Explore um novo nicho de mercado. Conheça experiências de curitibanos que prestam serviços tradicionais em formatos inovadores; o negócio é poupar tempo Reciclagem MÊS antecipa discussão da Feira Internacional de Resíduos Sólidos (Curitiba / 21 e 23-11)
Política Veja o que está por trás do caso da vereadora Renata Bueno (PPS) e o “bando de gentalhas”
Automóvel Conheça o lançamento da família MINI; test drive mostra os diferenciais deste carro
circulação GRATUITA
IMPRESSO
Entrega-se tempo
PODE SER ABERTO PELA ECT
Editora Mês Ano 1 - nº 10 Novembro de 2011
entrevista Ismar Soares
Roberto Dziura Jr.
“A Educomunicação é vista como uma novidade”
Iris Alessi - iris@revistames.com.br
O que é a Educomunicação? Ismar Soares (IS) - É uma prática social que reúne as ações voltadas para planejar e executar processos que se destinam a criar métodos educomunicativos abertos e democráticos. Parece uma definição abstrata, mas ela é muito concreta. Então, por exemplo, você tem uma escola, uma empresa, uma igreja, uma associação e a preocupação é planejar, colaborar, avaliar as relações de comunicação naquele espaço. Nós chamamos de ecossistemas comunicativos os espaços em que as pessoas vivem e onde tem gente que tenha as suas próprias culturas, suas manias, seus 4 | REVISTA MÊS | NOVEMBRO DE 2011
pontos de vista, seus ensinamentos, e aí, a Educomunicação vai prever um bom relacionamento. Além da escola, em que outros espaços públicos a Educomunicação pode ser aplicada? IS - Na verdade, ela não nasce na escola. Ela nasce na sociedade civil, na luta que, ao longo dos anos de 1960 em diante, as pessoas tiveram na América Latina para a restauração da liberdade de expressão, portanto contra a ditadura, contra a censura, ou tiveram em torno de temas de interesse coletivo que se resumem na questão do meio ambiente, na questão de gênero, questão intercultural, racismo, isto é, temas de interesse
Formado em Jornalismo pela Cásper Líbero, mestre e doutor pela Universidade de São Pulo e pós-doutor na Marquette University - Milwaukee, nos Estados Unidos, Ismar de Oliveira Soares foi um dos pioneiros no Brasil em discutir a relação entre comunicação e educação. Atualmente coordena o Núcleo de Comunicação e Educação e também a Licenciatura em Educomunicação, ambos da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da Universidade de São Paulo (USP). Em entrevista à Revista MÊS, Soares apresenta projetos bem sucedidos na Educomunicação e o panorama dessa nova atividade que nasceu junto à sociedade civil da sociedade que são trabalhados a partir de estereótipos, passaram a ser objeto de um trabalho cuidadoso de práticas comunicativas. Hoje, como é vista a Educomunicação no Brasil? IS - A Educomunicação no Brasil é vista como uma novidade. Alguns setores da educação temem. Muitos acreditam que estejam invadindo a praia. E efetivamente está invadindo a praia, mas é uma invasão do bem. É uma invasão de colaboração, não de tirar o espaço de ninguém. Também está invadindo o espaço da mídia. Dialogando com a mídia no sentido de abrir mais espaço,
por exemplo, para cobertura de fatos relacionados às crianças. Como foi o desenvolvimento para chegarmos ao panorama atual? Quais foram os avanços? IS - Entre 1997 – quando começou a pesquisa – e 2011, mais ou menos, 40 mil pessoas passaram diretamente por cursos de formação oferecidos pelo núcleo de comunicação e educação da USP. Além disso, vamos ter nesse processo, algumas articulações importantes como um grupo de organizações não governamentais que se articulam em torno do que chama de Rede CEP – Rede de Comunicação, Educação e Participação – que reúne mais ou menos 13 instituições e defende Educomunicação. É um exemplo de difusão. Vamos vendo aos poucos que o conceito vai ganhando forma. E diante do que acontecia na sociedade, das justificativas teóricas e das perspectivas de trabalho, a USP então aprova, em novembro de 2009, o curso de graduação e licenciatura. E já está funcionando. Houve transformações nesse tempo no que tange a metodologia da Educomunicação? IS - O conceito da Educomunicação não está filiado a nenhuma tecnologia específica. Você pode ter Educomunicação trabalhada com o corpo, com a música, com a voz, trabalhando com o teatro, com rádio e assim por diante. No início dos nossos projetos, nós trabalhávamos muito com o rádio. O grande projeto foi Educom Rádio. E a opção pelo rádio, porque nós precisávamos era que o jovem falasse. Que ele escutasse sua própria voz e que ele mixasse essa sua voz com a voz dos colegas, com a voz dos professores, com a voz dos artistas, misturando a sua voz às músicas. Isso permitiria, primeiramente, que ele melhorasse a sua dicção, mas especialmente permitir que ele tivesse uma visão de mundo, que ele ajudasse a construir coletivamente.
O que ainda precisa ser aprimorado? IS - A difusão do conceito gerado pelas pesquisas do NCE (Núcleo de Comunicação e Educação). Foi um trabalho de conscientização de uma corrente de pensamento entregue para a sociedade. Nós necessitamos continuar pesquisando. Na verdade, o próprio Núcleo se envolve em tantos projetos de tal magnitude que acaba não tendo tempo para parar, olhar e documentar. Como são desenvolvidos os trabalhos que já estão em andamento, como o do Ministério do Meio Ambiente? IS - No caso do MMA, o trabalho se dá pela explicitação do princípio através da norma jurídica e depois pela ação do educomunicador. O educomunicador é um profissional de qualquer área. Ele se converte educomunicador a partir do momento que ele adota os princípios, não exatamente porque ele fez uma faculdade, mas porque ele adota os princípios de Educomunicação e os implementa. É esse educomunicador e as organizações que os hospedam que estão dando o boom para a Educomunicação.
de estar fazendo o processo de aprendizagem de uma forma lúdica. A Educomunicação oferece à educação uma plataforma de trabalho, de metodologias. Atualmente, há expressivo número de evasão escolar. A que o senhor atribui isso? IS - É dada pela falta de motivação. O aluno hoje não vê os conteúdos da escola como algo que interesse a ele. E, às vezes, não interessa mesmo. E aí esse jovem, com um conteúdo que não interessa a ele, reage de forma negativa e cria obstáculos para o processo educativo. A Educomunicação pode ser um caminho de retorno desses jovens e adolescentes para a escola?
IS - Isso é possível pelas alianças que se formam. Uma das nossas próximas metas é dialogar com o Canal Futura que já nos ofereceu diálogo. Visando um debate de difusão da Educomunicação a nível nacional.
IS - Absolutamente. Nós temos experiências com crianças em regime prisional em casas como a Fundação Casa em São Paulo. Temos gente que trabalha com rádio lá dentro e o castigo de um “moleque” é dizer que ele não vai fazer rádio, porque é o grande momento de ele se expressar. E o interessante é que a prática nos diz que quando um menino pega um microfone, ele se acha do bem. E a expressão “ser do bem” quer dizer inconscientemente que ele já se ligue às pessoas “do bem” que ele conhece. E quando ele se apresenta publicamente, ainda que na vida particular esse seja um bagunceiro, seja um desrespeitador, com o microfone na mão ele muda. Esse fato levado ao estudo antropológico de como se constituem os grupos permite dizer que a Educomunicação está chegando como um ponto autônomo entre a educação e a comunicação.
Quais as vantagens que a Educomunicação traz para a educação?
O Ensino Médio é a melhor fase para a aplicação da Educomunicação?
IS - Traz um revigoramento, frescor. Permite que a escola cumpra o seu papel
IS - Pela nossa experiência não é bem o ensino médio. É a partir da sétima
Em uma entrevista, o senhor afirmou que em 10 anos, a Educomunicação pode ser política pública em todos os municípios. De que forma isso seria possível?
A Educomunicação oferece à educação uma plataforma de trabalho REVISTA MÊS | NOVEMBRO DE 2011 | 5
Roberto Dziura Jr.
entrevista Ismar Soares
série do ensino fundamental. As crianças na época estão muito ativas e elas vão encontrar um objeto no qual vão mexer. Nós constatamos que no ensino fundamental a mudança é radical nas escolas que têm [educomunicação]. O que faz o educomunicador? IS - O educomunicador pode trabalhar em muitos níveis. Existe o nível da consultoria. É o cidadão que entendendo de comunicação, de educação e Educomunicação, pode dialogar com setores, com governo, com a iniciativa privada, terceiro setor, escolas, assim por diante. Esse educomunicador ele é um gestor de processos, planeja e dá as condições de implementação de projetos. É uma espécie de assessor. E este mesmo educomunicador pode estar numa ONG desenvolvendo projetos. Pode estar na escola, pode estar na mídia. O que faz? Depende de onde está. Se ele está na mídia, vai cuidar da qualidade da informação que a mídia está soltando para criança e adolescente. Onde as pessoas estiverem elas terão funções diferentes, porém o que as une é a mesma ideologia que é a relação comunicação, educação e cidadania. Em sua teoria existe um problema entre a educação, comunicação e tecnologia. Qual é esse problema? IS - A educação vê as tecnologias como um mundo a parte que fornece 8 | REVISTA MÊS | NOVEMBRO DE 2011
A Educomunicação trabalha a interface unindo os trilhos e colocando um monotrilho no meio as TICs – Tecnologias da Informação e da Comunicação – e a escola decide como usar. É uma perspectiva. A educação tem razão. É o campo dela. A comunicação, quando vê a educação, a vê como coisa de pobre, coisa que não dá notícias. Nada acontece lá de importante que mereça cobertura. Tem um problema de autoafirmação dos campos. Essa autoafirmação significa que quem é especialista em educação entende que a educação já tá resolvida. E como se resolve? IS - A resolução aqui é colocada na perspectiva da prática cidadã, além de um olhar pro outro, de uma perspectiva determinada, no caso da educação olhando pra comunicação. Primeiramente olhando a comunicação como uma área que não respeita a educação. Trabalha com muita violência, com muito sexo, com muitas coisas. A educação se previne contra esse universo. Ou senão usa utilitariamente dos seus instrumentos. A Educomunicação trabalha a interface unindo os trilhos e colocando um monotrilho no meio e esse monotrilho tem mais liberdade de ação. Então, quando a gente fala de educomunicação a gente fala de um terceiro caminho. Um terceiro caminho que faz as aproximações, mas permitindo diálogo entre os dois campos antagônicos. Dê exemplos bem sucedidos em outros países. IS - A América Latina tem muita experiência em Educomunicação. A Bolívia é um dos países que tem maior prática. Na Colômbia nós vamos ter, já nos anos 40, um grande
projeto de rádio difusão educativa, feita por um padre católico em que ele distribuía aparelhos de rádio para alfabetização da população rural, indígena. Outro projeto educomunicativo da história chama-se MEB (Movimento da Educação de Base), também usando rádio na época do Paulo Freire nos anos 60. Paulo Freire tinha 15 mil rádios postos pelo Brasil afora em que os estudantes da UNE estavam juntos com a população para fazer o processo de alfabetização. São projetos históricos. E nas áreas acadêmicas, como está a Educomunicação? IS - No Brasil, está se multiplicando. São as pesquisas de iniciação científica e de mestrado. É objeto de estudo e os cursos de especialização se multiplicam também. E finalmente duas graduações já estabelecidas, a USP e Universidade Federal de Campina Grande. A universidade já reconhece a hipótese da existência desse profissional. É um reconhecimento importante. Quem está na vanguarda da Educomunicação no País? IS - Podemos dizer que as ONGs estejam na vanguarda e isso pela consciência política e pela experiência dos organizadores dessas ONGs. Elas são herdeiras de um procedimento que algumas pessoas sistematizaram, colocaram em prática com grande êxito. De que forma os governos vêm incentivando essa prática? IS - O incentivo público se dá em espaços específicos. O Ministério da Cultura por meio dos pontos de cultura financia projetos. O Mais Educação, do Governo Federal, está colocando rádio e outros equipamentos em quatro mil escolas. É um dinheiro muito grande investido. Aos poucos, o aparato governamental começa a se abrir. Isso em função de demandas que estão existindo.
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sumário
4
ENTREVISTA
12
MIRANTE
22
Mensagens dos leitores
23
COLUNA
24
Efeitos da pregação midiática
59
5 perguntas para: Joeci Camargo
64
LIVROS
65
ÁLBUNS
66
OPINIÃO
67
FOTOGRAMA
POLÍTICA 20 Vereadora internacional
CIDADES 26 Curitiba em duas rodas 29 Demora na entrega de Centro Cultural preocupa população
EDUCAÇÃO 32 Depois do Enem, especialistas apontam caminhos
SAÚDE 34 Um vício caro (em todos os aspectos)
ECONOMIA / AGRICULTURA
Roberto Dziura Jr.
Editora Mês Ano I – nº 10 Novembro de 2011
MATÉRIA DE CAPA 14
Mestres da conveniência COMPORTAMENTO 44 Tempo de consumir e aproveitar
TURISMO 46 Las Vegas: terra da fantasia, do jogo e do sexo
MEIO AMBIENTE 48 Carro também se recicla 50 Um entulho de problemas
CULINÁRIA E GASTRONOMIA 52 Subverter o paladar
36 Bons negócios para o milho
ESPORTE
AGRICULTURA
54 Profissionalização da “caça ao tesouro”
38 Jardim paranaense
CULTURA E LAZER
TECNOLOGIA
56 É em casa que se promove a Cultura
40 Tecnologia também pode estar longe das máquinas
57 Época natalina está chegando
COMPORTAMENTO 42 Levando o trabalho para casa 10 | REVISTA MÊS | NOVEMBRO DE 2011
MODA E BELEZA 60 Meu diário de moda
AUTOMÓVEL 62 MINI Cooper One, igualmente imponente
editorial
Mudar. Mas para onde? É
interessante observar a nossa volta que nada fica no lugar, tudo se desloca em tempo, espaço e, (re)significados, projetamos novas formas de ver as coisas, as pessoas e o meio que nos cerca. A Matéria de Capa desta edição mostra o movimento da mudança do mercado de serviços e produtos, levando em conta novas necessidades dos consumidores. Em “Mestres da Conveniência”, você pode conhecer um nicho econômico com grande potencial de crescimento em Curitiba. Mudança de casa para o trabalho. Muitas pessoas passam mais tempo no escritório do que na própria casa. Hoje, esse trajeto está se invertendo: do trabalho para a casa. São os “Home Offices”, uma opção de trabalhar junto ao conforto do lar, na reportagem de Comportamento. De Curitiba para a Itália. É lá que a vereadora Renata Bueno está neste mês. Por aqui, as coisas mudaram para o lado dela, já que seus colegas estão furiosos com as declarações que ela deu à imprensa pouco antes da viagem.Veja os motivos e interesses de tamanho desconforto na reportagem de Política. É bem verdade também que depois da mudança, nada se perde, tudo se transforma. Os idosos, por exemplo, que antes não tinham muitas perspectivas, hoje, têm elevado para o mais alto grau a nomenclatura de “melhor idade”. Os costumes mudaram e as necessidades também. E tem gente que está mudando a Justiça de lugar. A juíza paranaense Joeci Camargo vai aonde o povo está. Sem demagogias políticas aparentes, ela leva há oito anos os tribunais para os bairros, atendendo a pessoas carentes. Leia em 5 perguntas. Há mais sinais de que as coisas estão mudando. No campo, este ano, houve uma alteração na lógica de mercado. O milho que antes era deixado para segundo plano, na safrinha de inverno, passou a ser a “vedete” do momento, com bons preços e aumento da área cultivada no Paraná. Tem pelo menos um problema na constante mudança das coisas. É que nem sempre ela caminha para onde seria um denominador comum adequado. Isso pode ser observado na relação com o meio ambiente (precisamos mudar de comportamento) e na educação (melhorar na qualificação humanística). Mostramos bons exemplos nesta edição. De todo modo, há um bom começo para seguir: “seja a mudança que você quer ver no mundo”, diz a famosa frase de Dalai Lama. O caminho pode ser por aí. Boa leitura!
expediente A Revista MÊS é uma publicação mensal de atualidades distribuída gratuitamente. É produzida e editada pela Editora MÊS EM REVISTA LTDA. Endereço da Redação: Alameda Dom Pedro II, 97, Batel – Curitiba (PR) Fone / Fax: 41. 3223-5648 – e-mail: leitor@revistames.com.br REDAÇÃO Editora-executiva e Jornalista responsável: Arieta Arruda (MTB 6815/PR); Repórteres: Mariane Maio, Roberto Dziura Jr. e Iris Alessi; Arte: Tércio Caldas; Fotografia: Roberto Dziura Jr.; Revisão: Larissa Marega; Direção comercial: Paula Camila Oliveira; Distribuição: Sandro Alves; Publicidade: Lucile Jonhson - atendimentocomercial@revistames.com.br – Fone: 41.3223-5648; Produção gráfica: Prol Editora Gráfica; Colaboraram nesta edição: Tiago Oliveira, Márcio Baraldi, Wilson Andersen Ballão, Renato Sordi, Aguinaldo Rodrigues e Mino Carta (Carta Capital). Auditoria: ASPR - Auditoria e Consultoria.
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mirante
Beto Hichtler
Deselegância
Tentou consertar
É fato. A fala da presidenta Dilma durante o evento de anúncio da liberação de recursos federais para a construção do metrô de Curitiba foi censurada pela TV Educativa do governo Beto Richa (PSDB) sim. Profissionais da emissora teriam ouvido uma pessoa com poder dentro da emissora aos gritos dizendo: “Tira essa daí”, mandando retirar as imagens da Presidenta do ar. O clima na emissora não ficou muito bom depois dessa atitude.
A avaliação dos estrategistas do governo tucano que sugeriram não permitir a veiculação das imagens da Presidenta da República na TV do Estado do Paraná só serviu para mostrar o quanto há de autoritarismo instalado no governo e a miopia que habita o poder no Palácio das Araucárias. Dilma foi só elogios à Curitiba e ao Paraná. Richa perdeu uma grande chance de se apresentar maior do que é ao aparecer para o Estado ao lado da Presidenta.
O governador Beto Richa (PSDB), numa tentativa desesperada de consertar o grande erro cometido depois de verificar a repercussão na imprensa paranaense, teria ligado para meio mundo, em Brasília, tentando se desculpar e dizendo que nada tinha a ver com o episódio. Não deve ter tido muito sucesso em seus argumentos, pois o sentimento na Capital federal é que o tucano, além de muito mal educado, não é muito dado a relações republicanas.
Laura Ling / Alep
Excelente troca Depois de 50 anos de ilegalidade, o presidente da Assembleia Legislativa, Valdir Rossoni (PSDB), mandou acabar com o abono de Natal que era pago aos seus servidores. Parabéns? Não. Ele criou outros penduricalhos para compensar a “perda”. Os deputados criaram um vale-refeição no valor de R$ 400 por mês. Este ano, para se igualar ao abono, os servidores receberão retroativo ao mês de setembro, ou seja, R$ 1.600. Piada, só pode.
Fazendo valer sua imagem de criterioso, o pré-candidato Gustavo Fruet (PDT) já escolheu o primeiro nome de sua equipe de pré-campanha: o doutor em Economia e professor do Curso de Economia da UFPR, Fábio Scatolini. Ele será o responsável pela elaboração do seu programa de governo para as eleições do ano que vem. No mais, Fruet continua o trabalho de construir uma aliança forte para a disputa.
Pré-campanha
Roberto Dziura Jr.
Plano de Governo
Pesquisa que a MÊS teve acesso dá conta de que 56% dos eleitores apoiam a aliança de Gustavo Fruet com o PT. Outro cenário estudado pelos pré-candidatos aponta o candidato do PDT em 1º lugar com 26%, Ratinho (PSC) está em segundo (22%), Ducci (PSD) tem 18%, Vanhoni do PT (14%) e o peemedebista Greca (5%). Neste comportamento, Ratinho não deve crescer por falta de inserção nas classes A e B, já Gustavo Fruet tem aceitação de todas as classes sociais. A pesquisa também mostra maior rejeição entre Greca, Ducci e Ratinho, nesta ordem.
