TEXTIL MODA # 1

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BRASIL | FEVEREIRO 2013 #723 R$ 13,90





– – CAPA – –

Bolero e top de laise DTA; calça jeans Amapô; cinto de verniz Shoestock; óculos de acetato D&G para Luxottica.

CASUAL

PERO NO Itens básicos do guardaroupa feminino ganham releitura fashion com os acessórios certos e boa dose de humor.

MUCHO! Por Tavinho Costa | Edição de moda Mário Araujo e Marília Levy | Styling Betina Bernauer e Cinthia Kiste

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EVENTOS

Jaqueta de sarja estampada Cavalera

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Blazer de moletom Hering; camiseta de renda INNI; calça de poliÊster Toli; cinto de palha e couro DTA; sapatilha de verniz Carrano; bolsa de bambu acervo da stylist com lenço de seda Dudalina.

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Vestido de poliéster C&A; cardigã de tricô Shop 126; cinto de palha e couro DTA.

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Camiseta de algodão Oma Tees; saia de poliéster Maria Garcia; bolsa de couro e palha Serpui Marie; oxford de verniz Carrano; óculos de acetato Tom Ford para Marcolin.

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Blusa de tricô Filli dell’ Arte; calça de linho Flávia Aranha; scarpin de couro Cavage.

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Trench-coat jeans Maria Garcia; shorts de laise DTA; rel贸gio de borracha Swatch.

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Camiseta de algodão Hering; bermuda de poliéster Toli; cinto de palha e couro DTA; espadrille de lona Arezzo; chapéu de palha Líquido.

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Camisa jeans tecido new cliff Vicunha; saia de linho Flรกvia Aranha; colar de metal e cristais Gabriela Pires; espadrille de lona Arezzo; lenรงo de seda Dudalina.

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Camisa de tricoline Dudalina; calça de sarja Mob para Vicunha; cinto de palha e couro DTA; óculos de acetato Ray Ban para Luxottica.

REALIZAÇÃO Fotografia: Tavinho Costa Concepção e Edição de Moda: Mário Araujo e Marília Levy Styling e Produção de Moda: Betina Bernauer e Cinthia Kiste Beleza: Leila Turgante @ Capa MGT Modelo: Marina Albino @ Way Model Locação: Estúdio Bertram

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Verão 13/14

Cores intensas behype.com.br

Com a tecnologia Fix, da Capricórnio Têxtil, é possível manter as cores intensas e duráveis que são hit entre as tendências do Verão 13/14. Os tecidos Fix podem ser encontrados em: • Ampla gama de pesos (dos mais leves aos pesados); • Composições de 100% algodão aos elastizados; • Diferentes construções; • Tonalidades especiais e profundas; • Larguras até 1,74m. Para as coleções mais versáteis em cores originais.

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– – TEMA DA EDIÇÃO – –

Gigantes globais focam no Brasil para a expansão de seus negócios colocando em risco as grandes marcas nacionais Por Lívia Andrade | Ilustrações: Mariana Eller

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O cenário econômico mundial está nublado. Embora com sinais de melhora, os EUA e a União Europeia continuam com o pé no freio. Os países emergentes, como Brasil e China, onde o consumo está em ascensão, passam a ser o foco das grandes empresas globais. E quando o assunto é roupa, o Brasil é o principal destino dessas gigantes varejistas, segundo uma pesquisa realizada pela consultoria internacional A.T. Kearney. Prova disso foi a aterrissagem no ano passado da inglesa Topshop, que abriu sua primeira loja no badalado shopping JK Iguatemi, em São Paulo, e este ano deve abrir mais três pontos de vendas: dois na capital paulista e um em Ribeirão Preto, interior do estado. Para 2013, a grande promessa é a chegada da americana GAP. Hoje a atuação da empresa se restringe a cinco lojas em canais do Duty Free do Rio de Janeiro e de São Paulo. “Mas a entrada no Brasil não é fácil. É uma equação difícil de fechar”, explica Amnon Armoni, coordenador dos cursos de pós-graduação em moda da FAAP. A primeira dificuldade é conseguir a habilitação para utilização do Sistema Integrado de Comércio Exterior (Siscomex). O documento costuma demorar a sair, o que dificulta a entrada dessas empresas que, inicialmente, importam 100% de seus produtos. “O país tem uma tarifa de restrição à importação que faz um produto que lá fora custa x, chegar aqui por 2x”, acrescenta Armoni. Essa realidade faz com que lojas – lá fora voltadas para o consumo da massa – cheguem aqui com um status de marca premium. Leva tempo para essas companhias alcançarem um conhecimento do mercado a ponto de saber o que é vantajoso importar e o que se deve produzir aqui. Essa é a grande vantagem das empresas nacionais de fast fashion – como Riachuelo, Hering, Marisa e Renner – e também daquelas que estão aqui há um bom tempo, como a holandesa C&A e a espanhola Zara: elas já conhecem o quebra-cabeça.

Loja da

H&M em

Kuala Lum pur, Malá sia.

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Compreender o Brasil não é tarefa simples. A moda aqui é influenciada pelas novelas e a maneira de se vestir do brasileiro tem muitas peculiaridades. “A brasileira valoriza a sensualidade, então prefere calças que valorizem as formas arredondadas”, explica Armoni. Além disso, desenvolver fornecedores e dominar a logística de distribuição é algo que demanda tempo. Não por acaso, as empresas internacionais ficam anos estudando o Brasil, antes de aterrissar. Um bom exemplo é a sueca H&M, maior rede de fast fashion do mundo. Há cinco anos a empresa vem tateando o mercado brasileiro, vendo quem dá as cartas neste espaço. Com essas informações em mãos, no ano passado, a H&M deu sua primeira grande tacada, tirando da concorrência Flávio Amadeu, executivo que era a peça-chave nas operações da Riachuelo. E o apetite da sueca não para por aí. Nos bastidores, comenta-se que ela está rondando colaboradores estratégicos da Renner e da C&A porque seus planos são ousados: quando chegar ao Brasil, a H&M quer abrir 30 lojas de uma só vez. Outra que já anunciou o interesse de vir para cá, mas ainda não bateu o martelo, é a japonesa Uniqlo. Mas tudo indica que ela seguirá os passos da Topshop: chegar aos poucos para se situar no mercado antes de expandir o número de lojas.


O QUE MUDA NO BRASIL

Foto: dilvulgação H&M

Não há dúvidas que a chegada de grandes empresas internacionais de fast fashion afeta o mercado local. O lado positivo é o estimulo a uma concorrência saudável que impulsiona o desenvolvimento da indústria nacional. Estas grandes marcas têm um padrão de qualidade internacional, que passa a ser exigido de seus fornecedores brasileiros. Desde que começaram a chegar ao Brasil, estas empresas fomentaram um rearranjo do setor têxtil. “Pequenos produtores se tornaram fornecedores, houve uma descentralização dos polos de produção e um grande investimento em gestão da distribuição, porque a velocidade é a marca do fast fashion”, explica Maria Carolina Garcia, professora do curso Negócios da Moda, da Universidade Anhembi Morumbi. O lado negativo tem a ver com o custo Brasil, que tira a competitividade de produtos nacionais x concorrentes asiáticos. Dados da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) apontam que, em uma década, as importações de vestuário aumentaram 27 vezes, contribuindo para o oitavo ano consecutivo de déficit da balança comercial do setor. Neste contexto, a diretoria da Abit vem trabalhando numa proposta de regime tributário competitivo para confecção (RTCC), que deve ser apresentada ao governo até o fim do semestre. O objetivo é baixar a tarifa – que hoje representa 18% da receita bruta – para entre 5% e 10 % conforme o porte da empresa. O argumento da entidade é que a redução acarretaria num crescimento de 69% da produção física do setor até 2015 e na criação de 300 mil postos de trabalho, o que compensaria a menor incidência de tributos. A entidade também protocolou em 2012 uma salvaguarda que abrange 60 produtos de confecção que representam 82% das importações vindas da China. O governo pediu atualização dos dados e deve concluir o processo em alguns meses. Por ora, as boas notícias são a desoneração da folha de pagamento, redução do custo de energia e da taxa de juros e o fim da guerra dos portos. 19


W W W. C A N AT I B A . C O M . B R

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OBSTINAÇÃO. A BUSCA INCANSÁVEL DA CANATIBA PELO DENIM PERFEITO, A CONSTRUÇÃO DO DENIM PRECIOSO, AUTÊNTICO, INOVADOR. PRESERVANDO OS RECURSOS NATURAIS, COM RESPONSABILIDADE SOCIAL. TRABALHADO EXAUSTIVAMENTE COM A DEDICAÇAO DO ARTESÃO, LAPIDADO DIA A DIA. A CANATIBA É MOVIDA POR ESTA PAIXÃO, DE QUEM GARIMPA COM OBSTINAÇÃO, NA BUSCA DA CONSTRUÇÃO PERFEITA, DO TINGIMENTO ORIGINAL, DO ACABAMENTO QUE LAPIDA, QUE TRANSFORMA O BRUTO EM PRECIOSO: O DENIM NA MAIS PRECIOSA JOIA.

