são luiz teatro municipal
30 abr
isto não é um recital de poesia
Poesia e Música com Sérgio Godinho, Nuno Artur Silva, Mitó Mendes, Noiserv e desenho digital em tempo real de António Jorge Gonçalves
quinta às 22h30 Jardim de Inverno Duração: 60min
SÉ RGIO GODINHO
Isto não é um recital de poesia a poesia é intraduzível por palavras a poesia inexplicável. Por isso, não se deveria explicar que isto não é um recital de poesia. Desde logo, um conceito destinado à sepultura. Enterre-se, fim. Mas antes da pá derradeira, remexamos algum chão: Que poetas se salvaram nos destroços da cultura? que poetas nos salvaram nos destroços amor desamor alento desalento êxtase negociação ruas perdidas? A cultura é fio a fio. Arrombei a casa, rasguei as teias de aranha Puxei as cortinas pesadas até encontrar o sol o fio-de-prumo encontrando apontando o reverso do sol. A cultura e a poesia da cultura atravessam fio a fio a distância da terra. Mas os fios emaranham-se no centro e na superfície. Entreteçam-nos! fios desordenados escolham as cores a alma as cores façam-nos crer que isto, tudo isto é (não é?) um recital de poesia.
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nu no artur silva
Um recital de poesia nunca é um recital de poesia. A poesia não tem hora e lugar marcado. E não é pública nem mundana, mas secreta e incerta. Fala para toda a terra dizendo um segredo a um só ouvido.* Tal como o humor, que não está na anedota que se conta para fazer rir, mas antes, se calhar, no falhanço da anedota, a poesia pode estar no falhanço do recital. A poesia não está no poema anunciado: agora silêncio que vamos ler poesia. A poesia está no que não se lê, no verso esquecido, no verso mal lido, no não ouvido, no que se vê: no olhar da miúda da segunda fila, no chapéu, exageradamente grande, do homem – exageradamente pequeno?, que acabou de entrar, no encontro que não se deu entre aquela rapariga e aquele rapaz, na esquina onde eles não se encontram. Não a procuro, a poesia, no recital em sim, mas no que no recital é ruído e acaso. Resta-nos, ao ler, fazer arder o ardil do poema e esperar que o brilho dos versos liberte, como uma flor no lixo, uma música qualquer… * Perífrase de um poema de Luiza Neto Jorge
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Uma troca conversada de poemas e canções de amores e combates, incluindo considerações avulsas sobre o como as vozes nessas letras dão corpo aos seus manifestos. Textos e canções Adília Lopes Al Berto Alexandre O’Neill Alfredo Marceneiro Caetano Veloso Camões Carlos de Oliveira Chico Buarque Dinis Machado Jorge Palma José Régio Luiza Neto Jorge Manuel António Pina Manuel Cruz Paul Éluard Paulo Leminski Pedro Mexia Sá de Miranda Silva Tavares Zeca Afonso… e Sérgio Godinho e Nuno Artur Silva E o que mais se verá e ouvirá…
São Luiz tEatro municipal Direcção Artística Aida Tavares Direcção Executiva Joaquim René Programação Mais Novos Susana Duarte Adjunta Direcção Executiva Margarida Pacheco Secretariado de Direcção Olga Santos Direcção de Produção Tiza Gonçalves (Directora) Susana Duarte (Adjunta) Margarida Sousa Dias Direcção Técnica Hernâni Saúde (Director) João Nunes (Adjunto) Iluminação Carlos Tiago Ricardo Campos Ricardo Joaquim Sérgio Joaquim Maquinistas António Palma Cláudio Ramos Paulo Mira Vasco Ferreira Som Nuno Saias Ricardo Fernandes Rui Lopes Secretariado Técnico Sónia Rosa Direcção de Cena José Calixto Maria Távora Marta Pedroso Ana Cristina Lucas (Assistente) Direcção de Comunicação Ana Pereira (Directora) Elsa Barão Nuno Santos Design Gráfico Silva Designers Bilheteira Cidalina Ramos Hugo Henriques Soraia Amarelinho Frente de Casa Letras e Partituras Coordenação Carla Pignatelli Inês Macedo Assistentes de Sala Carolina Serrão Domingos Teixeira Filipa Matta Helena Malaquias Hernâni Baptista Inês Garcia João Cunha Sara Fernandes Sara Garcia Sofia Martins Carlos Ramos (Assistente) Segurança Securitas Limpeza Astrolimpa
Produção executiva Produções Fictícias Co- apresentação Produções Fictícias São Luiz Teatro Municipal
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