Folha de sala VARIAÇÕES, DE ANTÓNIO 2016

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© estelle valente

são lu i z teatro m u n i c i pal

24 jun a 10 jul teatro

variações, de antónio vicente alves do ó

Quarta a sábado às 22h domingo Às 17h30 Sala Mário Viegas; M/12 €12 (com descontos €5 a €8,40) Duração: 1h10

j u n ho 2016


Variações , de antón io

Lisboa. Anos 80. António e Amália estão prestes a cantar no mesmo palco. Faltam poucas horas. Será um dos momentos mais importantes na vida do cantor, barbeiro, esteta, lisboeta minhoto e minhoto universal, que nunca foi uma coisa só, mas sim um homem de muitas variações com nome de santo. Faltam poucas horas para o espectáculo. Repetimos. E nestas poucas horas, uma vida inteira regressa ao primeiro anoitecer em Fiscal, onde todas as sombras eram feitas de medo e a infância fazia-se a cantar.

Variações, de Vicente Vicente Alves do Ó Numa primeira aproximação era a música e a excentricidade que se impunha. A memória infantil de vê-lo na televisão e o dia da sua morte. As lágrimas da minha mãe à frente do televisor. A cassete do anjo da guarda. As palavras que se confundiam umas nas outras e que nos punham a cantar num refrão que sempre nos contagiava. Depois vieram anos de silêncio até ao projecto dos Humanos e aquela revisitação que vamos fazendo pela vida fora e donde surgem os nomes e as histórias que parecem ficar como sombras ou iluminações misteriosas. O António tem esse poder cativante – entre a luz e o mistério – de nos convencer a ficar. Como se o eco da sua presença fosse a qualquer momento a materialização das nossas dúvidas, prazeres, devaneios e angústias. Mas acima de tudo, aquilo que se perpetuou na minha memória foi a liberdade. Quando o Sérgio Praia me convidou para escrever e encenar este espectáculo pensei num António total e assustei-me. É difícil escrever sobre pessoas amadas – por nós e pelos outros. Era um desafio vasto, ambicioso mas difícil – há sempre uma variante que nos escapa, uma história, um detalhe. Escrever sobre um morto que está mais vivo que nunca, é uma arqueologia de perícia e intuição. Por isso aceitei a demanda com um único objectivo – aproximar-me do homem, da sua essência, da sua origem, da sua solidão e da sua voz interior. Abandonar a primeira leitura e fazer outra que nos permitisse cartografá-lo com humanidade e sensibilidade. Com a frescura que ele ainda possui 32 anos depois da sua morte.


Variações , de antón io

António Sérgio Praia Por isso este monólogo interior que se desfaz em histórias, pensamentos, sensações, locais, sabores, cheiros e perguntas. Por isso este monólogo confessional dum homem que viveu a liberdade como arte e como desígnio maior. A justiça do tempo que avança e recua nas suas modernidades tem tratado com justiça o nosso António – ele continua à frente do tempo como se o tempo fosse não um futuro mas uma vontade e a vontade dele transbordava da sua condição, do seu corpo e da sua mortalidade. Durante uma hora e pouco vivemos o António, a sua voz, a sua presença, como se fosse parte de nós ou todos nós uma variação dele. Ele escreveu – todos nós temos Amália na voz. Eu reescrevo com humildade e muita admiração – todos nós somos Variações de António.

É difícil escrever sobre o António. Talvez porque ele me acompanhe há tantos anos que já não sei o que é real ou fantasia, o que é meu ou dele, porque mantenho esta dedicação e porque ele não me abandona. A verdade é que finalmente sou o António num palco de Lisboa, no mês de Junho, mês de Santo António, mês da sua morte tantos anos depois. Também faço 39 anos nos próximos dias, tantos quanto ele tinha quando dividiu um palco com Amália Rodrigues na Aula Magna. A sua diva e a minha. Viemos os dois do Norte do país à procura dum sonho. Uma realização como homens e artistas: ele cantar e eu ser actor. Também ele procurou viver a sua arte com verdade, com inteireza, nunca renegando as suas origens, como uma autenticidade que lhe reconhecemos hoje e responde a todas as dúvidas que poderíamos ter sobre ele. É que o António simboliza todos os sonhadores, os artistas, as pessoas deste mundo que procuram essa existência maior de dar aos outros visões e ficções da vida, do amor, do mundo, do ser. E por eles e por ele eu faço este espectáculo como homenagem e tributo – como canção que nos une nesta eterna demanda pela utopia artística e pela humanidade completa. Temos pouco tempo para dizer tudo o que temos cá dentro. O António tentou dizer tudo. Eu tento dizer tudo. É um caminho difícil, mas um caminho. Interpretar o António na sua simplicidade é aproximar-me da sua verdade, da sua essência, da sua busca interior e da sua alma. E nesse caminho encontramos gente, ideias, força para continuar. Este espectáculo tem essa vontade: dar força para continuar, para desbravar, para chegar mais longe, para chegar a todos. Dedico este espectáculo à minha mãe.


