias em bairros periféricos de capitais e regiões metropolitanas. Parte dessas mulheres possui empregos formais, porém a informalidade nas relações trabalhistas está muito presente. “As limitações no acesso à educação e na infraestrutura dos bairros onde moram torna mais difícil a rotina dessas jovens. Porém, viram a vida melhorar e acreditam em um futuro melhor” (SERASA EXPERIAN, 2015). Como a pesquisa do projeto possui ênfase em mulheres da periferia que se sobressaíram em suas lutas e mudanças de vida, pesquisei também sobre as que estão desempenhando papéis de chefe de família, pois as entrevistadas tinham grande influência nas decisões e relações de poder envolvendo seus parentes e esposo. O primeiro perfil estudado foi o das chefes de família rural, como é o caso da entrevistada Antônia, que com 52 anos ainda precisa trabalhar na plantação para garantir o sustento da família.
Marcada, sobretudo, por um processo contínuo de pobreza familiar, essas mulheres desde a infância convivem com uma vida de precariedades e precarização. Aquelas de origem rural têm, particularmente, como realidade básica o trabalho rural, a falta de informação escolar e outras privações comuns a uma família camponesa pobre, que quando muito tem é a propriedade da terra como moradia e sustento, e em situações mais difíceis nem o local de moradia como propriedade, porque vivem na condição de caseiros, uma espécie de sistema de repartição de bens e obrigação de trabalho junto aos donos da terra. (MENDES, 2004, p.4-5)
Assim como as chefes de família rurais, as que se enquadram no perfil de áreas urbanas, também, enfrentam mazelas no decorrer de sua trajetória.
Para as mulheres de origem urbana a situação de precariedades é relativamente semelhante, pois geralmente estão habitando áreas faveladas, vivendo em barracos minúsculos, quase sem nenhuma estrutura básica de saneamento, grande contingente domiciliar de desempregados, sobrevivendo de biscates, grandes incidências de
17
gravidez na adolescência conflitos e dependência química entre os membros da família. Essas mulheres, na sua maioria, estão trabalhando como domésticas e faxineiras. Em seus primeiros trabalhos, ao contrário daquelas de origem rural, não dormiam no emprego, mas igualmente a elas não recebiam salário mínimo e nem tinham carteira de trabalho assinada. (MENDES, 2004, p.5)
Após os levantamentos iniciais da bibliografia para esse projeto experimental, vi a necessidade de comprovar, por meio das entrevistas se tais situações estavam realmente presentes na vida das personagens. Nesse sentido, pude observar que os dados levantados pelos autores se encontram na realidade delas. 2.3 – MOVIMENTO FEMINISTA NO BRASIL O feminismo no Brasil é marcado de profunda desigualdade econômica e social entre seus apoiadores. “Sua composição heterogênea remete diretamente às especificidades da sociedade brasileira, sua forte pluralidade interna e ao contexto político mais amplo onde se desenvolveu.” (SARTI, 1988, p.39). Outro aspecto importante é o quanto varia o papel de construções sociais na vida das diversas integrantes do movimento, como, por exemplo, a relação da mulher com temas como: trabalho remunerado, a família, o cuidado com as crianças e o trabalho doméstico. Enquanto que, para aquelas pertencentes às classes mais abastadas, o trabalho doméstico pode ser considerado opressor, o oposto pode ser dito para mulheres de baixa renda, muitas das quais permitem que os papéis familiares de mãe e dona-de-casa tenham um peso maior do que o trabalho remunerado durante a construção de sua identidade social (SARTI, 1988). Notei que nas periferias as reivindicações dos movimentos feministas são, muitas vezes, voltadas à obtenção de direitos essenciais. “Nas periferias urbanas reivindica-se o atendimento às necessidades básicas: água, luz, esgoto, asfalto, saúde e educação.” (SARTI, 1988, p.39). Em comunidades de baixa renda, o feminismo brasileiro chegou sorrateiramente.