Documentos
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Fala Rubens
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O deputado federal Rubens Bueno (PPS) conquistou na justiça o direito de ter acesso às cópias das notas fiscais dos gastos com publicidade da Câmara de Vereadores de Curitiba no período de 2006 a 2009. Período em que a esposa do presidente João Cláudio Derosso (PSDB) prestou serviços para a Casa. São 8.232 páginas de documentos. Será que o pedido do deputado federal foi motivado por acreditar que os vereadores não serão capazes de investigar o ocorrido? Seria importante o deputado começar a falar o que já encontrou nesses documentos.
“Os números nos dão uma posição, demonstrando que a população quer isso também”
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Bate Pronto
Disse Ratinho Jr. (PSC) sobre sua pré-candidatura à Prefeitura (eleições 2012)
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“Estou recomeçando a trajetória sem obsessão e analisando os cenários” Afirma Gustavo Fruet (PDT), também pré-candidato, em seu Twitter
Constrangimento total
Defesa para os paranaenses
É constrangedora a situação em que a TAM coloca seus comissários e passageiros por conta dos assentos reservados para serem vendidos por R$ 20,00. Sempre que um passageiro quer utilizar esses assentos, óbvio quando estão desocupados, são abordados pelos funcionários da companhia dizendo que aquele lugar é reservado para quem os adquiriu no ato do check-in. Ao ouvirem dos passageiros que mesmo assim sentarão, pois as poltronas estão vazias, os funcionários se desculpam dizendo que apenas cumprem determinação da empresa.
Momento histórico para a Justiça do Estado. No fim do mês passado, foi criada de fato e de direito a Defensoria Pública do Paraná. Destinada à defesa dos direitos de pessoas que não têm condições de contratar um advogado, o órgão terá a sua frente a defensora pública-geral, Josiane Fruet Bettini Lupion, e mais nove defensores que completam a equipe. Já não era sem tempo. Há 20 anos esse projeto espera por aprovação. O Paraná é uma das últimas unidades federativas que ainda não contava com a defesa pública.
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matéria de capa
Empresa oferece lavagem de carros no próprio trabalho de alguns clientes
Mestres da conveniência Empreendedores cansaram de esperar pelo cliente e viram uma oportunidade de negócio ao oferecer o serviço no local de trabalho; hoje é possível lavar o carro no pátio da empresa e receber fruta todo dia no serviço Mariane Maio - mariane@revistames.com.br
L
avar o carro, comprar a comida do jantar para receber os amigos, ter frutas frescas e picadas para o lanche diário da tarde, ir à manicure e arrumar os cabelos para a festa do final de semana. São serviços que a maioria das pessoas necessita em um momento ou outro da vida. O difícil é conseguir encaixar essas necessidades “extras” com a agenda atribulada do dia a dia. O horário de almoço já não dura duas horas e o de saída vira e mexe passa das 18h. Para muitos, o sábado e o domingo também são sinônimos de
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mais trabalho. O trânsito da cidade igualmente não colabora. O percurso ficou mais longo e demorado. Pensando na conveniência do consumidor, muitas empresas estão levando estes e outros serviços ao cliente. “Toda empresa busca oportunidades de mercado, que vão surgindo na medida em que a sociedade muda seu comportamento. As pessoas estão cada vez com menos tempo disponível para pequenos serviços. Essas coisas eram feitas durante o dia, no horário do almoço ou pelas mulheres que não trabalhavam fora. Além disso, uma coisa que você fazia em 10 minu-
tos, hoje você leva meia hora, 40 minutos, conforme o horário e, às vezes, você consegue chegar, mas não consegue estacionar”, analisa a professora do departamento de Administração da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Ana Paula Mussi Qherobin. A mudança do perfil dos consumidores, aliado ao crescimento do setor de Serviços e Comércio dá o tom do potencial econômico desse setor. Dados do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Social e Econômico (Ipardes) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que o setor de Serviços e Comércio foi respon-
sável por quase 64% do Valor Adicionado Bruto (valor que se agrega para a formação do Produto Interno Bruto [PIB]) do Estado em 2008, o que equivale à soma da riqueza gerada de aproximadamente R$ 99 milhões, dos R$ 154.638 milhões totais. Por isso, é bom os novos empreendedores ficarem atentos a essa área. Para Roberto Janz, consultor de varejo do Sebrae-PR (Serviço de Apoio às Micros e Pequenas Empresas), ainda há muita expansão pela frente. “É um seguimento que tem muito a crescer, se profissionalizar e inovar”.
Carro sempre limpo Da necessidade ao negócio. A marca Esquadrão do Carro surgiu quando
Setor de serviços e comércio foi responsável por quase 64% do Valor Adicionado Bruto em 2008 um dos sócios, José Ângelo Simão, encontrou dificuldades ao tentar lavar seu próprio carro em um sábado. “A gente tinha um casamento para ir, o carro estava muito sujo e ele saiu de manhã para levar o carro para lavar”, lembra Juliana Ares Pereira, também sócia junto com Rodrigo Assis Correa. Depois de verificar em alguns estabelecimentos próximos de casa, viu aí uma oportunidade de negócio ao ter de voltar para casa com o carro sujo. Após três anos amadurecendo a ideia e um ano de planejamento, o trio lançou a empresa em maio deste ano.
Roberto Dziura Jr.
Passo a passo Aprenda com os especialistas Para eles, independentemente da empresa, os processos de planejamento e organização financeira têm de ser os mesmos. É preciso fazer um estudo inicial do negócio muito detalhado, pesquisar o mercado, avaliar a viabilidade e os possíveis fornecedores e fazer um planejamento financeiro. Outro diferencial, segundo Roberto Janz, consultor do Sebrae-PR, é a dedicação exclusiva ao negócio e ser apaixonado pelo que faz. Conheça as 10 características do Empreendedor de Sucesso: Ter total comprometimento, determinação e perseverança Ter senso de oportunidade e orientação por metas Persistir na resolução de problemas Ter autoconhecimento e senso de humor Buscar e obter feedback Atribuir a si o seu desempenho Demonstrar tolerância ao estresse à ambiguidade e à incerteza Procurar correr riscos moderados Lidar bem com o fracasso Formar uma equipe
Iniciado o voo no mundo dos negócios, qualquer parada significa queda. Por isso, seu destino e seus objetivos têm de estar bem claros.
“Uma van, totalmente autônoma, que onde quer que fosse, pudesse executar o serviço no local sem gerar resíduo e sem consumir energia”, explica Juliana. O automóvel montado por eles é completamente equipado para fazer a limpeza a seco de até 50 veículos. Além da limpeza interna e externa, a empresa oferece, entre outros serviços, a cristalização de vidros, higienização interna e hidratação de bancos de couro. “A gente chega, arma nosso acampamento e desarma. No final do dia, quando a gente vai embora, ninguém percebe que passamos por ali, porque não fica resíduo, não fica nada”, afirma a sócia. O Esquadrão atende de segunda a sexta-feira empresas pré-estabelecidas e de sábado, os clientes em geral, em um posto no Alfaville, de Pinhais. Os agendamentos de horário, tanto dos funcionários, quanto da população em geral, são feitos pelo site da empresa. O grupo, que atende de 250 a 300 carros por mês, antecipa que já está preparando a nova van para o início do ano que vem, pois há convites para atuar no estacionamento das empresas Renault, Petrobras, Positivo Informática e Celepar. Futuramente, a empresa pensa ainda em entrar no mercado de franquias. “A gente está preparado, já deixou tudo isso escrito em books e roteiros para fazer o passo da franquia”, antecipa Juliana. Apesar de não precisar de um ponto fixo, o investimento inicial da empresa foi alto, cerca de R$ 200 mil, pois foi necessário comprar equipamentos e o automóvel, que foi todo adaptado para essa finalidade. Mesmo não divulgando os dados financeiros da empresa, os sócios afirmam que o lucro pode variar de 40% a 200%, dependendo do serviço. “Por que o nosso ticket-médio [valor médio das vendas] é alto? Porque, normalmente, para fazer esse tipo de serviço demanda tempo e é o que a pessoa não tem. Como a pessoa deixa o carro de REVISTA MÊS | NOVEMBRO DE 2011 | 15
Roberto Dziura Jr.
matéria de capa manhã, e só vai pegar às seis horas da tarde, ela pode fazer”, explica Simão. Paga-se pela conveniência, combinando ao ditado: “tempo é dinheiro”.
Fruta do Dia Outro empresário que fez da conveniência seu modelo de negócio foi o educador físico Marcos Vinícius Albuquerque Alves. Após pedir demissão do funcionalismo público, Alves passou a trabalhar com o pai comprando frutas e revendendo para grandes empresas. Depois de um tempo recebeu um pedido de funcionárias do banco HSBC para que ele levasse frutas selecionadas diariamente para elas. Aí surgiu o Clube da Fruta. No início de fevereiro deste ano, eram 45 consumidores e, hoje, já são aproximadamente 2.900 clientes em 50 empresas, em Curitiba.
Roberto Dziura Jr.
Todos os dias ele e mais oito funcionários trabalham para separar e processar os quase 5 mil kg de frutas servidas diariamente aos clientes. Em dois turnos. O primeiro começa às 4h e vai até às 12h e outra parte começa às 17h e vai até às 23h. Os clientes
Yara percebeu a falta de tempo das mulheres de ir ao salão e abriu uma empresa que leva o salão até elas
recebem todos os dias duas frutas lavadas e embaladas. Para contratar o serviço é preciso ter no mínimo 10 funcionários no mesmo local e pagar R$1,40 por dia útil. Com um investimento inicial pequeno, apenas um veículo adequado para o transporte e um local para separar as frutas − atualmente alugado −, Alves garante que 25% do valor bruto recebido é lucro da empresa. Ele já pensa em ampliar para atender a Região Metropolitana de Curitiba e ainda tem propostas para abrir uma filial em Florianópolis (SC). Até dezembro, a previsão do empresário é atender cinco mil pessoas. Para ele, o grande incentivo é a comodidade e o apelo saudável. “A questão da gente oferecer a fruta manipulada, limpa no local de trabalho, em vez de comer um chocolate, bolacha, come a fruta, que é muito mais saudável”, diz. A estagiária do Tribunal de Justiça, Valéria Karina Lesniowwski, é uma das pessoas que trocou as bolachas recheadas para aderir ao Clube da Fruta. Apesar de sempre consumir frutas em casa, Valéria admite que não estendia o hábito ao local de trabalho. “Achei uma ideia boa, porque normalmente No início do ano, o Clube da Fruta que atendia 45 pessoas, hoje já tem aproximadamente 2.900 clientes
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a gente não tem coisa para comer à tarde no trabalho. E sempre que saía para comprar, acabava comprando chocolate, coisas mais pesadas, que engordam. Vindo as frutas todo dia, alimenta o suficiente para não sentir forme e é saudável”, diz.
Beleza em qualquer lugar Outro serviço a domicílio que está chegando à Curitiba é o Web Salão. Foi lançado em outubro, mas estará disponível ao público em geral somente a partir da segunda quinzena deste mês. Moradoras da Capital poderão contratar serviços de beleza e bem-estar pelo site e receber onde e quando desejarem. “Na minha época de faculdade [de Marketing], nos finais de semana, eu trabalhava no
Negócios Saiba mais sobre as empresas citadas na reportagem: O Esquadrão do Carro www.oesquadraodocarro.com.br Clube da Fruta www.clubedafruta.net Web Salão www.websalao.com Eismann www.eismann.com.br
salão de beleza da minha prima. E participando dessa realidade consegui detectar algumas necessidades desse público. Tanto nas clientes, quanto nas profissionais e no modelo que existe de salão de beleza”, conta a empreendedora Yara Lúcia de Menezes Garcia, que percebeu a falta de tempo de muitas clientes e teve a ideia da empresa quando protocolou um projeto para seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC).
“Como é muita mulher no escritório, a gente sempre usa o horário do almoço. Poucas meninas têm carro, então tinha de juntar todo mundo e fazer aquela caravana. Mas sempre ligava lá e não tinha horário para todas. [Quando tinha] era aquela correria. Quando a Yara comentou do Web Salão falamos ‘era isso que a gente precisava’”, afirma Fernanda Wenceslau Cabral, funcionária da organização Junior Achievement, que junto com
suas colegas de trabalho foi a primeira cliente do Web Salão. Manoele Ruiz, também colaboradora da Junior Achievement, aproveitou para fazer as unhas junto com as colegas. “Quando fiquei sabendo, achei genial, porque vem bem a calhar com a correria do nosso dia a dia. Muitas pessoas que trabalham fora não têm tempo disponível para ir ao salão, ou tem um salão próximo ao local de trabalho”, diz.
Oportunidades Fotos: Roberto Dziura Jr.
A reportagem da Revista MÊS foi às ruas para descobrir qual serviço as pessoas gostariam de receber em casa ou no trabalho. Veja algumas das respostas:
1. Raquel Garcia
2. Vitor Dany de Andrade
Gostaria de receber uma empresa de limpeza. “Que fossem vários profissionais e fizessem um mutirão”.
Acredita que uma equipe que lavasse o seu carro seria um serviço interessante.
3. Cézar Brasil
4. Alicia Batista
5. Cristy Haddad Figueira
Apreciaria se as concessionárias de veículos viessem até o cliente buscar o veículo e depois devolvessem, no caso de uma revisão.
Gostaria de contar com serviços bancá- Preferiria receber as compras do rios. “Já tem a internet, mas tem coisa mês do supermercado em casa. ainda que precisa ir ao banco e também fico com medo de vírus e hacker”.
Dona de um salão de beleza
Agente de viagens
Fisioterapeuta
Gerente de fomentos
Advogado
REVISTA MÊS | NOVEMBRO DE 2011 | 17
matéria de capa Roberto Dziura Jr.
Um jantar de última hora com os amigos não é mais problema; empresa entrega alimentos ultracongelados em casa
será atendido novamente. Isso permite que ele tenha uma programação. O pagamento é feito por débito ou crédito na porta de casa. Hoje, o trânsito das cidades está cada vez mais difícil e as pessoas estão buscando cada vez mais alternativas para ganhar tempo”.
Por isso, as clientes normalmente não se importam em pagar um valor a mais pela comodidade. Para ela, apesar do valor de manicure pago pelo Web Salão ser uma pouco mais alto, vale a pena. “Acho que é um valor que não interfere muito. Como é uma diferença pequena, vale muito a pena pela comodidade de ser atendida no trabalho ou em casa”. Neste início, Yara estima atender com seu negócio cerca de 32 pessoas diariamente, com oito funcionárias cadastradas. Mas, futuramente, o número pretende ser bem maior. Em cinco anos, ela pretende estar atendendo 2.100 pessoas por mês e ter 221 profissionais. Esses números, baseados em pesquisas, mostraram que seu foco é a mulher que está no mercado de trabalho, tem de 19 a 44 anos e está na internet. Segundo ela, quando o sistema tiver completamente instalado na Capital, pretende ampliar para outras capitais do Brasil. “No Paraná, a ideia é ir crescendo para as regiões próximas. Primeiro vamos para a Região Metropolitana e depois para o Interior”, afirma Yara. 18 | REVISTA MÊS | NOVEMBRO DE 2011
Ultracongelados na porta de casa Um grupo alemão que há 36 anos vende alimentos ultracongelados na porta de casa, o Eismann, também percebeu a oportunidade em Curitiba e, em março de 2010, iniciou as atividades na Capital, sendo a primeira operação fora do continente Europeu. “Nós temos no histórico aqui do Brasil, o padeiro, o leiteiro. Então, quando nós começamos a trabalhar e apresentar o serviço, muita gente se identificou”, conta Fabrício Alencar Pereira, gerente de marketing da marca Eismann. Para ele, essa questão do relacionamento é um fator determinante para o sucesso do negócio. “A cada dia o tratamento que os clientes recebem nos pontos de venda ficam mais impessoais”, lembra, explicando que o fluxo de visita dos representantes da Eismann é de 15 em 15 dias. Outra vantagem é a comodidade. “O cliente não precisa sair da sua casa, se deslocar até um estabelecimento comercial para comprar alguma coisa. Ele é atendido na porta de casa e tem a garantia do dia e horário que
Por mês, a empresa recebe de um a dois containers de alimentos importados, que representam 60% do mix de produtos. Apesar de não divulgar o balanço financeiro da empresa, a quantidade de produtos impressiona. São vendidos de 10 a 22 toneladas por mês de alimentos, em 30 caminhões para entrega. A marca atende hoje a grande Curitiba e algumas outras cidades que estão em processo de teste. A ideia é que a expansão seja iniciada dentro do Paraná em 2012.
Promissor Essa forma de vender ou oferecer o serviço é mais moderna e tecnológica, segundo o consultor do Sebrae-PR, Roberto Janz. “Volta ao conceito do velho freguês. Antigamente, a gente tinha aquele freguês que tinha um atendimento diferenciado, que recebia o pão em casa. Esse conceito do passado com modernidade, com mais opções que a vida moderna exige. É uma repaginada do passado. Você cria esse relacionamento com o cliente muito mais customizado. Os produtos de forma geral são muito parecidos. O que diferencia uma empresa da outra é o serviço”. Assim, este apresenta-se como um mercado dos mais promissores. “Há muita expansão pela frente ainda nessa área. E mesmo lojas que são tradicionais podem começar a trabalhar com esse canal de venda também. Hoje, você já vê empresas que antigamente só vendiam em lojas e hoje já vendem por catálogos”.
REVISTA MÊS | NOVEMBRO DE 2011 | 19
política
Vereadora internacional Mariane Maio - mariane@revistames.com.br
N
o final do mês passado, o destempero da vereadora de Curitiba (PR), Renata Bueno (PPS), ascendeu uma discussão sobre o papel do vereador e do uso do dinheiro público. A parlamentar afirmou ao jornalista Chico Marés, da Gazeta do Povo, que sua produção fora da Câmara era muito maior comparada ao tempo em plenário “aguentando” os demais vereadores. “É um bando de gentalha que não produz nada, passam horas e horas se lamentando, fazendo teatro”, afirmou a vereadora que havia acabado de ter seu pedido de justificativas de faltas negado pelos demais colegas, ao solicitar uma viagem internacional à Itália, onde faria uma etapa de seu doutorado. A forma nada cordial com que Renata se referiu aos pares desencadeou uma representação contra ela no Conselho
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Em dois anos, Renata Bueno gastou mais de R$ 28 mil em viagens para fora do Brasil; especula-se que o interesse dela é se candidatar ao Parlamento Italiano
de Ética. A justificativa é que Renata quebrou o decoro parlamentar, pois manchou a imagem dos vereadores e da Casa. Caso seja aceita a denúncia, a pena mais provável será a suspensão temporária do mandato, mas alguns vereadores já falam até em cassação. “Respeitar a Instituição é o mínimo que ela podia fazer”, afirma o vereador Pedro Paulo (PT), que propôs a representação aos demais vereadores. Segundo ele, o limite entre liberdade e respeito foi ultrapassado pela nobre colega.
Internacional Viagens internacionais são frequentes no currículo da vereadora. Desde 2009, ela já pediu ao legislativo municipal licença e contribuição financeira para cinco viagens para fora do Brasil. A última delas foi, inclusive, à cidade de Roma, na Itália, onde Renata esteve em fevereiro deste ano para oficializar convênio entre a Universidade Federal do Paraná (UFPR) e a
Universidade de Roma Tor Vergata. Até o momento, os gastos do gabinete
Veja as viagens realizadas DATA / LOCAL
VEREADORA RENATA BUENO
19 a 21/08/2009 / Rio de Janeiro (RJ) 04 a 20/09/2009 / Colônia (Alemanha) 30/11 a 01/12/2009 / Belo Horizonte (MG) 31/03 a 03/04/2010 / Santa Cruz de La Sierra (Bolívia) 07 a 09/04/2010 / Foz do Iguaçu (PR) 28 a 30/07/2010 / Aracaju (SE) 27 a 29/08/2010 / Província de San Juan (Argentina) 09 a 12/12/2010 / Punta Del Este (Uruguai) 01/02/2011 / Brasília (DF) 10 a 19/02/2011 / Roma (Itália) 11 a 12/04/2011 / São Paulo (SP) 31/03/2011 / Brasília (DF) TOTAL:
ANA PAULA BARMANN (ASSESSOR
TOTAL:
MARISTELA WEISS ZIMERMANN (A
TOTAL: TOTAL GERAL:
de Renata Bueno com viagens (dela e de mais duas assessoras) foram de R$ 46.564,00 mil, sendo R$ 32.431,67 apenas com os destinos internacionais. (Veja na tabela)
Roberto Dziura Jr.
