Folha de sala SABOTAGE

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são lu i z te atro m u n i c i pal

Texto e encenação: Miguel Castro Caldas Encenação e interpretação: Lígia Soares Assistência e concepção coreográfica: Sílvia Pinto Coelho Cenografia: Rita Barbosa Apoio à cenografia: Bruno Duarte Sonoplastia: Diogo Alvim Desenho de luz: José Álvaro Correia Produção Executiva: Marta Raquel Fonseca Produção: São Luiz Teatro Municipal em parceria com a Máquina Agradável para o Temps d’Images Lisboa

© joana pires

A Máquina Agradável é uma estrutura financiada pelo Governo de Portugal- Secretário de Estado da Cultura/ Direcção Geral das Artes.

em breve Temps D’Images lisboa

15 a 20 dez música

capicua

Concerto de Água e Sal Com Capicua e Pedro Geraldes terça a Domingo às 19h Jardim de Inverno; M/6

Participação especial de JAS com desenho em tempo real

bilhete suspenso Convidamos o público do São Luiz a adquirir um bilhete pelo valor de 7 euros, que fica suspenso na nossa bilheteira e que reverte para pessoas apoiadas pelas entidades associadas. O restante valor do bilhete é suportado pelo Teatro. O Bilhete Suspenso é um projecto que se insere na política de responsabilidade social do São Luiz Teatro Municipal. Conheça, junto da bilheteira do Teatro, as entidades associadas. bilheteira@teatrosaoluiz.pt tel: 213257650

são luiz teatro municipal Direcção Artística Aida Tavares Direcção Executiva Joaquim René Programação Mais Novos Susana Duarte Adjunta Direcção Executiva Margarida Pacheco Secretariado de Direcção Olga Santos Direcção de Produção Tiza Gonçalves (Directora), Susana Duarte (Adjunta), Andreia Luís, Margarida Sousa Dias Direcção Técnica Hernâni Saúde (Director), João Nunes (Adjunto) Iluminação Carlos Tiago, Ricardo Campos, Ricardo Joaquim, Sérgio Joaquim Maquinistas António Palma, Cláudio Ramos, Paulo Mira, Vasco Ferreira Som Nuno Saias, Ricardo Fernandes, Rui Lopes Secretariado Técnico Sónia Rosa Direcção de Cena José Calixto, Maria Távora, Marta Pedroso, Ana Cristina Lucas (Assistente) Direcção de Comunicação Ana Pereira (Directora), Elsa Barão, Nuno Santos Design Gráfico silvadesigners Vídeo Tiago Fernandes Bilheteira Cidalina Ramos, Hugo Henriques, Soraia Amarelinho Consultoria para a Internacionalização Tiago Bartolomeu Costa Frente de Casa Letras e Partituras Coordenação Ana Luisa Andrade, Teresa Magalhães Assistentes de Sala Ana Sofia Martins, Catarina Ribeiro, Domingos Teixeira, Filipa Matta, Helena Malaquias, Hernâni Baptista, Inês Macedo, João Cunha, Sara Garcia, Sara Fernandes, Carlos Ramos (Assistente) Segurança Securitas Limpeza Astrolimpa

27 a 29 nov

sabotage

De Miguel Castro Caldas Temps d’Images Lisboa SEXTA E SÁBADO ÀS 19H DOMINGO ÀS 20H Jardim de Inverno, a classificar pela CCE €12 (com descontos €5 a €8,40) DURAÇÃO (APROX.): 1H

nove m bro 2015


Em Outubro de 1916 Elizabeth Gurley Flynn publica nos Estados Unidos Sabotage, The Conscious Withdrawal of The Workers’ Industrial Efficiency. Sabotagem significa antes de mais nada retirar eficiência. Sabotagem é tanto o abrandamento da produção, interferindo na quantidade como o estrago da competência, interferindo na qualidade. A sabotagem não significa violência física, é um processo interno, industrial. É uma luta levada a cabo entre as quatro paredes da oficina. A sabotagem é um meio de afectar o lucro do empregador com o propósito de o forçar a garantir condições, tal como a greve. Trata-se apenas de outra forma de coerção. A 13 de Maio de 1940 os Alemães invadem a França e a 22 de Junho o General Pètain decreta que Paris se põe respeitosamente ao serviço dos invasores. Estabelece um governo hostil, trocando as divisas da Liberdade, Igualdade e Fraternidade pelas do Trabalho, Família e Pátria. Decreta leis antissemitas e a perseguição a refugiados de guerra. Como sinal de amizade, Hitler oferece os restos mortais de Napoleão II. A este propósito, Maurice Blanchot escreve mais tarde (1958): Hoje, a exigência da recusa não interveio por ocasião dos acontecimentos de 13 de maio (que se recusam por si mesmos), mas face a esse poder que pretendia reconciliar-nos honradamente com eles pela autoridade única do nome. Aquilo que recusamos não é desprovido de valor ou de importância. É mesmo por isso que a recusa é necessária. Há uma razão que já não aceitaremos, há uma aparência de sabedoria que nos horroriza, há uma oferta de acordo e de conciliação que não escutaremos. Uma ruptura produziu-se. Fomos levados a essa franqueza que já não tolera a cumplicidade.

