Projeto Experimental - Documentário Vir À Luz

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL FACULDADE DE ARTES, LETRAS E COMUNICAÇÃO

CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL COM HABILITAÇÃO EM JORNALISMO

PROJETO EXPERIMENTAL DOCUMENTÁRIO VIR À LUZ

Henrique Alves de Castilho Drobnievski

UFMS Campo Grande Junho - 2018


DOCUMENTÁRIO VIR À LUZ HENRIQUE ALVES DE CASTILHO DROBNIEVSKI

Relatório apresentado como requisito parcial para aprovação na disciplina Projetos Experimentais do Curso de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.

Orientador(a): Prof. Dr. Helio Augusto Godoy de Souza

UFMS Campo Grande Junho - 2018


SUMÁRIO

Resumo

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Introdução

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1. Atividades desenvolvidas

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1.1 Execução

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1.2 Dificuldades encontradas

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1.3 Objetivos alcançados

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2. Suportes teóricos adotados

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Considerações finais

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Referências

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RESUMO: O projeto experimental Vir à Luz é um filme documentário que tem por objetivo apresentar o cotidiano da pessoa com deficiência visual por meio de três atividades comuns a todo ser humano, a realização de tarefas doméstica, a prática de esportes e o deslocamento urbano em Campo Grande, MS. Para realização deste projeto foi realizada a captura de áudio e vídeo do cotidiano de três pessoas com deficiência visual, Gabriel Rodrigues de 10 anos, Pedro Henrique de 23 e Benilce Lourenço de 37 anos, suas características de adaptação e readaptação em espaços comuns e no Instituto Sul Mato Grossense para Cegos Florivaldo Vargas (ISMAC). O filme documentário tem duração de 17 minutos e 48 segundos, conta com versão em audiodescrição completa e divulga experiências pessoais e de adaptação em situações do cotidiano. Este produto jornalístico tem o potencial de auxiliar outras pessoas com deficiência visual, que por diferentes razões, não tiveram acesso a informações do gênero. Além de contribuir com a luta por acessibilidade, políticas públicas e ressaltar a importância de respeitar os direitos das pessoas com deficiência visual.

PALAVRAS-CHAVE:

comunicação – documentário – audiodescrição – cotidiano – deficiência visual – acessibilidade


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INTRODUÇÃO O documentário Vir à luz, é um projeto que se propôs registrar o processo de adaptação e readaptação das pessoas com deficiência visual em realizar tarefas do cotidiano como:

atividades domésticas, prática de esportes e seus deslocamentos

dentro da cidade, utilizando recursos audiovisuais. O modo que as pessoas com deficiência visual lidam com o mundo ao seu redor chama a atenção pelas diversas maneiras que desenvolveram e desenvolvem para se adaptar ao ambiente a sua volta. A realidade da pessoa com cegueira ou baixa visão, experiente e já adaptada com a pessoa com deficiência visual que está em processo de adaptação. Como também aproximar a comunidade em geral em relação às pessoas com cegueira ou baixa visão. O documentário mostra o cotidiano de três indivíduos em diferentes atividades da rotina deles; a realização de atividades domésticas de Gabriel Rodriguês de 10 anos, a prática de esportes da atleta Benilce Lourenço de 37 anos e o deslocamento e mobilidade urbana de Pedro Henrique de 23 anos. Este trabalho teve a pretensão de produzir um filme documentário por meio da captura de áudio e vídeo com enfoque no cotidiano de pessoas com deficiência visual. Com intuito de divulgar, por intermédio de plataforma online, experiências pessoais vividas por cada individuo e técnicas que eles utilizam para adaptação à situações do cotidiano. Este documentário tem potencial de auxiliar outras pessoas com deficiência visual, que por diferentes razões, não tiveram acesso a informações desta natureza. Também tem intuito de contribuir com a luta por acessibilidade, dar importância à políticas públicas para tal público e respeitar os direitos das pessoas com deficiência visual O cronograma segue normalmente como planejado, contendo apenas uma alteração em relação às gravações de vídeo e áudio que também ocorreram no mês de maio.


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1- ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

Pesquisa teórica Realização da pesquisa teórica sobre principais autores e trabalhos que tratam da pessoa com deficiência visual e dos recursos práticos e teóricos de se produzir um filme documentário. Pesquisa de Campo Realização da pesquisa de campo visitando e conhecendo as instituições e órgãos ligados a pessoa com deficiência visual. A Associação dos Deficientes Visuais de Mato Grosso do Sul (Adivims), o Instituto Sul Mato Grossense para Cegos Florivaldo Vargas (ISMAC) e o Centro de apoio ao Deficiente Visual (Cap-DV) foram respectivamente visitados nesta etapa do projeto. As visitas geraram dados que foram analisados e serviram de base para a seleção da instituição que melhor se encaixa com a proposta do projeto experimental de documentário “Vir a Luz”. A estrutura e atendimento diário desenvolvido no ISMAC, e todas as áreas que atendem, inclusive na instrução de atividades domésticas, preparação e auxilio na prática de competições esportivas e aulas de instrução à mobilidade. Devido a esses fatores o ISMAC foi o instituto escolhido para ser um dos ambientes de filmagem do filme documentário. Registro audiovisual Realização da etapa de captura do material audiovisual deste projeto. Partes das filmagens ocorreram no ISMAC, outra parte na rua e espaços públicos como também na casa de um dos personagens.


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Roteirização e Edição Foi criado um esqueleto de filmagem como também um roteiro para a elaboração do filme documentário, tendo por norte os objetivos deste projeto. O roteiro foi construído já pensando na edição do produto, contendo as principais partes da narrativa descrita no mesmo. A edição, consistiu em processo de seleção de imagens e depoimentos que contribuíssem com a emissão da mensagem proposta neste projeto experimental. Audiodescrição O filme documentário tem como assunto principal a pessoa com deficiência visual, logo, na produção deste produto jornalístico observou-se a possibilidades de acesso ao material audiovisual para pessoas que não podem enxergar. A audiodescrição, que é o recurso que permite a inclusão de pessoas com deficiência visual em cinema, teatro e programas de televisão, foi à solução encontrada neste caso. Foi produzida uma faixa de áudio adicional ao documentário com a descrição das cenas e imagens de forma dinâmica e com apoio de uma profissional audiodescritora. 1.1 Execução:

Pesquisa teórica No inicio do mês de março foi realizada pesquisa teórica sobre autores, estudiosos

e

artigos

relacionados

com

o

tema

da

deficiência

visual.

Concomitantemente, foi realizada a pesquisa de mesmo âmbito em relação ao produto escolhido, o filme documentário, e instruções práticas de como realizar o projeto neste formato.


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Foram realizadas reuniões com o Professor orientador Hélio Godoy para decidir, com seu auxílio, o enfoque e particularidades do projeto, como a questão fílmica e sonora, processos de captação visual e agenda acadêmica, bem como plano de ação e cronograma. Pesquisa de Campo Ainda no mês de março foi realizada visita a Associação dos Deficientes Visuais de Mato Grosso do Sul (ADVIMS) que entre suas funções se destaca no empoderamento e defesa de direitos das pessoas com deficiência visual em Mato grosso do sul. Foi realizado primeiro contato com o Sr. Silvan Cardoso, presidente da associação que explicou o trabalho da ADVIMS. A associação tem por missão apoiar a pessoa com deficiência visual na garantia de seus direitos e fomentar a prática para desporto. Sempre presente em eventos Secretária de Assistência Social (SAS) de Campo Grande e fazendo parcerias com a Fundação de esporte do estado do Mato Grosso do Sul FUNDESPORTE. A ADVIMS está localizada na Rua 14 de Julho, nº 1817 em um prédio comercial e oferece aulas de informática, judô, xadrez, futebol de cinco e Goalball. Como também assistência social e consultoria jurídica especializada no direito da pessoa com deficiência visual. Também em março aconteceu à visita ao ISMAC, onde foram apresentados os documentos solicitados pela direção do instituto para a realização da visita e do projeto. O primeiro contato com a instituição foi feito por meio da Sra. Telma Nantes, Vicepresidente, onde foi recebida a orientação sobre o funcionamento do instituto. Posteriormente, com o acompanhamento de André Garcia Bruno, responsável pelo apoio educacional, foi possível observar o atendimento realizado pelo instituto. O ISMAC é uma instituição de utilidade pública que trabalha no âmbito municipal, estadual e federal e presta atendimento totalmente gratuito a pessoa com deficiência visual. O instituto oferece atividades esportivas, interação, luta por garantia de direitos,


