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À conversa com André Murraças, a propósito de Espetáculo Guiado
bilheteira a cantar com o protagonista. Era a minha homenagem àquelas pessoas e ao mundo dos musicais, que pode ser tão diversificado e fascinante.
Não é a primeira vez que faz um espetáculo com base nas histórias e bastidores de um Teatro. Já o fez aqui no São Luiz em 2017, com Fantasmas, sobre as Irmãs Gramática, e também no Porto, em 2018, com Coro, com trabalhadores do Rivoli. O que o atrai nestes temas? Atraem-me pessoas com histórias singulares. E sobretudo escrever sobre elas depois de ir ao seu passado. Um dramaturgo, Simon Stephens, com quem fiz um workshop, dizia-me que “writing is nostalgia” (“escrever é nostalgia”). Identifico-me imenso com isso. Nos meus trabalhos há sempre essa viagem ao passado, na maior parte dos casos para contar histórias que não foram contadas, sobre pessoas com vidas incríveis e que tendemos a desconhecer ou, pior, apagar. Fantasmas era sobre dois fantasmas que assombram o Teatro São Luiz – facto que recuperamos para este Espetáculo Guiado e que me permitiu entrar no universo da magia e das sessões espíritas. No caso do musical Coro quis fazer um musical que não fosse “um desses musicais”, como se cantava no início. Portanto, entrávamos nas vidas dos colaboradores do Rivoli e víamos a senhora da limpeza a dançar tango ou a menina da
Já conhecia a história do Teatro São Luiz. Ainda assim, fez descobertas na preparação deste Espetáculo Guiado? Está-se sempre a descobrir coisas novas. Depois da estreia no ano passado fiquei a saber mais coisas que não conhecia e elas entram na versão que vamos ver agora. Por exemplo, desconhecia que foi aqui que a Maria Barroso teve problemas com a censura... O que quis contar neste espetáculo? Como fez a seleção das histórias? O foco era levar os espectadores para dentro do Teatro, a sítios onde não costumam estar e contando histórias, algumas desconhecidas, sobre as pessoas que por aqui passaram. Mas não se queria uma visita guiada. Queria-se e quer-se um espetáculo com atores, maquinaria, truques e playbacks. Porque o teatro é isso. O meu, pelo menos. Qual é a sua história preferida de todas as que escolheu contar? Adoro teatros assombrados porque adoro fantasmas e o mundo do oculto. Isto vem, acho, do meu gosto também pela magia e ilusionismo. As minhas primeiras experiências de palco foram 2
Todos temos as nossas memórias do Teatro São Luiz. Quer partilhar alguma das suas…? Venho ao São Luiz desde que me lembro e para ser sincero nem me lembro qual foi o meu primeiro espetáculo aqui. Sei dizer, por exemplo, que foi especial ver a Pina Bausch aqui, como aliás o Francisco Goulão conta no espetáculo – a memória é minha não é dele – e foi também onde tive uma das minhas maiores deceções teatrais, ao ver um dos meus encenadores preferidos no seu menos bem conseguido espetáculo.
como mágico, primeiro nas festas de natal de casa, depois a sério, em competições. Cheguei a ser premiado no Festival de Magia da Figueira da Foz... O teatro é a mágica. A ilusão. São dois amores: o teatro e a magia. Um fantasma num teatro – e todos os teatros têm fantasmas! – é uma maneira do teatro ser imortal. Ter sempre ali um ente que o perpetua. E isso para quem gosta de histórias é irresistível. Nesse sentido, a história das irmãs italianas que assombram este edifício é a minha escolha. Ah, e diz-se – atenção, diz-se – que o cão de companhia, o Dachshund de uma delas, também anda por aí a cirandar. Ora fiquem atentos...
Outra frase deste Espetáculo Guiado: “Todos nós queremos acreditar em histórias. Mesmo que não sejam verdadeiras.” É esse um dos fascínios do teatro? Respondo com outra frase, não minha, mas do Oscar Wilde: “A ilusão é o maior dos prazeres.”
