Jornal Laboratório Projétil: História E Discurso

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL FACULDADE DE ARTES, LETRAS E COMUNICAÇÃO CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL COM HABILITAÇÃO EM JORNALISMO

JORNAL LABORATÓRIO PROJÉTIL: HISTÓRIA E DISCURSO

ISADORA LEIRIA MESQUITA E SILVA

Campo Grande JUNHO /2018


JORNAL-LABORATÓRIO PROJÉTIL: HISTÓRIA E DISCURSO ISADORA LEIRIA MESQUITA E SILVA

Relatório apresentado como requisito parcial para aprovação na disciplina Projetos Experimentais do Curso de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.

Orientador: Prof. Dr. Edson Silva

UFMS Campo Grande JUNHO - 2018


SUMÁRIO Ata de Avaliação

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Resumo

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Introdução

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1. Atividades desenvolvidas

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1.1 Execução

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1.2 Dificuldades encontradas

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1.3 Objetivos alcançados

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2. Suportes teóricos adotados

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3. Considerações finais

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4. Referências

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RESUMO: O jornal laboratório Projétil, que ocupa lugar de destaque no curso de Jornalismo da UFMS e que completou 28 de anos de história em 2018, não havia sido estudado com profundidade por acadêmicos ou qualquer outro pesquisador até a presente data. Logo, esta pesquisa torna-se um trabalho inédito, em formato final de livro reportagem, com o objetivo de ressaltar a importância do jornal laboratório para o curso, para a história do jornalismo em Mato Grosso do Sul e apresentar aos leitores o histórico e perfil do periódico, as mudanças que foram acontecendo durante os anos, e também depoimentos de acadêmicos egressos de Jornalismo, contando sobre suas experiências na produção do Projétil em seus anos de graduação .

PALAVRAS-CHAVE: Comunicação; Jornalismo; Livro reportagem; Jornal-laboratório; UFMS; Campo Grande.


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INTRODUÇÃO Este trabalho começou a ser desenvolvido em 2015, a partir da escolha do tema e os estudos iniciados sob orientação do professor Edson Silva. A proposta de analisar detalhadamente o jornal laboratório Projétil, criado em 1990 e ainda em operação, resultou em uma busca exaustiva de mais de 50 edições que estavam desaparecidas nos arquivos do Curso de Jornalismo da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). Após esta etapa, as edições encontradas foram digitalizadas, para que outros alunos e a comunidade campo-grandense em geral pudessem ter acesso às matérias produzidas. Em seguida, criou-se uma tabela de análise quantitativa, contendo editoria, título da matéria e assinatura do(a) autor(a) da reportagem. Esse documento possui 180 páginas, tornando-se a base para a produção do livro reportagem. As 81 edições analisadas são as de número 1 à 841, que correspondem os anos 1990 a 2015. O jornal encontra-se no processo de elaboração da edição 90. O objetivo deste livro-reportagem foi analisar o quanto o jornal-laboratório Projétil influenciou na formação dos alunos, a liberdade editorial defendida nas edições, bem como examinar a importância deste veículo para a história do curso de Jornalismo da UFMS. A justificativa da pesquisa considerou principalmente os quase 28 anos de história do jornal laboratório Projétil, que serão completados em setembro, e sua importância como suporte aos acadêmicos. Por vezes, produzir uma reportagem ao Projétil é o primeiro contato que o acadêmico tem com reunião de pauta, divisão de tarefas, pesquisa jornalística e produção de texto para publicação impressa. Por esse motivo, a interdisciplinaridade entre Edição, Redação, Fotojornalismo, Pesquisa Jornalística e Planejamento Gráfico torna-se tão importante no momento de produção do Projétil.

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Das 84 edições escolhidas para o estudo, apenas três periódicos não foram encontrados: os números

24, 25 e 26, do ano de 1998. Portanto, a análise foi feita com o total de 81 edições, dos anos 1990 a 2015.


