PROGRAMAÇÃO 125 ANOS

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125 anos


Fotografias de Estelle Valente

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125 anos


Celebrar os 125 anos do Teatro São Luiz em 2019 é, para nós, um exercício de memória e de projeção. Acreditamos que olhar para trás apenas faz sentido se olharmos também em frente.

Fixar a memória, pensar o futuro.

Em 22 de maio, o dia em que se completam 125 anos desde a inauguração do então chamado Theatro D. Amelia, revisitamos a opereta que o estreou: A Filha do Tambor-Mor, de Jacques Offenbach. A estreia marca, não só o regresso do São Luiz às produções próprias, como sublinha a nossa vontade de celebrar o futuro e de o pôr em cima do palco. Num espetáculo que envolve cerca de 150 pessoas, chamámos as escolas artísticas do país para se juntarem ao projeto e, ainda, o Coro Participativo, uma forma de trazermos a cena a nossa cidade. Importante também, acreditamos, é fixar a memória deste Teatro. Em setembro, editamos São Luiz 125, um livro que, através de textos de diversos autores e de diferentes pontos de vista, se debruça sobre a nossa história ao mesmo tempo que reflete sobre o que deve ser hoje este Teatro e o que queremos dele para o futuro. Em 2019, nesta e na próxima temporada, sublinhamos momentos importantes do São Luiz, a sua relação com o teatro e com o cinema, com os grandes temas, com os seus sucessivos contextos nacionais e internacionais. Queremos que esta celebração seja uma reflexão social, política e artística. Para que a memória não se dilua e o futuro não se dissipe. AIDA TAVARES, DIRETORA ARTÍSTICA DO SÃO LUIZ TEATRO MUNICIPAL

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2019

temporada 2018/2019

9 e 10 março 13 e 14 abril

14 a 19 maio

A IMPORTÂNCIA DE SER GEORGES BATAILLE

ESPETÁCULO GUIADO

ANDRÉ MURRAÇAS

teatro

MIGUEL BONNEVILLE

dança estreia

são luiz mais novos

22 a 25 maio

1 a 7 abril

ERA UMA VEZ UM PAÍS ASSIM: CONTAR BEM CONTADAS A DITADURA E A REVOLUÇÃO TEATRO DO VESTIDO

teatro estreia 4 a 14 abril

PARIS–SARAH–LISBOA

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A FILHA DO TAMBOR-MOR

JACQUES OFFENBACH

ópera estreia

são luiz mais novos 30 maio a 2 junho fora de portas

GUARDAR SEGREDO

AMARELO SILVESTRE/ CAROLINE BERGERON

teatro

Integrado nas Festas de Lisboa em parceria com a Programação em Espaço Público teatro

24 a 30 abril

5 a 16 junho

MIGUEL LOUREIRO

OCUPAÇÃO

TEATRO DO VESTIDO

teatro estreia

HISTÓRIAS DE LX

temporada 2019/2020

6 setembro

11 a 17 novembro

apresentação e lançamento do livro

FILIPE RAPOSO MEETS FRITZ LANG COMPOSIÇÃO E PIANO FILIPE RAPOSO MAESTRO CESÁRIO COSTA

SÃO LUIZ 125

METRÓPOLIS

6 a 22 setembro

A DAMA DAS CAMÉLIAS

cinema e música estreia

MIGUEL LOUREIRO

20, 21 e 23, 24 novembro

7 e 8 setembro

FRANCIS POULENC E JEAN COCTEAU COM LÚCIA LEMOS

teatro estreia

PÚBLICO-ALVO

A VOZ HUMANA ópera

O PÚBLICO VAI AO TEATRO

documentário estreia

são luiz mais novos 22 a 29 novembro

são luiz mais novos 28 e 29 setembro 11 a 15 e 19 outubro 2 e 15 dezembro

OS SAPATOS DO SR. LUIZ

PARECEU-ME OUVIR PASSOS

MADALENA MARQUES

teatro estreia

MADALENA MARQUES

visita-espetáculo nova versão

TEATRO MERIDIONAL

teatro estreia

10 a 18 maio

13 e 14 julho

XTRÒRDINÁRIO

ESTAR EM CASA

teatro estreia

ANABELA MOTA RIBEIRO E ANDRÉ E. TEODÓSIO

TEATRO PRAGA

2ª edição vários

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São Luiz 125 anos

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Temporada 2018/2019

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ESPETÁCULO GUIADO ANDRÉ MURRAÇAS

9 e 10 março 13 e 14 abril

Estreou-se durante Os Dias do Público e foi criado propositadamente para esta iniciativa que tinha uma programação pensada pelos espectadores. Espetáculo Guiado, de André Murraças, nasce, assim, da relação do São Luiz com aqueles que o visitam. A peça regressa agora ao São Luiz, em março e em abril, numa nova versão revista e aumentada. Um espetáculo guiado ao pormenor, que entra pelo Teatro adentro, fazendo luz sobre os fantasmas que aqui habitam e falando de quem aqui trabalha. Um percurso acompanhado para se saber isto e aquilo sobre um Teatro que já teve três nomes e sobreviveu a um incêndio.

teatro Percurso por vários espaços do Teatro A classificar pela CCE

Encenação, Texto e Cenografia: André Murraças; Interpretação: Francisco Goulão, Ana Teresa Magalhães e Carla Flores; Produção executiva: Um Marido Ideal; Agradecimentos: Teatro Nacional Dona Maria II Espetáculo estreado em 16 junho 2018

PARIS – SARAH – LISBOA MIGUEL LOUREIRO

4 a 14 abril

O encenador Miguel Loureiro e a atriz Beatriz Batarda repõem a peça que aqui estrearam em 2017. Um percurso pelo São Luiz, inspirado na mítica Sarah Bernhardt, que atuou neste Teatro em 1899, descrito assim por Miguel Loureiro: “Um itinerário antes de tudo. Pela memória de uma atriz, de um teatro, de um fantasma de teatro. De um emblemático corpo atravessado por dezenas de biografias e estudos; o que pode ainda ressoar? Sarah por dentro, por fora, Beatriz ao alto e em baixo...se uma noite, um fantasma viesse. Património nosso de cena, cena romântica, de gesto largo, voz xamânica, vestida a veludos e sedas, olhar suplicante, harpia carnívora, monstro sagrado para Cocteau, retrato de um século, busto de foyer, Beatriz nossa, atrás de um biombo.”

teatro Percurso por vários espaços do Teatro m/12

Texto, Encenação e Espaço cénico: Miguel Loureiro; Interpretação: Beatriz Batarda; Participação especial e Coordenação de figurinos: Vera Kalantrupmann; Desenho de luz: Daniel Worm d’ Assumpção; Assistência de encenação: Rafael Rodrigues; Produção executiva: Nuno Pratas/Culturproject Uma encomenda São Luiz Teatro Municipal em coprodução com Théâtre de La Ville “Chantiers D’Europe” Espetáculo estreado em 2 fevereiro 2017

1914 8

Na madrugada de 13 de setembro de 1914, o então chamado Teatro da República é consumido por um grande incêndio. O fogo destrói, por completo, o palco, a sala e o arquivo onde estavam guardados os originais de peças e partituras. Salvam-se a fachada, o Jardim de Inverno e, diz-se, um único adereço: um santo num oratório, hoje visível ao fundo do palco (e sempre iluminado, por superstição). Durante a reconstrução do edifício, a companhia residente muda-se para o São Carlos, onde fica até ao dia 15 de janeiro de 1916, data da reabertura do Teatro da República. A inauguração faz-se com a estreia da peça Os Postiços, de Eduardo Schwalbach Lucci, e conta com a presença do Presidente da República, Bernardino Machado.