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habilitação e reabilitação social. Nesta visita guiada foi possível conhecer o trabalho desenvolvido pelo instituto passando por cada sala, tais como: O setor de Atividade de Vida Diária (AVD), é um ambiente idêntico a uma kitnet com cozinha quarto e banheiro e todos os utensílios e eletrodomésticos para as atividades desenvolvidas na rotina humana, como por exemplo, cozinhar, passar, limpar e afins; No setor de informática, é trabalhado o acesso a informação por meio da internet, digitação de textos, recorrendo à ampliação de tela ou sintetizadores de voz. O professor responsável é o Sr. Maurício Vital que também é cego; A sala 21 ou sala de reuniões é uma sala multiuso onde além das reuniões também há trabalho de grupo de psicologia e psicossocial; A sala de orientação e mobilidade de responsabilidade do professor Leandro Borges, que trabalha com as questões de localização espacial, de uso independente da bengala e todas as medidas de segurança necessárias para a mobilidade e orientação das pessoas com deficiência visual; A biblioteca Nazaré Pereira Mendes, com dois ambientes especializados para leitura. O primeiro com estantes e livros de fonte ampliada e braile, com grande parte do acervo produzido pelo próprio instituto e o segundo ambiente reservado para “ouvir os livros” por meio de aparelhos de som e fones de ouvido. Os dois ambientes estão equipados com mesas e cadeiras. A sala de Cursiva e apoio especializado é uma sala que auxilia na aprendizagem da escrita cursiva, tanto para cegos como para pessoas com baixa visão, como por exemplo, ter a autonomia de assinar o próprio nome em documentos e contratos. A Ludoteca, é um espaço de ludicidade reservado para o público infantil e trabalha questões inerentes ao processo de ensino e aprendizagem da criança. A sala da Gráfica é o setor que produz materiais do tipo ampliado e do sistema braile para atender o acesso e informação dos atendidos pela instituição. A tradução de livros para o braile conta com processo de avaliação e feedback de pessoas com deficiência visual para corrigir eventuais erros de grafia braile.


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A rádio Web ISMAC é o recurso da instituição pra integrar as pessoas com deficiência visual. A rádio divulga e faz a cobertura, ao vivo, dos eventos que ocorrem no instituto, principalmente os eventos de para desporto. A sala da psicologia é um setor que complementa o atendimento inicial das pessoas que chegam ao instituto e passam por uma triagem (avaliação funcional da visão, serviço social e avaliação psicológica) para identificar as demandas do atendido. A sala do programa Ágora é uma iniciativa de empregabilidade para pessoas com deficiência, desenvolvidas na América Latina. Foi trazido ao Brasil pela Organização Nacional de Cegos da Espanha (ONCE) e tem como parceiro a Organização de Cegos do Brasil (ONCB), a Confederação Brasileira de Desportos e deficientes visuais e o Comitê Paraolímpico Brasileiro. O diferencial deste programa e o empreendedorismo focando nas potencialidades das questões regionais. Este programa oferece qualificação inicial e continuada para o mundo do trabalho. A sala do Soruban é uma sala que trabalha com o desenvolvimento do pensamento matemático por meio do Soruban, que é um instrumento de cálculo japonês, também conhecido como ábaco Japonês. A sala de Desenvolvimento Integral da Criança e Adolescente (DICA), trabalha com a intervenção precoce para crianças com deficiência que tenham um comprometimento mais acentuado, em relação ao desenvolvimento humano, físico e mental, como paralisia cerebral e dificuldade na coordenação motora. O setor do para desporto, no segundo galpão piso inferior, possui uma sala com equipamentos para prática de exercícios físicos, muito semelhantes a uma academia de ginástica, que fica disponível para todos os atendidos e tem instrução de profissionais da área de educação física, como os professores Eric Douglas, Gilson Kamiya e Talitha Silva . O Centro Cultural Orlando Brito, no piso superior, com atividades de prática artesanais, aulas de música e atividades culturais. No inicio de abril foi visitado o Centro de apoio ao Deficiente Visual (Cap-DV), que é um órgão ligado a Secretaria de Estado de Educação (SED) do governo do Estado de Mato Grosso do Sul. O Cap-DV, entre as suas funções de apoio ao


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deficiente visual, é responsável por traduzir os livros e materiais didáticos das escolas ligadas à rede estadual de ensino para o braile e fonte ampliada. O contato com o órgão aconteceu por meio da Sra.Cândida Abes, coordenadora do Cap-DV, onde nos foi apresentado o funcionamento da instituição. O Cap-DV atende os alunos com deficiência visual de todo estado, com exceção do município de Dourados que dispõe de um Centro específico para região. A coordenadora apresentou todo processo de solicitação e produção de tradução de um livro e algumas pessoas envolvidas nesse trabalho cuja maioria é professor da rede estadual de ensino e bem capacitados para a função. Cada solicitação vem em nome do aluno que o necessita e com as especificidades de sua condição. Como por exemplo, tamanho de fonte para alunos com baixa visão ou nível de fluência em braile para alunos cegos. Toda solicitação de livro depois de traduzida e impressa é revisada por pessoas com deficiência visual e submetido a correções, caso necessário. O Cap-DV Campo Grande também conta com gráfica própria para a impressão dos livros, o que dinamiza o trabalho dos profissionais. Em seu espaço localizado na Rua da Paz, 214, Centro, também há uma pequena biblioteca com audiolivros e também livros em braile e ampliados tanto didáticos como literários. Registro audiovisual A primeira captura de áudio e vídeo iniciou em meados do mês de abril e se estendeu até o final do mês de maio. Nesta etapa para fazer captura de vídeo foi utilizado uma câmera Nikon, modelo D3300, em formato full HD, para a maior parte dos takes de vídeo. Na parte dos depoimentos foi utilizada a câmera Sony A6300, em formato 4K, para melhor qualidade de imagens. Em uma cena específica de deslocamento urbano, foi utilizado um Iphone 7, em formato HD, por questão de logística. Concomitantemente, na captura de áudio foi utilizado o gravador de um Iphone 7 para a maior parte das cenas. Na parte dos depoimentos, foi utilizado um microfone lapela Boya via rádio, modelo BY-WM6, para evitar ruídos indesejados e obter um áudio


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mais limpo. Em um cenário específico na residência de um dos personagens também foi usado um gravador estéreo H1 Zoom, para melhor captação do ambiente sonoro. A primeira gravação aconteceu no Setor de Atividades de Vida Diária (AVD), no ISMAC. Com o atendido Gabriel, que tem cegueira devido a Catarata1 e Glaucoma2. Neste dia ele preparou sozinho chá mate quente e fez todo processo, desde separar e lavar utensílios e ferver a água até servir o chá nas xícaras já com açúcar servido. Posteriormente foi gravado o esporte Goalball, acompanhando treinos e participando de perto da rotina da atleta Benilce, que também trabalha no ISMAC como assistente administrativa. A princípio foram captadas imagens gerais do treino e de como ele é praticado com atenção a quadra como um todo e nas características únicas do esporte criado especificamente pra pessoas com deficiência visual. Em seguida foi dado mais atenção aos movimentos da atleta e de suas particulares movimentações no jogo. Com o tema focado no cotidiano percebeu-se necessária a captação de imagens que evidenciassem pura e simplesmente a rotina dos personagens, ou seja, o acordar, escovar os dentes o preparo do café da manhã, momentos de lazer e relacionados. Foi então que com autorização dos responsáveis conseguiu-se a permissão de gravar na casa do Gabriel. Pessoas cegas e com baixa visão não podem dirigir e majoritariamente acabam tendo que usar o transporte público, por esse motivo era imprescindível documentar a mobilidade urbana desse grupo de pessoas. O jovem Pedro Henrique de 23 anos, acadêmico do curso de Direito e com agenda agitada foi a escolha para representar essa etapa. Foi registrado o percurso que Pedro faz da casa para o instituto utilizando o transporte público e as vias da cidade de Campo Grande. Em alternância com todos esses eventos de gravações, foram captados também os depoimentos. 1