Desta vez, a viagem para a Itália está sendo bancada com recursos próprios, mas os mais de 20 dias que Renata ficará sem trabalhar em sua função na Câmara de Vereadores não serão descontados de seu salário, pois o regimento interno da Casa não determina que isso seja feito. Em seu site, a vereadora colocou um comunicado e um vídeo explicando o motivo de sua viagem e garantindo que se trata de interesses públicos. “Fui convidada pela Universidade de Roma para fazer um doutorado, com intuito de viabilizar o Código de Leis do Município de Curitiba. [...] Meu trabalho possibilitará aos cidadãos curitibanos maior acessibilidade às leis da nossa cidade, e com isso poderão ter conhecimento de seus direitos e deveres. Certamente, esse legado para nossa cidade terá um valor inestimável, o que justifica de forma plena minha ausência por alguns dias”, comenta a vereadora.
Gasto do gabinete de Renata em viagens foi de R$ 46.564 em dois anos Para esclarecer algumas questões sem resposta no material disponibilizado, Renata Bueno foi procurada pela reportagem da Revista MÊS, mas já estava fora do País. Sua assessoria de imprensa informou que a vereadora voltará apenas dia 20 de novembro. Ao analisar a função de um vereador, o professor de Direito de Integração Regional da Unicuritiba e doutor em Direito Internacional, Augusto do Amaral Dergint, afirmou que “teoricamente a competência pelas questões internacionais é da União e do Executivo”. Para ele, é preciso saber o caso concreto para analisar se a vereadora precisaria ou não participar dessas viagens e conversas. “Acho questionável, mas precisaria ouvir a explicação dela para saber se é plausível. Digo que não seria impossível [ela fazer negociações internacionais], mas acho estranho”, analisa Dergint.
Outros interesses Nos bastidores políticos, especula-se que essa conduta da vereadora tem um interesse maior para ela. Segundo fontes da Câmara de Vereadores, Renata Bueno já demonstrou desejo em concorrer a uma vaga ao Parlamento Italiano, em 2013. Segundo o professor Augusto do Amaral Dergint, os países da América Latina podem eleger legalmente representantes estrangeiros que serão responsáveis pelos interesses dos italianos que vivem fora de seu país. Dergint explica que, para concorrer ao cargo, a pessoa precisa ter também cidadania italiana, que é o caso da vereadora Renata Bueno. Ela que também é representante brasileira do Partido Democrático Italiano. De acordo com a assessoria de imprensa da vereadora, existe muita aproximação entre a vereadora e os políticos italianos, mas essa intenção não está certa. “Ela tem contato com bastante gente do PD, que é o Partido Democrático Italiano, mas até agora não tem nada definido”, garante o assessor.
MOTIVO VALOR
Seminário Cidades Sede Copa do Mundo 2014 Visita e Diálogo de Representantes Políticos- Delegação de Mulheres Políticas 1º Encontro Nacional de Lideranças “Mulheres Debatem o Brasil” Troca de Experiências- Comissão de Direitos Humanos 4ª Conferência Estadual das Cidades XV Encontro Nacional de Vereadores XXII Congresso Latino Americano de Parlamentares Municipais Encontro do Comitê Latino Americano de Parlamentares Municipais Cerimônia de Posse dos Deputados Federais Oficialização de Convênio entre UFPR e Universidade de Roma Tor Vergata Seminário Cooperação Brasil/União Europeia Encontro com Embaixador da Itália- representando as comunidades italianas/ PR
RA)
ASSESSORA)
Divulgação
pela vereadora Renata Bueno (PPS) e sua assessoria R$ 1.980,08 R$ 9.475,00 R$ 965,50 R$ 1.064,40 R$ 1.397,52 R$ 1.558,83 R$ 4.260,00 R$ 2.973,92 R$ 1.057,00 R$ 10.609,50 R$ 1.398,61 R$ 1.576,26 R$ 38.316,62 R$ 4.330,70 R$ 3.916,68 R$ 46.564,00
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mensagens do(a) leitor(a)
Edição do mês de outubro Tive a oportunidade de ler a Revista Mês de agosto/2011 e achei muito boa. Gilberto Araújo Gostaria de receber a REVISTA MÊS em minha residência, pois a recebemos em nosso escritório no Batel e vemos que as matérias são super interessantes e atualizadas. Simone Francos da Silva Olá, li a edição mensal e gostei muito do material que encontrei! Simone Marques Pereira Conhecimento Tive conhecimento da Revista Mês através de uma banca de revista/jornais na praça Rui Barbosa, gostei muito da revista e quero receber em casa. Daniele Lima
Agradecimento Quero agradecer por esta maravilha de revista e gostaria muito de recebê-la em casa todo mês as edições. Alessandro Fernando Riskoveski
Leitura Li a edição nº 8 e gostei muito.
Edson Luiz Gusi
Jimi Vargas @mes_pr adoro as matérias de empreendedorismo! Me motiva muito!
Marlene Pagoto Recebi a Revista Mês Paraná e gostei muito das informações! Parabéns! Carlos Machado Gostei da matéria sobre a Rua 24 Horas. A expectativa de reabertura é grande. E espero que desta vez, a Prefeitura faça a coisa certa. Parabéns pela matéria! 22 | REVISTA MÊS | NOVEMBRO DE 2011
As cartas da Revista MÊS são de mensagens enviadas à redação por correspondência ou de recados deixados em nosso perfil no Twitter: @mes_pr ou no Facebook: MÊS Paraná. Participe!
Comentário Gostaria de dizer que é a segunda revista que recebo e adorei as duas, assuntos abordados são interessantes, imagens são boas, a página dedicada ao leitor para dar opinião é interessante. Parabéns pela revista. Comentei com meu amigo no trabalho, ele olhou e gostou da revista e quer receber um exemplar. Segue endereço do meu amigo. Clayton de Barros lima
Qualidade Tive oportunidade de ler dois ou três exemplares desta revista e achei o conteúdo de ótima qualidade, inclusive utilizei uma reportagem “A nova cara do Paraná” em uma de minhas aulas, então gostaria de receber a revista mensalmente. Tânia Suráia
Assinatura Li a Revista Mês em diferentes lugares, porém como não vou a estes lugares com frequência, gostaria de saber o que devo fazer para recebê-la ou onde posso adquiri-la? Alisson Martins Gostaria de receber a revista, principalmente por ter conteúdo voltado ao nosso estado. V itor Souza Boa Tarde. Me interessei muito em receber essa revista em minha casa. Jéssica Tiemi Resposta: É Alisson, a Revista MÊS tem distribuição gratuita e você pode encontrar nas principais bancas de Revista de Curitiba, em Cafés, Restaurantes e Prédios comerciais. Caso queira receber em sua casa, envie seu endereço (rua, bairro e CEP) pelo contato: leitor@revistames.com.br
sobre a política
A pequenez política Por Tiago Oliveira tiago@revistames.com.br
Proibir a veiculação do pronunciamento é um despotismo descabido com o nosso tempo
O Paraná presenciou no último mês um espetáculo de quanto a política pode ser rasteira. E não estou me referindo a qualquer caso de corrupção envolvendo vereadores ou passeios de helicópteros entre “primos” até hoje muito mal explicados. Falo sobre o episódio em que a TV Educativa, empresa estatal comandada pelo governador Beto Richa (PSDB), vetou – isso mesmo leitores –, vetou a aparição da presidenta Dilma Rousseff durante evento onde ela anunciou os recursos necessários para a construção do metrô de Curitiba. O governador tem todo o direito de concordar ou não com o combate aos “mal feitos” patrocinados pela presidenta. Pode até achar que a inclusão de milhões de brasileiros na chamada nova classe média fruto das políticas econômicas sociais dos governos de Dilma e de seu antecessor não deveria acontecer. Pode até não gostar do partido da mulher. Mas, querendo ou não, é a presidenta de todos os brasileiros. Imprimir a censura, proibir a veiculação do pronunciamento dela é um despotismo descabido com o nosso tempo. Nem o “Czar”, que cuidava daquela emissora como se fosse sua, seria capaz de uma atitude tão sórdida. E não me venha o governador dizer que não foi um ato de censura, de mordaça. Como, aliás, tentou fazer ao telefonar para interlocutores em Brasília. Dizer que foi um problema técnico ou que ele não sabe o que aconteceu. A coluna Mirante informa nesta edição que houve comando para tirar as imagens do ar. Que uma pessoa do alto escalão da emissora, portanto pré-posto do governador, aos gritos,
determinou que as imagens fossem cortadas. Logo, foi um ato de governo. Ato de governo, que mais do que ferir o princípio democrático da livre informação, atenta contra o princípio federativo. Um governador que trata desta forma um líder de Estado não poderá reclamar se ficar a pão e água. E quem perde por conta da mesquinharia política do governo do nosso Estado? Nós, os pobres mortais que votamos e pagamos religiosamente nossos impostos. Sorte nossa que a presidenta Dilma já deu mostras de seu comportamento republicano. Seja ao convidar o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) para eventos, seja destinando verbas para todas as importantes obras, independentemente do partido que esteja alojado nos governos estaduais ou municipais. Isso nos assegura que não sofreremos retaliações. A postura do governo do Paraná foi irresponsável e lastimável. Digna de um “piá de prédio” que acha que o vento do ar condicionado é só para empinar sua pipa ou que o tapete é apenas para suas bolinhas de gude. O velho Richa, se estivesse entre nós, com certeza, reprovaria esta atitude. REVISTA MÊS | NOVEMBRO DE 2011 | 23
opinião
Efeitos da pregação midiática
A velhacaria parte do anonimato da internet mas não esconde os herdeiros da Casa-Grande Editorial de Mino Carta, Carta Capital (04.11.2011)
No princípio era e é a mídia. A primazia vem de longe, mas se acentua com o efeito combinado de avanço tecnológico e furor reacionário. De início a serviço do poder até confundir-se com o próprio, um poder ainda medieval de muitos pontos de vista, na concepção e nos objetivos. Ao invocar o golpe de Estado de 1964, os editorialões receitavam o antídoto contra a marcha da subversão, obra de pura fantasia, embora os capitães do mato, perdão, o Exército de ocupação estivesse armado até os dentes. Marcha da subversão nunca houve, sequer chegou a Revolução Francesa. Em compensação tivemos a Marcha da Família, com Deus, pela Liberdade.
Celebrada colunista da Folha de S.Paulo escreve que Lula agora parece “pinto no lixo”, cuida de sublinhar que “quimioterapia é dureza” e que vantagens para o enfermo existem, por exemplo, “parar de tomar os seus goles”. Outra colunista do mesmo jornal, dada a cobrir tertúlias variadas dos herdeiros da Casa-Grande, pergunta de sobrolho erguido quem paga o tratamento de Lula. Em conversa na Rádio CBN, mais uma colunista afirma a culpa de Lula, “abuso da fala, tabagismo, alcoolismo”. A cobra do Paraíso Terrestre desceu da árvore do Bem e do Mal e espalhou seu veneno pelos séculos dos séculos.
Há tempo largo a mídia cuida de excitar os herdeiros da Casa-Grande ao sabor de pavores arcaicos agitados por instrumentos cada vez mais sofisticados, enquanto serve à plateia, senzala inclusive instalada no balcão, a péssima educação do Big Brother e Companhia. Nem todos os herdeiros se reconhecem como tais, amiúde por simples ignorância, todos porém, conscientes e nem tanto, mostram se afoitos, sem a percepção do seu papel, em ocasiões como esta vivida pelo presidente mais popular do Brasil, o ex-metalúrgico Lula doente. E o estímulo parte, transparentemente, das senhas, consignas, clichês veiculados por editorialões, colunonas, artigões, comentariões.
Às costas destas miúdas aleivosias, todas as tentativas pregressas de denegrir um presidente que se elegeu e reelegeu nos braços do povo identificado como o igual capaz de empenhar-se pela inclusão de camadas crescentes da população na área do consumo e de praticar pela primeira vez na história do País uma política externa independente. Trata-se de fatos conhecidos até pelo mundo mineral e no entanto contestados oito anos a fio pela mídia nativa. E agora assistimos ao destampatório da velhacaria proporcionado pelo anonimato dos navegantes da internet, a repetirem, já no auge do ódio de classe, as tradicionais acusações e insinuações midiáticas.
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Há uma conexão evidente entre as malignidades extraordinárias assacadas das moitas da internet e os comportamentos useiros do jornalismo do Brasil, único país apresentado como democrático e civilizado onde, não me canso de repetir, os profissionais chamam o patrão de colega. Por direito divino, está claro. E neste domínio da covardia e da raiva burguesotas a saraivada de insultos no calão dos botecos do arrabalde mistura-se ao desfraldado regozijo pela doença do grande desafeto. Há mesmo quem candidate Lula às chamas do inferno, em companhia dos inevitáveis Fidel e Chávez, como se estes fossem os amigões que Lula convidaria para uma derradeira aventura. Os herdeiros da Casa-Grande até mesmo agora se negam a enxergar o ex-presidente como o cidadão e o indivíduo que sempre foi, ou são incapazes de uma análise isenta, sobra, de todo modo, uma personagem inventada, figura talhada para a ficção do absurdo. De certa maneira, a escolha da versão chega a ser mais grave do que a própria, sistemática falta de reconhecimento dos méritos de um presidente da República decisivo como Lula foi. Um divisor de águas, acima até das intenções e dos feitos, pela simples presença, com sua imagem, em toda a complexidade, a representar o Brasil em tão perfeita coincidência.
REVISTA MÊS | NOVEMBRO DE 2011 | 25
cidades
Curitiba em duas rodas Movimento popular pela Internet busca adesão de pessoas para criar uma lei que institua a bicicleta como modelo de transporte regular em Curitiba
D
eslocar-se por Curitiba tem sido um desafio. O grande número de carros, muitas vezes, torna um trajeto não muito longo extremamente demorado. Mas muitos curitibanos já têm procurado outras formas de chegar ao trabalho, em vez de usar o carro ou o transporte coletivo. São as bicicletas que estão atraindo adeptos em todas as partes da cidade. Um desses é o analista de TI, Luiz
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Arthur Chagas da Silveira (33), que em abril deste ano passou a ir para o trabalho utilizando a bicicleta como o principal meio de transporte. Silveira começou a ir de bicicleta para o trabalho depois de ganhar uma bicicleta do irmão. O meio de transporte era para economizar e também para a prática de exercícios. Atualmente, ele pedala cerca de 24 km por dia para ir e voltar do trabalho. Todos os dias, debaixo de sol ou de chuva, ele utiliza a bike. Apesar de ir com a roupa de trabalho, o analista usa to-
Fotos: Roberto Dziura Jr.
Iris Alessi - iris@revistames.com.br
Curitiba “chega atrasada” na questão dos meios alternativos de transporte dos os equipamentos de segurança e, para os dias de chuva, veste a capa, como as utilizadas por motoboys.
Economia Calcule quanto você pode economizar indo de bike para o trabalho No site www.euvoudebike.com há uma calculadora que mostra quanto você economiza em dinheiro, quan-
tas calorias queima durante o trajeto, e quanto de poluentes deixam de ser jogados na atmosfera.
Trabalho Apesar de grande parte do trajeto que Silveira faz para chegar ao trabalho ser de ciclovias, ainda assim são inúmeras as dificuldades. “Alguns cruzamentos são bem ruins”, aponta. Outro problema é o convívio com os pedestres. Grande parte dos trechos é compartilhado com as pessoas a pé, por isso, é preciso ter cuidado redobrado ao circular pelas ciclovias. “Tem algumas ruas que você tem que usar o bom senso que ali não dá para ir de bicicleta”, avalia. Aos finais de semana, a esposa de Silveira, a técnica em estética, Luciana Ramos Rodrigues (29), também entra na brincadeira. Os dois sempre procuram fazer as atividades juntos de bicicleta. As vantagens da bicicleta vão além da saúde. Silveira calcula
0Km
54Km
TRABALHO 35Km
= Distância percorrida [Km]
= Calorias queimadas [Kcal]
= Redução de poluentes na atmosfera (CO2) [Kg]
Ecomonia de dinheiro com combustivel [R$]
economizar, com a escolha pela bicicleta cerca de R$ 4 mil por ano.
blicos, facilitando assim o estacionamento das ‘magrelas’.
Para Luciana, as pessoas não utilizam a bicicleta para transporte por medo. “O motivo que eu não ando é medo. Eu tenho medo de andar sozinha [em lugares ermos] e porque eu acho perigoso”, relata. “Por isso, eu acho que se tivesse a ciclofaixa ia dar uma facilitada nessa questão de você ter o teu espaço”, completa Luciana.
Para o secretário da Associação dos Ciclistas do Alto Iguaçu (Ciclo Iguaçu), Luiz Cláudio Patrício, já há uma movimentação a favor das bicicletas na cidade. “Existem muitas pessoas que querem andar de bicicleta. A gente acaba encontrando muita gente que fala: ‘mas é tão longe. Eu não consigo. O trânsito’. Já existe esse movimento da sociedade”, afirma Patrício.
Ciclofaixas As atividades do final de semana de Silveira e Luciana são feitas preferencialmente de bike
Quantas vezes por semana?
Diferentemente das ciclovias que ficam nas calçadas, as ciclofaixas são faixas nas vias públicas destinadas, exclusivamente, à circulação de ciclos. Elas podem ser separadas das vias dos carros por pintura ou outros elementos. A destinação de 5% das vias da cidade para ciclofaixas e ciclovias é um dos temas que defende a proposta popular no site VotoLivre.org. Além da inclusão da criação de mais ciclovias e ciclofaixas na cidade, a proposta ainda sugere campanhas educativas para a sensibilização pelo uso desse meio de transporte e a instalação de bicicletários nos locais pú-
O secretário da Associação diz que para que as bikes se tornem realmente um meio de transporte popular é preciso que sejam dadas algumas facilidades para as pessoas. “E é nisso que a lei do Voto Livre pode ajudar. Ela pode incentivar a criação ou pelo menos a manutenção de espaços em que as pessoas naturalmente podem começar a experimentar a bicicleta, a andar pelas ruas. Começar a experimentar a rua como um espaço de convivência mesmo”, avalia. De acordo com a co-idealizadora da Bicicletaria Cultural (centro de serviços, multicultural e colaborativo), Patrícia Valverde, a proposta do REVISTA MÊS | NOVEMBRO DE 2011 | 27
Roberto Dziura Jr.
cidades
Os idealizadores da Bicicletaria Cultural, Fernando Rosenbaum e Patrícia Valverde, e Luiz Patrício da Associação Ciclo Iguaçu
projeto vai além de pensar em criação de espaços destinados aos ciclistas. “O que é mais interessante nesse movimento não é só você ser convidado a ter uma postura mais vertical, mais objetiva em relação à bicicleta, é que ela convoca também a discussão da bicicleta e da necessidade de você recriar o pensamento sobre a cidade, a bicicleta e a mobilidade em geral”, diz Patrícia.
Novas ciclovias Segundo informações do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), a cidade terá em breve mais 18 km de ciclovias em quatro importantes vias: Avenida Fredolin Wolf no norte da cidade (7,6 km), Marechal Floriano Peixoto (4 km), Linha Verde Norte (1,8 km em construção) e rua Eduardo Pinto da Rocha (5 km). São obras que estão sendo realizadas 28 | REVISTA MÊS | NOVEMBRO DE 2011
junto com as de revitalização dessas vias e, ainda, serão feitas 10 km de cada lado da Avenida das Torres. As ciclofaixas também estão sendo implantadas pela Prefeitura de Curitiba. No último mês, já era possível ver em ruas do Centro a pintura de faixas vermelhas em pistas da esquerda. O objetivo é para iniciar um projeto de conscientização do convívio de ciclistas e motoristas. O trabalho de orientação começa com o uso exclusivo em um domingo por mês das 8h às 16h.