A atriz francesa Sara Bernhardt sobe ao palco do Theatro D. Amelia (o primeiro nome deste Teatro) em 1899. Aqui interpreta quatro peças: A Tosca, de Victorien Sardou; Hamlet, de William Shakespeare, A Dama das Camélias, de Alexandre Dumas Filho; e Adriana Lecouvreur, de sua autoria. Antes da récita de despedida, reúnem-se no Teatro várias individualidades da época, entre artistas, críticos, pintores e jornalistas, para homenagear a atriz. É nesse dia que se descerra a placa comemorativa com o seu nome, a segunda a ser colocada no foyer.

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ERA UMA VEZ UM PAÍS ASSIM: CONTAR BEM CONTADAS A DITADURA E A REVOLUÇÃO

OCUPAÇÃO

TEATRO DO VESTIDO

TEATRO DO VESTIDO

Sob direção de Joana Craveiro, o Teatro do Vestido cria um espetáculo que, como uma fotografia que se vai revelando, nos conta como era Portugal em tempo de ditadura e aquilo em que se tornou depois… Assim: No País Assim chamado Portugal e durante 48 anos, houve uma Ditadura (palavra difícil). Dura e duradoura, estava aqui para ficar, e para mandar, e para controlar, e para meter assim dentro do coração das pessoas um medo gelado daqueles que circula pelo sangue todo. No meio desta noite de 48 anos, havia pessoas que, às escondidas, lutavam, lutavam, para que um dia chegasse uma outra coisa mesmo boa começada por L. E um dia aconteceu. Foi na noite de 25 de Abril de 1974. Essas pessoas que tinham lutado às escondidas, puderam agora sair para a rua a escrever a tal palavra – Liberdade. E foi quando começou uma coisa a que se chamou Revolução. As revoluções são ventos que revolvem tudo e deixam aquilo que conhecemos de pernas para o ar e fazem-nos descobrir coisas que ainda não conhecíamos.

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1a7 abril teatro estreia Sala Mário Viegas Público-alvo: 6 aos 10 anos A classificar pela CCE 7 abril

Texto e Direção: Joana Craveiro; Cocriação e Interpretação: Estêvão Antunes, Francisco Madureira, Inês Rosado e Tânia Guerreiro; Música/Sons: Francisco Madureira; Cenografia: Carla Martinez; Assistência de cenografia: Inês Minor; Figurinos: Ainhoa Vidal; Iluminação: João Cachulo; Produção: Cláudia Teixeira e Joana Cordeiro; Assistência de Produção: Mafalda Pereira e Elisabete Rito Elisabete Rito, Francisco Madureira, Inês Minor e Mafalda Pereira participam nesta produção ao abrigo de um estágio curricular da ESAD.CR

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Coprodução: Teatro do Vestido e São Luiz Teatro Municipal

Direção e Texto: Joana Craveiro; Assistência de encenação: Daniel Moutinho; Cocriação e interpretação: Ainhoa Vidal, Ana Lúcia Palminha, Estêvão Antunes, Gustavo Vicente, Inês Rosado, Lavínia Moreira, Pedro Caeiro, Rosinda Costa, Simon Frankel e Tânia Guerreiro; Participação especial: Carlos Fernandes, Carlos Nery, Elisabete Rito, Francisco Madureira, Inês Minor, João Silvestre, Mafalda Pereira, Maria Emília Castanheira, Maria José Baião e Violeta D’ Ambrosio; Figurinos: Tânia Guerreiro; Materiais de arquivo e imagem: João Paulo Serafim; Apoio à investigação: Daniel Moutinho e João Ferreira; Desenho de Luz: João Cachulo; Produção: Cláudia Teixeira e Joana Cordeiro

Na tarde do dia 25 de Abril de 1974, com os militares nas ruas, os agentes concentrados na sede da PIDE, já rebatizada de DGS – Direção-Geral de Segurança, disparam contra a multidão que grita pelo fim da polícia política, numa manifestação espontânea na Rua António Maria Cardoso. Em frente ao São Luiz, edifício vizinho, as pessoas são atingidas a tiro. Quatro acabam por morrer e dezenas ficam feridas. Numa das portas do Teatro, diz-se, fica visível o sangue durante dias. Já depois da Revolução, é no palco do São Luiz que decorrem as sessões de canto livre, onde se juntam cantores e poetas em noites de celebração da liberdade.

Elisabete Rito, Francisco Madureira, Inês Minor e Mafalda Pereira participam nesta produção ao abrigo de um estágio curricular da ESAD.CR

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24 a 30 abril

O Teatro do Vestido, sob a direção de Joana Craveiro, leva a cabo um projeto teatral de ocupação do Teatro São Luiz, a partir da sua história e memória, e o seu papel presente e futuro durante o século XXI. A ideia de ocupar um teatro é uma ideia política, uma ideia perigosa, quase, num tempo em que rareiam os espaços para habitar esta cidade. E para trabalhar nela. Ocupar, pois claro. Chegar, e ficar. Mesmo sem permissão. Falemos disso. Um espetáculo documental de investigação, onde não só o que se passava dentro de portas merece ficar registado, mas também nos espaços envolventes – ou não estivesse o Teatro Municipal São Luiz situado paredes meias com a antiga sede central da PIDE em Lisboa; ou não se tivessem muitos dos manifestantes refugiado junto ao São Luiz e dentro dele, no 25 de Abril de 1974, em que a PIDE abriu fogo sobre a multidão reunida na Rua António Maria Cardoso. Para esta criação, a companhia mobiliza os seus companheiros de armas de sempre, a totalidade do núcleo duro criativo com quem tem colaborado ao longo dos anos, e pretende angariar figurantes e estagiários para participarem num espetáculo evocativo, comemorativo, reconstitutivo – de acordo com a singular poética documental, política e site-specific que é a marca do trabalho do Teatro do Vestido.

teatro estreia Todos os espaços do Teatro A classificar pela CCE CONVERSA COM OS ARTISTAS