A catarata é uma lesão ocular que atinge e torna opaco o cristalino (lente situada atrás da íris cuja transparência permite que os raios de luz o atravessem e alcancem a retina para formar a imagem), o que compromete a visão. A evolução costuma ser lenta, e a doença pode afetar primeiro um dos olhos e só mais tarde o outro. Fonte: Dráuzio. Disponível em: https://drauziovarella.uol.com.br/doencas-esintomas/catarata/ Acesso em: 11 abr. 2018 2 Glaucoma é uma doença ocular causada principalmente pela elevação da pressão intraocular que provoca lesões no nervo ótico e, como consequência, comprometimento visual. Se não for tratado adequadamente, pode levar à cegueira. Fonte: Dráuzio. Disponível em: https://drauziovarella.uol.com.br/doencas-e-sintomas/glaucoma/ Acesso em: 11 abr. 2018


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Em suma a documentação audiovisual foi realizada com muito cuidado observando-se sempre a composição das cenas e a fotografia das imagens para que colaborassem com a narrativa final. Abaixo o esqueleto geral de filmagem usado para a captação das cenas deste filme documentário.


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ESQUELETO DE F FILMAGEM

Casa do Gabriel Mobilidade urbana Atividade de vida Diária Esporte Goalball ISMAC

• Imagens da rotina familiar • Comportamento do Gabriel • Depoimento dos Pais

• Percurso Casa - Ismac do Pedro Henrique • Imagens em movimento • Depoimento Pedro Henrique

• Imagens do Espaço • Imagens do Gabriel em aula • Depoimento da professora

• Imagens do Treino geral/individual Benilce • Depoimento Benilce • Depoimento Professor • Imagens dos detalhes do esporte

• Atendimentos desenvolvidos • Depoimento do Diretor -presidente presidente • Movimentações no prédio • Cuidar para não ficar propagandístico


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Roteirização e Edição Está etapa foi uma das mais complexas, pois é necessário ver e rever todo material registrado e decidir quais das tantas imagens e depoimentos documentados vão estar no produto final. Depois de longa e concentrada revisão e com devidas alterações no pré-roteiro estabelecido antes das filmagens foi possível encaixar uma narrativa que contemplasse os objetivos propostos no início do projeto. É valido salientar que o material que consta no produto final é uma porção do todo captado e que se não fosse enfadonho e repetitivo seria disponibilizado o todo dos registros realizados. No entanto para compilar um pouco de tudo e manter uma coerência sem pedir muito dos possíveis telespectadores optou-se por dinamizar os temas a serem colocados em pauta junto com o depoimento de cada personagem. Todos inseridos no grande tema que é o cotidiano. Segue o documento final do roteiro elaborado para este documentário.


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Roteiro do Documentário Cena 1 - Casa do Gabriel Imagens -Despertar das crianças, Gabriel escovando os dentes. -Café da manha, Gabriel preparando o leite. Apresentação do Gabriel – Nome, idade, trecho depoimento dele sobre a cegueira. -Gabriel no quarto mostrando suas coisas. -Gabriel separando as roupas da escola. Apresentação da mãe, Léia – Nome idade e profissão. Trecho de depoimento em que Leia fala sobre Gabriel. (Mesclar depoimento com imagens) -Gabriel lavando a louça. A mãe auxiliando vez ou outra. Falando sobre a cegueira – Doença, cirurgias, dificuldades (Mesclar depoimentos da Leia e do Gabriel sobre o mesmo assunto). - O Gabriel explicando a doença e como foi essa transição de deixar de enxergar - A Lei falando sobre seu lado como mãe em relação ao filho. (Colocar parte em que ela apresenta o pai como cego também). - Imagens bem próximas mostrando o olho do Gabriel pra situar as pessoas da doença e a condição dele. Quando a Leia falar que ela também é deficiente visual da close no rosto dela! - Imagens do Gabriel vestindo a roupa da escola. TRANSIÇÃO DE CENÁRIOS Cena 2 – Pedro Henrique, Mobilidade Urbana - Pedro saindo de casa, trancando a casa e andando na calçada. - Pedro subindo para o ônibus. Depois andando de ônibus. Apresentação Pedro – Nome, idade e profissão


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- Ainda de Pedro andando no ônibus, terminal. - imagens dele na biblioteca, falando sobre a rotina dele. (Mostrar ele chegando no Ismac) - Depoimento em que ela fala sobre a cegueira e logo depois sobre preconceito. TRANSIÇÃO DE CENÁRIOS Cena 3 – Benilce com Esporte - Imagens dela treinando, imagens dos óculos dela (óculos especiais do jogo). Apresentação da Benilce na biblioteca (Nome, idade e profissão). - Depoimento em que ela fala da doença dela em relação a cegueira. - Pegar parte que ela fala da importância do esporte pra vida dela. Cena 4 – Sala do presidente Marcio Apresentação do Presidente, nome, idade e cargo, ele falando sobre o atendimento do ISMAC. -Imagens da sala de AVD, imagens dela ensinando o Gabriel. Apresentar a professora Luzia, nome idade e trabalho que ela faz no ISMAC. -Imagens do Gabriel fazendo aula, lavando as mãos, usando o fogão, servindo o chá e café! TRANSIÇÃO DE CENÁRIOS Cena 5 – Esportes Apresentar professor do Esporte Eric, nome, idade e profissão, depois Trecho que ele explica o que é GoalBall (imagens gerais do jogo mostrando quantidade de jogadores e comandos do juiz).


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-Depoimento em que o professor fala da Benilce como atleta. (imagens individuais da Benilce treinando).

TRANSIÇÃO DE CENÁRIOS Cena 6 - Benilce Benilce falando sobre preconceito e o esporte, depoimento da atleta a respeito da sociedade. - imagens dela com o treinador dando indicações - Imagens dela jogando Goalball, finaliza com a comemoração do gol. TRANSIÇÃO DE CENÁRIOS Cena 7 - Pedro Chamada de Pedro para pessoas com deficiência visual procurem um instituto por ser possível alcançar a autonomia. - Imagens do Pedro atravessando a rua, dele no ônibus e do pessoal rindo. TRANSIÇÃO DE CENÁRIOS Cena 8 - Casa do Gabriel -Imagens do depoimento do Gabriel sobre dificuldades da cegueira e de preconceito -Trecho do maior sonho do Gabriel em ser Judoca (imagens dele no treino). O filme finaliza com: - Imagens do Gabriel brincando com o cachorro, subindo na arvore e andando de bicicleta. (rola até um slow nele brincando). Créditos


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Audiodescrição Esta etapa foi bem nova e desafiadora, pois até então não havia tido nenhum contato com a ferramenta da audiodescrição.

Foi por este motivo que além de

pesquisa teórica aplicada, buscou-se auxilio de um profissional audiodescritor, que por coincidência é também a coordenadora do CAP-DV, Cândida Abes. Por meio da audiodescritora foi possível o acesso a modelos de audiodescrição já realizados como também assistir materiais nacionais com o recurso. Alguns desses cujo trabalho de audiodescrição foi realizado por ela. À convite de Cândida foi possível a participação de uma mostra de exposição artística para cegos no SESC Cultural em Campo Grande, onde estive na qualidade de ouvinte. A audiodescrição, neste caso, foi feita por meio de fones de ouvidos que retransmitia, via rádio, tudo que Cândida descrevia e estava pré-roteirizado pela mesma em uma apostila elaborada para a visitação. Alem disso é possível acompanhar outras programações culturais como apresentação de Teatro e Dança através da audiodescrição. Posteriormente, para realização deste projeto, foi realizado encontros com a audiodescritora para programar e escrever o roteiro de audiodescrição. Cândida auxiliou em todo o processo e fez indicações necessárias para devidas correções. Deu também as dicas importantes de locução e dicção próprias desta ferramenta. Abaixo segue o roteiro de audiodescrição usado neste documentário.


