TEXTIL MODA # 5

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BRASIL | MAIO - JULHO 2014 #5 | R$ 15,00

Beleza Pura

SHAPES & SHADOWS IN ASSOCIATION WITH




10 a EDIÇÃO

PRIMAVERA VERÃO Expo Center Norte / Pav. Vermelho The Fashion Textile Show for Latin America

premierevision-saopaulo.com

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CAPA

Por Tavinho Costa | Edição Mário Araujo | Styling Mauricio Mariano e Alessandro Lázaro | Make Rafael Melo Ramos

Num jogo de mostra e esconde, coberturas naturais desfocam a arquitetura perfeita de uma de uma das obras mais bem acabadas do Criador supremo. Peles, pelos, penas, camadas finas... Vale tudo na hora de transformar a figura frágil feminina em guerreira pós-moderna!

Casaco DTA, maxi colar Lança Perfume e gladiadora Tufi Duek.

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Top Fórum Collection, calcinha de biquíni MOS Beachwear, óculos com brincos Aramez, braceletes Minha Avó Tinha, anéis Estela Geromini e gladiadora Tufi Duek.

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Macacรฃo Lanรงa Perfume, gargantilha e colar de madeira Tufi Duek e colar com moedas Minha Avรณ Tinha.

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9 Saia Espaรงo Fashion, brincos e gargantilha Casa Juisi, colar Maria Dolores, braรงo direito (de cima para baixo) pulseira S Design e conjuntos de pulseiras finas Lazara Design,braรงo esquerdo conjunto de pulseiras finas Lazara Design e bracelete com pedra Minha Avรณ Tinha e botas Tommy Hilfiger Collection.


Saia Lan莽a Perfume, cinto TNG, colar Bobstore e pulseiras e braceletes Minha Av贸 Tinha.

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Top Vivaz, saia Espaรงo Fashion, gargantilha e pulseiras Estela Geromini, colares Opto, casquete de plumas Casa Juisi e botas Tommy Hilfiger.

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ChapÊu Eduardo Laurino, brincos Aramez e luvas e shorts Lança Perfume.

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Jaqueta Letage, brincos Lazara Design, colares Opto, pulseira Camaleoa e calcinha Pliè.

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Boรกs de plumas Casa Juisi, brincos S Design, colar Aramez e calcinha MOS Beachwear.

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Chapéu Eduardo Laurino, cocar de penas escuras sobre chapéu Opto, colar usado como ombreira Pri Schiavinato, jaqueta Herchovitch; Jeans para Emana e saia-calça Herchovitch; Jeans.

REALIZAÇÃO Fotografia: Tavinho Costa Concepção e edição: Mário Araujo Edição de Moda: Mauricio Mariano e Alessandro Lázaro @ Abá MGT Assistente de Moda e produção de objetos: Joabson Martins Make: Rafael Melo Ramos @ Capa MGT com produtos L’Oréal Profissional Modelo: Paula Zago @ Joy MGT Locação: Studio Box

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– – MATÉRIA TEMA DADE EDIÇÃO CAPA – –

Segundo o “Le Monde”, o brasileiro é quem gasta mais perfume e desodorante no mundo e o país está em 3º lugar na lista dos que mais vendem produtos de beleza. Foto: Divulgação / Natura

Quando o público-referência em beleza lê em um dos principais jornais de seu país que o Brasil é o “eldorado para a indústria cosmética mundial”, deve-se acreditar que o tema é quente. Em julho de 2013, o jornal francês “Le Monde” publicou reportagem sobre o crescimento do setor no Brasil: o brasileiro é quem gasta mais perfume e desodorante no mundo e o país está em terceiro lugar na lista dos que mais vendem produtos de beleza.

TEXTIL MODA analisa o mercado nacional e traça cenário completo do setor no país

Nos últimos 15 anos, o setor de higiene e cosméticos do Brasil teve crescimento de 9,6% ao ano e chegou, em 2012, a um faturamento de US$ 41 bilhões, atrás somente dos Estados Unidos e do Japão, segundo dados da consultoria Euromonitor. Também nessa área, o aumento do consumo das classes C e D influencia no aquecimento das vendas. Especialistas preveem que o Brasil ultrapassará o Japão até 2020.

Por Julliane Silveira

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Fotos: Divulgação

Beleza em nU – meros


“Há público tanto para marcas nacionais quanto para as internacionais e a dinâmica do mercado sempre se mantém. O necessário é manter a qualidade” • Maria Cristina Pires, professora do Senac

Fachada da Sephora. Foto de Murilo Tinoco.

O país caminha para isso. Em 2010, a gigante francesa Sephora comprou a Sacks – maior loja online de produtos de beleza do Brasil. A marca desembarcou fisicamente em São Paulo em 2012 e, desde então, abriu dez lojas por aqui. Neste ano, pretende inaugurar mais unidades em Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo, que somarão 40 pontos de venda até 2017. A loja é ponte de diversas marcas estrangeiras que fazem sucesso ao redor do mundo, como a Make Up Forever, a Bare Minerals e, mais recentemente, a Laura Mercier.

Além do tratamento das unhas, o esmalte ganhou status de acessório, assumindo parte da composição do visual.

“A chegada de novas marcas ao mercado é sempre bem-vinda. O consumidor tem mais opções e o fato provoca uma corrida para um melhor desenvolvimento tecnológico, mais qualidade e inovação na indústria brasileira”, avalia João Carlos Basílio, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec). De fato, a Sephora parece ter despertado no Brasil o conceito de loja mais interativa, em que o consumidor pode tocar e experimentar produtos de diferentes marcas no mesmo local. Poucos meses depois da chegada da loja francesa, o grupo brasileiro O Boticário inaugurou a The Beauty Box, que comercializa mais de cem marcas de cosméticos nacionais e importadas e já tem 13 lojas espalhadas no estado de São Paulo, Belo Horizonte (MG) e Curitiba (PR).

Essa é a explicação para um setor que só cresce. Em 2012, o faturamento foi de R$ 600 milhões, com crescimento de 12%, segundo pesquisa da Associação Brasileira de Embalagens. Seguindo a tendência, dois modelos de negócio se estabeleceram de dois anos para cá: as esmalterias, em que é possível adquirir infinitos tons e marcas de esmaltes, e as boutiques de esmaltes, cujo único serviço é de manicure e pedicure.

O grupo lançou na mesma época a marca de maquiagens Quem Disse Berenice? que, em abril de 2014, contava com 111 lojas em 14 estados brasileiros. Há oferta de mais de 500 produtos diferentes, com conceito semelhante: é possível experimentar os itens antes de comprar. “Sempre há o desafio de concorrer com marcas estrangeiras, porque existe a ideia de que o produto importado é melhor. Isso não é verdade”, diz Marcia Cristina Pires, professora do curso de Estética do Senac Vila Prudente, em São Paulo (SP). “Há público tanto para marcas nacionais quanto para as internacionais e a dinâmica do mercado sempre se mantém. O necessário é manter a qualidade”, acrescenta.

Até empresas de sapato investem no segmento: Arezzo e Andarella lançaram suas marcas de esmaltes no ano passado. “Por causa do nosso clima, as brasileiras estão quase sempre com as unhas expostas”, resume João Basílio, da Abihpec.

A L´Oreal, que detém marcas como Maybelline, Colorama, Kérastase, Lancôme e La-Roche Posay, também avançou nesse sentido. No final de 2013, adquiriu 51% da Empório Body Store, marca criada em 1997 em Porto Alegre (RS). A marca encerrou 2013 com 130 estabelecimentos ao redor do país. Para concorrer com os lançamentos em maquiagem, a L´Oreal vem instalando desde 2012 quiosques de produtos Maybelline nos principais shoppings brasileiros.

Na unha

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Frutos do Brasil A brasileira Natura aparece entre as dez empresas mais inovadoras do mundo na lista da Forbes, divulgada em agosto de 2013. A empresa também figura entre as 20 marcas mais valiosas do mundo em 2014 segundo a Brand Finance, empresa britânica de consultoria, com patrimônio avaliado em US$ 2,46 bilhões. O segredo do destaque? Inovação. Em 2013, a empresa destinou R$ 181 milhões à inovação e lançou 179 itens. Em março deste ano, inaugurou uma área de 172 hectares no Pará, com capacidade de produção de 400 toneladas de óleos e 200 milhões de barras de sabonetes. “A ideia é criar uma rede de cooperação, em que as indústrias instaladas em um mesmo espaço possam trocar recursos e articular alternativas conjuntas para fomentar a geração de negócios sustentáveis na região. Além de alavancar a demanda por insumos da sociobiodiversidade e o empreendedorismo local”, explica Alessandro Carlucci, diretor-presidente da Natura. A marca encabeça uma grande tendência do setor: utilização de matérias-primas naturais, extraídas de forma sustentável de diversas partes do Brasil. “O país tem grande potencial, com mais de 250 mil espécies de plantas, das quais nem 3% são pesquisadas”, comenta João Basílio, da Abihpec. A francesa L´Occitane segue a mesma direção. Em maio de 2013, lançou a linha Au Brésil, com produtos fabricados no Brasil - pela primeira vez, uma linha é produzida fora da Provence, na França. Os cosméticos são feitos com frutos tipicamente brasileiros, como o jenipapo e o mandacaru e passam a ser comercializados em outros países neste ano. E até a botica mais antiga do Brasil se mobiliza para dividir o bom mercado. Nos últimos anos, a Granado, de 1870, abriu mais de 20 boutiques em shoppings de todo o país, reforçando a proposta artesanal de seus produtos e o uso de matérias-primas naturais. A Phebo, marca adquirida pela empresa em 2004, também inaugurou recentemente duas lojas-conceito, no Rio de Janeiro, onde os produtos são expostos no estilo vintage.

Coleção Au Brésil, da marca francesa L’Occitane, primeira linha fabricada fora da Provence.

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tendências: Para onde vamos? Multifuncionais Uma grande tendência do setor é lançar produtos que não se limitam à sua função principal. Filtro solar com efeito de base, maquiagem que trata a pele e previne o aparecimento de rugas e tratamento para cabelo que hidrata e protege do calor do secador ao mesmo tempo. A ideia é mostrar ao consumidor que é possível resolver várias demandas com investimento único. Produtos masculinos O Brasil é segundo maior mercado masculino do mundo, com previsão de crescimento anual de 10%. Se antes o segmento era voltado para perfumes e desodorantes, hoje as gôndolas das perfumarias dedicam cada vez mais espaço a produtos voltados aos homens, sobretudo para tratamento de pele e cabelos. “O homem sempre foi vaidoso, mas antes não encontrava produtos específicos”, explica Márcia Pires, do Senac. Segmentação “Há 20 anos, havia somente xampu para cabelo seco, oleoso ou normal. Hoje podemos encontrar 25 produtos diferentes de uma mesma marca”, diz João Basílio, da Abihpec. As empresas perceberam que a exigência do consumidor é cada vez mais específica, à medida que o acesso à informação aumenta. Surgem, então, cremes anti-idade para diferentes faixas etárias, produtos de tratamento para a pele em diferentes ocasiões – depois do banho de sol, durante o banho, depois da depilação, entre outros.


QUEM SOMOS

OS DE SEMPRE

Mauricio Mariano e Alessandro Lázaro Trabalhando juntos desde 2008, a dupla de stylists já colaborou com as publicações mais importantes do Brasil, entre elas ELLE, Polo Life, Playboy, Romeu Magazine, U+Mag e FFW, além de internacionais, como Kaltblut Magazine (Alemanha), Lui Magazine (República Tcheca), McMag (Londres) e Uce (E.U.A). Com um olhar fresco e apurado, trazem um novo foco à moda, com imagens que falam por si só e provocam questionamentos interessantes! Olho neles!

Paula Zago Natural de Cruz Alta (RS), desde pequena já tinha um pezinho na carreira de modelo, participando de desfiles na sua cidade e região. Aos 13 anos, foi finalista do concurso Super Model Brasil, promovido pela Ford Models. Em 2008, ao completar 16 anos, começou a trabalhar para valer. Paula tem uma carreira sólida e é figurinha constante nas páginas das principais revistas nacionais. Camaleoa, transformase facilmente no personagem que precisa ser encarnado e entrega-se de paixão a eles, vide a nossa capa e editorial principal! <3 <3 <3

Henrique Picarelli Jornalista apaixonado por gente e por história de gente, construiu sua carreira na televisão. Nos textos, encontrou um aliado para contar as histórias que aparecem por seu caminho. E na fotografia, a forma de traduzi-las em imagens. Nesta primeira colaboração para a TEXTIL MODA Traz para a cena o trabalho das rendeiras sertanejas. Trabalhou por 10 anos na EPTV – afiliada da Rede Globo em Campinas –, passou pelo SBT e hoje está na GloboNews. Paralelamente, colabora com revistas como Terra da Gente, Horizonte Geográfico e Escola Pública.