Uma encomenda São Luiz Teatro Municipal em coprodução com Teatro do Vestido

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XTRÒRDINÁRIO TEATRO PRAGA

10 a 18 maio

Desafiámos o Teatro Praga a conceber um espetáculo que acompanhasse a efeméride dos 125 anos do São Luiz. Considerando adequado passar musicalmente pela história de uma sala de teatro que viveu o cinema mudo que começa a ser sonoro, que viu Antoine e Sarah Bernhardt, Amélia Rey-Colaço e Almada Negreiros, fogos e reconstruções e que foi rebatizada por três vezes, a companhia cria um musical e, como em qualquer dos seus trabalhos, olha para esta revisitação com a distância crítica que permite ir bem para lá de uma efeméride comemorativa e encomiástica, mas que é capaz de pensar o papel do teatro no seu tempo e na cidade que hoje habitamos.

teatro estreia Sala Luis Miguel Cintra A classificar pela CCE CONVERSA COM OS ARTISTAS

12 maio

Um espetáculo Teatro Praga com André e. Teodósio, Joana Barrios, Cláudia Jardim, João Duarte, Diogo Bento, Joana Manuel, José Raposo, entre outros Uma encomenda São Luiz Teatro Municipal em coprodução com Teatro Praga

A IMPORTÂNCIA DE SER GEORGES BATAILLE MIGUEL BONNEVILLE

14 a 19 maio

Miguel Bonneville prossegue o seu projeto de espetáculos em série sobre as vidas e obras de artistas e pensadores cuja importância tem sido vital no seu percurso artístico. Neste espetáculo, onde a performance e a escrita acontecem numa ligação direta com filosofias políticas radicais, toma como ponto de partida Georges Bataille – ensaísta, filósofo e romancista francês do século XX –, continuando desta forma a procurar formas de desenvolver e desdobrar um corpo pós-cristão ligado a um materialismo dionisíaco capaz de se dobrar, torcer e partir em dois. Continuando a eleger a experiência sensível à explicação lógica, Bonneville faz do luto da “figura humana” um interminável e incurável processo que Bataille quis ou acreditou resolver.

dança estreia Sala Mário Viegas A classificar pela CCE CONVERSA COM OS ARTISTAS

19 maio

Direção e Interpretação: Miguel Bonneville; Interpretação e Cocriação: Afonso Santos, Vanda Cerejo, Catarina Feijão e Francisco Rolo; Música original: Luís Kasprzykowski; Sonoplastia: BlackBambi; Figurinos: Mariana Sá Nogueira; Cabelos e Maquilhagem: Jorge Bragada; Desenho de luz: Nuno Patinho; Cenografia: Nuno Tomaz; Acompanhamento: Pedro Arrifano; Registo vídeo e fotográfico: Joana Linda; Assessoria de imprensa: Sara Cunha; Coordenação de produção: Cristina Correia; Produção executiva: Teatro do Silêncio; Apoios: Citemor e Residências da Boavista / Polo Cultural das Gaivotas; Agradecimentos: Cão Solteiro, Companhia Clara Andermatt Coprodução: Teatro Municipal do Porto Rivoli e São Luiz Teatro Municipal

1918 12

Inaugurado como Theatro D. Amelia e rebatizado de Teatro da República, é em 1918, com a morte do seu fundador e principal dinamizador que o São Luiz ganha o nome que ainda hoje tem. Nascido em 1850, Luís Braga Júnior era um empresário nascido no Brasil, filho de pais portugueses, que deu os primeiros passos no meio teatral do lado de lá do Atlântico e, já com fortuna criada, se mudou para Lisboa. Por cá, recebeu o título de Visconde de São Luiz Braga, dado pelo rei D. Carlos I, com quem mantinha boas relações. Ao Theatro D. Amelia, trazia as grandes estrelas internacionais da época, sobretudo as francesas, por muito se interessar pelo meio teatral parisiense. Uns viram-no como grande e generoso mecenas, outros como um empresário duvidoso e ganancioso… Depois da Implantação da República, muitos se referiam ao empresário como o Ex-Visconde de São Luiz Braga – mas só em 1914, quando o seu Teatro fica reduzido a cinzas, Luís Braga Júnior se deixa abater. O incêndio revela-se um violento golpe na sua sanidade mental, levando-o a ser internado numa casa de saúde no Porto, onde morre em 1918.

Três anos depois da inauguração do Theatro D. Amelia, nasce o francês Georges Bataille, figura intelectual e literária que trabalha em diversas áreas, como literatura, filosofia, antropologia, economia, sociologia e história da arte. Os seus escritos, que incluem ensaios, romances, e poesia, exploram assuntos ligados ao erotismo, ao misticismo, ao surrealismo e à transgressão. Rejeita a literatura tradicional e acredita que o objetivo último de toda a atividade intelectual, artística ou religiosa deve ser a aniquilação do indivíduo racional num ato transcendental de comunhão. Não há registo da sua passagem por este Teatro, mas o seu pensamento é fundamental para a história do século XX que o São Luiz atravessou.

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A FILHA DO TAMBOR-MOR JACQUES OFFENBACH

1894

O Theatro D. Amelia, projeto do arquiteto francês Louis-Ernest Reynaud, modificado em Lisboa por Emílio Rossi e com um fresco do cenógrafo Luigi Manini, é inaugurado em 22 de maio de 1894, no dia do oitavo aniversário do casamento da rainha com D. Carlos I, que não faltam à ocasião. Os jornais da época noticiam a “enchente collossal” na estreia de A Filha do Tambor-Mor, com os espectadores “vestindo toilette de gala”. A crítica à primeira apresentação vem publicada no Occidente, sem poupar palavras: “O desempenho que lhe deu a companhia foi regular, mas não teve nada de notavel. Teve um exito de ensemble, de boa mise en scéne, mas não teve successo accentuado de estrellas. Não houve nenhum artista que desafinasse no conjuncto do desempenho, mas tambem não houve nenhum que se evidenciasse notavelmente, que entre todos desse nas vistas e d’ahi a ausencia de grandes enthusiasmos. A sr.ª Soares, a actriz que fez o papel de filha do Tambor môr, e o actor que fez o papel de tenente Roberto foram os dois artistas que mais agradaram na peça da estreia, este pela sua bonita voz e pela arte com que cantou, aquella já como cantara tambem; mas principalmente como actriz, porque tem graça, vivacidade e alegria. Os comicos fizeram rir por vezes mas pareceram-nos um pouco exagerados n’esta peça, procurando os seus effeitos pelo feitio buffo italiano a que nós não estamos muito habituados.”