São fascinantes, os bastidores de um teatro? Vejo sempre os bastidores como uma sociedade secreta. Onde as pessoas se despem em frente das outras, mas onde também circulam muitos segredos. É o que separa o mundo real do palco. Aquele último momento antes de começarmos a mentir.
Foi no São Luiz que Almada Negreiros deu a sua Conferência e leu o Ultimatum Futurista às Gerações Portuguesas do século XX, de que também se fala aqui. Mais de 100 anos depois, como nos vê aqui neste Portugal de 2019? Sou mágico, mas não consigo fazer previsões, infelizmente... Diria que nos faltam mais Almadas, que nos devemos preocupar com o rumo das coisas em cena e fora dela.
“Um Teatro é como uma pessoa, feito de memórias”, diz-se no espetáculo. São importantes, as memórias? São quase tudo. Acredito muito nisso. Marcam e movem-nos. No teatro e em tudo na vida, se não conhecermos o nosso passado é impossível fazer o depois.
Entrevista realizada em fevereiro 2019, por Gabriela Lourenço / Teatro São Luiz
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© Estelle Valente
são luiz
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Na madrugada de 13 de setembro de 1914, o então chamado Teatro da República é consumido por um grande incêndio. O fogo destrói, por completo, o palco, a sala e o arquivo onde estavam guardados os originais de peças e partituras. Salvam-se a fachada, o Jardim de Inverno e, diz-se, um único adereço: um santo num oratório, hoje visível ao fundo do palco (e sempre iluminado, por superstição). Durante a reconstrução do edifício, a companhia residente muda-se para o Teatro de São Carlos, onde fica até ao dia 15 de janeiro de 1916, data da reabertura do Teatro da República. A inauguração faz-se com a estreia da peça Os Postiços, de Eduardo Schwalbach, e conta com a presença do Presidente da República, Bernardino Machado. SÃO LUIZ TEATRO MUNICIPAL
9 e 10 março 13 e 14 abril teatro reposição
ESPETÁCULO GUIADO ANDRÉ MURRAÇAS
Sábado e domingo, 16h e 21h Por vários espaços do Teatro / início no Foyer A classificar pela CCE Duração: 50 min. €12 com descontos Encenação, Texto e Cenografia: André Murraças; Interpretação: Francisco Goulão, Ana Teresa Magalhães e Carla Flores; Produção executiva: Um Marido Ideal Espetáculo estreado em 16 junho 2018
Direção Artística Aida Tavares Direção Executiva Joaquim René Assistente da Direção Artística Tiza Gonçalves Programação Mais Novos Susana Duarte Adjunta Direção Executiva Margarida Pacheco Secretária de Direção Soraia Amarelinho Direção de Produção Mafalda Santos (Diretora), Andreia Luís, Catarina Ferreira, Margarida Sousa Dias, Mónica Talina, Tiago Antunes Direção Técnica Hernâni Saúde (Diretor), João Nunes (Adjunto) Iluminação Carlos Tiago, Nuno Samora, Ricardo Campos, Sérgio Joaquim Maquinistas António Palma, Paulo Lopes, Paulo Mira, Vasco Ferreira Som João Caldeira, Gonçalo Sousa, Nuno Saias, Ricardo Fernandes, Rui Lopes Vídeo João Van Zelst Manutenção e Segurança Ricardo Joaquim Direção de Cena Marta Pedroso (Coordenadora), Maria Tavora, Sara Garrinhas, Ana Cristina Lucas (Assistente), Rita Talina (Camareira) Direção de Comunicação Elsa Barão (Diretora), Ana Ferreira, Gabriela Lourenço, Nuno Santos Bilheteira Cristina Santos, Diana Bento, Renato Botão
TEATROSAOLUIZ.PT