TEXTIL MODA # 7

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BRASIL | MAIO - JULHO 2015 # 7 | R$ 20,00

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recorte, colee, inspire-s 2

stshow


QUADRO DE INSPIRAÇÃO

#mcqueen

#vogueitalia

#futuro

#foconaroupa

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EDITORIAL

Luiza Scandelari apresenta

VIDAS

SECAS Por Tavinho Costa | Edição Mário Araujo | Styling Luciano Bortolotti | Make Bruno Miranda | Design gráfico Fernando Tucunduva

Assim como no romance de Graciliano Ramos, que narra as aventuras de Fabiano, Sinhá Vitória, os meninos e a cachorra Baleia e sua fuga da seca, a moda vive um momento de intempéries naturais. Nas passarelas internacionais, as coleções de inverno trouxeram uma cartela de cor terrosa, tecidos pesados e looks para dias de frio intenso, já que o hemisfério norte viveu um inverno sem precedentes nos últimos tempos. Por aqui, a crise hídrica está fazendo com que a indústria têxtil reinvente processos, diminua o consumo de água, se torne mais sustentável. A brasilidade voltou forte como tema nas coleções de verão!

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Jardineira Dopping, colete Authoria, vestido usado como casaco TNG e sapatos Triton.

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Mant么 Fernanda Yamamoto, blusa Ratier, cal莽a Letage e bolsa Denise Gerassi.

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Macacão e casaco TNG e sandália Lilly’s Closet

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EDITORIAL Vestido Dolos, saia de tule Diva, jaqueta Pacific Blue e cinto Lez a Lez.

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Blusa Puccini, saia TNG, colete Letage e brincos LetĂ­cia SarĂĄbia.

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Macacão Pacific Blue, mantô Fernanda Yamamoto, ankle boot Alcaçuz, colar Lázara Design e mochila TNG.

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Vestido Vapor’s Artezanale, blazer Fethiê, brincos Kalú Jóias e Sandálias Tanara.

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Vestido Vitor Zerbinato, jaqueta Alcaรงuz, braceletes Fabrizio Giannone e sandรกlia Tanara (mesmo look do abre do editorial).

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Jaqueta Shoulder, saia Diva e colar Fabrizio Giannone.

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Saia, camisa e colete TNG e calça Levi’s. REALIZAÇÃO Fotografia: Tavinho Costa | Assistentes de Fotografia: Fernando Lima e Pedro Marques | Concepção e edição: Mário Araujo | Edição de Moda e Styling: Luciano Bortolotti | Make: Bruno Miranda @ Capa MGT | Design Gráfico (Capa e editorial): Fernando Tucunduva | Modelo: Luiza Scandelari @ Way Model | Tratamento de imagens: Image Touch | Locação: Estúdio Bertram (São Paulo/SP) | Agradecimento especial: Giuliana Cruz

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MATÉRIA DE CAPA

Produção mais “seca”

Setor têxtil investe em tecnologia e muda hábitos para diminuir o consumo de água em toda a cadeia. Nos últimos anos, redução foi de 100 para 10 litros de água por quilo de tecido produzido

Por Nádia Pontes

Não importa a etiqueta, o local de produção ou para que estação é. Em um ponto, todas as peças de roupa se assemelham: exigem um alto consumo de água no processo de fabricação. Uma simples camiseta de algodão gasta até 2.900 litros de água ao longo das etapas de produção até chegar às lojas, por exemplo. O recurso natural é fundamental em praticamente todos os níveis da cadeia têxtil, do processo de fiação à confecção, e tem diferentes funções também: a água serve para resfriar cilindros de máquinas no processo de beneficiamento e não pode faltar na lavagem, entre outros. “Sempre foi uma indústria que consome muita água. Desde a fibra, o algodão, que precisa de água para irrigar”, exemplifica Camila Borelli, coordenadora do curso de Engenharia Têxtil da Faculdade de Engenharia Industrial, a FEI. Ciente de que ocupa o topo da lista de consumidores desse recurso cada vez mais escasso, o setor têxtil percebeu que a redução era uma questão de sobrevivência. E essa preocupação veio antes da crise hídrica vivida no estado de São Paulo desde o ano passado. “A economia não foi exclusivamente por causa do problema hídrico, e sim foi uma preocupação com o custo do processo, de uma forma geral. A primeira preocupação é a energia e, em seguida, o problema do abastecimento de água”, admite Sylvio Napoli, gerente da área de tecnologia e inovação da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e Confecção (Abit). A partir de 2005, o empresariado começou a investir para economizar. Os primeiros resultados do esforço já aparecem: desde então, a cadeia reduziu em 90% o consumo de água na produção, aponta a entidade. O volume do recurso usado na fabricação de um quilo de tecido caiu de 100 para 10 litros. 20


Uma simples camiseta de algodão gasta até 2.900 litros de água ao longo das etapas de produção até chegar às lojas

“É uma questão de sobrevivência. Hoje não é mais aceitável o consumo sem limites. E nem existe mais água disponível para ser gasta sem controle”, analisa Camila Borelli. A indústria optou por alterar processos, obter novos tipos de materiais e corantes que ajudassem na economia. “A quantidade de água usada para fazer acabamento de um tipo de produto têxtil reduziu muito”, adiciona Napoli. “Antigamente, antes de entrar numa fábrica de tinturaria, era preciso colocar galocha, capa, guarda-chuva, de tanta água que ‘escapava’ no meio do processo. Hoje não é mais assim. É tudo limpo e seco como numa fábrica de móveis, por exemplo”, compara Napoli.

Água mais limpa desde o começo Uma das grandes mudanças implantadas no setor têxtil foi melhorar a qualidade da água antes do seu uso no processo interno. O recurso é normalmente captado em rios e, antes de entrar na cadeia, passa por um tratamento inicial de desmineralização. “A água não fica potável, mas num ponto que facilita muito o tipo de tinturaria e estamparia, que é o processo químico para adicionar a cor ao produto têxtil. E isso reduz o uso de água e o uso de produtos químicos”, explica Sylvio Napoli. Essa combinação acarreta, consequentemente, a redução dos custos da fábrica. Outro ponto a favor: a água usada no tingimento, por não ter minerais, pode ser tratada com maior facilidade. Fábricas no estado de São Paulo foram as primeiras a ajustar a produção a esse padrão mais econômico. “Mas também vemos outros polos em outros em estados, como Pernambuco, indo em busca de tecnologias para diminuir o uso da água”, comenta Napoli.

Tecnologia de ponta A modernização do maquinário ajudou o setor a cortar o gasto de água. Na área de tingimento de tecidos, a tecnologia conhecida como Dye Clean começa a ficar mais popular. Ela reduz em até 80% o consumo de água e corta pela metade o uso de produtos químicos. A Dye Clean permite que a água usada no tingimento siga para um tanque e possa ser reutilizada na sequência, sem a necessidade de um tratamento intermediário. No modo tradicional, a tintura exige um elevado custo de energia, água, produtos químicos e sal: os tecidos com fibras celulósicas passam por um banho com produtos químicos e corantes e vão ganhando cor conforme o tempo, velocidade de aquecimento e dosagem. Com a tecnologia, é possível misturar os banhos que sobram dessas tinturas. Segundo a fabricante no Brasil, até 80% da água destinada ao tingimento podem ser reutilizadas. Há relatos ainda de que a mesma solução tenha sido reutilizada 200 vezes no processo de tingimento. Antigamente, todo esse volume era descartado após o primeiro uso. Segundo a Abit, esse processo também está sendo introduzido na lavanderia. Os fabricantes de jeans são os mais interessados: toda peça pronta sofre uma finalização que inclui a lavagem. O reúso da água nessa etapa geraria uma grande economia. “É um caminho sem volta. Toda vez que se tem redução de custo, todas as empresas vão querer seguir esse caminho”, analisa Sylvio Napoli. 21


Apoio das universidades Nessa corrida em direção à produção mais limpa e sustentável, muitas indústrias recorrem às universidades. “Elas vêm até nós preocupadas com o tratamento de água para devolvê-la mais limpa ao meio ambiente, e também buscam tecnologias de reúso”, conta Camila Borelli, da FEI. Um projeto orientado por Borelli foi o vencedor do Prêmio Whirlpool Inova, da Whirlpool, fabricante de produtos das marcas Brastemp e Consul. Três alunos desenvolveram uma lavadora de roupas inteligente que reutiliza água. No projeto, a máquina ganhou quatro dispositivos inovadores que aumentaram a eficiência da lavagem e a economia de água. Os alunos instalaram um tanque na parte inferior da máquina que tem capacidade para 40 litros. A água guardada ali pode ser usada na próxima lavagem e é mantida em boa condição - uma luz especial evita a proliferação de bactérias e fungos. “Esse projeto mostra que toda a cadeia está preocupada em economizar água, até o consumidor final”, comenta Borelli. A tecnologia foi repassada para a fabricante, que pode utilizá-la no desenvolvimento dos produtos. Equipe de pesquisa da Engenharia Têxtil da Faculdade de Engenharia Industrial, a FEI

“É um caminho sem volta. Toda vez que se tem redução de custo, todas as empresas vão querer seguir esse caminho”, analisa Sylvio Napoli.

Bom exemplo pioneiro Uma das primeiras empresas a criar um plano com metas ambiciosas para reduzir o consumo de água foi a alemã Puma. Até o fim de 2015, o plano é reduzir em 25% a quantidade de lixo produzido, emissão de CO2 e a energia consumida em relação às taxas de 2010 – além do consumo de água. A política ambiental da Puma usa indicadores de desempenho coletados em diversos níveis pela própria empresa (lojas, escritórios, centros de distribuição) e também por consultores espalhados pelo mundo. Até agora, a Puma conseguiu cortar em 2,5% o consumo de energia nos últimos três anos. “E a água é um recurso crítico para o nosso negócio e para comunidades que servimos”, reconhece. A empresa trabalha para diminuir o consumo não apenas em sua cadeia produtiva, mas também nos escritórios e centrais de distribuição. A média de consumo por funcionário da empresa é de 10,5 metros cúbicos por ano.