Atraso Mas para o professor doutor em Desenvolvimento Econômico pela UFPR, Lafaiete Neves, Curitiba “chega atrasada” na questão dos meios alternativos de transporte. Segundo Neves, por estar investindo
pesadamente na Rede Integrada de Transporte, a cidade não se preparou para os transportes alternativos. Ele ressalta que países como Alemanha, os países escandinavos, são lugares que priorizam este tipo de transporte. Ainda, de acordo com o professor, as vias destinadas às bicicletas são insignificantes. “Ao longo das estruturas do transporte de massa, deveria ter ciclovias”, sugere. Ele ressalta que o primeiro motivo que leva às pessoas a não optarem por esse meio de transporte é a insegurança nas ruas. Para Neves, é preciso que tenha uma lei regulamentando este tipo de transporte. “Tem que ser uma lei. Já que o poder público não tem sensibilidade, é necessário instituir uma lei que obrigue o poder público a oferecer isso. É um direito do cidadão”.
Roberto Dziura Jr.
Demora na entrega de Centro Cultural preocupa população MuMA deve reabrir em 2012 sem data definida, depois de quatro anos em reformas; falta de segurança ainda preocupa quem passa pelo entorno Arieta Arruda - arieta@revistames.com.br
C
omo a maioria das obras públicas brasileiras, há demora na publicação de editais, recursos que precisam ser captados, questões políticas envolvidas, projetos refeitos e a burocracia parece não ter fim. No
prejuízo, fica a população pelo atraso da entrega das obras. Indignado com essa situação da reforma do Museu Metropolitano de Arte de Curitiba (MuMA), um leitor da Revista MÊS entrou em contato com a Redação para reclamar pela entrega do espaço. De acordo com a diretora Administrativa e Financeira da Fundação Cultural de Curitiba (FCC), Maria Angélica da Rocha Carvalho, os trabalhos estão em andamento. No momento, estão sendo realizadas as adequações dos editais para a terceira e última fase das obras do MuMA, conhecido como Centro
Cultural do Portão. “Nessa atualização para os editais, nós contratamos os profissionais que fizeram os projetos lá em 2005. Eles que são autores dos projetos, então eles tem de fazer essa revisão e atualização”. O trâmite que está por vir ainda é longo, assim como foi o histórico dessa obra. O espaço é uma opção de lazer e cultura para os moradores de Curitiba, está desativado desde 2005. Neste mesmo ano, começou a elaboração do projeto por parte do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc) e da Fundação REVISTA MÊS | NOVEMBRO DE 2011 | 29
Roberto Dziura Jr.
cidades
A falta de segurança, aliás, é a principal reclamação do pessoal que passa pelo local
Estacionamento e praça atrás do museu, área pouco iluminada preocupa quem passa pelo local
Cultural para a revitalização do lugar, que possui quatro mil metros quadrados. A preparação dos projetos levou cerca de um ano para ficar pronta, segundo a diretora. A demora se estendeu pela falta de apoio do Governo do Estado. As obras seriam bancadas pela Prefeitura de Curitiba e também por recursos do Fundo Estadual de Desenvolvimento Urbano (FDU). Mas estas verbas foram cortadas durante a administração anterior por rixas políticas, segundo afirmam fontes ligadas à FCC. Atualmente, as obras estão recebendo recursos do orçamento municipal, por transferência de potencial construtivo, conforme Lei nº 6.337/82 e decreto nº 380/93. Na primeira fase foi gasto em torno de R$ 1,7 milhão para as reformas estruturantes, sob responsabilidade da construtora Abapan. Para a segunda, o volume de recursos foi maior: R$ 2,4 milhões, com a coordenação dos trabalhos feitos pela empresa Conex. Na última fase, serão gastos mais R$ 1,5 milhão para acabamentos, climatização (R$ 700 mil), rede elétrica, de internet e de telefonia.
Reclamação das obras O que a população tem sentido é a demora da entrega da obra. O primeiro prazo anunciado foi este ano. Também já circulou que seria reaberto em março de 2012. Como os editais ainda não foram publicados, a Fundação Cultural de Curitiba informa 30 | REVISTA MÊS | NOVEMBRO DE 2011
sem especificar data nenhuma, que a reforma será concluída no primeiro semestre do ano que vem. Até o fechamento desta edição, as obras estavam paradas à espera do edital. Quem estava por lá era a Guarda Municipal, fazendo a segurança do local e um funcionário da FCC. “A responsabilidade da segurança pública é do Estado, não é do Município. Então, nós dependemos também dessa parceria com as Polícias Militar e Civil”, comenta a diretora da Fundação. Para a comerciante Renata Sandra Machado (46), que trabalha em frente ao MuMA há cinco anos, “a praça é o problema”, referindo-se ao espaço atrás do museu, que possui estacionamento e uma área verde de circulação de pedestres.
Segurança A falta de segurança, aliás, é a principal reclamação do pessoal que passa pelo local. Localizado em frente ao Terminal do Portão, por lá, circula muita gente. A operadora de telemarketing, Suelen Himata (29), comenta que a maior insegurança é nos finais de semana e acha que com a reabertura do espaço essa situação deve melhorar. “Pode valorizar a região. Eu seria uma pessoa que viria [ao MuMA]”, afirma Suelen. A Polícia Militar informa que na região é feito um patrulhamento a pé dia-
riamente até as 19h, além de atender a região com uma viatura 24h e, outra à tarde, das 16h às 00h, com duas viaturas fazendo a ronda pelas imediações para atender as ocorrências. Para o transeunte Gean Carlo Castro (27), o MuMA poderá trazer benefícios para a região, além da segurança. “Acho que vai contribuir para a organização do ambiente”, no que se refere às melhorias do entorno das ruas, urbanização da área, observa Castro. Entretanto, a comerciante Renata diz acreditar que a “a população dessa região não gosta de museu”, por isso, para ela, o incentivo da visitação do espaço deveria ser para atrair a população de outras áreas da cidade e também oferecer atividades saudáveis para os jovens. “Os jovens aqui têm carência de cultura”. O horário de funcionamento e as atividades ainda não estão definidos. Mas no local terá biblioteca (Casa da Leitura), sala de cinema, auditório, exposições com um acervo de cerca de 3.800 obras, assim como cursos, oficinas e ateliês de arte. Também está previsto um espaço digital para toda a população.
Participe Repórter cidadão Se você tem alguma reclamação ou sugestão de pauta para a Revista MÊS, sinta-se à vontade também para participar. Veja onde está a Revista MÊS na web: Twitter – @mes_pr Facebook – Mês Paraná As edições anteriores estão disponíveis: http://issuu.com/revistames
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Revista Mês Paraná. MÊS | NOVEMBRO DE 2011 | 31 Também noREVISTA Facebook.
educação
Depois do ,
Enem
especialistas
apontam caminhos Mais do que avaliar as notas e o ranking divulgados pelo Exame, as escolas precisam entrar em um processo de aprofundamento da qualidade da educação no Estado
O
Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) esteve em evidência por diversas vezes nos últimos meses. No mês de setembro, foram divulgados os dados da avaliação de 2010 das escolas de todo o País. O Paraná ficou com notas inferiores a outros estados, como Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. Já no final de outubro, mais de 5,3 milhões de estudantes de todo o País voltaram para a sala de aula para fazer o Enem na edição 2011. No entanto, mais do que o ranking e a nota dos alunos, a discussão da qualidade das escolas públicas e privadas paranaenses precisa se aprofundar. Especialistas apontam caminhos e críticas ao sistema de ensino atual. A contínua falta de valorização dos professores; o pouco envolvimento dos pais na educação e o modo com que é divulgado o ranking são os pontos mais críticos apontados pelos especialistas ouvidos pela Revista MÊS.
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Roberto Dziura Jr.
Arieta Arruda - arieta@revistames.com.br
Estudantes a espera para realizar o Enem no dia 22 de outubro, em Curitiba (PR)
Ranking Confira as melhores notas obtidas pelas escolas do Paraná: Melhores escolas com mais de 75% de participação no Enem 2010 Média Taxa de Nome da escola Rede total participação
Colégio Marista Santa Maria Colégio Bom Jesus Colégio Diocesano João Paulo I Colégio Nossa Senhora Medianeira Colégio Militar de Curitiba Colégio Bom Jesus São José Colégio Positivo Colégio Marista Paranaense Colégio Bom Jesus N. Sa de Lourdes São Tomaz de Aquino
Fonte: MEC
Privada Privada Privada Privada Pública Privada Privada Privada Privada Privada
691,99 672,97 670,77 670,02 667,36 667,32 665,81 662,2 661,36 658,76
98,5 80,2 84,6 96,9 88,1 82 100 84,7 89,7 100
Para Melanie Bordignon da Cruz (46), professora, uma das principais questões para melhorar a educação é a valorização dos professores. “Ninguém sonha mais em ser professor, justamente por não ter atrativo”. “Qualidade esbarra na valorização do professor. [...] Hoje, as crianças tem Ipod, Ipad, ‘Itudo’ e o professor não tem nada”, ironiza a educadora.
Roberto Dziura Jr.
Especialistas apontam caminhos e críticas ao sistema de ensino atual
Estudante se preparando para realizar o Enem que ocorreu no final de outubro
Capacitação Segundo Wanda Camargo, presidente da Comissão de Processo Seletivo da Unibrasil, a qualificação contínua é essencial. “Essenciais na efetividade do processo educacional, o grande auxiliar do aluno em direção ao conhecimento. Quando possuidor de vivência pedagógica para a escolha da metodologia mais adequada, [o professor se torna o] impulsionador da aprendizagem e do gosto pelo conhecimento, além de modelo que o aluno tenta emular”. Além da defasagem na capacitação, outro ponto questionado por Melanie é a falta do apoio das famílias dos alunos. “Pais participam muito pouco da vida escolar do filho”, afirma. Quando se trata de educação pública isso é mais frequente ocorrer, conforme relata Wanda. Ela faz um trabalho junto aos professores da rede pública de ensino e percebe os abismos entre os dois tipos de instituição: particulares e públicas. Na primeira, os pais por terem, geralmente, um histórico de mais estudo, dão mais valor ao aprendizado dos filhos e, assim, apoiam mais os professores na cobrança do aprendizado. Já nas escolas públicas o mesmo não acontece. Ademar Batista Pereira, presidente do Sinepe/PR, também comunga
da mesma posição. Há uma grande diferença da importância da escola dentro de casa. Ele também analisa outro aspecto: “a valorização passa pelo respeito dentro da escola. Qual o maior problema do professor? É ter condições de trabalhar”. Falta estrutura física, bons salários, respeito dentro de sala de aula, materiais didáticos básicos.
Ranking Outra crítica diz respeito à forma com que se divulga a lista das melhores escolas no ranking do Enem. “Não é justo publicar o ranking nacional”, comenta Wanda. Para ela, isso promove uma comparação, muitas vezes, injusta das instituições e só expõe as escolas, sem dar condições para avançar. De acordo com a educadora, os professores, diretores e gestores da educação é que deveriam receber a avaliação e deixar disponível nas escolas, caso os pais tivessem interesse em ter acesso aos dados. Para Flávio Sandi, diretor geral do Colégio Marista Santa Maria, que ficou em primeiro lugar no ranking, “a prova do Enem traduz um pouco, sim, a gente não pode negar, da qualidade da mediação que nós fazemos no [Colégio] Santa Maria. Mas não ‘cartografa’ toda a complexidade que existe numa escola. Por exem-
plo, a questão de valores, a gente não tem como medir por uma prova do Enem”, aponta.
Valores “É irônico que o foco da escola tenha sido revertido para ensinar apenas os alunos a irem bem nesses testes. É uma subversão”, afirma o professor da Universidade de Chicago, James Heckman, em entrevista a Folha de S. Paulo recentemente. Ele não é avesso aos testes. Foi ganhador do Prêmio Nobel de Economia (2000) por justamente contribuir com a criação de métodos de aferição. Mas vê como equivocada a forma como os testes se tornaram o fim em si mesmo. Para ele, é preciso avançar nesses mecanismos, ensinando nas escolas habilidades como motivação, controle emocional e interação social, assim como valores morais e éticos. “É um tipo de saber muito importante para a vida em sociedade”, confirma o diretor Flávio Sandi. Apesar das críticas aos testes, outro resultado também é observado. Quando se apresentam os problemas das instituições por meio do ranking do Enem ou outros indicadores, a sociedade passa a cobrar das autoridades competentes a melhoria da qualidade oferecida aos cidadãos de amanhã. REVISTA MÊS | NOVEMBRO DE 2011 | 33
saúde
Um vício caro (em todos os aspectos)
Estima-se que mais de 25 milhões de brasileiros são fumantes; Governo Federal vai aumentar impostos sobre o cigarro para tentar reduzir o número de fumantes Iris Alessi - iris@revistames.com.br
M
ais de 17% da população brasileira acima dos 15 anos é fumante. Segundo dados da Pesquisa Especial sobre Tabagismo (PETab), de 2008, do Ministério da Saúde em conjunto com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o País tem cerca de 25 milhões de fumantes e 26 milhões de ex-fumantes. Para aumentar o número de pessoas ex-fumantes, o governo brasileiro planeja para 2012 o aumento dos impostos sobre o cigarro. O Banco Mundial analisou diversos estudos econométricos realizados em vários lugares do mundo e concluiu que o crescimento do valor do tabaco é uma das medidas mais efetivas para a redução da prevalência de fumantes. A redução, segundo esses estudos, com
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um aumento real de 10% dos preços, seria de 4%, em países com renda elevada, e cerca de 8%, em países de média e baixa renda. De acordo com o médico pneumologista, Lucio Rasera Neto, além das pesquisas que mostram que o aumento do preço colabora para a redução da quantidade de fumantes, também “a presença de fotos de pessoas doentes reduz o consumo, porque a linguagem subliminar ajuda na restrição social ao cigarro”. “Qualquer medida que combata o cigarro vale à pena”, completa.
Impacto social Conforme informações do Instituto Nacional de Câncer (Inca), ainda não existem estudos sobre o impacto causado pelas leis estaduais antifumo na prevalência de fumantes. No entanto,
o Inca ressalta que as leis são eficazes não somente para proteger contra os riscos do tabagismo, mas também no estímulo para que fumantes deixem de fumar. Os ex-fumantes Silmar Flores Gluczkowski (54) e Luiz Antonio Solda (59) pararam de consumir tabaco antes da criação dessas leis. Ela, que começou a fumar quando tinha 17 anos, parou depois de um acidente vascular cerebral (AVC) há 13 anos. Já Solda, deixou o hábito há três anos, depois de ter fumado desde os 15 anos. Solda, que é cartunista, fumava cerca de três carteiras por dia. Ele deixou o vício quando percebeu que tudo em seu ambiente de trabalho, em casa, estava ficando amarelado. “Levantei um dia e falei: eu não vou fumar mais. [...] Foram 15 dias de sufoco”, relata. Hoje diz não ter mais vontade de fumar.
Para o pneumologista, o tabagismo é o vício mais difícil de ser interrompido
Nenhum fumante está ileso dos malefícios; em 100% dos casos provoca danos à saúde
Parar de fumar não foi exatamente uma opção para Silmar que hoje está aposentada. Aos 41 anos, quando ainda era contadora, ela teve dois AVCs seguidos em um breve intervalo de dez dias. No segundo acidente, a aposentada ficou sem reconhecer as pessoas por três dias. O trauma grave botou fim no interesse pelo cigarro. “Apagou completamente. Foi como se eu nunca tivesse fumado. Uma coisa de positivo sobrou para mim, porque eu pude curtir mais minhas filhas”, conta Silmar que fumava cerca de uma carteira de cigarros por dia. Fioretto Bonagura (52) começou no vício mais cedo, aos dez anos de idade e ainda não deixou para trás. Hoje, ele fuma em média 30 cigarros por dia. Ele acredita que a curiosidade possa ter sido um fator preponderante para começar, já que via os pais e os irmãos fumando em casa. Desde então, Bonagura tentou parar uma vez, mas não conseguiu. “Todo dia passa na cabeça da gente a ideia de parar de fumar, acho que todo fumante pensa assim, mas acho que quanto mais você pensa, mais você fuma”, diz. Para o médico, o tabagismo é um dos vícios mais difíceis de parar. São três fatores que compõem esse quadro: o primeiro está relacionado ao vício químico, pois a nicotina atua na liberação de dopamina (o hormônio do prazer); o segundo se refere à dependência psíquica, quando o cigarro é utilizado como remédio para depressão ou ansiedade; e por fim, o hábito de fumar, “quando a pessoa fuma por Silmar teve um AVC e depois de dois episódios consecutivos parou de fumar
fumar”, ou seja, não há nem a necessidade física nem a psíquica.
Início do consumo O tabagismo é considerado uma doença pediátrica, pois 90% dos fumantes iniciam o vício antes dos 19 anos de idade (em média aos 15 anos). E a maior porcentagem atual de fumantes está na faixa etária entre 25 e 44 anos de idade. De acordo com Rasera, esta iniciação precoce está intimamente relacionada à ansiedade que os adolescentes têm. Fotos: Roberto Dziura Jr.
Roberto Dziura Jr.
Largar o vício
E nenhum fumante está ileso dos malefícios. O médico explica que o tabagismo causa danos em 100% dos casos. Ele salienta que os problemas causados pelo cigarro não afetam apenas o sistema respiratório das pessoas, mas todo o organismo. Um tipo de neoplasia, de acordo com Rasera, encontrado nos pacientes que fumam é na bexiga. Além do câncer nos rins, o tabagismo é responsável pelo câncer de bexiga, de pâncreas, de fígado, de colo do útero, de esôfago, de laringe, pulmão, boca, faringe, estômago e leucemia mieloide aguda. Conforme informações do Inca, o tabagismo também é um relevante fator de risco isolado para cerca de 50 doenças, como as cardiovasculares, enfisema, entre outras. No pulmão, a doença que é causada pelo cigarro é chamada de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC). Essa doença tem dois componentes que é a bronquite (inflamação dos brônquios) e a enfisema pulmonar (destruição dos alvéolos). Para diagnosticar o DPOC, explica Rasera, é preciso fazer um exame, chamado espirometria, que mede a capacidade pulmonar. O pneumologista salienta que não há um tipo de fumo pior que outro. Todos eles são prejudiciais à saúde. REVISTA MÊS | NOVEMBRO DE 2011 | 35
economia / agricultura
Bons negócios para o milho A commodity apresenta boa rentabilidade, aumento da área plantada e grande produtividade para a safra de verão 2011/12 Arieta Arruda - arieta@revistames.com.br
D
epois de um período de queda, o milho vem se consolidando como a nova “estrela” do agronegócio no Paraná e vem surpreendendo o mercado. Trata-se de um ano bem atípico para essa commodity, tanto na rentabilidade, como no aumento da área plantada. A próxima safra de verão 2011/12 apresenta um cenário favorável. Alguns fatores influenciaram esse ambiente econômico positivo, como
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PARANÁ ÁREA PLANTADA COM MILHO (SAFRA DE VERÃO) 2005/06
1,515
2006/07
1,318
2007/08
1,375
2008/09
1,269
2009/10
0,894
2010/11
0,768
2011/12
* 0,891
bom preço para venda, tendência de maior produtividade e aumento da área plantada de milho, algo bem raro nesta safra, já que os produtores paranaenses, em geral, optam pela soja no verão por ser mais rentável e pelo fato de o milho ser produzido também no meio do ano, na chamada safrinha.
anos, vinha acontecendo uma queda ou, pelo menos, certa estabilidade da área de milho de verão e depois teve uma queda bem grande nesses dois anos e agora sobe”, argumenta.
Quem escolheu plantar o milho, acertou. “É o ano do milho”, comenta Daniele Siqueira, analista de mercado da AgRural. “A gente vai ter um crescimento de área, no Brasil, da safra de verão de milho que não é comum. Por que não é comum? Nos últimos
No Paraná, a tendência é a mesma: crescimento de área plantada para o milho. Conforme dados preliminares da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), houve um aumento de 0.12 pontos percentuais no aumento da área plantada no Paraná.
Fonte: Conab. *Ponto médio da estimativa out/11.
Jonas Oliveira
No Brasil, o Paraná já é o maior produtor deste grão. As principais regiões produtoras aqui estão em Guarapuava, onde apresenta maior produtividade, e propriedades nos municípios de Castro e Ponta Grossa. O Sudoeste e o Oeste do Estado também possuem produção, mas o índice de produtividade é mais baixo. A média estadual fica em torno de 6,5 toneladas por hectare. O aumento da produtividade no Estado tem ocorrido, em parte, por conta da utilização das sementes transgênicas, com melhoramentos genéticos. Nos últimos dois anos, houve um crescimento espantoso na aceitação desse tipo de semente. “Quase 90% das sementes do Paraná são transgênicas no milho”, de acordo com Turra. A discussão sobre os malefícios já foi superada, comenta ele.