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A liberdade temática é uma das principais características do jornal laboratório Projétil, possibilitando aos acadêmicos a decisão de escolha do tema a ser tratado em reportagem, saindo do eixo temático de mídias tradicionais e comerciais de Campo Grande. Porém, foi necessário fazer uma autocrítica das publicações analisadas, avaliando o amadurecimento que o Projétil sofreu no decorrer dos anos, mas, também, pontuar onde pode haver melhorias para as turmas futuras que irão produzir novas edições do periódico. Além da produção das tabelas de análise quantitativa, a metodologia envolveu entrevistas com acadêmicos formados pelo curso e professores envolvidos com o Projétil. As conversas ocorreram pessoalmente, por celular ou por e-mail, de acordo com a disponibilidade das fontes procuradas. Todas as entrevistas foram transcritas na íntegra, para compor o documento de pesquisa, arquivo que contém toda a produção feita durante a pesquisa para a finalização do produto livro reportagem. Este documento de pesquisa contém 421 páginas, e encontra-se disponível na hemeroteca do Curso de Jornalismo da UFMS. O livro reportagem “Jornal laboratório Projétil: História e Discurso” é dividido em quatro capítulos temáticos, sobre temas que mostraram-se relevantes de serem discutidos: a primeira edição; viagem como recurso didático-pedagógico; matérias polêmicas publicadas; e o futuro do jornal laboratório dentro do curso de Jornalismo. Todos esses capítulos foram escritos após muita pesquisa e conversas com o professor orientador, mantendo assim a qualidade jornalística da pesquisa.


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1- ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

1.1 Execução: O primeiro passo para a execução deste trabalho foi a procura por aproximadamente 50 edições do jornal laboratório Projétil, que estavam em posse do Curso de Jornalismo da UFMS ou com professores responsáveis pelas aulas de redação. Durante o segundo semestre de 2015, essas edições foram encontradas para, em seguida, serem digitalizadas uma por uma, para fazerem parte do acervo digital do jornal Projétil2. Em seguida, um documento para a análise quantitativa das 81 edições encontradas para estudo foi criado, contendo tabelas com informações dos periódicos . As tabelas seguiam o modelo: número da edição; ano de publicação; informações sobre capa, foto da capa, expediente (professores responsáveis pela coordenação da edição), carta ao leitor, matéria da capa (onde encontrava-se no jornal), e uma tabela contendo todas as reportagens produzidas para aquela edição. Cada tabela contém três colunas: a primeira para a editoria da matéria (economia, esporte, saúde, bem estar, etc); a segunda, o título da reportagem; e a terceira, o autor (es)/autora (as) responsáveis pelo texto. Este modelo foi utilizado para todas as 81 edições, resultando em um documento de 180 páginas. Cada capítulo do livro-reportagem foi desenhado seguindo o tema que será abordado nele. Assim, escolheu-se a edição a ser analisada e as fontes para participar das entrevistas e falar sobre a produção do Projétil. O capítulo um, “A materialização de um sonho”, teve como tema central a primeira edição publicada do Projétil, em setembro de 1990. A entrevista foi feita ao vivo, no Griot - Laboratório de Investigação em Jornalismo, Narrativas Complexas e Direitos Humanos, com três acadêmicos egressos da primeira turma de Comunicação Social – Habilitação em Jornalismo da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). Foram eles Eli Moraes, Jadilza Araújo e Adriano Furtado. 2