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vicunha TêxTil, líder mundial na produção de índigos e brins

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QUEM SOMOS

Ana Clara Garmendia Autodidata em fotografia, a jornalista é uma das pioneiras do street-style (fotografia de moda de rua). Tudo começou em 1996, mas alcançou notoriedade em 1999 quando montou o blog Moda Paris www.anaclara.com.br, mesmo período em que começou uma interminável ponte aérea entre Brasil e França. As ruas do mundo são os múltiplos estúdios dessa profissional que encanta com a sofisticação e pureza de seus cliques.

Luiza Scandelari Com apenas 17 anos e quase um ano de carreira, Luiza está no caminho certo para se transformar em uma grande modelo internacional. Habitué das principais revistas nacionais, como Vogue, ELLE, Marie Claire, Harper’s Bazaar, Glamour, L’Officiel e FFWMag! e presença certa nas semanas de moda nacionais, a jovem modelo não brinca no set, entregando lindas imagens que só tornam mais difícil a edição das fotos. Ninguém segura essa menina, que está pronta para conquistar novas passarelas.

Bruno Miranda Make up artist e hair stylist, Bruno é autodidata na profissão que escolheu por ser sua paixão desde bem jovem. Para ele, a troca de energia é o mais importante da profissão. Trabalha com publicidade, desfiles e editoriais de moda e beleza, onde atua como cabeleireiro e maquiador. Tem um portfólio bem extenso, que que inclui as principais revistas de moda do país, as atrizes e atores mais badalados da TV e do cinema.

Nicolas Galligaro Divide seu tempo entre os videoclipes e a fotografia de moda. Gaúcho, deixou o curso de publicidade em 2009 em sua reta final para morar em São Paulo, onde se formou em fotografia. Nicolas, atualmente, está se aperfeiçoando em fotografia de cinema. Apesar de pouco tempo de carreira, já conta com um portfólio extenso, que vai de fotos de moda a retratos e kids.

Luciano Bortolotti Iniciou sua carreira em Brasília como produtor de moda e desde 2003 colabora como styling com as mais variadas publicações de moda do país, como Cool Magazine, VIP, Contigo, Status, entre outras. Com uma visão apurada, cria imagens fortes e atemporais, que não se restringem às páginas de revistas, mas podem ser vistas em desfiles de moda dos principais eventos do país, assim como em campanhas publicitárias de marcas como Dudalina, Havaianas, Levi’s e Dalutex.

Para conhecer mais detalhes sobre a equipe da TEXTIL MODA, visite: facebook.com/textilmodamagazine

Os de sempre

Mário Araujo

Tavinho Costa

Jornalista

Fotógrafo

Mariana Eller

Fernando Tucunduva

Nádia Pontes

Rafael Vita

Débora Donadel

Vivi Haydu

Designer

Jornalista

Jornalista e Revisora

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Designer

Economista

Publisher


COLEÇÃO PLATINUM CARBON BLUE Um azul intenso com nuances de preto azulado FOUNTAIN BLUE Conceito e prática da sustentabilidade

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CARTA DOS EDITORES

As intempéries naturais pautaram as últimas edições das semanas de moda nacionais e internacionais. Se por um lado o frio excessivo no hemisfério norte resultou em roupas superquentes e tecidos pesados nas passarelas, a falta de água no Brasil está fazendo com que a indústria repense processos, foque em inovação para encontrar soluções viáveis para continuar se desenvolvendo e, até mesmo, respire mais as brasilidades, como pode ser visto nas coleções de verão 2016. A moda nacional vive um momento importante de mudança e essa fase é retratada alegoricamente em nosso editorial Vidas Secas. Assim como na obra de Graciliano Ramos, a moda busca por um lugar melhor, por uma fase melhor, que deve encontrar em breve, só não pode perder a esperança. E a esperança se traduz em capacitação, investimentos, criatividade e profissionalização. A seca é o oposto da fartura, aqui o oposto da água. Tema desse número que fala de Brasil. A água é um dos principais recursos que movem a indústria têxtil e é usada em praticamente todas as suas fases. Investigamos e destrinchamos o tema em diversos diálogos. Ora técnico, ora econômico, ora inspiracional... Falando em inspiração, é dos ateliês da Dior Couture em Paris que surgem as belas imagens da matéria “Fábrica de Sonhos” sobre a produção dos modelos de alta-costura da Maison francesa que levam em média 200 horas para serem fabricados. Pesquisamos muito, mergulhamos nos mais diversos conteúdos para trazer uma edição fresquinha e cheia de novidades para você.

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Boa leitura! Mário Araujo e Mariana Eller

2 Quadro de inspiração 4 Editorial | Vidas Secas 20 Matéria de capa | Produção mais “seca” 24 Quem somos 26 Carta dos editores 28 Materiais | Águas claras 30 Em Pauta | Existem saídas para a crise 32 Bibliografia | Lectra 34 Entrevista | Vivi Haydu 38 Semana de moda | Terra Brasilis

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Nossa história | Grupo Rosset Brasil em foco | Renda Preview Inverno 2016 | Vicunha Preview Inverno 2016 | Capricórnio Preview Inverno 2016 | Canatiba Preview Inverno 2016 | Cedro Trend | Inovação Trend | Sebastião Salgado Trend | Expo Renda-se Trend | Minas Trend Cartela de cores | Segue o seco

Música | Pharrell Williams Internacional | Inverno 2016 Infográfico | Isabel Marant Moda de rua | Foco na imagem Inspiração | Dior Couture Cultura | Alexander McQueen Holofote | Isabel Marant Ponto de venda | Victoria Beckham 92 Perfil | Iris Apfel 94 Guia da Textil

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canatiba.c o m .b r

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Reino das águas claras

Lucas Magalhães

Têca por Hêlo Rocha

Paula Raia

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Lenny


MATERIAIS

As águas e suas criaturas apareceram em diversas coleções de verão 2016 apresentadas nas semanas de moda nacionais. Veja aqui alguns looks que selecionamos e os materiais utilizados para representar esse recurso da natureza tão em moda atualmente! Por Rafael Vita | Fotos Agência Fotosite/Divulgação

Ronaldo Fraga

Alexandre Herchcovitch

Isabela Capeto

Colcci

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EM PAUTA

Existem saídas para a crise Ilustrações da matéria: Croquis de Ronaldo Fraga. DNA brasileiro na moda fashion tipo exportação.

O cenário não era favorável: a recessão global dos últimos anos afugentava novos investidores, a competição com os produtos chineses fazia estragos na indústria nacional e o plano de negócios parecia não ter se adaptado aos tempos modernos. Ainda assim, apesar dessa situação adversa, uma pequena empresa familiar fabricante de tecidos conseguia crescer 5% ao ano – um excelente resultado diante do momento ruim e um bom indicador de negócios futuros. Como eles conseguiram esse feito? A trajetória de sucesso dessa empresa poderia ter sido escrita no Brasil, mas aconteceu na Croácia. Trata-se da Merkur, fundada em 1992, inicialmente especializada na produção de tecidos e roupas para crianças em eventos especiais, como batismo. Com o tempo, a atuação se expandiu e atualmente a Merkur é parceira de lojas de departamento no país.

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A curiosa história da empresa europeia virou caso de estudo e foi analisada por pesquisadores da Universidade de Split, na Croácia. Eles queriam entender como uma firma de pequeno porte conseguiu não apenas manter o nível de negócios, mas crescer em tempos de recessão global. Para os empresários, os bons resultados se devem ao investimento em novas tecnologias, maquinário, formação profissional e monitoramento de tendências do mercado. Uma lição que pode servir para o mercado brasileiro nesse momento delicado. Segundo a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), o setor de confecção registrou queda de 17% no primeiro bimestre de 2015 em relação ao mesmo período do ano passado. Em toda a indústria, essa redução foi de 8%. “Nós somos o setor da indústria de transformação que enfrenta há mais

tempo a concorrência mundial”, analisa Fernando Pimentel, diretor superintendente da Abit. “Achamos que, mais para a frente, alguma pequena melhora poderá ocorrer, mas nada que nos livre do terreno negativo” afirma Pimentel. A previsão é que o setor chegue ao fim do ano com uma queda de 2%. No varejo, os números deverão ficar estáveis. “Não dá para enxergar muita coisa à frente, o futuro está embaçado”, fala Pimentel sobre os prognósticos.

Como enfrentar a dificuldade Os pequenos negócios são importantes para qualquer economia - seja no Brasil ou em países de menor território, como a Croácia. No caso brasileiro, as empresas de pequeno porte têm grande participação na economia: juntas, as cerca de 9 milhões de micro e pequenas empresas representam 27%


Gestão dos negócios é o segredo da sobrevivência em um momento de insegurança. Internacionalizar, aumentar eficiência dos recursos, não perder de vista a modernização do mercado são estratégiaschave para crescer sob um cenário adverso Por Nádia Pontes | Imagens Divulgação do Produto Interno Bruto do país, revelam dados do Sebrae. No caso da indústria têxtil, as firmas com esse perfil são importantes para o mercado, que movimenta cerca de 100 bilhões de reais por ano. “O setor de confecção concentra o maior número de pequenos negócios, e são eles os que mais sofrem com dificuldade de investir, acesso a crédito etc”, aponta Fernando Pimentel. A favor dessas e demais empresas, a Abit atua para melhorar o ambiente de negócios nesse cenário de crise. A entidade defende um clima mais amigável para quem arrisca seu capital. É preciso desburocratizar, mexer na legislação tributária, diz a associação. “O empresário é trabalhador empregador, que tem um trabalhador empregado. Ninguém é melhor que ninguém, mas essa é a figura correta. 90% dos negócios são compostos por pequenas empresas e o pequeno empresário luta muito para tocar o seu negócio”, argumenta. Para que o setor mantenha um bom desempenho no atual panorama, a entidade aposta em diferentes frentes de trabalho. Uma parceria com a Associação Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), por exemplo, trabalha num modelo de negócio baseado em conceitos inovadores, para servir de referência aos empresários do setor no Brasil.

