TDTOnline Magazine II/2012

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Sumário

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Editorial Por: Equipa TDTOnline Comunidade Terapia Ocupacional Saiba Mais! Entrevista O TDT Lá Fora Mónica Guerreiro

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Legislação Jan/Fev/Mar 2012 Sabia que... Deixar de Fumar Sabia que... Insuficiência Renal

Artigo de Revisão Técnicas de Reconstrução Tridimensionais das Vias Aéreas Superiores - Estado da Arte

Ficha Técnica: Responsável editorial: Bruno Glória Design e Redacção: Henrique Pimenta e Joel Graça

Colaboradores desta edição: Marlene Brandão, João Aires, Mónica Guerreiro, Marina Rodrigues da Silva, Sandra Rua Ventura.

ISSN: 2182-1623

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Todos os artigos publicados na TDTOnline Magazine são da total e exclusiva responsabilidade dos seus respectivos autores.


Editorial

Caros colegas TDT, Passou algum tempo, é verdade....mas conseguimos “levar o barco a bom porto” e terminar mais um desafio a que nos propusemos. No seguimento do inquérito realizado em 2010 e devido às respostas obtidas no tema relativo à sindicalização, o TDT Online decidiu desenvolver uma iniciativa que visava a informação dos nossos utilizadores acerca das mais valias e forma como se processa o acesso ao Sindicato. Gostaríamos, uma vez mais, de aproveitar a oportunidade e agradecer aos sindicatos SCTS e SIFAP pelo apoio e colaboração prestados. Assim, ao dispôr de todos os que visitam o TDT Online, temos uma nova secção designada “Sindicatos” onde poderão esclarecer algumas dúvidas consultando as respostas às “Perguntas Frequentes”. Estamos abertos às vossas sugestões e críticas.. para tal podem contactar-nos através do ende-

reço geral@tdtonline.org ou no Fórum. O destaque desta edição da Magazine recai sobre a profissão de Terapeuta Ocupacional e todo o seu mundo, que nos é dado a conhecer por João Aires. Dando continuidade à rúbrica aqui apresentada, “O TDT lá fora”, desta feita a nossa entrevistada é Mónica Guerreiro licenciada em Ortoprotesia pela Escola Superior de Saúde da Universidade do Algarve natural de Messines que embarcou numa autêntica aventura ao ir trabalhar para Melilla e aceitou partilhar a sua experiência connosco. As demais e habituais secções da Magazine estão igualmente disponíveis. Boas Leituras! Equipa TDT Online

Publique os seus trabalhos na TDTOnline Magazine* Envie os seus trabalhos para:

magazine@tdtonline.org *Nota: Todos os artigos publicados são certificados como tal.

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Comunidade

Terapia Ocupacional

História da Terapia Ocupacional

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referências à importância da ocupação surgem na Grécia clássica, cerca de 600 a.C., onde se utilizavam cantigas, músicas e dramatizações para acalmar delírios. O recurso a cantigas e música para tratar diferentes tipos de agitação mental era também defendido por Séneca, um escritor e orador Romano em 30 a.C. Já em 220 d.C. Hipócrates recomendava actividades como equitação, o trabalho e exercícios vigorosos, enfatizando a ligação entre o físico e a mente (APTO, 2010; Turner, Foster & Johnson, 2005; Serrett, 1985).

A Terapia Ocupacional é uma profissão em constante evolução (ATCTO, 2012). Apesar de ser considerada por muitas pessoas como uma profissão nova, recente, a verdade é que a “ocupação” tem sido central à nossa existência desde sempre (Sensory Processing Disorder, 2011). Existem várias referências ao longo da história a apontar para a importância da ocupação como forma terapêutica. Em 2600 a.C. já os chineses recorriam ao treino físico como actividade terapêutica pois consideravam que doença resultava de inactividade física. Os egípcios, por volta de 2000 a.C. defendiam a importância do envolvimento em ocupações agradáveis, recorrendo a jogos para tratar pessoas “melancólicas”. Mais

João Aires Licenciado em Terapia Ocupacional pela Escola Superior de Tecnologia da Saúde do Porto (ESTSP) – IPP Pós-graduação de Terapia Ocupacional em Crianças e Jovens Mestrando em Terapia Ocupacional, especialidade Crianças e Jovens

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Saiba mais! É nos anos de 1700 que a Terapia Ocupacional começa a emergir de forma mais formal, numa época de ideias revolucionárias relativamente aos doentes mentais. Naquela época os doentes mentais eram tratados como prisioneiros e considerados perigosos para a sociedade. Em 1786 Phillipe Pinel, um médico francês e filósofo, daria início a uma reforma, onde eram desafiadas as crenças da sociedade sobre os doentes mentais, com um novo entendimento e filosofia de tratamento. Em 1793, Phillipe Pinel começou o que era então chamado “Tratamento Moral e Ocupação”, uma abordagem de prestação de cuidados a pessoas mentalmente doentes inspirada numa filosofia humanitária (APTO, 2010; Turner et al., 2005; Serrett, 1985). A Terapia Ocupacional tem então as suas raízes no tratamento moral, cuja premissa central referia que a participação em diversas tarefas e eventos da vida diária poderiam restaurar as pessoas a níveis de funcionamento mais normais. Era papel da sociedade ajudar as pessoas com problemas de saúde mental a retornarem a um padrão de vida normal. Surge também nesta fase ligação entre saúde e ocupação: o equilíbrio entre criatividade, lazer, interesses, celebração e trabalho é essencial para a saúde. O tratamento de doentes mentais passou a basear-se na selecção e envolvimento em diferentes actividades, escolhidas propositadamente. Literatura, música, e exercício físicos eram usados como forma de “curar” o stress emocional, melhorando a capacidade da pessoa para realizar a suas actividades de vida diária (Sensory Processing Disorder, 2011; APTO, 2010; Creek & Lougher, 2008). Em 1906, Susan Tracey, enfermeira-chefe no Adams Nervine Hospital de Boston, estabeleceu um curso que é actualmente considerado como percursor da profissão. As suas


Terapia Ocupacional- Saiba mais

aulas, sobre Ocupação para Doentes, foram posteriormente publicadas em livro. Logo a seguir, em 1908 inicia-se na Chicago School of Civics and Philanthropy, um curso de treino ocupacional com o objectivo de preparar enfermeiras para trabalharem em instituições de saúde mental. O conceito de Ocupação, mais tarde definido pelo arquitecto George Barton, surge dos princípios e fundamentos que começaram a ser estabelecidos nesta fase. Em 1914, George Barton contactou o Dr. William R. Dunton, Jr., porque estava interessado em aprender sobre as respostas do corpo humano à terapia baseada em ocupações (Sensory Processing Disorder, 2011; Creek & Lougher, 2008). No início do século XX, esta ideia de recorrer à ocupação para tratar pessoas com doença mental começa gradualmente a ganhar credibilidade e vai sendo implementada e difundida. Assim, a Terapia Ocupacional acaba por ter a sua origem mais ligada à área de saúde mental. A sua importância e utilidade na área da reabilitação física surge mais tarde em Inglaterra, após a Primeira Grande Guerra. O desenvolvimento da Terapia Ocupacional no campo da disfunção física surge então no pós-guerra, da necessidade de reabilitar os jovens militares incapacitados. Foi nessa época que terapeutas ocupacionais foram chamados para desenvolver programas e tratar soldados feridos, dos quais havia muitos.