As edições digitalizadas encontram-se no site: https://issuu.com/projetil


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O segundo capítulo, intitulado “Pedagogia da estrada”, fala sobre a viagem como recurso didático-pedagógico, quando a turma fez uma visita à Bonito em 2000. Dessa viagem saíram as pautas produzidas para o Projétil nº 31. Foram entrevistados: Ivanise Andrade e Elizabete Lopes, participaram e organizaram a viagem; e o professor Marcos Morandi, que acompanhou a turma de estudantes. Estas entrevistas foram feitas via telefone, pois os três não residem em Campo Grande. As entrevistas foram gravadas em áudio e logo depois transcritas na íntegra, para facilitar a seleção das partes que utilizadas no desenvolvimento do capítulo. No capítulo três, “As polêmicas do Projétil”, o tema foi as matérias de destaque no decorrer dos anos de história do jornal laboratório. Porém, apenas duas foram analisadas com profundidade: o caso Iq Tisara, o jornalista recém-formado que atacava a imprensa local; e a denúncia contra o monopólio do Hospital do Câncer, matéria publicada no Projétil em 2010, mas que só foi divulgada pela grande mídia em 2013. Um grande furo de reportagem feito pelo nosso jornal laboratório. Foram entrevistadas: Auxiliadora do Carmo e Vivian de Castro Alves, redatoras da matéria do Iq Tisara; e Kamila Jara, que assinou a matéria de denúncia. Estas entrevistas foram feitas via email, devido à disponibilidade das fontes. Por fim, o último capítulo foi nomeado “O futuro do Projétil”, onde foi discutido os próximos planos de diagramação, divulgação e produção do jornal laboratório. Foram entrevistados pessoalmente: professor Márcio Licerre, que ficou à frente da disciplina de Planejamento Gráfico por 22 anos; professor Marcos Paulo, atual docente responsável pelo Projétil; e por e-mail, foi entrevistada a professora substituta Rafaella Lopes, responsável pela disciplina de Planejamento Gráfico atualmente. Tanto o capítulo um quanto o dois eram específicos de uma edição. Para uma análise mais aprofundada deles, foram inseridos resumos das matérias escritas nesses dois casos, contendo: título, autor(a), breve introdução ao texto, descrição das fotografias utilizadas na matéria – caso existissem. 1.2 Dificuldades Encontradas


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Durante o desenvolvimento do trabalho, a principal dificuldade encontrada foi a mais clássica no ramo jornalístico: marcar entrevistas. No primeiro capítulo, o convite para a entrevista em formato painel foi enviada para sete acadêmicos egressos do curso, da turma de 1990. Apenas três compareceram no dia – quantidade suficiente para uma conversa de uma hora muito proveitosa. E, no segundo capítulo, as fontes selecionadas e mencionadas anteriormente, não moram mais em Campo Grande; a saída encontrada foi realizar e gravar as entrevistas pelo celular. Outra dificuldade foi a dimensão da pesquisa. Por se tratar de um trabalho inédito sobre o jornal-laboratório Projétil, as possibilidades de análise foram grandes. Para isso foi preciso muita conversa com o orientador e uma definição menor dos temas que seriam inseridos no produto final, o livro-reportagem. A análise também teve que se tornar um pouco mais superficial, porém, com o objetivo de tornarem-se mais aprofundadas em futuros trabalhos acadêmicos. Os trabalhos de suporte teórico sobre o tema “jornal-laboratório” encontrados não foram suficientes para uma pesquisa muito ampla . Foram utilizadas duas dissertações de mestrado, e os livros encontrados na Biblioteca Central da UFMS sobre “livroreportagem”, práticas de reportagem e entrevista, texto de reportagem impressa e técnicas do jornalismo.

1.3 Objetivos Alcançados Foram cumpridos de forma satisfatória os seguintes objetivos: 

Analisar a história e o perfil do jornal Projétil;

Comparar aspectos tecnológicos na produção do jornal ao longo da sua história;

Relatar a viagem como recurso didático-pedagógico na produção de matérias;

Analisar matérias que foram consideradas importantes no decorrer dos anos de produção do Projétil, considerando o compromisso do jornalismo


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com o social à luz do Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros e da Constituição Federal; 

Analisar brevemente como as mulheres foram retratadas em matérias do Projétil; incluído do capítulo três;

Questionar o futuro do jornal-laboratório, as novas demandas tecnológicas e os novos modelos jornalísticos.