A ideia é levar ao grupo o que há de mais importante e moderno em termos de máquinas e equipamentos, arranjos de produção e, dessa maneira, ajudar o setor a se adaptar rapidamente ao cenário dinâmico da indústria internacional.

Do Brasil para o mundo Outra estratégia é inserir a cadeia têxtil brasileira no mercado internacional. Atualmente, o país é o quinto no ranking mundial de produção têxtil, com 2,7% de participação – fica atrás de China/Hong Kong, Índia, Estados Unidos e Paquistão. Já na produção de vestuário, o país está na quarta posição, depois de China/Hong Kong, Índia e Paquistão. A Abit tem uma longa parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil). Segundo Pimentel, 67% das exportações do setor são feitas por empresas que fazem parte do programa. Melhorar a performance para atender o mercado externo é importante, inclusive, para aumentar a competitividade interna. “A exportação é necessária, vamos continuar perseguindo essa meta de forma implacável. É um caminho elegante e importante para o futuro dos negócios”, defende Fernando Pimentel. Apesar de ser um grande produtor e consumidor mundial de tecidos e roupas, o Brasil tem uma participação

muito tímida no comércio internacional: é responsável por apenas 0,5% das trocas entre países. Essa taxa coloca o Brasil na 23° posição no ranking de exportadores do setor.

Rumo ao crescimento Apesar do humor ruim da economia, a cadeia têxtil precisa se cuidar para não ficar para trás na corrida internacional. A lista de recomendações incluiu o aumento da produtividade, a melhora da relação com o cliente e o acompanhamento da evolução dos produtos. “É preciso também estar sempre em campo para aproveitar as oportunidades que surgem”, adiciona Pimentel. A gestão do caixa e dos negócios passa a fazer uma diferença brutal nesse momento de insegurança. Especialistas também advertem que os investimentos para manter maquinário atualizado, aumentar a produtividade e a eficiência e que, ao mesmo tempo, reduzam custos de energia e o consumo hídrico não devem ser adiados. No caso da pequena empresa têxtil que instigou os pesquisadores na Croácia, além da aposta em modernização, a internacionalização dos negócios foi uma saída que trouxe crescimento. O uso das mídias sociais também trouxe bons resultados. “Para as mídias sociais não existem fronteiras físicas, o uso dessas ferramentas para os negócios traz boas perspectivas”, conclui o estudo.

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BIBLIOGRAFIA

TEMPOS DE MUDANÇAS Documento produzido pela Lectra mostra a necessidade das empresas de moda se modernizarem e indica caminhos para que isso aconteça de forma harmônica Por Mário Araujo

Nos últimos dez anos, a indústria da moda se transformou. Coleções que eram apresentadas duas vezes por ano passaram a ganhar desdobramentos em cruise e resort. Para aquecer as araras, capsule colections foram criadas. Muitas marcas produzem mais de 20 coleções por ano que são distribuídas no mundo todo (vale considerar que existem diferenças de biótipos e culturais – gostos por cores e formas). O desafio cresceu, mas a estrutura que muitas empresas possuem para encarar esse novo cenário continua a mesma da época em que apenas existia outono e inverno e seis meses para que se desenvolvesse todo o ciclo de produção – hoje, em alguns casos, são sete dias. Levando isso em consideração, a Lectra, empresa francesa focada em soluções para a indústria têxtil e de confecções, desenvolveu o white paper “Um Modelo de Mudança”, que mostra a evolução da indústria e como alguns líderes de grandes corporações lidaram com as transformações e migraram para modelos de sucesso com a consultoria da empresa. O documento começa com uma discussão bastante interessante sobre quem está no comando hoje e conclui-se que é o consumidor. Por isso é de extrema importância monitorar os perfis das redes socais e conhecer quem é o seu consumidor e o que ele espera da sua marca. Se o que ele quer for produzido, certamente será consumido. Aí já existe uma mudança de comportamento, pois não é marca que dita o que será consumido, mas sim o consumidor dita o que marca irá produzir.

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A análise do mercado chinês e a evolução que ele está passando é outro ponto alto do estudo. É interessante notar o destaque dado ao grande poder de compra do mercado interno chinês que está descobrindo a graça de comprar agora, a falta de fidelidade desse público às marcas e a evolução da própria indústria nacional do país, que deve migrar de fornecedora de manufaturas para marcas próprias, já que é muito mais lucrativo. O material segue com um capítulo bastante rico sobre a transformação do negócio que reforça a resistência da indústria têxtil e de confecções de abraçar a tecnologia para se modernizar. Aqui a mensagem é clara, “ou a empresa se moderniza ou ela fica para trás”, destaca Alan Wragg, diretor técnico da marca F&F da varejista britânica Tesco. O capítulo ainda destaca as dificuldades de se fazer mudanças no setor por conta da velocidade dos ciclos, além de apontar processos certeiros para que ela aconteça. O estudo se encerra com um capítulo bastante rico no qual a Lectra apresenta o Lectra Fashion PLM, que é um modelo de mudança que foi desenvolvido em resposta a esses tipos de desafios. Mudança aqui não é necessariamente a transformação da empresa toda. Pode ser apenas de um processo, como pode ser visto nos dois cases que encerram o material. No primeiro, uma rede de fast fashion precisava criar um meio para que seus departamentos se comunicassem melhor e, com isso, diminuíssem o tempo de produção. O segundo é focado em uma marca de luxo que cresceu mais do que esperava e tem processos muito manuais de desenvolvimento de produtos e precisa criar protocolos. O material é bastante rico e vale uma leitura cuidadosa. Para ter acesso ao white paper completo, acesse: lectrafashionplm.lectra.com/pt-br.


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ENTREVISTA

vivi HAYDU Há mais tempo trabalhando com moda no Brasil do que gostaria de confessar, Vivi Haydu reúne experiência e conhecimento de sobra para falar como ninguém do momento que o país está passando, olhar a história da moda brasileira desde o seu início e vislumbrar um futuro interessante para o setor no país. Amante da tecnologia, visita anualmente as principais feiras e eventos do setor têxtil ao redor do planeta para conhecer as novidades em primeira mão. Confira, a seguir, o bate-papo que tivemos com a diretora de redação da TEXTIL MODA.

Por Mário Araujo | Foto Nicolas Calligaro

Como a moda surgiu na sua vida? Foi por acaso. Eu trabalhava na bolsa de valores, na Corretora do Investbanco, administrava a carteira de ações dos clientes potenciais. Então recebi um convite do diretor da Fenit [Feira Nacional da Industrial Têxtil], Fred Horta, na ocasião em que o evento saía do Ibirapuera e ia para o Anhembi, para vender ações do pavilhão que era um projeto da Embratur [Instituto Brasileiro de Turismo]. Foi meu primeiro contato com o universo da moda. E a carreira de modelo? Foi consequência deste convite. Um dia durante a Fenit eu estava vendendo as ações e um expositor me chamou, fiquei super feliz achando que iria efetuar uma venda, quando, para minha surpresa, era para fazer o desfile da marca Celimar – Linha praia. Eu disse que não seria possível, pois não era “manequim”, como as modelos eram então chamadas. Na época os desfiles eram dançados, o que

tiraria de letra, pois era formada em balé clássico e tinha feito cursos de jazz. Aí achei que a oportunidade poderia ser interessante, pois percebi que não venderia as ações tão facilmente no evento, já que havia outros corretores fazendo o mesmo trabalho. Também achei o cachê ótimo em relação ao que ganhava na corretora. Aí aceitei o convite. Enquanto estava na passarela, outra marca, a Parislã – Linha praia, estava precisando de uma manequim para o próximo desfile e me chamou, fiz. Depois continuei fazendo os outros desfiles das duas marcas e fui escolhida para fazer Christian Dior – linha praia. Um dia quando cheguei à Fenit e o Fred Horta estava em pânico, pois a relações públicas havia faltado e o desfile internacional do estilista francês Louis Feraud já estava para começar e não havia ninguém para ser intérprete. Como naquele momento eu não tinha nenhum desfile agendado, fui escalada para a atividade.

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Assumir a Revista Textil também foi um desafio, pois foi a primeira revista profissional do setor, hoje com 84 anos.

Assim que ele me olhou, disse que queria manequins como eu, pois não gostava de mulheres altíssimas. Aí, de intérprete passei a fazer parte do casting. Nos intervalos, apresentei o Anhembi para ele. A imprensa concluiu, por eu estar sempre com ele e falando francês, que eu tinha vindo com ele de Paris. Me divertia com isso. Apesar de não ser verdade e de negar a informação, ele me convidou para ir à França com ele como sua modelo exclusiva. Não fui. E assim tudo começou. A migração para a área de produção de eventos foi um projeto natural? Como foi o aprendizado? Super natural. Aconteceu em consequência de um acidente que me tirou das passarelas por seis meses, pois fiquei com o braço engessado e precisava trabalhar. Como sempre tive interesse em como eram feitos os desfiles, tanto do backstage como de direção, foi fácil. Comecei como free-lancer, depois a coisa cresceu e montei uma produtora. Como se deu o convite para dirigir a Fenit? Como fazia muita produção de desfiles na Fenit , principalmente dos grandes, o Dr. Caio de Alcântara Machado era convidado para assistir, o que nos aproximou. Também colaborava com eles na parte do casting dos desfiles internacionais. Então quando a Fenit ficou sem diretor, não era tão simples a escolha do substituto, pois não existe nenhuma faculdade

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que forma esse tipo de profissional. Como ele sabia que eu era exatamente o tipo de profissional que precisava e também já contava com uma empresa montada surgiu o convite. Nesse período frente à Fenit qual foi seu maior desafio? Modernizar o evento que estava num momento difícil, aumentar o número de expositores e, principalmente, internacionalizar, este era o maior desafio... Por que a Fenit tomou a proporção que tomou? Acho que foi um trabalho árduo, e o Dr. Caio de Alcântara Machado sempre foi um grande visionário. Não tinha como dar errado. Por que a Fenit morreu? Não posso responder, pois na ocasião eu já não trabalha mais na Alcântara. A venda da empresa para Reed Exibition talvez possa ter influenciado essa decisão, pois eles são promotores de eventos de grande porte e sabemos que moda não alavancava os lucros desejados. Após a sua saída direção da Fenit em 2005, você assumiu a direção da Revista Textil. Como você vê o setor hoje no Brasil?