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22 a 25 maio

Foi com A Filha do Tambor-Mor, opereta de Jacques Offenbach interpretada pela Companhia Gargano, de Itália, que se inaugurou o Theatro D. Amelia, a 22 de maio de 1894. Cento e vinte e cinco anos depois, o São Luiz revisita aquele que seria o primeiro dos muitos espetáculos estreados nesta casa. Fá-lo como forma de recuperar a sua tradição operática, celebrar o seu nascimento e a sua história, mas também como forma de olhar o que aí vem. Para isso, chamou como diretor musical e maestro da orquestra, Cesário Costa, como encenador, António Pires, e lançou o repto às escolas artísticas do país, acreditando que os jovens representam o futuro das artes em Portugal e consciente de que não existem muitas oportunidades para se apresentarem publicamente. Em palco, estão os alunos das escolas de ensino superior de todo o país que se envolveram neste projeto: Universidade de Aveiro; Universidade de Évora; ESART – Escola Superior de Artes Aplicadas, de Castelo Branco; ESMAE – Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo, do Porto; Orquestra Metropolitana de Lisboa; Escola Superior de Dança de Lisboa; e Escola Superior de Teatro e Cinema de Lisboa. Os participantes são selecionados através de audições, para integrarem esta nova versão cantada no original francês e com texto em português. A António Pires e a Cesário Costa juntam-se Paulo Vassalo Lourenço, como maestro do coro, Dino Alves, nos figurinos, Aldara Bizarro e no movimento, A Tarumba – Teatro de Marionetas, na cenografia. Ao todo, são cerca de 150, os artistas envolvidos no espetáculo. Com A Filha do Tambor-Mor, o São Luiz volta a assumir a produção de um espetáculo, o que já não acontecida há muito tempo. Nestes 125 anos, apresentamos cinco récitas de entrada livre, sempre com interpretação em Língua Gestual Portuguesa e Audiodescrição.

ópera estreia Sala Luis Miguel Cintra A classificar pela CCE Entrada Livre sujeita à lotação da sala Bilhetes disponíveis no próprio dia, a partir das 13h, no limite de dois por pessoa

Todas as sessões têm interpretação em Língua Gestual Portuguesa e Audiodescrição Espetáculo inserido na programação do FIMFA Lx19 – Festival Internacional de Marionetas e Formas Animadas

Direção musical e de Orquestra: Cesário Costa; Encenação: António Pires; Maestro Coro: Paulo Vassalo Lourenço; Cenografia: A Tarumba – Teatro de Marionetas; Movimento: Aldara Bizarro; Figurinos: Dino Alves; Coro participativo; Orquestra Clássica Metropolitana À data do fecho deste caderno, decorrem as audições para solistas, bailarinos e atores Uma encomenda São Luiz Teatro Municipal em coprodução com Universidade de Aveiro; Universidade de Évora; ESART – Escola Superior de Artes Aplicadas, de Castelo Branco; ESMAE – Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo, do Porto; Orquestra Metropolitana de Lisboa; Escola Superior de Dança de Lisboa; e Escola Superior de Teatro e Cinema de Lisboa

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GUARDAR SEGREDO

AMARELO SILVESTRE/CAROLINE BERGERON

Guardar Segredo é um conjunto de espetáculos de teatro que acontecem dentro de dois guarda-fatos colocados no espaço público. Dentro de cada armário apenas cabe uma pessoa – a medida certa para assistir a um dos espetáculos de Guardar Segredo. O que se irá passar lá dentro é coisa que não deve ser sabida por mais ninguém. Mas não é segredo que cada espetáculo tem cinco minutos de duração. Um espectador, um ator, cinco minutos. Eis a proposta da companhia Amarelo Silvestre, numa encenação de Caroline Bergeron. Um ato de abstração do espaço envolvente, de recolhimento, de privilégio e de coragem. Lá dentro, falar-se-á sobre segredos: guardar segredos, ter segredos, dizer segredos, morrer para não dizer um segredo, morrer por dizer um segredo, amar em segredo, sofrer em segredo. Sobre diferentes segredos: de amor, de Estado, mais ou menos obscuros, bem guardados, quebrados, que não se podem dizer.

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fora de portas

30 maio a 2 junho teatro Parque da Quinta das Conchas Entrada livre m/12 Integrado nas Festas de Lisboa em parceria com Programação em Espaço Público

Criação: Amarelo Silvestre; Encenação: Caroline Bergeron; Dramaturgia: Fernando Giestas; Cocriação e Interpretação: Ana Lúcia Palminha, Edi Gaspar, Rafaela Santos, Sofia Dias; Cenografia: Henrique Ralheta e Carolina Reis; Desenho de luz: Jorge Ribeiro; Imagem do projeto: Rosário Pinheiro; Fotografia: Fernando Carqueja; Gestão administrativa: Paula Trepado; Produção executiva: Susana Rocha; Parceria: As Casas do Visconde; Coprodução: Amarelo Silvestre e Câmara Municipal de Nelas; Agradecimentos: Maria Ester Pais do Couto, Lia Alvadia, Lira e Pitum, Tiago Peres, Cristina Baccari e todas as pessoas que partilharam segredos com a Amarelo Silvestre

2014

Na temporada 2014/2015, o Teatro dá início ao São Luiz Mais Novos, uma programação regular dirigida a crianças e jovens, mas também a educadores e professores, agentes fundamentais da cidade. Temos apresentado projetos de teatro, música, dança e diversas formas artísticas contemporâneas, através de produções, coproduções e acolhimentos. Queremos que este seja um lugar de descobertas. Atentos aos criadores nacionais, procuramos criar novos públicos e, com eles, refletir sobre a arte e questionar o mundo em que crescem. Assim se cose a programação São Luiz Mais Novos: por um teatro político, lugar de filosofia e de vida, sem barreiras e estereótipos, sem género e sem preconceitos, onde cabem as diferenças e se cruzam idades e gerações. Um teatro de resistência e de futuro.

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HISTÓRIAS DE LX TEATRO MERIDIONAL

5 a 16 junho

O Teatro Meridional cria um espetáculo sobre Lisboa, num trabalho teatral essencialmente físico sublinhando contrastes e estereótipos inspirado na Banda Desenhada e na sua lógica de síntese. Lisboa com as suas gentes, feita de muitas gentes, mais os turistas que chegam. A Lisboa e os seus contrastes, de bairros populares e festas populares, mais a classe média, os doutorados, os apressados, os deprimidos, os artistas, os pretos, os chineses, os paquistaneses, mais os ingleses que estão por aí a vir. A Lisboa com jovens e com cada vez mais velhos. A velocidade, a diversidade, a multiplicidade. Os skates e as bengalas. As start-up, os gadgets, o café do bairro, as multinacionais e as lojas centenárias. A vida dentro e fora de casa. Ontem, hoje e o projeto do futuro.

teatro estreia Sala Luis Miguel Cintra A classificar pela CCE CONVERSA COM OS ARTISTAS

