Folha de sala VITORINO 2016

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© Philippe Ribeiro

São Luiz Te at ro M un ici pa l

18 nov sexta, 21h Não sei do que é que se trata, mas não concordo 40 anos de CANÇÕES

2016

vitorino


MÚSICA

Vitorino Não sei do que é que se trata, Mas Não Concordo! António Pires Jornalista em O Fado & Outras Músicas do Mundo

18 nov

Vitorino

40 anos de carreira

Não sei do que é se trata, mas não concordo

Não é fácil escrever sobre uma pessoa – daquelas que se costuma dizer serem “maiores que a vida” – em apenas uma página. E quando essa pessoa fez e faz da arte da música a sua actividade principal, e já há mais de cinquenta anos, o caso ainda piora um pouco. Porque não podemos estar aqui a recordar tudo, e já foi tanto, o que Vitorino já deu à música portuguesa. Mas já que este é um texto assinado e é a minha visão pessoal, jornalística mas parcial e não-distanciada, sublinho apenas uma ou duas coisas sobre ele e que várias vezes são esquecidas. Primeiro, Vitorino é – de todos os grandes cantautores portugueses da sua geração, digamos assim – aquele em que há uma marca sempre constante da música da sua região de origem. Se a José Afonso, José Mário Branco, Sérgio Godinho e Fausto (nascidos em Aveiro, Porto e em pleno Atlântico), as músicas tradicionais portuguesas chegaram em segunda mão (e, apesar disso, que maravilhas fizeram, no caso de Afonso, e ainda fazem, no caso dos outros), Vitorino – tal como os seus irmãos, nomeadamente Janita - bebeu da música alentejana desde o berço. E embora a sua música tenha tido e ainda tenha muitos outros traços – das marchas de Lisboa aos boleros, do fado de Coimbra ao de Lisboa (em que está a ter uma crescente presença enquanto compositor e poeta), do som cubano ao tango, etc, etc… - as modas e o cante do Alentejo estão sempre presentes. A solo ou em colectivos – Lua Extravagante, Rio Grande, Tais Quais… -, é ele que muitas vezes traz o cante para a boca de cena, sendo solista e protagonista de uma música que não os tem mas que nele, e com ele, faz todo o sentido que tenha.

sexta, 21h

Sala Luis Miguel Cintra; m/6 €12-€15 (com descontos €5-€10,50)

Convidados: Ana Bacalhau, Ana Vieira, Camponeses de Pias, Filipa Pais, Manuel João Vieira e Samuel Úria Coapresentação: AMPLA e São Luiz Teatro Municipal Músicos: Rui Alves Bateria, Paulo Jorge Baixo, Carlos Salomé Guitarras, Sérgio Costa Teclas, Daniel Salomé Clarinete e Saxofone, Tomás Pimentel Trompete e Fliscorne Direção de som: Wladimiro Guerra Desenho e operação de Luz: Anabela Gaspar

Não sei do que é que se trata, Mas Não Concordo! Assim entra por Lisboa um pedaço do mundo rural vindo do Sul. E eu lembro com canções o que vivi nestes últimos quarenta e tal anos. O nome do concerto é uma homenagem a um carpinteiro nascido no Redondo que interrompia as assembleias gerais do Redondense Futebol Clube com a sentença que dá título ao concerto. A última vez que o vi convidou-me para um copo de vinho e desapareceu numa rua do Bairro Alto. Chamava-se Zé Embirra. Vitorino Salomé 2


A segunda e não menos importante é o facto de, apesar de todos os sobreviventes dessa geração de cantautores – sempre eles, inevitavelmente – continuarem a usar os seus discos e concertos para, por vezes, darem umas alfinetadas políticas, o raio de intervenção – poder-se-ia dizer até “o raio da intervenção” - de Vitorino tem sido sempre maior e mais visível: manifestações, textos, vídeos (dedicados a Cavaco ou Marcelo, por exemplo), canções e manifestos. O texto já vai mais longo do que o exigido, mas ainda sobra uma ressalva. Se Não sei do que se trata, Mas Não Concordo não é mais um seu statement (como se diz em estrangeiro) político e artístico, anarquista e absurdo, de que se tratará então?