Assumir a Revista Textil também foi um desafio, pois foi a primeira revista profissional do setor, hoje com 84 anos. Realmente não foi muito fácil passar da moda para a tecnologia. O setor de tecnologia eu vejo com otimismo, pois sabemos que o da moda precisa principalmente das inovações tecnológicas para superar a concorrência. Por que países como China só crescem e a indústria têxtil nacional estagna? A indústria chinesa cresce principalmente porque compra muita tecnologia, tanto que o maior evento do setor de máquinas da cadeia, a ITMA, que acontecia apenas na Europa a cada quatro anos, teve que gerar um evento na China a cada dois anos por exigência dos produtores de máquinas, pois o mercado absorve. Tecnologia é a chave para o futuro do setor? Tecnologia, inovação e sustentabilidade são o tripé do sucesso. Fala-se muito em crise. Você que acompanha esse setor por tantos anos e já viu outras crises. Como pensa que a indústria pode reverter esse cenário? O Brasil e o setor passaram por muitas crises, aliás existe até uma brincadeira que o setor têxtil é o primeiro que entra e o último que sai das crises, ou seja, estamos sempre vivendo uma crise, ora é a importação, o dólar, a China, e aí vai.

Fala-se muito de moda nacional e de criação de um DNA brasileiro. Como você vê hoje os eventos de moda nacionais? Acho que os nossos criadores e marcas estão focados em aproveitar o DNA brasileiro, que, diga-se de passagem, é imenso, com tanta diversidade, nunca faltará inspiração, aliás, os criadores internacionais já vieram buscar inspiração em nosso país. Quanto aos nossos eventos, precisam seguir a tendência de renovação, modernização, senão acabam desparecendo como muitos. Sabemos que não é fácil realizar um evento, pois isso depende de muitos fatores. O que você espera para a indústria têxtil e a moda nacional nos próximos anos? As empresas que investirem nos momentos difíceis com criatividade, tecnologia e inovação, e com talentos (cabeças) terão sucesso. Quem estagnar, sem dúvida, sai do mercado, dando espaço para novos empreendedores. Tendência ainda é a grande estrela da moda mundial? Tenho dúvidas. Sempre ouvi no período que trabalhei em Paris que tendência leva à falência. Lógico que sempre partimos de um parâmetro (conceito), mas acredito em criatividade.

Existe até uma brincadeira que o setor têxtil é o primeiro que entra e o último que sai das crises, ou seja, estamos sempre vivendo uma crise, ora é a importação, o dólar, a China, e aí vai.

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Vivaz

SEMANA DE MODA

A moda brasileira tenta se reinventar. Já foi-se o tempo que jornalistas, blogueiros, estudantes,

TERRA Brasilis

celebridades e curiosos se estapeavam por convites para assistir às apresentações das semanas de moda do país, que tinham costumeiramente mais de 50 desfiles, fora os muitos

Onda nacionalista nas passarelas das principais fashion weeks do país reflete o momento atual da moda brasileira e a crescente exigência de um consumidor cada vez mais conectado que não perdoa um deslize que seja

eventos paralelos que faziam dessas ocasiões verdadeiros

Por Mário Araujo | Fotos Agência Fotosite/Divulgação

chegada das big brands internacionais, que ganharam muito

acontecimentos nas cidades que as hospedavam. O desgaste dos eventos e a dificuldade financeira que muitas marcas enfrentaram ao longo dos últimos anos fizeram com que muitas confecções e estilistas desaparecessem ou deixassem de apresentar suas coleções. Com isso, a representatividade e exposição de uma cara nacional, principalmente nos veículos de comunicação, foi diminuindo. Sem contar a mais destaque do que qualquer marca nacional que não tivesse o poder de ter uma Gisele Bündchen na passarela.

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Rogério Lima

Somado a todos esses fatores, a cópia. O consumidor brasi-

ples foto e comentário – vale lembrar os dois casos da Arezzo:

leiro ama o que vem de fora, o que as marcas gringas fazem,

uso de pele animal e sapato com palmilha de outra marca.

então nada mais natural, até mesmo para sobreviver, que “importar” essa inspiração para as coleções. Estratégia de

As mídias sociais também podem alavancar as marcas. Uma

guerrilha para sobrevivência.

das principais discussões da última Semana de Moda de Paris, que aconteceu em março, foi sobre o peso do Styling na apre-

Quem fez deu certo, mas a moda brasileira vive outro

sentação das coleções. Alguns críticos argumentam que muitas

momento. As marcas internacionais estão quase todas presen-

marcas escondem esse profissional que é responsável pela ima-

tes no país. Se não em lojas próprias, em multimarcas super-

gem que será exibida instantaneamente via mídias sociais para

-exclusivas. Qualquer consumidor que tenha poder de compra

o mundo e que a roupa do estilista sem sua contribuição não

pode adquirir o que quiser, sem contar que Miami, nos Estados

teria a mesma força nem o mesmo apelo na “era da imagem”.

Unidos, virou quintal de shopping do consumidor brasileiro. Então, nada mais natural que repensar estrategicamente E quem não pode comprar, pode falar sobre. Os canais de mídias

o que pode conquistar o consumidor brasileiro. O que ele

sociais deram voz a milhares de pessoas que se tornaram espe-

gostaria de comprar. O que é diferente e exclusivo. Também

cialistas em assuntos diversos da noite para o dia e são capazes

vale incluir nessa lição de casa um brainstorm sobre o que o

de abalar a reputação de grandes casas de moda com uma sim-

mundo gostaria de ver e consumir do Brasil.

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Têca por Helô Rocha

Algumas marcas, como Havaianas, Melissa, Carlos Miele, Alexandre Birman e Osklen, já fizeram esse exercício há muito tempo e seguem sua estratégia de crescimento se tornando benchmarking para o mercado. Outras estão em processo e surpreendem pela aceitação tanto nacional como internacional. É o caso da mineira Patricia Bonaldi, que veio do barroco característico da região, repleta de bordados, conquistou uma clientela seleta de blogueiras de moda e it-girls do momento, foi parar nas páginas das principais revistas de moda do país e só depois ganhou as passarelas das fashion weeks. E não para por aí, o mercado internacional também já descobriu a estilista, que já vende para os Estados Unidos, Japão e Emirados Árabes.

A hora é agora! Mas a grande novidade desta temporada de verão 2016 foi a brasilidade que dominou grande parte das temáticas das coleções apresentadas nas semanas de moda nacionais. Se antes o

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tema era exclusivo da já citada Osklen, de Lino Villaventura e Ronaldo Fraga, nessa temporada quase todas as marcas trouxeram um “que” de Brasil. E nada a la Carmen Miranda... No Minas Trend, como não poderia ser diferente, os bordados sobressaem. Porém, eles deixam de ser super barrocos, à la Balmain, e ganham personalidade e um DNA próprio, que conquistam o consumidor que busca brilho e uma roupa de noite exclusiva. O mais interessante é que as confecções entenderam que não é necessário copiar os mestres europeus e sim levar para a vestimenta os elementos de brasilidade com um olhar de moda mais universal e contemporâneo. Nessa direção, o trabalho apresentado pela Vivaz é impecável. Vale destacar também grifes mineiras como GIG, Madrepérola, Arte Sacra, Lucas Nascimento, Apartamento 03, entre outras (nesta edição do evento, GIG e Apartamento 03 apresentaram suas coleções na SPFW).


Pat Bo

Já na São Paulo Fashion Week, a diversidade brasileira desembarcou no Parque Villa-Lobos, onde acontece o evento desde a mudança da Bienal, no Parque Ibirapuera. De tribos indígenas a folclore brasileiro, passando por orixás, mar, carnaval e surfe, tudo foi inspiração para os estilistas que optaram por ter o Brasil como referência para suas coleções. O resultado foi bastante interessante, com peças “desejo”, que muitas vezes estão distantes do comercial, mas que com certeza apontam um caminho para ele. Destaque para o trabalho em tecido cru de Paula Raia, para o “mar” nada óbvio de Alexandre Herchcovitch, para os orixás de Têca por Helô Rocha e para as impecáveis criações de Vitorino Campos para a Animale. Outras duas marcas que dialogam sempre com o Brasil, mas sem deixar de falar com o mundo, merecem menção especial pela sua coragem e por nem sempre serem bem interpretadas. A Amapô, que faz um dos melhores jeans modeladores do mercado, apresentou uma coleção super pop e mega colo-

rida em uma brincadeira bastante presente na moda atual, principalmente em Milão, leia-se Gucci, focada no unissex. Além de fazer diversas experimentações mesclando moletom com denim. E a Tryia, que faz um beachwear debochado, com modelagens “maluquetes” e estampas superinteressantes! A temporada era de verão e moda praia vista até agora foi pouca. Se de um lado temos o Brasil falando do Brasil, de outro temos as grifes de praia escondidas, precisando colocar a cara ao sol. A temporada foi interessante e deixa um gostinho de quero mais. Agora é torcer para as fast fashions nacionais e suas equipes de criações entenderem esses sinais e transportarem a mensagem do high fashion nacional para as araras comerciais. A moda brasileira e seu DNA só serão propagados quando a cadeia se fechar. Do contrário, acontecerá como já vem se desenrolando. A moda nacional é cara e para poucos. Fecha-se numa bolha e assim como nasce, morre, sem ecoar.