Autoria, Encenação e Espaço cénico Vicente Alves do Ó Interpretação Sérgio Praia Desenho de luz Paulo Santos Desenho de som Pedro Janela Construção cenográfica Marta Fernandes da Silva Maquilhagem e cabelos (para cartaz) Manobras d’Arte Maquilhagem e cabelos (para espectáculo) Pedro Ribeiro da Maison Nuno Gama

Buzico! Produções Artísticas Produtor Duarte Nuno Vasconcellos Direcção de produção Ruy Malheiro Assistente de produção André de La Rua Co-produção Buzico! Produções Artísticas São Luiz Teatro Municipal Agradecimentos Alfredo Matos, Ana Brandão, Ana Luena, Ana Paula Afonso, Estelle Valente, Jaime Ribeiro, Lara Soft, Laurent David Rossi, Manuela Gonzaga, Mariana Duarte Silva, Marta Hari, Paulo Santos, Pedro Janela, Rita Carrelo, Sérgio Alxeredo, Teresa Faria (Oração), Ulysses Almeida Apoios Wine With Spirit Pastelaria Benard Tahe

1 jul

conversa

variações, de antónio Com Vicente Alves do Ó, Sérgio Praia e convidados Sexta às 18h30 Jardim de Inverno Entrada livre (sujeita à lotação da sala) Levantamento de bilhetes, até dois por pessoa, no próprio dia a partir das 13h

EM BREVE

8 JUL A 13 AGO

GLORIOSO VERÃO

FESTIVAL SHAKESPEARE

Em parceria com o Teatro Nacional D. Maria II Teatro, Música, Dança, Livros e Cinema

bilhete suspenso

Começa por ser uma forma de oferecer a quem não se conhece a oportunidade de assistir a um espectáculo no Teatro São Luiz. O bilhete custa 7 euros sendo o restante valor suportado pelo teatro e fica suspenso na bilheteira para usufruto de pessoas apoiadas pelas entidades às quais estamos associados: Associação Coração Amarelo, Associação Gulliver, Lar Jorbalán, Fundação Luís António de Oliveira ou Casa de Abrigo da APAV. Mais informações: bilheteira@teatrosaoluiz.pt tel: 213 257 650

São luiz teatro municipal Direcção Artística Aida Tavares Direcção Executiva Joaquim René Programação Mais Novos Susana Duarte Adjunta Direcção Executiva Margarida Pacheco Secretariado de Direcção Olga Santos Direcção de Produção Tiza Gonçalves (Directora), Susana Duarte (Adjunta), Andreia Luís, Margarida Sousa Dias Direcção Técnica Hernâni Saúde (Director), João Nunes

(Adjunto), Iluminação Carlos Tiago, Ricardo Campos, Sara Garrinhas, Sérgio Joaquim Maquinistas António Palma, Cláudio Ramos, Paulo Mira, Vasco Ferreira Som João Caldeira, Nuno Saias, Ricardo Fernandes, Rui Lopes Responsável de Manutenção e Segurança Ricardo Joaquim Secretariado Técnico Sónia Rosa Direcção de Cena José Calixto, Maria Távora, Marta Pedroso, Ana Cristina Lucas (Assistente) Direcção de Comunicação Ana Pereira (Directora), Elsa Barão, Nuno Santos Design Gráfico silvadesigners Registo e Edição vídeo Tiago Fernandes Bilheteira Cristina Santos, Hugo Henriques, Soraia Amarelinho Frente de Casa Letras e Partituras Coordenação Ana Luísa Andrade, Cristiano Varela, Teresa Magalhães Assistentes de Sala Ana Catarina Bento, Ana Sofia Martins, Catarina Ribeiro, Daniela Magalhães, Domingos Teixeira, Helena Malaquias, Helena Nascimento, Hernâni Baptista, João Cunha, João Pedro, Manuela Andrade, Paulo Daniel Pereira, Raquel Pratas, Sara Fernandes Segurança Securitas LIMPEZA Astrolimpa


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