Folha de sala FILIPE RAPOSO_INQUIÉTUDE

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são lu i z te atro m u n i c i pal

João Paulo Esteves da Silva Jazz. Não estava a contar utilizar a palavra quando o Filipe me pediu para escrever sobre este Inquiétude; escrevo, para já, sob o efeito da surpresa. Conhecendo os trabalhos anteriores, estaria agora à espera de mais uma daquelas belas viagens, a partir do jazz, e digo jazz nos seus aspectos formais como a instrumentação, os modos de relacionamento entre os músicos na performance ou a própria estrutura musical (alternância de tema escrito com variações improvisadas, por ex.) rumo a paisagens mais ou menos distantes e eventualmente, quem sabe, mais próximas dele, Filipe Raposo, português de ouvidos atentos ao mundo… mas neste disco ouvi também a viagem inversa, e foi o que me surpreendeu. As coisas vão aqui, intencionalmente, em direcção ao jazz no seu sentido mais inequívoco enquanto história e tradição. É claro que se ouvíssemos, isoladamente, o tema título Inquiétude ou Moda do Entrudo, por exemplo, poderíamos falar da música, pessoal, do Filipe, deixando o jazz, subentendido. Mas, no seu todo, o disco como que parte à redescoberta duma América musical ainda desejada e almejada. É claro que o enquadramento académico do projecto explicará em parte o fenómeno: o disco integra-se numa tese de mestrado em Jazz Performance; mas este enquadramento não garante o amor que transpira da empresa e, no caso, creio que o que se está a passar com o Filipe em tempos que correm será mesmo uma história de amor pelos grandes mestres americanos do jazz, com a consequente vontade de criar laços, raízes, mais fortes com a música deles.

em breve

20 out LITERATURA/ DESENHO/ MÚSICA Terça às 21h Sala Principal M/6

Ondjaki texto Filipe Raposo piano António Jorge Gonçalves desenho

© Pedro Guimarães

O Telhado do Mundo

9 out

bilhete suspenso Convidamos o público do São Luiz a adquirir um bilhete pelo valor de 7 euros, que fica suspenso na nossa bilheteira e que reverte para pessoas apoiadas pelas entidades associadas. O restante valor do bilhete é suportado pelo Teatro. O Bilhete Suspenso é um projecto que se insere na política de responsabilidade social do São Luiz Teatro Municipal. Conheça, junto da bilheteira do Teatro, as entidades associadas. bilheteira@teatrosaoluiz.pt tel: 213257650

filipe raposo inquiétude

sexta às 21h Sala Principal, M/6 €12 A €15 (com descontos €5 a €10,50) Duração (aprox.): 1h30

são luiz teatro municipal Direcção Artística Aida Tavares Direcção Executiva Joaquim René Programação Mais Novos Susana Duarte Adjunta Direcção Executiva Margarida Pacheco Secretariado de Direcção Olga Santos Direcção de Produção Tiza Gonçalves (Directora), Susana Duarte (Adjunta), Andreia Luís, Margarida Sousa Dias Direcção Técnica Hernâni Saúde (Director), João Nunes (Adjunto) Iluminação Carlos Tiago, Ricardo Campos, Ricardo Joaquim, Sérgio Joaquim Maquinistas António Palma, Cláudio Ramos, Paulo Mira, Vasco Ferreira Som Nuno Saias, Ricardo Fernandes, Rui Lopes Secretariado Técnico Sónia Rosa Direcção de Cena José Calixto, Maria Távora, Marta Pedroso, Ana Cristina Lucas (Assistente) Direcção de Comunicação Ana Pereira (Directora) Elsa Barão, Nuno Santos Design Gráfico silvadesigners Bilheteira Cidalina Ramos, Hugo Henriques, Soraia Amarelinho Consultoria para a Internacionalização Tiago Bartolomeu Costa Frente de Casa Letras e Partituras Coordenação Ana Luisa Andrade, Teresa Magalhães Assistentes de Sala Ana Sofia Martins, Catarina Ribeiro, Domingos Teixeira, Filipa Matta, Helena Malaquias, Hernâni Baptista, Inês Macedo, João Cunha, Sara Garcia, Sara Fernandes, Carlos Ramos (Assistente) Segurança Securitas Limpeza Astrolimpa