Iniciado nas camadas médias, o feminismo expandiu-se através de uma articulação peculiar com as camadas populares, num
18
movimento circular de mútua influência. As feministas que se organizaram no país, vinculadas em sua maioria às organizações e partidos de esquerda, atuaram politicamente articuladas ao conjunto das mobilizações femininas, dando à sua atuação uma coloração própria. Influenciaram e foram influenciadas pelas demandas das camadas populares, referidas também a mudanças no comportamento sexual e nos padrões de reprodução e fecundidade (SARTI, 1988, p.40) Durante as décadas de 70 e 80 o movimento feminista brasileiro se caracterizava por coletivos auto-organizados de mulheres que buscavam sua própria identidade enquanto lutavam contra a ditadura. A partir de 1990, fomos marcados pelo começo do processo de entrada das feministas em partidos, governos e principalmente organizações não governamentais. Durante os anos 2000, a maior parte dos países da américa latina começaram a pensar em mecanismos para que as mulheres avançassem dentro da burocracia das instituições. Nos dias de hoje, é possível ver uma expansão significativa do feminismo para outros espaços. As mulheres feministas buscam neles mais voz, por exemplo, dentro dos movimentos de esquerda, pois eles são os que mais mobilizam a juventude; neles, elas procuram incrementar a força feminina nas decisões e incluir pautas de gênero nos programas políticos que existem nesses espaços (RODRIGUES, 2016). As feministas começaram a adentrar, também, os sindicatos urbanos e/ou rurais, como, por exemplo, a Marcha das Margaridas, que acontece desde os anos 2000. A trajetória de participação feministas em organizações sindicais, que começa de forma marginal na década de 1980, se consolida nos últimos anos com a proliferação de secretarias, departamentos e coletivos de mulheres, pressionando pela igualdade de oportunidades no mercado de trabalho e no sindicalismo (RODRIGUES, 2016, p.42).
Um item que surgiu para contribuir com as lutas feministas foi a entrada progressiva do conceito de gênero nas Ciências Sociais e na História. Por consequência, as distinções de sexo e gênero contribuíram, e ainda contribuem, para a luta pelos direitos das mulheres. Sexo remete à biologia, e o gênero se refere às construções culturais das características consideradas femininas e masculinas. (RODRIGUES, 2016).
19
Ao iluminar o caráter arbitrário das noções de masculinidade e feminilidade, a distinção entre sexo e gênero permitiu que pesquisadoras e militantes feministas salientassem a natureza eminentemente social (e política) da subordinação das mulheres e apontassem, portanto, para sua possível alteração. (RODRIGUES, 2016, p.37)
Além disso, mesmo a luta principal do feminismo sendo pela garantia dos direitos da mulher, há variantes de acordo com países e continentes. As pautas brasileiras e latino-americanas estão voltadas à luta contra a violência, como, por exemplo, o fim da cultura do estupro. Além de serem firmes na oposição à propostas ou medidas governamentais com redução ou eliminação de direitos fundamentais adquiridos. (RODRIGUES, 2017). Tudo isso foi discutido durante a confecção da narrativa, no ato de reunir as opiniões e declarações das entrevistadas e por meio de reflexões transmitidas por material imagético e textual. Para ampliar a reflexão sobre o tema e, finalmente, entender um feminismo menos elitizado e excludente, conheci o conceito do feminismo interseccional, vertente utilizada, aqui, como alicerce para as discussões. Durante muito tempo o movimento feminista no Brasil foi para mulheres brancas de classe média, que, muitas vezes, desconheciam a realidade de suas semelhantes de outras classes sociais e etnia. Essa perspectiva de que todas as mulheres sofrem igualmente é desumana, porque essa universalização da categoria mulheres foi feita tendo como base uma mulher branca, heterossexual e de classe média. O racismo cria uma hierarquia de gêneros e ao dizer que todas sofremos iguais, quando sabemos que não, perpetuamos essa representação que deixa de fora muitas mulheres e cria uma hierarquia de vidas; escolhe quais vidas devem ser representadas e consequentemente salvas. (...) Essa visão simplista de que mulheres e homens sofrem de modo igual precisa ser superada. Falta um olhar interseccional. (RIBEIRO, 2015)
Além do feminismo interseccional, outro tema que complementa a reflexão éo impacto do ser feminista na vida e autoestima da mulher para descobrir se o estereótipo negativo da “Feminista Feia” ainda está fortemente em voga na sociedade. Foi ressuscitada a caricatura da Feminista Feia para atacar o movimento das mulheres. A caricatura não é original. Foi criada para ridicularizar as feministas do século XIX. (...) A caricatura recuperada, que procurava
20
penalizar as mulheres pelos seus atos públicos, prejudicando seu sentido de individualidade, tornou-se o paradigma de novos limites impostos às mulheres por toda parte. Depois do sucesso da segunda onda do movimento das mulheres, o mito da beleza foi aperfeiçoado de forma a frustrar o poder em todos os níveis na vida individual da mulher. As neuroses modernas da vida num corpo feminino se espalham de mulher para mulher num ritmo epidémico. (WOLF, 1992, p.23)
Como optei por selecionar fontes de diferentes realidades e vivências, o estudo do feminismo interseccional e o impacto do movimento em si para a vida dessas mulheres foi primordial para a construção das críticas e demonstração de como o machismo interfere na vida delas.
