A CONFEDERAÇÃO 2023

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26 ABRIL 20H

A CONFEDERAÇÃO

O POVO É QUE FAZ A HISTÓRIA

LUÍS GALVÃO TELES

PORTUGAL 1978

FESTAS DE ABRIL 2023

A CONFEDERAÇÃO

O POVO É QUE FAZ A HISTÓRIA

Antestreia Festival da Figueira da Foz, 1977

Estreia em sala, 1978

Ficção científica inserida em cinema militante, rodado em pleno PREC. A Confederação imagina um Portugal dividido entre dois estados claramente delimitados a nível social, político e filosófico: Norte e Sul. A tensão e monitorização entre estas duas esferas é constante, mas não impede que Maria, técnica das Brigadas Anti-Sísmicas, e António, Segundo-Tenente das Milícias, encontrem uma forma de se entregarem a uma relação proibida.

prémios

Grande Prémio Internacional da Figueira da Foz, 1977

Menção Honrosa no XXI Festival Internacional do Filme de Autor, San Remo, 1978

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DE LUÍS GALVÃO
TELES

“O DA LUTA DO POVO, DOS OPERÁRIOS, CAMPONESES E SOLDADOS, CONTRA A OPRESSÃO, CONTRA TODAS AS FORMAS DE OPRESSÃO.”

“A inocência e a ignorância são hoje imperdoáveis. Elas são apenas formas camufladas de cobardia e de deserção (não é por acaso que me reporto a crimes militares). Vivemos horas limite, horas que nos tínhamos habituado a colocar em sucessivos e adiados futuros. Elas aí estão. São momentos incómodos, desconfortáveis onde perpassa a inquietude. Mas são também momentos exaltantes.”

AMADEU LOPES SABINO, argumentista. Excerto de Era uma vez uma Confederação, 1977

“Para aqueles que angustiadamente se esforçam por encontrar para cada filme a sua “chave” aqui fica um exemplar para que não venham bater com a cabeça nas portas. A “chave” reside na luta entre dois filmes, entre dois discursos: um que se desenvolve – o retrato da opressão tirado pela camara-olho da pequena burguesia que, viciada como está pelas imagens de classe, mais não é capaz do que fotografar os seus próprios fantasmas. Outro que se anuncia: o da luta do povo, dos operários, camponeses e soldados, contra a opressão, contra todas as formas de opressão.”

LUÍS GALVÃO TELES, realizador. Excerto de Pontos de Referência, 1977

“Para alguém cujo ofício tem sido fazer cantigas, é natural que uma primeira experiência ‘a sério’ de música de filme denuncie essa especialização. Sou autor e intérprete de cantigas – letras, músicas, arranjos, etc – muito mais do que compositor tout court. No que diz respeito ‘A grande funcionalidade da música no filme, como elemento identificador de um discurso (o poder e a sua conservação) e de um contra-discurso (a luta e a subversão), tornava-se uma tentadora e difícil aposta, cujo êxito se iria naturalmente centrar no acerto do tema. Acho que foi conseguido – tanto no tema criado pelo Sérgio e pelo Fausto (o do discurso) como no tema do contra-discurso. São claras, num como noutro caso, as escolhas feitas tanto na melodia, como nos ritmos e harmonias, ou ainda nas instrumentações utilizadas. Ou, ainda, nas letras. Numa palavra, as referências de “estilo.”

JOSÉ MÁRIO BRANCO, autor da banda sonora. Excerto de Nostalgia do Futuro, 1977

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“O que mais me seduziu, neste caso, foi fazer um trabalho “ao contrário”. Ou seja, pondo a coisa a traço grosso, escrever, em vez de canções “progressistas” que faço, uma canção reacionária. O caminho mais fácil seria, evidentemente, a caricatura, o grotesco, o sarcasmo evidente como forma de desmontagem, assim contribuindo para a destruição, que é feita no filme, da ideologia dominante de Confederação. Mas era-me evidente também que esta força seria uma fraqueza – por um lado o desvendar à partido do carácter reaccionário da Confederação, e por outro lado (que aliás é o mesmo…) o não deixar todos os elementos da linguagem jogarem entre si, se entre-esclarecerem, e assim esclarecerem o espectador. Isto quer dizer que o tema oficial da Confederação tinha que ser “a sério”, jogando sobre os elementos que, no fim de contas, são os mais ambíguos, certos valores que quase tanto dão para um lado como para o outro, se não fosse… se não fosse tudo o resto.”