Em Inglaterra, foram criados nos hospi-

tais militares os primeiros departamentos de Terapia Ocupacional na área de reabilitação física, onde era valorizado o exercício articular e muscular e se recorria a diferentes ferramentas e máquinas adaptadas. Predominavam actividades como pintura e carpintaria com adaptações como por exemplo máquinas de serrar com pedais (Sensory Processing Disorder, 2011; APTO, 2010; Turner et al., 2005). Em 1930 surge em Bristol a primeira escola de treino de Terapia Ocupacional, através da Dra. Elisabeth Casson que havia tido contacto com escolas americanas. Ainda em Inglaterra, em 1936, forma-se a Associação de Terapeutas Ocupacionais. Ainda assim, só nos países mais afectados pela Segunda Guerra Mundial (1939-1945), é que a Terapia Ocupacional se implementa e ganha força. São criados novos departamentos, com grande influência militar, onde o grande objectivo era a reabilitação e integração dos soldados feridos, através da reaprendizagem das actividades de vida diária e artesanais. A ocupação era vista como uma forma de retornar à actividade normal e ao mesmo tempo ajudava a pessoa a melhorar as suas capacidades. A partir desta visão da ocupação surge a ligação com o modelo médico, ainda assim com a preocupação em adequar as actividades escolhidas às necessidades, interesses e motivações da pessoa (APTO, 2010; Turner et al., 2005). O campo da Terapia Ocupacional continuou a crescer. Durante a década de 1960, assim como a medicina se foi especializando, também os terapeutas ocupacionais foram chamados e habilitados para tratar nas áreas de pediatria e alterações no desenvolvimento. Com a desinstitucionalização surgiu uma necessidade ainda maior para ajudar pessoas com doença mental, disfunções físicas, e/ou problemas de desenvolvimento, a tornaremse independentes e produtivos na sociedade. Eram os terapeutas ocupacionais quem poderiam facilmente preencher este papel, e a procura de terapeutas competentes e com formação estava lançada (Sensory Processing Disorder, 2011; APTO, 2010; Turner et al., 2005).

Em Portugal, o curso de Terapia Ocupacional surgiu em 1957, por iniciativa da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, tendo as primeiras terapeutas ocupacionais recebido formação nos EUA e em Inglaterra (APTO, 2010). Durante as décadas de 1980 e 1990, a Terapia Ocupacional começou a focar-se mais na qualidade de vida da pessoa, ficando 5 assim mais envolvida na manutenção da educação, prevenção, projecções e saúde. Os objectivos da Terapia Ocupacional poderiam agora concentrar-se também na prevenção, qualidade de vida e em manter a independência (Sensory Processing Disorder, 2011).

O que é Terapia Ocupacional? O que fazemos? Hoje, a ocupação é o foco principal da profissão. É uma profissão em constante evolução. Podem-se encontrar terapeutas ocupacionais a trabalhar numa variedade de configurações com vários grupos de diferentes faixas etárias e deficiências. O estudo da ocupação humana e dos seus componentes tem proporcionado à profissão um conhecimento sobre os seus conceitos intrínsecos e constructos que servem de guia à sua prática (ATCTO, 2012). Terapia Ocupacional é o tratamento de condições físicas e psiquiátricas, através de abordagens

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específicas, com o objectivo de proporcionar ao indivíduo o seu máximo nível de funcionalidade e de independência no desempenho das actividades que lhe são significativas.

O terapeuta ocupacional avalia as funções físicas, psicológicas e sociais do in6 divíduo, identifica as áreas de disfunção e envolve o indivíduo num programa estruturado de actividades significativas de forma a ultrapassar a deficiência.

soas a participar de forma bem sucedida nas suas várias actividades de vida diária. Os terapeutas ocupacionais atingem este objectivo capacitando as pessoas a fazer coisas que lhes potenciem a possibilidade de viver uma vida com significado ou através de modificações no ambiente que suportem e melhorem a participação.

A Terapia Ocupacional valoriza cada pessoa e acredita na sua capacidade de agir em seu próprio nome para alcançar um melhor estado de saúde através da ocupação. É uma profissão em grande crescimento, com muitos desafios e oportunidades pela frente.

Onde trabalha um terapeuta ocupacional? As actividades são seleccionadas de acordo com as necessidades pessoais, sociais, culturais e económicas e reflectem os factores ambientais que orientam a vida do indivíduo (Escola Superior de Tecnologia da Saúde do Porto, 2008). Segundo a World Federation of Occupacional Therapists (WFOT, 2012), a Terapia Ocupacional é uma profissão de saúde centrada no cliente que se preocupa com a promoção de saúde e de bem-estar através da ocupação. O principal objectivo é possibilitar as pestdtonline.org

O terapeuta ocupacional desenvolve actividades em instituições de prestação de cuidados de saúde, tanto públicas como privadas, tais como hospitais, centros de saúde e centros especializados, nomeadamente de reabilitação;

em instituições de educação, tais como agrupamentos escolares, jardins-deinfância, centros de actividades ocupacionais e residências e em instituições particulares de solidariedade social; em lares de 3ª idade, na comunidade e no local de emprego com vista à preparação para a vida activa; bem como em centros de investigação de ensino (WFOT, 2012; APTO, 2010; Escola Superior de Tecnologias da Saúde do Porto, 2008).

Com possibilidades de especialização em diferentes áreas como pediatria, saúde mental, reabilitação física ou gerontologia, o terapeuta ocupacional pode intervir em todas as faixas etárias e em diferentes patologias e problemas de saúde.

Associações de Terapia Ocupacional A Terapia Ocupacional é uma profissão com representação e reconhecimento em muitos países. Temos como exemplo e importante referência a Federação Mundial de Terapeutas Ocupacionais, a Associação Americana de Terapeutas Ocupacionais, a Associação Canadiana de Terapeutas Ocupacionais, a Associação Britânica de Terapeutas Ocupacionais, ou a Associação Australiana


Terapia Ocupacional- Saiba mais

de Terapeutas Ocupacionais. Ainda de referir a Rede Europeia de Terapeutas Ocupacionais no Ensino Superior - European Network of Occupational Therapy in Higher Education que resultou duma iniciativa do Conselho de Terapeutas Ocupacionais para os Países Europeus (COTEC) com o apoio de ERASMUS (ENOTHE, 2012).

Superior de Saúde do Vale do Sousa CESPU e Instituto Superior de Saúde do Alto Ave - ISAVE (Acesso ao Ensino Superior, 2011; APTO, 2010) sendo que todos os anos se tem realizado o ENETO - Encontro Nacional de Estudantes de Terapia Ocupacional.

Associação Portuguesa de Terapeutas Ocupacionais, [APTO], (2010). O que é a Terapia Ocupacional? [recurso online]. Acedido em 4 de Fevereiro, 2012, em: http://www.ap-to.com/ to.html Associação Portuguesa de Terapeutas Ocupacionais, [APTO], (2010). Como Obter a Licenciatura? [recurso online]. Acedido em 5 de Fevereiro, 2012, em: http://www.ap-to.com/como.html

Em Portugal existe a Associação Portuguesa de Terapeutas Ocupacionais (APTO).