Jonas Astrada Diz que virou jornalista por ter começado a escrever muito novo e aprendido pouca coisa útil depois. Por isso, acabou especialista em generalidades, topando investigar qualquer assunto, desde que aprenda algo novo no caminho. Modesto e com um texto que mais parece conversa de contador de história, disseca, nesta edição, a controversa história da pele animal como primeiro material do vestuário humano.

Rafael Melo Ramos Um dos profissionais de beleza mais requisitados do momento, Rafael é paulistano e trabalha na área desde 2003. Sempre colaborando com grandes nomes do segmento, aprendeu sua arte com mestres como Ricardo dos Anjos, Wilson Eliodoro e Marcos Costa. Hoje, está nas publicações mais descoladas do país, além assinar campanhas para grandes marcas e o make de diversas celebridades.

Sandra Schamas Escritora, revisora, tradutora, parecerista e ghost writing. Invisível, é dela o trabalho que faz grandes produções manterem a qualidade e levar informação sem erro para seus espectadores. Já prestou serviços de tradução para legendas e dublagem nas produtoras de filmes mais renomadas do planeta, como GlobeCast Hero Productions, HBO, MGM, Discovery Channel, Disney Channel etc., além de professora no Inlingua International Language Centers.

Mário Araujo Jornalista

Tavinho Costa Fotógrafo

Fernando Tucunduva Designer

Mariana Eller Designer

Lívia Andrade Jornalista

Rafael Vita Economista

Débora Donadel

Jornalista e Revisora

Julliane Silveira Jornalista

Ana Clara Garmendia Fotógrafa

Vivi Haydu Publisher

Para conhecer mais detalhes sobre a equipe da TEXTIL MODA, visite: facebook.com/textilmodamagazine


© INVISTA 2014. Todos os direitos reservados. LYCRA® é marca registrada da INVISTA.

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–CARTA – TEMADOS DA EDIÇÃO –– EDITORES

A quinta edição da TEXTIL MODA nasceu de uma vontade da equipe de falar sobre beleza e dos diversos materiais que tocam o corpo e se confundem com o mesmo. Para tamanho desafio, dissecamos a indústria da beleza no Brasil e mostramos a sua evolução em território nacional. Mergulhamos no passado e fomos entender como a pele passou a ser tão mal vista e as diversas polêmicas que sempre acompanham o uso do material. Fake ou real, nunca saberemos, fotografamos nas ruas de Paris alguns incríveis exemplares que circulam pelas ruas da cidade luz. Já para nosso editorial de capa, deixamos a bela pele da modelo Paula Zago super à mostra, trazendo a força do corpo saudável como importante instrumento fashion. Rendas Renascença e tatuagens também entraram nesse diálogo insano que passou pelas principais modelos da história da moda, festivais de música, engajamento, exposições, alimentação saudável, conversinhas com key influenciadores e as loucuras de Diana Vreeland que sabia contar uma boa história em imagens como ninguém. Bom, pensamos nessa edição ir além de informar, mas fomentar discussões e trazer novos pensamentos. Queremos provocar, inspirar, libertar a criatividade! Queremos te deixar à flor da pele. Envolva-se! Mário Araujo e Mariana Eller

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Editorial – Camuflagem Capa – Beleza em números Quem somos Carta dos editores TM Apresenta – Caruaru Fashion Day Entrevista – Lilian Pacce Materiais – Denim Ponto de vista – Evolução Infográfico – Raio-X Verão 2015 Case – Lectra Aposta – Lolitta Música – Coachella Cartela de cor – Segunda pele Holofote – Renda Renascença Polêmica – Pele Inspiração – Tatuagem Internacional – Inverno 2014 Infográfico – Raio-X Inverno 2014 Curtas Moda de rua – Polêmica à vista Ponto de venda – Chanel Cultura – Exposição Horst P. Horst Perfil – Diane Vreeland TEC – Mídias sociais Gastronomia – Geração saúde Quadro de inspiração Guia da TEXTIL

Anja Rubik por Paola Kudacki para a Industrie Magazine # 6. O corpo como instrumento de moda e arte.

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TEXTIL MODA APRESENTA: ACIC

Caruaru Fashion Day Evento pernambucano promove a moda local e destaca a força têxtil da região Por Mário Araujo

Criado em 2012 para promover os produtos ofertados pelas lojas do Centro de Moda 18 de Maio em Caruaru, Pernambuco, o Caruaru Fashion Day se firma como importante destino difusor de tendências do nordeste brasileiro, reforçando o crescimento da região, que hoje é o segundo maior polo têxtil do Brasil. Com 16 marcas em seu line up, os desfiles, com uma pegada mais comercial, trend que vem sendo vista nas principais semanas de modas nacionais, buscam apresentar a linha criativa de marcas consolidadas da região que estão presentes no conglomerado fashion e, assim como as indústrias locais, vem crescendo e ganhando o território nacional. A pegada é bastante street e jovem, com peças que vão da praia às noites descoladas das mais diversas capitais do país. Destaque para o denim e para a estamparia, que marcam presença na maioria das coleções. Tecidos tecnológicos também aparecem e ganham cada vez mais espaço. Ainda não existe nenhum prêmio para novos criadores, mas a organização do evento contou a TEXTIL MODA que está estudando a possibilidade de trazer as escoladas de moda da região para a iniciativa. O Caruaru Fashion Day é organizado pela ACIC, SEBRAE e SENAC. A terceira edição do evento acontece nos dias 17 e 18 de setembro. Vale ficar de olho e acompanhar! Para conhecer mais sobre o evento, acesse: acic-caruaru.com.br/caruaru-fashion-day 24

Luz na passarela... Confira as marcas que fizeram parte do line up da 2ª edição. Em breve será divulgado quem estará em 2014. AMS Atice Beijamim Bickley Edmilly Isca Viva Kikorum Metrópolis Niran Parceria Playsurf Zagnetron Zigurat Zune


Fotos: Acervo GNT Fashion

ENTREVISTA

Lilian Pacce Referência na moda brasileira, a jornalista e apresentadora carrega um currículo invejável e o respeito de profissionais nacionais e internacionais. Discreta e centrada, comanda o programa de TV GNT Fashion desde 2000, que é transmitido pelo canal fechado GNT, além do site de notícias em moda lilianpacce.com. A seguir, Lilian fala sobre carreira, novos estilistas, mercado nacional, inspiração e muito mais... Por Mário Araujo

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O INÍCIO _ Foi muito

por acaso, na verdade... Eu fiz faculdade de jornalismo e de psicologia por dois anos e meio. Aí comecei a fazer alguns frilas e vi que o que queria ser mesmo era jornalista e abandonei a psicologia. Mas eu queria fazer jornalismo para mudar o mundo porque no jornalismo existe essa possibilidade de falar por milhões de pessoas como se fosse o porta-voz de uma sociedade. Aí eu comecei a trabalhar, fazia frila para a Abril, para a Revista da Joyce [Pascowitch] na época... Colaborava para várias pessoas até que a Joyce me contratou. Eu era redatora e repórter da revista. Aí um dia fui entrevistar o Tarso de Castro (1941-1991), que era um jornalista muito importante, o colunista mais lido da Folha de S. Paulo (pai do João Vicente da Porta nos Fundos) e vi que era ali que gostaria de trabalhar. Ele tinha uma coluna muito politizada e em pouco tempo virei sua assistente. Mas mesmo lá, como em todos os outros trabalhos que fazia, as pessoas sempre me pediam coisas relacionadas à moda, embora nunca tivesse esse desejo de me tornar uma jornalista de moda.

As marcas brasileiras ainda não conseguem se organizar com projetos e planos de médio e longo prazo. A MODA _ Comecei

a produzir bastante conteúdo de moda para a Folha até que um dia a Ilustrada [caderno de cultura da Folha de S. Paulo] precisava de um projeto editorial novo e o editor, que era o Martinas Suzuki, perguntou o que achava de incorporar moda no caderno e o que eu podia pensar para dar vida ao projeto. Aí pensei em dar um tratamento jornalístico a moda abordando seus aspectos culturais e comportamentais. Isso era nos anos de 1980

JORNALISMO DE MODA _ E vamos cobrir as semanas

de moda, pois não existia nenhuma cobertura sendo feita no Brasil. Vamos estudar as semanas de moda internacionais da mesma forma que olhamos para um festival de cinema, para uma bienal de artes, etc. E começamos a fazer isso na Ilustrada. Então foi assim, com o trabalho diário, que fui aprendendo cada vez mais sobre moda. Lendo muito sobre o assunto. Esperando as revistas internacionais chegarem aqui no Brasil porque nessa época não havia faculdade especializada por aqui. Eu lembro que encomendava as revistas na banca e quando chegava alguma o jornaleiro mandava avisar que a Vogue “não sei o que” estava lá... Meu conhecimento de moda foi totalmente autodidata. 1ª COBERTURA _ Já havia feito uma

entrevista ou outra com profissionais de moda, mas não como jornalista de moda. Como jornalista especializada foi na Folha e minha primeira cobertura foi logo Paris, assim, de cara. Cobri a semana de moda de 1987 e foi uma emoção que não da para esquecer, um sonho!

GNT FASHION _ Aconteceu muito

por acaso. Um amigo com quem que eu tinha trabalhado na MTV, o Jorge Espírito Santo, tinha saído da emissora e estava buscando novos projetos e me falou que o GNT estava procurando uma pessoa para uma nova fase do GNT Fashion (a Beth Lago já havia deixado o programa). Aí ele me pediu para fazer um projeto editorial para esse novo GNT Fashion. Eu estava grávida nessa época. Discutimos e rediscutimos o formato diversas vezes. No fim, o canal aprovou. Prontamente, perguntei qual seria o meu papel, pois não fazia a menor ideia. Foi aí que ele me disse que eu ia apresentar. Relutei porque nunca tinha sido apresentadora e gostava muito de escrever, mas não teve jeito, mesmo grávida, gravei o primeiro programa 15 dias antes de o meu filho nascer. A campanha era eu com uma barriga enorme, antítese total de uma apresentadora de programa de moda.

1ª TEMPORADA _ Não fiz piloto, não

fiz programa zero, não fiz nada. Entrei, assim, dando a cara pra bater total. Era péssimo ter que gravar no meio de uma SPFW com aquela barriga que eu nem conseguia respirar. Condições piores eu não podia ter escolhido. E começou assim no ano 2000. Faz 14 anos que estou a frente do programa e o bom é q agente aprende, né? Se eu fosse a Letícia Muhana (diretora do GNT na época), jamais teria me contratado. Mas ela acreditou que o conteúdo era melhor do que uma pessoa grávida com uma super barriga. Sofri muito no começo, eu era muito tímida eu ficava nervosíssima... Era uma tortura gravar o programa, mas hoje em dia é tudo é uma delicia. 26


ABERTURA INTERNACIONAL _ Para a cobertura internacional

o GNT Fashion teve uma grande vantagem com a minha presença em sua liderança. Eu já cobria os desfiles desde 1987, então já era uma pessoa conhecida no meio. Foi estranho pra eles eu mudar de jornal para a televisão, porque no começo eu cobria para a Folha, depois para o Estadão [O Estado de S. Paulo]. A televisão te tira do anonimato. IMPRESSO X TV

É totalmente diferente a cobertura para um e para outro. Vire e meche acontece. Hoje mesmo recebi o convite para uma viagem, mas o convite era apenas para uma pessoa. Na TV as coisas não acontecem apenas com um, pelo menos eu preciso ter um câmera. A televisão exige equipe completa. Pré-produção, produção, pós-produção, edição, figurino... Para você escrever é diferente, se você tiver uma boa base de informações nem precisa estar no local para construir uma ótima matéria. Na TV ou você está lá ou não tem matéria. E é uma delicia poder estar nos locais e ter o privilegio de ter acesso a coisas maravilhosas.