2.4 – O FOTOJORNALISMO E SUAS POSSIBILIDADES DE NARRATIVAS DIGITAIS O modelo escolhido para ser o produto final do projeto experimental é uma narrativa audiovisual experimental, hospedada em uma plataforma digital. Optei por testar novas possibilidades que o uso do áudio, vídeo e fotografia podem oferecer e segui, o fotojornalismo como guia para os princípios éticos e informativos da imagem. Portanto, durante a pesquisa bibliográfica foi preciso conhecer e definir os conceitos e possibilidades da narrativa fotojornalística que poderia auxiliar no desenvolvimento do Projeto Experimental. Além de trabalhar com o fotojornalismo para criar parte da produção audiovisual, priorizei uma fotografia mais sensibilizada. O conceito de fotojornalismo é algo que ainda causa divergências, tanto na academia quanto no meio profissional, pois, assim como suas aplicabilidades são amplas, o modo de fazê-lo e analisá-lo será diferente de acordo com o profissional e o projeto, mesmo que existam códigos de conduta a serem seguidos.
Para Baeza (2007) o termo fotojornalismo designa tanto uma função profissional quanto um tipo de imagem usado pela imprensa. Para Sousa (2004) o fotojornalismo é um campo que não tem as fronteiras claramente delimitadas, podendo tanto ser restrito às fotografias de notícias quanto aberto às fotografias dos projetos documentais. Já Newton (2001) o compreende como um campo que reporta informações visuais através de vários meios, sendo sinônimo de jornalismo visual. De forma geral ele é compreendido como a produção fotográfica usada nas narrativas jornalísticas. Só que não há como colocar no mesmo patamar uma área
21
definida pelo suporte midiático de veiculação e outra definida pelas matrizes lógicas da linguagem e do pensamento (SANTAELLA, 2005 apud LONGHI, PEREIRA. 2016. p.1-2).
Servir como meio imagético para possibilitar a compreensão sensível do fato é uma das características primordiais do fotojornalismo. Logo, usei para a fotorreportagem com ênfase no social, pois neste projeto busco transmitir com todo o impacto que um conteúdo audiovisual causa, a realidade dessas mulheres. “O objetivo da fotorreportagem é, geralmente, situar, documentar, mostrar a evolução e caracterizar uma situação e as pessoas que dela participam. (SOUSA, 2000 apud FERES, RODRIGUES, p.40, 2012). Escolhi, além da foto estática retangular padrão, GIFs animados, o fotovídeo, classificado por Raquel Longhi e Silvio Pereira (2016) como fotografia dinâmica, e fotografias feitas a partir de frames de vídeo para compor a parte fotojornalística da narrativa. Um GIF é a combinação de várias imagens fotografadas em sequência para criar uma animação. O fotovídeo é composto unicamente de fotografias estáticas, elas, após serem incluídas em softwares de edição, ganham dinamicidade com a montagem de sucessivas imagens. No caso desse projeto, ele foi usado em conjunto com áudio para a criação de narrativas com ritmo semelhante à um vídeo. As fotos capturada dos frames de vídeos foram utilizadas na narrativa como complemento de material. “A resolução da imagem estática obtida é ainda a maior limitação, pois depende da resolução da fotografia dinâmica, tradicionalmente inferior à da estática em equipamentos digitais.” (LONGHI, PEREIRA. 2016, p.7). Na pós-produção, optei por realizar ajustes locais de brilho, contraste e sombra nas imagens, para chamar a atenção do leitor para o que eu gostaria na fotografia; além de ter acrescentado o ruído imagético para algumas fotografias ficarem com um aspecto analógico. Muitos fotojornalistas divergem de opinião quando o assunto é alterar a fotografia original, alguns defendem que a imagem deve ser entregue crua, outros apoiam a edição. Sigo a linha de que a notícia e a imagem são produtos da intenção e do posicionamento ideológico, político e subjetivo do próprio jornalista, ou dos veículos em que eles trabalham, portanto estão, desde o momento em que são clicadas, fora do ideal de imagem apenas congelada da realidade. “Desde a escolha da objetiva pelo fotojornalista, o ponto de vista em relação ao fato, o enquadramento, até mesmo zona de
22
