3 A 20 MAR 2022 TEATRO/ESTREIA
© Luís Santos
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CARLA VASCONCELOS
teatrosaoluiz.pt
O AMOR É UM SOM
Este projeto nasceu a partir de documentos legados por dois homens da rádio – Augusto Paiva, cantor que participava frequentemente no programa da Rádio Graça – O Comboio das Seis e Meia, sob a orientação de Igrejas Caeiro e Eugénio de Vasconcelos, homem do Rádio Clube Português(RCP), onde era responsável pelos conteúdos históricos, desde a década de 40 ao início da década de 70 do séc. XX e onde cantava também nos espetáculos públicos que eram feitos aos fins de semana nos extintos estúdios do RCP na Parede. De Augusto Paiva temos um espólio de documentos da época, partituras, documentos censurados e as canções que faziam os grandes sucessos da rádio. Entre os muitos documentos de Eugénio de Vasconcelos, encontra-se maioritariamente o espólio de efemérides e trabalhos de pesquisa histórica que fez para o RCP, textos rasurados pelos censores com o seu lápis azul, programas escritos em diálogo e, ainda, no arquivo da Rádio Difusão Portuguesa, uma entrevista histórica de 1968. Com todos estes documentos, decidimos dar voz a estes rostos desconhecidos da rádio, com uma motivação de recuperação de uma época em que tudo era mais devagar, onde a rádio era um veículo de várias expressões artísticas, culturais, políticas, divulgação de novos talentos nas mais diversas áreas e de entretenimento para milhares de pessoas que não tinham outras formas de receber informação ou distração. Nasce também a vontade de lembrar a importância da rádio numa época fechada não só da vida portuguesa, sob o jugo de uma ditadura, como de um mundo que sai de uma guerra e rapidamente entra noutra. Achamos pertinente assinalar momentos da História do mundo e do país, numa época em que vivemos engolidos pela velocidade das redes sociais, da informação a jorros, muitas vezes despojada de conteúdos, ou do fabrico em série de talentos que não persistem.
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Fazemos deste o espetáculo que a rádio fazia nos anos 40 e 50 para os ouvintes e, também, para uma plateia que podia assistir e até dançar ao som da orquestra. Teremos um alinhamento de programa de rádio, canções, reclames, crime e mistério, receitas para a boa dona de casa, rádio novela com um clássico da literatura portuguesa, músicos e foley, entrevistas e efemérides, num cenário de estúdio de rádio, multimédia com imagens de arquivo e desenho de luz para nos deixar suspensos num tempo de glamour onde o futuro não se adivinhava risonho em nenhum país da Europa. Pretendemos fazer algumas emissões em direto na rádio (Antena 2), pois este espetáculo é na verdade uma emissão/espetáculo à qual o público pode assistir, mas que será feita para ser ouvida, à semelhança do que se fazia no Teatro Politeama ou nos estúdios do RCP na Parede. A vida da rádio em Portugal comemora agora um século das suas primeiras emissões. Também acreditamos que é pertinente comemorar em palco a rádio que em tempos deu a conhecer tantos talentos nacionais, que de outra forma nunca chegariam ao grande público. É pertinente fazer com que este espetáculo saia da capital e chegue a todos os cantos do país, onde hoje, por outros fatores, continua a ser difícil levar o teatro e outras formas de expressão artística. “O Amor é Um Som Que Reclama Eco”, disse Júlio Diniz. Eco é a pertinência deste espetáculo, que conta com atores, com um homem da rádio que viveu parte desta época (Júlio Isidro), que nos vai falar de muitos rostos desconhecidos que fizeram a história da rádio, e com o Maestro Manuel Lourenço que dará vida com os seus músicos às partituras de Augusto Paiva. Eco serão as imagens de arquivo e do espólio deixado por Au-