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– – QUEM SOMOS – –

COLABORADORES DA #723 Ana Clara Garmendia Jornalista de formação e autodidata em fotografia, Ana é uma das pioneiras na arte do street-style (fotografia de moda de rua). Tudo começou em 1999, mas alcançou notoriedade em 1996 quando montou o blog Moda Paris (www. anaclara.com.br), mesmo período em que começou uma interminável ponte aérea entre Brasil e França. As ruas do mundo são os múltiplos estúdios dessa profissional que encanta com a sofisticação e a pureza de seus cliques. ––– O que é necessário para se parecer natural em uma foto? “Estar verdadeiramente bem dentro de sua pele, como a gente fala aqui na França. Quem se veste com autoridade sempre relaxa mais na hora do encontro com uma câmera.” *Crédito da foto: PH Almeida/ Voilà Press

Betina Bernauer e Cinthia Kiste A dupla de stylist se conheceu há 20 anos na faculdade e desde então atua no mercado editorial de moda colaborando com as mais diversas publicações, sempre trazendo um ar novo e fresh para as suas produções. ––– O que fazer para um look básico não ficar boring? “Aposte em algum acessório com toque de humor e seja feliz!”

Fernando Tucunduva Apaixonado por design, Fernando se interessa por todo o universo ao redor do tema. Das simples embalagens, que de nada simples têm, às construções ultracomplexas. Formou-se em Design de Produto, fez pós em Design Gráfico, Fotografia Artística, Produção de Fotografia de Moda e por aí vai... Também já trabalhou no exterior como designer. E é colaborador de um site de tendências. ––– Um design casual precisa ter? “Objetos inusitados e com bom humor!!!”

Leila Turgante @ Capa MGT A maquiadora que tem porte de modelo,

em casa. Tenho sempre um pedaço de abóbora no freezer pra quando uma noite mais fresquinha pede uma comida quentinha e cremosa.”

começou a carreira por influência dos amigos, que achavam que tinha talento ali. Das salas de aula do Senac, virou freelancer e pouco tempo depois já integrava a equipe do top maquiador Daniel Hernandes. Atualmente, na Capa MGT, Leila assina diversos makes para as mais badaladas revistas nacionais, além de campanhas e fotos de moda. ––– Como fazer um make natural incrível sem perder a mão? “Uma pele suave, um bom marronzinho nos olhos, máscara de cílios para abrir o olhar e um blush bem suave nas maçãs do rosto são o suficiente para deixar uma mulher bonita.”

Marina Albino @ Way Model Há dois anos como modelo, a new face que tem comportamento de top na frente das câmeras, já trabalhou como recepcionista de hospital, mas sempre pensou em ser modelo, pois a genética lhe deu a beleza necessária, além do biótipo perfeito (alta e magra). Com pouco tempo de estrada, já participou de algumas edições da SPFW, fotografou campanhas para a Pakalolo e carimbou o passaporte em algumas capitais da moda, como Milão, Hamburgo e Barcelona. Olho vivo nela! ––– Um programa básico para se fazer com a amigas? “Me divertir em casa com minha guitarra.”

Lívia Andrade Formada pela Unesp, possui vasta experiência em economia, agricultura e sustentabilidade. Durante quase seis anos, fez parte da redação da revista Dinheiro Rural, percorrendo o Brasil e alguns outros países para contar a história dos alimentos do campo à mesa. Nessas incursões, conheceu o artesanato local, renovou seus acessórios e absorveu o melhor da moda e cultura regional. ––– O que é um dia de trabalho trivial... “Depois de um bom café, exercícios e banho, eu me arrumo. Sim, home office não é desculpa para ficar de qualquer jeito. Na sequência, pego meu chá verde e vou para o computador. Cada matéria é uma imersão. Mergulho fundo no assunto para montar o esqueleto da reportagem que será preenchido com muita apuração.”

Marília Levy Jornalista paulistana, Marília Levy prefere ser essa metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo. Aquariana de alma boêmia, não vive sem música, adora uma festa e ama ter um milhão de amigos, como diz o Rei. Viajante insaciável, acredita que há muito mundo para se ver e que há entre o céu e a terra muito mais do que julga nossa vã filosofia, por isso se interessa por espiritualidade, esoterismo e misticismos mil. Vê a moda como poderosa ferramenta de expressão da individualidade. ––– Uma viagem casual? “Londres. Cidade mágica e vibrante onde o moderno encontra o über tradicional, o clássico encontra o contemporâneo, onde não faltam referências de artes plásticas, literatura, cinema, moda, lifestyle, música… Tudo é lúdico e charmoso e ao mesmo tempo muito funcional, mais casual impossível!”

*Crédito da foto: Estúdio Teca

Mariana Eller As primeiras palavras pronunciadas foram “amarelo” e “azul” e isso deixou seu papai e sua mamãe desconfiados que aquela criança viraria artista no futuro. Não estavam errados. Formada em Desenho Industrial, trabalha como designer gráfica e ilustradora há quase dez anos. E encanta com imagens! ––– Um prato prático e aconchegante? “Sopa de abóbora japonesa feita

Mário Araujo Jornalista curioso metido a escritor. Nasceu na estrada e fez dela sua morada. Com o tempo aprendeu que o interior

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pode ser mais interessante do que parece e que as grandes cidades podem assustar. Perdeu preconceitos. Descobriu novos olhares. Aprendeu que a moda pode divertir e que a vida é muito menos complicada do que parece ser. ––– Um sonho casual? “Poder tomar café e ler o jornal em uma mesinha de calçada em qualquer parte do mundo só observando as pessoas locais e seus comportamentos.”

Tavinho Costa Um dos bons nomes da nova safra de fotógrafos de moda nacional, possui a arte de deixar todo mundo à vontade no estúdio, fazendo o trabalho render e ganhar vida. Da escola Jacques Dequeker, com quem trabalhou por quatro anos como assistente, traz para a foto vida e influência dos grandes mestres, como Helmut Newton, Gregory Crewdson, Nick Knight, Michel Gondry, William Gibson, Phillip K Dick, Sølve Sundsbø, entre outros. Multidisciplinar, tanto na pesquisa de pré-produção quanto na escolha de formato, técnica e meio, sempre dá ênfase à narrativa. ––– O que é uma imagem casual? “É o que não é estranho aos olhos, conforto visual.”

Vivi Haydu De modelo de passarela a presidente de tecelagem, Vivi Haydu é um dos grandes nomes da moda nacional. Diretora de Redação da TEXTIL MODA, não deixa a peteca cair e pensa constantemente em como trazer pioneirismo para a cena fashion nacional, mesmo depois de mais de 50 anos de carreira. Elegante e querida, continua propagando a moda nacional pelo mundo, seja por sua presença em importantes eventos do segmento ao redor do globo ou nas páginas das publicações da R. da Silva Haydu & Cia. Ltda., que possui mais de 82 anos de história. ––– O que é um jantar casual? “É aquele que acontece sem estar programado.”