Mercado consumidor O milho paranaense é mais vendido para consumo interno e também segue para os estados vizinhos, como Santa Catarina e São Paulo. A relação de exportação e consumo interno do milho é bem menor se comparada à cultura da soja, por exemplo. No entanto, segundo o gerente da Ocepar, os produtores paranaenses ainda precisam melhorar muito na produtividade para se destacar mais. Outro elemento que influencia o desempenho dos produtores é o clima. Na safra em curso 2011/12, os paranaenses precisam estar atentos novamente no fenômeno climático La Niña, o que pode significar menos chuvas no intervalo de dezembro e janeiro (2012). Mas Turra é otimista quanto aos sinais até agora apresen-
tados. “O clima, de modo geral, tem tido uma projeção de chuvas regulares”, importante para o período reprodutivo desta safra.
Preços Daqui pra frente, “provavelmente vai ter uma volatilidade bem grande nos preços”, diz Carlos Hugo Winckler Godinho, coordenador da Divisão de Estatística do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (Seab). Por isso, os analistas orientaram os produtores paranaenses a fazer a venda antecipada de commodities para diminuir os riscos de perder rentabilidade da produção. Alguns produtores venderam antes mesmo de produzir os grãos para pelo menos travar os custos de produção. Decisão acertada. Mas nem todo mundo aderiu à venda antecipada, uma questão de visão de negócios. Os produtores do Paraná se mostram mais arrojados que os gaúchos e menos que
os produtores do Mato Grosso do Sul na hora de vender antes a produção. Foi o melhor negócio nessa safra. “Conseguiram aproveitar preços bons. Como eles venderam antes e a preços bons, é bem provável que (pelo menos que esses que venderam antes) vão ter uma rentabilidade maior do que tiveram na safra anterior, mesmo com os preços agora em queda”, informa Daniele, com vistas à tendência de mercado para os próximos meses que é de ligeira queda nos preços. Já foram comercializadas de forma antecipada 28% da produção da safra 2011/12 até setembro de 2011 (último resultado levantado pela AG Rural). Agora é o momento de cautela para a venda da safra. “A maior parte do avanço da comercialização registrada em setembro ocorreu na primeira semana do mês [setembro], quando os preços ainda estavam na casa dos US$ 14 por bushel [27kg] na Bolsa de Chicago. Com o recuo das cotações nas semanas seguintes, que culminou com uma desvalorização acumulada de quase 20% no mês, os produtores recuaram e saíram do mercado. Bem vendidos, agora eles aguardam reação dos preços para retomarem os negócios”, afirma Daniele, analista de mercado. Segundo Daniele Siqueira, analista de mercado, agora os produtores aguardam reação dos preços para retomarem os negócios
Roberto Dziura Jr.
Segundo Flávio Turra, gerente técnico e econômico da Ocepar, hoje o milho pode ser comercializado com margem de lucro de R$ 3 e R$ 4, índices bons nesse mercado. Por isso, “o produtor está mais otimista com o milho”.
Analistas orientaram os produtores paranaenses a fazer a venda antecipada para garantir melhores preços
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agricultura
Jardim
paranaense
O cultivo de flores pode ser uma opção rentável para produtores paranaenses; no entanto, o produto requer investimento e especialização de mão de obra
U
Iris Alessi - iris@revistames.com.br
ma das belezas da primavera está no colorido que as flores trazem para o dia a dia. Seja em vasos, em canteiros ou nas decorações de festas, elas são as vedetes que sofisticam qualquer ambiente. No entanto, essa cultura é pouco difundida no Paraná, apesar de apresentar melhoras na produção e ser destaque em relação a outros estados. O Paraná é um dos principais produtores dessa cultura no País. As cidades que se sobressaem são Curitiba, São José dos Pinhais e Umuarama (PR), mas o produto também é visto em lavouras de pouco mais de 20 municípios paranaenses. Nos últimos anos, o setor tem avançado significativamente no Estado. Dados do Departamento de Economia Rural (Deral), órgão da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab), mostram que houve crescimento de 237% no período de 1997 e 2004. No ano passado, o cultivo de flores e plantas ornamentais representou 0,14% no Valor Bruto da Produção (VBP), o que significou uma cifra de R$ 63,5 milhões. O valor está abaixo do registrado em 2009, quando o VBP foi de pouco mais de R$ 64 milhões. Em contrapartida, o número é maior que o registrado em 2008 (R$ 48.827 milhões), ano que o VBP foi de 0,11%. Por especialistas, é con-
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siderada uma das culturas agrícolas mais rentáveis. A produtora da Colônia Entre Rios, em Guarapuava (PR), Johana Karl Taschelmayer, que trabalha com flores de corte (como crisântemo e aster branco) e de vaso (como violeta), afirma que essa melhora se deve a uma maior procura para o uso de flores em decorações de festas de formaturas e
casamentos. “A gente vê que o pessoal está investindo um pouco mais, decorando mais os salões”, comemora. Atuando em um nicho diferente do de Johana, o produtor de flores de Curitiba, Paulo Sérgio Haiduk, que trabalha com flores de forração (para jardim), também vê esse momento como positivo. “Tem as épocas que se vende melhor e as épocas mais fracas, mas
O cultivo de flores é uma alternativa bastante interessante para o produtor rural então agora está numa fase boa. De agosto até o final do ano é um época boa de venda”, avalia Haiduk. O comércio de flores “é um mercado crescente porque tem as datas pré-definidas de consumo”, afirma o biólogo do Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-PR), Paulo Luciano da Silva. Na expectativa, os produtores já pensam nas festas de fim de ano.
Produção
puava afirma que sem estufas seria impossível produzir flores, tanto de corte como de vaso, de boa qualidade, pois na região há muita variação de temperatura, principalmente, no inverno. O investimento inicial para construir a estufa é de R$ 30 mil para uma área de 100 m². Caso a estufa seja climatizada, mais utilizada para flores de vasos, o valor dobra. Além do investimento nas estufas, “é preciso investir numa especialização da mão de obra, porque a flor em si tem seus segredinhos de cada variedade, cada tipo, e isso, dependendo das estações do ano, também tem uma influência,” comenta Johana. As estufas também são relevantes para a produção de flores de forragem de Haiduk. O produtor curitibano salienta que elas ajudam a regular os
períodos com excesso de chuva e de sol. Para produzir “tem que ser em estufa, porque tem que ser protegido de sol muito forte, de chuva muito pesada. Não tem como você produzir fora, porque dá muita perda”, explica.
Espaço Se a estufa é quase obrigatória para o cultivo de flores, o espaço, no entanto, não precisa ser tão grande. Haiduk, que trocou há 11 anos o cultivo de hortaliças pelas flores, optou pela mudança de cultura, porque a produção de flores fica mais protegida e precisa de menos espaço. No entanto, precisa de maior atenção no manuseio. Cuidados com a mão de obra e a profissionalização, explica o biólogo da Emater, são pontos importantes para que um agricultor possa desenvolver-se nesse mercado. Por isso, o produtor, além de ter flores de qualidade, precisa ter variedades de plantas que possam atender aos compradores. “Aquele produtor que tiver mais tecnificado, mais atualizado tecnicamente e comercialmente, esse tem uma condição de permanecer no mercado por mais tempo”, completa o biólogo.
E para que as flores possam chegar perfeitas aos consumidores, o produtor precisa investir, principalmente, em estufas. A produtora de Guara-
Fotos: Roberto Dziura Jr.
Roberto Dziura Jr.
Os produtores que pretendem ingressar nesse ramo precisam saber que o cultivo de flores “é uma alternativa bastante interessante para o produtor rural, mas só que exige um acompanhamento e um aperfeiçoamento técnico e também um acompanhamento do produtor de flores para tendências”, explica Silva. Esse acompanhamento de tendência significa, segundo o biólogo, observar quais as flores estão “na moda”, pois isso acaba influenciando o consumidor no momento da escolha do produto.
Para o produtor de Curitiba Paulo Sérgio Haiduk, as estufas são importantes para a produção de flores de forração
O cultivo das flores exige certo nível de mão de obra especializada
Como nem todos têm interesse e condições de produzir com tamanha especialização, os preços do produto são bons. Cada caixa de mudas de flores de forração, segundo Haiduk, é vendida em média por R$ 5. Ao mês, considerando que a venda média seja de cinco mil caixas, dá para tirar em torno de R$ 25 mil. REVISTA MÊS | NOVEMBRO DE 2011 | 39
tecnologia
Tecnologia também pode estar longe das máquinas Projetos considerados simples podem ter um grande impacto na sociedade; essas são as tecnologias sociais Iris Alessi - iris@revistames.com.br
O
que um projeto de produção de bengalas, uma casa que traz para dentro do seu quintal toneladas de lixo orgânico para serem “recicladas” e um programa que ensina os alunos a trabalharem o tema da exploração sexual têm em comum? Aparentemente, nada. Mas esses três projetos têm o mesmo conceito, eles são considerados tecnologias sociais, que procuram resolver problemas sociais com ações, muitas vezes, consideradas ‘simples’, mas que geram grande impacto positivo na sociedade.
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Um exemplo disso é o projeto Navegando nos Direitos, realizado na comunidade de Paranaguá. Desde 2006, o projeto lida com adolescentes da rede de ensino da cidade. Um grupo de alunos se encontra semanalmente para falar sobre diversos temas, principalmente, relacionados ao Direito. A partir desse tema, surgiu o foco das discussões: a exploração sexual. A gestora do Projeto Navegando nos Direitos, do Centro de Notícias dos Direitos Infância e Adolescência (Ciranda), Lucimeire da Silva Martins, afirma que os alunos que participam dos encontros são responsáveis pela
difusão dos conhecimentos adquiridos para a sociedade. Atualmente, cerca de 30 alunos são responsáveis por esse trabalho de mobilização. Este ano, a participação deles movimentou uma carreata de caminhoneiros para divulgar esses conhecimentos entre toda a população parnanguara. “Foi uma campanha bem significativa de como a sociedade se unindo consegue amenizar esses problemas, se organizar mais e estar atuando junto”, argumenta Lucimeire. O projeto já alcançou mais de cinco mil pessoas. Lucimeire acredita que o trabalho realizado em Paranaguá pode ser reaplicado em outros lugares. Por isso, a entidade estuda a possibilidade de levar Navegando nos
Entenda o conceito Tecnologias Sociais são projetos em diversas áreas, como geração de trabalho e renda, educação, saúde, energia, habitação, meio ambiente e alimentação. É “qualquer produto, técnica ou método que seja aplicado em interação com a comunidade, representando efetivas soluções de transformações sociais”, explica o Gerente de Articulações, Parcerias e Tecnologia Social da Fundação Banco do Brasil, Jefferson D’Avila de Oliveira.
Roberto Dziura Jr.
Direitos para outros dois municípios do Litoral do Paraná. O caminho é esse mesmo. Para o gerente de Articulações, Parcerias e Tecnologia Social da Fundação Banco do Brasil, Jefferson D’Avila de Oliveira, a interação com a comunidade é de extrema importância para que uma tecnologia social seja bem desenvolvida. Segundo ele, se a comunidade não “comprar a causa” será muito difícil propagar esse conhecimento em mais comunidades.
Responsabilidade Outro exemplo está em Curitiba (PR). Em meio aos arranha-céus do bairro Mossunguê, é quase impossível imaginar que existe um terreno onde há criação de coelhos, galinhas e cabras. Esta casa é conhecida como Quinta da Videira, que tem muito mais que criação de animais. O espaço abrange um projeto que, dentre outros motivos, quer conscientizar e propagar o conhecimento sobre a responsabilidade de cada um com o seu lixo. Nesse caso específico, o lixo orgânico. Ao todo, segundo o coordenador da Quinta da Videira, Eduardo Feniman, o terreno de 300m² recebe mensalmente 3,5 toneladas de lixo orgânico, que O professor Warnk com a bengala produzida na universidade; há 30 anos projeto nasceu na UTFPR
No meio do Mossunguê, em Curitiba, há um lugar onde pequenos animais são criados e mais de 3 toneladas de lixo orgânico são recicladas
é reciclado e recolocado na natureza. Os animais têm parte importante nisso. Eles se alimentam com os restos de folhas e de comida. Os dejetos desses animais são transformados em húmus, com “ajuda” das minhocas, e o material orgânico volta para a terra como forma de adubo para as plantas do quintal. Fechando assim um ciclo virtuoso no movimento “Do meu lixo cuido eu”, que dissemina práticas e técnicas de compostagem de lixo. Em três anos de trabalho, o movimento já comercializou cerca de 200 kits de compostagem e, no site do projeto, o manual já teve mais de 3000 downloads.
atividade. São trabalhos realizados na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) pelo Programa de Tecnologia Assistiva. Esse programa fornece, por exemplo, o conserto de máquinas de escrever Braille, e bengalas para portadores de deficiências visuais. Para o professor coordenador do Programa de Tecnologia Assistiva, Claiton Voigt Warnk, a bengala já é uma tradição da universidade. De acordo com o coordenador, em 2010 foram realizados 885 serviços pelo Programa. “Muitas vezes, uma única atividade consegue alcançar mais de um deficiente”, comenta.
A casa da Videira “é um centro de regeneração da boa vida”, afirma Feniman, que considera “boa vida” ter o sustento sem ultrapassar a condição do próximo. “Quinta da Videira é um local onde a gente tenta desenvolver algumas tecnologias que estão relacionadas a uma boa vida dentro de um ambiente urbano”, completa.
Acessibilidade Mais um projeto paranaense em Tecnologia Social surgiu dentro da universidade e já tem quase 30 anos de Fotos: Roberto Dziura Jr.
O que é
Todo o trabalho realizado pelo programa não tem custo para os deficientes visuais. Segundo Warnk, o processo de produção das bengalas ainda é artesanal, mas ao longo do tempo já houve algumas mudanças. “Nós já conseguimos melhorar a qualidade e, por consequência, a vida útil, diminuindo custos no processo de fabricação. [...] Pro ano que vem, a gente tem a previsão de comprar um equipamento, uma conformadora de tubos, que tá R$ 25 mil”, conta o professor. Com esse equipamento a universidade poderá produzir uma bengala similar à industrializada que hoje custa em torno de R$ 80. Trabalhos como os da UTFPR, da Quinta da Videira e do Navegando nos Direitos, que muitas vezes parecem até muito simples e óbvios, melhoram a qualidade de vida de uma comunidade sobremaneira, propondo soluções não muito custosas e que podem ser reaplicadas em outros locais com pequenas adaptações. REVISTA MÊS | NOVEMBRO DE 2011 | 41
comportamento
Levando o trabalho para casa A prática do home office permite economia de dinheiro, de tempo e aumento de qualidade de vida, afirmam os entusiastas, mas exige muita disciplina Mariane Maio - mariane@revistames.com.br
C
uidar da casa, dos filhos, dos animais de estimação, da alimentação, da saúde e ainda trabalhar. Não é por acaso que tem momentos em que se tem a sensação de que o dia é curto para realizar todas as atividades. Sobrar tempo para lazer, para muitos, é luxo. O casal curitibano, Marina e André Brik, conseguiu encontrar uma forma de conciliar tudo: levando o trabalho para casa, literalmente. “Percebi que eu perdia muito tempo em trânsito e reuniões. Resolvi abrir
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minha empresa e vim trabalhar em casa de forma provisória, enquanto estava prospectando os clientes. Comecei a ter um ganho muito grande de qualidade de vida”, conta Brik, que desde 2003 montou sua agência de design e publicidade em casa. Três anos depois, foi a vez de sua esposa Marina migrar para o home office. “Com a tecnologia, com um laptop e um telefone, você tem um escritório”, explica a jornalista que trabalha com assessoria de imprensa e redes sociais. Essa “nova forma” de trabalhar deu tão certo, que o casal lançou recentemente o livro “As 100
dicas de Home Office”, para ajudar quem pensa em aderir à prática. Apesar da falta de números específicos para o setor, estima-se que aproximadamente 4,5 milhões de brasileiros trabalhem em casa.
Benefícios Klaus Stromberg também revolveu ficar em casa e trabalhando. Há pouco menos de dois anos deixou seu emprego formal em uma multinacional para se aventurar no mercado financeiro. Apesar do receio em deixar um trabalho com carteira assinada, Stromberg diz acreditar que as vanta-
gens compensam. “Preciso apenas ter um computador, um software e acesso à internet. Não preciso pegar trânsito e posso acordar um pouco mais tarde”. Assim, também consegue tirar um tempo para o lazer. “Faço uma operação boa no dia e eu nem vou olhar mais. Saio para jogar alguma coisa, vou ao parque”, conta.
Roberto Dziura Jr.
Para a psicóloga, Carolina de Souza Walger, a principal vantagem é a flexibilidade. “Pode estar ligada ao horário [de início e fim] ou a coisas menores, mas não menos importantes, como a possibilidade de se escolher com que roupa irá trabalhar, sem contar as inúmeras possibilidades de levar o cachorro para passear, dar um beijo no filho ou ver a esposa. Bem como evita o estresse do deslocamento e dos relacionamentos com os pares de trabalho. Podemos lembrar da economia de tempo e de dinheiro pelo não deslocamento ao escritório, também”, esclarece.
Roberto Dziura Jr.
Essa economia financeira se estende tanto para a pessoa que trabalha em casa, quanto para as empresas que contratam funcionários em sistema home office e até mesmo para os clientes. “Eu conseguia repassar minha economia como desconto para ele [cliente] na conta final. Então todo mundo estava ganhando”, conta Brik, que afirma ter um preço final de 50% a 70% menor do que um concorrente, pelo fato de não ter gastos com escritório.
Estima-se que mais de 4,5 milhões de brasileiros trabalhem em home office
Dificuldades Mas nem tudo são só “maravilhas”. “Quando se fala sobre trabalhar em casa muitas pessoas pensam que isso seria extraordinário, pois logo imaginam ter liberdade e ausência de cobranças, no entanto, é importante saber que esse tipo de trabalho possui seus prós e seus contras”, reforça Carolina. De acordo com os autores do livro, para que a pessoa se adapte com a modalidade de trabalho, ela precisa ser organizada, compromissada e disciplinada. “Quem não tem disciplina é complicado, porque aí começa a acordar tarde. Não tem horário para almoçar, trabalha demais, ou o famoso trabalhar de pijama, o que não é recomendado”, explica Marina. “É preciso se comprometer com a sua tarefa ou não haverá produtividade. Em geral, as pessoas orientadas para resultados, com facilidade de se planejar e de se controlar, demonstram mais facilidade em manter essa rotina”, comenta a psicóloga. Algumas situações tornam essa disciplina mais complicada, como é o caso de trabalhar com filhos em casa. Para isso, tanto a psicóloga quanto os autores da obra indicam que se tenha um local separado e isolado na casa para ser utilizado como escritório de trabalho. André e Marina Brik sugerem até mesmo deixar placas na porta avisando quando se está ao telefone ou mesmo quando não pode ser interrompido. Outra dica importante é conseguir abandonar o trabalho quando o horário termina. Para que os filhos entendam qual é o horário do trabalho e o da casa. “Não pode deixar o escritório invadir a casa”, lembra Marina. As vantagens do home office fizeram Klaus largar um emprego com carteira assinada
Aprenda 10 dicas do home office: 1. Antes de ir para casa, passe na empresa
É muito importante contar com a experiência anterior antes de partir para o seu home office. 2. Evite improvisos de mobiliário
Se o orçamento permitir, já inicie com móveis específicos para escritório. Eles seguem normas de ergonomia para que você não sofra com danos à saúde no futuro. 3. Mostre que você é PRO!
Não é porque você trabalha em casa que deve ficar de pijama o dia todo! 4. Controle suas finanças
Planejamento financeiro é chato, mas necessário. Anote os gastos do seu escritório para poder separar o que é da casa e o que é do trabalho. 5. Filhos no home office? Sem problemas!