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INICIO

- SOBRE FUNDO PRETO EM LETRAS BRANCAS DOCUMENTÁRIO VIR Á LUZ

TELA PRETA NOME DO DOC

- UM FILME DE HENRIQUE DROBNIEVSKI

CENA 1 GABRIEL

- MENINO DE 10 ANOS, CABELO LISO PRETO E CAMISETA VERDE FALA:

DEPOIMENTO - EM UMA CAMA, DUAS MENINAS SE COBREM COM UMA MANTA IMAGENS - GABRIEL DEITADO NO SOFA DE BARRIGA PARA CIMA SE VIRA DE LADO - CLOSE DE UMA FRIGIDEIRA SOBRE A CHAMA DE UM FOGÃO - UMA MULHER DE CABELO PRESO QUEBRA UM OVO E FRITA - NO BANHEIRO GABRIEL COLOCA CREME DENTAL NA ESCOVA PARA ESCOVAR OS DENTES - NA COZINHA ELE ESBARRA NA MÃE QUE SE DIRIGE A MESA - GABRIEL NO CANTO DA MESA AGUARDANDO O CAFÉ DA MANHÃ DEPOIMENTO

- A MULHER FALA: - GABRIEL ADICIONA ACHOCOLATADO NO LIQUIDIFICADOR. - ACRESCENTA LEITE E BATE - NA PIA DA COZNINHA GABRIEL LAVA A LOUÇA - LEIA ENSINA GABRIEL A LAVAR UM PRATO - EM SEU QUARTO ELE PROCURA O TENIS NO GUARDA ROUPA.


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- CALÇA AS MEIAS E O TENIS

CENA 2 PEDRO

- FACHADA DE UMA CASA, UM JOVEM ALTO, DE CABELO CRESPO, USANDO CALÇA JEANS E CAMISETA COR DE GOIABA TRANCA A PORTA E SAI SEGURANDO UMA BENGALA.

DEPOIMENTO

- JOVEM SE APRESENTA:

IMAGENS

- PEDRO CAMINHA COM BENGALA SOBRE PISO TÁTIL DE UMA CALÇADA. - NO BAIRRO ELE SOBE NO ÔNIBUS. - NO ÔNIBUS UTILIZA ASSENTO PREFERÊNCIAL. - NO TERMINAL PEDRO AGUARDO O PRÓXIMO ÔNIBUS. - SENTADO Á DIREITA NO ÔNIBUS COM PAISAGEM EM MOVIMENTO DO LADO DE FORA.

- EM SEU DESTINO, ELE DESCE DO ÔNIBUS, LOCALIZA O PISO TÁTIL COM A BENGALA E CAMINHA. -NA ESQUINA, ACIONA O DISPOSITIVO DE SEMÁFORO SONORO, ATRAVESSA NA FAIXA DE PEDESTRE E CAMINHA ATÉ O ISMAC. INSTITUTO SUL MATO GROSSENSE PARA CEGOS FLORIVALDO VARGAS. - FACHADA DO INSTITUTO DEPOIMENTO - PEDRO SUBINDO ESCADAS - NA BIBLIOTECA ELE FALA: IMAGENS -NA AULA DE ORIENTAÇÃO E MOBILIDADE PEDRO ESBARRA EM UM CARRO ESTACIONADO SOBRE A CALÇADA PRÓXIMO AO PISO TÁTIL.


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-NA BIBLIOTECA, PEDRO FAZ LEITURA DE UM LIVRO BRAILE. CENA 3 BENILCE IMAGEM

- DUAS ATLETAS COM VENDA NOS OLHOS DESLIZAM NO CHÃO PARA DEFENDER UM ARREMESSO DE BOLA. - CAMERA EM CLOSE NO ROSTO DE UMA ATLETA QUE SORRI.

DEPOIMENTO -ATLETA SE APRESENTA: CENA 4 MARCIO DEPOIMENTO

CENA 5 LUZIA

- FACHADA DO ISMAC - EM UMA SALA, PRESIDENTE DO ISMAC FALA SOBRE O INSTITUTO. - MULHER DE CABELO CACHEADO A ALTURA DO OMBRO SE APRESENTA: - NO QUARTO, UM GUARDA ROUPA, UMA CAMA E UM COMPUTADOR. - NA COZINHA, UTENSÍLIOS DOMÉSTICOS - MÃOS SENDO LAVADAS EM UMA TORNEIRA - GABRIEL SORRI

CENA 6 ERIC

-HOMEM DE CABELO CURTO, PORTE ATLÉTICO E CAMISETA AZUL FALA: - UM HOMEM FAZ EXERCÍCIOS COM UM PESO. - NA QUADRA, ATLETAS ARREMESSAM UMA BOLA. - IMAGENS DA QUADRA COM ATLETAS DE GOALBALL - ATLETA DEFENDE ARREMESSO - ATLETA ARREMESSA BOLA - ACIMA DA CABEÇA, ATLETA SEGURA BOLA


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- BOLA AZUL COM PEQUENOS FUROS - BENILCE FALA

- ARREMESSO DE BOLA - DEFESA DE ARREMESSO - TÉCNICO DÁ INSTRUÇÕES A ATLETAS - ATLETA COMEMORA GOL CENA 7 PEDRO - PEDRO FALA - PEDRO ATRAVESSANDO NA FAIXA DE PEDESTRES - ANDANDO DE ÔNIBUS - GRUPO DE PESSOAS GARGALHANDO CENA 8 GABRIEL - GABRIEL SAI POR UMA PORTA E TROPEÇA EM UM BANCO DE MADEIRA - GABRIEL COM A MÃO NO QUEIXO - ELE SOBE EM UM PÉ DE MANGA - ANDANDO DE BICICLETA EM ZIG ZAG - EM CÂMERA LENTA GABRIEL BRINCA COM SEU CACHORRO FIM

CRÉDITOS CRÉDITOS

AGRADECIMENTOS AUDIODESCRIÇÃO CÂNDIDA ABES


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HENRIQUE DROBNIEVSKI FILMAGEM E EDIÇÃO EDUARDO QUEIROS HENRIQUE DROBNIEVSKI ROTEIRO, DIREÇÃO E CAPTAÇÃO DE SOM HENRIQUE DROBNIEVSKI TRABALHO DE CONCLUSÃO DO CURSO DE JORNALISMO FACULDADE DE ARTES LETRAS E COMUNICAÇÃO ORIENTADOR HÉLIO A. G. SOUZA CORDENAÇAO DE TCC KATARINI G. MIGUEL DIREÇÃO DA FAALC VERA LUCIA P. FERNANDES FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DE SUL


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1.2 Dificuldades Encontradas

Pesquisa teórica Na etapa de pesquisa teórica a maior dificuldade foi encontrar autores que tratassem, especificamente, do tema da pesquisa: o cotidiano do deficiente visual. Para resolver essa questão foi feita pesquisa de autores e pesquisadores que trabalhassem com temas relacionados. Trabalhos no campo do Direito, importantes ferramentas para contextualização do ponto de vista jurídico. Na área da medicina e enfermagem que abordam a questão da saúde e esclarecem algumas dúvidas das doenças que afetam a visão e podem causar perdas visuais. Como também na área da Comunicação sobre artigos e livros a respeito de Documentário, tratando do como fazer e elucidando conceitos importantes sobre a abordagem jornalística documental. Pesquisa de Campo Não houve dificuldades nessa etapa. Registro audiovisual O trabalho de filmagem foi um processo complexo e experimental. Foi necessário bastante planejamento para produzir o filme visando à transmissão eficaz da mensagem. Fazer o planejamento a fim de realizá-lo foi uma tarefa difícil, pois o fato de documentar algo que não se pode prever, no primeiro momento foi preciso pensar em tudo como possibilidades de acontecer e algumas vezes essa projeção se tornou abstrata e subjetiva. Contudo fazendo as devidas anotações e uma programação passo-a-passo o preparar se tornou mais palpável. O esqueleto de filmagem foi uma boa dica da Professora Débora Alves, foi essa ferramenta que deu norte no inicio das filmagens para que as idéias saíssem do papel com mais facilidade.