– ––CARTA – TEMADOS DA EDIÇÃO EDITORES – –– –

“FASHION IS ALL ABOUT THE FIRST LOOK”. A frase publicada no Twitter de Nina Garcia, editora da Marie Claire americana, algumas semanas atrás, é o resumo deste projeto e diz muito sobre o mundo da moda e os rumos que ele toma a partir da primeira imagem apresentada. Há um ano e meio, estávamos conversando nas escadarias do pavilhão de exposições na Colombiamoda, em Medellín, Colômbia, quando avistamos uma mulher com um estilo que chamava a atenção. Alta e esguia, cabelos curtos e prateados, usava um vestido de seda longo plissado e sneakers nos pés. Um look um tanto moderno e minimalista para a ocasião, mas que ela ‘segurava’ com uma confiança ímpar. Minutos depois soubemos que era Vivi Haydu, que já nos falava sobre o seu Issey Miyake combinado com os Adidas e de suas temporadas em Paris, além das aventuras no mundo da moda, primeiro como modelo, depois como produtora de eventos e executiva. Um sem número de histórias reais que andam juntas com a própria cronologia da moda brasileira, tantas conquistas e reflexões que não caberiam nas páginas dessa revista. De Medellín aos cafés em Higienópolis, São Paulo, surgiu a ideia de se fazer a TEXTIL, apelidada carinhosamente de TEXTIL MODA. Evolução do Caderno Moda e Tecnologia, publicado já há cinco anos na tradicionalíssima Revista Têxtil, falará sobre a cena fashion para um público seleto e gabaritado, resumindo de forma nova e original o que está acontecendo no Brasil e no mundo. Para isso, buscamos profissionais multidisciplinares, que dialogam em diversas plataformas de comunicação e arte, para fazer um produto que agregue informação de moda e contribua para a formação e inspiração dos profissionais da área. Com esse entusiasmo, apresentamos a nova publicação, que já nasce com cinco anos de estrada, mas com visual completamente novo e time reformulado. Espero que gostem do nosso novo look e conteúdo e que tenham uma ótima primeira impressão. Boa leitura!

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Mário Araujo & Mariana Eller

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Editorial – CASUAL Capa – Na mira do fast fashion Quem somos Carta dos editores Entrevista – Sônia Hess Materiais – Estampas Design – Marcelo Rosenbaum Inspiração – Louis Vuitton Profile – Hortensia de Hutten Cartela de cores – Pontos de cor EVENTOS SPFW Fashion Rio Minas Trend Preview Casa de Criadores Curtas Ponto de venda – Loja Isabel Marrant Cultura – Museu Hering Moda de rua Música – Lily Allen Gastronomia – Hambúrguer Quadros de inspiração



Diariamente são produzidas 5.500 camisas femininas nas fábricas da Dudalina. Hoje, a produção representa aproximadamente 30% do negócio do grupo.

Fo tos : di vul gaç ão.

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– – ENTREVISTA – –

SÔNIA REGINA HESS DE SOUZA

Por Mário Araujo

Presidente da Dudalina desde 2003, quando o irmão Armando foi convidado para assumir um cargo no governo de Santa Catarina e o Conselho Administrativo da companhia a convidou para assumir o posto, a sexta filha de seu Duda e dona Adelina, fundadores da empresa batizada com a junção de seus nomes, revolucionou os negócios da família e fez seu faturamento crescer exponencialmente chegando a 415 milhões de reais em 2013. Diversificação e gestão humana são o segredo desse crescimento, que deve continuar firme e forte nos próximos anos, rumo a meta de 1 bilhão de reais em 2016, ou antes, se continuar na mesma toada dos últimos anos. Confira, a seguir, o bate-papo da TEXTIL com a executiva:

O INÍCIO “Eu nasci Dudalina. Nasci dois anos antes da empresa começar como camisaria. Meus pais já tinham uma loja de secos e molhados, uma venda, como se chamava no interior, e trabalhei na Dudalina uma vida inteira.”

VOO SOLO “Em 1974, um dos meus irmãos que era diretor da empresa foi à Barcelona, na Espanha, comprar uma tecnologia de confecção. Dois funcionários precisariam ser treinados para utilizá-la. Eu fui uma das selecionadas. Voltei e a implantei. Em 1977, essa empresa espanhola tinha vendido a tecnologia para outras fábricas aqui no Brasil e me convidou para trabalhar com eles, pois estavam com problemas de técnicos. Eu tinha na época 21 anos e muita vontade de ser independente. Aceitei.”

APRENDIZADO “Fui para Montes Claros, em Minas Gerais, implantar a tecnologia em uma fábrica de roupas profissionais. Fiquei um ano treinan27


do. Eu era chefe de treinamento, cuidava de todas as instrutoras da fábrica. Era uma empresa muito grande, fazia roupa para o exercito nacional, fazia roupa profissional. Aí resolvi que queria mudar para Belo Horizonte, que queria ter meu próprio negócio...”

BELO HORIZONTE “Me desliguei da empresa espanhola. Em Belo Horizonte acabei trabalhando por um tempo para a fábrica de Montes Claros, mas já na área comercial, de produtos, fazendo a ligação da fábrica com o mercado. Aí resolvi que teria meu próprio negócio. Quando abri, vendi dois dias depois. Havia montado uma empresa chamada Red Point. Desenvolvi tudo, do layout ao administrativo. Foi um grande sucesso durante muito tempo.”

DUDALINA “Voltei, fiz todo o mercado, na época eram os grandes magazines, como a Sears, o Mappin, a Mesbla no Rio... Interessante como o mundo muda, estou falando nomes que já não existem mais... A C&A foi um grande cliente nosso. Então eu fiz todo esse mercado dos private labels. Depois eu fui para a área de Produto, de Marketing...”

PRESIDÊNCIA “No final de 2002 o Armando, meu irmão que era presidente da empresa na época, aceitou um cargo no governo que estava tomando posse e decidiu sair da empresa, me indicando ao Conselho. A Dudalina é uma empresa que tem uma Governança muito bem estruturada. Então o Conselho Administrativo, depois de refletir sobre o assunto, me convidou para a presidência da Dudalina.”

SÃO PAULO

CAMISA FEMININA

“No final de 1983 resolvi mudar para São Paulo. Não sabia se ia procurar um emprego ou abrir um negócio na cidade... Quando meus irmãos souberam, me chamaram para voltar para a Dudalina e montar a área comercial da empresa na capital paulista, que na época era um dos mercados mais difíceis do país. Vim para cá no final de 1983 e estou aqui até hoje. Já vai fazer 30 anos.”

“A empresa teve um crescimento contínuo, mas não tão forte até 2010. Aí eu decidi fazer algumas mudanças estruturais. Resolvi fazer um teste de mercado com a camisa feminina e com o varejo. Montamos uma loja no Market Plaza, em Campos do Jordão, São Paulo, e foi um sucesso. O novo produto foi bem recebido, assim como a nossa loja própria. Esses fatores impulsionaram o crescimento da Dudalina.”

da Interior da loja conceito Dudalina em São Paulo.

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VAREJO “Abrimos a primeira loja em São Paulo na Rua Tomás Carvalhal, no Paraíso, com a proposta de ser uma loja conceito. Chamada de Dudalina 595, venderia as três marcas do grupo: Dudalina, Individual e Base. Antes disso só tínhamos algumas lojas próprias em aeroportos. Hoje são 69 lojas, 42 próprias e 27 franquias. No final de 2013 pretendemos chegar a 89. Então, devemos abrir mais 20 novas lojas esse ano.”

EMPRESA “Hoje a Dudalina emprega 2 mil pessoas em seis fábricas e 350 no varejo. Devemos abrir uma nova fábrica ainda esse ano em Presidente Getúlio, em Santa Catarina. Toda a minha gestão é focada em pessoas. Quando você se preocupa com os funcionários isso reflete no que eles fazem. Investimos muito em formação, treinamentos, capacitação, bem-estar...”

INTERNACIONALIZAÇÃO “No ano passado, a Dudalina abriu sua primeira loja e seu primeiro showroom no exterior. A empresa está com um corner na multimarcas AD 56, em Milão, na Itália, que também a representa no atacado. Atualmente, o showroom está mostrando seus produtos no Japão. Também está em estudo a abertura de lojas em duas outras capitais: Moscou, na Rússia, e Viena, na Áustria.”

REFLEXÃO “Sempre digo aos meus funcionários para sonharem, mas para sonharem o sonho pronto. Se sonham com a casa, que imaginem como ela vai ser, quantos quartos vai ter, que cor serão as paredes, como serão os móveis da sala, que cheiro terá o ar... Viver o que eles estão buscando. Só assim os sonhos se realizam.”

DUDALINA Criada em 1953 por Dona Adelina para dar vazão à grande quantidade de tecidos que havia no estoque do armazém de secos e molhados, do qual ela e seu Duda eram proprietários em Luis Alves, em Santa Catarina, a Dudalina, como foi chamada desde o início, cresceu, se tornando a principal empresa fabricante de camisas da América Latina. Sinônimo de qualidade, a companhia, com seis fábricas espalhadas pelo sul do país, produz, diariamente, 9.500 camisas, que são vendidas nas 69 lojas próprias das marcas e nos mais de 3 mil pontos de vendas no Brasil e no mundo. Sob o comando de Sônia Hess, a empresa diversificou seus negócios, indo para a camisaria feminina e para o varejo, e fechou 2012 com faturamento de R$ 415 milhões. Um grande salto comparado a 2011, R$ 265 milhões, e a 2010, R$ 170 milhões. Gestão de pessoas e investimento em tecnologia são os grandes diferenciais da Dudalina, que emprega em suas fábricas cerca de 2 mil pessoas, além das 350 que estão alocadas no varejo. Além da etiqueta Dudalina, a empresa possui outras duas marcas, a Individual e a Base.