Lilian com Stella McCartney

BELEZA & MODA _ São dois mundos

muitos associados. O universo da beleza de fato torna tudo mais acessível. É muito mais fácil comprar um potinho, pois cabe em seu orçamento, mesmo que esse potinho custe caro em relação aos outros, do que você comprar uma peça de roupa. Ao mesmo tempo é muito mais fácil você comprar uma bolsa do que uma peça de roupa, porque possui uma questão custo/ beneficio melhor... Entra essa questão do aspiracional, do objeto de desejo... A bolsa pode ser usada todos os dias e todos vão ver que você é capaz e pode ter acesso àquilo. Agora quanto às roupas, parece bobagem, mas as pessoas têm vergonha de repeti-las. BOAS COMPRAS _ Eu sou a favor de investir em coisas boas que você realmente vai

Lilian conversa com Karl Lagerfeld antes da gravação

usar por muito tempo. Acho que essa é uma boa filosofia de vida. São peças que você realmente curte. Sempre é bom ter uns ítens mais descartáveis, mas é bom ter um repertorio para que possa fazer do ato de consumo uma atividade mais nobre e elaborada. MERCADO NACIONAL X FOREVER 21 _ Essa competição é avassaladora. Nós

já estamos vendo essa ascensão dos fast fashions de marcas nacionais se posicionando como marcas de moda. A ida da Riachuelo para o Jardins em uma esquina da Oscar Freirecom com a Hadock Lobo é um sinal dos tempos mesmo. É a mesma coisa que já viu lá fora com a Topshop e outras tantas. A minha pergunta é: a Forever 21 vai conseguir manter os preços neste patamar? Por quanto tempo? Quantas estações? Porque vou parafrasear a Suzy Menkes, que é uma jornalista que eu respeito muito, uma roupa custar R$ 8,90, que é um preço de um refrigerante, digamos, tem alguma coisa Lilian com Costanza Pascolato

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errada por trás... Não é normal. As coisas têm custos... Tecido, mão de obra, distribuição... É possível baratear esse custo hoje, mas o que está por trás disso tudo? Então, se o negócio for solido o suficiente para manter está estratégia, acho muito bom, porque faz com que a moda fique mais acessível, mas é uma loucura. SUCESSO INTERNACIONAL _ As marcas brasileiras ainda

não aprenderam a ter branding. Você não sobrevive lá fora sem branding. As marcas brasileiras ainda não conseguem se organizar com projetos e planos de médio e longo prazo. Elas querem resultado nesta temporada, neste desfile, nesta coleção, nesta venda... Elas não pensão que é preciso construir uma imagem, conquistar uma clientela, estruturar... E para erguer um negócio não é em uma temporada, por mais que você já tenha construído aqui dentro. Lá fora é outro mercado e você tem que começar de novo. Em grande parte, a culpa de não ter sucesso internacional é das próprias marcas. Para fazer um nome, você precisa estar presente, entregar no prazo combinado... Eu conheço marcas que venderam coleções e nunca entregaram e com esse tipo de ação você se queima no mercado internacional. Entendo também que essas marcas não tem um incentivo do governo para poder se estabelecer lá fora ou aqui dentro. Se nem aqui dentro o governo dá uma força, o que dirá lá fora. Se você olha para as marcas internacionais, você vê o controle da imagem e como é construída. Quantas marcas do Brasil fazem campanhas publicitárias? Quando você está competindo com marcas do mundo inteiro e o consumidor precisa escolher entre esta camiseta listrada e aquela, se ele conhece aquela marca e não conhece essa, ele compra a que conhece, por que ele vai apostar em uma marca que nunca viu e custa o mesmo preço, provavelmente, ou mais? A gente já viu marcas brasileiras lá fora custando mais que outras já estabelecidas...

NOVO CALENDÁRIO _ Essa mudança ainda

não foi positiva, mas eu torço para que seja. Estamos vivendo uma crise enorme nas semanas de moda no Brasil. Falta avançar nos eventos. Estão estagnados como proposta. Não houve inovação nem dos participantes e nem do formato. Estamos passando por um momento muito delicado. Um evento que já foi tão forte e tão importante como a SPFW abrir um dia com quatro desfiles? Está na hora de darmos um passo para a profissionalização das semanas de moda, como é lá fora. Se eles conseguem colocar 10/15 desfiles em um dia, por que aqui agente não consegue? É um monopólio de maquiadores, agências de modelos, não sei de que? Porque cada um joga a culpa no outro... Mas o fato é que isso em que o Paulo [Borges] e a Luminosidade fizeram em criar um calendário de moda, que foi um sucesso gigantesco em uma época em que ninguém entendia e aceitava estar do lado do concorrente, foi muito importante e relevante. Agora estamos em momento que as semanas de moda têm que ser um evento voltado pra moda e não pra badalação e por isso uma das coisas que eu e vários editores estamos tentando mostrar para os organizadores é que as semanas de moda têm que acontecer em horário comercial, porque é um evento profissional. Quem está comprando, quem está divulgando... está lá trabalhando das 9h às 18h, como é lá fora. Os desfiles começam entre 9h e 10h e terminam entre 18h e 19h. Não tem desfile que começa às 22h. Você não tem um dia que começa às 11h e termina às 17h. Isso não é semana de moda. Temos realmente que concentrar porque os custos são realmente muito altos para a produção do evento, para quem cobre, para quem vem para comprar... Ou a gente otimiza, com menos dias e eventos mais parrudos ou termos sérios problemas. A moda brasileira precisa dar um passo à frente e isso passa por um calendário que contemple um line up mais intenso e menos espaçado. Um monte de dias resulta em custos para todos, o que não fecha a conta... Espero que as marcas novas que estão entrando tragam frescor também, porque a moda é cíclica e está mudando e precisa se renovar e precisa encontrar novos talentos, porque por aqui está muito estagnado. NOVOS TALENTOS _ Dos que entraram

nessa temporada não destacaria nenhum porque é muito cedo. O último talento destes novos designers é o Vitorino [Campos], que é de fato um menino sério e consistente, tem uma visão de moda e tem qualidade.

ALINHAMENTO DO SETOR _ Não entendo e até brinco com as pessoas que participam destas

entidades no Brasil que como é possível um país como o nosso ter SPFW e Fashion Rio? ABIT [Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção] e ABEST [Associação Brasileira dos Estilis-

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tas]? etc. A gente já tem tão pouco, como ainda divide força? Precisamos começar a juntá-la e não dividir. Por que tem ABIT e ABEST? Por que não tem só uma? E depois ainda tem a APEX [Agência Brasileira de Promoção de Exportação e Investimentos], que eventualmente é ligada à moda. ABIT e ABEST são diretamente ligadas à moda, a APEX não. Então todas as entidades estão mais dividindo do que gerando. MINAS TREND _ O Minas Trend

é um evento que está ganhando cada vez mais força, que tem uma linguagem própria... Ao mesmo tempo que acredito que é importante termos eventos fora deste pequeno eixo [Rio-São Paulo], cada vez mais ressalto que é necessário esses evento terem sua própria identidade. Não adianta ser mais do mesmo, não adianta ser mais uma mini SPFW. Já existe a SPFW, vamos criar coisas que tenham outras identidades. E, olha, já tem gente fazendo isso e muito bem inclusive!

IMPRENSA INTERNACIONAL _ O jornalistas internacionais têm interesse no Brasil do que na

moda brasileira. Já tiveram bastante interesse na nossa moda, mas hoje dia eles têm pena. Sabe quando você torce muito para uma coisa dar certo, como quando você torce muito pro seu filho fazer um gol no futebol e seu filho não nasceu pra aquilo, mas você queria tanto q ele fosse artilheiro... O Brasil desperta uma simpatia, uma boa vontade enorme lá fora... Você fala “sou brasileiro” e as pessoas abrem um sorriso na hora, mas não conseguimos ir além dessa simpatia. Além de simpático, precisamos ser competentes e eficientes. Precisamos estar no mercado de igual para igual e ainda tem um longo caminho para isso acontecer.

Vivienne Westwood conversa fala para o GNT Fashion no Backstage de seu desfile

Lilian entrevista Gisele Bundchen

Lilian com Pedro Lourenco, grande nome da nossa safra de jovens estilistas brasileiros

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Ausländer

2nd Floor

Uma das indústrias mais fortes na última edição do Première Vision Brasil, em janeiro, e com vários eventos paralelos trazendo as novidades da mesma, o denim veio forte nas coleções apresentadas nas semanas de moda nacional. Confira aqui, as principais novidades para o verão 2015: 30

Por Mário Araujo


Para conferir os lançamentos da Absolute Denim, Canatiba, Capricórnio, Cedro, Covolan, Isko, Kippas, Paraguaçu, Santanense, São Joanense, Tavex e Vicunha, acesse a versão online da TEXTIL MODA #4 no site: issuu.com/ textilmoda/ Blue jeans, white shirt, walked into the room, you know made my eyes burned, it was like James

Agência Foto site

Dean, for sure…

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TNG

Colcci

Coca-Cola Jeans

MATERIAIS


PONTO DE VISTA

evO– lu– çAO Presente em importantes passarelas internacionais e nacionais, como Louis Vuitton e Alexandre Herchcovitch, a versatilidade do denim conquista cada vez mais os estilistas e alcançam grandes voos dando rasantes pelas passarelas mais disputadas do mundo. Maria José Orione, Diretoria de Planejamento Estratégico na Capricórnio Têxtil, traça um cenário da indústria do denim no Brasil revelando como era essa indústria no passado, seu momento atual e o que esperar para o futuro. Confira a seguir. Por Mário Araujo

Herchcovitch Jeans, Inverno 2014

Fotos: Agência Fotosite e Divulgação

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ONTEM Muitas foram as inovações incorporadas pela indústria do denim ao longo de todos esses anos. Na década de 1070 (e isso foi antes da minha entrada no setor) houve o primeiro “salto de categoria” do jeans, pois ele vai às passarelas pela primeira vez em desfile da Calvin Klein depois de ter se popularizado graças à preferência dos ícones da música e do cinema, como Marlon Brando, James Dean, Elvis Presley, Marilyn Monroe e Catherine Deneuve. Até os anos 80, por exemplo, os desgastes das calças jeans eram obtidos pelo uso diário ou pelas customizações que eram feitas de forma caseira. Por isso, com a chegada das tecnologias de lavagem a pedra (stonewashed), passa a ser possível comprar uma calça jeans nova com aparência de usada, o que para nós hoje é óbvio foi uma revolução na época e um sucesso imediato, trazendo com isso as primeiras marcas de jeanswear brasileiras, como Gledson, Soft Machine, Dijon, Ellus e, logo na sequência, Zoomp e Forum. Nesta época, aliado ao stonewashed, houve também a disseminação da Fiação OpenEnd (fiação a rotor) que, com seus fios mais regulares e de maior produtividade, impulsionou o crescimento e a popularização do denim e trouxe um novo visual marmorizado ao produto que também foi um grande sucesso, pois era inovação frente ao visual do denim tradicional dos antigos filatórios a anel. Como na moda tudo é cíclico, esse visual original é hoje novamente valorizado por ser vintage, remetendo aos tecidos originais. Mas, naquela época, em função da inovação no visual, foi o momento dos tecidos com Fio OpenEnd. Após essa fase vieram os fios Multicounts que traziam os flamês longos e com diferentes titulações ao longo do comprimento do fio, e esta foi mais uma inovação no visual do denim, até que fechando o ciclo as tendências ‘vintages’ trouxeram de volta o desejo da aparência do Jeans dos pioneiros e com isso o retorno do visual original dos

fios ring, ainda que não sejam ring de verdade. Enfim, a moda como uma verdadeira “Ouroboros”, a serpente mítica que morde a própria cauda, está sempre se reinventando a partir de antigas referências reinterpretadas sob a ótica das novas gerações.

