METROPOLIS - 2019

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FOTOGRAFIA ANTÓNIO MARINHO DA SILVA

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À conversa com Filipe Raposo, a propósito da nova partitura de Metropolis

O filme passa-se em 2026, quase o nosso presente, como foi fazer hoje essa revisitação? A proposta que me foi feita para celebrar os 125 anos do Teatro São Luiz pedia a criação de um elo comunicante entre a obra que tinha sido apresentada em 1928 e a nossa contemporaneidade. Quis trazer a minha visão de futuro, que é o nosso presente, sedimentando-a na influência que o cinema tem na minha música. É sobre isso, o filme: o futuro das nossas cidades – e pensei esta banda sonora como amostra do que são as diferentes cidades que habitamos. Este Metropolis é uma soma das muitas cidades que visitamos e que descobrimos constantemente. Quando comecei a escrever a partitura estava de volta do livro de Italo Calvino As Cidades Invisíveis, que fala também de cidades metafóricas e acredito que a música pode trazer também esse lado metafórico. O filme tem a ver com a ideia de futuro, com a paixão e a sedução, com a utopia e os mitos, com a luta de classes e o capitalismo. O que tento trazer para aqui é esta sumula de ingredientes que fazem do Metropolis o filme que é.

Já antes tinha acompanhado Metropolis ao piano, mas desta vez o desafio foi bem maior. Já acompanhei o filme várias vezes na Cinemateca, por isso, tinha uma proximidade com ele. Mas a forma como trabalho os filmes mudos ao piano é diferente de escrever uma banda sonora inteira para uma orquestra de câmara. No São Luiz, em 1928, o filme estreou com 15 músicos e foi a partir dessa formação que escrevi a nova banda sonora. Agora, estou em palco com 14 músicos da Orquestra Sinfónica Portuguesa, sob a direção do maestro Cesário Costa, e isso é muito diferente. Dividi o filme por capítulos, que me ajudam a orientar e a hierarquizar prioridades na composição, e fui fazendo uma espécie de puzzle, um mapa geográfico do filme. Quando acompanho um filme ao piano, existe uma técnica mista de composição e improvisação. Neste Metropolis só haverá alguma improvisação quando estiver sozinho ao piano, porque a partitura já está toda escrita.

Como se transformam todas essas ideias em música? Existe uma agitação em determinados momentos do filme e aí exploro texturas minimais, elementos repetitivos que vão criando pequenas variações do 2

Também se cita a si? Cito-me a mim, sim. Há citações de duas peças que já escrevi, porque no momento em que estava a escrever achei que fazia sentido. É uma forma de revisitar a minha música.

tema principal. Também há uma escrita coral em quatro partes, uma técnica que se usa desde o Barroco e que joga com a verticalidade das vozes, tal como a verticalidade dos arranha-céus que vemos no filme – um dos estímulos de Fritz Lang foi uma visita a Nova Iorque em 1925, onde ficou fascinado pelas cidades verticais – e que associo também aos menires da Antiguidade e à ideia de fertilidade e de fascínio pelo que não se conhece. Nesta partitura, há vários momentos em que parece que existe uma escala ascendente que tende para o mais infinito, são técnicas que se usam para simular essa subida aparentemente infinita.

O filme também pede momentos de silêncio? O silêncio é um elemento essencial para que a música exista. Hoje parece que há urgência em ocupá-lo. O filósofo George Steiner diz que a única forma de nos conhecermos é irmos ao encontro do nosso silêncio. E isso é uma tarefa muito árdua, estarmos sentados na nossa cave a escutar-nos a nós próprios é muito difícil. Mas é um exercício muito importante e também o é na música. O filme tem de ter silêncios. Há imagens e cenas que já têm música, já têm o som delas, não preciso de reforçar mais nada. Acredito que um dos segredos de fazer uma banda sonora e de acompanhar um filme mudo é precisamente perceber essas subtilezas: quando é que o filme pede a minha presença e quando é que a nega. E para isso é preciso estar muito atento, num diálogo poético constante, com o filme, o realizador, os atores… Em Metropolis, são duas horas de música, cinco mil compassos, é preciso haver muito rigor. E a partitura tem de expressar esse rigor. Não pode haver falhas.

