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BRASIL DEZEMBRO 2015 – FEVEREIRO 2016 | # 8 | R$ 20,00
QUADRO DE INSPIRAÇÃO
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EDITORIAL
Por Tavinho Costa | Edição Mário Araujo | Styling George Krakowiak | Make Bruno Cardoso | Design gráfico Mariana Eller
A moda está em transformação. Os códigos de diferentes períodos se misturam e surgem repaginados, quase atemporais, num esforço mútuo, quase visceral, por evolução... Minimalistas, se adaptam às mais diferentes situações e adversidades, tornando-se híbridos e urbanos. Versáteis, dialogam com o presente e não camuflam a mulher que os portam. 2016 pede atitude e as roupas são meros acessórios de quem as portam. Então, a escolha desses objetos deve ser precisa e certeira para a mensagem ser forte e ecoar. 4
Marina Fiatconski & Ketlin Kruger apresentam
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Capa e abertura do editorial: Ketlin usa look total Tanden Atelier composto. Marina usa gola alta e trench coat Ben. Nestas pรกginas: ambas usam look total Ben e sandรกlias Camper.
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Ketlin usa blusa e saia Heloisa Faria e sandรกlia Camper. Marina estรก com blusa Puccini, trench coat Ben, saia Coven e sandรกlia Coven.
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Pรกgina oposta: trench coat e calรงa Pelican & Parrots e blusa Juliana Gevaerd.
Nesta pรกgina: polo Fred Perry, calรงa e casaco TopShop e sandรกlia Camper.
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Nesta página: trench coat acervo, top H&M, hot pants UV.Line, calça Frou Frou e sandália Camper. Página oposta: vestido Lovya e tênis Camper.
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Página oposta: Marina está com look total Ben e tênis Camper.
Nesta página: Ketlin usa jaqueta Adidas e casaco H&M.
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Nesta página: Ketlin usa look com casaco Pelicans & Parrots e cinto e calça Mara Mac.
Página oposta: Marina de blusa Amaro, saia Blue Steel e casaco Pelicans & Parrots. Tênis Camper.
REALIZAÇÃO Fotografia: Tavinho Costa | Assistentes de Fotografia: Fernando Lima e Pedro Marques | Concepção e edição: Mário Araujo | Edição de Moda e Styling: George Krakowiak | Make: Bruno Cardoso @ Capa MGT | Design Gráfico (Capa e editorial): Mariana Eller | Modelo: Marina Fiatconski @ Joy Model Management e Ketlin Kruger @ Ford Models | Tratamento de imagens: Image Touch | Locação: Távala 42 (São Paulo/SP) | Agradecimento especial: Giuliana Cruz e Ana Cabral.
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FIRST THOUGHTS
DESEJO EM CONSTRUÇÃO
Indústria busca caminhos para se manter viva no momento em que sua trajetória é posta em cheque e manifestos ecoam mundo afora Por Pedro Diniz
O fim da moda foi decretado várias vezes no século 20: após a eclosão das duas grandes guerras, no início dos anos 1990 e na ascensão das redes de fast fashion. Passados 15 anos do início do século 21, especula-se que a indústria da costura está fadada ao colapso. Esse discurso ainda é acompanhado de críticas à superficialidade das coleções apresentadas nas semanas de desfiles, fruto de uma possível falta de criatividade dos estilistas.
A história nos conta, porém, que todas essas previsões apocalípticas precederam mudanças substanciais na forma de se produzir, comprar e vestir a moda de um tempo. Nos anos seguintes à primeira guerra, o mundo respondeu com os “anos loucos” e um sentimento de festa interminável, e no final da década de 1940, findado o período de escassez de tecidos, com o retorno de um glamour esquecido em fotos de bailes do início do século. Mesmo as incertezas que acompanharam o medo da morte nos anos 1990, traduzido pelo vírus HIV e o consequente conservadorismo no modo de se vestir, e a velocidade assustadora das máquinas do grupo espanhol Inditex (dono da Zara), antecederam o consumo responsável, a noção de “menos é mais” aplicada à moda. É compreensível, portanto, o receio dos empresários e dos designers diante da imprevisibilidade do mercado, mas é a soma do imprevisto com a sombra da crise a força que estimula a mudança, palavra intrínseca à moda. Neste ano, a indústria mundial passou pelo estado de alerta, a ideia de que algo está fora do lugar. As recentes demissões voluntárias dos estilistas Raf Simons e Alber Elbaz das grifes Dior e Lanvin, respectivamente, foram amplamente discutidas, mas são, numa análise mais profunda, apenas o ponto de virada de uma novela que se arrasta há diversas temporadas. A voracidade das grifes em lançar seis coleções por ano – primavera-verão, pré-fall, outono-inverno, resort e duas de alta-costura – não acompanha o tempo de reflexão de uma mente criativa, seja a de um designer esperto, seja a de um medíocre.
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É compreensível, portanto, o receio dos empresários e dos designers diante da imprevisibilidade do mercado, mas é a soma do imprevisto com a sombra da crise a força que estimula a mudança, palavra intrínseca à moda.
Não há tempo hábil para criar tantas ideias, tantas silhuetas, tantos tecidos. Não é justo botar a culpa de toda a crise na falta de criatividade dos estilistas. Também é impossível para o consumidor, por mais rico e apaixonado pela marca, assimilar (e comprar) tanta “novidade” no volume necessário para a conta das empresas fechar no verde. A produção de roupas em uma escala menor pode ser uma alternativa no curto prazo, mas, ainda assim, o modelo criativo não se sustenta no contexto atual de consumo. O dinheiro está curto em todo o mundo, a recuperação econômica nos países do hemisfério norte ainda é lenta e, é consenso entre economistas, durará por muito tempo. Trocando em miúdos, as pessoas consomem menos, com muito mais parcimônia e inteligência do que em décadas passadas. Para além do esfacelamento do poder de consumo, talvez o fator mais importante nesse processo de redirecionamento da moda seja a mudança no estímulo do desejo. Se antes um estilista famoso e uma marca importante seduziam um grande número de pessoas, agora é a opinião de um núcleo de amigos, as chamadas “tribos”, que definem a compra. Esses grupos ainda não foram estudados por completo, são difíceis de identificar por sua variedade e a complexa equação de idade, contexto social, clima e gostos pessoais que os define. Em seis anos de cobertura de moda, sempre ouvi a mesma descrição das marcas de moda feminina para identificar a cliente-alvo. “Uma mulher contemporânea, que corre contra o tempo e preza por conforto no seu dia a dia.” O que deseja vestir uma garota de vinte e poucos anos no norte do país provavelmente será diferente do que deseja uma mulher de 40 no interior de São Paulo. Mas alguém duvida que ambas são contemporâneas, correm contra o tempo e querem conforto nessa corrida? Ao que parece, a grande roubada em que uma marca poderia se enfiar neste início de século é querer atender a mais de um perfil de consumidor. Uma etiqueta ou produz pouco de vários modelos para perfis diversos de cliente, mantendo uma logística inteligente de reposição de peças típicas do padrão fast fashion, ou deve gastar o fôlego num nicho específico de consumidor, acompanhando de perto suas oscilações de humor e desejos.
Lanvin para H&M (2011). Fast Fashion utiliza parcerias estratégicas com marcas de luxo para ampliar ainda mais sua base de consumidores.
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André Kherwald por Tavinho Costa para a TEXTIL MODA #2. A opinião de um grupo de amigos (tribo) agora é quem define a compra. Quanto mais exclusivo e único, melhor.
É preocupante ter ouvido de uma jornalista estrangeira, que cobria a última São Paulo Fashion Week, em outubro, que era notória a baixa qualidade dos tecidos desfilados. Em um período de crise, a última coisa que uma marca poderia fazer é comprometer o produto final.
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Não à toa, a internet virou um celeiro de pequenas marcas que atendem sob demanda para um público restrito. Esse modelo pode ser lucrativo se a marca conseguir entregar uma experiência de compra aprazível e eficiente para todo o país. Aquela marca indicada por seu amigo, que viu o nome no Facebook de outro amigo e consegue entregar uma moda compatível com o modelo estético preferido por todo o seu grupo de amigos, o influencia muito mais do que a grife usada pela top da temporada estampada no outdoor. Ironicamente, esse olhar mais íntimo para a roupa foi uma resposta do consumidor ao próprio sistema da moda, que saturou os shoppings, as revistas, as vitrines e a cabeça das pessoas com toda a sorte de tendências, modelagens e itens “tem que ter”, para citar o jargão fashionista. Pesa nessa visão embaçada sobre o novo mercado de moda a expectativa dos empresários. Os lucros exponenciais de outrora não condizem com a realidade da indústria e é preciso procurar soluções que mantenham a saúde da marca sem comprometer o produto. É preocupante ter ouvido de uma jornalista estrangeira, que cobria a última São Paulo Fashion Week, em outubro, que era notória a baixa qualidade dos tecidos desfilados. Em um período de crise, a última coisa que uma marca poderia fazer é comprometer o produto final. O consumidor não está mais disposto a engolir desculpas para um botão descosturado ou um fio solto na barra da blusa, e também não quer usar roupas que não lhe caiam tão bem – é conhecido o desajuste de medidas entre o produto nacional e o corpo do brasileiro. Todo problema ou satisfação com uma peça é registrada nas redes sociais. A moda não está morrendo, ela passa por um processo de limpeza estrutural, em que suas bases são testadas e definidas pelas pessoas numa velocidade tão rápida quanto o momento decisivo de optar entre o botão de “curtir” e o de “descurtir”.
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QUEM SOMOS
Bruno Cardoso Tudo começou quando aos 17 foi trabalhar em um salão na Galeria Ouro Fino, o Mundorama. Aí surgiu o interesse por moda. Logo, na sequência, começou a trabalhar com o Robert Estêvão, quando aprimorou o seu trabalho e adquiriu aptidão pelo novo. Sobre o trabalho com a TEXTIL MODA, destaca: “Adorei a atmosfera desse editorial que traz o minimalismo com esse toque gótico de ‘Fome de viver’”. Mário Araujo
Vivi Haydu
Fernando Tucunduva
Publisher
Designer
Julliane Silveira
Mariana Eller
Jornalista
Designer
Lívia Andrade
Débora Donadel
Nádia Pontes
Nicolas Calligaro
Rafael Vita
Jornalista
Fernanda Calfat Premiada com o segundo prêmio na 9ª Bienal Internacional de Roma por seu trabalho “GISELE”, Fernanda Calfat sempre traz referências fortes de arte nas imagens refletidas por sua lente. Seu trabalho exerce um fascínio forte no espectador, provocando observação, desejo e imaginação. Além de editoriais para revistas importantes como Vogue Brasil, Vogue Paris, Marie Claire Itália, Elle Brasil e Elle América, entre outras, look books e campanhas, Fernanda fotografa as semanas de moda no Brasil e no exterior, seja do pitch de fotógrafos ou nas ruas, onde registrou as incríveis imagens que você confere nessa edição da TM. Atualmente, mora em NYC.
George Krakowiak Despretensiosamente minimalista, George traz um olhar fresco e orgânico para a moda. Suas composições aparentemente simples, escondem uma base de pesquisa e conceito complexa que reflete um desejo atual, que é ao mesmo tempo contemporâneo e universal. Com composições neutras, seus personagens são cidadãos do mundo, assim como ele, plugados e multiculturais. Uma dica, siga seu Instagram!
Ketlin Krüger Modelo há pouco tempo, já trabalhou com grandes nomes da moda brasileira. Considerada uma das apostas da temporada de inverno 2016 pelo site referência FFW, vem se destacando, com vários bons trabalhos. Com apenas 18 anos, essa catarinense, descendente de alemães, busca crescer no meio da moda e, um dia, poder ser reconhecida por seu esforço. Ansiosa e inquietante, pratica exercícios para o corpo e para a mente, yoga e pilates, por exemplo. E para aliviar o estresse do dia a dia, usa o Muay Thai como refúgio e solução.
Marina Fiatconski Uma das modelos mais versáteis da nova safra e que mais trabalham, Marina tem apenas 17 anos e um book repleto de interpretações. Natural de Pato Branco, Paraná, participou de 12 desfiles na última edição da SPFW, além de ter sido destaque na edição de setembro da revista ELLE. Suas últimas campanhas foram: Coven e Giuliana Romanno.
37 02 Quadro de inspiração 38 04 Editorial | Vidas Secas 40 18 First thoughts | Desejo 43 em construção 44 22 Quem somos 24 Carta dos editores 50 26 Em Pauta | Novos hábitos de consumo 54 30 Saiba Mais | Covolan 59 31 Inovação | Jeans sustentável 34 Marketing | Politicamente correto 66 22
Tavinho Costa Fotógrafo
Jornalista e Revisora
Jornalista
Economista
Fotógrafo
Jornalista
Os de sempre
Para conhecer mais detalhes sobre a equipe da TEXTIL MODA, visite: facebook.com/textilmodamagazine
Pedro diniz Colunista da “Folha de S.Paulo”, o jornalista recifense é responsável pela cobertura de moda do jornal impresso e assina o blog “Peça Única”, hospedado no site da Folha.com. Foi repórter de suplementos do “Jornal do Commercio” (PE) e editor contribuinte da revista “Harper’s Bazaar”. Na Folha, seus textos costumam mesclar temas da indústria da moda sob o viés da cultura e do consumo. Nesta edição, analisa as mudanças no desejo do consumidor de moda.
TEC | Lectra 72 Logística | Distribuição 73 Ativismo | Moda suja 76 Infográfico | Burberry 78 Tendências 79 Internacionais | Feminino 80 Tendências 82 Internacionais | Masculino 83 Entrevista | Claudio Silveira 95 Cartela de Cores | Terra em transe 96 SPFW FW 2016 | Review 98
Trend | Moda no museu Preview | Verão 2017 Trend | H&M + Balmain Trend | Inhotim Trend | Fotografia e natureza Trend | Sem costura Trend | Time to be different Moda de Rua | Time to change Trend | Fúria da Sereia Perfil | Olivier Rousteing Guia da Textil
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behype.com.br
CARTA DOS EDITORES
Peter Brant Jr. e Harry Brant durante a temporada de Alta Costura SS 2013 em Paris. Foto: Ana Clara Garmendia
Indo contra a maré vigente da simplicidade e do discreto, a “H&M & Balmain” inundou de glamour as redes sociais, eventos e internet por seis meses até o lançamento mundial da coleção no dia cinco de novembro, sempre tendo as rainhas da TV americana (dinastia Kardashian-Jenner) no comando da #hmbalmaination, como foi chamado o movimento! A coleção foi vendida na internet em um minuto e nas lojas ao redor do mundo em poucas horas, sem contar o valor de branding da ação. Incalculável! Tapa bem dado na cara da indústria têxtil e de moda, que sempre retrai no momento de crise e dificuldade. Tudo isso para falar que essa edição da revista foi pensada para discutir os diferentes caminhos para se repensar a indústria têxtil e de moda e as diferentes ações possíveis para promovê-la, assim como seu crescimento sustentável.