É preciso manter o foco durante o horário comercial. Se seus filhos são maiores, estabeleça regras e horários. Se as crianças são menores, vale contratar uma babá. 6. Menos papel, mais produtividade Evite que a papelada do escritório tome conta da casa. Se precisar de espaço para arquivo, recorra ao sótão, garagem, mas tudo organizado. 7. O home office é um escritório
Sempre refira-se ao seu home office como escritório, não como casa. É lá onde você trabalha. 8. Faça pausas
Você trabalha em casa, mas não está imune ao stress. Lembre-se: nos momentos de tensão respire fundo e faça uma pausa de 5 minutos. 9. Acabe com o junk food da despensa e da geladeira
Aproveite o fato de estar trabalhando em casa para melhorar sua alimentação. Abasteça sua casa-escritório com frutas, iogurtes e barras de cereais. 10. Evite distrações
A TV está logo ali, a cama também. Cuidado com essas armadilhas da produtividade. Claro que você pode dar uma relaxada nos intervalos, mas lembre-se do compromisso. Fonte: Marina Sell Brik e André Brik, “As 100 dicas do Home Office”
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comportamento
Tempo de consumir
e aproveitar Idosos estão mais ativos e consumindo mais; aproveitar a vida é o que a maioria deles deseja
Iris Alessi - iris@revistames.com.br
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professora aposentada Lourdes Caldas (66) avalia a vida na terceira idade positivamente. Hoje, ela acredita ter condições de fazer as coisas das quais já gostava, mas na época em que trabalhava não tinha tempo de fazer. Uma dessas atividades, e que conheceu na época do “ginásio”, era aprender a língua francesa. Recentemente,“eu resolvi aprender francês”, conta. Mas estudar um novo idioma não foi a úni44 | REVISTA MÊS | NOVEMBRO DE 2011
ca atividade que ganhou espaço na vida de Lourdes após a aposentadoria. As viagens também passaram a fazer parte da nova rotina, “na medida do possível”, salienta. Dentre os destinos que conquistou estão Europa, México, Nordeste brasileiro – que ela ainda não conhecia – e também um cruzeiro de travessia da Europa que passava por Portugal, Espanha e Marrocos. “E em março de 2012, a gente vai novamente. Daí a gente vai até a Itália”, planeja Lourdes, que realiza as viagens na companhia do marido.
Os cuidados com a estética e a qualidade de vida não ficam de fora da rotina da aposentada. Lourdes costuma fazer atividades físicas e também usa cosméticos de acordo com a idade. “Eu procuro utilizar os produtos de acordo com a minha idade. Roupas, eu não sou de consumir muito, mas na medida do possível, eu sempre compro algumas peças diferentes durante o ano”, diz. Mensalmente, Lourdes também procura encontrar-se com as amigas. “A gente tem um grupo que trabalhava junto e agora uma vez por mês a gente se reúne, sai para almoçar, tomar um vinho”.
Tempo Atividades pouco comuns na época em que os pais dela estavam aposentados. O pai de Lourdes costumava ficar em casa e a mãe, às vezes, saía. “Mas não tinha as atividades que hoje
a gente vê direcionadas às pessoas idosas”, lembra.
Faltava tempo para fazer as atividades que desejava, agora aproveita para realizar alguns sonhos
Para Lourdes, o mercado está investindo bastante na melhor idade e não é apenas em relação às viagens. Ela enfatiza que há diversas outras atividades proporcionadas e que não oneram o bolso do aposentado. Lourdes cita a Praça Ouvidor Pardinho, na cidade de Curitiba, como exemplo de um local onde o idoso pode realizar alguns cursos.
co, não é único. “Tem todo o mercado de cosméticos, de entretenimento, alimentação, moda, automobilístico, tecnologia, os quais precisam desenvolver a linguagem e a oferta adequada para eles”, completa.
Consumo
A antropóloga e presidente do Enfoque Pesquisa, Zilda Knoploch, avalia que o conceito de idoso está mudando ao longo do tempo. Outro detalhe é que a terceira idade não é uma população homogênea. “Esta foi a primeira e mais importante descoberta da nossa pesquisa”, conta Zilda. De acordo com a antropóloga, o grupo de idosos está subdividido em três: Celebradores, Recuseniks (que se recusam a aceitar a idade) e Tradicionalistas (que tem uma visão antiga de como deveriam ser os idosos). Os dois primeiros grupos, segundo Zilda, costumam ter uma vida bastante ativa. O setor de turismo, apesar de ser um mercado importante para este públiFotos: Roberto Dziura Jr.
Divulgação
A vida mais ativa na terceira idade não é um privilégio apenas de Lourdes. Os idosos estão consumindo mais lazer, moda e alimentação, é o que retrata a pesquisa realizada pelo instituto Enfoque.
Para o doutor em Consumo pela Universidade de São Paulo (USP) e integrante da linha de pesquisa em Comportamento do Consumidor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Áurio Lúcio Leocádio, a terceira idade não está apenas consumindo mais, mas também está mais ativa nos processos de compras e de consumo. “Se pegarmos décadas recentes, não era tão comum ver idosos em pontos de vendas, em lojas, em supermercados, em shoppings, como nós vemos hoje”, avalia Leocádio.
Pesquisa mostra que há três tipos de perfis de idosos: celebradores, recuseniks e tradicionalistas Uma das causas dessa maior movimentação por parte dos idosos deve-se a fatores financeiros, como o aumento da renda e também a reinserção dessas pessoas no mercado. “O idoso hoje tem um nível de atividade muito maior do que ele tinha. E esse nível de atividade acaba se refletindo em práticas de consumo que, antigamente, não eram diretamente vinculadas ao consumidor idoso”, aponta o doutor.
Valorização Por isso, as empresas já estão de olhos abertos para a terceira idade e têm notado a mudança no comportamento desses consumidores. A rede de supermercados Mercadorama, por exemplo, constatou que os idosos são responsáveis por grande parte das vendas reaPara o doutor em Consumo, o idoso de hoje tem um nível de atividade muito maior do que ele tinha há alguns anos
lizadas pelo delivery da Internet. De acordo com o diretor de Marketing de Novos Negócios do Walmart Brasil, Roberto Wajnsztok, eles buscam este serviço, seja sozinhos ou com ajuda de outras pessoas, por comodidade, pois para estes idosos acaba se tornando difícil se deslocar até o supermercado e carregar as compras. “E é algo muito comum, porque a gente está falando de cidades grandes onde a dificuldade de locomoção é cada vez maior [...] e o idoso consegue através da Internet fazer a sua compra do mês”, relata Wajnsztok. Para ele, isso significa uma quebra de barreira que existia antes para esse consumidor. Outra marca que tem investido nesse público é a rede de farmácias Nissei. A empresa criou o Clube da Melhor Idade, em 1998. Começou com benefícios para os idosos no preço dos medicamentos; hoje vai além disso, segundo o gerente de Marketing da rede de farmácias, Jeissan Santos. Semanalmente, dois ônibus levam 80 clientes para participar de atividades em destinos diferenciados. O programa “tem três focos: aumentar a autoestima da melhor idade; fazer a inserção social; e ter um olhar mais carinhoso com a melhor idade”, enumera Santos. Os passeios sempre são programados para ter entretenimento de interesses dessa faixa etária. REVISTA MÊS | NOVEMBRO DE 2011 | 45
turismo
LasVegas: terra da fantasia, do jogo e do sexo Conheça algumas curiosidades que essa cidade norte-americana guarda em suas ruas e becos
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Da redação - leitor@revistames.com.br
assamos uma semana em Vegas. Uma cidade construída no meio do deserto, no meio do nada. Cidade de luzes coloridas piscando nas ruas centrais (Strip Avenue). Hotéis luxuosos. Cassinos. Muitos shows. O normal seria trazermos para nossos leitores uma reportagem com dicas sobre roteiros interessantes na cidade de “Onze Homens e um Segredo”. Mas vamos ser sinceros, basta você consultar o tio “Google” que choverão endereços para consultar e montar o seu próprio roteiro. E não tenha medo de errar. Esses equívocos, às vezes, constroem alternativas interessantes.
Se você se deslocar um pouco para a periferia da cidade (sem querer comparar de igual para igual a nossa periferia com a deles), vai poder perceber que a manutenção já deixa um pouco a desejar. O asfalto já não é tão liso, o mato 46 | REVISTA MÊS | NOVEMBRO DE 2011
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Então, vamos falar um pouco sobre percepções acerca da cidade. Vegas é uma cidade muito limpa e com a manutenção sempre em dia. Correto? Errado. A parte central da cidade, onde fica a maioria dos hotéis é impecavelmente limpa, mas com uma exceção, dita logo mais à frente.
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Em quase toda passarela de um hotel para o outro, é possível cruzar com um cidadão mendigando já aparece em algumas calçadas, lixos são encontrados aqui e acolá. Não vale ir para o outlet e achar que lá é periferia só porque é longe. Tem que ir para os bairros onde moram os trabalhadores de Vegas. Que, aliás, segundo um taxista, se dividem em comunidades. Os mexicanos e cubanos para um lado da cidade, os africanos (os etíopes são os mais presentes) para outro, e os árabes para outro. Outra constatação: a crise já chegou em Las Vegas. Mendigos e pedintes, alguns cuidando de cachorrinhos ou gatinhos, são vistos em vários pontos da cidade. Em quase toda passarela de um hotel para o outro (e olha que são muitas!), é possível cruzar com um cidadão norte-americano desprovido de emprego e renda. Agora se nós ainda temos a imagem de um paraíso do sexo no exterior é porque ninguém deixou de falar disso em Las Vegas. Durante todo o dia nos deparamos com pessoas distribuindo papeizinhos oferecendo garotas de programa. Em todas as quadras, em frente a todos os hotéis, você é abordado com a oferta. Seja o turista homem ou mulher. Em todas as calçadas é aquela sujeira de papéis jogados no chão com as fotos. A propaganda é fantástica: mulheres em 20 minutos. E eles ainda se acham civilizados. Entretanto, a viagem à Vegas vale à pena. Seja para jogar, fazer compras, assistir a shows ou até mesmo para fazer valer a frase de que “o que se faz em Vegas, fica em Vegas”. Caso você não seja um jogador profissional, não pode se achar em um filme e sair apostando pelos cassinos, pois a bancarrota é quase certa.
Dica de turista Se não for profissional, separe U$ 100, por noite, para brincar no Cassino. Imponha limites, pois caso contrário, é bastante possível que deixe todas as suas economias por lá.
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Se for fazer o passeio de helicóptero pelo Gand Canyon, peça para o piloto descer e andar entre as paredes para dar mais emoção ao percurso.
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Vá aos espetáculos e shows. São sempre muito bem produzidos.
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Visite os hotéis e curta a arquitetura. Quem gosta de cinema é uma grande lição de cenografia. Cada hotel remete a um lugar do mundo.
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Reserve mais de um dia para os outlets e visite os mercados afastados do centro. Sempre valem à pena.
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meio ambiente
Carro também se recicla Apesar do destino da maioria dos automóveis no Brasil ser o ferro velho, a solução mais correta é a reciclagem Mariane Maio - mariane@revistames.com.br
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rovavelmente poucas pessoas já pararam para pensar o que é feito com um carro que sai de circulação. E muito mais improvável ainda é pensar qual seria a maneira correta deste processo de descarte. “Com a falta de um programa de renovação de frota, alguns veículos acabam sendo descartados em desmanches e depósitos de ferros velhos, ficam na posse de seguradoras, Detran, ou são abandonados em vias públicas causando sérios problemas para a população”, afirma Elias Bueno, secretário-executivo do Instituto Nacional das Empresas de Sucata de Ferro e Aço (Inesfa) e do Sindicato das Empresas de Sucata de Ferro e Aço (Sindinesfa).
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Especialistas da área afirmam que a reciclagem de veículos é a melhor opção. “É uma questão muitas vezes cultural. Pessoas aqui no Brasil que nunca conviveram com isso não sabem que um carro pode ser enviado para a reciclagem”, reforça Carlos Renato Garcez do Nascimento, pre-
Serviço Sustain Total (Fórum Brasileiro e Feira Internacional de Resíduos Sólidos) Data: 21 a 23 de novembro de 2011 Local: Expotrade Convention Center Rodovia Dep. João Leopoldo Jacomel 1.0454 (Pinhais-PR) Informações: www.sustaintotal.com.br
sidente do Instituto Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (IBDS), que irá realizar em Curitiba, entre os dias 21 e 23 deste mês, o Sustain Total – Fórum Brasileiro e Feira Internacional de Resíduos Sólidos. A pouca consciência do brasileiro se ilustra na discrepância dos números, se comparados a outros países. De acordo com dados do Sindinesfa, apenas 1,5% da frota brasileira de veículos que sai de circulação, normalmente com mais de 20 anos de uso, vai para a reciclagem. Nos Estados Unidos e na Europa esse índice chega a 95%. “Em alguns países, quando uma pessoa troca o carro, ela obtém um desconto se entregar o veículo usado no ato da compra ou recebe um bônus para compra de um carro 0 km ou com idade
menos avançada. O veículo colocado em desuso vai para reciclagem, garantindo assim, que não fique circulando pelas ruas”, conta Bueno. Outros países que tem uma boa política de reciclagem de carros são a Argentina e o Japão. No país vizinho, um centro de reciclagem consegue receber cerca de 250 automóveis por mês, o que representa o reaproveitamento de 25 mil peças, desde 2005. No Japão, as montadoras são responsáveis pela logística reversa. “Você faz uma aquisição de um carro 2011 e, em 2014, o reencaminha para a montadora e tem um desconto na aquisição de um novo. Incentivando a renovação de frota”, explica Nascimento.
Roberto Dziura Jr.
Política Pública No Brasil, não existe legislação específica que exija o processo da logística reversa. Apesar da Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei nº 12.305), de agosto de 2010, ser um grande avanço, o setor automotivo não foi incluído como obrigatório, ficando a cargo das empresas envolvidas a elaboração de um acordo setorial. “A ausência de uma política pública setorial incentivando a reciclagem de veículos certamente é um gargalo que
Apenas 1,5% da frota brasileira de veículos que sai de circulação vai para a reciclagem existe na legislação brasileira”, garante o presidente do IBDS. Opinião também compartilhada pelo secretário-executivo do Inesfa e Sindinesfa. “A falta de legislação específica de abrangência nacional e de uma política nacional de renovação da frota e reciclagem de veículos explica o irrisório índice de reciclagem de veículos no Brasil”. De acordo com ele, “a atividade do comércio de resíduos e sucatas metálicas está pronta para atender a Política e o Plano Nacional de Resíduos Sólidos, atuando em consonância com a legislação para estabelecer acordos setoriais, parcerias, termo de compromisso, fazendo da responsabilidade compartilhada a certeza da destinação ambientalmente correta dos materiais metálicos recicláveis da logística reversa”. Para Marcos Vinicius Aguiar, engenheiro e diretor de Segurança Veicular e Reciclagem da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA), esta política de reciclagem deverá abranger incentivos financeiros para seguir adiante. “Se não tiver
Roberto Dziura Jr.
“Pessoas no Brasil que nunca conviveram com isso não sabem que um carro pode ser enviado para a reciclagem”, diz Nascimento
uma política para o consumidor [...], isso não vai acontecer”.
Foco ambiental A preservação das reservas minerais, economia de energia e água, aumento da vida útil dos aterros sanitários, redução dos índices de poluição do ar, são algumas das vantagens da reciclagem de carros. “Quando o aço é produzido inteiramente a partir da sucata há uma redução da poluição do ar (- 85%) e do consumo de água (- 76%), eliminando todos os impactos decorrentes da atividade de mineração”, aponta Elias Bueno. Mas segundo o Sindinesfa, os benefícios vão muito além. “Combate aos focos transmissores de doenças provocados com acúmulo de materiais que poderiam ser reciclados em locais não apropriados, e geração de novos postos de trabalho, com inclusão social”. O Ministério das Cidades, por meio do Denatran, encomendou um estudo à AEA sobre a possibilidade de ser criado um programa nacional de reciclagem. Segundo Aguiar, dentro de seis meses a Associação deve apresentar os resultados. “A AEA está começando a trabalhar primeiro tecnicamente como nós vamos fazer a reciclagem de cada componente. Que é dar as condições para um sistema inteiro começar a trabalhar”. O presidente do IBDS diz que apesar do alto custo inicial para se implantar um sistema de reciclagem, a médio e longo prazo, haverá economia. “Você vai tirar do seu custo fixo diversos componentes que vai reutilizar, que estarão ali a teu dispor sem custo nenhum. Teu custo é no processo logístico, mas não na peça da aquisição”. Ainda de acordo com ele, tudo o que envolve a logística reversa é a melhor forma de trabalhar. “Você reinsere o produto no ciclo de vida dele. Eu sempre comento que o correto é você não descartar nada depois do consumo. O correto é você encaminhar”. REVISTA MÊS | NOVEMBRO DE 2011 | 49
meio ambiente
Um entulho de problemas Os resíduos da construção civil poderiam ser 90% dos materiais reciclados; no entanto, no País, somente 5% tem reutilização adequada Arieta Arruda - arieta@revistames.com.br
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pesar de sinais de certa desaceleração, a construção civil no Brasil continua forte. Com a casa nova, o prédio reformado, o condomínio pronto, vêm também os resíduos sólidos por eles produzidos. Dados alarmantes do setor colocam em xeque o modelo de construção e as práticas adotadas na hora de construir. Há muito desperdício. O entulho que esse setor constrói é a metade do total de resíduos sólidos gerados no País. Outra informação que preocupa é a apresentada pelo Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil em pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe). O estudo aponta que
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foram coletados 31 milhões de toneladas de resíduos de construção e demolição em 2010. Isso representa um aumento de 8,7% em relação a 2009. Não deveria ser assim, já que segundo dados do Instituto Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (IBDS), cerca de 90% dos resíduos gerados pela construção civil poderiam ter o destino da reciclagem e da reutilização. Atualmente, apenas 5% do material rejeitado da construção civil são reciclados no País.
Informações A dificuldade já começa no controle das informações sobre os resíduos. Em Curitiba, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMMA) informou por meio da assessoria de imprensa que a cidade não tem controle
do volume de resíduos da construção civil. “Na tentativa de despertar a consciência do pessoal envolvido com construção civil antes da emissão do alvará, a SMMA pede que seja apresentado um plano de gerenciamento de resíduos. Esse plano, porém, não é condição absoluta para obtenção do alvará de construção”, completa o órgão. Em informações não oficiais, estima-se que, em Curitiba, sejam produzidos 74 mil toneladas de entulho por mês. Já o montante reciclado não é contabilizado. As usinas de reciclagem podem ser uma saída para esse grande entulho de problemas que se acumulam na beira de rios, em aterros inadequados e em áreas de risco nas periferias das cidades. Um exemplo é a Usina de Recicláveis Sólidos Paraná (Usipar) instalada, este ano, em Almirante
Roberto Dziura Jr.
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Tamandaré (PR), que funciona para reciclar alguns tipos de materiais de construção. “Transformamos em materiais como areia, brita, pedrisco, rachão e bica corrida”, explica Alexandre Graeser Blaszezyk, sócio e diretor da Usipar. Por dia, em média, são recebidas 60 caçambas na usina para o reaproveitamento. No fim do mês, isso representa cerca de oito mil toneladas de resíduos. Uma das dificuldades apontadas pelo diretor é a sujeira que vem junto com os resíduos passíveis de reciclagem. Para ele, aqui em Curitiba é mais fácil ver a separação do lixo doméstico do que o da construção civil. Essa mudança passa pela conscientização dos profissionais nas obras e pela cobrança por parte dos clientes por uma obra mais “limpa”.