para não dizer que se posiciona – na rua, assim como a ‘imaginação radical’ – no signo mais explícito do shit is going down. Apesar da barricada e do bloqueio não serem idênticos muito em comum partilham na função de interferir na circulação. Porque a especificidade da barricada não é a da coisa que bloqueia mas a de que sabota a cidade. Em Junho de 2013 Joana Bagulho compra a caixa Renoir 3 discos. Vê This Land is Mine em casa com o Nuno Moura. Em Julho Nuno Moura combina um café na baixa com Miguel Castro Caldas e convida-o a traduzir o discurso de defesa de Albert Lory. O réu diz a certa altura que o tribunal é o lugar onde não podia ser mais livre, e apela à sabotagem, é incrível, diz Moura. Passa o DVD ao Miguel. Tens de traduzir isto. Miguel vai para casa e fica maravilhado com o filme. Mas acha que traduzir o discurso não é suficiente. Tenho de traduzir todos os elementos do filme, as imagens, os gestos, as sombras, o que vou pensando enquanto vejo o filme, diz Miguel ao Nuno ao telefone. E começa a escrever Sabotage. Em Junho de 2014 a Douda Correria publica o texto Sabotage. É o número 6 da colecção. Miguel Castro Caldas faz uma leitura pública, com Sílvia Pinto Coelho. Lígia Soares assiste à leitura e no dia 1 de Julho envia um mail ao Miguel. Miguel, curti mesmo o Sabotage e quando te estava a ouvir estava cheia de vontade de o fazer e a magicar possíveis encenações... Não tenho dinheiro nem para o magnésio que me ajude a decorar a primeira página, mas a vontade é muita. A 2 de Julho de 2014 Miguel responde a Lígia:

A 10 de Junho de 1940 Mussolini declara guerra a França, e Jean Renoir que filmava La Tosca em Itália, interrompe as filmagens e faz o percurso de Casablanca. De Marselha a Marrocos, de Marrocos a Lisboa, de Lisboa a América. Em 1942 realiza em Hollywood This Land is Mine. Era uma história destinada a provar que a situação de cidadão de um país ocupado pelo inimigo não era tão simples como o julgavam. Jean Renoir A 10 de Abril de 2012 Evan Calder Williams vai ao Maria Matos dar uma conferência chamada Recusar a Cidade, a convite da Unipop, em que diz: A sabotagem parece estar nos antípodas da barricada: afinal, a especificidade da sabotagem na tradição sindicalista era a de que podia permitir manter a ilusão das coisas a correr bem, quando muito um sorriso sarcástico, e depois everything goes to shit. Enquanto que, por outro lado, a barricada anuncia-se a si própria,

Olha que bom, gosto tanto do teu trabalho, gostei tanto de trabalhar contigo no Nortas, vamos lá então fazer isto. O herói de This Land Is Mine, interpretado por Charles Laughton, era um verdadeiro cobarde. Tinha um medo que se pelava dos alemães e tinha todas as razões para o ter. Ao contrário dos resistentes californianos, tentava passar despercebido. Mas acabava por se comprometer, salvando a vida de um resistente e, por isso, era fuzilado pelos alemães, herói apesar do medo. Os verdadeiros heróis são modestos. Jean Renoir E em 27, 28 e 29 de Novembro de 2015 diz Albert Lory: Temos de parar de dizer que sabotar é errado, que não compensa. Compensa sim senhor! E como hei-de explicar a maneira como estou a dizer isto, compensa sim senhor, agora que o narrador omnisciente escorregou numa casca de banana.


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