Nada acontece por acaso. Estávamos discutindo os caminhos que iríamos tomar na edição da TEXTIL MODA número oito quando fomos surpreendidos pela notícia que o Première Vision São Paulo pularia a edição de verão 2017, pois o momento Brasil não era o mais indicado para se realizar um evento no país. Não é novidade para ninguém que a indústria têxtil brasileira sofre com o momento econômico, que as instituições que deveriam apoiá-la desenham um cenário catastrófico, que falta apoio governamental e que o momento não está nada favorável para sua expansão. O cenário internacional também não está nada diferente. Os anúncios das grandes marcas refletem essa mesma visão. O cinza intenso levou a opulência e trouxe um normcore mesclado com uma estética a la Wes Anderson. A riqueza foi substituída pelo cimento queimado, o surrealismo pelas cidades, os sonhos pelas realidades. Tudo ficou meio alienado. Vivemos um período sem emoções. No entanto, contrariando toda essa movimentação, a mais desconhecida e inacessível das massas marca de alto luxo, a francesa Balmain assinou um contrato com a H&M como convidada para sua parceria anual e, junto com seu exército de celebridades populares, num ato de democratização da moda proclamou: “couture para todos”!
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Já na capa, o logo escorre para fora como se ele não coubesse, estivesse sufocado, precisando respirar, deixando a MODA sozinha para ser alimentada de novas ideias. As modelos, serenas, trazem o olhar do novo, do fresco, a mente aberta para inúmeras propostas que vão surgir ao longo da publicação. Olhar para o novo sem esquecer o passado não é fácil, mas é tarefa habitual no universo da moda. Dos ateliers de alta costura às tecelagens, pesquisar o passado para construir o futuro é o exercício mais corriqueiro possível. Assim são feitas as pesquisas para as coleções, assim são produzidos alguns tecidos... Esse olhar pelo novo passa pelo crescimento sustentável e pelas novas formas de consumo que estão surgindo com as novas gerações que pesam outros fatores para decidir a compra, como questões relativas à sustentabilidade, entre outras. Fechamos a edição, alguns diálogos superinteressantes. Conversamos sobre o autoral, sobre cópias, que criaram raízes no Brasil e insistem em ficar aqui e ainda querem ser chamadas de originais, e sobre cores, que pintam as doces montanhas de Minas Gerais. É isso! Boas reflexões!!! Mário Araujo e Mariana Eller
Transformando Moda em Arte CanatibaLAB é uma iniciativa que estimula a cadeia têxtil, sempre em busca de talentos para explorar os limites do denim e da criatividade, um compromisso com mais de 45 anos de história, de uma empresa que se mantém sempre olhando para o futuro.
canatiba.com.br
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EM PAUTA
Roda mundo, roda-gigante, rodamoinho, roda pião Novos hábitos de consumos são necessários para manter a roda-viva do capitalismo girando Por Mário Araujo | Fotos Divulgação
Em diversas partes do mundo especialistas discutem como lidar com um dos maiores problemas dos dias atuais, o consumo excessivo e todas as consequências geradas por ele, como poluição, destruição de rios e florestas, extinção de recursos não renováveis, produção massiva de lixo e lixo tóxico etc. Em apenas 30 anos, o mundo consumiu 1/3 de toda as suas riquezas e matérias-primas não renováveis e se continuar nesse ritmo em pouco tempo verá seus recursos esgotados. Uma mudança de comportamento é necessária para que o planeta volte a viver em harmonia e que seus recursos, fundamentais para a manutenção da indústria, da economia e da vida na Terra se perpetue por muitos séculos garantindo a sobrevivência por aqui. A mesma indústria que criou inúmeros artefatos para estimular o consumo hoje busca meios de chamar a atenção dos cidadãos globais para as macro questões e transmitir novos conceitos. A agência americana pesquisadora de tendências
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Box 1824 criou o movimento Lowsumerism, que estimula o consumo do que é apenas necessário e produziu um impactante vídeo que viralizou na internet chamado “The Rise of Lowsumerism”, mostrando a indústria do capitalismo versus a sua consequência ambiental e o que pode acontecer no futuro. Organizações importantes como o TED, que é uma entidade sem fins lucrativos dedicada à difusão de ideias, geralmente na forma de conversas poderosas e palestras curtas (de 18 minutos ou menos), e o World Economic Forum, cuja sua principal reunião acontece todo mês de janeiro na cidade Suíça de Davos, vêm discutindo questões sobre o futuro das elites econômicas e do planeta. Como esses dois campos tão díspares e aparentemente antagônicos podem caminhar juntos? Uma empresa “verde” pode ser rentável? Aí entra um outro aspecto muito importante que talvez seja um novo momento na evolução da história do consumo, como os diversos apontados pela Box 1824 no vídeo Lowsumerism. É necessário haver uma mudança de comportamento, de hábito, de entendimento. É necessário passarmos do ciclo fast fashion para um próximo, mais evolutivo e com menos descartes.
A velejadora britânica Ellen MacArthur é uma defensora do conceito da economia circular
E isso é bastante possível. Pesquisa recente do MSLGROUP sobre os millenials, jovens nascidos a partir dos anos de 1980, revela que questões relativas à sustentabilidade, como onde o produto foi feito, que material foi usado, se teve impacto ambiental, entre outros fatores, determinam muitas vezes sua opção de compra. Então, começa a existir espaço, mesmo que pequeno, em um novo grupo que está se formando de cidadãos globais, que não se importariam em pagar mais, desde que os produtos cumpram com o seu papel. “A verdadeira oportunidade é a demanda contínua do consumidor. E a geração millenials está mostrando que há um mercado. Quanto mais ela exigir, mais as mudanças nos negócios acontecerão. Agora, o mercado está exigindo sustentabilidade. Tarefa fácil.”, destaca David Katz, fundador e CEO da The Plastic Bank, no estudo A Chance for a Change, the Tipping Point for a Sustainable Business, do MSLGROUP.
É necessário passarmos do ciclo fast fashion para um próximo, mais evolutivo e com menos descartes.
Economia Circular Como uma solução para a economia linear, surge o conceito de economia circular, aquela em que a empresa não venderia mais seu produto, mas o disponibilizaria para os consumidores por um certo período de tempo para uso mediante a uma taxa de pagamento. Isso faria com que as empresas criassem produtos melhores, mais duráveis e fossem responsáveis por seus próprios descartes. A proposta é bastante interessante se analisarmos principalmente as fontes de recursos naturais não renováveis. Ao ter o controle dos produtos, sabe-se onde eles estão e é possível reutilizá-los em novos produtos, não precisando esgotá-los da natureza. A velejadora britânica Ellen MacArthur é uma defensora do conceito. Em sua participação no TED em um vídeo filmado em março de 2015 intitulado “The surprising think I learned sailing solo arounf the world” ela divide com a plateia a sua paixão pelo mar e como chegou à conclusão que deveria parar de velejar e lutar pelo futuro do planeta e que a economia circular era a solução para a manutenção do planeta e de seus recursos naturais.
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Sharing Economy Baseado no conceito de compartilhamento de recursos, nasceu o conceito de Sharing Economy e vários serviços de bastante sucesso, principalmente ligados a serviços, como o AirBnB e o Uber, que proporcionam experiências singulares a um preço que o consumidor gostaria de pagar. O problema aqui, como destacam muitos dos críticos ao sistema, é que você não apaga o desejo de compra, não muda o comportamento, apenas alterna a forma. Porém, não agride o meio ambiente. Quando olhamos a sharing economy mais de perto, observamos um novo padrão de consumo da geração millenials bem diferente das outras. Para eles, mais importante do que possuir o objeto em si, é ter uma boa experiência. Por isso, talvez, essa nova forma de comércio seja tão exitosa, assim como essas lojas de aluguel de roupas e acessórios supercaros, nas quais é possível usufruir, por algumas horas, de um relógio Rolex, por exemplo, ou o último lançamento da Chanel.
expressão. As roupas são códigos de comunicação importantíssimos que apontam o desejo de uma época, de um contexto. Ler e interpretar esses sinais de forma inteligente é tarefa árdua e sábia. É nesse momento em que é possível ver se a empresa ou marca realmente faz o que prega, se representa seus consumidores, se inova etc. O futuro está na mão de quem o constrói. Por isso, é necessário colocar os times de criação para pensar em soluções que possam ao mesmo tempo reduzir impactos, produzir moda e não prejudicar o planeta, seja uma tecelagem, uma empresa de high fashion ou uma fast fashion. Soluções existem, mas é necessário comprometimento das empresas do setor e pesquisa para que a inovação saia dos laboratórios e chegue aos consumidores.
O mundo está mudando, o mundo está se transformando. Se antes um designer ficava 10, 15 anos em uma casa de moda, hoje ele fica dois, três, no máximo. A velocidade com que o mundo se transforma pede soluções rápidas, mas soluções inteligentes, que não afetem o meio ambiente e não o agridam. A moda é um importante instrumento de comunicação, de
Olhando À frente
Fundada em 1969, a Natura é uma das poucas empresas brasileiras que carregam em seu DNA uma história verde e práticas de poderíamos chamar de pré-economia circular. Já na década de 1980, a empresa havia lançado o tão conhecido método de refil de seus produtos, uma maneira inteligente e econômica de poupar materiais e embalagens, sem contar a produção de descartes. Nos anos 2000 a empresa lança a linha Ekos focada na sociobiodiversidade brasileira.
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Em 2013, a companhia lançou um documento com a sua visão de sustentabilidade focada em três pilares: marcas e produtos, gestão e organização e nossa rede. Nele estabelece diretrizes estratégicas para a construção de um impacto positivo até 2015 para todos os negócios, bem como ambições e compromisso até 2020 para a marca Natura. Todos os compromissos e ambições foram calculados em relação ao ano de 2013, com exceção dos que dizem respeito à região da Pan Amazônica, traçados em relação a 2010, e para a Redução Relativa de Emissões de Gases de Efeito estufa, estabelecidos em relação a 2012.
EXPANDA SEUS CONCEITOS SOBRE ELASTICIDADE EM TECIDOS.
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SAIBA MAIS: POLÍTICA DE QUALIDADE
Qualidade com sustentabilidade A Covolan destaca-se no mercado nacional e internacional como uma das empresas que mais cresce e investe em tecnologia e qualidade com sustentabilidade Ilustração Mariana Eller
A Covolan Têxtil tem como meta e objetivo contribuir para o desenvolvimento sustentável, promovendo a melhoria contínua de seus processos, qualidade e produtividade, reduzindo o consumo de recursos naturais e minimizando a geração de resíduos, sempre atendendo à legislação aplicável e às exigências dos clientes.
A certificação STeP, acreditada pela Associação Internacional OEKO-(ISO 9001+ ISO 14001) da Covolan Têxtil, é a combinação de processos, procedimentos e práticas adotadas pela empresa, para implementar suas políticas e atingir seus objetivos de forma mais eficiente, integrando as operações e processos da fábrica.
Certificada pela DQS do Brasil, órgão certificador do Sistema de Gestão Integrado, que abrange as normas ISO 9001 e ISO 14001, a preocupação pela qualidade e sustentabilidade não se resume a essas conquistas.
A Covolan também possui outras certificações internacionais como o OEKO-TEX® Standard 100, que se refere a um sistema de ensaio e certificação independente para produtos têxteis em bruto, intermediários e finais de todas as etapas de processamento. As verificações de substâncias nocivas OEKO-TEX® orientam-se pela utilização real do tecido têxtil. Quanto mais intensamente um produto entrar em contato com a pele, mais rigorosamente têm de ser cumpridos os requisitos que garantam a segurança da saúde humana e ecológica.
A companhia é a única empresa brasileira do segmento têxtil a obter a certificação internacional STeP (Sustainable Textile Production ou Produção Têxtil Sustentável), um selo concedido pela OEKO-TEX® somente para as empresas de excelência, em nível mundial, no que se refere aos processos de produção, qualidade, meio ambiente e sustentabilidade, assim como responsabilidade social, a partir de complexos critérios de avaliação.
A CERTIFICAÇÃO Através desta certificação a Covolan garante o monitoramento constante de todos os processos e documentações legais, locais e internacionais nas áreas de: • Gerenciamento Químico • Performance Ambiental • Segurança de Trabalho • Responsabilidade Social • Gerenciamento do Meio Ambiente • Gerenciamento da Qualidade
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Por meio da certificação OEKO-TEX STeP, a Covolan afirma: • Nossos tecidos não possuem substâncias tóxicas • Controlamos danos ao meio ambiente • Nossa fábrica trabalha com segurança • Trabalhamos com responsabilidade social • Gerenciamos e garantimos nossa qualidade
INOVAÇÃO
INOVAÇÃO DÁ CARA SUSTENTÁVEL AO TRADICIONAL JEANS Processos cada vez mais modernos garantem uma produção com menos água e resíduos Por Nádia Pontes
Em 1873, o setor têxtil estava prestes a viver uma revolução movida a lonas e rebites. Essa espécie de prego de metal, usado para fixar até asas de avião, garantiu inovação e durabilidade à peça patenteada naquele ano por Levis Strauss: a calça jeans. Foi assim que esse artigo de vestuário entrou para a História e nunca mais saiu do guarda-roupa.