HOJE A indústria do denim (tecido fabricado com urdume tinto corante índigo e originalmente com trama de algodão cru) e do jeans (peças fabricadas com tecido denim originalmente com costuras duplas e reforços de rebite) é uma das indústrias mais prósperas do Brasil. A grande evolução desta indústria após os anos 90 foi a evolução dos processos de lavagem, que fazem do denim um dos tecidos mais versáteis do mundo. Neste período que vivenciei na Zoomp, os processos de lavanderia que eram inicialmente industriais com as máquinas de stonewashed, foram se sofisticando, vieram as manualidades, os jatos de areia, os lixados, bigodes etc. Na época da Guerra do Golfo, por exemplo, o Renato Kherlakian desenvolveu em conjunto com a Dona Valdelice da Lavanderia Branca uma lavagem que era literalmente imersa em lama e recebia tiros de revolver para fazer os furos. Loucuras de uma época. Foi uma edição limitada e que depois teve sua versão industrial que foi sucesso por muitos anos. Posteriormente veio a evolução dos tingimentos e corantes, com as misturas de corantes índigo com corantes enxofre, o denim black e mais recentemente a evolução e o reinado dos acabamentos especiais com os vários processos resinados que trouxeram sofisticação e ainda mais diversificação ao denim. Os novos processos de lavanderia com ozônio e lazer, que fazem os processos de lavanderia mais sustentáveis, são também uma evolução muito bem vinda neste setor. Enfim, as evoluções neste setor não param de acontecer. 33


Mas, o verdadeiro divisor de águas para a indústria do denim foi a utilização dos fios com elastano, pois isso transformou o jeans garantindo caimento perfeito, facilidade em modelagens mais justas, acrescentando conforto a uma peça que já era popular e utilizada por todos, mas majoritariamente por homens, atraindo com isso o grande consumidor de moda que é a mulher.

interessado no Brasil para utilizar da brasilidade em suas marcas. Não de forma caricata, mas de forma a se comunicar com o seu público utilizando os seus elementos de contato e seu domínio do modo de viver, do gosto, da regionalidade e do desejo de seu público alvo. Exemplos de sucesso deste comportamento são Osklen, Farm e Havaianas.

Este novo ciclo trouxe também uma redução gradativa do peso dos denins, que nos anos 80 giravam em torno das 14 oz. Ainda na Zoomp, me lembro que tivemos que fazer um desenvolvimento exclusivo para ter um denim com 13 oz. Atualmente, dificilmente encontramos denins com mais de 12oz e com a evolução tecnológica até mesmo os denins leves com 8 ou 8,5oz possuem visual e características de lavanderia, desbote etc., impensáveis em tecidos leves das décadas passadas.

A Capricórnio tem acompanhado essas tendências de inovação com intensos investimentos, e por isso possui um parque industrial moderno, com as melhores tecnologias de fiação e tecelagem existentes no mercado. Para acompanhar esta tendência de sofisticação em acabamentos estão previstos para 2014 investimentos da ordem de R$ 20 milhões.

AMANHÃ As inovações tecnológicas continuarão a trazer novidades e a responder aos anseios da moda e das exigências da vida moderna. Acredito que a indústria do denim se apropriará de todas as inovações tecnológicas disponíveis para continuar sua evolução. No momento, acredito que continuaremos numa fase onde os acabamentos em tecido e/ou em lavanderia continuarão contribuindo para roupas de aspectos muito diferenciados no jeanswear. As novas demandas sustentáveis exigirão reduções significativas no uso de água e de energia e a indústria já vem respondendo satisfatoriamente a isto. No Brasil, ainda temos alguns anos pela frente para nos adaptarmos aos novos modelos, mas acredito que o futuro levará a produção de commodities para os países asiáticos e que teremos que trabalhar com diferenciação, tecnologia e excelência em distribuição para nos mantermos competitivos em mercados locais e de nicho. As marcas Brasileiras deveriam se aproveitar deste momento em que o mundo está Louis Vuitton, Verão 2014

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MARIA JOSÉ ORIONE

é graduada em Engenharia Mecânica Têxtil pela Faculdade de Engenharia Industrial – FEI com especialização em Máquinas Têxteis pela “Scuola Superiore Mecanotessile e Tessile”, de Pordenone, Itália. Pós-graduada em Administração Industrial pela Fundação Vanzolini – USP, possui MBA em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas – FGV e cursou Digital Marketing na Madia Marketing School. Iniciou sua carreira na Santaconstância Tecelagem S/A, uma das maiores empresas do setor de moda do país, onde permaneceu por 10 anos, alcançando a posição de Gerente de Suprimentos e Desenvolvimento. Foi Gerente de Desenvolvimento de Materiais e Produtos da Zoomp Confecções S/A onde permaneceu por 13 anos e Gerente de Marketing América do Sul da Tavex Brasil S/A. No início de Setembro de 2013 assumiu a Diretoria de Planejamento Estratégico na Capricórnio Têxtil, uma das cinco maiores produtoras de Denim do país, com o objetivo de contribuir no intenso processo de busca de satisfação e fidelização de seus clientes. Em paralelo assumiu a Coordenação do Master em Fashion Marketing do IED (Istituto Europeo de Design).


INFOGRÁFICO / VERÃO 2015

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CABELO

RAIO

Apesar de ser moda praia, é o beachwear by Osklen. Ou seja, cool e fresh. Logo, cabelos esvoaçantes aqui não têm vez. Eles aparecem presos e molhados, do tipo da praia para uma vernissage.

Aproveitando o olhar mundial para o Brasil, a Osklen abandona no verão 2015 seu tradicional desfile conceito em São Paulo e apresenta nas areias cariocas a Osklen Praia. Com ar de novidade, pero no mucho, já que beachwear sempre fez parte dos produtos comercializados pela marca mãe, a brand, desenvolvida em parceria super esperta com as it-girls internacionais Bianca Brandolini e Alexia Niedzielski, aposta em Rio de Janeiro retrô, com pegada cinquentinha que deve enlouquecer as gringas nos balneários mais descolados do planeta.

Glamour retrÔ Os óculos escuros são fundamentais nesse verão chique de balneário. Aqui eles aparecem redondos, trazendo um mood interessante à coleção. Mas poderiam ser maxi. No verão da grife, acessórios são poucos, logo, precisão ser statement.

CLUTCH Por Mário Araujo

Abacaxi é sem dúvida a fruta fashion da estação. Das passarelas internacionais as marcas nacionais, o fruto símbolo tropical ganha status fashion. Aqui ele aparece na divertida forma de bolsa tiracolo, a clutch. Do tipo, “kitsch-hipster”.

Foto: Agência Fotosite

PROPORÇÕES Cintura sobe e calcinha ganha tecidos no verão 2015 da Osklen Praia. Aqui nada fica de fora. Tudo elegantemente se encaixa. Nada de carne à mostra. Assim como a parte de baixo, os tops ganham formatos de camisetinhas, tipo roupa de surfista, camisas transparentes ou tops de biquínis maiores que os tradicionais. Destaque para os de alça cruzadas.

ESTAMPAS Definitivamente, o DNA da Osklen grita quando o assunto é cor e estampas. Os tradicionais grafismos da marca aparecem nas estampas geométricas, como nos listrados, e nos elementos tão característicos à marca, como as estampas de coqueiros e pôr do sol de Ipanema.

PISANTE Nos pés, nada de salto alto! Delicadas rasteirinhas decoradas com folhas tropicais auxiliam as musas da marca a ganharem o mundo e desfilarem pelos points do verão. •

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CASE

Milímetro por milímetros Lectra apresenta estudo de caso que pode servir de inspiração e modelo para diversas empresas nacionais DESAFIO

SOLUÇÃO

A Lise Charmel lingerie é conhecida por combinar a beleza e a elegância do bordado francês com tecidos inovadores. Esses materiais de alta qualidade são essenciais para criar lingeries exclusivas e sofisticadas, mas também são muito caras. Por isso o controle de custos e consumo de tecido são prioridades. Detalhes como os bordados e as faixas de renda representam desafios específicos no que diz respeito ao design, desenvolvimento e custo. Para manter a qualidade com custos razoáveis, as diversas partes que formam um sutiã ou uma calcinha devem ser cuidadosamente colocados na renda, para que o desperdício seja minimizado. Com isso em mente, a companhia buscou uma forma de estimar o consumo das rendas e dos tecidos de maneira mais fácil e precisa.

Ao combinar as soluções Lectra, por meio das ferramentas Kaledo, Modaris e Diamino, com um processo inteligente, a empresa foi capaz de estimar precisamente os custos iniciais mais cedo, nas fases de design e desenvolvimento. Agora as equipes podem criar moldes em renda e outros tecidos virtualmente, com os quais é possível estimar mais precisamente a quantidade de material necessário.

TECNOLOGIA PRECISA Especialista em soluções para otimização de processos, a Lectra, que já trabalha com a Lise Charmel há mais de 10 anos, ouviu as necessidades do cliente e pode oferecer a melhor solução possível. Por meio do softwears precisos, totalmente customizados às necessidades da empresa de lingeries, conseguiu unir os departamentos, precisando os custos de produção e diminuindo o desperdício de material. Além disso, foi capaz de unir os setores de desenvolvimento de produtos, com pré-custos e modelagem, fazendo com que trabalhem de forma mais integrada e evitando perda de tempo no processo. A tecnologia Lectra trouxe precisão para os processos, informações mais apuradas e precisas, menos desperdício e ótimos resultados. 36

Por Mário Araujo


APOSTA

LO LI TTA Por Rafael Vita

Fotos: Agência Fotosite

Apesar do boom causado por estrear no line up da última edição da SPFW, em abril, Lolitta, de Lolita Zurita Hannud, já está no mercado desde 2008 e brilha com suas peças que trazem qualidade, modelagem e conceitos únicos e exclusivos, principalmente em tricô e combinações de outros materiais com as tramas. Para o desenvolvimento das peças, os tecidos de tricôs são tramados em máquinas manuais trazidas da Itália, principalmente, e de outros países da Europa, mesclando fios da melhor qualidade escolhidos a dedo. O resultado: peças únicas e exclusivas do tipo incrível. Aqui, algumas imagens do verão 2015 da marca. Para conhecer mais, acesse: www.lolitta.com.br

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MÚSICA

COA CHE LLA Por Rafael Vita

Festival de música americano é plataforma de ativação para grandes marcas internacionais Os hipsters torcem o nariz para a invasão fashionista que um dos festivais de musicas mais bacanas do planeta tem vivenciado nos últimos tempos. Se antes Coachella Valley Music and Arts Festival, realizado anualmente em abril no deserto da Califórnia, em Indio, atraia apenas jovens descolados procurando pela nova banda ou DJ alternativo que faria sucesso, hoje reúne uma massa de trendsetters, como modelos, produtores, it-girls e boys, etc., acostumados com as melhores festas do planeta e em busca da última tendência, seja ela em que área for.

sas partes do mundo. Representando o Brasil estava o blogueiro e jornalista Caio Caprioli, um exemplo do target de consumidor que a grife quer atingir, muito mais cool e moderno que a imagem que muitos possuem dela hoje. Falando de Brasil, quem já há algumas edições realiza uma caravana para lá é a carioca Ausländer. O grupinho, que tem entre nomes conhecidos a modelo Diane Conterato, o stylist José Camarano, o repórter do GNT Fashion Caio Braz, a atriz Thaila Ayala, entre outros, invade durante as duas semanas que rola o festival o Instagram com imagens de diversos eventos e um pouco de propaganda da própria marca, com looks usados pelos integrantes fashions das coleções da brand.

Não é para menos, com um ticket que custa US$ 375,00 e uma audiência chamada pelos organizadores de “testemakers”, várias marcas viram ali a possibilidade de lançar e testar produtos para uma audiência super qualificada e exigente.

Mas não é só as marcas de moda que descobriram o potencial do deserto. Esse ano, por exemplo, a Chevrolet se juntou com o McDonald’s para armar um pool party que ofereceu aos convidados a possibilidade de testar modelos demos de veículos.

Como prova disso, a gigante H&M escolheu o festival para lançar o nome do designer que assinará a colaboração anual com a marca. Alexander Wang é o nome de 2014. O anúncio foi feito em uma mega festa na primeira sexta-feira do evento em uma locação próxima ao festival. Além disso, é patrocinadora de uma das tendas fixas dentro da área cercada.

Regada a música, Coachella é hoje um lugar que se pode de tudo com os influenciadores mais bacanas do planeta. Jovens bonitos e ricos que são seguidos por milhões de outros jovens e têm seus estilos de vida copiados e invejados.

Quem também deu as caras em Coachella esse ano foi a Marc by Marc Jacobs. A marca jovem do estilista pop star americano tomou o hotel Ace que foi decorado em color block, forte elemento da última coleção apresentada na semana de moda de Nova York. Com festas que duraram todo o fim de semana, foi lançada a nova coleção de óculos da marca.

Graças às mídias sociais e ao street style hoje qualquer um com a produção e amigos certos pode se tornar objeto de inspiração e ser bombardeado pelas marcas. Assim como as mídias sociais, o festival do deserto é uma ótima maneira das marcas se renovarem, mostrarem que estão alinhadas ao seu tempo e deixarem de comer poeira.

