15 A 20 FEV 2022 TEATRO M/12
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TE AT RO DA TE RR A teatrosaoluiz.pt
difícil regresso a Berlim e o seu papel de “mãe” para manter Bert no equilíbrio propício às suas necessidades criativas. A Última Refeição nasceu de um convite feito por Maria João Luís a António Cabrita: “Pedi-lhe um texto onde Weigel e Brecht falassem sobre as suas vidas. Não se pode falar de teatro nos últimos 100 anos sem se referir o teatro de Brecht. No entanto, pouco conhecemos das suas vidas e era isso que queria pôr no palco, para que ficassem mais claras as suas opções de vida e enquanto artistas. O espetáculo não tem a pretensão de ensinar ou caracterizar estes dois artistas, mas talvez relembrar as dificuldades imensas que tiveram na sua época, e que apesar delas deixaram um legado importantíssimo para história do teatro”, explica Maria João Luís, para quem esta atriz a que agora dá corpo em palco foi “uma mulher fortíssima”, que gostava de entender. “Inicialmente, chegámos a pensar
A atriz Maria João Luís está sozinha em palco. É Helena – é Helen Weigel, mulher nascida em Viena em 1900, atriz fundamental da sua geração, casada com o dramaturgo Bertolt Brecht, diretora artística do Berliner Ensemble, militante do Partido Comunista e protagonista e encenadora, entre outras peças, de Mãe Coragem e seus Filhos. No palco, Helena dispõe os ingredientes sobre a banca e prepara uma última refeição para Bert, já morto. Escolheu fazer-lhe uma receita especial: frango na púcara com temperos à Mãe Coragem. Enquanto cozinha, vai discorrendo sobre a sua vida com Bert: as grandes alegrias por partilharem de um transcendente sonho teatral e por se confiarem incondicionalmente no palco, numa sintonia que os levou ao êxito, e por outro lado o sofrimento com as traições conjugais, o carácter de pinga-amor do Brecht e a sua noção alargada de “família”; a dureza da vida no exílio; o 2
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MARIA JOÃO LUÍS E HELEN WEIGEL, DUAS ATRIZES E UM FRANGO NA PÚCARA
João Luís, estes são trabalhos que não a largam. “Como não dependemos do outro, estamos sempre a trabalhar. Isso agrada-me num monólogo. Em qualquer altura podemos trabalhar. Não dependemos de ninguém… Estás na casa-de-banho, estás a trabalhar. Estás na cozinha a fazer o jantar e estás a dizer texto. Vais no carro a guiar e vais a pensar: ‘Como é que digo isto? Como é que faço isto? Como é que faço aquilo?’. É muito obsessivo. Agarra-te e já não te larga. Estou num monólogo constantemente.” Agora, em A Última Refeição, Maria João Luís diz as palavras de Weigel. Não se identifica com a mulher de Brecht, mas reconhece na atriz aquilo que a atrai em todos os atores: a entrega, a capacidade de metamorfose, a coragem. Tal como ela, ali sozinha neste palco.
este espetáculo para dois atores, como uma conversa entre Brecht e Weigel. A ideia amadureceu e, a partir de certa altura, desviámos para a ideia de monólogo a partir de uma conversa entre os dois no dia da morte dele”, conta. Uma vez mais, Maria João Luís entrega-se a um monólogo. Como dizia numa conversa com a atriz Luísa Cruz, publicada na Revista São Luiz, gosta muito deste género teatral. “Quando me falam em lado solitário de um monólogo, penso que isso não existe. Continuamos a trabalhar com uma equipa. Não são atores, que estão connosco no palco, mas também são atores naquele projeto. Acho que o único momento em que me sinto sozinha num monólogo é antes de entrar em cena. Não tens ninguém a quem desejar merda ou ninguém a quem dar a mão. Não tens ninguém… Estás ali e vais… vais entrar na arena, não é?” Para Maria
teatro são luiz, fevereiro 2022 3
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15 a 20 fevereiro 2022 teatro
A ÚLTIMA REFEIÇÃO ANTÓNIO CABRITA DE
Sala Mário Viegas Terça a sábado, 19h30; domingo, 16h Duração: 1h15 (aprox.); M/12 €12 (com descontos) Texto: António Cabrita; Encenação: António Pires; Interpretação: Maria João Luís; Cenografia: José Manuel Castanheira; Composição e Direção Musical: João Lucas; Desenho de Luz: Pedro Domingos Coprodução: Teatro da Terra, Casa das Artes de Vila Nova Famalicão, Teatro Municipal de Bragança e São Luiz Teatro Municipal teatro da terra Parceria: Câmara Municipal do Seixal; Estrutura financiada por: República Portuguesa Cultura / Direção-Geral das Artes Direção Artística Aida Tavares Direção Executiva Ana Rita Osório Assistente da Direção Artística Tiza Gonçalves Adjunta Direção Executiva Margarida Pacheco Secretária de Direção Soraia Amarelinho Direção de Comunicação Elsa Barão Comunicação Ana Ferreira, Gabriela Lourenço, Nuno Santos Mediação de Públicos Téo Pitella Direção de Produção Mafalda Santos Produção Executiva Andreia Luís, Catarina Ferreira, Marta Azenha, Tiago Antunes Direção Técnica Hernâni Saúde Adjunto da Direção Técnica João Nunes Produção Técnica Margarida Sousa Dias Iluminação Carlos Tiago, Cláudio Marto, Ricardo Campos, Sérgio Joaquim Maquinaria António Palma, Miguel Rocha, Vasco Ferreira, Vítor Madeira Som João Caldeira, Gonçalo Sousa, Nuno Saias, Ricardo Fernandes, Rui Lopes Operação Vídeo João Van Zelst Manutenção e Segurança Ricardo Joaquim Coordenação da Direção de Cena Marta Pedroso Direção de Cena Maria Tavora, Sara Garrinhas Assistente da Direção de Cena Ana Cristina Lucas Camareira Rita Talina Bilheteira Cristina Santos, Diana Bento, João Reis
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