Modelo com look produzido com tecido Carbolumen da Vicunha verão 2017
Naquela época, a invenção foi impulsionada pelo pedido especial de um cliente. A missão era produzir uniformes resistentes para trabalhadores das minas próximas a Reno, no estado norte-americano de Nevada. Diante do desafio da encomenda, o alfaiate Jacob Davis pediu socorro a Levi Strauss, o vendedor alemão de tecido que imigrara para os Estados Unidos em busca de fortuna. Juntos, Strauss e Davis aparecem como os inventores do modelo da calça jeans no Escritório de Marcas e Patentes dos Estados Unidos. A sustentabilidade dos negócios estava em conseguir a matéria-prima a bom preço, mão de obra de qualidade e abastecer o mercado regional – espantosamente, a peça criada por Levis só começou a ser vendida em todo o país depois de 1950, quase 80 anos depois de sua invenção. Se Levis e Davis estivessem na ativa nos dias de hoje, não entenderiam muito da revolução que se seguiu: máquinas de alta tecnologia ocupam fábricas espalhadas pelo mundo, processos mais eficientes poupam recursos naturais e matéria-prima, produtores correm para atender consumidores ávidos por novidades e que trocam de guarda-roupa muito mais rápido. Ao longo desses mais de 160 anos, a preocupação com a sustentabilidade dos negócios passou a considerar também o meio ambiente e as pessoas envolvidas no processo de produção.
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A tecnologia aplicada a nanopartículas ajudou a Riachuelo a reduzir o consumo de água, vapor e gás. Dentre as medidas está o uso do laser que, além de imitar os efeitos de uma estampa, substitui o processo manual de lixar e puir a peça. Já o ozônio é usado para retirar a goma do tecido cru, faz a limpeza a seco da peça quando existe a migração de pigmento.
“Apostamos em iniciativas do dia a dia que, juntas, reduzem de forma significativa o impacto ambiental ao longo do processo produtivo”, pontua a Vicunha, uma das maiores indústrias têxteis do mundo. Fundada em 1967, a empresa atualmente lidera a produção de índigos e brins, mantém unidades em São Paulo, Ceará e Rio Grande do Norte. Segundo a Vicunha, há mais de uma década a empresa adota medidas para diminuir o impacto de sua produção no meio ambiente. Todos os anos, mais de 15 milhões de toneladas de lixo são separados num processo de coleta seletiva. A principal matéria prima, o algodão, também é usado de forma eficiente: 450 toneladas de restos que iriam para o lixo passam por um processo de reciclagem.
Menos é mais Na outra ponta, quem leva o produto pra casa, muitas vezes, quer saber mais do que o preço na etiqueta. “Com o consumidor cada vez mais exigente, quem não se reinventa ou não se preocupa com as novas demandas do mercado, tende a ficar para trás. Neste sentido, preocupações como responsabilidade socioambiental e desenvolvimento sustentável estão entre as principais pautas do nosso trabalho”, completa a Vicunha. Para a Riachuelo, uma das maiores no mercado nacional na produção de denim e parte do Grupo Guararapes desde 1979, o conceito de sustentabilidade está bem definido: “Produzir peças de moda, duráveis, com qualidade e baixo impacto ao meio ambiente.”, afirma Marcelo Araújo Machado, diretor industrial da empresa em Fortaleza. Com a produção de 10 milhões de peças por ano, o uso racional da água é uma das prioridades da Riachuelo: depois do processo de lavagem, cerca de 75% da água é reutilizada. A Vicunha também trabalha com números parecidos, com uma taxa de reutilização de 70%, o equivalente a 50 milhões de litros por mês. “Nas últimas décadas, a introdução de processos mais limpos e inteligentes trouxe grandes avanços na indústria têxtil. Além do melhor aproveitamento e economia de recursos naturais, tivemos ainda a criação de tecidos cada vez mais performáticos e inovadores”, explica a Vicunha.
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“Decidimos por produtos químicos biosustentáveis. Eles fazem em um mesmo banho diversas etapas do processo com pouca água, se comparado ao processo convencional”, diz Marcelo Araújo Machado. Segundo ele, a economia de água chega a 75%.
Do algodão ao plástico Fundada no ambiente criativo de Amsterdã, a G-Star abriu suas portas em 1989 e inovou ao trazer o lixo plástico despejado nos oceanos para sua linha de produção. Em parceria com a confecção Bionic Yarn, que também pertence ao artista Pharrell Williams, lançou em 2014 a primeira coleção de peças jeans feitas com fibras do plástico retirado do mar. “Nós queremos fazer um mundo melhor com um produto melhor. Atingir a sustentabilidade sem sacrificar a qualidade. Essa é a visão que motiva toda a inovação que nós chamamos de BIONIC”, justifica a Bionic Yarn, que produz dois tipos de fibras a partir do plástico. O lançamento da primeira linha produzida pela G-Star Raw for the Oceans foi em 2014. Em sua terceira coleção, a iniciativa já teria retirado do mar o equivalente a 2 milhões de embalagens plásticas. Um dos idealizadores da campanha é Shubhankar Ray, diretor global da G-Star, um cientista que se aventurou no mundo fashion. Ele deixou os laboratórios de química para trabalhar justamente na inventora da calça jeans, a Levis. Passou por empresas como Caterpillar e Camper até chegar na holandesa G-Star. “Nós provocamos um grande impacto usando uma peça de vestuário universal, que é o jeans, e amplificando esse impacto com Pharrell. Diferente de várias iniciativas de sustentabilidade, nós criamos as condições para fazer negócios. É um produto com um propósito”, disse em entrevista recente. Agência Fotosite/Divulgação
Pharrell Williams usa look G-Star RAW
Conflito de processos Apesar dos avanços tecnológicos e mudança de mentalidade nos últimos anos, o setor têxtil ainda vê grandes desafios para diminuir o impacto da produção no meio ambiente. Para Machado, uma etapa em especial exige mais investimentos em pesquisas: o setor de lavanderia, com a renovação de equipamentos cada vez mais eficientes. “De processo e de consumo de energia”, adiciona. No cenário internacional, algumas inovações já mudaram a maneira como empresas fazem a lavagem para dar o acabamento do jeans. A portuguesa Pizarro, por exemplo, é dona do processo Ecowash, que aboliu o uso da água. Além do laser e do ozônio, já utilizados pelo Grupo Guararapes, os portugueses da Pizarro contam com a tecnologia que batizaram de Icelite. O equipamento inovador usa o gelo como recurso para efetuar a lavagem de peças de vestuário. Em vez de água, esse mecanismo de lavagem e desgaste transforma CO2 em gelo. O cliente que opta por esse processo ainda precisa pagar um pouco mais caro. “Cada vez mais as pessoas querem processos sustentáveis. A questão é: a que preço? Nós temos dados passos para que seja mais aproximado do processo tradicional e que não haja uma discrepância tão grande”, afirma Vasco Pizarro, diretor comercial.
Além do melhor aproveitamento e economia de recursos naturais, tivemos ainda a criação de tecidos cada vez mais performáticos e inovadores
A empresa produz parte da energia consumida em painéis solares instalados em sua fábrica em Guimarães, norte de Portugal. O próximo passo rumo à sustentabilidade é implantar um projeto de 1,5 milhão de euros: um sistema que vai captar o CO2 emitido pelas caldeiras da fábrica e transformar o gás em gelo, que move o método Icelite. “Quando isso acontecer, o processo tradicional, pela primeira vez, ficaria mais caro que um processo ecológico. Seria uma grande vitória”, confessa Vasco Pizarro. No Brasil, mesmo diante do cenário de instabilidade econômica, as maiores empresas do setor dizem manter investimentos constantes na modernização do parque industrial, na implantação de tecnologias de ponta e na qualidade. A Vicunha afirma que essa é uma de suas maiores preocupações. “Em 2013, completamos um ciclo de 5 anos de investimentos contínuos em maquinários novos, de maneira a tornar nossos artigos ainda mais competitivos no mercado, com o melhor custo benefício possível”.
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MARKETING VERDE
POLITICAMENTE CORRETO Com consumidores cada vez mais atentos e exigentes, as empresas mergulham na “ecoera” para ganhar mercado. Será que elas estão preparadas para esse desafio ou é simplesmente pura jogada de marketing? Por Julliane Silveira | Design Fernando Tucunduva
A sustentabilidade está na moda. O trocadilho é irresistível, porque o tema é um dos mais abordados na mídia e nas rodas de conversa de todos os setores – e não é diferente, claro, no universo têxtil. Basta observar as semanas de moda ao redor do mundo. As “Fashion Weeks” de Londres, Paris, Berlim e Nova York apresentam eventos paralelos para tratar do assunto – respectivamente, a Estethica, o Ethical Fashion Show, o Green Showroom e o The Green Shows. A Esmod Berlin, tradicional universidade alemã de moda, criou o primeiro curso de mestrado em moda sustentável. No Brasil, também pipocam cursos e workshops que pretendem se debruçar sobre formas e meios de tornar a cadeia têxtil mais sustentável. Em um setor regrado pelo consumo e pelo desenvolvimento de novos produtos, parece um paradoxo pensar em vias mais sustentáveis de produção. Em alguns casos, é mesmo: “Existe um número crescente de empresas que efetivamente vêm mudando todo o seu processo e sua filosofia empresarial no caminho da sustentabilidade. Mas ainda há um número grande de empreendedores se utilizando disso para marketing”, diz Dorli Therezinha Martins, consultora do Sebrae São Paulo. “O movimento ainda é tímido no setor têxtil. O empresário pensa em usar algodão natural, por exemplo, porque vai contribuir nas vendas, mas ainda falta a mudança de comportamento”, acrescenta Dorli. Mudança de comportamento é um termo bastante complexo quando se trata da cadeia de produção de tecidos e roupas. É preciso pensar em matérias-primas renováveis; redução de insumos, como água, energia e substâncias químicas; menor desperdício na produção e no consumo final e melhores condições de trabalho para todos os envolvidos – este último, um assunto recheado de polêmicas. “No Brasil, as condições de trabalho ainda são o maior problema quando o assunto é sustentabilidade na indústria têxtil. Os fornecedores das grandes redes de varejo são confecções que terceirizam a costura e é difícil haver um monitoramento sistemático das grandes empresas em relação a seus prestadores de serviços”, alerta Regi Magalhães, diretor do Uniethos, instituição de pesquisa empresarial e acadêmica nas áreas de sustentabilidade e responsabilidade social.
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A produção segmentada favorece esse tipo de problema. Grandes redes já foram publicamente criticadas por adquirir peças de pequenas empresas que não garantiam os direitos de seus trabalhadores. Nos últimos anos, Zara, M.Officer e Renner, por exemplo, já tiveram de prestar contas ao Ministério Público do Trabalho, em São Paulo, sobre as condições dos trabalhadores nas pequenas confecções contratadas. CONSUMIDOR A transformação da cadeia é bastante complexa, mas a mudança de comportamento do consumidor também é vista como parte da solução. “A escolha de um produto no Brasil é ainda feita pelo preço”, argumenta Regi Magalhães. Em contrapartida, observa-se um movimento, ainda que lento, de compradores que também priorizam produtos socialmente relevantes. “Levantamentos mostram que o consumidor está disposto a pagar até 10% a mais por um item mais sustentável”, afirma Dorli Martins. De olho neste nicho, algumas empresas já despontam com diversas soluções no Brasil. Entre elas está a Camisaria Polo Salvador, que utiliza garrafas PET como matéria-prima para produzir sua malha. “A empresa assume um diferencial competitivo interessante, pois se destaca no cenário econômico como uma ‘empresa verde’. Isso não deixa de ser uma ferramenta de marketing, pois há uma verdadeira carência de pequenos fornecedores com efetiva preocupação com o meio ambiente”, diz o proprietário Hari Hartman. A redução de custos também é atrativa. De acordo com o trabalho feito com 690 empresas pelo Sebrae-SP, a implementação de uma cadeia produtiva mais sustentável gerou redução de 30% na conta de energia e de 25% na conta de água.
NÃO É SÓ MARKETING Cases de sucesso em que a preocupação com uma cadeia sustentável é real | CAMISARIA POLO SALVADOR Há 20 anos no mercado, a empresa passou a se preocupar de forma efetiva com uma produção mais sustentável a partir de 2008. Com capacidade para 2 mil peças e uma linha de camisas feitas com 50% de poliéster de garrafas PET, a camisaria conta 37 ações de sustentabilidade, desde a geração de energia a partir de placas fotovoltaicas e captação de água da chuva para reúso, até a instalação de máquinas mais eficientes e estímulo ao uso de bicicletas. A empresa estima uma redução de consumo de 90% de água e de 30% de energia elétrica.
| ADIDAS A indústria alemã lançou no Brasil, em junho de 2015, o Pegada Sustentável 2.0, programa de logística reversa para promover o descarte correto de roupas e calçados esportivos, reduzindo os impactos ambientais. A iniciativa esteve disponível em 41 lojas-conceito da marca até o final daquele mês e ofereceu 15% de desconto por produto recolhido na aquisição de uma nova peça. Os itens usados tiveram três tipos de destino, de acordo com o estado de conservação: reciclagem – aproveitado para fazer outra peça; reúso - higienização e retorno ao mercado de roupa usada; e geração de energia – a roupa é transformada em combustível, servindo para alimentar fornos de cimento. A empresa é a terceira mais sustentável do mundo, segundo a lista “The
Global 100”, divulgada no World Economic Forum de 2015 pela Corporate Knights, publicação canadense especializada em responsabilidade social e desenvolvimento sustentável. | OSKLEN Conceitos sustentáveis sempre fizeram parte da marca de Oskar Metsavaht. Desde 2012, porém, a proposta da marca ficou mais clara com o projeto “Traces”, criado em parceria com o Instituto E, o Ministério do Meio Ambiente da Itália, o Fórum das Américas e o Senai-Cetiqt. Durante seis meses, especialistas de todas as instituições rastrearam a pegada de carbono e os impactos ambientais de seis materiais usados pela Osklen: algodão orgânico, algodão reciclado, couro de pirarucu, juta da Amazônia, malha PET e seda orgânica. Desde então, as
roupas da marca possuem uma etiqueta com a ficha técnica de sua produção, que traz informações sobre o cultivo da matéria-prima, as condições sociais de produção e os impactos causados no meio ambiente. | DAMYLLER A fábrica catarinense de jeans segue uma tendência do seu segmento e, desde meados de 2014, utiliza maquinário mais eficiente para reduzir o consumo de água na produção. Uma máquina de ozônio importada da Espanha dispensa o uso de 952 quilos de produtos químicos em um mês – que, antes, eram usados para promover a lavagem do índigo. A tecnologia do equipamento também promove uma economia mensal de 3,3 milhões de litros de água.