Outra gigante, a Lacoste, retornou ao festival com sua tradicional pool party em Thermal onde reuniu influenciadores de diver38


CARTELA DE CORES

a d n u g e S Pele rio Po r M á

Araujo

| Desig

ndo o Ferna c fi á r g n

u Tucund

va

a gerie d n li e d a el os as na cart m s i r o o l m o a c e Mergulh ão 2015 r e moda v a o d ia ® para r tó Lycra s da his s e t n a v e de core rel s o is p a u m r g tops quatro ue s o m o ação, q lc t s ia e d a n u m m xi nicas. ra a pró ú a s p e o õ t ç s sa propo em sen ll, s o d a r i ampbe p C s i n i m o m a a for s ford a N w a r sa pelo C e il y u d o n i s pas De C . musas s de arte a e d p i a u m q u e nenh a nossa d s o artsy! d l a ia fi r a o it is ed pince r, nosso i u g e s ,a Confira

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Alegria: tons de sorvetes e doces, azul piscina, rosa choque, pink, vermelho, verde, amarelo e papaia.

Cindy Crawford

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Kate Moss

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Jean Shrimpton

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Tranquilidade: tons de pérola, amêndoa, creme, rosa pálido, pêssego, azul claro e verde maçã.

Gisele Bundchen

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Simplicidade: preto, marinho, cinza, pele, marrom, caramelo e off-white.

Marisa Berenson

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Linda Evangelista

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Nostalgia: matizes de azul e verde, lilĂĄs, roxo, violeta, Ă­ndigo, rosa e bordo.

Lauren Hutton

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Naomi Campbell

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BOAS COMPRAS – BELEZA

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BOAS COM– PRAS

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A TEXTIL MODA selecionou produtos incríveis para deixar malucas tops de todas as gerações. Confira: Dovima, na Vogue de fevereiro de 1959, foto de Leombruno-Bodi 07

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01 Kiehl´s - hidratante corporal | 02 Kérastase - máscara de hidratação capilar Chronologiste | 03 Risqué - esmalte para frente Brasil | 04 Make B de O Boticário - sombra em creme preta | 05 Urban Decay - batom Super-Saturated High Gloss Lip Color | 06 Dr. Teal’s - sais para relaxamento dos pés | 07 Tangle Teezer escova de cabelo | 08 M.A.C - batom Maleficent | 09 Physicians Formula - Super BB cream | 10 M.A.C - delineador Fantasy of flowers | 11 Make up Forever sombra Aqua Cream #25 | 12 Rimmel London - esmalte 60 Seconds | 13 Chanel - Gloss Lèvres Scintillantes 131 Mica | 14 Cowshed - gel de banho

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BELEZA

Vendida inicialmente nas lojas da L’Occitane espalhadas pelos Brasil, ganhou carreira solo com os quiosque projetados pelo arquiteto Marcelo Rosenbaum e batizados de Minimercados, pois foram inspirados nos mercados municipais e feiras livres do Brasil. O projeto desenvolvido por Rosenbaum busca mesclar a riqueza dos sabores e aromas do país com uma simplicidade sofisticada na apresentação dos produtos que são todos produzidos no país com ingredientes nacionais. Essa é a primeira vez que tal fato ocorre e a justificativa da marca é a similaridade entre Brasil e Provence, que possuem natureza exuberante, ingredientes de alta qualidade, tradições e riquezas e um jeito singular de se viver. Como proposta inicial foram desenvolvidas duas linhas, que hoje já se expandiram para muitas outras dando a possibilidade de nascerem quiosques com os produtos 100% made in Brazil. Caixotes e gavetas na madeira crua dão graça e bossa a esses ambientes relaxantes de mudam a paisagem dos centros de compras ao redor do país. Para conhecer mais a marca, acesse: br.loccitane.com

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Por Rafael Vita

Fotos L’Occitane au Brésil

Lançada em maio de 2013, a L’Occitane au Brésil é uma das marcas do Grupo L’Occitane que, além da homônima, que possui duas ramificações, Provence e au Brésil, conta com outras três em seu portfólio, Melvita, Erborian e Le Couvent des Minimes, todas sempre utilizando produtos que são ricos em ingredientes naturais e orgânicos e de fornecedores confiáveis que respeitam o meio ambiente.

OLHAR INTERNACIONAL


A Renascença da Paraíba

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HOLOFOTE

Há décadas, mulheres sertanejas dividem o tempo entre o cuidado da casa, a ajuda no roçado da família e a arte de fazer renda Texto e imagens Henrique Picarelli

Na foto: Tradição de gerações: mãos ágeis de Natália Aquino da Silva, de sete anos.

No Sertão do Cariri Paraibano, a tradição responde pelo nome de renda renascença e a ligação com a região é tão íntima que recebeu, no final do ano passado, o selo de Indicação Geográfica (IG), do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) - uma certificação que dá às rendas produzidas neste local do país um atestado de procedência e de qualidade.

mais de um ano produzindo uma toalha de três metros”, lembra Elza Gomes, rendeira da cidade de Monteiro e que aprendeu a renascença com uma tia, ainda na infância.

Para Núbia Pinheiro, rendeira desde os 12 anos e presidente da entidade que reúne as artesãs do Cariri Paraibano, a importância do selo está além da valorização do produto. “É uma forma da rendeira daqui perceber a importância do seu trabalho, se sentir valorizada a partir do reconhecimento que as pessoas de fora dão ao que ela produz.”

Na casa da família Barbosa, na zona rural de Monteiro, mãe e filha dividem o espaço na varanda enquanto se dedicam à renascença. Dalma passou para filha, Paula, a arte que aprendeu com a mãe. “De tanto fazer renascença com ela no bucho, minha filha aprendeu aqui dentro, dando chute na almofoda”, brinca a artesã de 40 anos. A filha, com 20 anos e um filho de quase dois para cuidar, reclama da falta de valorização do trabalho. “A peça, na mão da gente, não tem valor. Num vestido, não se ganha mais de R$ 500,00. Lá fora, em São Paulo, ele vale até R$ 4 mil.”

De origem europeia, a renascença chegou ao Brasil com os portugueses, no século 18. Durante anos, ficou presa aos conventos de Olinda, ganhando o agreste pernambucano apenas na década de 1930, de onde migrou para o Sertão do Cariri, na Paraíba.

A renda renascença do Cariri Paraibano já esteve presente em coleções produzidas por estilistas famosos, como Martha Medeiros e Ronaldo Fraga.

Atualmente, cerca de 500 famílias estão envolvidas na produção de renda renascença nesta região. São mulheres que transformam os traços desenhados no papel manteiga em blusas, saias, vestidos, toalhas, caminhos de mesa e, até, vestidos de noiva. Alguns trabalhos chegam a consumir meses de dedicação exclusiva. “Eu passei

A renda obtida através da renascença ainda é pequena, mas ganha um peso fundamental no orçamento das famílias. Crystiane Aquino da Silva tem 32 anos e desde os 7 se dedica à arte, como ela mesma diz.

Para as rendeiras, é a garantia de que as horas dedicadas à almofada e às agulhas não serão confundidas com o trabalho de outras regiões, que por vezes se utilizam da fama da renda paraibana para aumentar o valor de mercado dos produtos que oferecem, mesmo não sendo de lá.

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“Abacateiro saiba que na refazenda/ Tu me ensina a fazer renda que eu te ensino a namorar...”

Atualmente, o dinheiro que ganha ajuda a criar os 4 filhos. “A receita da minha casa vem do trabalho do meu marido, que é pintor, e das vendas das minhas peças. Tem mês que a casa é sustentada apenas pelo meu dinheiro”, conta a rendeira que tenta repassar às filhas a importância do trabalho. “Eu mando as crianças fazerem porque é bonito e porque dá um dinheirinho que ajuda nas coisas da casa, na compra de um chinelo, no dinheiro para cortar o cabelo”. Apesar da insistência da mãe e da habilidade com o artesanato, Nayonara - a filha mais velha de 13 anos, não se entusiasma com a renascença. “Eu faço mas não gosto. Quando crescer, quero ser delegada ou modelo, rendeira não!”. Para Carmelita Anunciada da Silva, uma das rendeiras mais velhas do Cariri Paraibano (85 anos), a renda renascença foi companheira de uma vida toda. “A renascença foi, pra mim, um caminho que abriu muitos horizontes, que me permitiu ter uma vida melhor.”

Jucelma do Nascimento Paiva, de Monteiro (PA).

Dona Carmelita, de 85 anos, uma das rendeiras mais antigas do Cariri Paraibano. No topo da página, detalhe de suas mãos trabalhando.

Aos 21 anos, casada e mãe de 3 filhos, dona Carmelita - como é conhecida em São Sebastião do Umbuzeiro, encontrou nas próprias mãos a oportunidade de aumentar a renda da família. “Era um complemento para ajudar a casa. Naquela época, o dinheiro vinha da criação de galinha e da venda de ovos”, recorda a artesã que encontrou no produto uma amiga após a morte do marido. “A renascença completa a vida da pessoa solitária. É a companheira nos dias de solidão, de tristeza”. Para Núbia, a tristeza está na falta de interesse dos mais jovens pela renda renascença. “O jovem de hoje não quer aprender o que a mãe faz, acha que não tem valor. A joia mais rara do ser humano é a sua própria arte.” 52


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LET’S TALK ABOUT...

A PELE QUE HABITAMOS Um dos materiais mais polêmicos da indústria têxtil, a pele vira e mexe se torna protagonista das semanas de moda, mesmo não querendo os holofotes para si... Por Jonas Astrada Fotos:“The Great Fur Caravan”, editorial da Vogue América de 1966 fotografado por Richard Avedon sob comando da lendária editora da publicação Diana Vreeland.

Em janeiro, a imprensa britânica caiu na pele da editora de moda Diane Pernet, ao noticiar um de seus modelitos na Semana de Moda de Paris: um casaco vintage de pele de gorila. Ambientalistas e defensores dos animais protestaram e tiraram do armário a discussão sobre o primeiro item básico na história do guarda-roupa humano: a pele de animais.

Dos pés à cabeça De acordo com achados arqueológicos, vestir uma segunda pele é coisa de 100 mil anos atrás, e não foi invenção da nossa espécie. Antes do Homo Sapiens, os Neanderthais teriam usado couro para se proteger do frio de terras que equivalem hoje ao continente europeu. Isso ocorreu no fim de uma era glacial. A descoberta foi baseada em uma ferramenta de pedra ancestral encontrada na Alemanha. Grudados na peça havia restos de material orgânico ensopado de tanino – substância extraída da casca de carvalho e até hoje utilizada para curtir o couro cru, deixando-o utilizável para a indústria. Em contato com o colágeno da pele animal, o tanino protegia o couro de fungos e bactérias, responsáveis pela degradação da pele. Mas existem evidências de que já havia roupas há mais tempo ainda. De acordo com um estudo da Universidade da Flórida, 54

publicado no Molecular Biology and Evolution Journal em 2011, um sequenciamento de DNA datou o período em que piolhos de roupa se diferenciaram dos comuns. Isso teria ocorrido há aproximadamente 170 mil anos e só seria possível se houvesse hospedeiros com hábito de se vestir. Outros itens menos antigos, como um sapato de couro de vaca com 5,5 mil anos, encontrado na Armênia, e agulhas feitas de osso há 20 mil anos mostram que a moda pré-histórica deu no couro por muito tempo. O material era tão popular que era usado até na construção civil da época em paredes e tetos de tendas. Mas o grande desafio era domar o material, deixando-o maleável e confortável, sem limitar os movimentos de quem o vestia. Para evitar o ressecamento, valia de tudo: mascar o couro (haja saliva!), molhar a pele e sová-la com se faz ao preparar pães, passar óleo animal e, finalmente, curtir o couro com o tal do tanino. O curtimento garantia maleabilidade e impermeabilidade permanentes.

Pelo Mundo Passada a pré-história, a pele de animais já não era mais a única opção de cobertura para os corpos humanos. Havia os tecidos de origem animal (seda, lã) e vege-


tal (algodão). Ainda assim, bichos peludos, como raposas, coelhos e castores eram caçados para virar casacos, chapéus e luvas. Tais peças deixaram de ser item obrigatório (a não ser em climas polares) para virar artigos de luxo e ostentação. Da Idade Média em diante, o comércio prosperou, se internacionalizou e, por volta do século 17, se globalizou: fabricantes europeus começaram a cruzar os mares rumo a países distantes em busca de matéria-prima. Um dos episódios históricos mais curiosos dessa exploração foi a “corrida da pelagem” (fur rush, em inglês), que antecedeu a famosa “corrida do ouro” na Califórnia. A partir do fim do século 18, ingleses, franceses, espanhóis e russos, principalmente, enviavam navios ao Pacífico, rondando a costa dos Estados Unidos e do México para escalpelar bichos fofinhos de várias espécies. Esta atividade intensa é considerada como principal fator de abertura do oeste norte-americano e, especialmente, da região da Baía de San Francisco para o comércio internacional.