Associação Portuguesa de Terapeutas Ocupacionais, [APTO], (2010). Onde Encontrar um Terapeuta Ocupacional? [recurso online]. Acedido em 11 de Fevereiro, 2012, em: http://www.ap-to. com/onde.html

Onde posso estudar Terapia Ocupacional? Actualmente existem 6 escolas superiores com licenciatura em Terapia Ocupacional. No presente ano lectivo (2011/2012), encontra-se a decorrer o curso nas seguintes escolas: Escola Superior de Saúde do Alcoitão; Escola Superior de Saúde - Instituto Politécnico de Beja; Escola Superior de Saúde - Instituto Politécnico de Leiria; Escola Superior de Tecnologias de Saúde do Porto - Instituto Politécnico do Porto; Escola

online]. Acedido em 11 de Fevereiro, 2012, em: http://toestsp.wordpress.com/

Creek, J. e Lougher, L. (2008). Occupational therapy and mental health. (4ª ed.). London: Churchill Livingstone

Bibliografia Acesso ao Ensino Superior. Índice por Curso e Estabelecimento, (2011). [recurso online]. Acedido em 4 de Fevereiro, 2012, em: http://www.acessoensinosuperior.pt/indcurso. asp?letra=T&frame=1 Área Técnico-Científica da Terapia Ocupacional, [ATCTO]. Aprender Terapia Ocupacional [post

5 Abril Dia Nacional da Artrite Reumatóide No dia 5 de Abril comemora-se o Dia Nacional do Doente com Artrite Reumatóide. A data foi instituída, em 1999, pelo Ministério da Saúde tendo em conta o elevado número de pessoas que, em Portugal, padecem da doença. A instituição da data comemorativa teve também em consideração “a necessidade de sensibilizar os cidadãos portugueses para os problemas de ordem pessoal, familiar e profissional que, diariamente, afligem quantos sofrem deste reumatismo crónico”. Em Portugal existem cerca de 40 mil doentes diagnosticados com artrite reumatóide, uma doença inflamatória crónica que pode limitar os gestos diários mais simples. Abrir uma porta, agarrar numa caneta ou calçar uns sapatos pode ser um suplício para algumas pessoas que sofrem desta doença.

Escola Superior de Tecnologia da Saúde do Porto (2008). Terapia Ocupacional [recurso online]. Acedido em 11 de Fevereiro, 2012, em: http://www.estsp.ipp.pt/index.php/to European Network of Occupational Therapy in Higher Education, [ENOTHE], (2012). Organisation: Introduction. [recurso online]. Acedido em 18 de Fevereiro, 2012, em: http://www.enothe. eu/index.php?page=about/en/default Sensory Processing Disorder (2011). The History of Occupational Therapy. Where Did We Come From? How Did We Get Here? [recurso online]. Acedido em 4 de Fevereiro, 2012, em: http:// www.sensory-processing-disorder.com/historyof-occupational-therapy.html Serrett, K.D. (1985). Philosophical and Historical Roots of Occupational Therapy. (1ª ed.). London: The Haworth Press, Inc. Turner, A., Foster, M. e Johnson, S.E. (2005). Occupational therapy and physical dysfunction: principles, skills, and practice. (5ª ed.). London: Churchill Livingstone World Federation of Occupational Therapists, [WFOT]. What is Occupational Therapy? [recurso online]. Acedido em 11 de Fevereiro, 2012, em: http://www.wfot.org/AboutUs/AboutOccupationalTherapy/WhatisOccupationalTherapy. aspx World Federation of Occupational Therapists, [WFOT]. Where do OT’s work? [recurso online]. Acedido em 11 de Fevereiro, 2012, em: http://www.wfot.org/AboutUs/AboutOccupationalTherapy/WheredoOTswork.aspx

Fonte: http://www.min-saude.pt

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Entrevista

O TDT lá fora Nesta edição da TDTOnline Magazine entrevistamos a Mónica Guerreiro, uma licenciada em Ortoprotesia pela Escola Superior de Saúde da Universidade do Algarve. Tem 23 anos, é natural de Messines, Algarve, e embarcou numa autêntica aventura ao ir trabalhar para Melilla, uma cidade no norte de África pertencente ao território espanhol. Apesar da sua juventude, Mónica vivenciou aproximadamente um ano sem trabalhar na sua área após terminar a licenciatura em Ortoprotesia. Quando surgiu a oportunidade pela qual tanto esperava, agarrou-a com unhas e dentes, apesar de algumas barreiras, sobretudo a geográfica. Vamos conhecer melhor a sua história.

Magazine: Há quanto tempo saíste de Portugal para trabalhar em Espanha?

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Mónica Guerreiro (M.G.): Já estou a trabalhar em Espanha há 9 meses.

Magazine: O que te levou a sair de Portugal e como se proporcionou essa saída? M.G.: Estive um ano à procura de trabalho, primeiro procurava só em Portugal, porque ainda me restava alguma esperança de encontrar um emprego. Porque na verdade, não queria sair do país e abandonar a família e os amigos.

Mónica Guerreiro 23 anos Licenciada em Ortoprotesia Espanha

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Ao fim de algum tempo, como não recebia nenhuma resposta aos currículos que enviei, acabei por mentalizar-me que teria de emigrar. E foi aí que comecei à procura de uma oportunidade, não só na Europa, como também noutros sítios. Acabei por tomar conhecimento do meu actual emprego por intermédio de um amigo, a quem estou agradecida.

Magazine: Tiveste oportunidade de trabalhar em Ortoprotesia em Portugal? M.G.: De todas as ofertas de emprego a que me candidatei, apenas em duas fui a entrevista. A última, acabou por dar

resultado, uns meses mais tarde telefonaram-me a perguntar se ainda estava interessada, mas nessa altura já estava fora de Portugal e a trabalhar! Acabei por rejeitar, e continuo no meu trabalho. Quanto ao contrato, acabámos por não aclarar nada.

Magazine: Sentes-te mais valorizada pelos teus colegas onde trabalhas atualmente? Que opinião têm eles e a tua entidade empregadora acerca do teu nível de formação? M.G.: O reconhecimento do nosso nível de formação é excelente, já para não falar na fama dos portugueses como bons trabalhadores. É um orgulho sentir-nos úteis e solicitados, tanto pela comunidade médica como pelos pacientes.

Magazine: Foi difícil a adaptação a Melilla e à sua realidade, ou já ias preparada? M.G.: Mais ou menos, falar a língua por si só, não é suficiente. Primeiro, porque é impossível estar preparado para abandonar o nosso país e a nossa família e amigos. Em segundo lugar, porque tens de adaptar-te a novas culturas! No meu caso, vivo numa cidade onde existe uma mistura de quatro culturas (cristã, mu-


çulmana, hindu e judia). E no que diz respeito ao atendimento e exame do paciente é necessário ter em conta aspectos da sua cultura, para evitar qualquer tipo de mal-entendido. E em alguns casos, a linguagem também pode ser um problema, porque nem sempre falam espanhol. Mas no final de contas, tudo se torna mais fácil se lhe depositas esforço, interesse e humildade.

Espanha a profissão é mais conhecida e melhor valorizada. Apenas pelos simples facto de não me perguntarem em que consiste Ortoprotesia (como acontece aí em Portugal) já me deixa feliz!

Magazine: Tens alguma situação insólita ou engraçada que te tenha Magazine: Para terminar, quais são acontecido nesta “aventura”? os teus planos futuros? Pretendes continuar em Melilla, ir para outro M.G.: Hum, a situação mais insólita e, país, ou a ideia é mesmo regressar Magazine: Podes estabelecer uma que por acaso me acontece todos os comparação entre a Ortoprotesia dias é confundirem-me com uma mu- a Portugal? em Espanha, mais concretamente çulmana. Por causa da minha aparência no Norte de África, e em Portugal? morena e a minha pronúncia esquisita! M.G.: Bem, isso não depende apenas M.G.: Não sei bem o que responder a esta pergunta, dado que não tive a oportunidade de trabalhar ou estagiar em Portugal. Mas acho, que aqui em

Enfim, coisas como falarem-me em árabe e resultar raro para eles que eu não entenda ou não lhes responda. Eh! Sou algarvia, pode ser que os meus antepassados sejam de origem muçulmana.

de mim, também é preciso ter em conta a duração do contrato! No que me diz respeito, pretendo continuar aqui a trabalhar durante mais algum tempo, porque está a ser uma experiencia incrível, tanto a nível profissional como pessoal.