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VERDADEIRAMENTE SUSTENTÁVEL
O Uniethos fez uma lista de estratégias que devem compor a agenda de sustentabilidade do setor têxtil. Veja as mais importantes:
Água:
maior eficiência e reuso do insumo na fabricação, no cultivo das matérias-primas e nas práticas de lavagem.
Energia:
maior eficiência no consumo e no controle de emissões de gases de efeito estufa durante a produção, transporte e distribuição.
Químicos:
diminuir uso de produtos químicos perigosos e boas estratégias de destinação de resíduos.
Mão de obra:
como todas as etapas de produção da cadeia têxtil faz uso intensivo de trabalhadores, é preciso garantir boas condições de trabalho e o cumprimento das leis.
Novos produtos:
durabilidade e possibilidade de reciclagem devem fazer parte das características dos novos produtos.
Modelo de negócios:
estratégias voltadas para o longo prazo e relações comerciais mais estáveis entre empresas e fornecedores, que garantam investimentos em novas tecnologias e qualificação profissional contínua. Agência Fotosite/Divulgação.
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TEC
NO CONTROLE PLM da Lectra é essencial para garantir crescimento sustentável e diminuir o ciclo de produção no mercado da moda Por Mário Araujo | Foto Lectra
Cada vez mais cresce quem investe, quem se organiza, quem estuda, quem diminui ciclos. Flávio Rocha, presidente da Riachuelo, sempre destaca em seus speeches sobre a história de sucesso da companhia a importância de ter ido para Harvard e mergulhado no case Inditex, aka Zara, sobre como a conectividade de departamentos, nesse caso específico citado – confecção, logística e finanças – fez com que ele conseguisse ganhar ritmo de produção e diminuísse seus ciclos para incríveis 10 dias, menor que da empresa espanhola, que é de 14, conseguindo levar para as suas lojas uma coleção fast fashion em tempo recorde. Resultados incríveis só alcançados graças à conectividade entre departamentos. Para que isso aconteça de uma forma eficiente e sem erros, softwares como o Product LifeCycle Managment da Lectra, que cuidam do gerenciamento do ciclo de vida dos produtos, são fundamentais, pois eles controlam toda a cadeia produtiva, da entrada dos croquis à saída dos pro-
dutos finais, bem como fornecem materiais estatísticos que podem ser utilizados em outros programas para criar novas coleções, analisar as vendas etc. Como normalmente em um processo de produção muitas pessoas estão envolvidas e alocadas em locais diferentes ou até mesmo países diferentes, o PLM integra essas pessoas sob uma mesma plataforma e as coloca na mesma linguagem seguindo as mesmas regras e orientações. Se uma informação é alterada, todos ficam sabendo. Então erros deixam de existir, facilitando a informação. Por exemplo, se um prazo é alterado, toda a cadeia é reprogramada. Outra vantagem do PLM para moda é o monitoramento dos fornecedores. Com ele é possível monitorar prazos, qualidades, cruzar dados, manter um histórico etc. Quanto mais você conhece o PLM, mais você consegue extrair funcionalidades dele. Completamente customizado às necessidades da empresa, pode virar um aliado de peso para o seu sucesso e um banco de dados importantíssimo na produção.
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LOGÍSTICA
A indústria de varejo de moda exige agilidade nas entregas e é necessário avaliar quando é viável contratar um operador, quando é melhor ter a própria operação Por Lívia Andrade | Ilustrações Mariana Eller
O desafio da distribuição Num mundo globalizado, a distribuição de roupas é um constante desafio. As empresas desenvolvem o produto em um país, fabricam em outro e, muitas vezes, comercializam em um terceiro. Tudo depende do câmbio, do custo e da legislação e de questões tributárias dos locais envolvidos. A Nicoboco – marca brasileira de roupas do segmento de surf, street e sport wear – é um exemplo. A empresa desenvolve seus produtos no Brasil, mas o local de produção das peças varia de acordo com as condições macroeconômicas. “A coleção inverno será feita no mercado interno, mas até o verão, o dólar estava baixo e 20% da produção foi feita na China”, diz Leandro Postigo, gerente comercial da empresa. As marcas Oracon, Labamba e Kissmiss têm uma história semelhante. As três desenvolvem seus produtos no Brasil, mas fabricam em países asiáticos. No caso dos produtos não acabados da Nicoboco, ela usa carros próprios para fazer o transporte das mercadorias em São Paulo. Mas optou por terceirizar a distribuição das peças prontas, que estão presentes em todo Brasil. Detalhe, o custo de armazenagem e entrega dos artigos nos pontos de venda gira em torno de 6% do valor final do produto. “O parceiro logístico precisa ser comprometido com o nosso negócio. A partir do momento que o lojista faz uma compra, ele já quer receber e um atraso pode implicar num cancelamento do pedido”, explica Postigo. Por isso a Nicoboco recorreu à Translovato, uma empresa que desde o início de sua operação atende o setor têxtil e tem expertise no transporte de cargas fracionadas. Artigos de vestuários são frágeis e demandam cuidados na arrumação e no armazenamento. “Além de gaiolas específicas para o transporte de malha em rolo, são feitos treinamentos sobre o correto manuseio desse tipo de mercadoria”, diz Antônio Carlos Lentz, gerente comercial corporativo da Translovato. Cada produto exige um tipo de cuidado: a malha em rolo,
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por exemplo, precisa ser transportada deitada e para isso é necessário investir em equipamentos específicos. “Também oferecemos aos clientes facilidades como: comprovante de entrega digitalizado, etiqueta e portal do cliente”, acrescenta Lentz. Outro gigante no setor é o Grupo Sequoia – que há dois anos comprou a Celote (Centro Logístico Têxtil) empresa com know-how no segmento, que atende marcas como Pernambucanas, Renner, C&A, GEP, Centauro, Decathlon e Loungerie. “É preciso entender o ciclo do produto: quanto mais rápido o artigo é vendido, mais rápido o estoque gira e maior a liquidez da empresa”, diz Ricardo Conte, vice-presidente da companhia. Hoje em dia, muitas redes têm lançamentos mensais e a logística e frete são os responsáveis por fazer o produto chegar no ponto de venda no momento certo. “Não há espaço para erro, é preciso cumprir os prazos”, ressalta o executivo. No ramo desde 2000, a companhia faz armazenagem em cabideiros tanto nos Centros de Distribuição (CDs) quanto nos caminhões. Há toda uma tecnologia inovadora com esteiras e mesas automatizadas com frotas de caminhões adaptados ao mundo da moda. “Brincamos dizendo que fazemos tudo, só não costuramos”, diz Conte. Por meio do software de gestão de armazéns WMS, a empresa faz a consolidação de tecidos e aviamentos. Entrega esses produtos para as confecções, depois coleta o material pronto, faz controle de qualidade do acabamento, etiqueta, embala, gerencia o estoque da mercadoria e entrega em todo Brasil. Para isso, a Sequoia tem dois CDs em Embu das Artes (SP), um em Barueri (SP) e outro em Navegantes (SC), este mais voltado para a importação. “O transporte no Brasil é 90% rodoviário e os CDs em pontos estratégicos das rodovias facilitam o escoamento”, diz Júlio Viana, diretor da Fenin Feiras/Expovest.
Custo Brasil
Em média, o custo de logística e transporte é 3% do valor da peça Há exigências específicas para a operação de transporte do varejo de moda. Os veículos são totalmente adaptados para uso exclusivo nesse frete. No caso da Sequoia, ela tem forte atuação nos setores têxtil e de educação. São mais de 500 caminhões de vários modelos. “Caminhões maiores transportam grandes volumes e fazem a transferência de ponto a ponto, por exemplo, do CD de São Paulo para a Bahia. Lá, caminhões menores fazem a entrega nas lojas”, explica Conte. Em média, o custo de logística e transporte é 3% do valor da peça, podendo variar para mais ou menos de acordo com o valor agregado do produto. No entanto, há quem prefira verticalizar e cuidar da própria logística. É o caso das lojas Lebes – uma das maiores redes varejistas do Rio Grande do Sul com 125 filiais espalhadas pelo estado, produção e comercialização de cerca de mil peças de roupa por ano. Desde o início de 1950, a empresa tem logística própria. Hoje, a rede conta com dois CDs no município de Gravataí que juntos somam 20.000 m2. Os CDs atendem tanto a parte de vestuários quanto os setores de móveis e eletrodomésticos. Por se tratar de um segmento mais delicado, foram desenvolvidos equipamentos específicos para transportar os artigos de confecção. “Os produtos vão em caixas dentro de racks e gaiolas, que fazem a divisão das peças”, diz Jaime Drebes, diretor de moda da Lebes. O maior desafio, segundo Drebes, é administrar a operação de empurra e puxa. “Quando o CD está muito cheio, o departamento logístico da Lebes empurra, ou seja, envia mercadorias para as lojas. Mas há momentos em que as lojas puxam, pedem artigos específicos”, explica.
As maiores dificuldades apontadas pelos operadores logístico da indústria da moda são as péssimas condições das estradas, altas taxas tributárias e trabalhistas. Aliado a isso, há o fator insegurança. Os produtos têxteis, sobretudo o de marcas esportivas e de luxo, são muito visados para roubo. “Toda a nossa frota é rastreada, há uma central de gerenciamento de risco, que traça o plano de viagem do caminhão, homologa os pontos em que ele pode parar. Se há algum desvio, o caminhão é bloqueado e a polícia acionada”, diz Conte. Em função do custo Brasil, muitas vezes é mais barato importar da China do que transportar uma carga de São Paulo a Salvador. “É verdade, mas é uma comparação injusta. Um caminhão carrega no máximo dois contêineres, enquanto um navio pode carregar até 18 mil”, frisa o executivo. “A indústria da moda precisa de velocidade e um navio da China demora mais de 30 dias para chegar ao Brasil, sem contar o tempo para liberar a carga no porto”, acrescenta. O transporte aeroviário é outra saída, mas a malha aérea brasileira não é suficiente e tem um custo muito elevado. Hoje em dia, só grandes redes como Riachuelo, Renner, Marisa e C&A utilizam este modelo na rota São Paulo Manaus, aproveitando o retorno dos aviões cargueiros que trazem produtos da zona franca de Manaus. “É mais caro, mas compensa porque um caminhão demora 15 dias para fazer este trajeto e há coleções que duram apenas um mês”, finaliza Conte.
Em função do custo Brasil, muitas vezes é mais barato importar da China do que transportar uma carga de São Paulo a Salvador
Responsável por parte da distribuição da Camisaria Colombo, a Adezan é especializada em operações logísticas e embalagens industriais e possui 32 anos de atuação no setor
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Imagens do editorial da Vogue Itália de agosto de 2010, que dedicou capa e editorial à poluição ambiental
ATIVISMO
A moda suja sai do armArio
Grandes labels buscam uma saída para eliminar produtos tóxicos usados na cadeia têxtil Por Nádia Pontes | Fotos Divulgação
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Ativistas do Greenpeace protestam durante a London Fashion Week em 2013
Todos os apelos dos vídeos produzidos por marcas esportivas estavam lá: beleza, juventude, ousadia, movimento e música. Os primeiros segundos anunciavam a batalha da Nike contra a Adidas, e a supresa só aparecia nos frames finais. As grandes rivais do setor de vestuário esportivo tinham ainda outra coisa em comum: deixavam um rastro assustador de poluição nos rios durante o processo de produção. Foi assim que, em 2011, o Greenpeace abalou o universo da moda ao mostrar como marcas internacionais estavam ligadas ao despejo de substâncias tóxicas em rios na China, a principal “fábrica” de roupas de mundo. A denúncia apareceu no relatório “Roupa Suja”, lançado naquele ano pela organização. O desafio estava feito: as marcas famosas foram convocadas a despoluir as águas contaminadas com produtos químicos usados na indústria têxtil. Na época, o grupo alemão reagiu
de imediato e se comprometeu a fiscalizar o trabalho dos fornecedores para que a carga de poluentes lançada nos rios fosse eliminada. De lá para cá, a lista de marcas que publicamente se dispuseram a promover um “detox” em suas linhas de produção cresceu e inclui nomes como Puma, H&M, M&S, C&A, Li-Ning, Zara, Mango, Esprit, Levi´s, Uniqlo, Benetton, Victoria´s Secret, G-Star Raw, Valentino, Canepa, Burberry e Primark. Elas prometeram eliminar o uso das substâncias mais perigosas - muitas proibidas nos Estados Unidos e Europa - e aumentar a transparência na cadeia de fornecedores. A campanha ganhou aliados entre ativistas, fashionistas, blogueiros e consumidores. Em protesto contra as marcas, flash mobs que incluíam strip tease em frente a lojas ocorreram em diversas partes do mundo. Mas nem todos estão cumprindo o que prometeram, e o Greenpeace acompanha de perto o desenrolar da história.
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Os ganhadores do detox
Continuam na sujeira
Protagonista do vídeo de lançamento da campanha, que mostrou ao mundo o problema da poluição de rios na China causado pela indústria têxtil, a Adidas foi a pioneira da “operação limpeza”. A empresa se esforçou para que 99% da cadeia de fornecedores no país asiático publiquem relatórios das atividades via uma plataforma de grande credibilidade ambiental.
A italiana Armani, denunciada pela campanha em 2012 pela poluição que deixa na produção de suas peças caras, fez pouco para mudar esse cenário. “Armani entrou para o movimento ‘detox’, com um comprometimento ineficaz e vago. Por isso é um perdedor”, justifica a organização.
“Esse progresso rápido da Adidas na questão da transparência é particularmente encorajador e precisa ser mantido para garantir que as unidades da cadeia de fornecedores fora da China comecem a revelar publicamente dados sobre a carga de resíduos tóxicos lançados em rios”, avalia o Greenpeace. A espanhola Mango também se destaca por ter eliminado perfluorcarbonos (PFCs) de suas roupas e por aplicar tecnologia de ponta nos processos. Popular no Brasil, a holandesa C&A conseguiu em janeiro riscar a presença de PFCs das peças vendidas nas lojas. Ainda da Holanda, a G-Star Raw lidera na transparência e uso de tecnologias para detectar substâncias tóxicas nos efluentes. A lista de ganhadores elaborada pelo Greenpeace inclui ainda Benetton, Burberry, Esprit, H&M, Inditex, Levi´s, Limitedbrands, M&S, Primark, Puma, Fast Retailing e Valentino.