nitidez da imagem revelam as intenções de que a produz ou quem a veicula.” (CHINALIA, 2005 apud OLIVEIRA, 2010, p.3) Utilizei como base para o esboço do que seria a narrativa experimental online o que está sendo explorado nas reportagens multimídias da atualidade. Desde o começo gostaria de ir além dos trabalhos de conclusão de curso que tinham como produtos finais revistas e fotolivros, além disso, preferi variar da produção em larga escala de Projetos Experimentais que são reportagens longform. Tinha como meta tentar inovar no produto final. “Mais do que ação, a inovação é uma reação, uma resultante ligada a alguma insatisfação, apesar de jamais dever ser entendida como uma mera solução de problemas.” (LONGHI, 2017, p.22).
23
3 – CONSIDERAÇÕES FINAIS Desenvolvi o “Corpos em Luta” com o objetivo de evidenciar a luta de mulheres de Campo Grande como um fechamento de um ciclo em minha formação acadêmica. A necessidade de trazer visibilidade para a mulher, minha iniciação no feminismo, minha vida na periferia e a fotografia, sempre nortearam meus estudos e projetos na academia, logo, se transformaram em elementos essenciais para a delimitação do tema do meu Projeto Experimental e para a escolha do formato do produto final. Espero que o futuro da produção jornalística seja formado por narrativas que inovem em sua multimidialidade e que representem versões humanizadas e empáticas de fatos e histórias. Portanto, escolhi criar uma plataforma digital que, por meio de um texto mais opinativo e do fotojornalismo, fugisse da imparcialidade e da falta de sensibilidade do hard news que, também, produzi durante o percorrer da minha jornada acadêmica. Optei por uma plataforma online levando em conta a facilidade de acesso em qualquer lugar e a qualquer instante, a grande possibilidade de alcance além da minha cidade e os baixos custos para produção do produto final. Para ter mais embasamento teórico, pesquisei sobre novas formas de produção fotojornalística e de perfis jornalísticos na internet, e ter estudado mais sobre o fotojornalismo para criação de espaços de fala foi importante para o resultado final dos registros fotográficos. Minha técnica e sensibilidade evoluíram desde a primeira entrevista até a última. Aprendi durante os estudos que o uso de novos formatos para compor narrativas jornalísticas permite ao leitor uma experiência completamente diferente dos meios midiáticos impressos e tradicionais, pois quem utiliza a plataforma pode ser introduzido a personagem retratada de maneira mais imersiva, pois conhecerá a voz da entrevistada, os trejeitos, detalhes e, além de tudo, parte da personalidade dela por meio da fotografia, vídeo, áudio e texto. Além disso, li muito sobre o feminismo, o que considerei o alicerce principal para a escrita do texto da narrativa para os diálogos e análises posteriores das entrevistas e para a produção deste relatório. Me encontrei no feminismo interseccional como militante e acadêmica
24
Durante meus quatro anos de graduação, percebi que a produção jornalística online está sofrendo com a falta de tempo, de profissionais e recursos para seu jornalismo diário e produção de reportagens. Vi e presenciei na faculdade que as reportagens multimídias chegaram como uma rota de fuga dessa realidade nas redações para trazer um conteúdo com maior qualidade e com mais apuração dos fatos. Benefícios esses que foram levados em conta na hora da decisão do formato do Projeto Experimental. Isso posto, minha proposta foi experimentar na criação de uma narrativa em que a mulher seja protagonista em todos os aspectos. Conheci inúmeras plataformas interessantes para serem usadas em futuras experimentações. E como o resultado final me acrescentou muito como profissional e militante, pretendo continuar o projeto de relatar e registrar a vida de mulheres que lutam para terem vida melhores e com isso transformam seu cotidiano e as pessoas próximas a elas. A plataforma foi apenas um ponta pé para algo que acredito que irá me transformar em uma jornalista e fotógrafa que realmente consiga contribuir para o empoderamento feminino. No cenário atual político e econômico brasileiro, vejo que é essencial ter sororidade e empatia pelas minhas semelhantes e se eu conseguir trazer um impacto positivo e mais autoestima e autoconhecimento através das minhas histórias na plataforma, sei que estarei trilhando um caminho profissional e pessoal certo e extremamente recompensador.