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Artigo

de

Revisão

Técnicas de Reconstru das vias aéreas Superio Resumo As vias aéreas superiores, do ponto de vista anatómico e funcional, constituem um desafio na sua avaliação, quer no adulto quer na criança, existindo para o efeito, várias técnicas diretas e indiretas e com diferentes aplicações clínicas. São, no entanto, as modalidades de imagem, pelas potencialidades e utilização de técnicas avançadas, as mais usuais e vantajosas no auxílio ao diagnóstico e escolha da terapêutica de inúmeras patologias. O principal objetivo deste estudo é descrever e realçar a importância das técnicas de reconstrução tridimensionais (3D) no estudo das vias aéreas superiores a partir das imagens de Tomografia Computorizada (TC) e Ressonância Magnética (RM). Para o efeito, procedeu-se a um estudo de natureza descritiva, sustentado numa revisão bibliográfica. Com este estudo, foi possível constatar por um lado, que nenhuma das modalidades de imagem existentes e disponíveis é perfeita, mas por outro, todas as potencialidades da utilização versus aplicabilidade das técnicas de reconstrução 3D. Da revisão da literatura pode-se constatar que a principal aplicabilidade das técnicas de reconstrução 3D das vias aéreas superiores é para a avaliação da Síndrome da Apnéia Obstrutiva do Sono, quer com base em imagens de TC como de RM. Palavras-chave: Técnicas de Reconstrução Tridimensionais, Segmentação, Tomografia Computorizada, Ressonância Magnética, Vias Aéreas Superiores, Processamento e Análise de Imagem.

Marina Rodrigues da Silva Licenciada em Radiologia pela Escola Superior de Tecnologia da Saúde do Porto (ESTSP) – IPP, Portugal

Sandra Rua Ventura Docente da Área Técnico-Científica da Radiologia da Escola Superior de Tecnologia da Saúde do Porto (ESTSP) – IPP, Licenciada em Radiologia pela ESTSP e Mestre em Engenharia Biomédica pela Faculdade de Engenharia do Porto, Portugal

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Técnicas de Reconstrução Tridimensionais das vias aéreas Superiores - Estado da Arte

ução Tridimensionais ores - Estado da Arte Introdução As diferenças na prevalência e gravidade das patologias das vias aéreas superiores, constituem do ponto de vista clínico, importantes fundamentos para a definição e utilização de técnicas de análise diferenciadas de forma a potenciar o seu diagnóstico e auxiliar na terapêutica das mesmas. Ainda que, a disponibilidade e rapidez de resultados das técnicas radiográficas (como por exemplo, a cefalometria e a radiografia do cavum faríngeo) motivem a sua maior utilização, do ponto de vista computacional, as técnicas de reconstrução tridimensionais (3D) exigem obrigatoriamente a utilização de modalidades de aquisição volumétrica, como as provenientes da Tomografia Computorizada (TC) e da Ressonância Magnética (RM). Assim, o principal objetivo deste artigo é descrever e realçar a importância das técnicas de reconstrução 3D no estudo das vias aéreas superiores a partir das imagens de TC e RM. Quanto à estrutura, o presente artigo está organizado em duas secções. Em primeiro lugar são abordadas as modalidades de imagem existentes para o estudo das vias aéreas superiores e as principais patologias que as afetam, em adultos e em crianças. Por fim, segue-se o estudo das técnicas de processamento e análise de imagens médicas, com destaque para as técnicas de reconstrução e o estado da arte.

Modalidades de Imagem na Avaliação das Vias Aéreas Superiores e Patologias Associadas Anatomicamente, o sistema respiratório é constituído pelas vias aéreas superiores e inferiores, originando o trato respiratório superior e inferior, respetivamente [1]. O trato respiratório superior é formado por órgãos localizados fora da caixa torácica e inclui a parte externa do nariz, as cavidades nasais, a faringe, a laringe e a porção superior da traqueia. A anatomia das vias aéreas superiores envolve, para além das estruturas que as constituem, muitas outras estruturas que estão de alguma forma relacionadas e que, em caso de patologia, as afetam e têm repercussões nas mesmas. As patologias das vias aéreas superiores dividem-se principalmente em infeciosas e obstrutivas e diferem na sua prevalência e gravidade variando também de acordo com a faixa etária que atingem (adultos ou crianças). No adulto, as patologias mais comuns são a constipação e a gripe, destacando-se a SAOS (Síndrome da Apnéia Obstrutiva do Sono) no que diz respeito às patologias obstrutivas [2]. Na criança, a constipação e a otite média são as patologias infeciosas mais frequentes, mas outras doenças como a faringite, a amigdalite, a faringoamigdalite aguda e a laringotraqueobronquite viral aguda (também conhecida como crupe viral) são também bastante comuns [3].

A SAOS, a patologia que mais tem suscitado o estudo das vias aéreas superiores através das diferentes modalidades de imagem [4], é uma condição clínica, caracterizada por episódios repetidos de obstrução da via aérea superior durante o sono e consequentes pausas respiratórias, interrompidas por um ressonar ruidoso intermitente e excessiva sonolência diurna. A etiologia desta doença inclui anomalias na fisiologia e anatomia das vias aéreas e das estruturas craniofaciais associadas. Existem evidências de que os pacientes com SAOS possuem uma via aérea faríngea mais estreita do que os indivíduos normais devido à infiltração de gordura, da 11 opressão dos tecidos moles do pescoço ou reduzido tónus muscular da faringe. Considerando o grande número de estruturas que envolvem as vias aéreas superiores, numa área relativamente pequena e a diversidade de patologias que as podem afetar, esta região anatómica é complexa e justifica a utilização de técnicas de análise diferenciadas. Infelizmente nenhuma das modalidades de imagem atualmente existente e disponível é perfeita [5]. A técnica de imagem ideal para estudar as vias aéreas superiores deveria ser não invasiva, de baixo custo, permitir adquirir imagens com o paciente em decúbito (para o correto estudo da SAOS) e sem efeitos biológicos ou riscos para os pacientes. Para além disto, deveria permitir adquirir sequências dinâmicas de imagens, com o paciente acordado ou durante o sono (também para o estudo da SAOS). Deveria ainda possibilitar a obtenção de dados que posteriormente pudessem ser usados para reconstruções tridimensionais das vias aéreas e também dos tecidos moles envolventes. No enTDTOnline Magazine II/2012


tanto, ainda nenhuma técnica de imagem reúne todos estes requisitos, cada um dos diferentes métodos existentes tem vantagens e limitações específicas de acordo com o modo de estudo e/ou os resultados que produzem. O estudo das vias aéreas superiores pode ser efetuado recorrendo a várias técnicas de análise tais como a videofluoroscopia, a cefalometria radiográfica e a nasofaringoscopia mas são as modalidades de imagem de aquisição volumétrica, como a tomografia computorizada (TC) e a ressonância magnética (RM) que mais contributos têm trazido para o diagnóstico e terapêutica de patologias nesta região [6].