O caso da Versace não é muito diferente: em 2014, uma pesquisa mostrou que as roupas infantis da marca continham substâncias tóxicas e, um ano depois, não houve avanços para eliminar esse quadro. O Greenpeace também acusa a norte-americana Gap de não se importar com a sujeira que produz. Em 2013, um relatório mostrou que a empresa tinha em sua lista de fornecedores uma unidade na Indonésia que lançava produtos químicos perigosos nas águas que abasteciam comunidades locais. Os maus exemplos continuam sendo dominantes. As marcas Bestseller, Diesel, Dolce & Gabana, Hermes, Metersbonwe, LVMH (que detém a Louis Vuitton, Céline, Loewe, Berluti, KENZO, Givenchy, Marc Jacobs, Fendi, Emilio Pucci, Thomas Pink, Donna Karan, Edun, NOWNESS, LoroPiana, Nicholas Kirkwoodaus), Vancl e PVH (dona da Calvin Klein, Tommy Hilfiger, Van Heusen, IZOD, ARROW, Speedo, Olga, Warner’s, GH Bass & Co) ainda não se mexeram para sair da lista negra.
Detox à brasileira No início do ano, o Brasil passou a discutir as primeiras normas para regulamentar o uso de produtos químicos danosos nos produtos têxteis. O Grupo de Estudo de Produtos Danosos é composto pelo Sinditêxtil-SP e coordenado pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), com o apoio da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) e da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim). A norma, no entanto, é voluntária e só passa a ser fiscalizada caso o INMETRO publique alguma Resolução ou Nota Técnica. Em vez de banir a regulamentação estipula limites para o seu uso na indústria têxtil e de confecção.
Campanha Stella McCartney inverno 2016 – a estilista inglesa foi uma das primeiras a adotar uma atitude sustentável no mundo da moda, desde a produção até a coleção final
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A ideia é monitorar 10 substâncias prejudiciais ao meio ambiente e à saúde, como o Polifluorcarbono 8C (PFC’S), PFOS e PFOAS, metais pesados (chumbo, cádmio, mercúrio, cromo e níquel), pesticidas e fenóis. Por serem mais baratos, esses produtos ainda são usados, mas a indústria química já trabalha para desenvolver substitutos mais “verdes”.
INFOGRÁFICO
CabeloS Os cabelos naturais também são outro recurso de styling importante para quebrar a seriedade do look e transportá-lo para as ruas mostrando a versatilidade das peças.
GRAVATA Também de renda, faz uma brincadeira de transparência interessante com a camisa, jogando com texturas.
CabeloS e make Naturalidade é a palavra de ordem da estação. Nasci bonita, sou bonita. Então quanto mais natural parecer, melhor. Nada de superproduções.
RENDA O tecido apareceu forte no masculino. A Burberry foi uma das marcas que mais apostou, colocando-o em praticamente todos os looks. A proposta é interessante, moderna e atual e dialoga com esse momento “nogender” da moda.
MOLETOM Para quebrar o ar sexy do vestido camisola, um moletom mais conceitual. Cool, moderno, jovem.
BURBERRY Para o verão 2016, Christopher Bailey desenvolveu uma coleção bastante street e jovial para a tradicional casa inglesa. Elementos como a renda, no masculino, devem começar a ser mais vistos nas coleções de outras marcas, assim como itens streetwear no feminino, quebrando a silhueta mais sensual de alguns looks. Por Mário Araujo Fotos Burberry PALETÓ Mais justo e curto, é jovem e moderno, par perfeito para completar um look mais descomplicado e versátil. CALÇAS Bastante street, a calça social é construída em malha de cashmere como se fosse de moletom, com punhos e super skinny, lembra underwear, mas na proporção correta, e traz aquele ar descomplicado de dândi inglês.
PISANTES O mocassim mais casual ganha destaque e status. Ele funciona para quebrar o look e dar esse ar mais despojado e menos formal, assim como a ausência de meias.
renda Assim como no masculino, a renda aparece forte, aqui ela entra no vestido camisola, um item chave da estação e bastante presente na passarela da marca.
NOS PÉS As sandálias com sola de borracha dão um ar street e apagam qualquer sensualidade desnecessária causada pela renda. Item interessante para mudar o caráter de uma peça.
correntes Elas aparecem na sandália e na bolsa. Fortes, dão um ar grunge à produção. Bem rock’n’roll!
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Feminino • Semanas de moda internacionais: verão 2016 Proenza Schouler Chloé
Nina Ricci
Michael Kors
Oscar de la Renta
Gyo Yuni Kimchoe
Amanda Wakeley
Dior
Dior
Tommy Hilfiger
Jonathan Saunders
Christopher Kane Stella Jean
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Versace
Paul and Joe
Anthony Vaccarello
Etro
Alexander Wang
Vionnet
Mary Katrantzou
Vivienne Westwood Red Label Arthur Arbesser
Tory Burch
time to
Antonio Marras
reborn
Nova YORK • Londres • Milão • Paris
A mudança de um designer importante em uma casa de moda influente pode provocar um verdadeiro twist na direção seguida pela moda de um período. Foi exatamente o que aconteceu com a Gucci com a troca de Frida Giannini por Alessandro Michele. O sexy deu lugar ao romântico, com pitadas muitas vezes andróginas, e contribuiu para que Milão voltasse a ser um dos spots mais quentes do circuito internacional dessa temporada. Com coleções mais conceituais, marcas consagradas como Versace, Prada, Etro e Dolce & Gabbana chamaram a atenção da imprensa especializada. Diferente do que se via, as estampas deram lugar ao branco e preto, que foram iluminados por pontos de cor. Não existem tendências fortes, mas muitas vontades! Fotos Divulgação
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Feminino • Semanas de moda internacionais: verão 2016 Christophe Lemaire Lanvin
Maison Martin Margiela
Narciso Rodriguez
Temperley London Alexander Wang
Balenciaga
Givenchy
Bora Aksu Haider Ackermann
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Maison Martin Margiela
Givenchy
Nova YORK • Londres • Milão • Paris
Fausto Puglisi
Philipp Plein
Proenza Schouler
Edun
Peter Pilotto
Alexander McQueen
Isabel Marant
Les Copains
Roberto Cavalli
Fendi
Marni
Gucci
Simone Rocha
Burberry Prorsum
Pucci
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Feminino • Semanas de moda internacionais: verão 2016
anos 90
bordados
babados apostas dos editores
chapéu
painel de tendências moda feminina
cintura marcada
estampas havaianas 48
college
fitas
chokers
De tudo que foi visto em quase um mês de apresentações, a TEXTIL MODA selecionou as principais vontades e destacou as apostas para o verão 2016! Fotos Divulgação
cortes assimétricos
crash de estampas
flores delicadas
franjas
decotes assimétricos
laços
Nova YORK • Londres • Milão • Paris
laranja
mangas com volume
ombros de fora
pijama apostas dos editores
metálico
mar
apostas dos editores
preto & branco
apostas dos editores
recortes laterais
navy
Rocker • blue jeans apostas dos editores
Rocker • street style rosa pálido apostas dos editores
total listras apostas dos editores
ultrafeminilidade apostas dos editores
tecidos amassados sobreposição de transparência
verde
telados
Vitorianismo apostas dos editores
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MASCULino • Semanas de moda internacionais: verão 2016 Yohji Yamamoto Matthew Miller
TIME TO BE
cool
A cada estação, a semana de moda masculina se torna mais importante e ganha maior cobertura internacional. Se antes era apenas de interesse dos veículos especializados e masculinos, hoje se tornou uma espécie de preview e teste de ideias para as grandes marcas. Destaque para a ousada introdução da renda no guarda-roupa masculino feita pela Burberry de forma supermasculina, easy going e descomplicada, e para a Balmain, que lançou sua coleção masculina na passarela.
Louis Vuitton Marc Jacobs
Fotos Divulgação
Gucci
Missoni
Saint Laurent
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J.W. Anderson
Londres • Florença • Milão • Paris Craig Green Kenzo
Yohji Yamamoto
Ermenegildo Zegna
Dolce & Gabbana Prada
Andrea Pompilio
Burberry Prorsum
Givenchy
Dolce & Gabbana Dior Homme
Comme des Garçons Homme Plus
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MASCULino • Semanas de moda internacionais: verão 2016 Balmain
Valentino
Kenzo
Fendi
Gucci
Burberry Umit Benan
Lanvin
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Raf Simons
Londres • Florença • Milão • Paris
painel de tendências moda masculina Confira, a seguir, as principais vontades para o verão 2016. Fotos Divulgação
amassados
corridas
listras
China effect
macacão
écharpe
renda
calças amplas
floral
retrô 53
Claudio
silveira
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ENTREVISTA
O idealizador do Dragão Fashion Brasil, uma das semanas de moda mais importantes do país, conversa com a TEXTIL MODA sobre moda autoral, brasilidade, crise na moda, regionalismos, novos criadores, a mudança de endereço do evento e as novidades para a próxima edição, sem contar o incrível projeto pioneiro de intercâmbio fashion Mano a Mano Por Mário Araujo | Fotos Divulgação
Como nasceu o Dragão Fashion Brasil? O DFB surgiu em 1998, durante uma viagem de negócios em Nova York (por isso o “Fashion” no nome). Em 1999, montamos nossa estreia no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, maior epicentro cultural do Ceará (e responsável por batizar o evento). Ele surgiu exatamente para cobrir uma lacuna no trade da moda do Ceará e do Brasil. Era uma época efervescente de rápida profissionalização das semanas de moda. São Paulo começava a se posicionar com firmeza, era época do Morumbi Fashion, herdeiro direto do Phytoervas. E eu sempre vi um enorme potencial criativo na moda cearense. Mas o foco não era, ao contrário dos eventos do Sudeste, a moda comercial. O que nos fascinava era a moda autoral, a criação pura, livre. No ano seguinte, aconteceu um turning point: fomos convidados para levar o DFB para a Fenit. Diferente do auge da nossa indústria, nos anos de 1980, o cenário era outro e o Ceará havia perdido seu lugar no ranking brasileiro da moda. Nesse sentido, marcar presença na Fenit com o DFB, levando o projeto “Renda-se: o Ceará é aqui”, foi uma espécie de ponto de partida para um novo momento do Ceará, um momento de retomada, porque conseguimos reunir fortes representantes da indústria local, aliados ao poder das artesanias cearenses. Os profissionais do segmento se apaixonaram e ajudaram a recolocar o Ceará de volta no mapa da moda. Hoje quantos estilistas fazem parte do lineup? O DFB tem um lineup superorgânico e nada engessado. E esta é a grande graça do evento: a mistura, o frescor, a busca pela inovação. Claro que isso influi no lineup. Temos alguns Dragões honorários, como a gente chama os estilistas com longa trajetória no evento e, a cada edição, convidamos novos nomes para misturar ainda mais a liga dos desfiles. Em 2015, por exemplo, recebemos desfiles de 33 nomes, entre criadores, marcas autorais e instituições de ensino e essa é a média anual de coleções apresentadas.
Página ao lado: Claudio e sua esposa Helena, que também trabalha na realização do evento Dragão Fashion Brasil. Ao fundo, frente do Terminal Marítimo de Passageiros, em Fortaleza, onde aconteceu o DFB 2015
Durante o ano, que atividades são desenvolvidas para a sustentação do evento? Do ponto de vista institucional, o DFB é convocado o ano inteiro para mostras, exibições, palestras… Em termos de abordagem, nossa estratégia é dar continuidade aos diversos projetos lançados durante o evento. Atuamos, direta
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ou indiretamente, em projetos como o Energia Solidária (desenvolvido pela Coelce, abrangendo cooperativas de artesãs do Ceará) e o reality show Comunidade: Moda (exibido pela TV Cidade, afiliada à Rede Record), que descobre, capacita e propicia visibilidade a um novo talento que ganha uma vaga no lineup do DFB. A partir de 2016, o projeto Mano a Mano integra as ações estratégicas do DFB, demandando uma atuação ainda maior nos meses que antecedem o evento, já que implica no intercâmbio real entre criadores do Brasil e, neste caso, da Colômbia, país de consolidada tradição têxtil, escolhido como referência para o DFB 2016. O Dragão valoriza muito o artesanal, o local, com olhar internacional? Existe algum trabalho sendo feito pela preservação dessas tradições? Primeiro, acho meio injusto utilizar o termo “local” para definir o DFB. Na verdade, o aspecto multi é a grande marca do evento: multicultural, multidisciplinar, multissignificado… As fronteiras estão cada vez mais líquidas, plasmadas, diluídas. É só andar pelos corredores do DFB para constatar isso: nativos, gringos, profissionais, admiradores, curiosos… É como se ainda vivêssemos aquele mesmo espírito de novidade que a moda despertou no início da década passada. O DFB é plural e a tal “moda local” é somente uma plataforma para que possamos levantar a bola da criação autoral. Hoje, aliás, nem dá para falar muito sobre regional. Tudo está integrado, misturado, conectado. Mas é claro que a missão do DFB sempre foi aliar o autoral à valorização das tipologias artesanais e, nesse sentido, somos sim bem “regionalistas”, para preservar, manter e aprimorar os conhecimentos ancestrais de nossos artesãos. E são várias as ações que o DFB promove e impulsiona: do Concurso dos Novos (que sempre propõe associações entre artesania e inovações tecnológicas) até o DPM (Dragão Pensando Moda) que possibilita o intercâmbio de vivências entre profissionais do mundo inteiro e talentos regionais. A edição 2015 do Dragão marcou 16 anos de evento. O que se destacou nessa edição? A última edição serviu como um atestado precoce de maioridade do DFB. Nossa trajetória se traduz na seriedade, no foco e no respeito por parte de todo o trade – local e nacional. Entre os destaques, acho que o maior foi nosso novo endereço, de imensa carga simbólica, em pleno Terminal Marítimo de Passageiros do Porto de Fortaleza, ponto de chegada e partida de tantos olhares estrangeiros em nossa terra. Para esse novo local, tivemos que repensar todo o mix de atrações paralelas que configuram o DFB como um festival cultural. Como a imprensa internacional repercute o Dragão Fashion? Temos um excelente retorno institucional e de mídia espontânea por parte dos convidados da imprensa internacional,
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O DFB é plural e a tal “moda local” é somente uma plataforma para que possamos levantar a bola da criação autoral. Hoje, aliás, nem dá para falar muito sobre regional. Tudo está integrado, misturado, conectado.