25
4. REFERÊNCIAS CÂNDIDO, Antônio. Os parceiros do Rio Bonito: estudo sobre o caipira paulista e a transformação do seus meios de vida. 10. ed. São Paulo, SP: Ed. 34, 2003. 372 p. (Coleção espírito crítico). ISBN 85-7326-205-2. FAHS,
Ana
C.
Movimento
Feminista.
Disponível
em:
<
http://www.politize.com.br/movimento-feminista-historia-no-brasil/>. 2016. Acesso em: 28 de junho de 2017. FELDHUES, Marina. Estratégias fotográficas de visibilidade: as memórias das ditaduras. In: XXXIX Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, 2016, São Paulo. p. 5. FERES, Alice; RODRIGUES, Kátia F. Um click sobre a vida dos catadores de materiais recicláveis no lixão de Vilhena. 2012. 97 f. Trabalho de Conclusão de Curso – Universidade Federal de Rondônia Departamento de Comunicação Social - Jornalismo, Rondônia, 2012. HANZEN, Elstor. Novas teorias sobre a produção jornalística. Disponível em: < http://observatoriodaimprensa.com.br/diretorio-academico/novas-teorias-sobre-aproducao-jornalistica/>. 2015. Acesso em: 22 nov. 2017 ONU BRASIL. Grupo de Trabalho da ONU sobre Afrodescendentes divulga comunicado final sobre visita ao Brasil. 2013. Disponível em: <https://nacoesunidas.org/grupo-detrabalho-da-onu-sobre-afrodescendentes-divulga-comunicado-final/>. Acesso em: 28 nov. 2017 LONGHI, Raquel; PEREIRA, Silvio. Uma proposta de categorização do fotojornalismo contemporâneo. In: XXIX Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação. São Paulo,
2016.
Disponível
em:
<http://portalintercom.org.br/anais/nacional2016/resumos/R11-0436-1.pdf>. Acesso em 03 abr. 2017. LONGHI, Raquel; FLORES, Ana Marta. Webjournalist narratives as an element of innovation: cases of Al Jazeera, Folha de S.Paulo, The Guardian, The New York Times and The Washington Post. In: Intercom, Rev. Bras. Ciênc. Comun. [online]. 2017, vol.40, n.1, pp.21-40. ISSN 1809-5844. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/18095844201712>. Acesso em: 22 nov.2017.
26
MARQUES, Maria. Mídia e Gênero: análise crítica da violência contra a mulher no telejornalismo. Natal, RN: UFRN, 2011. 142 p. MENDES, Mary Alves. Mulheres Chefes de Domicílios em Camadas Pobres: trajetória familiar, trabalho e relações de gênero. In: XIV Encontro Nacional de Estudos Populacionais. Caxambu, Minas Gerais. UFPE. 2004. Nós
Mulheres
de
Periferia.
Manifesto.
Disponível
em
<http://nosmulheresdaperiferia.com.br/quem-somos/>. Acesso em: 10 de outubro de 2017. OLIVEIRA, Erivam Morais. O resgate da ética no fotojornalismo: a banalização das imagens nos meios de comunicação. In: Dossiê Ciências Sociais e vida pública. Vol. 10, n.2. Viçosa, Minas Gerais. 2010. ONU. Declaração Final e Plano de Ação. Conferência Mundial sobre os Direitos Humanos. Viena. 1993 RIBEIRO,
Djamila.
Por
um
olhar
interseccional.