Para a utilização da tomografia computorizada no estudo das vias aéreas superiores, o paciente necessita de uma preparação específica nomeadamente jejum de cerca de 4 horas para o caso de ser necessário o uso de contraste endovenoso. A aquisição das imagens é geralmente efetuada no plano axial, 12 podendo adicionalmente serem efetuadas reconstruções e reformatações multiplanares. Os cortes devem ser relativamente finos (3-5 mm) para se conseguir obter boa resolução das estruturas, resultando em menor artefacto de volume parcial [7]. Durante a aquisição das imagens, o paciente é instruído para não engolir e realizar apneia sendo algumas vezes necessário adquirir imagens em fonação, com a vocalização contínua do som [i] para avaliar a mobilidade das cordas vocais verdadeiras. Dada a elevada dose de radiação ionizante recomenda-se a utilização de um avental chumbíneo, pelo menos nas crianças, pacientes em idade fértil e grávidas. Esta técnica de imagem é muito útil para o estudo dos seios perinasais que estão frequentemente atingidos por patologias como a sinusite, pólipos, entre outros [8]. Para além disso, estando as vias aéreas superiores intimamente ligadas à SAOS, a TC permite fazer medições da faringe nas imagens axiais a diferentes níveis e portanto, uma avaliação precisa da área transversal das vias aéreas superiores. É a modalidade de diagnóstico que nos possibilita uma melhor resotdtonline.org

lução óssea estando por isso indicada para o estudo de anomalias das estruturas craniofaciais, também muitas vezes relacionadas com a SAOS.

diferentes métodos de imagem requerem uma análise distinta e que pode ser obtida a partir da aplicação de técnicas de processamento de imagem [10].

Para o estudo específico das vias aéreas superiores por ressonância magnética são usadas, geralmente, duas antenas de radiofrequência, para a região cerebral e cervical [9]. Habitualmente, são usadas sequências fast spin eco e adquiridas imagens ponderadas em T1 e T2, nos planos axial e coronal. A espessura de corte utilizada é normalmente de 4 mm com um GAP de 1 mm, sendo que o FOV pode variar entre 250 a 300 mm.

O princípio da segmentação, introduzido no início do século XX por alguns psicólogos alemães (Khler, Wertheimer e Kofftka), foi estendido para o contexto computacional dando origem aos primeiros algoritmos de segmentação de imagens, que vieram a tornar-se um componente chave na assistência e automatização de tarefas específicas da Radiologia [11]. Os dados segmentados podem ser aplicados em inúmeros campos de pesquisa, na análise volumétrica de tecidos e estruturas específicas, na construção de modelos anatómicos e na visualização e reconstrução tridimensional [12]. A representação tridimensional de imagens fornece dados que não são passíveis de ser analisados em imagens 2D e ao mesmo tempo desafia a tradicional visualização e interpretação 2D mais utilizada na prática clínica [13]. A partir da reconstrução 3D, podem retirar-se informações quantitativas, tais como o tamanho e a forma do órgão em estudo, com a finalidade de diagnosticar doenças, monitorizar e planear cirurgias.

A RM é considerada a ferramenta diagnóstica mais importante para o estudo da SAOS pois permite a medição da área transversal e o volume das vias aéreas, reconstruções tridimensionais e imagens multiplanares para além de providenciar uma excelente resolução dos tecidos moles [8]. Como não utiliza radiação ionizante é muito útil para estudos de mudança de estado cerebral, isto é, com os pacientes acordados e durante o sono, tendo sido também utilizada para avaliar a eficácia do dispositivo de pressão positiva contínua no tratamento da SAOS. Graças à elevada resolução temporal, a RM possibilita também a aquisição de imagens dinâmicas que permitem avaliar as alterações das vias aéreas superiores. A ressonância magnética é o método que mais se aproxima da utópica modalidade de imagem ideal para o estudo das vias aéreas superiores, possuindo no entanto algumas limitações [6].

TÉCNICAS DE PROCESSAMENTO E ANÁLISE DE IMAGENS MÉDICAS Na prática clínica, a definição de um diagnóstico é realizada com base em imagens provenientes de diversas modalidades, visto que as limitações de um método de imagem podem ser superadas por características de outro. As aplicações, finalidades e limitações dos

Técnicas de reconstrução de imagem O desenvolvimento dos equipamentos e dos softwares e a evolução tecnológica dos métodos de imagem através da TC e da RM permitiram a paralela evolução das técnicas de reconstrução de imagem médica. Existem várias técnicas de reconstrução de imagem que fornecem diferentes informações, sendo por isso utilizadas para estudos distintos. As reconstruções multiplanares (MPR) são utilizadas na maioria dos exames de TC e RM e consistem na reconstrução em diferentes planos através do inicialmente adquirido (axial) sem perda de informação, quando a resolução é isotrópica [14]. Podem fazer-se reconstruções coronais, sagitais, oblíquas e até segundo linhas irregulares. Estas reconstruções são utilizadas para visualização e estudo da patologia em diferentes planos,


Técnicas de Reconstrução Tridimensionais das vias aéreas Superiores - Estado da Arte

demonstrando estruturas anatómicas numa única imagem e representando planos das estruturas que não podiam ser observados no conjunto de imagens iniciais. A técnica denominada de Projeção de Máxima Intensidade (MIP), foi especificamente concebida para o estudo da vascularização, em que matematicamente são extraídos os pixéis de maior intensidade projetando-os numa imagem 2D. Os efeitos 3D obtêm-se variando o ângulo de projeção, e, através do modo cine, visualizando as imagens reconstruídas numa sequência rápida. No entanto, este algoritmo apenas fornece informação densitométrica mas não de profundidade. Por outro lado, a técnica de projeção de mínima intensidade (MinIP) extrai os pixéis de menor intensidade e é usada principalmente para o estudo pulmonar. A técnica de Volume Rendering (VRT), ao contrário da maioria das técnicas, envolve um conjunto de densidades e não um único limiar ou valor de densidade máximo (Figura 1). As imagens contêm informação de densidades não sobrepostas, ficando como que transparentes e permitindo, deste modo, visualizar o que se encontra atrás das estruturas anatómicas, caso seja o objetivo. Esta técnica permite demonstrar as

estruturas anatómicas com vários níveis de brilho, graus de opacidade e cores diferentes. Com a finalidade de demonstrar o contorno e a forma da estrutura a ser avaliada, projetando apenas a superfície da imagem recorre-se à técnica de Reconstrução de Superfície (SSD – Shaded Surface Display) [14]. Para se obter este resultado define-se um limiar de intensidade do pixel e as estruturas que não se pretendem estudar são eliminadas até ao limiar ser atingido. Este algoritmo apresenta uma noção de volume e profundidade e é usado principalmente nos estudos de ortopedia ou cirurgia plástica e reconstrutiva e em imagem vascular. A endoscopia virtual é também considerada uma técnica de reconstrução, que consiste na aquisição de imagens a partir da TC e sua posterior reconstrução tridimensional que resulta numa imagem da superfície interna de estruturas tubulares. É principalmente usada no aparelho digestivo (colonoscopia virtual), árvore traqueobrônquica e estruturas vasculares.

Aplicações das técnicas de reconstrução 3D – Estado da Arte

O estudo das vias aéreas superiores tem motivado vários autores na investigação principalmente no estudo da SAOS, quer através da TC quer da RM. Os primeiros estudos realizados neste âmbito socorreram-se das imagens bidimensionais (2D) e tomográficas da TC para comparar as estruturas das vias aéreas superiores, como do palato mole e da língua; para além disso, surge a necessidade em avaliar as áreas transversais das vias aéreas em pacientes saudáveis e com SAOS [15]. Já em 1987, a TC foi utilizada por Crumley e colaboradores [16] e Stein e colaboradores [17] no sentido de avaliar as mudanças dinâmicas das dimensões das vias aéreas superiores durante os diferentes ciclos respiratórios, prosseguindo ainda esta linha de investigação nos anos seguintes [18,19].