Página ao lado: close de Alicia Kuczman em look de Lino Villaventura, no DFB 2015. Abaixo: look de Lindebergue Fernandes
com destaque para jornalistas que colaboram para grandes portais e sites de análise de moda. A cada ano, a presença estrangeira no evento se amplifica – sucesso que dividimos com a atuação dos parceiros TexBrasil, Abit e ApexBrasil, que nos ajudam a viabilizar essa participação. Acredito que, no imaginário da moda brasileira, o DFB ocupa um privilegiado espaço de legitimação das tradições das tipologias e das heranças culturais. E é exatamente esse viés que os estrangeiros tanto procuram quando pensam no Brasil. Por isso o DFB é um sucesso entre a imprensa estrangeira. A edição 2016 já está sendo preparada? Podemos esperar novidades? O próximo DFB começa a ser planejado ainda na desmontagem do anterior. Tem sido assim desde o início. Entre as novidades da próxima edição estão um novo pavilhão de atividades, em uma das áreas do Terminal Marítimo que não foi utilizada; no lineup dedicaremos um dia inteiro às grandes marcas que atuam no Ceará como forma de estimular a integração entre indústria e moda autoral; teremos, também, um espaço com foco nos novos empreendedores, com ambientação bem descolada, misturando Camden com Cariri. Mas talvez a maior novidade do DFB 2016 é o desfile duplo do projeto Mano a Mano, que irá mostrar os resultados do intercâmbio entre estilistas do Brasil e da Colômbia – os maiores representantes da indústria têxtil da América Latina.
Na verdade, o que aconteceu é que a roda girou e a moda deixou de estar na moda. Daqui a pouco, ela volta a esse patamar.
Como você vê essa crise da qual todos falam? A crise não é só falácia, é fato. E 2015 será marcado por uma retração generalizada para a indústria e o comércio. Mas faz parte do nosso segmento a busca pela renovação e é na força da moda autoral que estão as alternativas para momentos de recessão. Mesmo com um cenário generalizado de crise, a moda brasileira luta bravamente para manter-se aquecida, gerando renda, emprego e oportunidades. E não falo somente da moda para as elites; o próprio DFB reúne gente de todos os nichos sociais, com as mais diferentes visões, do high ao low, tudo junto e misturado. E tudo tendo como motor a moda autoral. Por isso nosso mantra diário tem a ver com movimento, com mudanças, com transformação. É preciso repensar os modelos de gestão, de consumo, de produção. E o DFB bota essas questões em pauta. A última edição do SPFW aconteceu quase sem nenhuma emoção. Quase nenhuma novidade foi vista nas passarelas e a brasilidade desapareceu. Existe uma conversa com os estilistas que compõe o lineup do Dragão sobre o que eles vão mostrar ao público? Na verdade, o que aconteceu é que a roda girou e a moda deixou de estar na moda. Daqui a pouco, ela volta a esse patamar. Os últimos 20 anos foram extremamente positivos para a moda brasileira. Criou-se toda uma cultura de moda; os desfiles saíram do imaginário coletivo e viraram quase
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eventos cotidianos. A novidade, o frisson, o fresh, tudo isso veio e, agora, meio que toma o sentido contrário. Esse fenômeno não é “privilégio” nosso. Em todo o mundo as semanas de moda parecem ter perdido a relevância de anos atrás. Eu acredito que isso é um movimento cíclico e que, agora, o que vale é sair da caixa, sacudir a poeira e buscar novas formas de manter a importância. Com relação à tal “brasilidade”, ela tem se tornado cada vez mais utópica e distante de um mundo em que as fronteiras deixam de ser reais e passam a ser ideológicas. Talvez, “brasilidade” seja um mood e não algo tangível, como uma roupa. Uma atitude, não um produto. O design nacional tem que ter essa vibração para se diferenciar de uma referência estrangeira que não nos diz respeito. E nada deve ser literal nem limitador (do tipo: tem que ser caricatural, regional, folclórico). Afinal, a maior luta do DFB é pela liberdade. Não influenciamos nos processos criativos dos convidados, mas sempre estimulamos os participantes a utilizarem aspectos de valorização da cultura brasileira em suas coleções. É para isso que o DFB existe.
Talvez, “brasilidade” seja um mood e não algo tangível, como uma roupa. Uma atitude, não um produto. O design nacional tem que ter essa vibração para se diferenciar de uma referência estrangeira que não nos diz respeito.
Quais os principais nomes hoje? Atualmente, um grande estilista é aquele que alia as demandas de faturamento da empresa com os desafios criativos e com as expectativas de seus consumidores. É uma equação bem complicada e, por isso mesmo, não dá para eleger nomes principais. Acredito que o mais importante é lutar por uma cena de moda autoral mais ativa e pulsante. Eu acredito que o melhor está sempre por vir e isso vale para os nomes que estão surgindo aí no horizonte. Agora, se quiser saber as apostas do DFB, é só aguardar pelos nomes que irão compor nosso lineup em 2016. O que é o projeto Mano a Mano? É nosso mais novo desafio: promover uma troca real de vivências in loco entre criadores do Brasil e de outros países. Nosso ponto de partida é a América Latina, por questões de ancestralidade, afinidade e identidade. O primeiro país convidado é a Colômbia, por desenvolver uma intensa e reconhecida atuação enquanto indústria têxtil. A primeira edição do projeto já será apresentada durante o DFB 2016 e irá mostrar um desfile duplo, contendo criações de um designer colombiano (que fará uma vivência no Ceará para se apropriar das tipologias locais) e um criador cearense (que irá para a Colômbia para imergir na tradição artesã daquele país). O edital do projeto Mano a Mano está em finalização e, no início de 2016, será divulgado ao público, bem como as formas de participação.
Acima, look de Jeferson Ribeiro e abaixo, look de André Sampaio. Ambos desfilaram na DFB 2015
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CARTELA DE CORES
APRESENTA:
Na agitação do cotidiano, muitas vezes deixamos de contemplar o belo e refletir sobre o verdadeiro significado da vida e das inúmeras indagações que são feitas a nós constantemente. Isolado em um vale verde cercado por montanhas que se perdem no horizonte, Inhotim nos coloca em contato com todas aquelas questões que evitamos e provoca as mais variadas sensações. Nos faz mergulhar no nosso interior profundamente, sem desculpas, sem barreiras, sem medo. Com um dos maiores acervos de arte contemporânea do mundo, o museu mineiro é o cenário da cartela de cores do inverno 2016 da TEXTIL MODA. O Minas Trend dita a cartela, que será bastante neutra, com muito branco e preto, pincelada por nudes, blushes (tons de rosa), azuis e bordôs.
TERRA EM TRANSE Design Mariana Eller | Edição Mário Araujo Imagens das obras Inhotim/Divulgação | Imagens dos looks Agência Fotosite/Divulgação
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NUDE Look da esquerda Plural Look da direita Fabiana Milazzo
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AtravÊs, 1983 – 1989 Cildo Meireles Foto de Daniela Paoliello
BLUSH Invenção da cor, Penetrável Magic Square # 5, De Luxe, 1977 Hélio Oiticica Foto de Rossana Magri
Look da esquerda Mabel Magalhães Look da direita Lucas Nascimento
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AZUL Celacanto Provoca Maremoto, 2004 – 2008 Adriana Varejão Foto de Eduardo Eckenfels
Look da esquerda Faven Look da direita Lucas Nascimento
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Look da esquerda Faven Look da direita Lino Villaventura
BordĂ” True Rouge, 1997 Tunga Foto de Daniela Paoliello
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BRANCO & PRETO TtĂŠia 1C, 2002 Lygia Pape Foto de Daniella Paoliello
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Look da esquerda Mabel Magalhães Look do centro Lucas Nascimento Look da direita Lino Villaventura Na íntegra, as fotografias das obras de Inhotim que ilustram esta matéria:
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Lino Villaventura: suas peรงas lindas flutuam na passarela e deixam todos fascinados. Trabalho autoral, manual, nacional da melhor qualidade.
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SPFW FW 2016
Verde, anil, amarelo, cor-de-rosa e carvão Euforia causada pela volta da São Paulo Fashion Week ao prédio da Bienal no Parque do Ibirapuera na edição que comemorou seus 20 anos reverte-se em desalento ao ver a falta de compromisso dos estilistas nacionais com a inteligência do consumidor ao reproduzir referências óbvias de grifes consagradas como Gucci e Céline
Fotos Agência Fotosite/ Divulgação
A crise não pode ser desculpa para tudo. Uma rápida pesquisa no extinto Style.com, hoje Vogue. com, pouparia qualquer profissional da moda de dedicar uma semana de seu raro tempo ao evento mais importante da América Latina, o São Paulo Fashion Week, que nessa edição de comemoração aos seus 20 anos, aconteceu paralelamente à Seoul Fashion Week (Coreia do Sul) e à Mercedes-Benz Fashion Week Istanbul (Turquia), e perdeu totalmente a atenção da imprensa internacional especializada, que cobriu os dois eventos à exaustão – vale resgatar os arquivos de Instagram da Vogue Itália. Na contramão da última edição, que teve a brasilidade como destaque e trouxe a esperança de que a moda nacional ia deslanchar, esta edição repetiu velhos hábitos e pesou a mão nas referências internacionais. Viu-se de tudo nas passarelas: Gucci, Céline, Givenchy, Stella McCartney, Louis Vuitton, Isabel Marant, Rick Owens, Balenciaga, só para citar alguns, e pouco de moda brasileira. Enfim, as redes de fast fashion trarão os mesmos produtos apresentados pela maioria com um preço bem menor. Os consumidores mais abastados e com repertório preferirão o original à replica. Quem perde é quem subestimou a inteligência do mercado. Para outra edição de fashion week como essa, melhor uma volta na Zara!
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Alexandre Herchcovitch mergulhou no universo boudoir e apresentou uma coleção que fala de amor, perda, perversão, sexo e poder trazendo elementos marcantes de sua estética, principalmente do início de sua carreira, nos anos 1990. Bastante atual, Luiz Claudio, da Apartamento 03, trouxe para a passarela a questão de gênero após se deparar com uma notícia do patriarca do clã Kardashian, que se transforma em mulher. O estilista então faz um paralelo com o romance de Virginia Woof, Orlando e desenha um guarda-roupa unissex para Orlando, personagem título da obra. Fernanda Yamamoto apresentou um dos trabalhos mais delicados e artesanais da semana de moda. Todo em renda renascença, trabalhou com comunidades do Cariri, na Paraíba, para conseguir um ponto mais leve e novos desenhos. O tingimento e montagem foram feitos em seu próprio ateliê. Peça por peça. Processo artesanal e superexclusivo. Quando o assunto é moda masculina, João Pimenta reina sozinho. Ternos de alfaiataria perfeita trazem signos da cultura nacional, como a Nossa Senhora Aparecida. Saias plissadas aparecem quebrando o rigor e a fronteira de gêneros, assim como os tecidos brocados. A coleção joga com o black tie e o street wear trazendo um ar fresco para o homem contemporâneo. Alexandre Herchcovitch
Apesar dos vikings serem o tema de sua coleção, Patrícia Bonaldi utilizou inúmeros recursos artesanais para desenvolver suas peças, como cordas trançadas, franjas, tricôs, penas etc. O bordado, carro chefe de sua marca, ficou em segundo plano, dando espaço para um outro lado seu, ainda desconhecido. A nova coleção da PatBo vem forte e mais madura. Reinaldo Lourenço viajou por Portugal e fotografou as mais diferentes regiões do país. De seus registros nasceu a coleção que transforma as memórias do país em algo novo e surpreendente. Osklen. Tendo o moletom como elemento-chave da coleção, a marca carioca homenageou as Olimpíadas e criou uma coleção minimalista em cima do tema. Cool e desejável, trouxe frescor em peças simples e confortáveis. O amor foi o tema que conduziu o belo desfile de Ronaldo Fraga, que surpreendeu por ter, além de beleza estética gigantesca, peças desejáveis e bastante comerciais. Destaque para a estamparia em seda que, assim como o amor, vai se transformando e mudando de cor e textura ao longo dos anos.
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Apartamento 03
Joรฃo Pimenta
Renalado Lourenรงo
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Fernanda Yamamoto
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Osklen
Ronaldo Fraga
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TREND
Moda no museu Masp reúne acervo da Rhodia em exposição inédita no país Por Rafael Vita | Fotos Masp
Com curadoria de Patrícia Carta, desembarcou no final de outubro no Masp, em São Paulo, a exposição Arte na moda: Coleção Masp Rhodia, na qual 78 looks icônicos da década de 1960 são apresentados pela primeira vez ao público. As peças fazem parte do acervo do museu desde 1972 quando a empresa têxtil francesa doou o material à instituição. A Rhodia usava os desfiles como marketing para divulgar seus fios sintéticos no país. Lívio Rangan, gerente publicitário da companhia na época, era responsável por coordenar as coleções e organizar os desfiles nos quais as roupas seriam apresentadas. Muito diferente dos atuais, os fashions shows eram verdadeiras festas. Eram acontecimentos. Para desenvolver estampas exclusivas, proporcionando um diálogo entre moda e arte, eram convidados artistas plásticos em ascensão. Entre eles, Willys de Castro (1926-1988), Aldemir Martins (1922-2006), Hércules Barsotti (1914-2010), Carybé (1911-1997), Ivan Serpa (1923-1973), Nelson Leirner (1932), Manabu Mabe (1924-1997), Alfredo Volpi (1896-1988), Lula Car-
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doso Ayres (1910-1987) e Antonio Maluf (1926-2005). As escolhas revelavam o interesse em dialogar com a arte contemporânea e refletiam as principais tendências estéticas e programas artísticos do período. A abstração concreta está presente nas peças de Hércules Barsotti, Willys de Castro e Antonio Maluf. Já a abstração informal aparece nos vestidos de Manabu Mabe e Antonio Bandeira (1922-1967), e as referências ao pop, nas peças de Carlos Vergara (1941) e Nelson Leirner. Outra preocupação era trazer para a coleção a temática da cultura popular brasileira, parte importante da história do museu, além de assunto frequente nas pesquisas de Lina Bo Bardi (1914-1992). As estampas criadas por Aldemir Martins, Carybé, Francisco Brennand (1927), Genaro de Carvalho (1926-1971), Lula Cardoso Ayres, Manezinho Araújo (1910-1993), Gilvan Samico (1928-2013) e Carmélio Cruz (1924) refletem o tema. A exposição fica em cartaz até 14 de fevereiro de 2016. Não perca. TEXTIL MODA recomenda.