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gusto Paiva e Eugénio de Vasconcelos, que teremos em fundo de um espetáculo que pode parecer apenas um momento de entretenimento, mas que queremos que seja muito mais que isso. Queremos lembrar a história da rádio, comemorar o seu centenário e avivar a memória da alegria que é juntar a interpretação, a literatura, a História e a música em 50 minutos, num alinhamento de época que no fundo é intemporal. 50 minutos em que sentimos que é preciso correr o país, agora que estamos fragilizados artisticamente e em que mal comparado, vivemos novos tempos de guerra… outra forma de guerra, de luta, de sobrevivência. Um povo sem memória é um povo sem futuro. É pertinente para todos nós, que integramos este projeto, fazer da memória um futuro a acontecer. Serviço público é também a função dos artistas e a pertinência deste espetáculo. Para mim, enquanto encenadora e tendo tido o privilégio de fazer rádio durante três anos, e de ainda colaborar com Eugénio de Vasconcelos e de ouvir tantas das suas histórias da rádio, é importante contar uma história com que todos se identifiquem de alguma forma. Uma história que sendo individual é de todos nós. Uma história que nos leve às memórias de infância, que nos lembre os avós, os pais, a família, os amigos, a época das vivências de cada um, os cheiros, os sabores que a memória guarda. Todos nós ouvimos rádio e a rádio teve importância para cada um em diferentes épocas e de diferentes formas. A rádio une-nos nas memórias. Este é um espetáculo sem hermetismos, para que cada espectador/ouvinte possa usufruir dele sem barreiras, quer na sala de espetáculos, quer através da emissão de rádio. Carla Vasconcelos
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EUGÉNIO DE VASCONCELOS
AUGUSTO PAIVA
O Amor é um Som é dedicado a todas as vozes da Rádio, em especial a Augusto Paiva e Eugénio de Vasconcelos, que, através das suas histórias e documentos, nos inspiraram para fazer este espetáculo.
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© Luís Santos
3 a 20 março 2022 teatro / estreia
O AMOR É UM SOM CARLA VASCONCELOS Sala Mário Viegas Quarta a sábado, 19h30; domingo, 16h Duração: 1h; M/12 €12 (com descontos) 20 março, domingo 16h
Ideia original Carla Vasconcelos e Luísa Cruz; Texto e Encenação Carla Vasconcelos [Rádio Novela As Pupilas do Sr. Reitor, de Júlio Dinis (adaptação); Os Rostos das Vozes, de Júlio Isidro]; Direção de atores Luísa Cruz; Interpretação Carla Vasconcelos, João Fernandes, João Henriques, Júlio Isidro e Luísa Cruz; Cenografia e Figurinos Luís Santos; Construção cenográfica Abel Fernando; Confeção de figurinos Rosário Balbi; Desenho de luz Paulo Santos; Desenho de som Filipe Peres; Direção musical e Música original Manuel Lourenço; Arranjos e Adaptações musicais Sérgio Rodrigues; Músicos António Palma, Carla Santos, Manuel Lourenço, Sandra Raposo e Vasco Sousa; Produção Nuno Pratas; Agradecimentos Carlos Paiva, ESTC - Escola Superior de Teatro e Cinema, Jorge Luís Grilo, Leonor Santos, Maria Fernandes Torres, Maria Santos, Sandra Isidro, Sr. Piano e Tiago Cruz Coprodução: Culturproject e São Luiz Teatro Municipal
O Teatro São Luiz/EGEAC é parceiro no Projeto Europeu Inclusive Theater(s) Rede de desenvolvimento de novos públicos através de ações inclusivas para pessoas com necessidades específicas Direção Artística Aida Tavares Direção Executiva Ana Rita Osório Assistente da Direção Artística Tiza Gonçalves Adjunta Direção Executiva Margarida Pacheco Secretária de Direção Soraia Amarelinho Direção de Comunicação Elsa Barão Comunicação Ana Ferreira, Gabriela Lourenço, Nuno Santos Mediação de Públicos Téo Pitella Direção de Produção Mafalda Santos Produção Executiva Andreia Luís, Catarina Ferreira, Marta Azenha, Tiago Antunes Direção Técnica Hernâni Saúde Adjunto da Direção Técnica João Nunes Produção Técnica Margarida Sousa Dias Iluminação Carlos Tiago, Cláudio Marto, Ricardo Campos, Sérgio Joaquim Maquinaria António Palma, Miguel Rocha, Vasco Ferreira, Vítor Madeira Som João Caldeira, Gonçalo Sousa, Nuno Saias, Ricardo Fernandes, Rui Lopes Operação Vídeo João Van Zelst Manutenção e Segurança Ricardo Joaquim Coordenação da Direção de Cena Marta Pedroso Direção de Cena Maria Tavora, Sara Garrinhas Assistente da Direção de Cena Ana Cristina Lucas Camareira Rita Talina Bilheteira Cristina Santos, Diana Bento, João Reis
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