Mais tarde, as técnicas de reconstrução 3D foram aplicadas às imagens de TC das vias aéreas superiores, tendo sido utilizadas em várias investigações ao longo dos anos, quase sempre relacio- 13 nadas com distúrbios respiratórios do sono. Em 1995, uma investigação realizada por Sylverman e colaboradores [20] demonstrou a importância das imagens tridimensionais na compreensão e análise da anatomia e patologia das vias aéreas superiores. Em 2002, Chen e colaboradores [21] determinaram os volumes dos tecidos moles e os espaços das vias aéreas e mais recentemente, em 2006, um estudo realizado por Shi e colaboradores [22] demonstrou que a técnica de segmentação automática é viável para o estudo das vias aéreas superiores.

Figura 1. Volume rendering das estruturas adjacentes das vias aéreas superiores: (A) volume rendering dos seios perinasais obtido a partir da segmentação e reconstrução 3D de imagens de TC; (B) volume rendering da região lingual e da mandíbula e dentes obtido a partir da segmentação e reconstrução 3D de imagens de RM.

Apesar da maioria dos estudos de TC serem realizados com os pacientes acordados, vários autores recorreram a protocolos durante relaxação hipnótica [23], sono [17] e sono durante a apnéia e fizeram comparações diretas entre os estados de sono e acordado [16].

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Muitos outros estudos foram publicados ao longo dos anos destacando-se a maioria pela investigação e análise das diferenças nas dimensões das vias aéreas superiores entre pacientes saudáveis e pacientes com SAOS [15]. No entanto, a TC foi também utilizada para estudar efeitos terapêuticos nomeadamente na avaliação de tratamentos com aparelhos orais e de intervenção cirúrgica.

O principal inconveniente que a utilização da TC acarreta é a radiação ionizante a que os pacientes em estudo estão sujeitos [15]. Apesar das aquisições rápidas de imagens desta técnica e ser possível uma avaliação dinâmica durante um ciclo respiratório, bem como realizar medições durante o sono, a maioria dos autores utiliza os seus dados meramente para avaliação estrutural com o paciente acordado. Este aspeto motivou as primeiras investigações em avaliar as vias aéreas superiores através da RM. Pelo facto de não utilizar radiação ionizante, a maioria dos investigadores, atribui maior relevância à técnica 14 de RM para o estudo das vias aéreas superiores, principalmente na avaliação da população pediátrica. Os primeiros estudos que recorreram à RM com o objetivo de avaliar pacientes com distúrbios respiratórios do sono, tanto em crianças como em adultos, tentaram encontrar condições anatómicas e particularidades específicas desta doença [24,25]. Em 1990, Rodenstein e colaboradores [25] compararam dados quantitativos extraídos de pacientes com SAOS com pacientes saudáveis, nomeadamente distâncias e diâmetros das vias aéreas superiores ou de estruturas relacionadas. Para além da avaliação 2D simples, alguns autores avaliaram os volumes tanto de tecidos moles, como a língua, as adenoides, o palato mole e as paredes da faringe como os restantes espaços das vias aéreas [26,27], comprometidos ou não por alguma patologia [26,28]. Em 2001, Arens e colaboradores [26] realizaram o primeiro estudo em crianças com SAOS, utilizando a RM para delinear detalhadamente as vias aéreas, os tecidos circundantes e as relações tridimensionais entre essas estruturas. Em 2003, Schwab e colabotdtonline.org

radores [27] realizaram um estudo através da aplicação de técnicas de análise volumétrica a partir das imagens de RM e demonstraram que esta técnica constitui uma poderosa ferramenta permitindo identificar e quantificar os fatores de risco para a SAOS. Para a obtenção de dados tridimensionais, alguns autores determinaram volumes com base nas áreas transversais e nas espessuras de corte [29,30], enquanto outros utilizaram modelos estatísticos [27,31]. Em vários estudos, as imagens dinâmicas por RM foram utilizadas para visualizar o movimento das vias aéreas superiores e para avaliar o seu colapso em pacientes com distúrbios respiratórios do sono e indivíduos saudáveis [24,27,32]. Algumas das investigações nesta temática foram realizadas apenas com os pacientes acordados [31,33]; outras com os pacientes acordados e durante o sono [24, 34,35]. Relativamente aos estudos realizados em crianças, recorreu-se habitualmente à sedação [32,36,37,38]. Para além deste tipo de estudos que avaliam fundamentalmente os fatores que influenciam a ocorrência de distúrbios respiratórios do sono, a RM tem sido também utilizada para avaliar os efeitos de várias intervenções terapêuticas [15].

CONCLUSÃO O estudo das vias aéreas superiores pode ser efetuado recorrendo a várias técnicas de análise, mas são as modalidades de imagem de aquisição volumétrica, como a Tomografia Computorizada (TC) e a Ressonância Magnética (RM) que mais contributos têm trazido para o diagnóstico e terapêutica das patologias que afetam esta região. As técnicas de imagem e protocolos, para além do estudo anatómico habitual, possibilitam a criação de reconstruções tridimensionais que contribuem para o sucesso da avaliação médica. A Síndrome da Apnéia Obstrutiva do Sono é uma das patologias mais comuns e a que mais tem justificado o estudo das vias aéreas superiores através das diferentes modalidades de imagem.

Cada vez mais, os técnicos de Radiologia têm um papel imprescindível na obtenção e melhoria da qualidade de imagens. Consideramos, por isso, que é necessária uma maior divulgação e implementação das técnicas de processamento de imagem junto dos mesmos, nomeadamente os que trabalham nas modalidades de aquisição volumétrica com vista à otimização dos protocolos para posterior aplicação de técnicas de reconstrução 3D. É importante referir que o estudo 3D per se não dispensa o estudo anatómico prévio. As técnicas de reconstrução 3D assumem um importante papel para auxiliar nas áreas de diagnóstico e terapêutica mas sempre aliadas a um estudo protocolar habitual. Prevê-se que os avanços futuros quer na TC, através do desenvolvimento de técnicas de processamento avançadas, quer da RM, pela maior implementação das técnicas de aquisição paralela, possibilitem uma maior expansão e relevo da utilização das imagens de aquisição volumétrica, e consequentemente uma melhoria na avaliação de uma variedade de doenças das vias aéreas.

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7 Abril Dia Mundial da Saúde (Organização Mundial de Saúde Em cada ano, a OMS aproveita a ocasião para fomentar a consciência sobre alguns temas chave relacionados com a saúde mundial. Neste sentido, organiza eventos a nível internacional, regional e local para promover o tema escolhido em matéria de saúde. O Dia Mundial da Saúde 2010 tem como tema urbanização e saúde. "1000 Cidades, 1000 Dias" é o tema escolhido pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Incidirá sobre urbanização e saúde. Com a campanha "1000 cidades - 1000 vidas", serão organizados eventos em todo o mundo, durante a semana de 7 a 11 de abril de 2010, convidando as cidades a disponibilizar espaços para actividades de saúde Fonte: http://www.min-saude.pt

[34] Ikeda K, Ogura M, Oshima T, et al. Quanti-

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Informação

NOVO no TDTOnline! Sindicatos: FAQ – Perguntas Frequentes Para esclarecer as suas dúvidas acerca do processo de adesão ao sindicato e respectivas vantagens, tem agora à sua disposição no TDTOnline a nova secção "Sindicatos" onde poderá consultar as FAQ – Perguntas Frequentes!

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Veja Aqui esta nova Secção!