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A captação de som também foi um processo desafiador, sabendo que teria de registrá-lo, em sua maioria, separado das imagens para depois sincronizá-lo.

Um

exemplo dessa captação foi na quadra de esportes onde houve necessidade de se posicionar em vários espaços diferentes para conseguir captar a sonorização do ambiente, inclusive correr atrás da bola quando era arremessada a fim de registrar os guizos que emitem som dentro dela para localização dos atletas. Roteirização e Edição Na etapa de roteirizar, assim como a anterior, requer muito a mente e todas as anotações feitas para encontrar os melhores trechos de depoimentos e as melhores imagens a fim de costurar uma narrativa clara e elucidativa. A capacidade de enxergar o todo de forma geral é bastante usada nesta fase. A edição é uma das fases mais problemáticas e a dificuldade não está nem na produção do documentário em si, mas sim na falta de capacitação no decorrer do curso de Jornalismo da UFMS, que até a conclusão deste projeto experimental não dispõe de nenhuma aula para produção e utilização de ferramentas para edição de vídeos. E isso é grave em se tratando de um curso de comunicação social. Para resolver esse problema foi necessária a terceirização de um profissional com experiência em programas de edição de vídeos para que fosse possível concluir este estágio do projeto. Com ônus inteiramente a cargo do acadêmico, o que vai de encontro com o princípio de ensino superior público. Vale ressaltar que o profissional contratado não é autor da edição deste filme documentário, o mesmo somente realizou a manipulação das ferramentas de edição de vídeo. Ficando a cargo do acadêmico o pensar e direcionar da edição. Audiodescrição Uma dificuldade latente encontrada nesta etapa foi o fato de nunca ter tido contato com a produção de audiodescrição e por isso foi necessário redobrar a pesquisa teórica e prática neste quesito.


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Acredito que essa falta de contato com a comunicação assistiva é um ponto que pode ser observado em relação à grade curricular do curso de jornalismo, porque se caso houvesse uma disciplina, ao menos introdutória a estes recursos como a linguagem de sinais e a audiodescrição que são fortemente ligados a ato de se comunicar, provavelmente minha surpresa não seria tanta. A alternativa encontrada para resolver essa questão foi à busca por profissional qualificado e competente para me guiar na aprendizagem e pratica dessa nova ferramenta de comunicação.

1.3 Objetivos Alcançados

Pesquisa teórica Esta etapa foi comprida de forma satisfatória, com auxilio do orientador Prof. Dr. Hélio Godoy, que auxiliou a encontrar soluções para as dificuldades que apareceram, tanto em questões teóricas, indicando autores e trabalhos que pudessem me dar base técnica para realização deste projeto como em questões práticas como fazer cortes suaves nas transições de cenas e utilizar o som para auxiliar nesse processo como também sobre qual a melhor plataforma para divulgação do produto finalizado. Pesquisa de Campo Esta etapa também teve êxito em sua execução. Com apoio do orientador foi muito tranqüilo resolver questões burocráticas de declarações e ofícios da parte da instituição de ensino o que facilitou a recepção confiável dos órgãos, associações e institutos. As visitas ocorreram bem e por isso foi possível conhecer cada instituição que faz parte do atendimento de pessoas com deficiência visual em Campo Grande. Conhecer estas organizações foi importante para entender e decidir o lugar mais adequado para realizar o registro documental.


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Registro audiovisual O maior objetivo deste projeto foi documentar o cotidiano da pessoa com deficiência visual em três etapas comuns da vida humana, sendo elas, as atividades domésticas, a prática de esportes e a locomoção urbana. Essas três foram registradas em áudio e vídeo com depoimentos de três indivíduos, sendo eles, uma criança, um jovem e uma mulher adulta todos cegos. Neste filme documentário é abordado o preconceito, acessibilidade, exclusão social, transporte público, adaptação, readaptação, autonomia, respeito e dignidade da pessoa com deficiência visual. Roteirização e Edição O Documentário Vir à Luz tem por objetivo representar a pessoa com deficiência visual como individuo capaz e autônomo, que está presente e vive em sociedade. Pretende divulgar por meio da narrativa apresentada uma figura empoderada

das

pessoas

com

cegueira

e

baixa

visão

para

contribuir

e

desestiguimatizar o deficiente visual como pessoa incapaz e total dependente do outro. Audiodescrição Este projeto se comprometeu a produzir material de comunicação jornalístico acessível para pessoas com deficiência visual e através da ferramenta de audiodescrição alcançou este objetivo. O produto resultado deste projeto experimental está disponível na internet pelo site https://documentarioviraluz.blogspot.com, permitindo acesso à produção de nível superior para cegos e pessoas com baixa visão como também a comunidade em geral.


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2. SUPORTES TEÓRICOS ADOTADOS: Deficiência visual As fontes teóricas sobre o cotidiano dos deficientes visuais são bastante escassas dentro dos trabalhos de pesquisa acadêmica, no entanto, outros conteúdos que englobam essa questão são referenciados, como as relações sociais, a comunicação, a locomoção e a acessibilidade da pessoa com deficiência visual em determinados ambientes. Em princípio, é importante resgatar os dispositivos jurídicos sobre o tema em questão, a surpresa é saber que somente há três anos foi aprovada uma lei especifica as pessoas com deficiência. A Lei Brasileira (13.146) de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência) foi instituída em 06 de julho de 2015.

Art. 1o É instituída a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência), destinada a assegurar e a promover, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com deficiência, visando à sua inclusão social e cidadania. (PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA, 2015, p.1).

No capítulo II, que trata Do Acesso à Informação e à Comunicação, além da obrigatoriedade do serviço de audiodescrição para as emissoras audiovisuais, a Lei 13.146, prevê, no Art. 68, que o poder público deve adotar mecanismos de incentivo à produção, à edição, à difusão, à distribuição e à comercialização de livros em formatos acessíveis, inclusive em publicações da administração pública ou financiadas com recursos públicos, com vistas a garantir à pessoa com deficiência o direito de acesso à leitura, à informação e à comunicação. Um exemplo de trabalho acadêmico sobre a acessibilidade da pessoa com deficiência visual é da pesquisa feita em 2007, em duas escolas (uma da rede pública e outra da rede particular) de Fortaleza, que se propôs a avaliar o ambiente escolar e as relações interpessoais do deficiente visual, onde foram entrevistados quatro adolescentes entre 14 e 20 anos, com deficiência visual, por meio da técnica de


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entrevista semi estruturada e aplicada a Análise de Conteúdo. Um dos resultados dessa pesquisa foi a constatação de que existem muitos obstáculos que impedem a livre locomoção desses alunos dentro do ambiente escolar.

“Conclui-se que são numerosos e desafiadores os obstáculos que impedem à locomoção, a livre circulação, a comunicação, a interação física e social das pessoas cegas ou com visão subnormal em suas atividades na escola.” (BEZERRA e PAGLIUCA, 2007, p. 7-8).

É importante entender que quando se fala de cotidiano, muita coisa está envolvida, pois o cotidiano revela a pessoa como ela de fato é, suas dificuldades, medos, defeitos e desafios. E que por sua vez, reconhece se a mesma cumpre seus deveres e tem seus direitos respeitados, em se tratando de direitos em relação ao deficiente visual, alguns trabalhos já constataram a não observação deles no espaço urbano.

“As calçadas devem exercer sua função de circulação com conforto e segurança. Ao limitar ou excluir determinados usuários destes espaços, está se descumprindo parte da função social da cidade – o direito de ir e vir de qualquer cidadão.” (VIZIOLI e PERES, 2005, p.1).

Documentário O documentário é a ferramenta escolhida para realizar este projeto, para tanto, é preciso entender os critérios e técnicas dessa linguagem de comunicação. Por isso é importante a revisão de pesquisadores da área e aprofundamento de suas teorias, para entender em que categoria o objeto estudado se encaixa nas opções de produção em documentário.