Esquerda: Nelson Leirner, Vestido de noite Centro: Aldemir Martins, Vestido curto Direita: Hércules Barsotti, Vestido de noite
SERVIÇO Arte na moda: Coleção MASP Rhodia Data: Até 14 de fevereiro de 2016 Local: Masp - Avenida Paulista, 1578, São Paulo, SP Horários: terça a domingo: das 10h às 18h (bilheteria aberta até as 17h30); quinta-feira: das 10h às 20h (bilheteria até 19h30) Ingressos: R$ 25,00 (entrada); R$ 12,00 (meia-entrada) O MASP tem entrada gratuita às terças-feiras, durante o dia todo, e às quintas-feiras, a partir das 17h.
PREVIEW VERÃO 2017
VERÃO 2017 Confira em primeira mão os lançamentos das tecelagens mais importantes do país Por Mário Araujo
Vicunha Têxtil Dois universos norteiam a coleção da tecelagem, o Vintage e o Agora, resultando em uma proposta bastante interessante e contemporânea que dialoga com o streetwear, um folk bem suave, uma elegância easy going... Tudo isso com peças que trazem um quê único e exclusivo. Desejo de qualquer consumidor. Para conseguir tal resultado, a Vicunha usa e abusa da tecnologia e de novas estruturas com misturas de fios com composições diferenciadas. As coleções Denim, Color e Printed vêm com toques mais suaves e sedosos, além de mais brilho. Entre os lançamentos, destaque para: Shirting Collection: New Classics! Artigos de composição 100% Tencel®, como o Denim Stanley (5,8oz) e brim Melissa (5,9oz), que transmitem uma sensação de suavidade ao toque, de bem-estar e de extremo conforto e garantem fluidez e leveza às formas. Os novos tecidos são frescos durante todo o dia, mesmo em temperaturas elevadas. Resistentes, podem ser explorados em lavanderia. Família Special Touch: as novidades são produtos com estruturas diferenciadas, que mesclam fios de várias composições com acabamento exclusivo, resultando em um toque extremamente suave, macio e com caimento perfeito. Destaque para os artigos Felícia (8,3oz) e Mike (8,2oz). Bi-stretch Denim Fitness: resultado de muita pesquisa, a nova linha de artigos com stretch multidirecional foi desenvolvida para garantir a máxima liberdade de movimento e proporcionar extremo conforto a quem adere a um lifestyle ativo. Como destaque, Raissa (9,2oz) e Wendy (9,7oz), com stretches de 60% e 87% respectivamente, criam uma alternativa flexível e esportiva, modelando o corpo e valorizando as curvas. Na foto, destaque para artigos da linha Essential, Your original denim and color! Para conhecer a coleção completa, acesse: www.vipreview.com.br Curta: facebook.com/vipreview Siga: @vipreview
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Capricórnio tÊxtil Aliada às suas práticas para diminuição de água e abrasivos químicos nos processos de produção, a Capricórnio traz uma coleção com pegada ecofriendly e atemporal, que, como explica, deve durar por muitas estações e não ficar fora de moda, diminuindo, assim, a quantidade de lixo no planeta. Conforto e toque macio são os principais pontos explorados, em artigos superleves, ideais para os dias quentes. Entre os lançamentos, leveza, tingimentos diferenciados e alturas elevadas (larguras acima de 1,60m).
DESTAQUE PARA:
NUT E THOT: esses artigos chegam com 5,5 oz, em 100% algodão, na cor Deep Blue, sendo o primeiro de construção tela e o segundo, em sarja 2x1.
VULCANO: com visual vintage, em 100% algodão, com 9,5oz e construção em sarja 3x1.
ELBA: uma sarja 3x1 com 6,5 oz, em 100% algodão em Sky Blue. Possui versão com elastano.
SOHO: sarja 3x1 com 8,5oz, em algodão, poliéster e elastano, com 1,45m de largura e excelente custo benefício em trama branca (Intense Black).
GAVI: com 7,0oz em algodão, poliéster e elastano em Sky Blue.
Confira todos os lançamentos em capricornio.com.br
Cedro Têxtil A temporada da Cedro começa quente. A logomarca da divisão de Jeanswear da companhia ganha assinatura “Just Premium” reforçando seu posicionamento. A tecelagem também lança um site exclusivo repleto de conteúdo para seus clientes e profissionais de moda: jeanswear.cedro.com.br. Entre os lançamentos, destaque para a linha Super Elastic, que conta com tecidos com potencial de stretch entre 35% e 70%; para a Elastic, com artigos com
power entre 20% e 42%; para a Fix, composta por tecidos rígidos, e a “Flow”, que se caracteriza por tecidos leves. Outra novidade é a ampliação da família de produtos Duo – Duo Elastic, Duo Elastic Colours e Duo Dark, artigos resultantes da união do algodão, poliéster e elastano com o inovador fio T400, que oferece alto poder de retorno do tecido na peça pronta, baixo percentual de lançamento e minimização dos “joelhos”, além de maior sensação de conforto e toque.
Na foto, Mahany Pery (Ford Models), escolhida pela Cedro para reforçar o conceito de liberdade e contemporaneidade, marcas registradas do jeanswear. Assim como Silvia Neves, Miss Brasil Plus Size 2014, que está na campanha da tecelagem, sempre atenta aos diversos segmentos de mercado.
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Santista Jeanswear Leandra Medine, a blogueira do Man Repeller, é a síntese do verão 2017 da tecelagem: genuína, verdadeira e única. Pioneira no seu segmento, se tornou referência em moda, sem deixar de lado sua identidade. As novas linhas de tecidos da Santista transitam entre os opostos: claro e escuro; rígido e fluido; masculino e feminino; fast fashion e exclusivo. O mood Summer Blue evidencia o movimento cross gender que ressignifica artigos clássicos, genuinamente pensados para o mercado masculino e feminino, respectivamente, e agora vêm readequados. Tudo isso é garantido pela resiliência do denim, que, mesmo se renovando e se adaptando a diversos estilos, consegue manter a sua essência e a sua identidade. Os principais lançamentos são as linhas Icon, Free e Denim Couture. Coleção completa aqui: santistajeanswear.com.br
Covolan Têxtil Supereslasticidade é a novidade da tecelagem para a próxima temporada quente com denins superelásticos, entre eles o Overstretch, em que a elasticidade chega até a 90%, garantindo conforto, leveza e toque macio. Na camisaria o destaque é o TricoDenim, o mais leve da coleção, com 4oz, em algodão, poliamida e 4% de elastano com tingimento baby blue. Conheça a nova coleção completa em covolan.com.br
Canatiba Denim Industry Pensando nos dias quentes, a Canatiba traz para a temporada 2017 além da elasticidade e conforto do Hiperflex, a construção sustentável da linha Hi-Comfort, e a performance da linha Duo Core.
HIPERFLEX: com 98% de algodão e 2% de elastano, é ideal para o verão urbano. Permite total efeito de lavagens detonadas e puídos. HI-COMFORT: destaque entre os tecidos de menor gramatura, chega com força total ao verão, aliando resistência com maciez e extrema suavidade.
DUO CORE: cumprindo seu compromisso de disseminar a cultura do Denim, a Canatiba vai distribuir etiquetas para os consumidores com as principais características do produto. Confira todos os lançamentos aqui: canatiba.com
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TREND
D L SO T OU
Em menos de um minuto após as vendas se iniciarem, as lojas virtuais da H&M em todos o mundo já apontavam como esgotada a coleção desenvolvida em parceria com a casa de alto luxo francesa Balmain, que tem na sua direção criativa o jovem designer Olivier Rousteing. Nas lojas físicas a coleção durou um pouco mais, mas a histeria foi a mesma e, pouco tempo depois, tudo já estava esgotado. Sucesso absoluto de vendas.
Considerada uma das parcerias mais ousadas da história, coleção da H&M com a grife de alto luxo francesa Balmain revoluciona o mercado do varejo fast fashion Por Rafael Vita | Fotos H&M
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Fenômeno nunca visto antes pelo gigante do varejo, mas possivelmente previsível, uma vez que toda estratégia de marketing foi meticulosamente desenhada para ser um grande espetáculo, vide o lançamento; mas voltemos para um pouco antes. Apenas para contextualizar, vale ressaltar que a Balmain é uma das marcas francesas mais exclusivas da atualidade. Um vestido da maison chega facilmente aos cinco dígitos e poucas são as afortunadas que podem possuir os mimos. Fora isso, desde que Olivier assumiu a direção criativa da marca, em 2011, quando Christophe Decarnin foi afastado por motivo de saúde, o jovem designer, na época com 24 anos, fez a casa se projetar mundialmente graças às mídias sociais
e suas badaladas amizades, entre elas estrelas pop como Rihanna e as Kardashians. Então, nada mais natural que desenhar esse jogo de xadrez pop usando sua rede de influência e, claro, os lugares que ele frequenta e mais gosta para divulgar a coleção até o lançamento: a noite! O anúncio foi feito em maio em cadeia nacional por duas das suas modelos preferidas e best friends Kendall Jenner e Jourdan Dunn, ambas com massivo número de seguidores no Instagram, no Billboard Music Award 2015 em Las Vegas. Olivier disse no tapete vermelho ao canal E! “Quero falar com a minha geração: esse é o meu principal objetivo como estilista. E a colaboração com a rede permite que eu leve o universo da Balmain para todo o mundo”. De lá até o dia de lançamento da coleção, 05 de novembro, inúmeras outras ações foram feitas. Somou-se à dupla Gigi Hadid, também com milhões de seguidores no Instagram, sem contar participações especiais da família Kardashian em divulgações espontâneas.
Kendall, Gigi, Jourdann e outras modelos regulares das apresentações de Olivier usaram e abusaram dos looks da coleção da H&M em todas as apresentações sociais que foram, criando cada vez mais desejo de compra. Sempre registrando tudo no Instragram com a hashtag #balmainarmy e #hmbailmaination. Completando a estratégia de marketing, poucos dias antes do lançamento da coleção, um vídeo clip a la Michael Jackson foi lançado com Kendall como pop star futurista. Finalizando, uma mega festa com tudo que se tem direito, apresentação da coleção completa e show do Backstreet Boys transmitido ao vivo pelo Twitter da H&M. Triplo win! H&M teve uma grande projeção com a parceria. Balmain se mostrou mais acessível para milhares de consumidores que sonham com a marca, mas não têm acesso a ela e Olivier Rousteing se tornou ainda mais popular. Prova que as tão famosas influenciadoras digitais podem sim influenciar muito uma ação e fazer toda a diferença.
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TREND
INHOTIM
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Joia rara das Gerais, o museu reinventa a forma de apresentar arte e transforma-se em referência internacional Por Rafael Vita
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Localizado no município de Brumadinho, a 60 km de Belo Horizonte, capital do estado de Minas Gerais, o Instituto Inhotim abriga um acervo singular de obras de arte espalhadas por 110 alqueires. Bem diferente dos museus tradicionais, o acervo da instituição fica distribuído por esse gigantesco jardim botânico, que, assim, como o museu, também possui suas coleções únicas de flora, como o acervo de palmeiras, que conta com mais de mil espécies trazidas de diversas partes do planeta e devidamente catalogadas. Aberto ao público em 2006, o complexo foi idealizado pelo empresário Bernardo Paz. Mais de 500 obras de artistas nacionais e internacionais fazem parte do acervo da instituição, sendo que apenas 1/5 delas podem ser visitadas – em galerias ou ao ar livre, interagindo com a natureza.
Espalhadas pelo grande parque estão 23 galerias, a maior parte delas dedicadas a um único artista e fixas (não temporárias). Gigantescas, impressionam pelo tamanho e pelo acervo. Uma experiência única. Tunga, o primeiro a ganhar um espaço e que inspirou Bernardo Paz a criar a instituição, tem uma das maiores e mais impressionantes. A mais recente, inaugurada agora em novembro, é dedicada à fotógrafa Claudia Andujar e conta com um trabalho realizado pela artista entre 1970 e 2010 na Amazônia. Mais de 400 obras compõem a instalação na galeria, a segunda maior da instituição. Entre um galpão e outro, você pode se deparar com as inúmeras obras gigantes (22 ao todo) que estão expostas junto à natureza, no Jardim Botânico. Projetado pelo paisagista Roberto Burle Marx, possui cerca de 5 mil espécies de plantas brasileiras e raridades de origens exóticas. TEXTIL MODA ama!
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01 Galeria Matthew Barney 02 Galeria Miguel Branco 03 Galeria Psicoativa Tunga
Saiba mais Instituto Inhotim www.inhotim.org.br Rua B, 20, Inhotim, Brumadinho, MG Aberto de terça a domingo. De terça a sexta, das 9h30 às 16h30, e de sábado e domingo, das 9h30 às 17h30. Entrada franca às terças-feiras. Quartas e quintas-feiras, R$ 20. Sextas, sábados, domingos e feriados, R$ 28.
TREND
Sem
COSTURA Representada no Brasil pela Carmelo Representações, a italiana Santoni é a principal produtora de maquinário circular do mundo Por Por Mário Araujo | Fotografia Nicolas Caligaro
Pensar que uma peça de roupa pode sair já pronta de uma máquina não parece muito natural, já que somos mentalmente guiados a construir em nossas cabeças o storyboard tradicional da confecção de uma calça ou camisa com todas as passagens tradicionais, desde a escolha do tecido, passando pelos moldes, corte, costura etc. No entanto, com o avanço tecnológico e muitas pesquisas, todas essas etapas podem ser puladas em técnicas como as desenvolvidas pela empresa italiana de máquinas circulares Santoni. A de mais destaque, chamada Seamless, além de ser a tecnologia de maior propagação dos últimos anos no cenário internacional, vem conquistando cada vez mais empresas e consumidores. A tecnologia sem emenda é um conceito inovador na produção de roupas quase livre de costuras, que vem sendo aperfeiçoado ano após ano para que seja possível produzir cada vez mais a um menor custo. Atualmente, a técnica é bastante utilizada em lingeries, beachwear, sportswear e roupas médicas, mas é possível utilizá-la em qualquer tipo de confecção. Adriana usa vestido sem costura produzido com tecnologia Seamless, da Santoni
“A tecnologia Seamless da Santoni é bastante interessante, uma vez que otimiza a produção e não gera detritos, pois não há sobras de cortes de tecidos ou outros materiais”, afirma Adriana Stringelli, da Carmelo Representações. Hoje estão disponíveis no mercado brasileiro 11 modelos de máquinas para monofrontura ou dupla frontura. A tecelagem de malha divide-se em circular, retilínea e urdume. Marcas como Lacoste, Dolce & Gabbana, Dior, Adidas, Benetton, Banana Republic, Calvin Klein utilizam a tecnologia há bastante tempo. No Brasil, Lupo, Scala, Plié, DeMillus, Liz, Cuecas D’Uomo podem ser destacados como os principais fabricantes de seamless.