Setores da construção A Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura no Paraná (AsBEA-PR) vem discutindo há alguns anos maneiras “mais eficientes do ponto de vista da produção”, afirma a vice-presidente comercial, a arquiteta Cristiane Lacerda. São basicamente cinco estratégias utilizadas no projeto: melhor aproveitamento dos recursos materiais; eficiência energética; uso racional da água; menos resíduos materiais e o empreendimento para
Segundo Blaszezyk, a usina recebe por dia 60 caçambas de entulho para reciclagem
A dificuldade já começa no controle das informações sobre os resíduos destino adequado do lixo. “No início, não se via nada, principalmente aqui em Curitiba e no Paraná de um modo geral. Do ano passado pra cá, a gente já consegue perceber diversas iniciativas [de sustentabilidade]. Os arquitetos têm tentado adotar materiais mais inteligentes”, diz. Em busca de soluções em outros países, representantes do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Paraná (Sinduscon-PR) estiveram em comitiva no último mês pela China e Japão para pesquisar novas experiências. Euclésio Finati, vice-presiden-
te administrativo do Sinduscon-PR, comentou direto do Japão que estavam por lá para “procurar novas atitudes e transformar [a construção civil] em processos positivos”. Segundo Finati, as iniciativas são simples. Mas o que falta é conscientização para os brasileiros. Por isso, “precisamos alterar nossa cultura”. Um dos grandes argumentos de quem não está preocupado com a sustentabilidade na construção é o valor. Construir de olho no meio ambiente ainda custa mais caro. No entanto, os especialistas argumentam que isso pode ser compensado no menor custo de operação e manutenção e na valorização de mercado do imóvel. Por isso, se o olhar estiver focado a longo prazo, os investimentos iniciais maiores podem se pagar no futuro.
Tecnologia alemã Menos resíduos na construção de casas Com uma proposta de inovar o mercado de construção no Paraná, a empresa Ecos Haus Construtora chegou à Curitiba no ano passado. A empresa propõe a construção à seco. Segundo o alemão Tobbias Ott, sócio da empresa, é possível construir uma casa de alto padrão de sustentabilidade usando a tecnologia wood frame. “Nós temos a casa mais sustentável do Brasil”, afirma Ott. Essa construção seca
gera menos de 1% de resíduos sólidos e cinco vezes menos a emissão de CO2 do que construções convencionais. A otimização dos materiais reduz 85% das perdas. As paredes e a cobertura são pré-moldadas. Assim, é possível montar uma casa em apenas um dia. As paredes, que podem ter de 17 a 30 cm de espessura, possuem isolamento acústico, solar e térmico. São encaixadas e parafusadas. Não leva nenhum tijolo,
argamassa ou concreto. A madeira de pinos de reflorestamento é tratada contra mofo e infiltração. O acabamento é mais rápido que o convencional. “Construímos casa para sempre. Costume dos alemães”, garante. O empreendimento pode ter até quatro andares. A empresa já fez projetos em cidades paranaenses como Londrina, Curitiba e Irati. Os preços variam conforme o projeto do cliente. REVISTA MÊS | NOVEMBRO DE 2011 | 51
culinária&gastronomia
Subverter o paladar Queijos e vinhos, consumidos tipicamente no inverno, podem continuar sendo uma boa opção para os dias mais quentes; veja as dicas dos especialistas
Mariane Maio - mariane@revistames.com.br
C
om a temperatura aumentando, logo se pensa em opções leves e refrescantes para comer e beber. É incontestável dizer que uma boa salada e até mesmo uma cervejinha combinam com as estações mais quentes do ano. Mas nem sempre precisa ser assim. Se você é daqueles que não dispensa a dupla: queijo e vinho, saiba que com algumas dicas é possível
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continuar consumindo essa combinação típica do inverno.
Para Rodrigo do Prado, sommelier e restauranteur da Trattoria Boulevard, essa cultura de consumir vinhos nos dias mais frios é algo bem brasileiro. “Se dermos uma volta pelos países europeus e pelos Estados Unidos, que têm um verão extremamente rígido, vamos observar várias pessoas em restaurantes e parques tomando vinhos, inclusive tintos”.
Beber Mas para atender ao gosto brasileiro, alguns vinhos são mais indicados. “Uma bebida com a cara do verão é o espumante. Os roses, no geral, são ótimos para dias quentes, e os bran-
cos, com acidez mais elevadas, como os sauvignon blanc, combinam muito com uma tarde na piscina. Uma dica para o verão são os vinhos verdes do Norte de Portugal”, diz Prado. O ideal é que a bebida seja servida entre seis e 10 graus.
Caso a pessoa não abra mão do vinho tinto, o sommelier indica escolher vinhos mais leves, com acidez elevada e tanino baixo. “O tanino é aquele componente dos tintos que dá a impressão de amarrar a boca e costuma brigar com o sal, que realça o amargor desse componente. Os pinot noirs chilenos e os zinfandel americanos são excelentes. Além destes, encontramos ótimos vinhos australianos e neozelandeses com estas características”, afirma.
VinhoS Tinto • Red Tree Zinfandel (EUA) • J. Lohr Crosspoint pinot noir 2006 • Carmen reserve pinot noir 2009 Branco • Villard Sauvignon Blanc 2008 (CHI) • Raka Sauvignon Blanc 2007 (AFR) • Chateau de La Gardine Chateauneuf-du-Pape 2006 (FRA) Rose
Roberto Dziura Jr.
• Tabali reserva rose syrah 2009 (CHI) • D. Dubourdieu Le Rose de Floridene 2006 (FRA) • Real Sitio Prado Rey Rosado 2007 (ESP) Espumante • Filipa Pato 3B rose (PT) • Cava Dom Roman Brut Reserva Imperial • Deutz Brut - Champagne (FRA) Vinho verde • Anselmo Mendes Alvarinho Muros Antigos 2008 Queijos • Cottage • Queijo de Cabra • Queijo Brie • Queijo Gouda • Queijo Minas • Ricota e Camembert
Combinação do sommelier e restauranteur Rodrigo do Prado é a combinação do queijo camembert com vinho suavignon blanc, de acidez elevada
Queijo brie com champagne harmonizam. Para quem gosta da mistura doce com salgado, Denise dos Reis afirma que a mistura do queijo com geleia de frutas dá um toque especial
Comer Em relação aos queijos, a dica da líder de frios e laticínios do supermercado Pão de Açúcar, Denise dos Reis, é utilizá-los nos sanduíches, saladas, canapés e patês. Dessa forma o alimento fica mais leve. Outra dica é consumir queijos menos calóricos, como o cottage. “É bem legal, porque o pessoal no verão se cuida por causa da dieta”, lembra. O cottage também possui uma versão rica em fibras, que Denise aconselha para quem tem deficiência em cálcio. Nos dias mais quentes, outra boa pedida é o queijo de cabra, também o brie e o gouda, além dos tradicionais queijo minas e ricota, bastante consumidos nessa época do ano. “O brie dá pra consumir com geleia de frutas frescas”, sugere a especialista. Além do brie, o especialista Prado também sugere o camembert.
Harmonização Apesar de a combinação queijos e vinhos parecer óbvia, o sommelier e restauranteur afirma que não é qualquer mistura que fica boa. “A acidez do queijo deve bater com a acidez do vinho, o que explica também o céle-
Fotos: Roberto Dziura Jr.
Veja as dicas de vinhos e queijos
Os espumantes, roses e brancos são os vinhos mais indicados para os dias mais quentes bre casamento dos queijos de cabra com o sancerre e outros vinhos de sauvignon blanc”, diz. Por isso, um grande número de queijos combina mais com vinhos brancos, por não ter tanino. “Os brancos, principalmente de sauvignon blanc e espumantes, com o queijo camembert combinam muito bem”. Em relação a outras combinações de pratos, os frutos do mar são os que mais casam. “Podemos harmonizar estes pratos por similaridade, vinhos leves com pratos leves, ou então por antagonismo, vinhos de acidez elevada com pratos untuosos”, afirma. E caso você opte pelo queijo, mas não quer algo alcoólico, Denise dos Reis indica uma combinação com suco de frutas naturais. As contraindicações ficam para os queijos gorgonzola e parmesão, muito calóricos e pesados, portanto, menos indicados para o verão. REVISTA MÊS | NOVEMBRO DE 2011 | 53
esporte
Fotos: Maria Odete
Profissionalização da
ra brincar junto”, comenta Catarina Helfer, empresária que começou a praticar o esporte há pouco mais de três meses. Ela corre com o marido e a filha, Nerysse Helfer, de apenas 10 anos de idade. “É legal fazer. Acho bem divertido”, se entusiasma a menina que já completou três provas, em dois meses de prática.
“caça ao tesouro”
I
Arieta Arruda - arieta@revistames.com.br
magine a seguinte situação: você tem em mãos um mapa e uma bússola. Está numa floresta, numa trilha desconhecida. Veste roupas confortáveis e precisa chegar a alguns pontos estratégicos para atingir o objetivo final, onde terá um tesouro. Tem horas que você corre; outras caminha, outras se perde e outras se acha. Nessa interessante disputa contra suas próprias limitações; você se supera, se descobre e se conecta com a natureza. Numa situação simples como essa, mas cheia de valores, é que se baseia o esporte chamado de Corrida de Orientação. “Uma maneira lúdica de lidar com mapas”, comenta o presidente do Clube de Orientação de Curitiba (COC) e
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assessor da Federação Paranaense de Orientação (FPO), Luciano de Oliveira. “A pessoa que começa nesse esporte, dificilmente, vai parar. A motivação é bastante grande”, afirma Honei Pedroso, personal trainer e praticante do esporte. “O principal fator da corrida de orientação é a surpresa”, completa Elyse Bacila, arquiteta e praticante de corrida de orientação há um ano.
Oliveira destaca que para as crianças essa prática esportiva é multidisciplinar e oferece a possibilidade de colocar a criança para descobrir o mundo. “Desenvolve a lateralidade, senso de direção, proporção, noção de distância [...] Para a criança o desenvolvimento educacional é fantástico”.
O esporte de origem europeia, chegou ao Brasil na década de 1970 por meio dos militares. O Paraná, ao lado do Rio Grande do Sul, é referência no esporte. O nosso estado foi palco do primeiro campeonato brasileiro e também da criação da Confederação Brasileira de Corrida de Orientação (CBO), que ocorreu em Guarapuava (PR). “Em 2004, éramos pouco mais de dois mil atletas federados [no País]. Hoje, atingimos a marca de 12 mil federados. Não federados passa de 60 mil praticantes”, contextualiza Oliveira. Esse interesse crescente se explica em parte pela capacidade inclusiva do esporte. “É para a família intei-
Para os adultos, um dos benefícios é a concentração. É uma espécie de
Roberto Dziura Jr.
Corrida de Orientação, esporte que alia noções de direção, contato com a natureza, exercício físico e raciocínio rápido tem despertado o interesse de pessoas de todas as idades
Para Elyse Bacila, é muito desafiante e gratificante quando você completa a prova
Fotos: Maria Odete
válvula de escape. “Relaxamento mental, além da prática de exercício físico”, enumera o presidente do COC. Já para os idosos, ao encarar terrenos irregulares, “você melhora a qualidade de vida e a longevidade, pois trabalha a lateralidade, equilíbrio, força, resistência e desenvolvimento cardiovascular”.
Roberto Dziura Jr.
Para iniciar a prática não é preciso ter condicionamento físico ou histórico de outros esportes. A prioridade das provas é fazer de forma correta e depois ir aumentando a velocidade. “[O esporte] privilegia o raciocínio e não o condicionamento físico”, argumenta o presidente do clube. Aliás, é uma porta de entrada para outras práticas esportivas, segundo Pedroso. “Primeiro passo, para o pessoal
Segundo Honei, não é necessário ter preparo físico para a corrida de orientação
se motivar para começar a fazer uma atividade física regular.” No Brasil, a modalidade mais praticada é a corrida de orientação pedestre, mas existe a de bicicleta, de esqui e também preparada para portadores de deficiência. Para começar, o ideal é procurar por um clube para fazer uma aula de iniciação, na qual aprenderá a linguagem técnica e a simbologia da orientação. Depois, basta participar de uma prova e aproveitar. As vestimentas recomendadas são calça, camiseta de manga longa e tênis para corrida. No começo, você pode sentir “bastante dificuldade em achar os pontos”, mas depois vai embora. “É bem legal”, garante Catarina. “Agora só quero ganhar medalhas”, diz rindo a esportista. As categorias se dividem entre homens e mulheres. Dentro do grupo dividido por sexo, há os grupos por idade e ainda uma subdivisão por conhecimento
Esse interesse crescente se explica em parte pela capacidade inclusiva do esporte técnico (tempo de prática do esporte). Por isso, uma competição chega a ter até 70 categorias diferentes. O tempo da “caça ao tesouro” varia entre 50 minutos e uma hora, num percurso entre quatro e oito km. “O atleta define aonde vai. E essa escolha de rota é o desafio da orientação”, avalia Oliveira. O prêmio está tanto no início, quanto no meio, como no final. “É muito desafiante e gratificante quando você completa a prova”, conclui Elyse. “Muitos sentimentos são testados [...] a cada ponto que você encontra tem um retorno positivo”. Uma aula de vida e perseverança, luta contra o cansaço físico, ganho de autoconfiança e contato com a natureza. Superação. Ta aí o maior tesouro.
Paraná Próxima prova: XVII CiPO - 6ª Etapa Data
Local
20/11/2011 Guarapuava/ Paraná
Organizador
Clube de Orientação Lobo Bravo
Categoria
Estadual
Informações
Federação paranaense de Orientação: (41) 3076-2269
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cultura&lazer
É em casa que se promove a Cultura
A
ntigamente, lá pelos séculos XVIII e XIX, era comum as famílias abrirem as portas das suas casas para promover atividades culturais, como audição de música, apreciação de pintura e declamação de poemas. Eram, em grande parte, nestes encontros que a vida social se desenvolvia. Esta ideia de realizar apresentações culturais nas residências é nos dias de hoje resgatada em Curitiba pelo projeto Haus Musik. A pianista e professora Salete Chiamulera começou a desenvolver a ideia em 2007 quando realizava em
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casa, para seus quatro filhos, apresentações musicais didáticas. “Queria que eles tivessem contato com outros artistas e aprendessem mais sobre música. Então, a ideia foi crescendo e, no ano seguinte, aconteceram seis encontros nas casas de amigos.”
Fotos: Roberto Dziura Jr.
Roberto Dziura Jr. - roberto@revistames.com.br
Para a idealizadora Salete, a Haus Musik difunde a música no aconchego de casa sem a burocracia das apresentações em teatro
Projeto denominado Haus Musik faz o resgate dos antigos recitais e do debate cultural dentro de casa
Hoje,“nossa série visa fomentar o relacionamento cultural em três vertentes – o artista e sua arte; o ouvinte com a apreciação da música; e as relações sociais entre os participantes. Transformamos a sala de estar de nossas residências em um ‘Palco Temporário’ para a difusão da arte”. Renato Otto é um dos músicos participantes do projeto. Cursando o 2º ano de Licenciatura em Música pela Faculdade de Artes do Paraná (FAP), o cantor e violeiro valoriza a oportunidade de se apresentar publicamente no Haus Musik. “Estar em contato com o público ajuda o artista a tirar a timidez e contribui na promoção da arte nas famílias.”
Mesmo com pouco tempo de vida, o reconhecimento do projeto foi muito além dos ouvidos de Curitiba. Em 2008, Salete colocou no papel o projeto e mandou para o Congresso Mundial de Professores de Música, que ocorre a cada dois anos em países diferentes. O trabalho foi aceito e apresentado na edição de 2010, realizada na China.
União das Artes Com o tempo, a necessidade de unir outras artes começou a ser obrigatória. Recentemente, em um encontro realizado em outubro na residência do casal Israel Pessoa e Cláudia Trolli, foi feito o primeiro Haus Musik multicultural, com a união da música e as artes plásticas. “Todos os encontros são tematizados e, neste, esteve em evidência a Arte Contemporânea”, acrescenta a idealizadora do projeto. Além da música, 15 alunos de artes plásticas da FAP projetaram alguns trabalhos e outras três obras foram expostas. “Durante a conversa entre os convidados e os artistas, nossos alunos tiveram a oportunidade de explicar o que é e qual a importância da Arte Contemporânea nas artes”, conta a professora de Artes da FAP, Uiara Bartira. Para Cláudia, que abriu as portas de sua casa para receber esse Haus Musik multicultural, encontros desse porte só têm pontos positivos. “Nossa residência vira uma casa de espetáculo com a diferença de que podemos bater-papo e presenciar a arte com a explicação de quem a faz. Foi uma oportunidade única. Fico muito satisfeita em receber o projeto”, finaliza.
Roberto Dziura Jr.
No Haus Musik o espectador tem a oportunidade de interagir com o artista, em um bate-papo que ocorre em casas curitibanas
Época natalina está chegando
Tradicional apresentação do Palácio Avenida terá a participação de 160 crianças e o tema “O Poder da Música”
Roberto Dziura Jr. - roberto@revistames.com.br
E
m novembro, no próximo dia 25, iniciam-se as apresentações do coral natalino no Palácio Avenida. Com o tema “O Poder da Música”, o espetáculo tem duração de uma hora e meia e conta com a participação de 160 crianças que cantarão 18 músicas. As apresentações ocorrem de sexta a domingo, sempre às 20h30, até o dia 18 de dezembro. O Palácio Avenida está localizado na Rua das Flores, sem número. De acordo com a diretora do Instituto HSBC Solidariedade, Claudia Malschitzky, neste ano, o evento terá característica mais musical, sem entradas teatrais. “A novidade em 2011 é a utilização da tecnologia 3D Maping, que projetará no Palácio imagens que compõem o espetáculo. Soma-se a isso a
participação especial de dois casais de bailarinos de Curitiba e o mestre de cerimônias será Kazuo, artista do Cirque du Soleil”. O Coral de Natal do Palácio Avenida existe desde 1991 e foi idealizado pelo antigo Banco Bamerindus. Ao iniciar suas operações no Brasil, em 1997, o HSBC manteve as tradicionais apresentações. Sobre as crianças que participam, Malschitzky explica que elas fazem parte do programa desenvolvido pelo Banco que ensina música para 40 crianças e jovens, entre 07 e 14 anos de idade, selecionados nas Casas Lares e que se destacam por seu desempenho escolar, dedicação, esforço e respeito. “No final do ano, outras 120 crianças, também selecionadas nas Casas Lares, unem-se para a formação do Coral do Palácio Avenida”. REVISTA MÊS | NOVEMBRO DE 2011 | 57
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5 perguntas para: Joeci Camargo
Mais de cem mil pessoas carentes – de pouco acesso à Justiça – já foram atendidas pelo projeto “Justiça no Bairro”, idealizado pela desembargadora Joeci Camargo e que comemora oito anos. A londrinense está ao lado de pessoas, que como ela, também passaram por necessidades e tiveram uma infância pobre. Com o sonho de mudar sua realidade e de milhares de pessoas, se empenhou nos estudos e no trabalho. Hoje “nosso objetivo é o acolhimento e atendimento da pessoa carente. Deslocamos o Judiciário até o povo e, através da união com o Ministério Público, resgatamos os direitos dessas pessoas”, afirma. Conheça um pouco dessa personagem que faz “Justiça com as próprias mãos” ao levar a Lei em lugares distantes dos tribunais Mariane Maio - mariane@revistames.com.br Iris Alessi - iris@revistames.com.br
Como foi sua infância e sua juventude? Joeci Camargo (JC) - Eu venho de uma família muito humilde, que lutou muito para sobreviver. Começa por aí minha história. Os meus pais são separados e minha mãe ficou com quatro filhas para criar. Ela foi zeladora do Sesc. Eu também trabalhei como pajem, encerava a casa dos vizinhos, quer dizer, “n” formas para você tentar subsistir, pois nós passamos muita fome. Todo mundo tem um sonho, todo mundo quer estudar, todo mundo quer ser alguém na vida, então, as possibilidades apareceram para nós através da bolsa de estudo da Federal.
Roberto Dziura Jr.
A Justiça ao lado do povo cuperar e tentar aproximar a Justiça. Isso desde a época que eu era advogada. E isso depois foi se estendendo dentro da carreira da magistratura. O meu objetivo sempre foi que os carentes tivessem acesso à Justiça. Quais foram os resultados obtidos até agora com o projeto “Justiça no Bairro”?