Arrancando o couro Com a sintetização de materiais a partir do século 20, ficou difícil justificar a produção de roupas com pele diante dos protestos de entidades de proteção aos animais. Tanto o couro como a pelagem podem ser imitados,

com cada vez mais fidelidade aos artigos originais, por meio de materiais sintéticos. Além disso, milhões de animais, como focas e chinchilas, são mortos anualmente para servir de matéria-prima de vestuário. Só na França, 70 milhões de coelhos são abatidos todo ano para virar casaco. Além de apoiar um maior uso de tecidos sintéticos ou de origem vegetal, os ambientalistas alegam que a caçada, o abate e a retirada do couro faz o processo ser muito cruel e sofrido para os bichos. Para amenizar o impacto ambiental e controlar a indústria, países como o Canadá exigem que os caçadores de animais cuja pele é desejável comercialmente sejam licenciados, ainda que façam parte de comunidades indígenas. As chamadas fazendas de pelagem estão presentes em várias regiões do país, assim como nos Estados Unidos. Mas isso ainda é exceção. Enquanto isso, animais “fashion” ainda são caçados clandestinamente, assim como acontecia há 80 anos – época em que foi abatido o gorila que virou notícia na Semana de Moda de Paris. A editora não imaginava o tamanho da briga que comprou ao aceitar de presente – e vestir – um dos looks mais polêmicos do ano. Se seu objetivo era chamar atenção dos fotógrafos de street style, conseguiu muito mais do que isso, não? 55

Quantidade de animais necessária para se fazer um casaco de pele tamanho médio 100 chinchilas 30 coelhos 27 guaxinins 17 texugos 16 coiotes 14 lontras 11 linces 9 castores Fonte: Revista Mundo Estranho.


INSPIRAÇÃO

TRAÇADO

PERFEITO Por Lívia Andrade

A pintura corporal é uma forma não verbal de expressar um jeito de ser, uma forma de pensar ou, apenas, decorar o corpo de forma única e original Muitos a amam, outros a odeiam, mas poucos passam indiferentes a uma tatuagem. O desenho na pele tão popular nos dias atuais tem uma história milenar. Um dos primeiros registros que se tem notícia é o homem do gelo, múmia encontrada nos Alpes, em 1991, e que teria vivido entre 7.300 a.C e 5.300 a.C. No Brasil, a tatuagem como hoje é conhecida, chegou em 1959 como o dinamarquês Knud Harald Lucky Gegersen, o Mr. Tattoo, ou apenas Lucky. Mas é preciso lembrar que os índios brasileiros sempre tiveram o costume de pintar a pele, embora não definitivamente. Se no passado a tatuagem era símbolo de rebeldia, hoje este estigma está quase superado. Prova disso é que oncologistas do Hospital A. C. Camargo, em São Paulo, estão chamando tatuadores de todo Brasil para um treinamento. O objetivo é capacitá-los a identificar os sinais de câncer de pele, o tipo mais comum entre os brasileiros. Esses profissionais podem ser uma peça chave no combate deste câncer, uma vez que muitos os procuram para fazer uma tatuagem e cobrir uma mancha, exatamente o sinal da doença. As motivações para tatuar algo na pele são as mais variadas. Para algumas mulheres ela é quase um nascer de novo, a devolução da autoestima. É o caso das sobreviventes do câncer de mama, que depois de ter o seio retirado, fazem implantes mamários e recorrem a tatuadores para recriar as auréolas. Na Índia, a pintura corporal feita com henna é apenas realizada em cerimônias especiais, como o casamento. Já os maori, tribos nativas da Nova Zelândia, tatuam desenhos em formas de espirais e a tattoo é uma forma de identificar a classe social. Em Myanmar, país do sul da Ásia, a tatuagem foi a “arma” usada por mulheres lindíssimas de uma vila para afugentar os pretendentes que as queriam como esposas. Elas desfiguravam o rosto com desenhos para não serem levadas pelos nobres da época.

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MODISMOS

Na sua passagem ao Brasil em setembro do ano passado, o tatuador Ami James, dono do Love Hate Tattoo – estúdio da extinta série Miami Ink, em entrevista à revista GQ, falou do perigo dos modismos. “O mundo inteiro virou adepto das tatuagens. O problema é a motivação para fazê-las. Muitas pessoas fazem por modismo, não por um motivo em especial. Então, daqui cinco anos, essa tendência passou... Mas a tatuagem vai continuar lá”, explica. Esta opinião é compartilhada pelo ilustrador, professor de artes e tatuador Milton Toller. “Acredito que 85% das tatuagens hoje são modismos, alguns acertam no gosto e fazem coisas que não saem de moda”, diz. “Eu sempre aconselho as pessoas que escolhem desenhos que vão estar ultrapassados em pouco tempo a repensarem suas escolhas para não ter que cobrir o trabalho dentro de dois anos”, dispara. Segundo Toller, a tatuagem possibilita expressar na pele algo que está dentro da sua cabeça. “Você não precisa falar ou ter uma interação com desconhecidos para eles saberem o que você pensa”, diz. Mas isso aumenta a responsabilidade da escolha. “Já vi tatuagens que são verdadeiras obras de arte e o que as torna ainda mais legais é que elas traduzem algo sobre seu dono”, diz Camila Yahn, editora do portal FFW. PRÓS & CONTRAS

No mundo da moda, a tatuagens podem ser aliadas ou adversárias dependendo da situação. “Podem ser o diferencial, mas também uma restrição em certos casos”, explica Camila. “Muitas modelos tatuam em lugares não tão comprometedores, senão elas perdem oportunidades de trabalhos com grandes marcas que escolhem uma beleza mais clássica na hora de comunicar seus produtos”, acrescenta.


Foto: Divulgação

Muito da rejeição às tattoos tem a ver com a tradição cristã, relatada na Bíblia no livro de Levíticos. “Pelos mortos não ferireis a vossa carne; nem fareis marcas nenhuma sobre vós, Eu sou o Senhor”, diz o capítulo 19, versículo 28. Para Airton Martins, do Departamento Fashion, da WAY Model, de dez anos para cá, as pessoas estão aceitando bem mais as pinturas corporais, mas há casos e casos. “Num comercial de banco, eles não vão escolher um modelo tatuado para ser o gerente. É uma norma do ambiente, não rola, não vai passar na seletiva deles”, diz. Mas estilistas como o francês Jean Paul Gaultier preferem exatamente o oposto. Ele sempre opta por modelos tatuados e de beleza nada convencional. Prefere o singular ao coletivo. Assim como Nicola Formichetti, estilista, designer e editor de moda responsável pelas campanhas super originais da grife de jeanswear Diesel e pelo estrelato de Rick Genest, mais conhecido como Zombie Boy, que fechou o desfile de inverno 2011 da Mugler em Paris e virou sensação nas revistas de moda. PARCERIA DE FUTURO

Criatividade e estética ligam tatuagem e moda. No entanto, o vínculo entre as duas no mundo fashion não é assim tão evidente. “Esta ligação pode ser muito melhor explorada pelos dois lados”, diz Camila, lembrando que “no mercado da moda, muitos estilistas e maquiadores cultuam seus tatuadores”. Numa sociedade cada vez mais conectada à aparência, em que as selfies se multiplicam nas redes sociais, a dupla moda e tatuagem pode se transformar em uma nova forma de comunicar um jeito de ser e pensar. “Vejo uma parceria muito interessante, pois tanto a moda quanto a tatuagem são elementos do nosso cotidiano que trabalham com o visual, a criatividade e tudo que é de vanguarda”, finaliza Toller.

Mateus Verdelho (Way Model), um dos modelos brasileiros com maior número de tatuagens e uma sólida carreira nacional e internacional.

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INTERNACIONAL 01

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botas extremamente altas

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com Estampas fauna mix flora e

BOX

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Peças ultra brilhantes

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m Mini saia co tinha ar sessen

mpre Pescoço se coberto

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rneiro Pelos de ca

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Inverno 2014

Tecidos acolchoados

Bordados marcantes

Cadarços

Peles ultra coloridas

Casacos super compridos

Casacos com aspecto de robe ou cobertores

Peças aconchegantes

Mais que aguardado

Por Mário Araujo

Apesar das coleções cada vez mais serem diferentes entre si, algumas vontades coincidiram nas principais capitais da moda. Confira, a seguir, o que se repetiu nas passarelas de Nova York, Londres, Milão e Paris e deve surgir como as principais tendências da temporada

Assunto constante dos fashionistas durante toda a temporada internacional, a estreia de Nicolas Ghesquière na direção criativa da Louis Vuitton, que aconteceu no último dia da Semana de Moda de Paris, fechou com chave de ouro uma temporada que foi marcada pelas roupas que podem sair diretamente das passarelas para os guarda-roupas dos consumidores. Na Maison, o estilista tem a missão de aumentar o market share de vestuário, que representa hoje quase nada de seus vultosos lucros.

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Balenciaga Louis Vuitton Dolce & Gabbana Dries Van Noten Dsquared2 Gareth Pugh Isabel Marant Kenzo Lanvin Marc by Marc Jacobs Marni Miu Miu Yohji Yamamoto The Row

Em sua primeira coleção, Guesquière usou e abusou da silhueta em A, mas ficou longe da referência sessentinha do shape, trazendo para o século 21 uma boa dose de couro e ousadia. A estreia foi aplaudida de pé e não há dúvidas que a coleção será copiada e recopiada, assim como sempre aconteceu com suas criações na Balenciaga.

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Fotos Divulgação

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INFOGRÁFICO / INVERNO 2014

MAKE & HAIR

OMBROS

Quando o foco é a roupa, cabelo e maquiagem quase desaparecem. Aqui, vale o clássico: pele limpa e bem tratada casando com cabelo repartido ao meio e preso conferindo um ar effortless chic.

Ponto de destaque em várias coleções, os ombros aparecem arredondados e bem marcados.

SNOW QUEEN Os bordados estão em alta no inverno 2014, mas não são quaisquer bordados. Eles aparecem em pontos focais da roupa sempre fazendo referência a algo rico e opulento. Nas criações de Wang para Balenciaga, surgem como armadura.

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RAIO

Não há dúvidas que Alexander Wang é um nome em ascensão. Seja na sua própria marca ou na Balenciaga, onde responde como diretor criativo, o americano com forte pegada streetwear provoca desejo com peças atemporais e encantadoras. Representante do cool moderno, é amigo das modelos mais descoladas e figura pelas festas bacanudas sempre em boa companhia, mas sem perder o foco de suas criações e de seus negócios, afinal, na América, time is money! Por Rafael Vita

PREGAS Recriar as peças mais simples do guarda-roupa feminino foi o ponto de partida de Wang no desenvolvimento dessa coleção. Aqui, as pregas dão um ar de novidade ao suéter.

Foto: Balenciaga

CALÇAS

MIX DE TEXTURAS

Bastante aclamadas pela mídia internacional, as calças do inverno 2014 da Balenciaga são simples, super bem cortadas e sexies.

A Balenciaga é um grande laboratório onde Alexander pode testar várias de suas ideias sem medo de looks superconceituais. Aqui, ele mistura texturas inesperadas e traz uma ótima proposta à passarela.

SAPATOS

$$$ Falando em money, Alexander Wang é o estilista convidado da H&M em 2014. A coleção desenvolvida pelo designer terá 250 peças entre masculinas e femininas e chega às lojas da fast fashion nos diferentes pontos do planeta no dia 6 de novembro. •

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Com ar bastante invernal, os sapatos e botas são sóbrios, completam o look sem chamar muita atenção. Perfeitos para não ofuscar os detalhes das roupas.