Para saber mais, acesse o site: www.dudalina.com.br

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– – MATERIAIS – –

Contrariando as previsões, as prints invadem as coleções de inverno 2013. De floral a geométricos, há de tudo um pouco... Por Mário Araujo | Fotos: Agência Fotosite/Divulgação

Coca-Cola Clothing

Ronaldo Fraga

Colcci

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Alexandre Herchcovitch


Ellus

Andrea Marques

Victor Dzenk

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– – DESIGN – –

Dalva e Dito

Cadeira de Pau Caruaru

DESIGNER Por Mário Araujo | Fotos: Divulgação Linha Pratos Oxford

Muitos já ouviram falar do nome de Marcelo Rosenbaum graças a sua participação no quadro “Lar Doce Lar” do Caldeirão do Huck, da Rede Globo, no qual o arquiteto comanda um verdadeiro exército para reformar a casa do participante em um curto espaço de tempo. O que poucos sabem é que além do programa, ele desenvolve uma série de outras atividades, que vai da criação de espaços e desenho de peças e objetos de design ao terceiro setor. Formado pela Faculdade de Bela Artes de São Paulo, Rosenbaum abriu seu escritório em 1990. Daí em diante não parou mais. Uma de suas grandes marcas é a relação com o Brasil e com o casual. Hoje, figura entre os profissionais queridinhos do grande público e cada vez mais conquista novos fãs. A seguir, cinco vezes Rosenbaum: 32

De restaurantes badalados à reforma de casas em programa de TV, Marcelo Rosenbaum brilha com a versatilidade dos profissionais de uma nova geração na qual o céu é o limite

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“A GENTE TRANSFORMA” Um mutirão de arquitetos, urbanistas e estudantes que busca encontrar soluções para comunidades que necessitam de ajuda, seja com a reforma de áreas, criação de cooperativas ou construção de novos prédios comunitários. Nascida em 2010, a ação vem ganhando forma e já conquistou até a cena fashion nacional com os objetos criados pela cooperativa de artesanatos de Várzea Queimada, no sertão do Piauí, na decoração da SPFW em fotos de Fábio Bartelt.


Projeto da Loja Plastik

Tok Stok - Mesa Labirinto

DE TUDO Luminária Caruaru

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DALVA E DITO

Um dos restaurantes do renomado chef Alex Atala em São Paulo evoca um Brasil tradicional e colonial, dando uma sensação de aconchego e de casa, mas sem perder o requinte que as criações de Atala merecem.

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VAREJO Colaborador assíduo de redes de móveis, como a Tok Stok e a Mannes, já criou diversas linhas de objetos, que vão de sofás a peças menores, como mesas de centro e de canto e cadeiras. Suas criações são sempre sucesso garantido!

DECORAÇÃO O universo de suas criações não se prende a espaços comerciais e móveis. Há também uma grande parte voltada para a decoração, como a criação de papéis de parede para a Bobinex, de porcelanas para a Oxford , toalhas para a Cipatex e cama, mesa e banho para a Pernanbucanas.

LINHA CARUARU

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Regaste da cultura brasileira, a linha de móveis Caruaru desenhada por Rosenbaum presta uma homenagem ao Brasil. Os mobiliários resgatam os fundamentos construtivos e de exposição de produtos na feira de Caruaru, em Pernambuco. 33

Sofás Mannes


– – INSPIRAÇÃO – –

Marc Jacobs e mais uma macrotendência lançada pela Louis Vuitton

Por Mário Araújo | Fotos: Louis Vuitton/Divulgação

Nos próximos meses, uma invasão xadrez tomará conta das revistas, campanhas, looks das celebridades e, por fim, das roupas das pessoas em geral. As ruas serão dominadas por uma gigante onda quadriculada. Assim como aconteceu com as candy colors projetadas pela marca para o verão 2012, o xadrez vibrante, do clássico preto e branco ao amarelo elétrico, com pegada sessentinha, do verão 2013, será o grande hit da estação. Alguém duvida? Responsável por essa e por outras travessuras fashions, Marc Jacobs, que assina a direção criativa da marca há 15 anos, devidamente comemorados com uma exposição em Paris no final do ano passado, pode ser considerado o responsável por colocar a Louis Vuitton no mapa das marcas lançadoras de tendências e nas principais wish lists dos consumidores de moda, transformando-a em uma verdadeira referência, tanto de moda, como de negócio.

Capa da Numéro francesa de fevereiro e da Vogue Japão de março com peças da coleção de verão 2013 da marca.

Isso se deve ao fato de ele trabalhar para a modernização da marca e não apenas criar roupas e acessórios com grande apelo comercial, como destaca Pamela Golbin, curadora da mostra “Louis Vuitton/ Marc Jacobs”, ao site Style.com. “A exposição retrata mais a visão que ele criou para a marca do que qualquer outra coisa. E essa visão é bastante abrangente. Não é apenas sobre desenhar roupas. Claro que roupas e acessórios são importantes, mas o pacote completo é que faz toda a diferença, como o trabalho de marketing, as campanhas inovadoras, o desenvolvimento de parceria com artistas, o diálogo da moda com a cultura e assim por diante...” 34


rafada 2013 fotog a de verão Campanh n Meisel. por Steve

Quando assumiu a direção criativa da centenária maison francesa, seu desafio era modernizar a casa sem perder a tradição. Um dos primeiros grandes projetos, que depois se tornaria muito comum nesse nicho, foi convidar artistas como Stephen Sprouse, Takashi Murakami e Richard Prince para fazer intervenções nos clássicos produtos Louis Vuitton. Ousado, conquistou fãs e desenvolveu um novo segmento bastante lucrativo no mundo da moda, o das parcerias culturais. Hoje, praticamente todas as marcas possuem algum projeto com artistas. Por outro lado, nunca deixou para trás os quase 200 anos de história da casa. Para criar suas coleções, uma pesquisa detalhada sempre é realizada nos arquivos históricos e seus projetos surgem a partir de algo existente, mas com uma visão nova e moderna, com sua assinatura. Talvez essa atitude seja o grande segredo para manter um tratado de moda como a Louis Vuitton, que é atual e contemporâneo e super lucrativo. Afinal, nos dias de hoje, não adianta nada possuir estilistas criativos se a saúde financeira da marca não está bem. Marc Jacobs é o combo completo. Atrai mídia, cria com genialidade, mantém e renova a marca, torna-a referência e fonte de inspiração para toda uma indústria e vende. O funcionário perfeito, não? 35

Verão 2013 da Louis Vuitton apresentado em Paris.

Bolsa da coleção desenvolvida em parceria com o artista Stephen Sprouse.


– – PROFILE – –

A DAMA DOS CABELOS DE PRATA E IDEIAS DE OURO Hortensia de Hutten, mecenas de novos criadores da moda francesa Por Marília Levy | Foto Divulgação