Se a produção é de um documentário espontâneo sobre algum tipo de comportamento ou sobre algum evento único, não deve haver um “script”, no sentido de um roteiro


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cinematográfico tradicional, porque ninguém sabe o que realmente vai acontecer na hora da filmagem.Escrevendo um documentário espontâneo, a ênfase é na visualização e na organização, não na narração ou no diálogo. Isto é o que eu chamo de “a arte de escrever sem palavras”. (HAMPE, 1997, p.1)

Com base nestas referências a respeito de como fazer um documentário é possível distinguir as características do tipo de filme documentário que se adéqua a proposta deste projeto experimental. O roteiro de nosso documentário será espontâneo e o gênero fílmico é o documentário etnográfico.

A etnografia e a observação participante foram tradicionalmente usadas na antropologia como método de descrever e observar as sociedades pesquisadas, inicialmente espacial e culturalmente distantes do pesquisador, mas que, a partir dos anos de 1950, incorporam temas e grupos sociais também partem de seu universo familiar. Esta perspectiva de trabalho do antropólogo fez que, desde os primeiros tempos, fossem incorporados ao seu arsenal de trabalho e observação os equipamentos de fotografia e cinema, em busca do registro do "real”. O filme etnográfico tem essa marca de origem. (MONTE-MOR,2004 ,p.98-99)

A validade acadêmica deste gênero é discutida e reconhecida como ciência por pesquisadores da área do cinema e da antropologia. O documentário é uma ferramenta de observação que tem como principal vantagem o registro auditivo e visual, que beneficia o trabalho de pesquisa científica.

Desde então um cinema de "ciência cultural" passou a ser de alguma forma aceito, embora com certo receio e mesmo curiosidade pela disciplina antropológica, diz MacDougall, sendo mais um instrumento de observação, mais próximo à pesquisa.(MONTE-MOR, 2004, p.106)


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Um desafio, que também é um dos propósito deste projeto, é fazer com que os materiais e conteúdos produzidos sejam consumíveis para as pessoas com deficiência visual. Tendo em vista que o próprio filme documentário objetiva auxiliar outras pessoas com cegueira ou baixa visão. O cinema como ferramenta de pesquisa foi, historicamente, e ainda é uma solução para o compartilhamento dos resultados científicos com os objetos estudados. Jean Rouch foi um dos antropólogos franceses que nas décadas de 50 e 60 utilizou-se das imagens em movimento para desenvolver seus estudos:

A partir deste diálogo Rouch propõe a "antropologia partilhada": ... eu já havia refletido muito sobre o absurdo de escrever livros inteiros sobre pessoas que nunca teriam acesso a eles, e aí, de repente, o cinema permitia ao etnógrafo partilhar a antropologia com os próprios objetos de sua pesquisa. (MONTE_MOR, 2004, p.107)

Som no Documentário Na pesquisa mais aprofundada sobre o fazer documentário é interessante ressaltar a importância do som neste tipo de produto. O som no documentário possui uma vasta discussão acadêmica, com exemplos de produção de filmes documentários que antecedem a segunda guerra mundial. Não é surpresa que abordaremos aqui também algumas questões neste quesito. Iniciamos esta discussão a falar de voz, sim das vozes dentro do documentário. A produção de documentário clássico em meados de 1920 tem características de uma voz única e que só é possível ouvi-la, mas não vê-la, pois o emissor dessa voz não se apresenta imageticamente no documentário. A voz com essas características foi denominada de “voz over” ou “Voz de Deus”, pois aparece hierarquicamente mais importante que a imagem, geralmente a voz que liga e dá sentido a narrativa.

A expressão “voz over” designa usualmente à voz um lugar que é ao mesmo tempo espacial e hierárquico. No que concerne ao espaço, está implícita a ideia de que a “voz over” se localiza num espaço desconhecido, que não é o


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das imagens, ou melhor, num não lugar, livre de uma materialidade espacial, que a exime de uma possível circunstância de tomada sonora. Quanto mais “acima” está – ou seja, quanto mais próxima de uma ideia de inexistência de circunstância de tomada e quanto mais elevada for sua capacidade coerciva ante os outros elementos fílmicos –, mais a voz se aproxima da “voz de Deus”. (CHAVES, 2015, p.33)

Outro conceito de voz reconhecido no documentário é a presença da voz visível e da voz invisível em tomadas de locação, quando se documenta algo em lugares externos; e tomadas em estúdio, quando a voz foi gravada dentro de um estúdio. A voz visível é caracterizada quando a voz do documentário esta associada a alguma imagem

ou figura que é possível identificar dentro da narrativa. Já a voz invisível, ao contrario da anterior, se qualifica quando não é possível reconhecer ou associar a alguma forma dentro do documentário. Esta última, diferente da voz de Deus não aparece mais elevada e hierarquizada, por isso caracteriza outra voz. O uso das vozes visível e invisível é mais comum em documentários modernos que nos clássicos.

A voz visível não está necessariamente sincronizada com os corpos e nem necessariamente vemos a boca do corpo que a emite, mas são associados, de alguma forma, com a voz que escutamos ou são imaginados como sua fonte sonora, mesmo que o espaço-tempo de tomada do corpo não seja o mesmo da tomada da voz. (CHAVES, 2015, p.50)

Este projeto documentário faz uso exclusivo da voz visível em sua narrativa. É importante ressaltar que o recurso da audiodescrição presente no documentário não se caracteriza como voz e nem faz parte de sua narrativa sendo, tão somente, uma ferramenta de comunicação assistiva.


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Música no Documentário A música no documentário também é bastante debatida e por muito tempo foi assunto polêmico na academia por levantar teorias de que a mesma altera a realidade documental e distorce as cenas podendo manipular ou direcionar o espectador devido seu poder de condução emocional. A polêmica se refere à música que é acrescida na edição do documentário e não possui nenhum instrumento literal sendo tocado.

Ao falar de música no documentário é difícil escapar de debates que trazem à tona a temática da validade ética da presença da música – sobretudo da música cujos corpos ou objetos que a fazem soar não são vistos na tela, que podemos chamar de música invisível. E os pontos mais tocados nesses debates giram em torno de ideias como “essa música manipula a realidade”, “a música tira a objetividade”, “a música manipula as emoções”, “a música estetitiza a realidade”, “a música adiciona percepções que não se aferem pelas imagens” etc. (CHAVES, 2015, p.91)

No entanto, esse conceito já foi ultrapassado ainda que possa haver questionamentos da escolha de certos repertórios musicais em documentários e não descreditando o poder que de fato a música possui de conduzir o público. Esse debate era mais incisivo na produção de documentário clássico, mas que atualmente não descaracteriza a categoria documental de um filme por haver nele adição de música.

A música, acredito, é capaz de manipular uma suposta realidade, de gerar emoções, de tirar a objetividade etc., mas essas questões não são óbvias quando o assunto é documentário.(CHAVES, 2015, p.91)

A particularidade que nos parece ter Ruttmann quando fala de montagem sonora é o reconhecimento explícito de que a música perde a condição de música: não mais existe separadamente o artista que concebe o visual e outro que concebe o sonoro, ambos devem se encerrar num pensamento único, no qual o que é visto perde o


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relacionamento com a imagem em movimento e o que é escutado perde a relação com o que é música, ou melhor, Ruttmann insiste, mais que Vertov, numa arte que não se entende pela soma do sonoro com o visual, mas sim como um produto sonoro-visual. (CHAVES, 2015, p.101).

Neste documentário a música tem papel importante dentro da narrativa por auxiliar no entendimento de continuidade das cenas, estando presente do inicio ao fim do documentário. Também corrobora para fácil visualização sonora de transição, principalmente para a pessoa com deficiência visual, quando a música é alterada na transição das cenas para deixar mais nítida a as passagens da narrativa.

É por meio da música que é fruto desse tipo de tomada que a sincronia entre música e imagem pode se quebrar sem perder seu lastro de “realidade”, “factualidade”, “existência” e de “vocação” mundana presentes no estilo e ética do documentário moderno. É por esse caminho que podemos entender grande parte da articulação da música não sincrônica no documentário moderno, que é mais recorrente do que costumamos inferir.(CHAVES, 2015, p.121)

Além da música, é relevante destacar o papel do ruído dentro do documentário e que não pode faltar em se tratando de registro documental. A música por si só não é problema aparecer no documentário, porém se houver apenas música e não houver ruído nas cenas isso é questionável por se tratar de documentos sonoros e não apenas uma narrativa fílmica ficcional.