CURTAS Fotos desta página: Divulgação

Dança das cadeiras Roberto Davidowicz, da UMA, assume a presidência da Associação Brasileira de Estilistas (ABEST) substituindo Waldermar Iódice, que passa a ocupar o cargo de vice-presidente. Como meta, focará na expansão internacional das marcas nacionais. “A ABEST completou dez anos e está em um importante momento de expansão. Crescemos 57% em marcas associadas no último ano e hoje fomentamos a exportação de produtos para 66 nações. Também queremos crescer em iniciativas pioneiras, inspirados no que já conquistamos, como a chegada da moda brasileira na China e o aumento de negócios com compradores nacionais e internacionais promovido por ações como o Salão +B”, afirmou em comunicado à imprensa. Atualmente, a ABEST possui 95 marcas associadas e está presente na América, Europa e Ásia.

Bag do bem A gigante Fendi não é apenas especialista em lançar it-bags entre as lulus de plantão. Para comemorar a chegada de sua nova giga flagship em Londres, a marca está lançado uma iniciativa social batizada de Peekaboo Projet no qual 10 celebridades super bombadas, como Gwyneth Paltrow, Cara Delevingne, Adele (bolsa da foto) e Georgia May Jagger, desenvolveram junto com o time de criação da casa italiana versões para a famosa bolsa Peekaboo. Com lance mínimo de 15 mil euros, as bolsas serão leiloadas no final de maio e a renda revertida para o Kids Company, projeto que ajuda crianças que foram vítimas de abuso social. É a moda para o bem. Exemplo a ser seguido!!! #ficaadica

Couture tropical No caldeirão fashion do designer Ronaldo Silvestre tem denim, alta-costura e processos artesanais. Mistura inusitada que resultou em um ótimo desfile apresentado na última edição do Dragão Fashion, em Fortaleza, Ceará. Para o desenvolvimento da coleção especial, o estilista teve apoio da Capricórnio. Vale conferir!!!

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CURTAS

Rumo ao topo Pela segunda temporada consecutiva, a new face Waleska Gorczevski (Way Model), capa da última edição da TEXTIL MODA, foi a recordista de desfiles da SPFW, riscando a passarela de 23 marcas.

Foto: Tavinho Costa para Textil MODA

Uma das grandes apostas da moda nacional, Waleska fez uma das estreias mais fortes dos últimos tempos no circuito internacional em março, abrindo desfiles importantes, como o de Marc Jacobs e Victoria Beckham, na Semana de Moda de Nova York, além de pegar desfiles-chaves para deslanchar a carreira de qualquer modelo, como Prada, Chanel, Dolce & Gabbana e Dior. Além disso, a bela catarinense aparece em editorial da badalada revista inglesa Love Magazine fotografada por Phil Poynter, na capa da última edição da Vogue Japão Noivas por Victor Demarchelier e estrela da campanha de inverno 2014 de Marc Jacobs ao lado de Julia Nobis fotografada por David Sims! para Fraga onaldo Foto: R Bibi

B-Day Para comemorar seus 65 anos, a marca de calçados infantis Bibi firma parceria com o estilista Ronaldo Fraga, que assina coleção especial para os pequenos baseada em símbolos da nossa cultura popular, como folclore, carnaval, festa junina etc. Além dos produtos, Ronaldo ilustrou um livreto de atividades mega charmoso que vai junto com as peças para as crianças. Super desejo!!!

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CURTAS

Sweet dreams Para promover o lançamento da exposição-retrospectiva de Jean Paul Gaultier “From the Sidewalk to the Catwalk” na Barbican Art Gallery, em Londres, o estilista francês se uniu à badalada rede de cafés Paul e criou uma série limitada de éclairs que carregam as icônicas listas navies, marca do estilista. A expo fica em cartaz até o dia 25 de agosto. Se você estiver nas terras da rainha Elizabeth, não deixe de conferir!!!

Ai se ela fosse blogueira... Não é de hoje que tudo que Kate Middleton usa vira moda imediatamente. Quem não se lembra do vestido de noivado assinado pela grife brasileira-londrina ISSA? E do vestido de noiva Alexander McQueen? De uns tempos para cá, o gigante de e-commerce mundial eBay começou a acompanhar as suas aparições oficiais e o reflexo delas nas buscas por produtos similares no site. Dito e feito, Kate faz os números do eBay mudarem vertiginosamente em poucos minutos. Quando a rainha mãe decretou que as saias de Kate deveriam ser mais compridas, as buscas por peças similares cresceram. O novo boom de destaque fica por conta do vestido amarelo Roksanda Ilincic usado pela duquesa de Cambridge no recente tour à Austrália. O site registrou um aumento de 95% nas buscas por peças na cor.

Fotos desta página: Divulgação e Reprodução

Será que a bolsa de Nova York, assim como fez com Gisele Bundchen, vai criar o índice Kate Middleton?

MoMA

Lygia Clark ganha exposição singular no MoMa, em Nova York, que mostra as diversas fases de sua carreira. Intitulada “Lygia Clark: o abandono da arte, 1948-1988”, a exposição é dividida em três partes – abstração, Neo-Concretismo e do “abandono” da arte – que mostram os pontos focais do trabalho da artista. Cerca de 300 obras estão em exposição no museu e buscam linearmente apresentar o trabalho de uma das mais completas artistas brasileiras ao mundo. A produção apresentada vai de 1940 a 1988 e compreende as principais peças da artista. Os famosos objetos articuláveis estão lá e prometem fascinar os visitantes! A expo fica em cartaz até 24 de agosto. • 62


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COLEÇÃO PLATINUM - Turquoise63Dye - Inovação e Exclusividade


MODA DE RUA

PO LÊ MI CA

] a t s i v [à

Por Ana Clara Garmendia | Edição de Mário Araujo Mesmo com a vigilância permanente dos ambientalistas, as peles ganham as ruas nos dias mais frios do ano trazendo à tona discussões acaloradas sobre o tema. No time dos adeptos, as it-girls russas, como Miroslava Duma e Ulyana Sergeenko, e os fashion icons, como o blogueiro filipino Bryan Boy. Confira, a seguir, nossos flagras pelas ruas de Paris! 64


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uma D a v a l Miros 67


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Ulyana Sergee nko 71


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PONTO DE VENDA

Por Rafael Vita

Pop up store traz as últimas coleções da Chanel para a Côte D’Azur Pelo quinto ano consecutivo, a Chanel desembarca em Saint-Tropez, sul da França, com sua pop store de verão. Em seu endereço habitual, a La Mistralée, a maison preparou para essa temporada uma decoração toda especial inspirada na coleção Paris-Dallas, que estará disponível para os consumidores, assim como a ready-to-wear 2014, relógios, joias, produtos para a praia e de beleza. 76


Fotos Chanel

Elementos gráficos que fazem alusão à bandeira americana formam uma gigantesca mil-folhas no teto da loja que se movimenta com a leve brisa que invade toda a extensão do prédio. Colorida nas cores da coleção Paris-Dallas, navega por quatro diferentes grupos, que vão do bege ao marrom tijolo, do rosa antigo ao granada, do amarelo girassol ao preto e do branco ao preto. Esses grupos de cores também aparecem no chão e nas paredes, conectando assim todo o projeto arquitetônico do espaço classificado como um rodeio contemporâneo.

Para expor os produtos, grandes cubos de madeiras em formatos arredondados. Cada sala ganhou uma cor e uma coleção fazendo com que os consumidores passeiem por toda a loja. O start é dado com a artsy apresentada em Paris em setembro de 2013 e gran finale fica com os produtos de beleza e com a coleção de praia, que fica na área externa da casa, onde está localizada uma bela piscina. Tudo pensado para que o consumidor se divirta enquanto compra e ainda se sinta em casa. Se você passar por Saint-Tropez até outubro, não deixe de conhecer, pois promete ser bem bacana! Boas compras!!!


1949, Horst acerta luz e câmeras antes de ensaio fotogråfico

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CULTURA

PRO GRA ME -SE

Horst P. Horst toma as salas de exibição do V&A

Por Rafael Vita

Você já reservou passagem para ir a Londres em setembro? Caso negativo, não perca tempo, faça isso agora! Uma das exposições mais bacanas, daquelas que é fundamental para todo fashionista e admirador de uma boa fotografia ver, entra em cartaz no tradicional Victoria & Albert Museum. Estamos falando da retrospectiva do fotógrafo alemão, um dos maiores do século 20, Horst P. Horst (1906-1999). A expo, pensada não apenas para mostrar trabalhos conhecidos do fotógrafo, reunirá trabalhos raros e contará também com uma seção especial de inéditos. Alemão de Weißenfels-an-der-Saale, nasceu no meio das artes, já que seu pai era um marchant de sucesso na época. A aproximação desde cedo com artistas consagrados e novos talentos fez com que tivesse um interesse especial por tudo que fosse novo e avant-garde. Isso o levou para a universidade de Hamburgo e depois a Paris. 79


A ebulição artística da Cidade Luz nos anos 1930 foi fundamental para o desenvolvimento da carreira promissora de Horst. Lá conheceu o fotógrafo George Hoyningen-Huene, de quem se tornou assistente full time e modelo e amante part time. Esse relacionamento abriu as portas para que ele conhecesse grandes nomes da época e pudesse contribuir com seu olhar único com a moda.

Os Estados Unidos dá uma nova perspectiva ao fotógrafo, que se nacionaliza americano e é convocado para se alistar. Em 1943, torna-se fotógrafo oficial do exército, tendo a maior parte do conteúdo produzido nesse período publicado na revista das forças armadas Belvoir Castle. Em 1945, Horst fotografa o presidente Trumann, de quem se torna amigo. Daí em diante, todas as primeiras-damas são retratadas por Hurst.

Sua primeira publicação acontece na Vogue Paris em 1931. Uma página completa de anúncio na qual uma modelo segurava uma garrafa, assim começa a sua colaboração com as Vogues. No ano seguinte, faz uma exposição em Paris que é fortemente aclamada pela revista americana The New Yorker, lançando-o para a fama numa trajetória relâmpago.

Na década de 1960, influenciado por Diana Vreeland, passa a fotografar as personalidades internacionais da sociedade, que eram perfiladas por seu companheiro Valentine.

Um retrato de Bette Davis, a primeira das grandes estrelas que retratou durante toda sua vida, abre as portas para incontáveis celebridades nos próximos anos. Horst se torna o queridinho dos grandes nomes da época. Nessa nova fase, muda-se para Nova York e conhece Coco Chanel, de quem se tornaria colaborador por mais de 30 anos. Na Big Apple, em 1938, também conhece seu parceiro de vida, o diplomata inglês Valentine Lawford.

Sua última foto para a Vogue Britânica foi em 1991, mesmo ano em que faleceu seu cônjuge. A princesa Michael de Kent posa com joias da coroa para a publicação britânica. Apesar de ser bastante conhecido por seus retratos de atores, personagens da sociedade e fotos de moda, Horst também tem um trabalho único focado em arquitetura. Vale muito mergulhar nessa exposição e na história desse fotógrafo singular que contribuiu com a história da fotografia mundial. A TEXTIL MODA selecionou algumas imagens que estarão na exposição do V&A em setembro. Have a good show!!! 80

1987, Road the clock 1941, imagem de capa da Vogue americana 1939, Muriel Maxwell para a capa da Vogue América


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Fotos Victoria & Albert Museum


Fotos: Reprodução

PERFIL

WHY DON’T YOU? Por Rafael Vita

Diane Vreeland trouxe para a moda um jeito diferente de pensar com fortes imagens e questionamentos que ecoam até hoje

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Exótica, assim como suas modelos, foram suas matérias na publicação. Lugares fantásticos, profusão de cores, novas linguagens marcavam as edições da Vogue sob sua direção. Diana conseguia extrair a essência das pessoas que trabalhavam com ela, que ao mesmo tempo que a admiravam, a temiam, por seus hábitos exóticos e comportamento único. Diz a lenda que obrigava suas assistentes a usarem maxi joias com guizos, pois gostava de saber quando estavam por perto. Por gastar muito mais do que podia em cada edição da revista americana e por não fazer nada diferente do que tinha vontade, foi despedida da Vogue em 1971. Porém seu talento não ficou guardado por muito tempo.