Em janeiro deste ano trabalhadores e profissionais da moda em Paris estavam de luto. Falecia Hortensia de Hutten, empreendedora e incentivadora de novos talentos da cena fashion do país. Nascida na Bolívia em 1944, desde muito jovem Hortensia se tornou globe trotter e cidadã do mundo ao cruzar o planeta na companhia de seu marido, jornalista da agência internacional de notícias AFP. Moraram em Buenos Aires, Washington, Hong Kong e finalmente se instalaram em Paris em meados da década de 1970. Na capital francesa, Hortensia começou uma carreira como designer na Promostyl, um escritório de pesquisa de tendências como o WGSN, em atividade até hoje na cidade. Neste período trabalhou para marcas como Camper e Chloé e se familiarizou com os mecanismos do mercado do vestuário. Se Apaixonou pela moda, seus criadores e seus mistérios. Às vésperas de seu quinquagésimo aniversário, no início da década de 1990, decidiu embarcar em uma nova e ousada empreitada profissional, que mudaria para sempre sua vida. Um escritório de assessoria de imprensa para novos talentos da moda e um espaço de showroom para exibir as criações. Nascia então a Workshop, um escritório na Bastilha que alavancou as carreiras de designers como Marc Le Bihan, Daniel Jasiak, Nicola Edeler, Jean-Denis Franoux, Dominique Desanti, Christian Tournafol e Sabrina Nadal. Hortensia amava cores, estampas e estilos que fugissem do lugar comum. A principal característica de sua elegância atípica, de estilo e personalidade únicos, era seu longo cabelo branco, que mantinha com cuidado, o que lhe rendeu o carinhoso apelido de La dame a chevelure d’argent: a dama com cabelos de prata. Também ficou conhecida por sua paixão feroz pela moda e extrema generosidade com os que tinham talento verdadeiro, valores que lhe renderam respeito e admiração genuínos dentre os profissionais do meio. Quando acreditava em um novo designer, o 36

adotava e o promovia até mesmo de graça, pelo amor que tinha em ver um novo talento emergir, ser reconhecido e absorvido pelo mercado, em um verdadeiro envolvimento de paixão com a moda. A aventura com a Workshop acabou em 2002, mas Hortensia não parou e criou outro bureau, desta vez com um formato menor e mais intimista, que ganhou o nome de Le Showroom, na missão de fazer com que jovens talentos conquistassem seu lugar ao sol na selva da moda. Mas em meados de 2010 a crise econômica que atingiu o continente europeu já mostrava seus efeitos e Hutten fechou as portas. “Eu sempre fiz o meu trabalho com paixão. Para mim, é acima de tudo um investimento humano, não apenas financeiro. Foi essa paixão que me permitiu desenvolver todos esses projetos”, declarou na época. Durante o trabalho com o Le Showroom ela adicionou marcas e coleções de moda para crianças, o que a levou para a criação da feira Playtime, dedicada exclusivamente ao mercado de moda infantil. Seus filhos Marie Czapska e Sébastien de Hutten foram parceiros da iniciativa que alcançou sucesso além da Europa. Existente e operante desde 2007, o evento cresceu a ponto de incluir edições extras em Tóquio e Nova York, sendo hoje a maior feira dedicada ao universo infantil. Uma prova de que Hortensia de Hutten respirava moda e tudo o que tocava virava ouro.


EDIÇÃO MÁRIO ARAUJO CONCEPÇÃO E REALIZAÇÃO FERNANDO TUCUNDUVA

PONTOS COR DE

Aquecendo os neutros (branco, preto e cinza), predominantes nas passarelas nacionais para o inverno 2013, as cores fortes, como o vermelho, verde, laranja e azul escuro, despontam na cartela de cor para a próxima estação como coadjuvantes de peso. Aqui, as new faces que marcaram presença no São Paulo Fashion Week representando as principais marcas nacionais se transformam nas cores da temporada. 3737

FOTOS: FOTOSITE/DIVULGAÇÃO

– – CARTELA DE CORES – –


EVENTOS

#CINZA 38


#AZUL ESCURO

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#PRETO

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#LARANJA

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#VERDE 42


#VERMELHO

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0 02 1. . M Ba t 0 á o 04 3. De sc m U E . L sm fin ara p e t M ápi alt -A- par he 05 oi s e La a am B l 06 . I s a a m s c t . M Som lm, uri bia pa h, ílios p, M z l s 07 d á b Cl in C s Ma .A . H e sca ra ini g L hu ion yb .C qu i b e e V P 08 r i l b p d, lin y 09 . SP dra erã a p igm e Co S M e . E Per F 1 tan o, N ara en lo tic .A ur k .C 10 H sm fum 5, B te at cíl t V i . D e a e en La ur os an l a l e b t i e Ey elin na es DO fit ial Un Ex lla, Li a pre M el ea M Do T, p in d ist m M ss .A.C er o u Ba a õe , M r L rin e rc l m S s ay ine ha on Ja c be re s L h o llin xp im o, M bs e res ita a s da ria Li s qu id

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cada temporada, uma cartela nova de misturinhas. divirta-se com todas elas antes que acabem. misturinhas da coleção Alto Verão 2013. conheça mais a história da Maria Helena em mariahelenamisturinhas.com.br

cores com história


– – EVENTOS – –

SPFW INVERNO 2013 Com menos desfiles e ostentação a semana de moda paulistana trouxe um novo frescor à moda brasileira

A 34aª edição da São Paulo Fashion Week, a primeira desde a sua criação que aconteceu fora do prédio da Bienal, no Parque Ibirapuera, marcou a mudança do calendário fashion nacional e, talvez, de postura da moda brasileira. Com menos marcas na passarela e um espaço reduzido, a moda pode ser vista e discutida, bem diferente do que vinha acontecendo nas últimas edições, com um verdadeiro “apartheid” fashion, causado pelos reclusores lounges, os quais apenas os privilegiados tinham acesso. VEJA, A SEGUIR, AS PRINCIPAIS TENDÊNCIAS QUE DESPONTARAM PARA O INVERNO 2013:

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Cartela de cores Os tradicionais pretos e brancos (com uma pegada de off-white) estiveram firmes e fortes marcando presença nas passarelas, acompanhados por vermelho e suas variações, tons de verde, de cinza, de marrons e azuis escuros. Silhueta Nada de muito novo nesse departamento. Tirando o desfile de Alexandre Herchcovitch que brincou com as formas, o que se viu foi uma repetição de modelagens certeiras, como a dos terninhos ajustados do verão, dos uniformes militares etc.

Mais simples e objetiva, com uma decoração menos afetada, as tendas armadas no Parque Villa Lobos cumpriram a sua função de abrigar uma semana de moda e não ser seu centro de atenção, como aconteceu várias vezes com as produções da Bienal. Nas passarelas, destaque para as grifes comerciais que, definitivamente, entenderam que podem fazer uma moda street, que está em seu DNA, com uma pegada fashion, sem precisar inventar roupas sem pé nem cabeça, que nunca sairão das passarelas para ganhar as ruas.

Brilhos e transparências Presentes já há algumas coleções, as transparências e bordados continuam fazendo sucesso na moda brasileira. Muitos estilistas utilizaram esse artifício, que parece não sair de moda tão cedo. Estamparia Característica da moda brasileira, a estamparia marcou presença forte nos desfiles de inverno, estação da qual normalmente ela fica um pouco de fora. De folhagens a arabescos, viu-se de tudo um pouco e sempre bem trabalhadas. Merece atenção!

CINCO COLEÇÕES PARA FICAR DE OLHO OSKLEN Em um desfile bastante intimista que abriu o evento, a marca carioca mostrou que não entende apenas de praia e que pode voar longe. Inspirada numa Aspen dos anos 1960 e na gélida Patagônia, levou suas formas simples a um novo patamar. A primeira parte do desfile, formada por peças, em sua maioria, em branco preto e vermelho, se complementou com os jacquards e os bordados dourados. RONALDO FRAGA Com suas coleções que sempre arrancam suspiros da plateia, o mineiro se inspirou na obra do profeta do fim do mundo Paulo Marques de Oliveira para apresentar uma coleção mais palatável e comercial, que deve agradar bastante a sua clientela. Com uma estamparia bem bonita, inspirada nos desenhos do profeta, Ronaldo mostrou conjuntinhos, calças de cintura alta, casaquetos... Tudo com bastante influência cinquentinha.

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Gloria Coelho Vitorino Campos Têca Samuel Cirnansck Ronaldo Fraga Colcci Alexandre Herchcovitch 08. Osklen

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COLCCI Sob a temática militar, a gigante Colcci levou para as passarelas da SPFW uma moda bastante interessante, inspirada em uniformes e brasões, sem ser nem um pouco caricata. A marca mostrou peças desejos, que usam e abusam das linhas retas, das estruturas dos casacos militares e de sua cartela de cores, de terrosos e cáquis. A mistura de materiais merece destaque, assim como a ótima estamparia. GLÓRIA COELHO De uma salada de referências nasceu a coleção da estilista que usou e abusou da criatividade para juntar

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elementos tão antagônicos. A coleção começa com peças inspiradas em uma obra da artista russa-francesa Sonia Delaunay e segue com a brincadeira do masculinofeminino, do Instagram (aplicativo de celular para fotografar e postar em uma rede social própria para imagens), que lhe rendeu as estampas de paisagens (árvores), além da referência urbana. ALEXANDRE HERCHCOVITCH Com uma coleção bastante poética, com roupas que pareciam se desconstruir, o estilista mostrou uma das mais importantes coleções de moda da temporada. Difícil de explicar, as peças parecem um verdadeiro exercício sobre as flores, que surgem na linda estamparia do estilista. Exótica, assim como suas formas, as estampam ganham destaque nessa coleção.