9 junho

Seleção de textos, Dramaturgia e Encenação: Natália Luiza; Assistência artística e Desenho de luz: Miguel Seabra; Interpretação: Catarina Guerreiro, Luciano Amarelo, Rui M. Silva, Susana Madeira e Vítor Alves da Silva, entre outros; Espaço cénico e Figurinos: Marta Carreiras; Direção Musical: Rui Rebelo; Assistência de cenografia: Marco Fonseca; Produção executiva: Rita Conduto e Susana Monteiro Coprodução: Teatro Meridional e São Luiz Teatro Municipal

2019

Desde a sua reabertura, a 30 de novembro de 2002, sob direção artística de Jorge Salavisa, o São Luiz Teatro Municipal, propriedade da Câmara Municipal de Lisboa e hoje gerido pela EGEAC – Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural, assume como missão a entrega a Lisboa de um Teatro vivo, com público, enérgico, com centenas de sessões por temporada, distribuídas pelas suas três salas: Luis Miguel Cintra, Mário Viegas e Bernardo Sassetti. Aos 125 anos, vê-se como um teatro da cidade para a cidade, de todos e para todos, procurando ter um olhar atento à cultura portuguesa e às culturas do mundo. Alicerçada nas artes performativas, a sua programação desenvolve propostas diversificadas, desafiando artistas através de encomendas e coproduções, e procurando ser uma plataforma atenta às diferentes fases do processo criativo – residência, criação, produção, difusão. Inscreve, ainda, na sua missão os princípios de cooperação, partilha e solidariedade, com programas estratégicos que visam facilitar o acesso à cultura por parte dos habitantes de Lisboa.

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ESTAR EM CASA

2ª EDIÇÃO

ANABELA MOTA RIBEIRO E ANDRÉ E. TEODÓSIO

13 e 14 julho

Depois da primeira edição de Estar em Casa, em 2016, Anabela Mota Ribeiro e André e. Teodósio voltam a organizar um programa de dois dias para “ocupar” o São Luiz com uma programação ininterrupta. Nos 125 anos do Teatro, prometem uma casa cheia de afetos, memórias, arquivos e afinidades. Nesta edição, olhamos para o Teatro São Luiz, edifício entre a antiga sede da PIDE e a casa onde nasceu Fernando Pessoa, falamos de contextos políticos e de manifestos futuristas com especialistas, revemos um dos filmes fundamentais da cinematografia portuguesa aqui estreado, Os Verdes Anos, de Paulo Rocha, revisitamos Manoel de Oliveira. Convidamos figuras fundamentais do panorama nacional para conversas variadas, explicamos aos adultos, por exemplo, o que é uma múmia ou o interior em Clarice Lispector, e aos mais novos a importância de Cesário Verde ou “O que é sexo?”. Neste Estar em Casa, temos clubes de leitura, ateliers de pintura, visitas guiadas, treinos com atletas nacionais, muita música e, claro, uma programação de espetáculos para adultos e para crianças, tanto de artistas com relação privilegiada na programação do Teatro, como Miguel Bonneville, Cão Solteiro e Raimundo Cosme, como também, e a pensar no futuro, artistas estreantes no país, como Ana Rita Teodoro, Daniel Pizamiglio e João Estevens, entre outros. À semelhança da primeira edição, os camarotes continuarão ocupados com tarot, desenhos e cartas de amor, num tête-a-tête entre artistas e espectadores. Pelo Teatro haverá trabalhos de artistas plásticos como Ana Perez-Quiroga e Vasco Araújo.

vários Diversos espaços do teatro Programa completo a anunciar

Uma encomenda São Luiz Teatro Municipal

1963

Transformado em cinema em 1928 e rebatizado de São Luiz Cine, por aqui passam os mais importantes filmes das décadas seguintes. A 29 de novembro de 1963, estreia-se nesta sala o primeiro filme de Paulo Rocha: Os Verdes Anos. Com música original de Carlos Paredes e produção de António da Cunha Telles, é filmado em Lisboa e conta a vida na cidade e o namoro entre um jovem sapateiro que vem da província e uma empregada doméstica de uma casa lisboeta. Premiado em vários festivais internacionais, Os Verdes Anos marcaria o nascimento do Novo Cinema Português.

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São Luiz 125 anos

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Temporada 2019/2020

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SÃO LUIZ 125 LIVRO

6 setembro

Talvez porque a história do São Luiz seja uma narrativa feita de rasuras e recomeços, até hoje a memória do Teatro ficou, em grande medida, por fixar. Quisemos, por isso, criar uma edição em papel que marcasse este momento. São Luiz 125 é o primeiro livro em que se reflete sobre esta instituição e o seu papel. Com edição de Vanessa Rato, um vasto e variado naipe de autores lança um olhar caleidoscópico que acompanha 125 anos de atividade, tanto retrospetivo e mais historiográfico, como oferecendo ângulos de visão mais prospetivos e especulativos. Do teatro e da dança à música e à ópera, do cinema à arquitetura, de muitas artes se faz o São Luiz e através de todas se tem inscrito na cidade de Lisboa e no país, ao longos dos tempos. Olhando para o que foi São Luiz e para aquilo que queremos dele para o futuro, é este o nosso “manifesto” na altura em que celebramos 125 anos.

Apresentação e lançamento de livro

Uma edição Imprensa Nacional e São Luiz Teatro Municipal; Editora: Vanessa Rato; Design: Silvadesigners; Autores: Ana Vaz Milheiro, André e. Teodósio, António Pinto Ribeiro, Cláudia Madeira, Fernando Cabral Martins, Filipe Figueiredo, Filipe La Feria, Joacine Katar Moreira, Isabel Lucas, Luís Miguel Oliveira, Inês Nadais, Ana Pais, Joana Craveiro, Paula Magalhães, Duarte Santo, Maria Virgílio, Manuel Deniz Silva, José Bragança de Miranda, José Gil, José Sarmento de Matos, Odete, Teresa Mendes Flores Uma encomenda São Luiz Teatro Municipal

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A DAMA DAS CAMÉLIAS

DE ALEXANDRE DUMAS (FILHO) ENCENAÇÃO DE MIGUEL LOUREIRO 6 a 22 setembro

Miguel Loureiro encena A Dama das Camélias, disposto, uma vez mais, a trabalhar um texto que é “património da arte teatral, do seu exponencial romântico, da sua galeria infinda de fantasmas e assombrações”: “Como se pode praticar a cena sem passar por Shakespeare, por Molière, ou por este A Dama das Camélias, de Dumas (filho), sortilégio tardo-romântico que tanto fascínio ainda nos causa, por refundar o gesto, o esgar e a miragem românticos, com a sua plêiade de perdidos, drogados, tísicos, arruinados e com todo o seu grandeur fanado? O que há de excessivo em Marguerite Gautier que ainda nos serve também? Enunciação clara de um insondável estado de alma? Pequeno ensaio filosófico sobre a vertigem da beleza? Hino à decadência do amor? Teatro eroticizado pela polidez romântica? Anatomia de uma heroína no seu século, escrita-veículo para os monstros sagrados do novecento... de que forma nos podemos aproximar deste legado que iconicamente encerra uma época? Respeitá-lo será atraiçoá-lo? O que nos fascina na história desta queda?”

