folha de sala Hamlet

Page 1

© josé carlos duarte

são lu i z teatro m u n i c i pal

27 OUT A 1 NOV TEATRO

Hamlet Mala Voadora

Terça a Sábado às 21h Domingo às 17h30 Sala Principal; M/12 €12 A €15 (com descontos €5 a €10,50) duração: 1h30 Sessão

OUTU BRO 2015

1 NOV


ham let

Mala Voadora A mala voadora faz um Hamlet – a partir da versão que chegou até nós com o epíteto “mau quarto”. Não somos uma companhia de teatro de repertório. Mas gostamos de “peças”. As peças, das mais ancestrais às “a estrear”, são mais uma matéria-prima – uma matéria que manipulamos com a liberdade que nos parecer favorável ao espectáculo (o texto ao serviço do espectáculo e não o espectáculo ao serviço do texto). Nunca vimos qualquer pertinência em sacralizar o “texto” e, como nos explicou Fernando Villas-Boas, Shakespeare também não. É a primeira vez que fazemos um Shakespeare. Talvez não tenha acontecido antes devido à nossa desconfiança em relação à ideia de “clássico”. Mas gostamos verdadeiramente desta peça, cheia de teatro: a companhia de teatro incluída na narrativa, uma peça (falsamente!) citada dentro da peça, Hamlet encenador, um pai que encena a própria filha que se encena para o pai, um conjunto de personagens que, com uma curiosa manha, encenam situações e representam papéis, umas para as outras. Para além da meta-teatralidade que daqui resulta, ou de um possível propósito auto-reflexivo que em Hamlet possa cumprir-se, o que verdadeiramente nos interessou foi a possibilidade, designadamente lúdica, que a peça oferece de potenciar o exercício de “fazer de conta”.

Fernando Villas-Boas Há pessoas que acham que Hamlet existe. Não estou a pensar no guarda-livros Sr. Bernardo Soares, que acho que existe, e que achou que a figura de Hamlet existe, mas nas pessoas do teatro, do público aos actores, e até pessoas encenadoras, que acham que a peça existe. Isto é, como coisa acabada. Como um livro pode existir. Coisa a que alguns gostam de chamar “um clássico”, assim como um Bugatti, uma das Giocondas, ou um 45 rotações da Piaf. Bernardo Soares diz que nunca conheceu ninguém de carne e osso mais verdadeiro do que Hamlet. Eis uma maneira de existir que não está muito em voga: não ser carne e osso. Mas o Sr. Bernardo Soares falava da figura. No caso do texto da peça Hamlet, também ele resistiu à matéria. Não há uma só peça de Shakespeare que esteja acabada: cuja escrita tenha sido fechada com o aval do autor (ou fechada de todo). Muito menos Hamlet. E o que é mais, e mais esquecido: não sabemos em que grau a escrita de qualquer das peças de Shakespeare que nos chegaram corresponde ao que terá acontecido em palco. Sabemos que os textos eram constantemente moldados para as ocasiões, como o próprio Hamlet faz em cena, com o espectáculo variado que monta diante da sua corte, num caso escolhendo apenas 2


ham let

uma cena e juntando-lhe texto seu – os tais “doze ou dezasseis versos, para a ocasião”. Chegaram até nós três textos diferentes da peça. Dois editados em formato pequeno, Quartos, autênticas “edições de cordel”, e um incluído na edição póstuma das obras completas, o Fólio, um livro invulgar para o tempo, por partir do princípio de que escritos para serem gastos em ajuntamentos públicos ou divertimentos privados devessem ser preservados e atribuídos a um indivíduo autor. Num tempo muito mais próximo, tesouros do cinema impressos em película de celulóide foram derretidos para sempre, para se fazerem tacões de sapatos. E porque se haveria de estranhar a indiferença à preservação da escrita de teatro, no tempo em que o teatro profissional estava apenas a nascer (e o papel grosso de manuscrito era caro e podia ser revendido para fazer polpa nova)? O texto em que pegámos agora é o da primeira edição de Hamlet, que tem cerca de 1600 versos a menos do que a mais curta das duas outras versões. A poesia também é mais ligeira. Bastante mais ligeira. Ora, durante anos, gente na Academia apontou esta versão como uma falsificação, talvez colada de memória por actores desejosos de fazer uns cobres (Romeu e Julieta, por exemplo, tem uma história semelhante). Deram-lhe o nome de “O Mau Quarto de Hamlet”. Mas a gente da Academia

pensou pouco no palco ao longo dos anos: há até “enigmas” literários que dão em nada, vistos do lado da boca de cena, sem ser pelo postigo da imaginação do escritório. Até que alguém descobriu – fazendo um mapa das dobragens de papéis – que este é de facto um Hamlet que pode ser feito por menos actores e poderia ter sido vendido a uma companhia itinerante, antes mesmo de completado o guião para a sala maior, ou, o que é mais interessante e provável, mesmo depois disso. À margem da fala, há algumas indicações cénicas que estão ausentes das versões mais “completas” e que só podem ter sido postas por quem viu, ou fez, a coisa em cena. Deste ponto de vista, o Quarto é mau ou é bom?