Do tradicional baile de gala do Metropolitan Museum of Art, o MET, de Nova York, nos Estados Unidos, à coluna mensal Why don’t you?, da Harper’s Bazaar americana, entre 1936 e 1959, Diana Vreeland sempre provocou questionamentos e levou as pessoas a lugares jamais habitados. Filha de pai inglês e mãe americana, nasceu em Paris 1903, refugiando-se em Nova York por conta da primeira grande guerra. Figurinha carimbada da sociedade da época, casou-se com o banqueiro Thomas Reed Vreeland (1899–1966) em 1924, partindo em 1929 para Londres por conta da grande depressão americana onde ficou até 1935. Nesse período na capital inglesa, foi proprietária de uma boutique de lingeries, que tinha como clientes as principais figuras da sociedade local e vendia novas marcas garimpadas em Paris, como Chanel. De volta aos Estados Unidos, foi convidada por Carmel Snow, em 1936, por conta de seu estilo único de se vestir, para assinar uma coluna mensal na Harper’s Bazaar que foi batizada de Why don’t you?. Com textos autorais e polêmicos, alcançou fama e questionou o estilo das americanas, que não a agradava em nada. Em pouco tempo se tornou editora de moda da publicação e passou a colaborar com fotógrafos como Richard Avedon, que num primeiro momento se recusou a trabalhar com Diana, mas que depois se tornou um de seus maiores colaboradores. Em 1963, assume o cargo de editora chefe da Vogue. Era início dos anos 1960. Período de liberdade. Na publicação Diana alcançou os seus voos mais altos. Em parceria como os melhores fotógrafos da época, incluindo Avedon, lançou modelos como Twiggy, Veruschka e Cher, que não eram mulheres bonitas, mas que tinham o “que” a mais que ela sempre buscava. 83

Tom Hoving, encarregado de revitalizar o Metropolitan Museum of Art de Nova York, convida Vreeland para ser consultora do Costume Institute. Em pouco tempo, depois de revirar os arquivos do museu deixando os museólogos de cabelo em pé por tocar com as mãos em tudo, cria o conceito das exposições anuais, onde podia mostrar a moda em três dimensões, não em apenas duas como acontecia nas páginas das revistas. Música, cenários, odores, movimentos etc. foram incorporados às exibições que começaram a ser um acontecimento. Diana também criou um evento de abertura para cada uma delas, que hoje é um dos mais tradicionais do mundo da moda, o Baile do MET. Ao todo foram 14 exposições, com temas que foram de Balenciaga e Yves Saint Laurent a peças exóticas da dinastia chinesa Ching e do imprério austro-húngaro. Sua contribuição vai além, introduziu o high fashion para um público geral que desconhecia história de moda e atraiu a imprensa a falar sobre o assunto como forma de arte. Por acumular extravagâncias na vida e nunca se preocupar com dinheiro, Diana Vreeland morreu quase na pobreza aparada por seu fiel discípulo e editor de moda André Leon-Talley. Já suas imagens e contribuições para a moda nunca morrerão. Conheça mais sobre essa incrível personagem no: dianavreeland.com


TEC

Karl Lagerfeld e suas lições de engajamento

NOVOS caminhos Choupette

Por Rafael Vita

Durante a edição 2013 do WWD Apparel & Retail CEO Summit, que é uma conferência de dois dias na qual executivos falam sobre liderança e designers discorrem sobre suas carreiras, Karl Lagerfeld trouxe a toda uma questão muito recorrente nos dias atuais, principalmente quando se fala sobre mídias sociais e varejo: como engajar os consumidores.

Quem acompanha a carreira do Kaiser sabe que ele é capaz de criar essa mágica e muito mais. Os desfiles da Chanel vão muito além de simplesmente meninas entrando e saindo em uma passarela branca, só para citar os três últimos, que ocorreram em Paris (França) e Dallas (Estados Unidos), galeria de arte, estábulo e supermercado foram construídos para que as peças Chanel pudessem ser mostradas. Resultado, além de shows singulares, Lagerfeld provocou uma inundação de imagens na internet. Fotos reais que as celebridades e convidados fizeram nos cenários dos eventos e montagens desenvolvidas pelos adoradores da marca, que sonhavam em estar lá; logo, aconteceu o engajamento.

Baptiste Giabicone

Haider Ackermann

Além disso, Lagerfeld trouxe a produção de curtas para a casa divulgando os lançamentos em verdadeiros filmes, que podem durar apenas alguns segundos ou serem quase um longa-metragem. Lagerfeld é experto e sabe que precisa estar à frente de seu tempo. Para bombar no Twitter, por exemplo, não entrou como ele mesmo, mas criou um perfil para sua gata Choupette (@ChoupettesDiary). Além de milhares de seguidores, conseguiu matéria em todos os veículos relevantes ao redor do mundo e um buzz gigantesco ao redor assunto.

Na Chanel ele introduziu a tradicional casa de moda francesa para o ambiente digital. Trouxe, recentemente, uma das modelos mais conectadas para o front da casa. Cara Delevingne não só abre e fecha desfiles, como fotografa campanhas e anda com ele por aí, como grandes amigos. Assim, uma nova audiência passa a olhar a marca e, se essa moça tão cool é tão Chanel, por que não ela?

Aliás, quando o assunto é buzz para engajar, o designer é mestre no assunto. Multifacetado, ele ataca em diversas frentes profissionais. Com isso seu outreach é maior do que qualquer outra pessoa. E quando você pensa que ele vai parar, ele vem com outra novidade, que o coloca em evidência novamente. Quem não se lembra quando ele revelou em uma entrevista que Haider Ackermann seria seu possível sucessor na Chanel ou da overdose de exposição de Baptiste Giabiconi em desfiles e editoriais transformando o jovem simples do interior da França em um super modelo internacional.

Também nessa pegada, o relacionamento do Kaiser com as celebridades descoladas. Audrey Tatou, Vanessa Paradis, Lily Allen... só para citar alguns nomes, são figurinhas sempre presentes em desfiles e eventos da marca, bem como em campanhas de linhas especiais. Novamente, a marca se relacionado com o público desses perfis tão distintos.

Karl Lagerfeld não para e essa inquietude o projeta para o futuro. Além de um case, é um personagem a ser constantemente observado, pois, além de moda, é um grande mestre que tem muito a ensinar.

E ele não para por aí. Lagerfeld, que hoje é uma marca muito mais forte do que as que representa oficialmente – Chanel, Fendi e Karl Lagerfeld (sem citar as que ele colabora em ocasiões especiais) –, conseguiu assimilar as plataformas digitais e fazer uso delas da melhor maneira possível, e, o mais importante, sem se expor.

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Fotos: Reprodução

“Hoje, tudo o que é mostrado na TV e na internet é um grande show. Quando você tem um desfile com apenas meninas saindo da boca de cena e atravessando a passarela é ok para os fashionistas, que adoram isso, mas o público em geral fica entediado rapidamente. Eles precisam de um pouco de magia ao seu redor para prestar atenção”, destacou.


GASTRONOMIA

QUANTO MAIS FRESCO, MELHOR Corrente natureba prega o consumo consciente de alimentos ricos em nutrientes aliados a exercícios físicos Por Mário Araujo Ilustrações de Mariana Eller

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Na contramão da “gourmetização” que tem passado a cozinha brasileira nos últimos tempos, jovens bonitos e saudáveis vêm angariando uma verdadeira legião de seguidores nas mídias sociais, ávidos por dicas de alimentação saudável, que resulta em maior qualidade de vida e corpos mais atraentes. Fato facilmente explicável, já que o Brasil é um país bastante quente, com praias paradisíacas e com uma população que usa e abusa da pouca roupa. Além disso, o Instagram não requer muito esforço para ser compreendido, já que é uma espécie de álbum de figurinhas com legendas. Informação fácil, rápida e disponível 24 horas por dia.

Fotos: Divulgação

Porém, não é qualquer perfil que faz sucesso, mas os que atingem tal êxito colecionam milhares de seguidores que contribuem para o surgimento dessa nova onda que busca por alimentos saudáveis, orgânicos, ricos em nutrientes etc. Quase sempre o vegetarianismo ou o veganismo entra em questão, mas o consumo ou não de carne nem sempre é a abordagem desse grupo. A discussão principal é sobre a funcionalidade dos alimentos e como combiná-los melhor para retirar a quantidade de nutrientes necessários para suprir determinada necessidade para ações específicas ou simplesmente para ter uma vida mais saudável. Quase sempre, a boa alimentação está relacionada a exercícios físicos, defendidos por esses novos gurus como fundamentais para uma vida mais saudável. Então, eles mostram o que é interessante comer antes de uma corrida para dar mais energia e não acumular gordura, por exemplo.

Acima: Carol Buffara Ao lado: capa do livro Projeto Carol Buffara

Entre os muitos perfis interessantes, um chama bastante atenção tanto por sua determinação, quanto por seu cuidado com a informação: @carolbuffara. Com aproximadamente 300 mil seguidores (na data do fechamento dessa edição eram 297 mil), a empresária carioca conta sua rotina de alimentação e exercícios para manter um corpo saudável e bonito. Suas narrativas, que acabaram de virar livro – “Projeto Carol Buffara” –, tiveram início quando Carol resolveu que precisava fazer alguma coisa para perder seis quilos que lutavam em não sair de seu corpo. Com uma rotina de exercícios e alimentação balanceada, tudo acompanhado por profissionais super qualificados, conseguiu seu objetivo e transformou a “brincadeira” em um negócio super lucrativo.

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Tudo que Carol come e faz é acompanho por seus seguidores, que questionam, comentam, dividem experiências. É um verdadeiro exército em ação que fez lojas como a Mundo Verde, especialista em produtos saudáveis, crescer rapidamente nos últimos anos.

Bela Gil no estúdio de gravação do seu programa na GNT

“Os resultados de uma vida saudável vão muito além da estética. Antes de iniciar o projeto, nunca tinha estado muito acima do peso, cheguei a pesar no máximo mais 6, 8 quilos além do meu peso ideal. Achava que para ser saudável bastava não exagerar. Com isso abusava de adoçantes, refrigerantes e vivia burlando a academia. Quando descobri que uma dieta saudável e uma rotina prazerosa de exercícios podiam melhorar meu humor, minha concentração, minha energia, meu sono e ainda me deixar mais bonita e feliz, nunca mais quis outra coisa. É isso que eu quero que os leitores percebam, que uma barriga tanquinho ou uma perna bem torneada são muito bem-vindas, mas os maiores benefícios não são vistos nas fotos.”, destaca. Além de Carol, outros perfis como @lalanoleto, que mescla moda com exercícios, @lucasbernardini_oficial e seus famosos sucos ricos em nutrientes e @frangocombatatadoce e a alimentação para treinos andam fazendo muito sucesso e contribuindo para que a alimentação saudável continue em pauta na vida das pessoas. É ler, com moderação, e seguir as boas dicas que podem ser encontradas por ali.

Bela na cozinha! Uma das grandes novidades de 2014 do canal fechado GNT é o programa Bela Cozinha, no qual Bela Gil, filha do cantor, Gilberto Gil, faz receitas super saudáveis para seus convidados, amigos famosos que fazem parte da sua vida. No primeiro episódio, gravado em Nova York, Bela fala um pouco de sua formação na Hunter College e de seu aprofundamento em estudos de veganismo, vegetarianismo, ayurveda e culinária macrobiótica. O bacana é que apesar de todo esse embasamento teórioco, Bela não tenta convencer sua audiência a mudar nada, ela apenas apresentar pratos deliciosos ricos em nutrientes e explica a importância dos mesmos no nosso cotidiano. No programa de estreia, por exemplo, no qual recebe a atriz Fernanda Torres, que a despertou para a Ioga, e, consequen-

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temente, para uma vida mais saudável, desenvolve uma receita de macarronada caseira e explica que a pasta integral, apesar de ser mais calórica, mantém o corpo saciado por mais tempo, além de ser rica em nutrientes, fazendo assim o telespectador entender o porquê da escolha e não simplesmente engolir tal alimento é mais saudável e ponto. Produzida pela Conspiração filmes, a primeira temporada da série Bela Cozinha conta 14 episódios que foram mostrados de março a maio no GNT, sempre as segunda-feiras com reprises durante a semana. O programa ainda pode ser visto no canal em algumas reprises e trechos estão disponíveis em sua página web. Com o sucesso, com certeza terá segunda temporada!!! Para conhecer as receitas de Bela, acesse: gnt.com.br/belacozinha.


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EXPEDIENTE | Edição 5 – Mai-Jul de 2014 A TEXTIL MODA é uma publicação da R. da Silva Haydu & Cia. Ltda. Inscr. Est. 104.888.210.114. CNPJ/MF 60.941.143/0001-20. Projeto Editorial: Mário Araujo Projeto Gráfico: Mariana Eller Presidente executivo: Ricardo da Silva Haydu Diretora de redação: Clementina A. B. Haydu (MTB 0065072/SP)

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