teatro estreia Sala Luis Miguel Cintra A classificar pela CCE CONVERSA COM OS ARTISTAS

22 setembro

Encenação: Miguel Loureiro; Adaptação e tradução: João Paulo Esteves da Silva; Interpretação: Álvaro Correia, António Durães, Carla Maciel, Gonçalo Waddington, Teresa Sobral, entre outros; Cenografia: André Guedes; Figurinos: Catarina Graça; Desenho de luz: Daniel Worm d’Assumpção Uma produção São Luiz Teatro Municipal

“O povo completo será aquele que tiver reunido no seu máximo todas as qualidades e todos os defeitos. Coragem, portugueses, só vos faltam as qualidades.” É no palco do então chamado Teatro da República que José de Almada Negreiros profere o seu Ultimatum Futurista às Gerações Portuguesas do Século XX. Nessa tarde de 14 de abril de 1917, surge na sala vestido de fato de macaco e provoca a assistência, composta por algumas dezenas de jovens intelectuais, artistas, escritores e jornalistas. Recebe pateadas e salvas de palmas – e, nos dias seguintes, os jornais tentam, com alguma dificuldade, descrever “a loucura” do que ali se passou. Na Conferência Futurista, Almada Negreiros tem a cumplicidade de Santa-Rita Pintor, que, de um dos camarotes, vai interrompendo o seu discurso, fingindo que estão ali na sala personalidades públicas da época, e lhes reponde jocosamente, arrancando gargalhadas da plateia. Na segunda parte da conferência, lê-se ainda o Manifesto Futurista da Luxúria, da artista francesa Valentina de Sait-Point, e dois textos do escritor e ideólogo italiano Filippo Tommaso Marinetti (autor do Manifesto Futurista, de 1909), Music-Hall e Tuons les Clair de Lune. Palavra de ordem: agitar consciências.

A chegada de Eleonora Duse a Lisboa anuncia-se, a 4 de março de 1898, no jornal O António Maria, dirigido por Rafael Bordalo Pinheiro, numa página inteira ilustrada pelo próprio: “Enquanto não a applaudimos a ella, à grande actriz, que com o seu poderoso talento deslumbra e arrebata o mundo inteiro, vamos applaudindo, e também com enthusiasmo, a empreza do theatro D. Amelia. Porque para se escripturar uma artista como a Duse, estando a libra sterlina… a libra e meia da rua dos Capellistas, é preciso ter coragem e ter amor pela Arte!” Na primeira vez em que se apresenta em Portugal, interpreta, entre outras peças, A Dama das Camélias. Nesse dia, o Teatro da Trindade fecha para que os seus artistas possam ir ver Duse ao D. Amelia. Depois da última récita, descerra-se uma placa comemorativa da sua passagem por cá e distribui-se um jornal a ela dedicado, ilustrado por Bordalo Pinheiro. Sobre Duse escreveu-se, no Occidente: “Não foi talvez bem dotada pela natureza, mas fadaram-a as fadas. Terá talvez incorreções, mas essas mesmas são geniaes, como encantadoras as assymetrias do seu rosto. (…) com um simples olhar de seus olhos ligeiramente strabicos, um leve sorriso da bocca feiticeira, um pequeno gesto das suas mãos distinctas, tudo consegue, porque n’ella tudo é eloquente (…). À Duse não se deve fazer criticas, é mulher para ser cantada em verso. Ella subjuga a intelligencia e quanto nos diz fere-nos, direito, no sentimento.”

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125 anos

1898 23


PÚBLICO-ALVO

O PÚBLICO VAI AO TEATRO

7e8 setembro

De 15 a 17 de junho de 2018, abrimos portas para Os Dias do Público, três dias de programação pensada pelos espectadores e inseridos no projeto O Público vai ao Teatro, desenvolvido pelo teatro meia volta e depois à esquerda quando eu disser em parceria com o São Luiz. Todo o processo de preparação e realização destes dias está registado no documentário Público-Alvo, que agora estreamos em duas sessões na sala Mário Viegas. Dos “Laboratórios de Curadoria” que permitiram aos participantes conhecerem vários profissionais e experiências de programação, para arriscarem eles mesmos o ato de programar, aos dias em que todos os espaços do São Luiz se encheram de espectadores, para ver espetáculos, participar em leituras encenadas, tertúlias e visitas guiadas, e até para dormir, trabalhar e almoçar. Paralelamente ao documentário, é apresentada a publicação resultante dos Encontros sobre políticas da receção e desenvolvimento de públicos no contexto das artes performativas, que aqui aconteceram em outubro de 2018, uma edição coordenada por Teresa Fradique.

vídeo estreia Sala Mário Viegas

Coordenação: Alfredo Martins, Anabela Almeida e Sara Duarte Coprodução: teatro meia volta à esquerda quando eu disser e São Luiz Teatro Municipal

OS SAPATOS DO SR. LUIZ MADALENA MARQUES

NOVA VERSÃO

Nêsperas, música, fotografias, sonhos, viagens, choros e fogos. É certo e sabido que em qualquer teatro acontecem coisas inusitadas e espantosas, por vezes inexplicáveis. No São Luiz, aparecem e desaparecem sapatos. E, sempre que saltam à vista de quem os vê, é para descortinar histórias de pessoas que passaram pelo Teatro. Aparecem tímidos e se o barulho for muito dá-lhes a corda e dão à sola. Há quem já os tenha visto pelo foyer, palco, régie ou plateia, no corredor, nos camarins e até no teto, na bilheteira ou no elevador. Desde a temporada 2016 / 2017 que proporcionamos aos mais novos (e não só…) esta visita-espetáculo que desvenda histórias do São Luiz. Percorrendo vários cantos do Teatro, cruzamo-nos com os sapatos de uma maravilhosa atriz francesa, Sarah Bernhardt, de um ator português muito provocador, Mário Viegas, do próprio Sr. Luiz, o Visconde, e do marreco projecionista. A partir da temporada 2019 /2020, numa nova versão de Os Sapatos do Sr. Luiz, vamos encontrar também as pegadas de Almada Negreiros e dos técnicos que, nos bastidores, ajudam diariamente a pôr todos os espetáculos de pé.