Chega agora o momento desse reconhecimento extravasar o meio e passar a domínio público. Não sei do que é que se trata, mas não concordo é não só o título escolhido para o novo disco de originais, a lançar durante 2017 mas também o nome do espetáculo que acontece agora, no ano em que Vitorino comemora 40 anos da edição do seu primeiro disco. Concerto-celebração que conta com a participação especialíssima de convidados: Ana Bacalhau, Ana Vieira, Filipa Pais, Manuel João Vieira (Ena Pá 2000 e Irmãos Catita), Samuel Úria e os Camponeses de Pias, nas palavras do próprio Vitorino, “um pedaço do mundo rural vindo do sul”. Vitorino Salomé nasceu no Redondo, numa família de músicos, tendo sido sempre neste ambiente que cresceu. Conheceu Zeca Afonso, de quem se tornou amigo e fixou-se em Lisboa aos 20 anos, cidade onde conheceu a noite, as tertúlias, os prazeres boémios. Em 1968 entrou para o Curso de Belas Artes e após, já emigrado em França, dedicou-se ainda a estudar pintura, uma sua paixão. Rapidamente mergulhou no mundo da música e ainda em Paris juntou-se a Sérgio Godinho e José Mário Branco. Atuou no célebre concerto de março de 1974, o I Encontro da Canção Portuguesa, que decorreu no Coliseu dos Recreios e já na segunda metade dos anos 70, estreou-se com o seu primeiro disco que incluía uma das canções que viria a tornar-se uma das mais marcantes do imaginário português: Menina Estás à Janela. Tanto mais haverá ainda para recordar e contar sobre a história de vida e a obra de Vitorino.

Texto escrito de acordo com a antiga ortografia

VITORINO – BREVE RETRATO Vitorino Salomé é hoje - inevitavelmente - um nome à parte no panorama cultural português. Se fosse produzida uma lista com 15 nomes de ‘embaixadores’ da música portuguesa, Vitorino teria de constar ao lado da Amália, do Zeca Afonso e de uma outra mão cheia das personalidades que foram produzidas em cima da ideia poética do que é Portugal. Mas a sua obra e o seu contributo vão muito além do conhecimento geral. Ilustrou livros (de António Lobo Antunes, por exemplo, que lhe dedicou um livro inteiro de poesias para musicar); toca guitarra, piano, acordeão e escreve música e letras que apesar da sua raiz popular são bastante eruditas e trocou colaborações com Fausto, Sérgio Godinho, João Gil, Rui Veloso, Tim, Jorge Palma e Carminho, entre tantos outros nomes da música portuguesa.

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DISCOGRAFIA Álbuns Semear Salsa ao Reguinho (LP, Orfeu, 1975) coproduzido com Os Malteses (LP, Orfeu, 1977) Não Há Terra Que Resista - Contraponto (LP, Orfeu, 1979) Romances (LP, Orfeu, 1981) Flor de La Mar (LP, EMI, 1983) Leitaria Garrett (LP, EMI, 1984) Sul (LP, EMI, 1985) Negro Fado (LP, EMI, 1988) PJA Cantigas de Encantar (Cassete, EMI, 1989) Eu Que Me Comovo Por Tudo e Por Nada (CD, EMI, 1992) PJA As Mais Bonitas (Compilação, EMI, 1993) A Canção do Bandido (CD, EMI, 1995) CAND PJA La Habana 99 (CD, EMI, 1999) com Septeto Habanero Alentejanas e Amorosas (CD, EMI, 2001) As Mais Bonitas 2 - Ao Alcance da Mão (Compilação, EMI, 2002) Utopia (CD, EMI, 2004) com Janita Salomé Ninguém Nos Ganha Aos Matraquilhos! (OD, EMI, 2004) Tudo (Compilação, EMI, 2006) Abril, Abrilzinho (CD, Público/Praça das Flores, 2006) Ao Vivo a Preto e Branco (CD Magic Music/Vitorino, 2007) Tango, Vitorino El Perro Negro Canta (CD Magic Music/Vitorino, 2009) Viva A República Viva! (CD, 2010) 35 Anos a Semear Salsa ao Reguinho (CD e DVD ao vivo Coliseu de Lisboa, 2011) Outras Compilações Queda do Império Coleção Caravela (Compilação, EMI, 1997) O Melhor dos Melhores nº 43 (Compilação, Movieplay, 1996) Clássicos da Renascença nº 84 (Compilação, Movieplay, 2000) Menina Estás à Janela - Coleção Caravelas (Compilação, EMI, 2004) Grandes Êxitos (Compilação, EMI, 2006)