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NOSSA HISTÓRIA

Grupo Rosset Como a pequena loja de camisetas do Bom Retiro em São Paulo se transformou em um dos maiores conglomerados têxteis do país

Por Nádia Pontes | Imagens Grupo Rosset/Divulgação

O longo caminho das peças que fazem sucesso nas praias, piscinas e resorts do Brasil e de diversas partes do mundo começa em um moderno centro de criação no bairro do Bom Retiro, em São Paulo. É onde o Grupo Rosset, maior conglomerado têxtil da América Latina, mantém o seu centro de desenvolvimento de produtos. O ambiente é integrado, abriga cerca de 25 profissionais – engenheiros, designers e estilistas – que atuam juntos sempre em busca de inovações. É de onde saem novas cores, tecidos, rendas e estampas que abastecem as marcas do conglomerado e confecções em todo o país. O grupo, formado pelas empresas Rosset e Doutex, é responsável por uma produção anual de cerca de 12 mil toneladas de tecidos e rendas. A produção é toda nacional: “Para a gente, é importante valorizar a cultura e os profissionais brasileiros”, justifica Gustavo Rosset, diretor da companhia. Assim como a produção, os fornecedores de matéria-prima são majoritariamente brasileiros. “A única coisa que importamos são fios”, afirma Gustavo. Duas empresas nacionais abastecem a Rosset, mas, sozinhas, não conseguem atender a demanda. Por isso, foi preciso importar. “Não importamos peça pronta, é só fio mesmo. Fazemos toda a parte de tecelagem e confecção no Brasil.”

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O nascimento do império A Rosset foi fundada em 1939 pelo avô de Gustavo. “Era uma lojinha, ele vendia camisetas”, conta. O negócio começou a crescer quando o avô comprou máquinas para fazer tecidos e confeccionar essas camisetas. A expansão seguiu um ritmo intenso e atingiu a produção em larga escala na década de 1960. A sede da empresa se manteve – o tradicional bairro paulistano do Bom Retiro, desde aquela época, já era marcado por um forte comércio e por algumas indústrias. O Grupo Rosset ajudou a dar ao bairro o seu atual caráter, que abriga hoje mais de 350 lojas de roupas e acessórios. Atualmente, a Rosset mantém 14 unidades fabris em atividade no


território nacional, com mais de 2 mil empregos diretos. A compra da primeira marca foi em 1986, com a aquisição da Valisere. Outras foram desenvolvidas pelo próprio grupo e surgiram conforme a demanda do mercado: é caso da Cia Marítima, que completa 25 anos em 2015. A marca de beachwear atende o mercado brasileiro e faz sucesso em países como Portugal, Espanha, Grécia, Japão, Estados Unidos e Costa Rica. As marcas Classic e Água Doce, voltadas para moda praia, também foram fundadas pela Rosset. As peças da Água Doce feitas no Brasil chegam a consumidores portugueses, espanhóis e costarriquenhos. No mercado de lingerie, além da Valisere, o grupo é dono da ValFrance – criada pela Rosset –, Sloggi e Triumph, a última a ser adquirida pelo grupo, no ano de 2014. “Trabalhamos muito para manter a posição de vanguarda, estamos sempre atentos ao que está acontecendo pelo mundo”, comenta Gustavo sobre a trajetória do grupo.

Inovar no Brasil Manter-se na vanguarda no setor têxtil tem um custo alto, o investimento em inovação. Por ter adotado essa postura desde a sua criação, o Grupo Rosset se considera responsável por grandes transformações no cenário têxtil nas últimas décadas. Em suas unidades de produção voltada à moda praia, as máquinas Kettenstuhl são as responsáveis pela qualidade do material. Esse equipamento, que produz um “tecido indesmalhável”, é considerado o mais apropriado para fabricação de tecido de poliamida e Lycra – as máquinas ajudam a preservar a elasticidade. No geral, elas dão origem a produtos mais finos por utilizar agulhas mais finas. Já as máquinas do tipo Raschel são usadas na produção das saídas de praia – o equipamento comporta a produção de artigos mais grossos e pesados, ideal para tecidos bem abertos e transparentes, sem prejuízo à uniformidade do entrelaçamento dos fios. No caso da Estamparia Salete, que faz parte do grupo desde 1975, alguns processos e equipamentos foram desenvolvidos internamente para atender às exigências dos profissionais. A empresa estampa 5 milhões de metros de tecido por ano e trabalha com os métodos tradicional, digital – área em que é considerada pioneira – e fotoestampa. Para Gustavo Rosset, o investimento em tecnologia é parte fundamental do negócio. “A pesquisa é muito importante, acompanhar de perto o que mercado precisa e buscar soluções também”, defende. Para o grupo, o mercado nacional é bom, os brasileiros estão sempre comprando. Mas para manter a fidelidade dos clientes e a posição de liderança na América Latina, o grupo não descuida do “coração” da empresa: a sintonia entre o comercial, o produto e a produção.

Foto do catálogo de Verão 2015 da Rosset, tecido estampado da coleção Afropolitan

Etapas de produção têxtil e estamparia da fábrica do Grupo Rosset

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BRASIL EM FOCO

a Renascença da Paraíba Há décadas, mulheres sertanejas dividem o tempo entre o cuidado da casa, a ajuda no roçado da família e a arte de fazer renda Por Henrique Picarelli | Ilustrações Fernando Tucunduva

No Sertão do Cariri Paraibano, a tradição responde pelo nome de renda renascença e a ligação com a região é tão íntima que recebeu, no final de 2013, o selo de Indicação Geográfica (IG), do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) - uma certificação que dá às rendas produzidas nesse local do país um atestado de procedência e de qualidade. Para as rendeiras, é a garantia de que as horas dedicadas à almofada e às agulhas não serão confundidas com o trabalho de outras regiões, que por vezes se utilizam da fama da renda paraibana para aumentar o valor de mercado dos produtos que oferecem, mesmo não sendo de lá. Para Núbia Pinheiro, rendeira desde os 12 anos e presidente da entidade que reúne as artesãs do Cariri Paraibano, a importância do selo está além da valorização do produto. “É uma forma da rendeira daqui perceber a importância do seu trabalho, se sentir valorizada a partir do reconhecimento que as pessoas de fora dão ao que ela produz.”

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De origem europeia, a renascença chegou ao Brasil com os portugueses, no século 18. Durante anos, ficou presa aos conventos de Olinda, ganhando o agreste pernambucano apenas na década de 1930, de onde migrou para o Sertão do Cariri, na Paraíba. Atualmente, cerca de 500 famílias estão envolvidas na produção de renda renascença nessa região. São mulheres que transformam os traços desenhados no papel-manteiga em blusas, saias, vestidos, toalhas, caminhos de mesa e, até, vestidos de noiva. Alguns trabalhos chegam a consumir meses de dedicação exclusiva. “Eu passei mais de um ano produzindo uma toalha de três metros”, lembra Elza Gomes, rendeira da cidade de Monteiro e que aprendeu a renascença com uma tia, ainda na infância. Na casa da família Barbosa, na zona rural de Monteiro, mãe e filha dividem o espaço na varanda enquanto se dedicam à renascença. Dalma passou para filha, Paula, a arte que aprendeu com a mãe. “De tanto fazer renascença com ela no bucho, minha filha aprendeu aqui dentro, dando chute na almofoda”, brinca a artesã de 40 anos. A filha, com 20 anos e um filho de quase dois para cuidar, reclama da falta de valorização do trabalho. “A peça, na mão da gente, não tem valor. Num vestido, não se ganha mais de R$ 500,00. Lá fora, em São Paulo, ele vale até R$ 4 mil.”


A renda renascença do Cariri Paraibano já esteve presente em coleções produzidas por estilistas famosos, como Martha Medeiros e Ronaldo Fraga. A renda obtida através da renascença ainda é pequena, mas ganha um peso fundamental no orçamento das famílias. Crystiane Aquino da Silva tem 32 anos e desde os 7 se dedica à arte, como ela mesma diz. Atualmente, o dinheiro que ganha ajuda a criar os 4 filhos. “A receita da minha casa vem do trabalho do meu marido, que é pintor, e das vendas das minhas peças. Tem mês que a casa é sustentada apenas pelo meu dinheiro”, conta a rendeira que tenta repassar às filhas a importância do trabalho. “Eu mando as crianças fazerem porque é bonito e porque dá um dinheirinho que ajuda nas coisas da casa, na compra de um chinelo, no dinheiro para cortar o cabelo.” Apesar da insistência da mãe e da habilidade com o artesanato, Nayonara, a filha mais velha de 13 anos, não se entusiasma com a renascença. “Eu faço mas não gosto. Quando crescer, quero ser delegada ou modelo, rendeira não!”

Aos 21 anos, casada e mãe de 3 filhos, dona Carmelita – como é conhecida em São Sebastião do Umbuzeiro – encontrou nas próprias mãos a oportunidade de aumentar a renda da família. “Era um complemento para ajudar a casa. Naquela época, o dinheiro vinha da criação de galinha e da venda de ovos”, recorda a artesã que encontrou no produto uma amiga após a morte do marido. “A renascença completa a vida da pessoa solitária. É a companheira nos dias de solidão, de tristeza.” Para Núbia, a tristeza está na falta de interesse dos mais jovens pela renda renascença. “O jovem de hoje não quer aprender o que a mãe faz, acha que não tem valor. A joia mais rara do ser humano é a sua própria arte.” Matéria originalmente publicada na edição de número cinco da TEXTIL MODA.