No documentário moderno, os ruídos captados em locação ganham destaque, assim como as tomadas homogêneas à tomada visual e ao mundo fílmico. De forma geral, as configurações das tomadas dos ruídos são muito semelhantes às tomadas da voz no documentário moderno. Os ruídos do mundo, de certa forma, deixam sua marca de forma mais direta.(CHAVES, 2015, p.163)


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O desempenho do ruído neste projeto foi indispensável por ter a função de ambientalizar o telespectador dentro de cada atmosfera sonora que as cenas representavam. É também mais uma alternativa para que a pessoa cega ou com baixa visão possa identificar por meio do som o que acontece visualmente. Audiodescrição A ferramenta da audiodescrição não é nova, ela existe enquanto atividade técnica e profissional desde a década de 70, nos Estados Unidos e foi criada a partir dos registros das idéias desenvolvidas por Gregory Frazier em sua dissertação de mestrado. Essa ferramenta não é usada apenas para produtos audiovisuais, mas também em peças de teatro, espetáculos de dança e programações culturais.

A audiodescrição consiste na transformação de imagens em palavras para que informações-chave transmitidas visualmente não passem despercebidas e possam também ser acessadas por pessoas cegas ou com baixa visão. O recurso, cujo objetivo é tornar os mais variados tipos de materiais audiovisuais (peças de teatro, filmes, programas de TV, espetáculos de dança, etc.) acessíveis a pessoas não-videntes, conta com pouco mais de trinta anos de existência.(FRANCO e CARVALHO DA SILVA, 2010, p.19)

No Brasil a audiodescrição chegou mais tarde, especificamente no ano de 2003, onde foi utilizada em público no Festival Internacional de Filmes sobre Deficiência na cidade de Brasília. O Festival de Cinema de Gramado, em sua edição de 2007, e o Festival Internacional de Curtas metragens de São Paulo, nas edições de 2006 e 2007, foram às primeiras mostras não-temáticas a exibirem filmes audiodescritos. Todos esses eventos realizados com financiamento de empresas privadas e que não alcançam a totalidade de pessoas com deficiência visual e são programados a acontecer de ano em ano.


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Todas essas ações pioneiras foram amplamente bem recebidas. Contudo, sua continuidade tem dependido muito mais de iniciativas privadas do que do apoio das autoridades dos meios de comunicação no que diz respeito ao cumprimento da lei que garante o acesso da população brasileira com deficiência visual aos meios audiovisuais. (FRANCO e CARVALHO DA SILVA, 2010, p.28)

A luta das pessoas com audiodescrição pelo seu direito de acesso a informação e meios audiovisuais não é recente. Já foram realizadas consultas e audiências públicas que resultaram em documentos oficiais como a Norma Complementar N.1, porem ainda não há programação acessível das emissoras de TV, em canais abertos, para pessoas com deficiência visual.

Após consulta e audiência públicas e a oficialização da Norma Complementar nº1 (BRASIL, 2006a), as emissoras de TV foram obrigadas a oferecer, num prazo máximo de dois anos, duas horas diárias de sua programação com audiodescrição. A quantidade de horas diárias deveria aumentar gradativamente para que, num prazo máximo de dez anos, ou seja, 2016, toda a programação estivesse acessível. No entanto, desde que o referido prazo foi vencido, em 27 de junho de 2008, três portarias já foram publicadas, numa clara demonstração de que os interesses das emissoras de TV ainda falam mais alto. (FRANCO e CARVALHO DA SILVA, 2010, p.28)

O sinal digital que chegou ao Brasil vem com idealização de modernidade e qualidade na transmissão comunicacional, mo entanto foi o motivo usado para defasar a Norma Complementar N.1 e adiar a obrigação das emissoras.

Neste ponto, para melhor entendimento do leitor, é importante salientar que a Norma Complementar nº 1, assim como a NBR 15290 da ABNT, foram elaboradas tendo como base os recursos de acessibilidade existentes no padrão de televisão analógico, visto que, até o momento da publicação dessas normas, ainda não havia definição sobre o sistema de televisão digital a ser adotado


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no Brasil. A definição do padrão de televisão digital brasileiro, publicada apenas dois dias após a definição das obrigações das emissoras de televisão veicularem sua programação com recursos de acessibilidade, viria a se transformar em um dos principais argumentos dos radiodifusores para as sucessivas postergações na implementação desse direito das pessoas com deficiência, conforme discutido em documentação que referencio mais adiante. (ROMEU FILHO, 2010, p.46)

Infelizmente, a negação de direitos aos meios audiovisuais a pessoa com deficiência visual torna quase impossível o acesso as produções culturais o que por sua vez dificulta o desenvolvimento humano intelectual e social. Uma criminosa exclusão cultural da parcela significativa que é representada por Brasileiros com cegueira e baixa visão.

A maioria das pessoas com todos os tipos de deficiências não têm o hábito de frequentar cinemas e teatros, alguns pela falta de acessibilidade arquitetônica, outros pela falta de acessibilidade na comunicação. Somem-se a este fato as informações constantes no I Anuário de Estatísticas Culturais do Ministério da cultura, disponível em http://www.cultura.gov.br/site/2009/09/08/mincdivulgaprimeiro-anuario-de-estatisticas-culturais-do-pais/, que apresenta informações preocupantes como as de que apenas 8,7% dos municípios brasileiros possuem salas de cinema, e apenas 21,20% são equipados com salas de teatro. O resultado é o quadro sinistro da exclusão cultural e de acesso à informação a que estão submetidos os 25 milhões de brasileiros com algum tipo de deficiência (dados do censo do IBGE realizado em 2000). (ROMEU FILHO, 2010, p.56)

A realização deste projeto documentário ganha ainda mais força devido ao cenário de descaso em relação a políticas públicas direcionadas às pessoas com deficiência visual. Em busca de igualdade, comprimento de direitos e uma comunicação social mais ampla e qualificada este trabalho reitera que esta mais que na hora de se produzir comunicação que tenha a possibilidade de chegar a todos os brasileiros.


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Neste sentido, a busca pela igualdade de oportunidades suscita a discussão sobre a diversidade, que torna latente o direito que os diferentes indivíduos ou grupos sociais têm de estarem incluído na sociedade. Tal direito impõe o desafio de se encontrarem mecanismos que garantam a efetividade do acesso à informação e à cultura, oferecendo produtos acessíveis às pessoas que, de alguma maneira, não possam se valer dos meios de comunicação visual. (SANT´ANNA, 2010, p.136)

É imprescindível que as instituições públicas de educação brasileira, ao menos as que atuam na área da Comunicação Social e jornalismo estejam capacitadas a habilitar profissionais aptos a produzirem uma comunicação acessível para qualquer público, geral ou específico da sociedade.

Para que a audiodescrição possa ser mais difundida, seria importante uma maior participação especialmente das pessoas que atuam na área de comunicação, sejam elas, produtores, atores, diretores, publicitários, comunicadores... fazendo-as compreender que as pessoas com deficiência também são espectadores e consumidores e, portanto, necessitam de condições iguais para que sejam tratadas como cidadãos comuns. Isto não é um favor: é apenas o cumprimento de regras básicas para um relacionamento humano mais justo. (BARQUEIRO, 2010, p.194)

Geral Nos aspectos da prática e técnica, existem alguns documentos que indicam resoluções da produção documental, como por exemplo, a fotografia. O autor francês Jacques Aumont no livro A Imagem, de 1993, se dedica a discorrer princípios da captação de imagem a começar com seu primeiro capítulo exclusivamente dedicado ao funcionamento correto do olho, para ele a visão, a percepção visual, é uma atividade complexa que não pode ser separada das funções psíquicas, intelectual, cognitiva e da


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memória e do desejo. O autor afirma que “a imagem tem por função primeira garantir, reforçar, reafirmar e explicitar nossa relação com o mundo.” (AUMONT, 1993, p. 81). Outra referência é o trabalho do fotógrafo Esloveno Evgen Bavcar, que nasceu em 1946 e ficou completamente cego aos 12 anos de idade devido um detonador de minas. Quando fez 17 anos, sua irmã emprestou uma câmera para ele fotografar uma amiga da escola, desde então não parou de fotografar. É reconhecido mundialmente e já esteve no Brasil participando de congressos e dando workshops. Faz fotos usando várias técnicas como à de lighting-paint, multi-exposições e uma técnica própria de fotografar em ambientes com pouca luz. Bavcar é um exemplo de que a deficiência visual e o registro de documentação fotográfica são possíveis. Nas paraolimpíadas do Rio 2016, o brasileiro João Batista Maia, foi o primeiro fotógrafo cego que participou oficialmente da cobertura fotográfica dos jogos paraolímpicos no Rio de janeiro. João Maia é deficiente visual com baixa visão perdeu a visão aos 28 anos, devido a uma uveíte3 bilateral. Hoje ele percebe apenas vultos e algumas cores, mesmo assim trabalha como fotógrafo em tempo integral e dá palestras e oficinas em todo o Brasil.