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Legislação JAN/FEV/MAR 2012 ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA

• Lei n.º 3/2012. D.R. n.º 7, Série I de 2012-01-10 Estabelece um regime de renovação extraordinária dos contratos de trabalho a termo certo, bem como o regime e o modo de cálculo da compensação aplicável aos contratos objecto dessa renovação

• Decreto-Lei n.º 39/2012. D.R. n.º 34, Série I de 2012-02-16 Aprova a orgânica do Instituto Português do Sangue e da Transplantação, I. P

Presidência do Conselho de Ministros

• Despacho n.º 404/2012. D.R. n.º 10, Série II de 2012-01-13 Determina quais os programas de saúde prioritários a desenvolver pela Direção-Geral da Saúde (DGS)

• Resolução do Conselho de Ministros n.º 18/2012. D.R. n.º 37, Série I de 2012-02-21 Aprova os critérios de determinação do vencimento dos gestores das entidades públicas integradas no Serviço Nacional de Saúde

MINISTÉRIO DA SAÚDE

MINISTÉRIO DA SAÚDE

• Decreto-Lei n.º 17/2012. D.R. n.º 19, Série I de 2012-01-26 Aprova a orgânica do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências

• Decreto-Lei n.º 46/2012. D.R. n.º 40, Série I de 2012-02-24 Aprova a orgânica do INFARMED - Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, I. P.

• Decreto Regulamentar n.º 14/2012. D.R. n.º 19, Série I de 2012-01-26 Aprova a orgânica da Direcção-Geral da Saúde

PRESIDÊNCIA DO CONSELHO DE MINISTROS

MINISTÉRIO DA SAÚDE - GABINETE DO SECRETÁRIO DE ESTADO ADJUNTO DO MINISTRO DA SAÚDE

• Decreto-Lei n.º 22/2012. D.R. n.º 21, Série I de 2012-01-30 Aprova a orgânica das Administrações Regionais de Saúde, I. P. • Portaria n.º 35/2012. D.R. n.º 25, Série I de 2012-02-03 Aprova a lista de profissões regulamentadas e de autoridades nacionais que, para cada profissão, são competentes para proceder ao reconhecimento das qualificações profissionais e a lista de profissões regulamentadas com impacto na saúde que não beneficiam do sistema de reconhecimento automático. • Decreto-Lei n.º 27/2012. D.R. n.º 28, Série I de 2012-02-08 Aprova a orgânica do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, I. P.

MINISTÉRIOS DAS FINANÇAS E DA SAÚDE

• Portaria n.º 40/2012. D.R. n.º 30, Série I de 2012-02-10 Extingue o Hospital Distrital de Braga, sendo objecto de fusão com a Administração Regional de Saúde do Norte, I. P.

MINISTÉRIO DA SAÚDE

• Decreto-Lei n.º 33/2012. D.R. n.º 31, Série I de 2012-02-13 Aprova a orgânica da Inspecção-Geral das Actividades em Saúde. • Decreto-Lei n.º 35/2012. D.R. n.º 33, Série I de 2012-02-15 Aprova a orgânica da Administração Central do Sistema de Saúde, I. P.

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• Resolução do Conselho de Ministros n.º 22/2012. D.R. n.º 50, Série I de 2012-03-09 Aprova um conjunto de obrigações de reporte de informação para efeitos de determinação do plano de redução de trabalhadores na administração central do Estado e de acompanhamento e controlo da respetiva execução.

MINISTÉRIO DA ECONOMIA E DO EMPREGO

• Portaria n.º 55/2012. D.R. n.º 50, Série I de 2012-03-09 Especifica as profissões regulamentadas abrangidas na área do emprego e designa a respetiva autoridade competente para proceder ao reconhecimento das qualificações profissionais, nos termos da Lei n.º 9/2009, de 4 de março Ministérios da Economia e do Emprego, da Saúde e da Solidariedade e da Segurança Social - Gabinetes dos Secretários de Estado do Emprego, Adjunto do Ministro da Saúde e da Solidariedade e da Segurança Social • Despacho n.º 3520/2012. D.R. n.º 50, Série II de 2012-0309 Afetação de verba ao financiamento dos produtos de apoio para pessoas com deficiência FONTE: Newsletter DIGESTO


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Sabia Que...

Deixar de fumar

Quer viver melhor? Deixe de fumar. Saiba como fazê-lo.

Porque devo deixar de fumar?

Em primeiro lugar, por uma questão de saúde. Parar de fumar diminui o risco de morte prematura. Os ex-fumadores vivem em méd mais anos do que os fumadores e reduzem o risco de virem a sofrer de uma doença cardiovascular, de cancro ou de doenças respiratóri graves e incapacitantes. Vale a pena parar de fumar em qualquer idade. Os benefícios são tanto maiores, quanto mais cedo se parar de fumar. Quais são os benefícios de deixar de fumar? •

Após oito horas, os níveis de monóxido de carbono no organismo baixam e os de oxigénio aumentam;

Passadas 72 horas, a capacidade pulmonar aumenta e a respiração torna-se mais fácil;

Com cinco anos de abstinência do tabaco, o risco de cancro da boca e do esófago é reduzido para metade;

• Ao final de dez anos, o risco de cancro do pulmão é já metade do verificado em fumadores, e o de outros cancros diminui consid ravelmente. •

Após 15 anos de abstinência, o risco de doença cardiovascular é igual ao de um não fumador do mesmo sexo e idade.

A aparência renovada, o hálito mais fresco, o travar do envelhecimento precoce e a poupança económica são factores adicionais qu podem motivar a sua decisão.


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Como devo proceder? Deixar de fumar pode ser difícil. Tratando-se de um hábito com dependência física e psíquica, os sintomas de privação do tabaco nem sempre se conseguem ultrapassar sem ajuda. Planeie a sua decisão calmamente e, se necessário, recorra a apoio médico. Envolva família, amigos e colegas de trabalho no processo.

Onde posso encontrar ajuda? Consulte o seu médico de família. Ele poderá indicar-lhe medicamentos (alguns de venda livre), cuja utilização duplica o grau de sucesso de parar de fumar, recomendar-lhe apoio psicológico ou encaminhá-lo para as consultas de cessação tabágica, disponíveis em vários pontos do país. Consultas para deixar de fumar: Local, horário e contactos

Conselhos úteis Querer deixar de fumar e decidir fazê-lo são os passos mais importantes. Mas passar à prática exige esforço e autodisciplina. Algumas rotinas poderão facilitar a tarefa: • so.

Fixe um dia para deixar de fumar. O estabelecimento de uma data ajuda a criar um sentimento de compromis-

Anuncie aos outros a sua decisão. Envolver os que lhe são mais próximos garante-lhe apoio e solidariedade.

• Identifique os seus hábitos tabágicos. Saber em que circunstâncias fuma habitualmente permite-lhe criar estratégias para contorná-las. •

Elabore uma lista de motivos para deixar de fumar e releia-a sempre que pensar em desistir.

• Aprenda a reagir à vontade de fumar. Os momentos em que sente grande desejo de voltar a fumar duram apenas alguns minutos. • Faça uma alimentação saudável. Se a sua preocupação é o ganho de peso associado ao abandono do tabaco, procure substituir as gorduras, o açúcar e os alimentos ricos em sal por saladas, frutas e legumes. • Tente evitar a proximidade de fumadores, bem como os cigarros e todos os objectos relacionados com o hábito de fumar. • Pratique actividade física. Não só contribui para uma boa forma física, como ajuda a combater a ansiedade e as alterações de humor próprias dos ex-fumadores. •

Com o dinheiro que poupar no tabaco, ofereça-se uma prenda que deseje há muito tempo.

• Se não conseguir à primeira, nada está perdido. A recaída faz parte do processo de mudança. Marque uma nova data e volte a tentar.