Disponível
em:
<
http://lugardemulher.com.br/feminismo-interseccional/>. 2015. Acesso em: 25 de junho de 2017. RODRIGUES, Carla. A quarta onda do feminismo. Revista Cult, p. 30-47. ed.219. dezembro. 2016). RODRIGUES,
Carla.
Parem,
simplesmente
parem.
Disponível
em:
<
https://blogdoims.com.br/parem-simplesmente-parem/>. 2017. Acesso em 10 de outubro de 2017. SARTI, Cynthia. Feminismo no Brasil: uma trajetória particular. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, n. 34. 1988. p. 38-47. Serasa Experian. Estudo da Serasa Experian detalha perfil das mulheres do grupo Jovens
Adultos
da
Periferia.
Disponivel
em:
<https://marketing.serasaexperian.com.br/imprensa/estudo-da-serasa-experian-detalhaperfil-das-mulheres-do-grupo-jovens-adultos-da-periferia/>.
2015. Acesso em: 12 de
outubro de 2017. VILAR, Camila; VERENA, Júlia. Moradores do “Morro do Mandela” temem reintegração de posse. Disponível em: <http://www.primeiranoticia.ufms.br/cidades/moradores-dafavela-morro-do-mandela-temem-pedido-de/857/>. 2016. Acesso em: 31 de janeiro de
27
2017. WERNECK, Jurema; IRACI, Nilza. A situação dos direitos humanos das mulheres negras no brasil: violências e violações. 2016. Disponível em: <http://fopir.org.br/wpcontent/uploads/2017/01/Dossie-Mulheres-Negras-.pdf>. 2016. Acesso em: 21/03/2017 WOLF, N. O mito da beleza: como as imagens de beleza são usadas contra as mulheres (W. Barcellos, Trad.). Rio de Janeiro: Rocco, 1992. WAISELFISZ, Julio Jacobo. Mapa da Violência 2015: homicídio de mulheres no Brasil. Brasília, Distrito Federal. Flasco Brasil, 2015.
28
5. APÊNDICES 5.1 - Sobre as entrevistadas e pontos a serem discutidos sobre elas Nome da fonte/personagem: Della Coelho Bairro: Parque do Sol Idade: 46 anos Função: Professora Atuação: Criadora da escolinha Filhos da Misericórida, atua dando aulas e fornecendo assistência para as crianças da favela Cidade de Deus
Pontos a serem abordados:
Abdicação da vida profissional e mudança na pessoal para viver para a caridade
Impacto da educação na vida de crianças de comunidade carentes
Religião e o feminino
A resiliência dela perante os obstáculos de ter uma escola e nova vida na periferia
Como a família e a vida pessoal foi afetada após a mudança de estilo e propósito de vida
Nome da fonte/personagem: Ângela Vanessa Epifanio Bairro: Jardim Centro Oeste Idade: 31 anos Função:
Estudante
de
Serviço
Social
na
Uniderp
Atuação: Membro do Coletivo de Mulheres Negras; Afroturbanista; Presidenta Conselheira no Conselho Estadual dos Direitos da Mulher/CEDM/MS, Triênio 2017/2019; Conselheira no Conselho Estadual dos Direitos do Negro/CEDINE/MS Biênio 2016/2018; Conselheira Municipal dos Direitos do Negro/CMDM/MS; Membro da Banca de avaliação dos Candidatos a Cotistas Negras e Negros na UEMS, do Fórum Estadual de Educação e Diversidade Étnico-Racial/FORPEDER, do Fórum Permanente das Entidades do Movimento
Negro/FPEMN
e
da
União
Brasileira
de
Mulheres/UBM.
