Folha de sala OS BELOS DIAS DE ARANJUEZ

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são luiz teatro municipal

de Peter Handke com Isabel Abreu e J o ã o P e d r o Va z E n c e nação d e Tiag o G u e d e s

Os Belos Dias de Aranjuez

Quinta a Sábado às 21h00 Domingo às 17h30 Teatro-Estúdio Mário Viegas; M/14 DURAÇÃO: 1h15

CONVERSA COM A EQUIPA ARTÍSTICA, SÁBADO DIA 21 FEv APÓS O ESPECTÁCULO


Os Belos Dias de Aranjuez, peça escrita por Peter Handke em francês durante o Verão de 2011, é um diálogo sobre o amor, numa tradição que poderíamos fazer remontar a O Banquete de Platão. Uma mulher e um homem, na cumplicidade trazida por uma longa intimidade e pela beleza de um fim de tarde de Verão, falam de amor, da primeira vez, num jardim que é como o primeiro jardim. O homem faz perguntas, de acordo com regras que parecem ter sido estabelecidas antecipadamente, como num jogo. Às recordações de amor misturam-se recordações de viagem e descrições do mundo que os rodeia (às vezes ameaçador), que testemunham uma atenção excepcional aos sinais da natureza, quase imperceptíveis e que são indissociáveis dos mistérios que o homem e a mulher procurar decifrar.

Desnuda está la tierra A. Machado

Desnuda está la tierra, y el alma aúlla al horizonte pálido como loba famélica. ¿Qué buscas, poeta, en el ocaso? ¡Amargo caminar, porque el camino pesa en el corazón! ¡El viento helado, y la noche que llega, y la amargura de la distancia!… En el camino blanco algunos yertos árboles negrean; en los montes lejanos hay oro y sangre… El sol murió… ¿Qué buscas, Poeta, en el ocaso?

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sobre o espectáculo Tiago Guedes “E de novo um Verão. De novo um belo dia de Verão. Um jardim. Um terraço. Uma mulher e um homem debaixo de árvores que não se vêem, só se ouvem, com um suave vento de Verão que, de vez em quando, marca o ritmo da cena. Uma mesa de jardim muito grande, vazia, entre a mulher e o homem. Ambos vestidos com roupa de Verão, a da mulher mais clara, a do homem mais escura, como que fora do tempo, e sentados longe um do outro. Eles próprios como que fora do tempo, fora de toda e qualquer actualidade e, mais do que isso, fora de todo e qualquer enquadramento histórico e social, o que não significa que estejam fora da realidade – não será o contrário? Já vamos ver (e ouvir). E, para começar, tanto um como o outro, sem se olharem, escutam por muito tempo o sussurro das folhas invisíveis no vento de Verão, sentados sob um céu que imaginamos grande, atravessado esporadicamente pelos gritos das andorinhas. É como se a cada sussurro das árvores decorresse uma hora, ou um dia inteiro.” E assim é dado o pontapé de saída no texto de Peter Handke. Depois de ler estas palavras, fiquei com uma vontade genuína de fechar o livro, olhar para a mesa que estava em frente a mim debaixo de umas árvores e esperar que os personagens descritos começassem a falar. O universo descrito fez-me querer ver e ouvir. Será hoje. Uma noite de Outono, “a estação em que cada sombra finge, inventa presenças, lembra as ausências, lembra a dor, a tristeza, lembra o que falhámos.” Ao trabalhar este texto com os actores e equipa, quis explorar uma ideia de fragilidade. Não só a que existe em cada um de nós, mas principalmente a fragilidade que surge das relações. É tudo sempre tão vulnerável. O entendimento do Outro está sempre sujeito a tantas variantes, tantas interpretações, erros, falhas e percepções erradas. Por maior que seja o nosso esforço e vontade, o ponto de vista é sempre e apenas o nosso. É comovente perceber como se cometem os mesmos erros vezes sem fim, sempre com a esperança de que o desenlace seja diferente. Mas a verdade é que a vida é esta luta, esta busca de comunhão, esta procura de convergência, mesmo que esporádica, entre dois seres. “Cada ser procura o seu outro, até o unicelular.”

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Encenação Tiago Guedes Tradução Maria Manuel Viana Adaptação livre Joana Frazão, Tiago Guedes e elenco Interpretação Isabel Abreu e João Pedro Vaz Desenho de luz Nuno Meira Cenografia e figurinos Ângela Rocha Apoio na construção do cenário Toninho Neto Sonoplastia Hugo Leitão e Ève Corrêa-Guedes Apoio técnico Amarílis Felizes Produção executiva Magda Bizarro Apoio O Espaço do Tempo, Take it easy, Miosótis, BA Vidro SA, Herdade do Freixo do Meio, Quinta da Comenda, griffehairstyle, Skinlife, Biosafe. Produção LEFFEST / CCB Agradecimentos Alfredo Cunhal, Ângelo Rocha, Eng. João Leão Costa, Francisco Garcia, Frederico Serra, Isabel Pereira, Jerónimo Rocha, José Curvelo, Lydia Neto, Manuela Santos, Nélia Gomes, Sara Marques, Sr. Manuel Palmeiro, Susana Picanço, Toninho Neto, Zé Luís Peixoto e Câmara Municipal de Arronches

São Luiz tEatro municipal Direcção Executiva Programação Temporada 2014-2015 Aida Tavares Programação Mais Novos Susana Duarte Adjunta Direcção Executiva Margarida Pacheco Secretariado de Direcção Olga Santos Direcção de Produção Tiza Gonçalves (Directora) Susana Duarte (Adjunta) Mafalda Sebastião Margarida Sousa Dias Direcção Técnica Hernâni Saúde (Director) João Nunes (Adjunto) Iluminação Carlos Tiago Ricardo Campos Ricardo Joaquim Sérgio Joaquim Maquinistas António Palma Cláudio Ramos Paulo Mira Vasco Ferreira Som Nuno Saias Ricardo Fernandes Rui Lopes Encarregado Geral Manuel Castiço Secretariado Técnico Sónia Rosa Direcção de Cena José Calixto Maria Távora Marta Pedroso Ana Cristina Lucas (Assistente) Direcção de Comunicação Ana Pereira (Directora) Elsa Barão Nuno Santos Design Gráfico Silva Designers Bilheteira Cidalina Ramos Hugo Henriques Soraia Amarelinho Frente de Casa Letras e Partituras Coordenação Carla Pignatelli Inês Macedo Assistentes de Sala Carolina Serrão Domingos Teixeira Filipa Matta Helena Malaquias Hernâni Baptista Inês Garcia João Cunha Sara Fernandes Sara Garcia Sofia Martins Carlos Ramos (Assistente) Segurança Securitas Limpeza Astrolimpa

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