Para saber mais, consulte: Direcção-Geral da Saúde - http://www.dgs.pt •

Dicas para deixar de fumar

Microsite Respire Bem - aceda pelo menu da página inicial do site da Direcção-Geral da Saúde

Saúde 24 - 808 24 24 24 (http://www.saude24.pt)

Fonte: Portal da Saúde


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11 Abril Dia Mundial da Doença de Parkinson A doença de Parkinson é uma doença neurodegenerativa (Parkinson Society Canada, n. d.) eferida pela primeira vez em 1817 pelo físico inglês Dr. James Parkinson (The National Parkinson Foundation, Inc) no livro intitulado “An Essay on the Shaking Palsy” (Nicholl, 2003). A tulipa vermelha e branca é o símbolo europeu desta doença neurológica incapacitante, para a qual ainda não foi descoberta a cura Fonte: http://www.parkinson.pt

30 Maio

3 Maio Dia do Sol (Programa das Nações Unidas para o Ambiente) O Sol (do latim Sol) é a estrela central do Sistema Solar. Todos os outros corpos do Sistema Solar, como planetas, planetas anões, asteroides, cometas e poeira, bem todos os satélites associados a estes corpos, giram ao seu redor. Responsável por 99,86% da massa do Sistema Solar, o Sol possui uma massa 332 900 vezes maior que a da Terra, e um volume 1 300 000 vezes maior que o do nosso planeta.

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Fonte: http://www.parkinson.pt

Dia Nacional da Prevenção do Cancro da Pele Estima-se que muitos cancros de pele que surgem em adultos têm origem em escaldões na infância e adolescência, pelo que se deve redobrar os cuidados junto dos mais jovens. Procure evitar a exposição solar nas horas mais quentes do dia (entre as 11 e as 16 horas). Para ir à praia ou praticar uma actividade ao ar livre, proteja-se de forma adequada. Aplique regularmente protector solar em todo o corpo, e não apenas nas zonas expostas, use chapéu e óculos de sol e vista uma t-shirt , de preferência de cor escura. Investigações australianas sobre o factor de protecção dos tecidos revelam que, ao contrário do que é hábito pensar-se, as cores escuras, em qualquer tecido, protegem melhor dos raios ultravioletas. Não leve bebés com menos de 6 meses para a praia. A sua pele ainda é muito sensível. Fonte: http://www.deco.proteste.pt

31 Maio Dia Mundial do NãoFumador (Organização Mundial de Saúde) O hábito de fumar (tabagismo) - acto voluntário de inalar o fumo da queima do tabaco – independentemente da qualidade, quantidade ou frequência, é considerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) a principal causa de morte evitável em todo o mundo. A OMS estima que um terço da população mundial adulta, isto é, 1 bilião e 200 milhões de pessoas (entre as quais 200 milhões de mulheres), sejam fumadores Fonte: http://eideguimaraes.wordpress.com

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Fonte: http://professorrobsoncosta.blogspot.com

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5 Junho Dia Mundial do Ambiente (Programa das Nações Unidas para o Ambiente) O Dia Mundial do Meio Ambiente foi estabelecido pela Assembléia Geral das Nações Unidas em 1972 marcando a abertura da Conferência de Estocolmo sobre Ambiente Humano. Celebrado anualmente desde então no dia 5 de Junho, cataliza a atenção e ação política de povos e países para aumentar a conscientização e a preservação ambiental. Os principais objetivos das comemorações são: 1. Mostrar o lado humano das questões ambientais; 2. Capacitar as pessoas a se tornarem agentes ativos do desenvolvimento sustentável; 3. Promover a compreensão de que é fundamental que comunidades e indivíduos mudem atitudes em relação ao uso dos recursos e das questões ambientais; 4. Advogar parcerias para garantir que todas as nações e povos desfrutem um futuro mais seguro e mais próspero. Fonte: http://www.unep.org

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Normas Princípios Gerais

Apresentação de Trabalhos

1. A TDTOnline Magazine aceita propostas de artigos no âmbito de cada publicação e da temática do website “Tecnologias da Saúde Online”.Serão aceites os seguintes tipos de artigo: • Artigos de Opinião • Artigos Científicos • Artigos Comunidade (cuja temática possa interessar a comunidade em geral, não sendo de âmbito científico) • Artigos de Revisão • Posteres Científicos

Proposta via e-mail enviada para magazine@ tdtonline.org, contendo: • No corpo do e-mail: Título do artigo/ poster, nome do(s) autor(es), instituição a que pertence(m), endereço(s) de e-mail, telefone(s), nº de cédula profissional (se aplicável) e morada completa para onde deverão ser enviados os certificados de colaboração com a TDTOnline Magazine. • O trabalho em anexo.

de

Publicação

O TDTOnline compromete-se a contactar por e-mail o autor: • acusando a recepção do artigo; • informando sobre a aceitação ou recusa Normas de apresentação de de publicação do mesmo.

2. Os artigos ou posteres enviados devem ser Normas originais.

de dos artigos

posteres:

apresentação 1. Concepção:

• tópico bem explícito no título • questão de investigação e principais conclusões destacadas • organização hierárquica do texto (tipo e tamanho de letra) • principal conteúdo são imagens

3. O envio de um trabalho 1. Todos os artigos deverão incluir uma foimplica o compromisso lha de rosto autónoma de que constem por parte dos autores em os seguintes elementos: título do artigo, como todas as declarações nome do autor, instituição a que pernele constantes são da sua tence, morada completa, endereço de 27 exclusiva responsabilidade. e-mail, telefone(s) e nº de cédula profis- 2. Cabeçalho contendo o título do trabalho, sional (se aplicável). o(s) nome(s) do(s) autor(es), a instituição 4. Compete aos autores a onde trabalham. Recomenda-se também obtenção do copyright sobre que contenham, em letras menores, o todos os materiais que não 2. Os textos devem ser formatados a corpo endereço electrónico autor(es). 12, espaço 1,5. Não devem ser utilizalhes pertençam: ilustrações, dos estilos nem formatações automátiquadros, fotografias, etc. cas tais como numeração (numbering) e 3. Breve resumo do trabalho. bolas/asteriscos (bullets). 5. Todos os artigos/posteres deverão respeitar os 4. Corpo principal do poster dividido conprincípios éticos aceites, 3. Os artigos não poderão exceder as 10 forme o critério do autor (exemplo: Innomeadamente no que diz páginas (incluíndo figuras, tabelas e retrodução, Métodos, Resultados e Conrespeito à confidencialidade. ferências). clusão). 6. Os artigos/posteres serão apreciados num primeiro 4. Para além do texto, os autores devem 5. Referências relevantes (Segundo a enviar - em português ou inglês - um reNP405). momento pela equipa sumo do artigo (máximo 200 palavras) e de edição da TDTOnline até seis palavras-chave. Magazine que aferirá da 6. 6. O Poster tem de ser apresentado no pertinência das propostas formato Horizontal, na proporção A3. no âmbito editorial da 5. As palavras estrangeiras devem estar em itálico. revista. O artigo/poster será 7. 7. Os formatos aceites são .ppt ou .pptx devolvido ao(s) autor(es), (Microsoft Office Power Point TM), .JPEG caso os pareceres sugiram 6. As referências bibliográficas devem ser ou .PNG mudanças e/ou correcções. feitas segundo a Norma Portuguesa (NP405) - ver informação adicional. 7. Os posteres podem ser Os artigos publicados na TDTOnline elaborados no máximo por 3 7. O artigo deve ser enviado em formato Magazine ficam licenciados sob uma elementos. .doc ou docx (Microsoft Office Word licensa Creative Commons 2.5 - Atribuição de Uso não Comercial. TM). TDTOnline Magazine II/2012


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