outu bro 2015


Toda a viagem é um regresso ao ponto de partida para partir de novo entre a água e o vento. António Ramos Rosa Inquiétude resulta da aprendizagem que decorreu dos dois anos que (Filipe Raposo) passou em Estocolmo. Da sua residência como compositor e músico mas também como ser humano, da aprendizagem que advém da adaptação a uma nova realidade, a uma nova luz e silêncio. Do desassossego da criação nasceu o primeiro gesto e dele, o som. Das paisagens que se confundem entre o norte brumoso de dias brancos e noites eternas, e o sul quente do atlântico nasceu um diálogo que se reflete nas composições que são fruto da busca de novos caminhos de composição e expressão. Como em todas as viagens, os cúmplices na descoberta de novas paisagens (mesmo as sonoras) são essenciais, a sua presença generosamente contribui para desvendar uma inesperada partitura sonora. Fica o disco como resultado da descoberta, convite para ouvir Inquiétude e partilhar a viagem entre Norte e Sul, entre o branco e o ocre, entre o silêncio e a escolha de o interromper. E no fim renova-se o convite para regressar ao princípio, partindo a cada de vez como se fosse a primeira.

Filipe Raposo nasceu em Lisboa 1979. Mestrado em piano jazz performance pelo Royal College of Music – Estocolmo. Licenciatura em Composição pela Escola Superior de Música de Lisboa. Desde 2004 que trabalha como pianista / compositor / orquestrador com muitos nomes da música e do cinema Português. (José Mário Branco, Fausto, Sérgio Godinho, Vitorino, Janita Salomé, Amélia Muge, Sara Tavares, Mafalda Veiga, Camané, Carminho…). Trabalha regularmente com a Cinemateca Portuguesa sendo pianista residente. Em nome próprio editou 3 discos: First Falls (2011) – Prémio Artista Revelação Fundação Amália; A Hundred Silent Ways (2013) – Disco a Solo e Inquiétude (2015).

Alinhamento 1. Andy’s song Andy Yeo

2. Inquietude Filipe Raposo

3. Interplay Bill Evans

4. Unglamorous profession Filipe Raposo

5. Her ballad is lonely Filipe Raposo

6. Moda do Entrudo solo piano Tradicional Port. – arranjos: Filipe Raposo

7. A foreigner Filipe Raposo

8. Listen up Filipe Raposo

9. Things left behind Filipe Raposo

10. Uncertainly lost in Stockholm Filipe Raposo

Filipe Raposo piano Andy Yeo guitarra eléctrica Samuel Löfdahl contrabaixo Karl-Henrik Ousbäck bateria Design: Egle Bazaraite Fotografia: Pedro Guimarães

Mário Laginha Quando oiço um disco, aquilo que procuro, antes de mais, é ter prazer em ouvi-lo. Não sou, portanto, diferente da larga maioria das pessoas. Já aquilo que nos dá prazer varia de pessoa para pessoa. E ainda bem. O Jazz sempre caminhou bebendo influências nas mais variadas partes do mundo, o que faz dela uma música sempre viva, de grande riqueza e diversidade. O modo como se usam essas influências determina, muitas vezes, se um músico tem realmente uma personalidade musical, ou se simplesmente repete ou cola a música que escutou e estudou ao longo da sua vida. Filipe Raposo pertence ao primeiro grupo. A sua música não esconde as influências, mas tem uma identidade. Lírica e de uma contenção serena, com uma riqueza melódica e harmónica, muito sedutoras, a sua música convida-nos a ficar. Os temas são inspirados e nunca meros pretextos para solos. Com Andy Yeo, na guitarra, Samuel Löfdahl no baixo, Karl-Henrik Ousbäck na bateria e Fredrik Ljungkvist no saxofone, Filipe Raposo fez um belíssimo disco. Uma serena "Inquietude".


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