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2 SUPORTES TEÓRICOS ADOTADOS: Para a produção de um jornal-laboratório ser realizada, o acadêmico de Jornalismo necessita de uma base teórica sobre os diferentes tipos de tipologia de reportagem. Um dos materiais mais completos e utilizados até mesmo fora de sala de aula é o livro “O texto da reportagem impressa: um curso sobre sua estrutura”, de Oswaldo Coimbra (1993). Em uma pesquisa extensa sobre estruturas textuais, Coimbra nos apresenta um estudo detalhado e explicativo de três matrizes de gêneros: dissertativo, narrativo e descritivo. Utilizando-se de reportagens e trechos publicados em revistas e jornais, como Playboy, Veja, Realidade Isto É, o livro é completo com exemplos e definições de cada parte da estrutura das matérias citadas. A pesquisa de Coimbra é como uma bússola para os alunos de Jornalismo compreenderem de forma definitiva os gêneros textuais que serão produzidos, tanto em sala de aula quanto, futuramente, nas redações de jornais, revistas, televisão e rádio. Sobre os gêneros textuais, ainda de acordo com a obra de Coimbra, a reportagem dissertativa tem como estrutura um texto que segue um raciocínio lógico, de acordo com afirmações e sendo finalizado com justificativa; utiliza, entre tantos, o recurso de alusão histórica, onde o próprio autor relata a participação em algum fato importante para a construção do texto. A reportagem narrativa, como diz o próprio nome, tem os fatos organizados de forma não cronológica – usando o artifício de alternância, quando os fatos podem ser narrados no tempo presente e tempo futuro, intercalando assim sua ordem; é também característico desse tipo de reportagem a utilização de recursos como descrição, ambientação, diálogo, e até mesmo a análise física e psicológica das personagens protagonistas do texto. Por fim, a reportagem descritiva tem como característica o detalhamento dos fatos, em seus pormenores. O texto abrange pessoas e coisas fixas em um único momento, sem as mudanças cronológicas de tempo . Utiliza de recursos como caracterização, metáfora e perfil, entre outros (COIMBRA, 1993, p. 87). Produtos do jornalismo, a reportagem e a notícia são discutidas e estudadas em sala de aula, para adequarem-se às mídias escolhidas – jornal impresso, revista,


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jornal online, televisão, rádio. Juarez Bahia, em seu livro “Jornal, história e técnica: as técnicas do jornalismo”, resume de forma prática a diferença entre os dois tipos de texto . A notícia é a base do jornalismo, seu objeto e seu fim. Através dos meios do jornalismo ou dos meios da comunicação direta ou indireta, a notícia adquire conteúdo e forma, expressão e movimento, significado e dinâmica para fixar ou perenizar um acontecimento, ou para torna-lo acessível a qualquer pessoa. (BAHIA, 1990, p. 25)

Em relação à reportagem, Bahia afirma: Toda reportagem é notícia, mas nem toda notícia é reportagem. Isto quer dizer que a notícia não muda de natureza, mas muda de caráter quando evolui para a categoria de reportagem. A reportagem é, portanto, uma espécie de notícia que por ter as suas próprias regras alcança um valor especial. (BAHIA, 1990, p. 49)

Para o bom desenvolvimento de uma matéria jornalística, a apuração dos fatos da notícia é imprescindível. Assim, o jornalista poderá utilizar dos dados coletados para escrever um texto coeso e que informe ao leitor de forma completa e didática . E, para complementar, muitas vezes a entrevista é um artifício utilizado . Conversar com especialistas no assunto ou pessoas que foram afetadas por ele, sempre acrescenta à matéria uma proximidade ainda maior com quem lê. De acordo com o livro “A reportagem: teoria e técnica de entrevista e pesquisa jornalística”, de Nilson Lage, a entrevista é definida como “o procedimento clássico de apuração de informações em jornalismo. É uma extensão da consulta às fontes, objetivando, geralmente, a coleta de interpretações e a reconstituição de fatos” (LAGE, 2008, p. 73). Neste trabalho, o tipo de entrevista realizada é a temática e testemunhal, pois o relato de acadêmicos e acadêmicas egressos do curso de Jornalismo é de grande importância para a construção do livro. De acordo com Lage, a entrevista testemunhal é sobre a reconstituição do evento, seguida das interpretações do entrevistado sobre algo que ele participou. E a temática é a entrevista que aborda um tema, “sobre o qual se


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supõe que o entrevistado tenha condições e autoridade para discorrer” (LAGE, 2008, p. 74). Para o desenvolvimento e produção deste estudo, a leitura de “Livroreportagem” (2006), do autor Eduardo Belo, mostrou-se importantíssima, pois Belo explica de maneira didática e concisa as etapas para a produção de tal obra . No livro, a reportagem continua sendo reportagem. (...) Mas com um ingrediente a mais: intensidade. Intensidade na apuração, para conectar o maior número possível de acontecimentos possíveis a fim de explicar com detalhes a história, e intensidade de edição, de modo a tornar o texto ao mesmo tempo informativo, denso, linear, correto, agradável e sobretudo completo. (Eduardo Belo, 2006, p. 70)