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28, 29 setembro 11 a 15 e 19 outubro 2, 3 e 15 dezembro visita-espetáculo Percurso por vários espaços do Teatro Público-alvo: 3 aos 10 anos m/3 13 outubro 19 outubro

Pesquisa e Conceção: Madalena Marques e Susana Pires; Interpretação e Mediação: Madalena Marques; Adereços: Ângela Rocha, Lydia Neto e Toninho Neto; Produção executiva: Casa Invisível Uma encomenda São Luiz Teatro Municipal

2016 24

A 2ª edição d’ O Público Vai ao Teatro, um projeto de envolvimento de públicos, inicia-se em outubro de 2016, fruto de uma parceria entre o teatro meia volta e depois à esquerda quando eu disser e o São Luiz, a Escola Básica e Secundária Passos Manuel, a Escola Superior de Educação de Lisboa, e com o apoio da Junta de Freguesia de Arroios. Ao longo da temporada de 2016/2017, três grupos (crianças, adultos e professores) fazem visitas guiadas ao Teatro, acompanham espetáculos e ensaios, encontram-se com as equipas criativas. Na temporada 2017/ 2018, aprofunda-se o envolvimento e o pensamento dos participantes em torno das dinâmicas de programação e criação, assim como se reflete sobre modelos participativos de governança cultural.

Ator, encenador, declamador, “especialista em todos os géneros”, como se apresentava, Mário Viegas é uma das figuras mais carismáticas do teatro português do século XX. Já depois de ter sido um dos fundadores da Barraca e do Novo Grupo – Teatro Aberto, cria a Companhia Teatral do Chiado, com a qual estreia, em dezembro de 1990, o espetáculo A Birra do Morto, de Vicente Sanches, na SalaEstúdio do Teatro São Luiz. Aí se fixa, com uma programação regular, através de uma cedência de espaço pela Câmara Municipal de Lisboa. 1 de abril, o dia das mentiras de 1996, fica marcado pela sua morte. Desaparece um génio – mas o seu nome continua gravado naquela sala que passa a chamar-se Teatro-Estúdio Mário Viegas, mantendo o acolhimento à Companhia Teatral do Chiado. Mais tarde, com a integração deste espaço na programação regular do São Luiz, nasce a Sala Mário Viegas.

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125 anos

1990 25


METRÓPOLIS

FILIPE RAPOSO MEETS FRITZ LANG

11 a 17 novembro

Na celebração dos 125 anos, o Teatro São Luiz convida o pianista e compositor Filipe Raposo [pianista residente da Cinemateca Portuguesa] a criar uma partitura original para a obra prima do Expressionismo Alemão, Metropolis, de Fritz Lang. A nova partitura para orquestra de câmara com 15 elementos é, em si, uma reflexão sobre a visão distópica das grandes cidades onde impera a verticalidade massiva, texturas densas, planos simétricos e ambientes sonoros rítmicos que evocam as engrenagens das maquinarias pesadas e, simultaneamente, um olhar do futuro (o nosso presente) para o passado. Uma encomenda do São Luiz que surge como gesto simbólico, a ligar a memória do Teatro (aqui se estreou o filme Metropolis em Portugal) ao seu próprio futuro.

cinema música estreia Sala Luis Miguel Cintra m/6 17 novembro

Filipe Raposo Composição / Piano; Cesário Costa Maestro; Ensemble por definir

A VOZ HUMANA

FRANCIS POULENC E JEAN COCTEAU

20, 21 e 23, 24 novembro

Estreado no São Luiz em 3 de novembro de 2016, este espetáculo de Lúcia Lemos, João Paulo Santos e Vasco Araújo regressa agora na celebração dos 125 anos. Uma ópera de um só intérprete para ver de muito perto, em que a música de Francis Poulenc e a prosa de Jean Cocteau criam uma alternância entre o coloquial e o poético. Na interseção da cena lírica, da performance e da imagem em movimento, a proposta cénica sublinha a personagem central: uma voz, talvez mais humana porque cantada, assumidamente fora do registo naturalista pelo envolvimento físico e emotivo da expressão musical.

ópera reposição Sala Bernardo Sassetti A classificar pela CCE

Voz: Lúcia Lemos soprano; Direção Musical: João Paulo Santos piano; Imagem: Vasco Araújo; Direção cénica: Jean Paul Bucchieri; Produção executiva: C.R.I.M.

24 novembro

Coprodução: C.R.I.M. e São Luiz Teatro Municipal Espetáculo estreado em 3 novembro 2016

Uma encomenda São Luiz Teatro Municipal

1928 26

Logo em 1896, dois anos depois da sua abertura, o Theatro D. Amelia torna-se a segunda sala a apresentar, em Portugal, imagens em movimento. Em 1907, inaugura-se o animatógrafo The Wonderful, no Jardim de Inverno. E durante anos vão existindo sessões esporádicas de cinema. Em 7 de abril de 1928, o já chamado Teatro São Luiz é rebatizado de São Luiz Cine, transformando-se em cinema. A primeira sessão faz-se com a estreia em Portugal do filme Metropolis, de Fritz Lang. A exibição tem o acompanhamento de uma orquestra de câmara de 15 elementos, dirigida pelo maestro Pedro Blanch que executa a partitura de Godfried Kuppertz, tal como na estreia em Berlim no ano anterior. Uma obra-prima, expoente do expressionismo alemão, que cá, como no resto do mundo, não tem uma grande receção. No São Luiz Cine fica menos de duas semanas em cartaz. A tela havia de se encher rapidamente com outras imagens numa das salas que, em 1930, haveria de se tornar uma das primeiras a equipar-se para a era do cinema sonoro, continuando a estrear em Portugal os filmes mais importantes do momento.

Dezassete anos depois de Maria Barroso ter sido afastada do teatro pelo regime de Salazar – pela interpretação inflamada em A Casa de Bernarda Alba, em que a sua personagem, revoltada, partia com o joelho um bastão usado pela mãe autoritária – a atriz decide regressar em 1966, com dois recitais no São Luiz Cine. Programa: uma primeira parte para recitar vários poetas e uma segunda para interpretar o monólogo A Voz Humana, de Jean Cocteau, numa encenação de Fernando Gusmão. Na véspera da primeira data, as apresentações são proibidas pelo Secretariado Nacional de Informação, mas Maria Barroso decide que não vai deixar de subir ao palco. Sabe que a sala vai estar cheia e acredita que se não o fizer haverá manifestação à porta da PIDE, mesmo ao lado do Teatro. No São Luiz, os empresários Ortigão Ramos, pai e filho, começam por lhe dizer que não pode ir contra a proibição, mas acabam por lhe dar autorização apenas para o primeiro dia. Na sala, o silêncio é total para a ouvir. A polícia está lá fora e, diz-se, há agentes incumbidos de lançarem garrafas de mau cheiro na plateia – mas ninguém arreda pé. Maria Barroso começa por dizer, em castelhano, um poema de Nicolàs Guillén contra o racismo na América e continua com poesia de Carlos de Oliveira, Mário Dionísio, João Cochofel, Manuel da Fonseca e, por último, recita Ode à Liberdade, de Jaime Cortesão. Segue-se o monólogo A Voz Humana, que a PIDE interrompe de forma violenta. É nesse dia e neste palco a última vez que a vemos como atriz.