Para Carmelita Anunciada da Silva, uma das rendeiras mais velhas do Cariri Paraibano (85 anos), a renda renascença foi companheira de uma vida toda. “A renascença foi, pra mim, um caminho que abriu muitos horizontes, que me permitiu ter uma vida melhor.”

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PREVIEW INVERNO 2016

ha n u Vi c l i t x Tê

s e o g k’n’roll roc 6 fa z 1 0 2 o n r Inve écada d à a i c referên de 1970

Fotos Vicunha Têxtil

Sempre atenta às principais tendências internacionais, a Vicunha Têxtil destaca entre principais lançamentos do portfólio da tecelagem para o inverno 2016 um denim que faz referência ao período queridinho dos fashionistas e onipresente em todas as grandes semanas de modas internacionais – Nova York, Londres, Milão e Paris –, a década de 1970. Batizado de Rebel Denim, o novo produto vem para trazer um conceito novo e ainda inexplorado para o índigo. Com composição 100% algodão, sua construção apresenta uma camada de fios crus em sua superfície que, por meio de um processo abrasivo em lavanderia, se rompem e revelam o denim original, proporcionando um

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efeito destroyed super natural e um aspecto vintage inédito. Com infinitas possibilidades de criação, pode ser desgastado de forma localizada ou total, resultando em looks ousados, exclusivos e cheios de atitude. É a mais moderna tecnologia sendo usada para trazer um resultado novo e totalmente inesperado. O artigo também conta com uma versão com 2% de elastano em sua composição, o Rebel Denim Stretch.

Para conhecer todas as novidades da Vicunha para o inverno 2016, acesse: vipreview.com.br facebook.com/vipreview Instagram: @vipreview


PREVIEW INVERNO 2016

Platinum da Capricórnio Têxtil traz O PODER Linha novas tonalidades e efeitos e se adequa

das cores

Mynk

à realidade de racionamento hídrico

Portland

Luna

Nice

Responsabilidade ambiental

Fotos Capricórnio Têxtil

Estruturas densas e refinadas, cores inusitadas e tecnologia a favor da sustentabilidade. Esse é o mood dos novos tecidos da Capricórnio Têxtil para o inverno 2016. Depois da renovação da Linha Clássicos, com enfoque no aspecto vintage e na possibilidade de lavagens intensas, a tecelagem traz agora três novas tonalidades na Linha Platinum, deixando o jeans ainda mais moderno especial. São elas: Intense Black aparece no tecido Portland, uma sarja 3x1, com 12oz, em 100% algodão e ring sutil. Mais encorpado, o artigo favorece um caimento perfeito e, por isso, é ideal para jaquetas, blazers e calças. Já Carbon Blue, um azul intenso com nuances de preto azulado, está presente em dois artigos: Nice, uma sarja 3x1 com 8,5oz; e Lille, um cetim com 8oz. Ambos levam na composição algodão, poliéster, elastano e trazem uma superfície lisa com alta, porém suave elasticidade.

Em tempos de racionamento hídrico, o mercado pede por produtos que se adaptem a essa realidade e tragam um benefício que auxilie na economia de água. Pensando nisso, a Capricórnio traz o Fountain Blue, um tingimento voltado para a diminuição do uso desse recurso em 30% nos processos de lavanderia, sem contar na produção industrial. Desenvolvido em puro índigo, o tingimento propicia lavagens versáteis, altos-contrastes em costuras e praticidade. São três artigos com esse tom e com conceito sustentável: Netuno, sarja 3x1 em algodão, com 9,5oz; Diana, um cetim com 7oz; e Luna, em sarja 3x1 e 7,5oz, produzidos com algodão, poliéster, elastano. Todos recebem um acabamento resinado, que confere uma elasticidade suave, porém com “alto power”. O visual é de uma superfície lisa, nobre e brilhante. Complementando os lançamentos, temos ainda o Mynk, um artigo em sarja 3x1, 11oz, em 100% algodão resinado em Blue Overcast, um acabamento com leve resina colorida que, além de enobrecer o visual do tecido, traz enormes vantagens em lavanderia, facilitando efeitos de bigodes e marcações de costura.

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PREVIEW INVERNO 2016

LEVES Tecidos de camisaria que têm como destaque a mistura de fibras ecológicas, como o Modal® e o Liocel®, produzidos com matérias-primas renováveis e processos de baixíssimo impacto ambiental. A construção resulta em tecidos com caimento, fluidez e toque extremamente suave.

O futuro é agora Canatiba desafia o cliente a conhecer os lançamentos para o inverno 2016 por meio das tecnologias presentes em seus produtos Foto Canatiba Denim Industry

Para apresentar os lançamentos para inverno 2016, a Canatiba Denim Industry optou por um formato novo. Em vez de focar nos tipos de denins desenvolvidos para a próxima estação, agora as tecnologias empregadas em suas confecções é que ganham destaque. O novo formato tem por objetivo trazer valor ao denim e fazer com que se crie uma cadeia de informação fazendo com que o consumidor final saiba características específicas do produto que está usando e seus diferenciais e que isso contribua para seu conforto, durabilidade, temperatura, mobilidade e, até, para a sua estética. Confira: DUO CORE® O que existe de mais tecnológico em termos de elasticidade em produto, alia máxima elasticidade à não deformidade com o uso. O poliéster utilizado em sua composição confere memória ao denim, não permitindo que ceda e deforme. BEAUTY DENIM ® A tecnologia do fio Emana®, da Rhodia, com cristais bioativos, dá ao denim o status de funcional. Sua principal característica é a absorção do calor do corpo, que é devolvido sob a forma de raios infravermelhos. O uso contínuo reduz os sinais de celulite e aumenta a elasticidade da pele.

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DENIM MALHA® Denim com aspecto, toque e caimento de malha. Sua leveza e conforto permite seu uso, inclusive, em camisaria – assim como sua elasticidade se adequa a shapes que variam do mais amplo ao mais ajustado. MAXSKIN® & HI-COMFORT® Construídos com as fibras Tencel® e Modal®, provenientes de madeira renovável em processos de baixíssimo impacto ambiental, os fios mais finos e penteados utilizados em sua construção resultam em um tecido de alta densidade, resistência e extrema suavidade, capaz de absorver acabamentos especiais sem perder suas características. MEGAFLEX COMFORT® Tecnologia LYCRA® Lasting Fit T400® que confere aos produtos Megaflex Comfort® caimento diferenciado, elasticidade sem perda de forma, resistência ao cloro e menor encolhimento. SEXYFIT® A tradução máxima em elasticidade, conforto, liberdade de movimentos e toque macio. O Sexyfit® permite diferentes combinações de construções e composições de tecidos, além de efeitos de fios e acabamentos especiais. PREMIUM DENIM® Denins 100% algodão são desenvolvidos com a matéria-prima dos melhores fornecedores do mercado. Sua construção sarjada tem alta solidez de tingimento e seu peso pode variar de 10,0Oz a 14,0Oz. MEGAFLEX THERMA COMFORT® A tendência esportiva e os jeans de performance já são realidade no denim, e a Canatiba, junto com a tecnologia da Invista, está na vanguarda desse movimento, transformando o jeans de uma peça tradicional, em uma peça que ajuda a manter o usuário refrescado, seco e confortável durante o exercício ou em ambientes quentes. A utilização do fio T400 Lycra® no Megaflex Therma Comfort® ganha status de um produto COOLMAX® para atender as necessidades do corpo em manter a temperatura ideal e preservar o conforto.


Cedro artsy

PREVIEW INVERNO 2016

Tecelagem mergulha no universo de Pollock para seu inverno 2016

Foto Cedro Têxtil

Buscando sempre inovar e antecipar a necessidade de seus consumidores, a Cedro Têxtil atualiza sua estratégia de comunicação fazendo uma série de mudanças e adequações na estrutura da empresa e abolindo a classificação de coleção por estações. Agora elas passam a ser designadas por nomes. Em 2016, as temáticas “Assinatura” e “Fragmentos” ditam e direcionam as principais apostas da tecelagem em aparências, cores, formas e lavagens, inspiradas nas mudanças comportamentais, nas evoluções tecnológicas e nos desejos que pautam um mundo em transformação. O artista plástico americano Jackson Pollock é o homenageado no tema “Assinaturas”, que lança mão das suas pinturas, verdadeiros caos coloridos, para refletir o minimalismo que pauta os tecidos da coleção. Na coleção “Fragmentos”, o multiculturalismo e a globalização, estimulados por um mundo virtual sem fronteiras, são confrontados, em contraponto, com as relações efêmeras e o individualismo, representados por referências étnicas e místicas. O portfólio de produtos da temporada também chega com novidades e a revista da tecelagem com novo nome – Viés –, trazendo, além dos lançamentos para o inverno 2016, entrevistas, editoriais de moda, informações sobre lavagens e um guia prático com as principais tendências da temporada.