29
Pontos a serem abordados:
Importância da autoestima para a mulher
Como a militância impacta na autoaceitação
Ser negra, gorda e da periferia em Campo Grande
A vida após iniciar nos movimentos sociais e na faculdade
Vida amorosa e social antes e após a entrada no movimento feminista e ganho da autoconfiança
Turbantes em benefício da mulher negra
Nome da fonte/personagem: Rosana Anunciação Bairro: Complexo Pioneiros Idade: 43 anos Função: formada em Letras e graduanda de Serviço Social na Uniderp Atuação: Coordenadora geral da AFCN (Associação Familiar da Comunidade Negra São João Batista) e Coordenadora de Igualdade Racial da Subsecretaria de Defesa dos Direitos Humanos de Campo Grande
Pontos a serem abordados:
Impacto da educação na vida de crianças de comunidade carentes (agora sob o ponto de vista de uma comunidade quilombola)
Tradição e religião nas comunidades quilombola
Como o serviço social e a educação impactou na vida dela
Histórias da AFCN sob o ponto de vista da Rosana
Nome da fonte/personagem: Antônia Mendes Bairro: Jardim das Perdizes Idade: 52 anos Função: Agricultora
Pontos a serem abordados:
A mulher no meio rural
30
Quais são os obstáculos que a falta de educação oferece à mulher do meio rural
Religião e o feminino
Relação da mulher com a natureza na agricultura familiar
Sobre sustentar a família depois de ser aposentada
Nome da fonte/personagem: Elisangela Paulina Loureiro Valiente Bairro: Guanandi Idade: 27 anos Função: Militante dos direitos da mulher com deficiência
Pontos a serem abordados:
Como é ser mulher e deficiente em Brasil, especialmente em Mato Grosso do Sul
Obstáculos enfrentados no dia a dia
Sexualidade e saúde pública da mulher com deficiência
Mulher campo-grandense e o medo
5.2 - Perguntas servidas como base para as entrevistas a) O que é ser mulher para você? b) O que é o feminismo para você? c) Você se considera feminista? Caso sim, por quê? Caso não, por quê? d) A partir de qual momento você sentiu a necessidade de mudar a sua vida e começar sua luta e) Sua autoestima mudou após isso? f) Como a mídia representa a mulher em Campo Grande? g) Como você acha que é ser mulher em Mato Grosso do Sul, e principalmente em Campo Grande? h) Como está a sua relação atualmente com a sua família, amigos, esposo e na vida em um patamar geral?
31
5.3 - A Plataforma
Tela 1: Tela de abertura com um vídeo automático demonstrando as personagens da narrativa como background para o título e subtítulo. (Recurso funcionando apenas em computadores e notebooks).
PÁGINAS INICIAIS:
Tela 1: Sendo a primeira página, ela apresenta informações sobre o projeto experimental e a temática principal da narrativa.
32
Tela 3: A introdução traz um lead geral sobre o tema e informações sobre a violência contra a mulher no Brasil. Conta com anotações grifadas que ao clicar abre uma anotação sobre a palavra/tema (recurso colocado em toda a narrativa)
Tela 4: Demonstração de como as mulheres são introduzidas na narrativa antes de seus respectivos capítulos
33
Tela 5: Nesta introdução das personagens, somos apresentadas também ao modo de falar delas, com áudios das opiniões delas sobre o que é ser mulher
LAYOUT DOS CAPÍTULOS:
Tela 6: Os capítulos apresentam uma imagem estática em sua abertura seguida do título do capítulo e seu subtítulo. Em cada capítulo o leitor poderá percorrer o texto rolando o mouse para baixo ou para cima
34
Tela 7: Exemplo de conteúdo audiovisual presentes na narrativa, neste caso temos um vídeo em que a própria fonte Angela gravou e enviou para mim pedindo ajuda para denunciar sobre as condições de seu bairro após uma forte tempestade que aconteceu no final de outubro de 2017
Tela 8: Modelo de intertítulos da plataforma. São grandes e chamativos para a mudança na temática, optei por preservar a fonte, mas mudar a cor de acordo com a personagem
35
Tela 9: Agrupei fotos, durante as narrativas, para dar ideia de sequência e dinamicidade na maioria dos capítulos
Tela 10: Alguns capítulos como, por exemplo, o da Rosana, possuem trechos de vídeo da entrevista realizada na íntegra, sem sobreposições de fotos
36
VERSÃO MOBILE:
Tela 11: Na versão mobile, o vídeo vira imagem estática e não há como arrumar. Problema acontece em todas narrativas da mesma plataforma, matérias feitas por grandes jornais como BBC sofrem do mesmo empecilho do vídeo sem funcionamento em tablets e smartphones
37
Tela 12: Presente tanto para computadores e notebooks quanto para smartphones, o menu lateral oferece acesso rápido à todo o conteúdo da plataforma
Tela 13: A plataforma é responsiva, portanto todo o conteúdo será ajustado automaticamente de acordo com seu dispositivo, tanto texto como imagens, áudios e vídeos