Reforçando a visão de Belo, outros dois livros foram consultados para a compreensão do livro-reportagem e sua contribuição com o jornalismo impresso. “Páginas ampliadas: o livro-reportagem como extensão do jornalismo e da literatura” (2009) e “O que é livro-reportagem” (1993), ambos de Edvaldo Pereira Lima, definem e explicam sobre esse tipo de publicação, focada em estender o jornalismo para além da reportagem na imprensa convencional. Uma das vantagens expostas sobre produzir um livro-reportagem, é o rompimento com dois limites que existem nas redações: a atualidade e a periodicidade . A produção de um livro é mais longa e mais demorada, porém, mais aprofundada do que o texto feito para um jornal diário, por exemplo. Além disso, é possível escrever sobre um tema que, iniciado há muitos anos, continua tendo uma grande influência nos dias atuais . Não é preciso se prender ao presente para produzir um livro-reportagem. E, ainda que o assunto se torne extenso, o objetivo é “fazer isso de forma gostosa, envolvente, tentando satisfazer a um público de perfil variado” (LIMA, 1993, p. 11) Sobre a classificação que Lima faz sobre os tipos de livro-reportagem existentes, o presente trabalho se encaixa na definição Livro-reportagem-história: focaliza um tema do passado recente ou algo mais distante no tempo . O tema, porém, tem geralmente algum elemento que o conecta com o presente, dessa forma possibilitando um elo comum com o leitor atual. Esse elemento pode surgir de uma atualização artificial de um fato passado ou por motivos os mais variados.


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Este é um dos objetivos deste trabalho: a pesquisa sobre o jornal-laboratório Projétil, tão importante para a formação dos alunos do curso de Jornalismo da UFMS desde 1990, e continua sendo, muitas vezes, o primeiro contato dos acadêmicos com o possível futuro em redações no mercado de trabalho. De acordo com as diretrizes curriculares do Ministério da Educação (MEC) para os cursos de jornalismo do Brasil, o projeto pedagógico deve atender seis eixos de formação: Eixo de fundamentação humanística; Eixo de fundamentação específica; Eixo de fundamentação contextual; Eixo de formação profissional; e Eixo de aplicação processual. O Eixo de prática laboratorial objetiva o desenvolvimento de conhecimento e habilidades referentes à profissão, como em projetos de publicação periódica, como jornal laboratório, revista, radiojornal, entre outros. Em relação ao jornal-laboratório, foram encontradas dissertações de mestrado que defendem a importância desse exercício jornalístico dentro dos cursos superiores . “Entre a teoria e a prática: o jornal laboratório como espaço de extensão e prática profissional na formação do jornalista”, das autoras Ana Cristina M. Spannenberg, Laura Laís de Souza, Marina Luísa Martins, Cindhi Vieira Belafonte Barros, da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), foi publicado em 2012 e apresenta como a prática de produção de matérias em sala de aula torna-se um caminho para o mercado de trabalho e para a melhor capacitação do profissional de Jornalismo. O jornal Senso (in)comum, produzido pelos alunos de Comunicação Social – Habilitação em Jornalismo da UFU foi a fonte utilizada para o artigo. Outra fonte de pesquisa foi a dissertação de Mestrado de Cristina Ramos da Silva Ribeiro, egressa do curso de Jornalismo de UFMS. Em seu trabalho, intitulado “O perfil textual do jornalismo laboratorial impresso de Campo Grande: ensino e mercado de trabalho”, Ramos analisa o perfil editorial de quatro jornais laboratórios de universidades da Capital, inclusive do Projétil, identificando uma diferença entre os textos praticados pelos estudantes e os publicados por profissionais do mercado de trabalho . A pesquisa foi apresentada no XIV Fórum Nacional de Professores de Jornalismo, em 2012.