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A uveíte é a inflamação da úvea, a camada média do globo ocular (inflamação intra-ocular). Quando afeta os dois olhos designamo-la por uveíte bilateral. A uveíte é uma doença nos olhos que pode ser grave, levando, em situações extremas, à perda permanente da visão (cegueira). Fonte: Saúde Bem Estar. Disponível em:https://www.saudebemestar.pt/pt/clinica/oftalmologia/uveite/ Acesso em: 13 abr. 2018


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3. CONSIDERAÇÕES FINAIS O documentário “Vir à luz”, é um projeto que registrou, utilizando recursos audiovisuais, o processo de adaptação e readaptação das pessoas com deficiência visual em realizar tarefas do cotidiano como atividades domésticas, a prática de esportes e seus deslocamentos dentro da cidade. O filme documentário se tornou, ao final do projeto, um produto jornalístico com duração de 17 minutos e 48 segundos onde abordou temas como preconceito, falta de acessibilidade e respeito aos direitos da pessoa com deficiência visual. Representou a pessoa com cegueira e com baixa visão como indivíduo autônomo empoderado e capaz de realizar todas as suas atividades rotineiras, independente de idade, gênero ou raça. O material audiovisual representa o cotidiano de três indivíduos realizando tarefas em diferentes atividades de suas rotinas. Sendo atividades da vida diária com Gabriel Rodrigues de 10 anos, na prática de esportes com Benilce Lourenço de 37 anos e o deslocamento e mobilidade urbana com Pedro Henrique de 23 anos. O documentário deixa claro através de sua narrativa que a pessoa com deficiência visual é um indivíduo comum, com limitação visual, que merece respeito e garantia de direitos. Tem em seus personagens aqui representados, o exemplo que pode servir de apoio para outros que ainda não alcançaram autonomia e que desconhecem que ela é possível, tão somente por não possuírem acesso integral a informação a aos meios de comunicação para se desenvolver como indivíduo. Por meio da ferramenta de comunicação de audiodescrição torna possível a transmissão da mensagem de um produto audiovisual para as pessoas com deficiência visual. Entendendo, primordialmente, que o trabalho do profissional jornalista é levar informação de qualidade e precisa à sociedade, esta produção documental cumpre os objetivos a que se propõe. Oferece também, através da pesquisa teórica e prática, base dados relevantes para futuras pesquisas no âmbito da produção documental e de comunicação assistiva.


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4. REFERÊNCIAS Básicos AUMONT, Jacques. A imagem/Jacques Aumont; Tradução: Estela dos Santos Abreu e Claudio Santoro. Campinas, SP: Papirus, 1993. BARQUEIRO, Antonio. Eu ouço, eu vejo, eu sinto as mesmas emoções. In: MOTTA, Lívia e ROMEU FILHO, Paulo. Audiodescrição Transformando Imagens em Palavras. São Paulo: Câmara Brasileira de Livros, 2010. p. 192-194. BEZERRA, Camila Pontes e PAGLIUCA, LoritaMarlenaFreitag. As relações interpessoais do adolescente deficiente visual na escola. Revista Gaúcha de Enfermagem 28(3):315. 2007. CHAVES, Renan Paiva. O som no documentário: a trilha sonora e suas transformações nos principais movimentos e momentos da tradição documentária, dos anos 1920 aos 1960. 192 p. Dissertação (Mestrado em Multimeios). Campinas: Instituto de artes, Universidade Estadual de Campinas, 2015. FRANCO, Eliana e SILVA, Manoela. Audiodescrição: Breve Passeio Histórico. In: MOTTA, Lívia e ROMEU FILHO, Paulo. Audiodescrição Transformando Imagens em Palavras. São Paulo: Câmara Brasileira de Livros, 2010. p. 19-31. HAMPE, Barry. Escrevendo um documentário;Tradução: RobertoBraga. New York: Henry HoltandCompany, 1997. IBGE. Censo Demográfico 2010: Pessoas com deficiência – Amostra. In: Estados@. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/estadosat/temas.php?sigla=ms&tema=censodemog2010_defic > Acessado em: 10 set. 2017. JUNIOR, Norval Baitello. A sociedade das imagens em série e a cultura do eco.Revista teórica del Departamento de Ciencias de la Comunicación y de laInformaciónFacultad de Humanidades - Universidad de Playa Ancha. Ano 1, numero 2. 2006. Disponível em: <http://web.upla.cl/revistafaro/n2/02_baitello.htm> Acessado em: 10 set. 2017. MACDOUGALL, David. "Mas afinal, existe realmente uma antropologia visual". 2a Mostra Internacional do Filme Etnográfico-Catálogo. Rio de Janeiro, Centro Cultural Banco do Brasil e Interior Produções, 1994.


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MONTE-MOR, Patricia. Tendências do Documentário Etnográfico. In: TEIXEIRA, Francisco Elinaldo. Documentário no Brasil: Tradição e Transformação.Summus Editorial, 2004. Presidência da República. Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015. Disponível em<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm>Acessado em: 10 set. 2017. ROMEU FILHO, Paulo. Políticas públicas de acessibilidade para pessoas com deficiência. In: MOTTA, Lívia e ROMEU FILHO, Paulo. Audiodescrição Transformando Imagens em Palavras. São Paulo: Câmara Brasileira de Livros, 2010. p. 37-56. ROUCH, Jean. "Os ‘pais fundadores’. Dos ‘ancestrais totêmicos’ aos pesquisadores de amanhã". Mostra Internacional do Filme Etnográfico - Catálogo. Rio de Janeiro, Centro Cultural Banco do Brasil, Interior Produções, 1993. SANT`ANNA, Laercio. A Importância da Audiodescrição na Comunicação das Pessoas com Deficiência. In: MOTTA, Lívia e ROMEU FILHO, Paulo . Audiodescrição Transformando Imagens em Palavras. São Paulo: Câmara Brasileira de Livros, 2010. p. 134-141. VIZIOLI, Simone Helena Tanoue e PERES, Patrícia Tanoue. O direito de ir e vir: acessibilidade dos espaços de circulação do centro de são Paulo, Mackenzie, 2005.

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GIL, Marta. Vida em Movimento – primeiro documentário brasileiro com audiodescrição. In: MOTTA, Lívia e ROMEU FILHO, Paulo. Audiodescrição Transformando Imagens em Palavras. São Paulo: Câmara Brasileira de Livros, 2010. p. 168-177. HARNISCH, Gabriela Simone. O processo de ensino do judô para pessoas com deficiência visual. 64p. Mestrado em Educação Física. Faculdade de Educação Física. Universidade Estadual de Campinas. Campinas. 2014. MACHADO, Isabel Pitta Ribeiro. A parte invisível do olhar audiodescrição no cinema: a constituição das imagens por meio das palavras – uma possibilidade de educação visual para a pessoa com deficiência visual no cinema. 226p. Dissertação (Mestrado em

Multimeios). Campinas: Instituto de artes, Universidade Estadual de Campinas, 2015. MAIA, João Batista. Fotografia cega. In: Home. <http://fotografiacega.com.br/joaomaia/>Acesso em: 10 set. 2017.

Disponível

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