E a sedução, como se põe em música? Ao longo desta partitura faço algumas citações de compositores que, para mim, têm uma grande capacidade de criar sedução. Um deles é Bach, o outro é Rameau. Faço citações de obras que considero emblemáticas dessa sedução. São linhas melódicas com contornos muito elegantes e uma harmonia muito equilibrada… Fez sentido apropriar-me de alguns motivos de peças deles e introduzir em determinados momentos da banda sonora, como quando os protagonistas se encontram ou quando estão numa igreja gótica. Tento criar pontes com o que é a minha música, mas também com a de outros compositores.

Entrevista realizada em novembro de 2019, por Gabriela Lourenço / Teatro São Luiz

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© Estelle Valente

15 a 17 novembro cinema musicado

METROPOLIS FILIPE RAPOSO MEETS FRITZ LANG estreia

Sexta e sábado, 21h; domingo, 17h30 Sala Luis Miguel Cintra A classificar pela CCE €12 a €15 com descontos Duração: 2h (aprox.) Composição, Piano e Celesta: Filipe Raposo; Maestro: Cesário Costa; Orquestra: Orquestra Sinfónica Portuguesa – I violino: Alexander Stewart; II violino: Paula Carneiro; Viola: Ceciliu Isfan; Violoncelo: Hilary Alper; Contrabaixo: Pétio Kalomenski; Flauta: Anabela Malarranha; Oboé: Luís Perez; Clarinete: Cândida Oliveira; Fagote: David Harrison; Trompa: Paulo Guerreiro, Carlos Rosado; Trompete: António Quítalo; Trombone: Jarrett Butler; Percussão (reforço): Cristiano Rios; Agradecimentos: Ricardo Vieira Lisboa

Em 7 de abril de 1928, o Teatro São Luiz é rebatizado de São Luiz Cine, transformando-se em cinema. A primeira sessão faz-se com a estreia em Portugal do filme Metropolis, de Fritz Lang. A exibição tem o acompanhamento de uma orquestra de câmara de 15 elementos, dirigida pelo maestro Pedro Blanch que executa a partitura de Gottfried Huppertz, tal como na estreia em Berlim no ano anterior. Uma obra-prima, expoente do expressionismo alemão, que cá, como no resto do mundo, não tem grande receção e fica menos de duas semanas em cartaz. Em 2019, na celebração dos 125 anos, o São Luiz convida o pianista e compositor Filipe Raposo a criar uma partitura original para Metropolis. Uma encomenda que surge como gesto simbólico, a ligar a memória do Teatro ao seu presente e futuro.

Uma encomenda São Luiz Teatro Municipal, numa parceria com a Cinemateca Portuguesa, em coprodução com o Teatro Nacional São Carlos

Direção Artística Aida Tavares Direção Executiva Ana Rita Osório Programação Mais Novos Susana Duarte Assistente da Direção Artística Tiza Gonçalves Adjunta Direção Executiva Margarida Pacheco Secretária de Direção Soraia Amarelinho Direção de Comunicação Elsa Barão Comunicação Ana Ferreira, Gabriela Lourenço, Nuno Santos Direção de Produção Mafalda Santos Produção Executiva Andreia Luís, Catarina Ferreira, Mónica Talina, Tiago Antunes Direção Técnica Hernâni Saúde Adjunto da Direção Técnica João Nunes Produção Técnica Margarida Sousa Dias Iluminação Carlos Tiago, Ricardo Campos, Tiago Pedro, Sérgio Joaquim Maquinaria António Palma, Filipa Pinheiro, Vasco Ferreira, Vítor Madeira Som João Caldeira, Gonçalo Sousa, Nuno Saias, Ricardo Fernandes, Rui Lopes Operação Vídeo João Van Zelst Manutenção e Segurança Ricardo Joaquim Coordenação da Direção de Cena Marta Pedroso Direção de Cena Maria Tavora, Sara Garrinhas Assistente da Direção de Cena Ana Cristina Lucas Bilheteira Cristina Santos, Diana Bento, Renato Botão

TEATROSAOLUIZ.PT


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