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TREND

INOVAÇÃO

Tecidos fabricados com fios biodegradáveis como o Amni Soul Eco, da Rhodia, já estão disponíveis no mercado para confecções de todo o país Por Rafael Vita | Foto Agência Fotosite/Divulgação

O futuro das roupas já é pensado por grandes redes do varejo, que criam programas de consumo sustentável e fazem campanhas ao redor mundo para a coleta de peças velhas em troca de pequenos descontos, como a iniciativa pioneira da sueca H&M “Garment Collecting”, a qual segue a premissa de diminuir a quantidade de descartes e dar aos produtos em desuso uma vida nova. Apesar de interessante, o programa esbarra em uma questão bastante sensível. O que fazer com as peças coletadas? Em apresentação recente no fórum sobre economia circular “Getting Under the Surface”, organizado pela consultoria inglesa especializada em sustentabilidade Salterbaxter MSLGROUP, em Amsterdã (Holanda), Tobias Fischer, diretor de projetos e relações de CSR da H&M, comentou que ainda é um grande desafio para a empresa inserir no processo de produção as peças do programa, que hoje estão estocadas esperando por uma solução futura. Segundo Tobias, tecidos como o denim, que são facilmente desmontáveis, já voltaram a ser fio e viraram coleções especiais com venda nas principais lojas da rede, mas outros ainda não puderam ser empregados. Para o executivo, muito da solução está no futuro, nos novos tecidos, que dialogarão melhor com o meio ambiente. Nessa vertente destaca-se o Amni Soul Eco, da Rhodia (Solvay Group), o primeiro fio de poliamida biodegradável do mundo, que é um fio de poliamida 6.6, que foi aprimorado em sua formulação para permitir que as roupas pudessem se decompor mais rapidamente quando descartadas em um aterro sanitário. Enquanto a formulação tradicional leva

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em torno de 10 anos para se decompor, a nova em um ano já está 50% integrada ao meio ambiente e em três anos desaparece completamente. Apesar de super tecnológico, o fio proporciona um tecido bastante interessante e nada artificial, com todos os benefícios da poliamida, como toque macio, conforto, absorção de umidade, e fáceis manutenção, cuidado e lavagem. Lançado em 2014 na São Paulo Fashion Week, o tecido vem aos poucos chamando a atenção graças a uma série de ações em parceria com grandes players do mercado. A tecelagem Santa Constancia desenvolveu uma linha especial de tecidos com o fio, que foi usada pelo estilista Ronaldo Fraga em sua coleção de verão 2015, o que marcou o début do Amni Soul Eco no mundo fashion. Na sequência, a tecelagem apresentou uma coleção feita 100% com o material nas passarelas do evento EcoEra, semana de moda focada em sustentabilidade. Na recente edição da SPFW, que aconteceu entre os dias 13 e 17 de abril, Ronaldo voltou a utilizar o material para o inverno 2016 (novamente em tecidos produzidos pela Santa Constancia), em looks ultra coloridos. Assim como o Amni Soul Eco, em um futuro muito próximo deverão surgir outros tecidos biodegradáveis, além de outras novas invenções, o que é muito positivo para o planeta e para o mercado consumidor, já que muitas pesquisas indicam o fator sustentável dos produtos e das empresas como um diferencial de consumo para as gerações futuras. Quem não seguir esse rumo, dificilmente chegará ao futuro. E ele está bem próximo.


TREND

AOS 71 anos, Sebastião Salgado é hoje o mais conhecido fotógrafo brasileiro de todos os tempos. Suas imagens fortes, de cunho social, que gritam, deu voz a povos oprimidos, a tragédias, a incidentes naturais, à seca, à fome... Com um faro jornalístico raro, encontrou notícia nos quatro cantos do mundo. Com a técnica dos melhores fotógrafos artísticos, fez da tragédia pura poesia, usando seu talento para relatar e denunciar diversas situações que precisavam ser expostas à sociedade. As imagens conquistaram o mundo, viraram exposições, ganharam prêmios. Agora, a história dessas imagens é relatada de forma original, assim como sua obra, no documentário “O sal da terra”, dirigido por Wim Wenders e Juliano Salgado, filho de Sebastião. O documentário mescla três visões diferentes sobre o trabalho de Salgado: ao passo que ele explica seu processo de criação, Wim assume o papel do expectador e Juliano soma suas próprias emoções tornando a edição única e bastante autoral.

UM NOVO OLHAR Os bastidores das icônicas imagens do mestre do fotojornalismo brasileiro Sebastião Salgado são narrados no premiado documentário “O sal da terra” Por Rafael Vita | Fotos Divulgação

Com passagem pelos principais projetos de Sebastião, o filme não segue uma linha cronológica, nem se prende a trabalhos fixos ou dá mais importância a um projeto ou outro. O mais interessante é acompanhar e entender como nasce um projeto, como ele é executado, como são feitas as imagens etc. Mesmo sendo jornalísticas, retratos da realidade, as imagens são artísticas e há também um cuidado, um estudo do ângulo, da luz… Além de concorrer ao Oscar em 2015, o filme recebeu na França o Prêmio do Júri na seção Un Certain Regard do Festival de Cannes 2014 e o César como melhor documentário.

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TREND

RENDASE

Produto 100% nacional é destaque em exposição fruto de projeto pioneiro capitaneado por Dudu Bertholini Por Rafael Vita

Até o dia 28 de junho, A CASA, museu do objeto brasileiro, em São Paulo, recebe a exposição Renda-se, resultado de um projeto desenvolvido pelo multitalentoso Dudu Bertholini em parceria com a diretora da instituição Renata Mellão. A exposição visa, por meio de uma série de atividades, mostrar como um produto tão brasileiro como a renda artesanal pode ser utilizado na moda brasileira contribuindo para a formação de um DNA fashion 100% nacional. Desenvolvido em duas fases, o projeto teve início em 2012, quando foram estabelecidas as parcerias entre os principais estilistas do país e as comunidades rendeiras, e os looks começaram a ser desenhados e estruturados. Todo o processo foi documentado em vídeo, que pode ser visto na exposição que materializa a segunda fase desse projeto e concretiza o resultado final.

Amapô

Somam-se a essa etapa criações de estilistas nacionais que utilizam rendas artesanais em suas coleções, como Ronaldo Fraga, Alexandre Herchcovitch, a marca Cavalera e Zuzu Angel, além dos designers de acessórios Sabrina Chapéus e Christopher Alexander. A exposição conta ainda com um belíssimo trabalho em fotos (que ilustra esta matéria). A top Fernanda Tavares foi clicada por Guilherme Licurgo com as peças desenvolvidas para a exposição. Belíssimo resultado! Confira!!!

Samuel Cirnansck

QUEM COM QUEM? Walter Rodrigues & Associação das Rendeiras de Morros da Mariana (Parnaíba/ Piauí): Renda de Bilro. Lino Villaventura & Perpétua Martins (Fortaleza/Ceará): Renda Filé. Amapô e Samuel Cirnansck & Associação 52

para o Desenvolvimento da Renda Irlandesa de Divina Pastora (Divina Pastora/Sergipe): Renda Irlandesa.

Adriana Barra e André Lima & Clube de Mães de Camalaú (Camalaú/Paraíba): Renda Renascença.

Neon e Huis Clos & ONG Caiçara (Icapuí/ Ceará): Renda Labirinto.

Liana Bloisi & Elita Catarina Ramos (Florianópolis/Santa Catarina): Renda de Bilro no exclusivo ponto “tramoia”.

Martha Medeiros & Comunidades do Sertão de Alagoas: Rendas Renascença e de Bilro.

anote na agenda Renda-se Visitação: de 14 de abril a 28 de junho Horário: Terça a domingo, das 11h às 19h Endereço: Av. Pedroso de Morais, 1234, Pinheiros, São Paulo


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TREND

É HORA DO SHOW A terra de Manuelzão e Miguilim fala de moda sem miopia

verdadeiro acontecimento na cidade que a transforma por uma semana, assim como acontece com as grandes capitais internacionais da moda – Nova York, Londres, Milão e Paris.

Por Mário Araujo | Foto Agência Fotosite/Divulgação

Ainda seguindo a cartilha dos bons exemplos, um mega desfile-show de abertura, a la Chanel e Dior, marcou o início do evento e da fashion week mineira. Ocasião para ver e ser visto, com todas as personalidades e celebridades locais e muitos convidados “importados”, mas produzido à perfeição, com os melhores profissionais do país.

Se tivesse que ser eleita apenas uma característica do povo mineiro que marca sua produção cultural poderia-se escolher a delicadeza. Do vocabulário singelo dos romances de Guimarães Rosa às miçangas que compõe os mais finos bordados dos vestidos de festa de Patricia Bonaldi, tudo é de uma delicadeza singular. E não se poderia esperar algo diferente do maior evento de moda do estado, que vem se firmando como um dos mais importantes do país. Ligeira que só, a produção do evento viu que apenas desfiles não bastavam, que o formato estava um pouco desgastado, e configurou um misto de feira high fashion de negócios, da qual participaram nesta edição verão 2016 – que aconteceu de 07 a 10 de abril – 251 marcas (representando toda a cadeia de moda). Houve também exposições culturais espalhadas por Belo Horizonte, ciclos de palestras, premiações etc. Um

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Para essa edição foi convidado o stylist Paulo Martinez, um dos profissionais mais talentosos e respeitados do mercado, que teve como desafio mesclar as peças das marcas que participam da feira de negócios em um único desfile, o que já é uma tradição do evento. Como um grande editorial de moda vivo, as modelos mostraram as composições que foram editadas em tons solares. O make recebeu a assinatura de Ricardo dos Anjos e a passarela contou com o reforço de tops com grande experiência internacional, como Daiane Conterato, Cris Herrmann, Drielly Oliveira, Clarice Vitkauskas, Bruna Ludtke e Fabiana Mayer.


CARTELA DE CORES

Por Mariana Eller (ilustração e design gráfico) | Edição Mário Araujo Letra de Carlinhos Brown e Marisa Monte

O inverno 2016, que acabou de ser apresentado nas passarelas internacionais e chega às lojas do hemisfério norte no final do ano, foi marcado por uma cartela de cores áridas e terrosas. Predominaram os tons de marrom, laranja queimado, verde-oliva, preto, vermelho e branco. O azul-escuro, em veludo, também foi constante. Cores vivas aparecem como pontos de luz. O frio excessivo em 2014 fez da temporada 2016 bastante austera (pesada em termos de tecidos e propostas de vestimentas) nas passarelas, o que, de certa forma, dialoga completamente com o momento de crise hídrica que vivemos no Brasil. Enquanto lá faz muito frio, aqui falta água. O planeta grita como pode. A moda precisa ouvir esses sinais e seguir, evoluir...