Em um processo de confecção normal são necessários, via de regra, os seguintes processos até chegar ao produto final: Tradicional:
Tecer a malha na máquina, enviar para a tinturaria onde serão realizados os seguintes processos: lavagem, purga, tingimento, ramagem, desengomagem... Após o tecido pronto, ele deverá ser enfestado e cortado de acordo com os moldes previamente preparados. Só aí as peças serão envia-
das para costura e beneficiamentos finais como estamparia, silks, bordados etc.
Sem Costura: Os processos de enfesto e corte são eliminados, e o processo de tinturaria e acabamento da peça são muito mais simples, já que são realizados com ela já semipronta.
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TREND
Marcas influentes como Givenchy, Balmain e a pop Diesel trouxeram diversidade para a moda fazendo da última temporada internacional uma das mais ecléticas já vistas
Time to be
different!
Modelos sempre foram um capítulo importantíssimo no mundo da moda. Desde o século passado, quando as casas de alta costura brigavam pela exclusividade de suas musas, que eram responsáveis literalmente por vender a roupa às consumidoras, aos dias atuais nos quais a foto do Instagram que recebeu mais likes é da modelo Kendall Jenner vestida de branco deitada no chão com os cabelos formando corações (3,2 milhões no fechamento dessa edição), elas inspiram os criadores, dão vida as coleções e seduzem os consumidores. Assim como qualquer produto de moda, passam por tendências, são preferidas por alguns, odiadas por outros, são tratadas como produtos...
Mas graças ao trabalho que marcas como Givenchy e Balmain vêm fazendo ao longo dos últimos anos, com castings diversificados, étnicos, e uma mistura superinteressante de modelos de diferentes tipos e biótipos, cada vez mais essas tendências estão dissolvidas e é possível ver uma diversidade no mundo da moda, começando pelas passarelas e ecoando nos editoriais e, mais tardiamente, nas campanhas. Nos desfiles do versão 2016, por exemplo, pode-se ver uma explosão das
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modelos mais étnicas comandadas pelo exército dominicano. Nomes como Afrodita Dorado Dominguéz, Lineisy Montero, Luisana Gonzalez, Milly Reuter e Ysaunny Brito, desconhecidos até então dos fashionistas, se fizeram presentes nos desfiles mais importantes da temporada. Assim como Gigi Hadid. A loira com corpo saudável, fenômeno nas redes sociais (8,5 milhões de seguidores no Instagram), mostrou que pode ser mais que números e ser high-fashion. Atacada no Instagram por fanáticos a chamando de gorda, se manifestou e recebeu apoio de importantes players do mercado. Assim como muitas tops, se emocionou ao ser confirmada para o desfile da Victoria’s Secret, conquistando ainda mais a admiração do mercado. Misto de atitude polêmica com visual único, Chantelle Winnie causou controvérsia no reality show America’s Next Top Model, mas abocanhou campanha mundial da Diesel, além de conquistar o top fotógrafo inglês Nick Knight. Negra e com vitiligo, possui uma assimetria perfeita de manchas na pele que parece ter sido esculpida, visual único e desejável em um período de supervalorização do singular.
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Por Rafael Vita Fotos Divulgação
Sem rótulo Riccardo Tisci causou polêmica e comprou briga ao colocar Lea T na campanha da Givenchy e abrir espaço para a androginia no high fashion. Andrej Prejic, hoje Andreja, fechou o desfile de alta-costura de verão 2011 de Jean Paul Gaultier como noiva, na sequência. De 2011 para cá esses dois personagens abriram espaço no mercado para outros profissionais e hoje Nova York conta com a primeira agência especializada em modelos andróginos. No Brasil, Goan Fragoso, da Way Model, é o principal nome. Quem é quem nas fotos: 1. Gigi Hadid 2. Chantelle Winnie 3. Lineisy Montero 4. Goan Fragoso
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TIMETOADMIRE Fotografia mostra a beleza da natureza e reforça a importância da preservação Por Rafael Vita
Também é um santuário natural de baleias, que viajam todos os anos centenas de quilômetros desde o Alasca para se reproduzirem em águas mexicanas que são repletas de alimentos. A região próxima às Ilhas Revillagigedo (Cabo de San Lucas) é considerada um observatório natural. O melhor período para vê-las é de dezembro a março.
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O registro acima é do fotógrafo mexicano Anuar Patjane Floriuk, que venceu o concurso da National Geographic, o Traveler Photo Contest, em 2015.
Los Cabos, na costa do Pacífico, é um dos destinos mais exclusivos do México. Além de ser um dos balneários mais luxuosos e exclusivos do país, agrega um mix de natureza singular. Ali é possível ter ao mesmo tempo praia, deserto, montanhas...
MODA DE RUA
TIME change TO
Com o fim do patrocínio da Mercedes-Benz à Semana de Moda de Nova York, a IMG, especializada em eventos, viu que era hora de redesenhar a fashion week americana e trazer o público, que ama moda, para dentro dela. Telões foram instalados em diversos pontos da cidade, tickets vendidos para que as pessoas pudessem assistir aos desfiles, além de uma série de eventos que tomou a cidade no período em que estava no spotlight. Medida certa ou não, só o tempo saberá! Em uma era em que a informação está cada vez mais acessível, limitar por limitar não parece ser a medida mais inteligente, não é mesmo? Nessa pegada, a TEXTIL MODA registra o desejo de transformação americano refletido em seus looks práticos e urbanos, mas que não deixam de ter um apelo fashion moderno e, na maioria das vezes, quase minimalista, como se fossem uniformes de “guerra”!!! Por Fernanda Calfat | Edição Mário Araujo
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Bolsas utilitárias estruturadas – lancheiras ou sacolas – são cool na medida certa. Não pensam o look na tendência nem no vintage.
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Desde que Lagerfeld colocou tênis na passarela da alta costura, estå mais que autorizado usar e abusar do pisante com vestidos e peças mais de festa ou com um vestidinho superbacana e urbano.
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Assim como nas passarelas de verĂŁo 2016, o preto e o branco dominam as ruas de Nova York! Cores sĂł em pontos muito especĂficos.
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Fenômeno global, a desordem climática não é privilégio de São Paulo. Casacos quase mantos são uma boa opção para dar uma bossa no look monocromático. Assim como um bom trench coat, que nunca sai de moda.
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Fúria da Sereia
Exposição em João Pessoa mostra o trabalho de Ronaldo Fraga e as Sereias da Penha Por Rafael Vita | Fotografias Flavia Canavarro
Aberta no último dia 19 em João Pessoa,
SERVIÇO Exposição Fúria da Sereia Data: Até 14 de fevereiro de 2016 Local: Estação das Artes Luciano Agra • Anexo da Estação Ciências Cabo Branco (Rua João Cyrillo • Altiplano Cabo Branco, João Pessoa) Horários: de terça a sexta, das 9h às 21; sábado, domingo e feriado, das 10h às 21h Entrada gratuita.
Paraíba, a exposição Fúria da Sereia é resultado do trabalho desenvolvido pelo designer mineiro Ronaldo Fraga com o grupo de artesãs Sereias da Penha. Além das roupas e biojoias desfiladas em abril na São Paulo Fashion Week, a mostra traz vídeos, croquis, imagens e instalações multidisciplinares que formam um conjunto poético que ajuda a contar a história da parceria e celebra o primeiro aniversário de criação do grupo que uniu o artesanato pessoense ao design de moda. Na exposição o trabalho artesanal é mostrado sob a perspectiva do design e dentro do conceito de economia criativa. Por meio de peças autorais criadas a partir do saber popular e da apropriação cultural, o público reconhece a importância da preservação ambiental e dos ecossistemas a partir do reaproveitamento de materiais que fazem parte do dia a dia das comunidades de pescadores e que costumavam ser vistos como lixo ou sem valor econômico.
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PERFIL
Olivier Rousteing Depois de Yves Saint Laurent, o designer mais jovem a assumir a direção criativa de uma casa de alta moda no mundo Por Mário Araujo | Fotos Divulgação
Aos 30 anos, Olivier Rousteing é um verdadeiro case de sucesso. Adotado em um orfanato de Paris com poucos meses por um casal de classe média de Bordeaux, cresceu na cidade portuária do sudoeste da França até completar 18 anos. Tentou estudar direito, mas ficou apenas poucos meses na universidade quando se transferiu para Paris para a École Supérieure des Arts et Techniques de la Mode. Na instituição, sonhava em ser como os mestres que admirava tanto, Gianni Versace, Christian Dior, Christóbal Balenciaga e Karl Lagerfeld, no entanto, os professores repetiam sistematicamente que se ele fosse um aluno aplicado conseguiria um ótimo trabalho numa empresa de lingeries. E isso ele não queria: se estava ali, era para fazer moda! Depois de seis meses, deixa o curso e se muda para a Itália, Milão, capital da moda. Consegue um emprego como auxiliar de escritório na Roberto Cavalli, auxiliando o então diretor criativo da marca, Peter Dundas. Ali ele fazia de tudo, de cópias a servir café e organizar a mesa do chefe, mas aprendia muito também tentando entender como Peter trabalhava, seus croquis e observando tudo que acontecia ao seu redor. Sua rotina em Milão também era superagitada, dividia o tempo entre o trabalho no escritório, outro em uma casa noturna onde fazia performances dentro de um cubo transparente e a casa do namorado.
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Alguns anos depois, quando já estava à frente das linhas masculinas e femininas de prêt-à-porter, Olivier deixa a Cavalli por um desafio maior, a Balmain. Fascinado pelo trabalho que o então diretor criativo da marca, Christophe Decarnin, estava fazendo na casa, ele escreve se oferecendo para trabalhar. A oferta foi aceita e Olivier volta a Paris como assistente de Decarnin, que trouxe uma visão rock para a tradicional maison francesa. Dois anos depois, Decarnin é afastado da marca por problemas de saúde, e Olivier é indicado como diretor criativo da Balmain. Aos 24 anos é um dos mais jovens estilistas a assumir uma casa de alta moda no mundo. A notícia gerou espanto, já que ele era um nome desconhecido do mercado em uma casa que passava por um período de evidência. O primeiro desfile apresentado em setembro de 2011 (verão 2012) colocou definitivamente Olivier no spotlight da moda mundial. Com críticas superpositivas, começava ali uma história repleta de top models que só faria o negócio da marca francesa crescer e o nome do estilista ecoar. Bastante esperto, foi o primeiro designer a ter um perfil público no Instagram. Apesar de não retratar seu trabalho nele, desde o início sempre mostrou seu lifestyle e seus ami-
gos famosos, como as Kardashians, Rihanna, Justin Bieber. Por ser muito mais novo que a maioria dos estilistas com a mesma posição que ele em uma casa de moda desse porte, ele acaba vivendo a mesma vida que essas celebridades e estando sempre muito próximo delas. Em entrevista recente à revista New Yorker, ele disse que não tem nenhum acordo comercial com nenhuma das Kardashians, por exemplo, para elas postarem fotos em seus Instagram com hashtags da marca ou #balmainarmy, mas que paga sim quando as escala para alguma campanha ou atende pedidos especiais como, por exemplo, quando Kendall resolveu que queria ser modelo, Kriss pediu a ele para inclui-la no desfile. Hoje, aos 30 anos, Olivier Rousteing é um fenômeno. A Balmain passou de uma casa de moda francesa, antiquada e esquecida, a uma marca desejo mundial. A parceria com a H&M lacrou essa fase, colocando-a no topo do topo. Despertou-se o desejo pelo exclusivo do exclusivo. Cabe a Olivier manter essa roda girando e a manterá, já que inteligência e ousadia não faltam a um dos únicos designers negros de uma casa de alto luxo, que não tem medo de ousar, de fazer um exército multiétnico na passarela com modelos de diversas gerações, de chegar à festa de gala mais importante de Nova York com outro homem e não com uma modelo, como é tradição, de vender luxo com ícones pops! Olivier está mostrando para o velho mundo que ousadia vende e que ele não tem medo de ousar. Os números comprovam.
Olivier Rousteing no Instagram: @olivier_rousteing
Esquerda: Verão 2016 Centro: Inverno 2015 Direita: Verão 2015
Para Olivier a Cavalli foi uma verdadeira escola de moda. Lá ele aprendeu sobre tecidos, logística, modelagem... E Dundas foi um grande mestre, pois sua visão superparticular, que mescla um minimalismo Jil Sander com um desconstrutivismo Rei Kawakubo, resulta em peças superfemininas e sensuais, que deixam as mulheres super femininas e sofisticadas, o que fez com que Olivier tivesse curiosidade de estudar e entender cada vez mais o trabalho de Dundas.
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EXPEDIENTE | Edição 8 – Dez 2015 - Fev 2016 A TEXTIL MODA é uma publicação da R. da Silva Haydu & Cia. Ltda. Inscr. Est. 104.888.210.114. CNPJ/MF 60.941.143/0001-20. Projeto Editorial: Mário Araujo Projeto Gráfico: Mariana Eller Presidente executivo: Ricardo da Silva Haydu Diretora de redação: Clementina A. B. Haydu (MTB 0065072/SP) Editor chefe: Mário Araujo Editora de Arte: Mariana Eller Editor de Arte: Fernando Tucunduva Revisão: Débora Donadel Representantes Comerciais Europa – International Communications Inc. Andre Jamar 21 rue Renkin – 4.800 – Verviers – Belgium +32 87 22 53 85 andrejamar@aol.com Ásia – Buildwell Int. Co. Ltd. 120, Huludun, 2nd St., Fongyuan, Taichung Hsien – Taiwan 42086 – R.O.C. +886 4 2512 2372 Coreia – Jes Media International 6th Fl., Donhye-Bldg. – 47-16, Myungil-Dong Kandong – Gu – Seoul 134-070 +882 481 3411/3
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