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125 anos

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PARECEU-ME OUVIR PASSOS MADALENA MARQUES

Um espetáculo criado a partir de Os Sapatos do Sr. Luiz

O monstro de mil olhos está sentado. Alguém entra na sala. Pisa o palco. Sobe os degraus. Abre portas. Procura seguir sons de passos que ouviu há pouco. O coração bate forte. A curiosidade também. Atrás de si, vindos de cima… aparecem Sapatos… sós. Pareceu-me Ouvir Passos, de Madalena Marques, nasce a partir da sua visita-espetáculo Os Sapatos do Sr. Luiz, que ganha agora uma versão em palco. Num jogo de cena entre uma mulher e sapatos, acontecem danças ao som de óperas; passam filmes, clarões e viagens; aparecem mecanismos e mistérios. Ao longo deste encontro, surgem projeções que mostram os detalhes dos sapatos. Contam-se histórias do Teatro em geral e do Teatro São Luiz em particular. Um espetáculo vestido de espanto, descoberta e superstição, que dá a conhecer aqueles que põem de pé o mundo escondido do teatro: atores e atrizes, técnicos de luz e de som, projecionistas de cinema e empresários. Todos virão visitar-nos, pé ante pé.

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22 a 29 novembro teatro Sala Mário Viegas Público-alvo: 6 aos 10 anos A classificar pela CCE

23 novembro

Criação, Dramaturgia e Interpretação: Madalena Marques; Apoio à encenação, Movimento (kuroko) e Manipulação: Joana Manaças; Apoio à encenação e Dramaturgia: Susana Pires; Sonoplastia, Desenho de luz e Operação de imagem: Artur Moura; Cenografia e Figurinos: Ângela Rocha Coprodução: Casa Invisível e São Luiz Teatro Municipal

1917

São muitos os artistas que passam pelo São Luiz ao longo dos 125 anos e que enchem de histórias todos os recantos do Teatro. Neste palco, muitos se estreiam, como atores, encenadores e tantas outras atividades mais discretas e muitas vezes esquecidas. A atriz Amélia Rey Colaço é uma delas. Aqui debutou no teatro, na peça Marianela, dos irmãos Quintero, a 17 de novembro de 1917. Uma data e um lugar que marcam também a primeira vez que contracena com Manuel Robles Monteiro, que se tornaria, pouco tempo depois, seu marido e com quem criaria, em 1921, a Companhia Rey-Colaço-Robles Monteiro. Na crónica da Ilustração Portuguesa, Acácio de Paiva escreve: “Toda a imprensa dedicou louvores à estreia teatral de D. Amélia Rey Colaço, no República, representando o papel da protagonista (…) O aparecimento da gentil menina em cena, descalça, nos trajes remendados da órfã que serve de amparo a cego, comoveu imediatamente a plateia, já prevenida a favor da estreante pelas estranhas condições em que ela abraçara a profissão de actriz, quando facilmente gosaria as comodidades d’ uma vida despreocupada, trocada agora pelos riscos d’ uma carreira espinhosa, sujeita a criticas, a desagrados, a caprichos, a mil contrariedades de que o artista, ainda o de mais aptidões, nunca pode libertar-se”.

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Tiza Gonçalves Programação Mais Novos Susana Duarte Adjunta Direção Executiva Margarida Pacheco Secretária de Direção Soraia A marelinho Direção de Produção Mafalda Santos (Diretora), A ndreia Luís, Catarina Ferreira, Margarida Sousa Dias, Mónica Talina, Tiago A ntunes Direção Técnica Hernâni Saúde (Diretor), João Nunes (Adjunto) Iluminação Carlos Tiago, Nuno Samora, R icardo Campos, Sérgio Joaquim, Tiago Pedro Maquinistas A ntónio Palma, Paulo L opes, Paulo Mira, Vasco Ferreira Som João Caldeira, Gonçalo Sousa, Nuno Saias, R icardo Fernandes, Rui L opes Vídeo João Van Zelst Manutenção e Segurança R icardo Joaquim Direção de Cena Marta Pedroso (Coordenadora), Maria Tavora, Sara Garrinhas, A na Cristina Lucas (Assistente), R ita Talina (Camareira) Direção de Comunicação Elsa Barão (Diretora), A na Ferreira, Gabriela L ourenço, Nuno Santos Bilheteira Cristina Santos, Diana Bento, Renato Botão

SÃO LUIZ TEATRO MUNICIPAL Direção Artística Aida Tavares Direção Executiva Joaquim René Assistente da Direção Artística

TEATROSAOLUIZ.PT

COMO CHEGAR

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SÃO LUIZ PARA TODOS. Há muito que o São Luiz Teatro Municipal tem na acessibilidade uma das suas prioridades. Gostamos de dizer que o São Luiz é para todos – e diariamente trabalhamos para que isso não seja apenas conversa ou teoria. Uma atitude que começa no exterior, na receção aos espectadores, e se prolonga dentro do edifício, do mesmo modo que determina a forma como apresentamos os nossos espetáculos. Acreditamos que um Teatro não cumprirá nunca a sua missão se não for de todos e para todos.

Acessibilidade para pessoas com mobilidade reduzida

Morada São Luiz Teatro Municipal Rua António Maria Cardoso, 54 1200-027 Lisboa N38º 42.5364’, W0009º 8.5531’ Parques de estacionamento Largo Camões Chiado (Largo do Carmo) Transportes Comboio: Cais do Sodré Metro: Baixa-Chiado Autocarros: 758, 790 Elétrico: 28

CONTACTOS Tel. 213 257 640 teatrosaoluiz.pt info@teatrosaoluiz.pt São Luiz Teatro Municipal Rua António Maria Cardoso, 38 1200-027 Lisboa

BILHETEIRA Língua Gestual Portuguesa

Horário Todos os dias das 13h às 20h; Em dias de espetáculo, até 30 minutos após o início do mesmo.

Audiodescrição

Reservas Tel. 213 257 650 bilheteira@teatrosaoluiz.pt Levantamento prévio obrigatório até 48 horas antes do espetáculo.

Sessões descontraídas

Bilheteira online www.teatrosaoluiz.pt www.bol.pt

VISITAS GUIADAS um sábado por mês, 14h30 Duração (aprox.); €2; Cartão São Luiz: entrada livre Reservas: 213 257 650 bilheteira@teatrosaoluiz.pt

CARTÃO SÃO LUIZ Destinado a espectadores a partir dos 26 anos, o cartão São Luiz oferece 50% de desconto nos bilhetes dos espetáculos assinalados, não sendo acumulável com outros descontos. A utilização do cartão é pessoal e intransmissível.

BILHETE SUSPENSO Ao comprar um bilhete com o valor fixo de sete euros, este fica suspenso na bilheteira e possibilita a vinda ao Teatro de pessoas apoiadas por associações parceiras do São Luiz.

CAFETARIA DO TEATRO piso 1, aberta antes e depois dos espetáculos

Outros locais de venda CTT, Fnac, El Corte Inglés e Worten

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