A mala voadora foi fundada por Jorge Andrade e José Capela, responsáveis pela direcção artística da companhia, e apresentou o primeiro espectáculo em Maio de 2003. Desde então, tem vindo a apresentar o seu trabalho em cidades de todo o país, e também na Alemanha, Brasil, Cabo Verde, Estados Unidos da América, Inglaterra, Escócia, Bélgica, França, Finlândia, Grécia, Líbano, Polónia e Bósnia e Herzegovina.. Continua a ser uma companhia de teatro fascinada com o artifício – a contra-naturalidade que define aquilo que é especificamente humano e que pode atingir a condição daquilo a que, artificiosamente, se chama “arte”.

3


ham let Direcção: Jorge Andrade Tradução e apoio dramatúrgico: Fernando Villas-Boas Assistência de encenação: David Cabecinha Cenografia: José Capela, com fotografias de José Carlos Duarte Figurinos: José Capela Desenho de luz: Daniel Worm D'Assumpção Música original: Rui Lima e Sérgio Martins Com Anabela Almeida, Carla Bolito, Carlos António, David Cabecinha, David Pereira Bastos, João Vicente, João Villas-Boas, Jorge Andrade, Manuel Moreira e Marco Paiva Apoio coreográfico: Marco da Silva Ferreira Imagem de divulgação: Isaque Pinheiro (fotografia de Silvana Torrinha) Vídeo de divulgação: Jorge Jácome e Marta Simões Fotografia de cena: José Carlos Duarte

Produção: David Cabecinha e Joana Costa Santos Assessoria gestão/ programação: Vânia Rodrigues Co-produção mala voadora e São Luiz Teatro Municipal Residência O Espaço do Tempo Apoio: Depósito da Marinha Grande, Escola Superior de Teatro e Cinema, Martins Alves Decorações, Sporesgrime, Teatro Nacional Dona Maria II, Teatro Nacional de São Carlos, Teatro Nacional São João Estreou no São Luiz Teatro Municipal a 27 Março 2014 A mala voadora é uma estrutura financiada pelo Governo de Portugal, Secretaria de Estado da Cultura, Direcção-Geral das Artes, e associada d’O Espaço do Tempo e da Associação Zé dos Bois

em breve estreia

11 A 22 NOV TEATRO

Jardim Zoológico de Cristal De Tennessee Williams Encenação de Sandra Faleiro Quarta a Sábado às 21h Domingo às 17h30 Sala Principal, M/12 €12 A €15 (com descontos €5 a €10,50) Sessão LGP: 22 NOV

bilhete suspenso

Convidamos o público do São Luiz a adquirir um bilhete pelo valor de 7 euros, que fica suspenso na nossa bilheteira e que reverte para pessoas apoiadas pelas entidades associadas. O restante valor do bilhete é suportado pelo Teatro. O Bilhete Suspenso é um projecto que se insere na política de responsabilidade social do São Luiz Teatro Municipal. Conheça, junto da bilheteira do Teatro, as entidades associadas. bilheteira@teatrosaoluiz.pt tel: 213257650

são luiz teatro municipal Direcção Artística Aida Tavares Direcção Executiva Joaquim René Programação Mais Novos Susana Duarte Adjunta Direcção Executiva Margarida Pacheco Secretariado de Direcção Olga Santos Direcção de Produção Tiza Gonçalves (Directora), Susana Duarte (Adjunta), Andreia Luís, Margarida Sousa Dias Direcção Técnica Hernâni Saúde (Director), João Nunes (Adjunto) Iluminação Carlos Tiago, Ricardo Campos, Ricardo Joaquim, Sérgio Joaquim Maquinistas António Palma, Cláudio Ramos, Paulo Mira, Vasco Ferreira Som Nuno Saias, Ricardo Fernandes, Rui Lopes Secretariado Técnico Sónia Rosa Direcção de Cena José Calixto, Maria Távora, Marta Pedroso, Ana Cristina Lucas (Assistente) Direcção de Comunicação Ana Pereira (Directora) Elsa Barão, Nuno Santos Design Gráfico silvadesigners Vídeo Tiago Fernandes Bilheteira Cidalina Ramos, Hugo Henriques, Soraia Amarelinho Consultoria para a Internacionalização Tiago Bartolomeu Costa Frente de Casa Letras e Partituras Coordenação Ana Luisa Andrade, Teresa Magalhães Assistentes de Sala Ana Sofia Martins, Catarina Ribeiro, Domingos Teixeira, Filipa Matta, Helena Malaquias, Hernâni Baptista, Inês Macedo, João Cunha, Sara Garcia, Sara Fernandes, Carlos Ramos (Assistente) Segurança Securitas Limpeza Astrolimpa


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.