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– – EVENTOS – –

FASHION RIO INVERNO 2013

Como vem acontecendo nas últimas edições, a moda continua em segundo plano no evento carioca Burburinhos tão famosos no mundo da moda ainda tomam proporções gigantescas no Fashion Rio e ofuscam o evento que poderia dar tão certo. Estratégia de marketing ou acidente de percurso? Fato que o que ficou dessa edição do evento foi a confusão causada pela TNG e seus personagens dignos de novela das nove da Rede Globo: virgem leiloada, banda dos anos 1980 relançada e ator famoso fazendo ponta. Será isso moda? Apesar das coleções mostradas no evento terem sido bem fracas, os encontros paralelos que aconteceram durante o Fashion Rio foram importantes, como um dos realizados pela ABIT (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecções) com o consultor brasileiro radicado nos Estados Unidos Antonio Haslauer, que tocou num ponto importante do não sucesso das marcas brasileiras no exterior. Haslauer comentou que as grifes brasileiras apresentam uma gama infinita de produtos, mas não focam num ponto comum e não dão continuidade. Ressaltou que o comprador internacional busca identidade e citou como exemplo o sucesso da moda italiana ao se assumir como sexy tendo Roberto Cavalli como seu maior representante. VEJA, A SEGUIR, AS PRINCIPAIS TENDÊNCIAS QUE DESPONTARAM PARA O INVERNO 2013

TENDÊNCIAS 2013 Cartela de cores As tradicionais cores do inverno: o preto, o branco e o cinza ganham a companhia de tons fortes que prometem aquecer a estação, como os roxos, os laranjas e os verdes. Silhueta A assimetria marcou presença em várias peças, com barras com pontas, decotes irregulares, mangas de comprimentos di-

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ferentes etc. Uma desarmonia harmoniosa boa de ser. Os ombros arredondados também deram as caras na semana de moda carioca, assim como os cropped tops, aqueles tops que deixam a barriga de fora, febre da estação passada. Brilhos e transparências No Rio de Janeiro as tendências continuaram presentes em quase todas as passarelas somadas à renda, que deu o ar da graça por aqui. Essas tendências de temporadas estão permanecendo na moda e parecem que não vão sair tão cedo. 48

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01. Andrea Marques 02. Oh Boy 03. Herchcovitch Alexandre. 04. Nina Kessler 05. 2nd Floor 06. TNG 07. Estúdio 08. Coca-Cola Clothing


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Estamparia Figurativas, espelhadas, abstratas e geométricas, as estampas chamaram bastante atenção no inverno e provaram que são elemento de moda não importando as coleções, das inspiradas em grifes internacionais às tradicionais brasileira, viu-se de um tudo.

DUAS COLEÇÕES QUE MERECEM RESPEITO

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Herchcovitch; Alexandre A marca de jeanswear de Alexandre Herchcovitch é um refresco nos olhos 4949

de uma moda jovem datada que é vista na maioria das marcas brasileiras. Original, o estilista apresenta peças que mesclam comercial com desejo fashion fazendo bonito na passarela. Oh, Boy! Com direção criativa de Thais Losso a marca jovenzinha abusou da inspiração dos pets e das referências sessentinhas para trazer uma coleção bem fofa para a passarela. Com seu consumidor final bem focado, a marca, que sempre usa bem as estamparias, fez um desfile bonito e original.


AGÊNCIA FOTOSITE/DIVULGAÇÃO

EVENTOS

MINAS TREND PREVIEW INVERNO 2013

Evento reforça sua vocação para a moda festa e tricôs

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Mostrando o compromisso de Minas Gerais com a moda de seu estado, todas as autoridades representativas (governador, prefeito, presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais - FIEMG etc.) estavam presentes no grande evento que abriu a semana de moda e feira de negócios em Belo Horizonte. Com o tema “Diversidade Brasileira”, o arquiteto Pedro Lázaro decorou todo o pavilhão do Expo Minas, que abriga o evento. O evento deu seu start com a apresentação da marca OJExxi, uma união do estilista Gustavo Lins com uma equipe de estudantes do curso de modelagem do Senai e patrocínio da FIEMG. Ao todo, nove marcas mostraram a sua coleção no evento. Como sempre, a moda festa e os tricôs foram os grandes destaques. Todos os desfiles aconteceram fora do centro de exposição, em prédios históricos da cidade. Paralelamente, a feira de negócios reuniu 104 marcas de roupas, 82 de sapatos e 27 de joias e bijuterias. É business que não acaba mais, não?

TENDÊNCIAS 2013 Cartela de cores Pretos, cinzas e off whites marcam a palheta de cores do evento, que é pontuada por azuis e terrosos. O mix P&B, uma tendência mundial, apareceu bastante. Silhueta As peças vêm mais ajustadas ao corpo, sempre mostrando as formas de maneira elegante e sofisticada. Os vestidos longos se destacam. Brilhos e transparências Tecidos finos e delicados ganham destaque nas passarelas mineiras. Com uma moda festa bastante desenvolvida, os bordados, plumas e aplicações são muitos e bem executados. Vale acompanhar de perto esse trabalho tão característico do estado. Estamparia Um dos grandes nomes nacionais do gênero apresenta a sua coleção no evento: Victor Dzenk. Com uma explosão de cores, que vai de encontro com tudo apresentado, o estilista mostra uma mistura psicodélica bastante interessante e desejável!

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Victor Dzenk GIG Vivaz Apartamento Lucas Nascimento. Patricia Motta Jardin.


– – EVENTOS – –

a safra v o n a mostram s e õ ç le o m por aí e v e Boas c u q s criadore s n e v jo de

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E D S A E S CAIADOR CR se itinerante o t n e v e es, o A es e Criador no 2013. ão d r e a v s a in C o a r n S tradição ra mostra centro de Como já é um novo local pa André Almada no da. em a casa de ia ser mais acerta v instalou o n a i o oder vez f colha da e Metrópole. Não p as. Alin ns estilist bem e v jo s o Paulo, o C d o ão no caldeir no final, um sald m a r a lh u , b s novada. to. Ma vas bor Ideias no , outras nem tan m tanto quanto re u as gumas bo a moda brasileira tarefa m u iadores é forr c s n e positivo e v itas o de jo cores, mu as de um event s m a e it u s m ia c n , tendên materiais dências nas sema rêns o it u Falar de M ranspa possível. inza, ten como as t quase im o, o branco e o c as im s s A . lá com outr t m e o r a d v p a n t O a s g . e s , lo ma dia nde” s. “gente gra ças quase teatrais a alegria de todo moda de e a r P imetrias. e tudo, pa cias e ass ciais. Um pouco d tante er moda bas ra a m u m muito com o ades pa e está c raújo, qu elação de celebrid abarito A io r lé a const uito g para W Destaque nseguiu levar uma que precisa de m eve vários co ue t oisa madura e evento. C oda masculina, q o d la fi a m a primeir seguir. E para a n o c . para se ados a ela es promo r ic o d d e d ia r s C le e desfi reasa d vento, a C onto Zero, com um , e o d is ia fic OP Paulo marcas o écie de concurso. da de São lina. o m e d p Além das s s e e oletivos, ta Marce faculdad veu dois c de cada uma das da Gralias, da San de mostrar te ce ão presentan o campeã a coleç tilistas têm a chan om es que teve c ab, no qual jovens L o t E o Proje ento: ções. lhor no ev e suas cole m e d u ue rolo ouco do q p m u , ir gu Veja, a se 52

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– – CURTAS – –

O Ã Ç A V O IN

Moda e tecnologia andam cada vez mais juntas. Transmitir desfiles pela internet e ações no Twitter e no Instagram já não são mais nenhuma novidade para as grandes marcas internacionais. No entanto, algumas delas vão ainda mais longe... No final do ano passado a Burberry abriu na badalada Regent Street, em Londres, a concept store da marca, que busca utilizar a tecnologia para promover novas experiências para seus consumidores oferecendo um mergulho no universo da marca. Projetos como o “Art of the Trench” e a promoção de novas bandas podem ser acompanhados em painéis gigantes instalados na loja. Em algumas peças, vídeos mostram o processo de produção, da concepção à execução artesanal, explicando, de certa forma, o valor agregado do produto. Iniciativa bacana, que deve ser conferida em sua próxima passagem pela capital inglesa.•

AGENDE-SE ELLE Summer Preview – 9 de março SPFW verão 2013 – 18 a 22 de março Fashion Rio – 15 a 19 de abril

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FORA DA CAIXINHA A T-shirt in Box (www.tshirtinbox.com), criação das fashions designers Ticiana Carneiro e Rhasnny Roque, nasceu como projeto de conclusão de um curso de Design de Moda em Barcelona. São camisetas bem-humoradas vendidas pela internet e entregues em embalagens criativas. O slogan “Pense fora da caixa” é um convite à ousadia de inovar, pensar diferente, expor ideias e sentimentos por meio da moda. Projetinho bem bacana! •


– – CURTAS – –

MEMÓRIAS DA MODA BRASILEIRA Na próxima edição do Casamoda Noivas, que acontece de 1 a 3 de março, em São Paulo, o evento prestará homenagem ao estilista Clodovil Hernandes, que faleceu em 2009. Parte de seu ateliê será reproduzido e o evento contará com uma exposição que reunirá fotos, vestidos e croquis, recriando a sua história no

Lady Dior by Roxanne Lowit

ramo das noivas. Completando a mostra, será confeccionado no evento um vestido de noiva desenhado pelo estilista na década de 1980.