Por que optou por fazer faculdade de Direito? JC - Eu sempre tive como objetivo lidar com a ciência do Direito. Um dos meus ídolos era o doutor Nely Lopes Casali, um advogado muito conceituado, hoje já falecido de Londrina. Ele era uma pessoa que fazia um trabalho diferente. Principalmente, para as pessoas menos assistidas, menos favorecidas. Acredita que sua trajetória fez a diferença para ter uma visão diferenciada da Justiça? JC - Essa visão diferenciada já começou antes da magistratura, porque eu sou oriunda da Defensoria Pública. Eu fui defensora pública e na área Penal. Eu trabalhava na Penitenciária Central do Estado. Ali você vê a situação dos presos e também vê a situação da família do preso. Você tem um diagnóstico diferente do que é uma família totalmente desestruturada. É um trabalho que eu já desenvolvo desde antes. Trabalho que envolve a família no sentido de você tentar re-
JC - Nós já atendemos mais de cem mil pessoas desde 2003 em todo o Estado do Paraná. Com certeza é uma forma de agilizar, porque há ali não só uma demanda reprimida, mas o atendimento de pessoas que nunca chegaram a ser atendidas, que vivem na periferia da cidade e porque não têm uma faculdade, defensoria municipal, nem atendimento estadual que possa atendê-los. O projeto Justiça no Bairro [propicia] que você agende audiências de qualquer área, possibilitando, assim, que as pessoas tenham um acesso mais rápido à Justiça. Em 2009, foi promovida para o cargo de desembargadora. O que mudou em sua rotina? JC - Tudo. Porque eu não deixei o projeto “Justiça no Bairro” e ele ganhou uma vida maior ainda, justamente porque hoje, eu não levo o Juiz da Vara de Família para as ruas nem para os bairros, hoje eu levo o Tribunal de Justiça. Eu já escrevi minha história no Paraná. O projeto Justiça no Bairro tem resultado, tem vida própria e marcou no Paraná. O meu sonho é que o projeto realmente permaneça e que eu consiga que os juízes todos possam fazer com que seja uma realidade em todo o Paraná. O juiz não pode ficar dentro de um aquário intocável. Ele tem que ficar perto da população. Eu penso que a Justiça se faz com amor. REVISTA MÊS | NOVEMBRO DE 2011 | 59
moda&beleza
Domingo
segunda Ricardo Pedroni
terça
Fotos: Arquivo Pessoal
Meu diário de moda Blogs de pessoas comuns atraem leitores que procuram inspiração no que vestir e combinar; apenas um blog de Curitiba conquistou 60 mil acessos mensais Mariane Maio - mariane@revistames.com.br
T
odos os dias a curitibana Bruna Catani (20) reserva um tempo para visitar alguns blogs de seu interesse. O assunto deles é sempre Moda. Mas Bruna não é a única que se interessa pelo tema. Segundo uma pesquisa realizada pela empresa Boo-Box, que analisou 20 mil blogs em todo o País, o assunto moda é o segundo da preferência dos leitores no ranking de entretenimento, empatado com música e blogs automotivos, perdendo apenas para o humor. Esse nicho também foi percebido pelas irmãs blogueiras Bárbara (25), Débora (23) e Júlia (21) Alcântara de Souza,
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que lançaram o Blog Tudo Orna em 2010. “O blog surgiu de uma maneira despretensiosa, de um gosto pessoal, porque a gente já gostava de moda e fotografia e decidiu compartilhar os gostos e ideias”, afirma Débora. Um ano depois, o número de visitas diárias surpreende, cerca de dois mil acessos únicos; quase 60 mil por mês. Outra blogueira que se surpreendeu com o retorno foi Rafaela Ronconi. “No começo eram mais amigas e a família que entravam. E, com o tempo, fui vendo que leitoras do Brasil inteiro estavam visitando o blog”, conta a administradora, que decidiu criar o blog por gostar de escrever e gostar de moda. Hoje, já contabiliza sete mil acessos mensais.
O bom do blog
Apesar de a moda estar presente na televisão, jornais, revistas e nas ruas, as blogueiras acreditam que a procura por blogs é grande pelo fato de mostrar looks de pessoas comuns e dar dicas de como sair do básico. “Quando você entra em um blog, você se identifica com aquela menina e fala ‘eu posso me vestir igual a ela’. Quando você vê em uma revista está muito fora da sua realidade”, analisa Bárbara. Rafaela também alia seus gostos com as tendências para mostrar em seu blog. “Eu foco em como usar a tendência. Nem toda menina se adapta. Procuro mostrar o que pode usar e o que deve evitar”, conta. Outra vantagem destacada por elas é a interação que a plataforma permite. “O acesso é muito mais fácil. As pes-
quarta
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sÁBADO
Fotos: Arquivo Pessoal
Os blogs de moda são os segundos mais procurados no ranking do entretenimento, afirma pesquisa
soas podem te responder, se ela não gostou, pode dizer isso. As pessoas procuram no blog essa interatividade”, afirma Bárbara. Para a leitora assídua e também blogueira (do Fashionismo Barato), Ana Rezende (20), os blogs são uma maneira de ver dicas de como aproveitar uma peça de roupa que já usou muito ou não tem ideia de como combiná-la. “É uma forma de inovar”, diz a estudante de publicidade, que começou o interesse pela moda repentinamente. “Eu era bem moleca e minha mãe sempre quis ter uma bonequinha. Ela me colocou em um curso de modelo e eu acabei gostando”, lembra.
Como Usar Para Rafaela, “a moda tem uma forte influência na nossa vida, porque é uma maneira da gente se comunicar”. E, apesar de a moda ser democrática, é preciso que cada pessoa saiba adaptá-la ao seu estilo e personalidade. “A roupa diz muito do que você quer passar. Se
Visite Alguns blogs locais Tudo Orna www.tudoorna.com.br Blog da Rafa www.blogdarafa.com.br Fashionismo Barato www.fashionismobarato.blogspot.com você vestir só porque está na moda pode passar uma impressão errada”, explica. O importante é saber misturar o que é tendência com as proporções de cada pessoa, segundo Débora. “Não é porque está na moda que vai combinar com o seu biotipo”, reforça. Mesmo tendo de adaptar algumas peças, a pessoa pode encontrar alguma forma de estar na moda, como por exemplo, procurando uma cor que goste e deixando de usar o modelo que não a valoriza. Para Júlia, o que vale é como a pessoa se sente. “Se a pessoa entra em um lugar e se sente bem com o que está vestindo, do jeito que for, ela orna”. REVISTA MÊS | NOVEMBRO DE 2011 | 61
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automóvel
MINI Cooper One, igualmente imponente Apesar de ser o carro mais simples e barato da marca disponível no Brasil, o modelo mantém as características de um MINI e continua com o mesmo charme Mariane Maio - mariane@revistames.com.br
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epois de pouco mais de dois anos da marca MINI Cooper, controlada pela BMW, ter chegado ao Brasil, uma versão mais simples e barata foi lançada: o MINI Copper One. Com
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o objetivo de ser a porta de entrada da marca no País, o modelo pode ser adquirido por R$ 73 mil, em Curitiba. Exatamente R$ 10 mil a menos do que o modelo mais barato vendido até então, o Cooper Salt. A economia entre uma versão e outra, claro, refletiu no produto final, mas o charme inconfundível de um MINI continua o mesmo. Quando o assunto é o visual externo, o carro permanece igual. Apenas as rodas de liga foram substituídas por aro 15 (antes aro 16). Já os acessórios e adereços foram mantidos, garantin-
do o status, que é um dos principais atrativos da marca. No interior do veículo, a diferença é percebida nos bancos de tecidos e o volante de plástico sem a tecla multifunção. Mas alguns detalhes agradam. Luzes de efeito podem ser alteradas de acordo com o gosto do dono do carro. O painel é outro destaque. Um grande velocímetro em cima do som chama a atenção logo ao entrar no carro. O rádio não oferece entrada USB e também não toca MP3, uma falha do modelo.
Fotos: Roberto Dziura Jr.
O painel é um dos destaques do carro, com um grande velocímetro que chama a atenção logo ao entrar
FICHA TÉCNICA curso x Diâmetro 85.8 / 77 Taxa de compressão 11 / ROZ91-98 (ROZ95) Potência 98 Cv Torque nominal (Nm/ 1/min) 153 / 3000 Dimensões Comprimento: 3723mm Largura: 1683mm Altura: 1407mm (vazio) Porta-malas Capacidade 0,160 a 0,680 m³ Tanque Capacidade 40 litros Pneus Frontal - 175/65 R15 Traseiro - 175/65 R15 Equipamentos Computador de bordo, ar condicionado, discos de freio dianteiros ventilados, controle dinâmico de estabilidade, 6 airbags (motorista e passageiro frontal, laterais dianteiros, de cabeça dianteiro e traseiro), luz traseira antineblina, faróis antineblina, função siga-me, sistema antifurto com controle remoto por ondas de rádio e alarme com tecnologia EWS. Garantia de 24 meses. MINI Mobility System (Kit de reparo de pneu). Rodas de liga leve 15”
Porém, o corte mais sentido pelos apreciadores de carros foi no motor. O 1.6 de 120 CV foi substituído por um 1.6 de 98 CV. Mas na cidade, o MINI não deixa a desejar. A direção elétrica e o câmbio de seis marchas dão conta do recado. Já na estrada, a potência não é a mesma quando preciso for, por exemplo, ultrapassar. A ré, característica da BMW, não é das mais simples para o motorista. É necessário um pouco de prática, e até paciência, para entender corretamente seu encaixe. Na cidade e, principalmente, na estrada, um sistema de controle de estabilidade faz a diferença. O carro entra e sai das curvas
sem que o motorista tenha de fazer força para segurá-lo. Apesar de imponente, o MINI, como o próprio nome já sugere, é um carro bastante pequeno. Para o motorista e seu acompanhante, o espaço é suficiente, mas no banco de trás falta espaço para as pernas. Dificilmente mais de duas pessoas adultas conseguem andar confortavelmente no banco traseiro. O porta-malas também deixa a desejar, com seus 160 litros, comporta apenas malas pequenas. A sensação de grandeza fica apenas ao passear pelas ruas com o modelo: ele chama a atenção por onde quer que passe.
Com um motor 1.6 de 98cv, na cidade, o MINI não deixa a desejar, já na estrada sofre um pouco, por exemplo, para ultrapassar REVISTA MÊS | NOVEMBRO DE 2011 | 63
livros do mês
Mariane Maio - mariane@revistames.com.br Colaborou, Arieta Arruda - arieta@revistames.com.br
Biografia
Beleza
Autor: Rodrigo Martins Barbosa Editora: Unicorpore
Autor: Ivaldo Lima Editora: XXX
Ariel, a luta pela vida A história do leão tetraplégico Ariel, que comoveu o Brasil, foi transformada em livro. O animal nasceu em um cativeiro em Maringá (PR) e com quase dois anos de idade começou a apresentar dificuldades para andar, devido a uma doença degenerativa autoimune. No final da vida, o leão estava também com dificuldades para se alimentar e respirar. A história sensibilizou de tal forma o País, que uma comunidade foi criada no Facebook e atraiu mais de oito mil pessoas em prol da causa da recuperação do animalzinho. Apesar de todo o esforço, o animal não aguentou e faleceu em julho. No livro, considerado uma “autobiografia”, será possível saber da história de vida do leão, que já foi modelo, sabia abrir portas e tomava leite na mamadeira.
Literatura Policial Autora: Bettina Souza Muradás Editora: Novo Século
“A Reportagem” A jornalista curitibana Bettina Souza Muradás lança, neste mês, seu primeiro livro. Apesar do que o nome da obra e a profissão da autora possam sugerir, o livro é uma ficção policial, que mistura romance, mistério e disputa de poder. O livro conta a história de uma jornalista sensual que viaja aos Estados Unidos em busca de uma grande notícia. Para isso, ela contrata um agente especializado em perseguir rastros de fraudes financeiras. A parceria profissional acaba virando também amorosa. E os dois preparam uma matéria que pode derrubar o presidente da República e colocar em risco a reputação de políticos e autoridades brasileiras. Semelhanças com a realidade são mera coincidência. 64 | REVISTA MÊS | NOVEMBRO DE 2011
“Contraste” O hairstylist Ivaldo Lima, de Curitiba, lançou, em outubro, o livro Contraste, no qual apresenta fotos artísticas de 25 modelos. A proposta foi mostrar o trabalho de cabelo, maquiagem, fotografia e design, que contou também com a produção da maquiadora Grisiela Ribeiro, a fotógrafa Vanessa Becker, o designer Luiz André Lara Bueno e a redatora Paula Carvalho. Segundo o autor, as modelos tiveram a pele pintada na cor preta numa intenção de contrastar, transformar a realidade em arte. Parte da renda arrecada com o livro será doada para o Education For Life – um projeto de responsabilidade social da Intercoiffure Mondial.
Jornalismo Autor: Sidnei Basile Editora: Campus/Elsevier
Elementos do Jornalismo Econômico- 2ª edição Foi lançada no mês passado a segunda edição do livro Elementos do Jornalismo Econômico, do escritor Sidnei Basile. A nova edição foi revista e ampliada pelo autor, que inseriu assuntos atuais, como a Lei da Imprensa e a multipolarização do poder. O livro procura explicar porque o noticiário de economia e negócios se tornou fundamental em nosso cotidiano. Dentre os 19 capítulos estão temas como “Por que ler notícias econômicas e de negócios?”, “A ética na cobertura de economia e negócios” e “O Valor da democracia representativa na história recente do Brasil”. Uma boa leitura para estudantes e profissionais da área de Jornalismo, Relações Públicas, Administração de Empresas, Publicidade e Marketing.
álbuns do mês
Renato Sordi Colaborou, Iris Alessi - iris@revistames.com.br
Eletrônica
Club
Autor: The Weeknd
Autor: Buraka Som Sistema Enchufada, Universal
House Of Balloons e Thursday
Komba
O The Weeknd é da geração que não produz álbuns, faz mixtapes. Depois do momento criativo, o cantor Abel Tesfaye e os produtores Doc McKinney e Illangelo ordenam a produção numa mixtape e publicam no SoundCloud, popular serviço de hospedagem de áudio na internet. De graça. House Of Balloons e Thursday são as duas primeiras mixtapes da turma. Elas se justificam pelo R&B com uma forte pegada de dubstep e trip-hop. Música do futuro. Visite e confira os sons dos caras: http://soundcloud.com/theweekndxo
O batidão não é exclusividade brasileira. O que os portugueses do Buraka fazem é misturar ritmos africanos com música eletrônica, criando um ambiente sonoro de puro entusiasmo, essencialmente urbano e globalizado. Se no último disco do grupo a convidada foi Deise Tigrona, desta vez o convidado brasileiro do disco foi o baterista Igor Cavalera. Essencial para os culturalmente desapegados às nossas fronteiras e que são chegados a um “batidão”.
Tecnopop Punk Autor: Blink 182 Universal
Neighborhoods O sexto álbum de estúdio da banda americana Blink 182 chega às lojas depois de oito anos de espera pelos fãs. Desde 2003, a banda não lançava um CD com músicas inéditas. Após estarem envolvidos em projetos pessoais, os integrantes do Blink 182 reuniram-se novamente em 2009. “Up All Night” foi o primeiro single lançado desde o novo disco que não conta com participações. Depois de oito anos, chegou o momento de os fãs poderem ouvir e sentir a batida punk-rock das músicas.
Autor: Justice Warner Music
Áudio,Vídeo, Disco Em 2007, o Justice fincou uma cruz bem no meio das pistas de dança do mundo. O espetacular “†”, ou apenas “Cross”, foi o ponto mais alto da cena que misturava música eletrônica e rock para as pistas. A missão de “Áudio, Vídeo, Disco” é, portanto, suceder um dos maiores discos do século. Nada fácil. Para isso, Xavier de Rosnay and Gaspard Augé escolheram fazer um disco mais pop e excêntrico e até certo ponto provocativo, mas menos cerebral, denso e instigante quanto “Cross”. Ouça “On`n`On” e “Áudio, Vídeo, Disco” e saiba mais sobre esse trabalho.
Chico nunca é demais MPB Autor: Chico Buarque Biscoito Fino
Curitiba mais uma vez vai fazer parte da nova turnê de Chico Buarque. Entre 15 e 18 de dezembro, o cantor apresenta no Teatro Guaíra o espetáculo do álbum “Chico”, lançado no início deste ano. No repertório devem constar as músicas “Nina”, “Tipo Um Baião” e “Rubato”, além dos clássicos que você já deve ter ouvido ao vivo. Preços, datas e locais de venda ainda não foram divulgados. Figura nem tão difícil em Curitiba, Chico nunca é demais. REVISTA MÊS | NOVEMBRO DE 2011 | 65
Divulgação
opinião
Wilson Andersen Ballão
é Presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha de Curitiba
Relações comerciais entre Brasil e a Alemanha
N
em parece que o ANO DA ALEMANHA NO BRASIL está programado para 2013. No que diz respeito às relações econômicas entre os dois países, o Ano da Alemanha no Brasil já chegou e está a todo vapor: só entre outubro e novembro de 2011 trouxe consigo três grandes delegações de empresários alemães, ávidos para fazer negócios em nosso país.
cente. Enquanto a economia do bloco europeu enfrenta turbulências provocadas pelos estados membros (Grécia, Espanha e Portugal), a economia brasileira segue robusta e crescente, ancorada em bases fortes e em uma moeda supervalorizada.
Com o dólar em baixa, equipamentos de ponta vindos da Alemanha chegam com preços melhores que os produzidos no Brasil, principalmente no setor de maquinários. Isso significa O relacionamento comercial entre as duas nações sempre foi que a indústria de transformação vem perdendo espaço denintenso. Mesmo quando a economia brasileira navegava em tro de seu próprio território. O saldo comercial deste setor águas turvas da inflação, as relações comerciais nunca sofre- saiu US$ 30 bilhões positivos em 2005 para US$ 35 bilhões ram interrupção, embora tenham sido dosadas na medida da negativos em 2010. Além do fator dólar, os produtos brasicapacidade financeira da economia inflacionada e internacio- leiros são prejudicados pelo alto custo da logística, fruto das nalmente desacreditada. péssimas condições da infraestrutura local – portos, aeroportos e estradas. Mas não é apenas por meio das exportações O Brasil é o mais importante parceiro comercial da Alema- que o empresariado alemão pretende lucrar com o boom dos nha na América Latina e a Alepaíses emergentes. Diante deste manha é o quarto maior parceiro cenário pessimista na Europa, comercial do Brasil, atrás apenas os alemães elegeram o Brasil A indústria de transformação vem dos Estados Unidos, Argentina como âncora segura de seus inperdendo espaço dentro de seu e China. Já a União Europeia é vestimentos futuros. próprio território hoje o maior parceiro comercial do Brasil e o maior investidor Não somente os grandes conneste país, sendo que nunca comglomerados, como a Volkswaprou tantos produtos brasileiros como no primeiro semestre de gen – que vai investir € 3,4 bilhões no Brasil nos próximos 2011, período em que os europeus gastaram € 18,5 bilhões em cinco anos –, mas principalmente empresas de médio e pemercadorias do Brasil – valor recorde. queno porte, cada vez mais decidem incrementar ou iniciar atividades no Brasil, alocando recursos e tecnologia necesNos últimos anos, também aumentou drasticamente a impor- sária ao nosso desenvolvimento, além da geração de milhatância dos emergentes como parceiros econômicos da Alema- res de novos empregos. A decisão de estar no Brasil e aqui nha. Enquanto as exportações alemãs cresceram 21% entre produzir vem da visão estratégica de longo prazo dos empre2005 e 2010, as vendas para o Brasil, Rússia, Índia e China sários alemães, uma vez que a qualquer momento poderá, o galgaram respeitáveis 107% no mesmo período. governo brasileiro, se valer de barreiras tributárias, a exemplo do ocorrido recentemente com a indústria automobilística Em 2010, as empresas alemãs exportaram um total de € 100 com relação aos importados. bilhões para os países do Bric, um terço a mais do que as entregas para os Estados Unidos. Este expressivo aumento das A Câmara de Indústria e Comércio Brasil-Alemanha de relações econômicas entre a República Federal da Alemanha e Curitiba nunca teve tantos interessados em aqui fincar raízes o Brasil se deve, principalmente, ao endividamento na zona do ou estabelecer parcerias. Então a todos eles dizemos com euro, que representa uma ameaça para a economia do planeta. prazer: Seien Sie alle herzlich willkommen! (Sejam todos O que assistimos no momento é o inverso de um passado re- muito bem vindos!)
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Aguinaldo Rodrigues
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Nosso patrimônio natural. Vamos prestigiar e preservar esse lindo espetáculo diário denominado de Cataratas do Iguaçu
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