SÉRGIO GODINHO, autor de tema.

Excerto de Imagem a Imagem, Nota a Nota, 1977

“A Confederação é uma associação de grades, imaginárias ou não. / Um homem e uma mulher são postos dentro de uma gaiola para fingir que são pássaros. / Do lado de fora da gaiola, um exército disciplinado de macacos alados jura defender os pássaros em liberdade dentro das gaiolas. / A mulher começa então a cantar canções da sua infância e, de joelhos, anda à roda do quarto enquanto vai bebendo café expresso amargo.”

GILBERTO MARTINS (pseudónimo de Margarida Carpinteiro), atriz. Excerto de Os Pássaros Azuis, 1977

COMO IMAGENS DE UMA LUTA QUE NÃO PODEMOS ESQUECER

SOB PENA DE A NÃO CONTINUARMOS.”

In Diário de Lisboa, fevereiro 1977

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“FILME INCÓMODO, O DE GALVÃO TELES, ELE PODERÁ ESTAR EM BREVE NOS NOSSOS ÉCRANS – COMO UMA MEDITAÇÃO E TAMBÉM

“Deixei para último lugar uma obra de Luís Galvão Teles intitulada “A Confederação”. Creio que este filme pode vir a ser “uma pedra de toque” em relação a toda a realidade portuguesa: o seu destino será prenúncio do nosso. Logo nisto se mede a imensa coragem deste cineasta capaz de transpor o esteticismo rigoroso da sua experiência (”Bestiaire”) para o campo do cinema político mais lúdico e intrépido sem perder nesta transferência a marca da exigência e qualidade a que o seu nome desde o início se ligou. E se não posso deixar de dizer que os pressupostos políticos de Luís Galvão Teles estão muito longe de coincidir com os meus, aprecio imenso que o filme seja capaz de contagiar e comunicar para além disso, e se proponha disponível à leitura desinibida de qualquer sensibilidade de esquerda. (…).

O fio do filme resume-se ao efeito detonador que constitui a inscrição da “Diferença real” (a diferença sexual) sobre o pano de fundo da opressão da Grande Indiferença imperialista e pluralista, cabendo ao cineasta a função de rastrear na história vivida ou imaginária os múltiplos efeitos desta inscrição explosiva: e é aqui que a recente experiencia Portuguesa tem um punhado de imagens inesquecíveis e que fazem deste filme uma das mais belas homenagens estéticas ao movimento militar e popular do 25 de abril.”

EDUARDO PRADO COELHO.

“Quatro Novos Filmes Portugueses”, in Opção, junho 1977

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“Com a modificação do slogan central que passa a ser “A HIERARQUIA DAS FORÇAS ARMADAS FAZ A REVOLUÇÃO – O POVO TRABALHA E OBEDECE”, a pressão acentua-se. A Confederação também se pode considerar o estudo dum país em profunda neurose política, ainda que nos seja deixada a esperança de que “o povo faz a história”.

JOSÉ

VAZ PEREIRA,

6.º Festival Internacional de Figueira da Foz, “Via Criativa para o Cinema Português”, in A Capital, 9 setembro 1977

“Ora, é triste que mais um filme português continue a mergulhar nas águas da grande confusão narrativa – independentemente de em termos ideológicos ser um filme perigoso, porque não nos transmite uma visão objetiva dos factos reais. (…) Para finalizarmos, esperamos e desejamos, muito sinceramente, que os próximos filmes de Luís Galvão Teles (que em trabalhos anteriores até se tem revelado criativo) nos ofereça algo de mais positivo e substancial debruçando-se, especialmente, sobre o tratamento das temáticas de modo a que estas sejam elaboradas com mais cuidado e reflexão. É importante que este realizador não se esqueça que o cinema, como tantas outras formas de expressão artística, deva ser executado para que o povo o entenda, pois só assim a nossa pequena cinematografia poderá encontrar a aceitação popular que merece.”