CHEGOU CHEGANDO... Depois da inauguração da gigante flagship no Shopping Cidade Jardim, a Dior abre a exposição “Lady Dior As Seen By”, que homenageia a bolsa ícone da marca. Criada em 1995, foi oferecida como presente pela então primeira dama da França à Lady Di, que visitava Paris para a abertura de uma exposição de arte. A princesa inglesa fez da bolsa seu acessório preferido e encomendou para a casa francesa inúmeras opções da Lady Dior, tonando-a ícone. A mostra itinerante conta com obras de diversos artistas – que vão de David Lynch, John Cameron Mitchell e Patrick Demarchelier a Arne Quinze, Wen Fang, Maarten Baas e Olympia Scarry – que reinterpretaram o acessório. A exposição fica aberta ao público até o dia 10 de março no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo. •

DE MINAS PARA O MUNDO Os bordados da estilista mineira queridinha de 10 entre 10 it-girls nacionais ganhou a passarela do MUBE, em São Paulo, no dia 31 de janeiro, para a apresentação de sua coleção para o inverno 2013. Para a marca principal, Patrícia Bonaldi buscou referências na Índia, com cores fortes e brilhantes. Já na Pat Bo, a linha mais jovem, a inspiração veio de um circo nostálgico. Resultado: um trabalho bem bonito com raízes brasileiras sem perder a mão para o caricato! •

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– – PONTO DE VENDA – –

Vitrine e ambientação do ponto de venda pode traduzir o espírito da marca ao consumidor Por Marília Levy | Fotos Divulgação

QUEM VÊ CARA

VÊ CORAÇÃO 56


O arquiteto Nicolas André, que assina o interior de todos os pontos de venda da designer, foi o responsável pela obra. O antigo imóvel haussmaniano manteve o letreiro do que fora um ponto comercial no início do século passado, mas se livrou de qualquer ranço de clássico ou rococó. Por dentro da loja, as estrelas são as roupas, que brilham absolutas e sem concorrência visual, expostas em araras flutuantes.

Isabel Marant pode ser um nome menos conhecido do que Jean Paul Gautier ou John Galliano no universo riquíssimo da moda francesa. Porém a designer de 45 anos é o novo xodó de starlets e celebrities com seu casual chic. Suas criações trazem a aura de uma elegância simples e jovem que é a cara das parisienses e essa nova linguagem conquistou adeptas fiéis entre famosas do alto escalão como Gisele Bündchen, Kirsten Dunst e Kate Moss. Bem longe da estética ultra girlie ou mega sexy de outros estilistas contemporâneos, Marant cria uma moda feminina discreta, fácil de usar, descomplicada, confortável e natural e a ambientação de suas lojas consegue transmitir esse conceito com perfeição. Quem passa pelo número 47 da rue de Saintonge, no bairro do Marais, em Paris, é imediatamente transportado ao mundo de Marant: espaços amplos e atmosfera clean com intervenções orgânicas bem pontuadas são as principais características do espaço onde funciona a flagship store da marca, bastante coerente com sua proposta de usar materiais naturais e de uma moda de aspecto despreocupado e ligeiramente desconstruído. A própria designer declarou em recentes entrevistas que não faz roupas com cara de novas, assim como não cria peças que durem apenas uma temporada. Todos os elementos de suas criações têm algo de atemporal e perene e o espaço de suas lojas não poderia ser diferente. O rústico dos materiais naturais se mescla ao moderno contemporâneo de espaços amplos. Pouquíssimos móveis de linhas orgânicas e alguns cactos completam o mood rústico moderno.

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Os protagonistas do espaço são materiais naturais como a madeira, o bambu e pedras, elementos da decoração que dialogam em harmonia com a própria moda criada por Isabel, que privilegia o uso de tecidos naturais como lã e algodão e foge de sintéticos. A preocupação com a qualidade e com a origem do material na moda se reflete no espaço: nas lojas Isabel Marant não existem movéis ou elementos decorativos de plástico ou acrílico, tudo tem caráter bio e orgânico, porém com aspecto limpo e extremamente moderno. A mensagem de que o real luxo está na simplicidade e no resgate de valores tido como antigos está presente em cada metro quadrado desse espaço, bem como em todas as peças que levam sua etiqueta.


– – CULTURA – –

MUSEU HERING Um mergulho na história têxtil do Brasil por meio de uma das marcas de moda mais tradicionais e democráticas do país Por Mário Araújo / Fotos: divulgação Museu Hering

Fruto de um desejo de Ingo Hering registrado em uma carta na ocasião do centenário da Cia Hering em 1980, o museu, que guarda, além da história da família, o registro do nascimento e desenvolvimento de uma das empresas mais antigas do Brasil e, paralelamente, a história da indústria têxtil nacional, abriu suas portas em 2010 na cidade de Blumenau, em Santa Catarina. Localizado em uma casa do século 19, guarda uma série de documentos que ajudam a desvendar a história têxtil do Vale do Itajaí, bem como os costumes da época, inclusive de moda. Dividido em quatro grandes temas, o visitante pode conhecer a fundo a região e a trajetória da marca, a evolução dos equipamentos, das propagandas, da moda, além de brincar de estilista, customizando camisetas numa oficina de costura instalada no prédio. 58

Interativo, utiliza vídeos para tornar mais dinâmica a apresentação de documentos, além de pequenos filmes com registro de épocas passadas. Por meio das inúmeras narrativas é possível compreender como era a vida em Blumenau no século 19, as lições de pioneirismo de seus fundadores, além de proporcionar uma viagem pela publicidade brasileira.

Saiba mais sobre o Museu Hering no site: www.museuhering.com.br


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1. CAMISETA BRANCA Usada como roupa de baixo, esse modelo de 1910 prima pelo acabamento em linho e botões de madrepérolas. De lá para cá, a peça se modernizou tornando um clássico e item indispensável de qualquer guarda-roupa moderno.

2. OS DOIS PEIXINHOS A imagem representada nos dois arenques (hering, em alemão) simboliza os irmãos Hermann (1835-1915) e Bruno Hering (18421918), que fundaram a empresa em Blumenau, Santa Catarina, no final do século 19.

3. EVOLUÇÃO A história dos equipamentos é relatada no museu. Do tear circular francês de 1889 aos equipamentos de última geração, um verdadeiro registro da história têxtil brasileira é resgatado no museu.

NAS PRATELEIRAS A história do museu também é registrada no livro “Museu Hering: conquistas e possibilidades criativas” lançado na comemoração do segundo aniversário da entidade. O livro faz parte de uma série de publicações produzidas pela instituição e distribuídas, principalmente, para escolas e universidades. 59


– – MODA DE RUA – –

CASUALMENTE COOL de co na hora n ra b m e use e uma tela construí-lo, nam como e d io c n ra o fu h r s a a N para quebra dia a dia. Peças básic o is a u ra it a e p c l n a o u c vis mais uas do compor um ou de peças TEXTL garimpou nas r s o ri ó s s e c a ks que a abuse dos rtido. nfira os loo o C . ser bem dive ia n e d to o o p l a u s a mon a oc trando que mundo mos

@ Paris iais (couro e lã) O mix de mater ico. k monocromát dá bossa ao loo

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por Ana Clara Garmêndia Edição: Mário Araujo e Marília Levy

ara ora m p para f a n cio misa ção fun a si ém da e c mpo ouro. b o m c a c a de gt obr a a ylin arra d e par queta s t i r s a d e ja B @ P ues d look. ovida ter e n a q o e u r r m w T a e s raz aliz ns, atu alça t e jea d c da tinha e car

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@ Paris A alfaiatari a ganha ar m combinad a com a ca oderninho misa jeans arrematad e a com um a maxi bo lsa.