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5. Considerações finais Fazer essa pesquisa foi, ao mesmo tempo, desafiador e engrandecedor. Escrever sobre a história do jornal laboratório Projétil, filho mais velho do curso de Jornalismo da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, foi de grande importância para o fim da minha trajetória como estudante do curso. Saber mais sobre sua história, sua criação, conversar com pessoas que passaram pela sala de redação e com os professores que foram – e são – responsáveis pela continuidade do Projétil, foram experiências incríveis e que sempre lembrarei com muito carinho. Não foi fácil reduzir os quase 28 anos de história do Projétil para apenas quatro capítulos. Tenho plena consciência do quanto foi deixado para fora, do quanto poderia ter sido abordado, mas, por questões de tempo limitado, não foi possível escrever sobre tantos outros assuntos, abordagens e questões editoriais. Por esse motivo reforço que continuarei a minha pesquisa durante o Mestrado em Comunicação, para fortalecer ainda mais meu laço com o Projétil. Dentro do curso de Jornalismo, escrever para o Projétil é, muitas vezes, o primeiro contato que o aluno tem em trabalhar com uma redação. Foi assim para mim, e foi de grande importância para as outras matérias práticas que tive durante a graduação – como Ciberjornalismo, Telejornalismo e Radiojornalismo. Acredito também que, apesar de toda a tecnologia rápida que nos cerca, o jornalismo impresso deve continuar vivo como uma grande tradição. Produzir o Projétil, levá-lo para as ruas, entregá-lo às fontes, faz parte da nossa formação dentro do curso da UFMS. É impossível se formar sem ter participado do Projétil. Acima de tudo, o jornal laboratório Projétil é o maior legado do curso de Jornalismo da UFMS; é também de grande importância para o jornalismo de Campo Grande e do Mato Grosso do Sul, pela sua relevância temática e por se aproximar pessoalmente do público, sendo entregue muitas vezes em mãos pelos próprios repórteres. Sinto-me honrada em poder compartilhar o meu trabalho de pesquisa com tantos profissionais incríveis e que me guiaram durante todos esses anos de graduação. Espero atingir as expectativas de todos e todas.


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6. REFERÊNCIAS BAHIA, Juarez. Jornal, história e técnica: as técnicas do jornalismo . 4. ed. São Paulo: Ática, 1990. BELO, Eduardo. Livro-reportagem. São Paulo: Contexto, 2006. 144 p. COIMBRA, Oswaldo. O texto da reportagem impressa: um curso sobre sua estrutura . São Paulo: Ática, 1993. LANNES, Joaquim Sucena. OutrOlhar: uma proposta pedagógica de jornal-laboratório cidadão. Minas Gerais: Revista de C. Humanas, v. 9, n. 2, p. 243-255, jul./set. 2009. Disponível em: <http://www.cch.ufv.br/revista/pdfs/vol9/artigo6vol9-2.pdf>. Acesso em: 02 maio 2017. LAGE, Nilson. A reportagem: teoria e técnica de entrevista e pesquisa jornalística . 7. ed. São Paulo: Record, 2008.

LIMA, Edvaldo Pereira. O que é Livro-reportagem. 1. ed. São Paulo: Brasiliente, 1993. ____, Edvaldo Pereira. Páginas ampliadas: O livro-reportagem como extensão do jornalismo e da literatura. 4. ed. São Paulo: Manole, 2009. LOPES, Dirceu Fernandes. Jornal Laboratório: do exercício escolar ao compromisso com o público leitor. 1. ed. São Paulo: Summus, 1989.

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Jornalismo. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/documento_final_cursos_jornalismo.pdf> . Acesso em: 26 maio. 2018. PROJÉTIL. Jornal laboratório do curso de Jornalismo da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Campo Grande, ed. 1-84. RIBEIRO, Cristina Ramos da Silva. O perfil textual do jornalismo laboratorial impresso de Campo Grande: ensino e mercado de trabalho. In: Fórum Nacional de Professores de Jornalismo (FNPJ), 14. 2012, Uberlândia. Dissertação (Mestrado em Estudos de Linguagens da UFMS) – Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, 2012. Disponível em:


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<http://www.fnpj.org.br/soac/ocs/viewpaper.php?id=835&cf=24>. Acesso em: 01 maio 2017. SPANNENBERG, A. C. M.; SOUZA, L. L.; MARTINS, M. L.; BARROS, C. V. B. Entre a teoria e a prática: o jornal laboratório como espaço de extensão e prática profissional na formação do jornalista. In: Fórum Nacional de Professores de Jornalismo (FNPJ), 14. 2012, Uberlândia. Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2011-2012. Disponível em: <http://www.fnpj.org.br/soac/ocs/viewpaper.php?id=845&cf=24>. Acesso em: 02 maio 2017.


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