LUÍS

MACHADO,

in Panorâmica, abril 1976

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“Confesso-me indeciso, inseguro, mesmo um tanto ou quanto receoso de falar duma fita extremamente polémica, especialmente se for devidamente integrada (e parece-me impossível que as pessoas não o façam), assim, aina acabado de sair da fornalha. Só estive no debate dez minutos e nada sei, portanto, da reação das pessoas. Parecem-me divididas. Não uns contra os outros. Mas todos divididos dentro de si próprios, como esperando informações, antes de darem um passo em frente que pudesse ser falso.”

PEDRO MATOS, “Confederação, Um Filme Extremamente Polémico”, in A Luta, 8 setembro 1977

“Trata-se de uma experiência a vários níveis original, abrindo caminho para um cinema político de cariz popular, tanto no tratamento como no conteúdo. (…) Possuído de uma rebeldia interior que muitas vezes parece francamente libertária, e daí o caracter terapêutico comunicado, “A Confederação” é uma proposta de fazer cinema quase, quase ideal. Afastando-se insolentemente das densidades melancólicas ou politico-fúnebres que invadem o cinema português, Galvão Teles e a Cinequanon conseguem fornecer um tesouro raro: um riso que se alastra num punho que se ergue, uma insolência que se torna revolucionária, um sintoma que denuncia toda a doença.”

MIGUEL ESTEVES CARDOSO.

“Figueira da Foz: Festival de Cortinas Corridas”, in O Jornal, setembro 1977

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26 abril 2023

cinema

A CONFEDERAÇÃO

O POVO É QUE FAZ A HISTÓRIA DE LUÍS GALVÃO TELES

Sala Luis Miguel Cintra Quarta, 20h

Duração: 1h47; M/12

Entrada livre sujeita à lotação da sala

Realização: Luís Galvão Teles; Argumento: Amadeu Lopes Sabino, Luís Galvão Teles, Jorge Cortez (Poema); Elenco: Margarida Carpinteiro, Carlos Cabral, Ana Zanatti, Artur Semedo, Luís Santos, Jorge Vale, Santos Manuel, Constança Navarro, Ricardo Pais, Orlando Costa, Ira Ruivo; Fotografia: Elso Roque; Montagem: Clara Diaz-Bérrio; Música original: José Mário Branco, Sérgio Godinho, Fausto; Assistente de Realização: Amílcar Lyra; Direção de Produção: Cremilde Mourão; Produção: Leonel Brito; Produtora: Cinequanon

Filme digitalizado pela Cinemateca Portuguesa no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência.

Integrado nas Festas de Abril 2023

Direção Artística Aida Tavares Direção Executiva Ana Rita Osório Assistente da Direção Artística Tiza Gonçalves Adjunta Direção Executiva Margarida Pacheco Secretária de Direção Soraia Amarelinho Direção de Comunicação Elsa Barão Comunicação Ana Ferreira, Gabriela Lourenço, Nuno Santos Mediação de Públicos Téo Pitella Direção de Produção Mafalda Santos Produção Executiva Catarina Ferreira, João Romãozinho, Marta Azenha Direção Técnica Hernâni Saúde Adjunto da Direção Técnica João Nunes Produção Técnica Margarida Sousa Dias Iluminação Carlos Tiago, Cláudio Marto, Ricardo Campos, Sérgio Joaquim Maquinaria António Palma, Miguel Rocha, Vasco Ferreira, Vítor Madeira Som João Caldeira, Gonçalo Sousa, Nuno Saias, Rui Lopes Operação Vídeo Filipe Silva Manutenção e Segurança Ricardo Joaquim Coordenação da Direção de Cena Marta Pedroso Direção de Cena Maria Tavora, Sara Garrinhas Assistente da Direção de Cena Ana Cristina Lucas Camareira Rita Talina Bilheteira Diana Bento, João Reis, Pedro Xavier

teatrosaoluiz.pt

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