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@ Paris, Em anuelle Alt O look boy ish (com um a pegada masculina) ganha glam our nos detalhes: m angas do b lazer dobra e pulseiras das dou discretamen radas aparecendo te.

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@ Paris jaqueta de talhe na gola da Um pequeno de รงa muito mais pe a forma em um couro jรก a trans minina. interessante e fe

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@ Paris a le (fake) dá vid O colete de pe . da rta po m co à composição

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@ Paris A estam pa tido com de estrela troux e um ar modelag no a trança e tornaram m bastante sim vo para o vesple a compo sição m s. O chapÊu e ais intere ssante.

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ana, s Hill r Thoma e americ lo, Taylo arie Clair andรกlia + u M a P a d o รฃ o @S sรณri os (s de aces ntos cert A editora os compleme al. u is v e o u r q a mostra transform podem clutch)

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– – MÚSICA – –

Talento da música jovem, a inglesa Lily Allen assume sua paixão pela moda com criação de marca própria

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FUNKY INDIEÀ CHANEL Por Marília Levy | Foto: Divulgação

Você talvez não conheça seu rosto, mas se ouvir os primeiros acordes de Smile, certamente se lembrará da música que foi um dos hits absolutos em 2006 e possivelmente até cantará junto. Uma das precursoras da cena musical indie pop, a inglesinha rebelde Lily Allen conquistou fãs em todo o mundo de forma despretensiosa, sem o aval de grandes gravadoras. Seu jetitinho de ‘girl’s next door’ é um dos fatores que mais causam empatia com o público. De estatura baixa, rosto redondo e longe de ter as formas de uma manequim 36, Lily poderia ser a melhor amiga ou a vizinha. No entanto, seu talento musical, estilo único e sua verve escrachada e irônica fazem dela uma das figuras mais queridas entre os jovens da Grã-Bretanha. Em 2005, com apenas 20 anos de idade, Lily lançou Smile, seu primeiro single, no MySpace. Em pouco tempo a música se espalhou pela web, virou sucesso e Allen alcançou o posto de estrela indie. O carisma da cantora junto ao público jovem e estiloso chamou a atenção de ninguém menos que Karl Lagerfeld, designer da Chanel. O todo poderoso a convidou para cantar no desfile da marca para o verão de 2010. Lily foi também a estrela da campanha da bolsa Cocoon e desde então é uma das ‘egeries’ da maison francesa e faz frequentemente aparições públicas usando roupas da marca. 68

Há cerca de três anos, iniciou um hiato em sua carreira musical, se focando em seu casamento, gravidez e maternidade. Foi nesse período que viu a oportunidade de trabalhar com algo de que gostava muito: a moda. Criou ao lado da irmã mais velha Sarah Owen um brechó de roupas vintage selecionadas e a preços acessíveis, batizada de Lucy in Disguise. Lá estão vestidos com brocados e contas dos anos 20, vestidos de noite das décadas de 1930, 40, 50, peças da lendária marca londrina Biba dos anos 60 e 70 e brilhos e paetês dos 70 e 80. Recentemente, desenhou uma coleção de 18 peças de inspiração retrô, com muitos vestidos e estampas, vendida pela web e também na Harvey’s Nichols. E tudo isso sem abandonar por completo a música. Sua voz doce e suave pode ser ouvida na ótima participação em 5 o’clock, do rapper T-Pain. O que será que vem a seguir?


– – GASTRONOMIA – –

HAM

BUR

GUER Simples e delicioso, o sanduíche pode ser considerado a t-shirt da culinária mundial Bom lanc bom B l h Cida es da ack, um de @ Lanc do São honet s e da Pau lo.

Fotos: divulgação.

Por Mário Araújo

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Assim como a tradicional camiseta branca, ícone da moda casual, o hambúrguer, quase sinônimo perfeito da culinária pronta, vem ganhando status couture nos últimos anos e se transformando em uma verdadeira iguaria gastronômica. Chefes renomados possuem a sua versão do produto, que, além de carne, pode receber azeite trufado, ervas da Provence, flores de sal, foie gras, entre outros ingredientes sofisticados. Nascido nos Estados Unidos na década de 1920, o hambúrguer, como conhecemos hoje, foi introduzindo no país pelos imigrantes alemães no começo do século 20 e lançado comercialmente pela rede de lanchonetes White Castle. No entanto, só quase 30 anos depois, ficaria famoso, quando o McDonald’s lança-o em formato fast food, porém não tão “fast” quanto hoje. A receita clássica incluía pão, queijo, hambúrguer e picles. De lá para cá inúmeras versões foram inventadas. Inclusive as gourmets, que são a grande vedete do momento. Levando isso em consideração, a TEXTIL selecionou os top 4 endereços em São Paulo e mais um pelo Brasil:

Em São Paulo 1 – LANCHONETE DA CIDADE A rede nascida na década de 1960 é famosa por seus lanches e tem uma clientela fiel. Com cinco endereços na cidade, não para de crescer. Logo deve aterrissar em outras capitais.

2 – RITZ A rede de comida aconchegante tem o charme dos pequenos bistrôs de Paris. Entre os pratos chefes da casa, o hambúrguer se sobressai com maestria. Vale apostar na versão mais light, que vem acompanhada de saladinha.

3 – LANCHONETE SUJINHO Endereço da boêmia paulistana, o tradicional Restaurante Sujinho, na Rua da Consolação, abriu sua lanchonete em 2009 e já é o endereço certo dos apreciadores do sanduíche na cidade. Mais barato que seus concorrentes, oferece um ótimo produto em uma atmosfera bem informal.

4 – GENERAL PRIME BURGER O mais gourmet dos endereços possui uma variedade incrível de acompanhamentos para tornar o sanduíche ainda mais interessante. Novas receitas são testadas de tempos em tempos. Além de São Paulo, a casa de hambúrgueres já possui filiais nas cidads de Campinas e de Alphaville. 70

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Pelo Brasil APPLEBEE’S Filial da rede americana no Brasil, a lanchonete traz uma seleção interessante de sanduíches que agrada a todos os paladares. Como é uma rede grande, possui filiais em diferentes estados, atendendo quem não está sempre em Sampa.

HAMBÚRGUER | STORY No final do ano passado, a Lanchonete da Cidade lançou um livro de memórias: “Lanchonete da Cidade, novos hambúrgueres como antigamente”. Além de resgatar sua história, o livro conta com receitas de todos os sanduíches que estão no cardápio da casa, além de fotos suculentas. Vale dar uma olhada.

HAMBÚRGUER | WEAR Mania mundial, o lanche sai das casas especializadas e vira estampa de roupa de cama, tênis, camisetas e moletons. A TEXTIL garimpou esse modelo incrível de sweater estampado em digital da marca online polonesa Mr. Gugu & Miss Go (www.mrgugu.pl). Do tipo, quero já!!!

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QUADRO DE INSPIRAÇÃO - Recorte, cole e use sem moderação!

@ninagarcia: bout Fashion is all a the first look.

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Fotos: Divulgação #indústriademodanacional

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EXPEDIENTE | Edição 723 – Fevereiro de 2013 A TEXTIL MODA é uma publicação da R. da Silva Haydu & Cia. Ltda. Inscr. Est. 104.888.210.114. CNPJ/MF 60.941.143/0001-20.

GUIA DA TEXTIL

Projeto Editorial: Mário Araujo Projeto Gráfico: Mariana Eller Presidente executivo: Ricardo da Silva Haydu Diretora de redação: Clementina A. B. Haydu (MTB 0065072/SP) Editor chefe: Mário Araujo Editora adjunta: Marília Levy Editora de Arte: Mariana Eller Editor de Arte: Fernando Tucunduva Revisão: Débora Donadel Representantes Comerciais Europa – International Communications Inc. Andre Jamar 21 rue Renkin – 4.800 – Verviers – Belgium +32 87 22 53 85 andrejamar@aol.com Ásia – Buildwell Int. Co. Ltd. 120, Huludun, 2nd St., Fongyuan, Taichung Hsien – Taiwan 42086 – R.O.C. +886 4 2512 2372

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