Singles Morra Quem Não Tem Amores (Single, 1974) Maria da Fonte/ Marcha da Patuleia (Single, Orfeu, 1978) Sedas ao Vento/ É Aqui Que Eu Vou Ficar (Single, Orfeu, 1978) Menina Estás À Janela/ Tinta Verde dos Teus olhos (Single, Orfeu, 1983) Joana Rosa (Máxi, EMI, 1986) [Joana Rosa/Joana Rosa (Crioulo)] Outras edições O Cante da Terra (1978) - Os Cantadores do Redondo Lua Extravagante (CD, EMI, 1991) - Lua Extravagante Rio Grande (CD, EMI, 1996) - Rio Grande Dia de Concerto (CD, EMI, 1997) - Rio Grande

em breve 5.º Aniversário Fado Património da Humanidade Com Museu do Fado

24-26 nov

RICARDO RIBEIRO E RABIH ABOU-KHALIL COM ORQUESTRA METROPOLITANA DE LISBOA

quinta a sábado, 21h Sala Luis Miguel Cintra €11–€22 (com descontos €5-€17,60)

No São Luiz posso… Comprar um bilhete suspenso Começa por ser uma forma de oferecer a alguém a oportunidade de assistir a um espetáculo no Teatro São Luiz. O bilhete custa 7 euros e fica suspenso na bilheteira para usufruto de pessoas apoiadas pelas entidades às quais o São Luiz se associa: Albergues Nocturnos de Lisboa, Associação Coração Amarelo, Associação Gulliver, Associação SOL, Lar Jorbalán, Fundação Luís António de Oliveira, Casa de Abrigo da APAV ou CMPL – Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa.

São Luiz Teatro Municipal — Direção Artística Aida Tavares Direção executiva Joaquim René Programação Mais Novos Susana Duarte Adjunta direção executiva Margarida Pacheco Secretária de direção Olga Santos Direção de produção Tiza Gonçalves (Diretora), Susana Duarte (Adjunta), Andreia Luís, Margarida Sousa Dias Direção técnica Hernâni Saúde (Diretor), João Nunes (Adjunto) Iluminação Carlos Tiago, Ricardo Campos, Sara Garrinhas, Sérgio Joaquim Maquinistas António Palma, Cláudio Ramos, Paulo Mira, Vasco Ferreira Som João Caldeira, Nuno Saias, Ricardo Fernandes, Rui Lopes Responsável de manutenção e segurança Ricardo Joaquim Secretariado técnico Sónia Rosa Direção de cena José Calixto, Maria Távora, Marta Pedroso, Ana Cristina Lucas (Assistente) Direção de comunicação Ana Pereira (Diretora), Elsa Barão, Nuno Santos Relação com os públicos Inês Almeida Design gráfico SilvaDesigners Registo e edição vídeo Tiago Fernandes Bilheteira Ana Ferreira, Cristina Santos, Soraia Amarelinho Frente de casa Letras & Partituras Coordenação Ana Luísa Andrade, Teresa Magalhães, Cristiano Varela Assistentes de sala Ana Catarina Bento, Ana Sofia Martins, Catarina Ribeiro, Carolina Serrão, Daniela Magalhães, João Cunha, João Pedro, Manuela Andrade, Raquel Pratas, Sara Fernandes, Gonçalo Cruz Segurança Securitas Limpeza Astrolimpa

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