A boiada seca Na enxurrada seca A trovoada seca Na enxada seca Segue o seco sem secar/ que o caminho é seco Sem sacar que o espinho é seco Sem sacar que seco é o Ser Sol

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Sem sacar que algum espinho seco secará E a água que sacar será um tiro seco E secará o seu destino seca Ô chuva, vem me dizer Se posso ir lá em cima pra derramar você Ó chuva, preste atenção Se o povo lá de cima vive na solidão

#LARANJA 56


Segue o seco sem secar que o caminho é seco Sem sacar que o espinho é seco Sem sacar que seco é o Ser Sol

#MARROM 57


Se acabar n達o acostumando Se acabar parado calado Se acabar baixinho chorando Se acabar meio abandonado

#VERMELHO 58


Segue o seco sem secar que o caminho é seco Sem sacar que o espinho é seco Sem sacar que seco é o Ser Sol

#PRETO 59


Pode ser lágrimas de São Pedro Ou talvez um grande amor chorando Pode ser o desabotoado céu Pode ser coco derramando

#VERDE 60


Segue o seco sem secar/ que o caminho é seco Sem sacar que o espinho é seco Sem sacar que seco é o Ser Sol #BRANCO 61


MÚSICA

HAPPY Assim como a geração Y, Pharrell Williams não cabe em definições e é a cara de sua audiência – jovem, fashion e multifuncional Por Rafael Vita

Definir PharreLl Williams é o mesmo que limitar o horizonte. Cantor, compositor, rapper, produtor musical, baterista, estilista, it-boy, ambientalista... Pharrell são tantos em um e tão dispares que parecem muitas pessoas habitando um único corpo. Nascido em Virginia Beach (Virginia), nos Estados Unidos, em 1973, sempre teve a música como parte de sua vida desde os tempos do colégio quando integrava a banda marcial tocando tarola. Também foi com colegas da escola que montou seu primeiro grupo, o The Neptunes, onde foi descoberto pela indústria musical pelas mãos de Teddy Riley. O The Neptunes deu a possibilidade de Pharrell trabalhar como produtor musical, tornando-se um dos nomes mais quentes do mercado. Já na década de 1990, colaborava com artistas, como o grupo de R&B Blackstreets, N.O.R.E e Kelis. Britney Spears foi responsável por seu primeiro grande sucesso internacional em 2001. O single “I’m a Slave 4 U” mostrou ao mundo seu poder de composição e arranjo. Nessa época, junto com o companheiro de profissão Chad Hugo e com Shay Haley lança seu primeiro álbum

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“In search of...”. O grupo passa a se chamar N*E*R*D, deixando o The Neptunes mais como assinatura para os trabalhos de produção musical. De 2001, quando lançou seu primeiro álbum, a 2013, quando assinou contrato com a Columbia Records, Pharrell trabalhou com os nomes mais quentes do mercado e foi responsável por grandes sucessos de um número infinito de cantores. A lista vai de Justin Timberlake a Madonna, passando por Shakira, Daft Punk, Azealia Banks, entre outros. “Happy” foi a primeira música lançada do álbum Girl (2014) e um grande sucesso. Liderou por semanas a Billboard americana, concorreu ao Oscar como melhor canção pelo filme “Meu Malvado Favorito 2” (perdeu para “Let it go”, de Frozen), ganhou o Grammy de melhor vídeoclipe, entre outros. Mas o sucesso de Pharrell não fica apenas no campo musical: sob o selo i am ABOUT, o artista reúne uma série de empresas que têm na criatividade seu elo de ligação. São elas: Billionaire Boys Club & Icecream (street fashion), From One Hand to AnOther (ONG), FriendsWithYou (estúdio de arte), Bio-

nic Yarn (tecelagem), Collaborative Fund (fundo de ajuda às startups), Brooklyn Machine Works (bicicletas) e UJAM (plataforma virtual de música em nuvem). Recentemente, firmou parceria com o ex vice-presidente americano e uma das maiores vozes ambientais do mundo, Al Gore, para a realização da segunda edição do Live Earth no dia 18 de junho. A série de concertos acontece nas principais capitais do mundo e promete ser a maior mobilização já vista em torno da conscientização das mudanças climáticas. Foto: Campanha RAW for the Oceans, projeto colaborativo da marca de denim premium G-Star Raw com a Bionic Yarn, a The Vortex Project e a Parley for the Oceans, e que recebe a curadoria de Pharrell Williams. Crédito: G-Star RAW/ Divulgação


INTERNACIONAL

Givenchy

MAPA de Tendências Estação após estação fica mais difícil mapear as tendências durante as semanas de moda internacionais,

mesmas e as novas casas estão imersas na criação de seu próprio DNA. Mas fatores externos sempre contribuem para que vontades coletivas surjam e seja possível mapear grandes temas e características que estarão onipresentes nos pontos de venda do hemisfério norte no final do ano e, por aqui, em 2016. Dois grandes temas marcaram presença de diversas formas em todas as semanas de moda internacionais – Nova York, Londres, Milão e Paris: a década de 1970 (em todas as suas

variações – do Boho ao futurismo) e o frio extremo. Dessas duas linhas criativas surgiram diversas vertentes, ora mais literais, ora mais aurorais... A década de 1970 não é novidade para a moda. Já há algumas estações ela vem forte e agrada o consumidor. Para o inverno 2016, o período ganha um ar mais refinado e chique. Fica mais interessante. O frio também não é novidade, talvez a intensidade retratada seja o diferencial, reflexo das últimas ondas de frio extremo que passaram os países ao norte do equador e que foram retratadas em roupas mais quentes e inúmeras camadas.

VELUDO O tecido ressurgiu no inverno 2016 como aposta de diversas grifes com utilidades diferentes. De vestidos a capas, fez-se de tudo!

ONÇA O felino continua sendo a estampa preferida dos fashionistas. Ao natural ou estilizado, dominou as passarelas. Destaque para a versão moderninha da Dior.

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Dior

Uma vez que as grandes CASAS buscam inspirações em si

Pucci

Por Mário Araujo


l - Lacost e Nerd Coo

reze Xparedto branco Chanel

Maison Margiela

Casacos super longos

Nerd Cool

Detalhes Vitorianos Capas

Outros momentos que foram bastante presentes na vida das pessoas em 2014 também refletiram de certa forma nas criações para o inverno 2016. O filme “O Grande Hotel Budapeste”, que ficou em cartaz ao redor do mundo ao longo de praticamente todo o ano, trouxe uma pitada nerd cool, chamada pelos fashionistas de Wes Anderson, fazendo referência ao diretor da película, a muitas coleções. Assim como a exposição “Death becomes her: a century of mourning

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Detalhes Vitorianos

Franjas - Nina Ricci

Christopher Raeburn

Franjas

attire”, que ficou em cartaz no MET, em Nova York, de outubro de 2014 a fevereiro de 2015, e refletiu em uma estética gótica/vitoriana nas passarelas. Apesar de muitos negarem as referências, elas estão ali e juntas formas as vontades coletivas que guiam as tendências para o inverno 2016. Confira as tendências comuns a todas semanas de moda no painel acima.


Céline

Anos 1970

Rodarte

Burberr y Prorsum

Golas de pele

Sportswsear vai pra ruas Tommy Hilfiger Collection

Chanel

Christian D

ior

Laçpaeroscteoço no

Pantalonas Malhas Cropped caneladas

Fotos Divulgação

Cores Dominantes

Branco, preto, marrom, azul-marinho, verde-oliva, vermelho sangue (e variações, laranja queimado)

Londres

Década de 1970, franjas, calças flare, peles volumosas, capas, estampas de papel de parede, pink, beterraba, mix de estampas

Milão

Década de 1970, peles nos sapatos, saias longas, peças unissex, casacos volumosos (de pele ou não), metálicos, detalhes vitorianos

NYFW

Década de 1970, tons de marrom, peles de raposa, franjas, pantalonas cropped, casacos superlongos, cachecóis gigantes e volumosos

Paris

Color-Blocking, minis vestidos e saias em linha A, laçarotes nos pescoços, golas altas, bolsos externos, vestidos sem mangas, peles nas golas

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INFOGRÁFICO

Isabel Marant é o tipo de estilista que emplaca um hit por estação. Quem não se lembra dos onipresentes sneakers de salto alto que foram replicados à exaustão por tudo que é marca ao redor planeta. Pois bem, foi ela quem criou. E o jeans com bordado étnico? As calças estampadas? E as botas de “velho oeste” na versão ankle boot? Tudo criação dela. A parisiense descolada e easy going é o reflexo da mulher francesa, aquele “effortless chic” que toda mulher busca e poucas conseguem. Suas criações fazem a cabeça de consumidoras de todas as idades, de top models, como a inglesa Rosie Huntington-Whiteley, mulheres comuns, como a empresária e consultora de moda Costanza Pascolato, passando pela it-girl Caroline de Maigret. Isabel, em uma das entrevistas à TEXTIL MODA, contou que tudo que desenvolve para sua marca prova em si mesma, se gosta, está aprovado, se não lhe agrada, descarta: talvez aí esteja o segredo do sucesso dessa fashion house que aposta no look casual para se manter na liderança.

Por Mário Araujo Fotos Divulgação

Cabelo e make Aquele look típico da francesa é o DNA da marca. Pode ter levado horas, mas não pode parecer que deu trabalho para fazer. Assim é o make e o cabelo, parecem que foram feitos às pressas de improviso, mas não deixam de ser charmosos e elegantes: rebelde sem ser desalinhado.

CALça Um dos itens mais observados e que inspiram coleções de outras marcas, a calça do inverno 2016 vem com pegada da década de 1970, mas bemmmm alta, o que dá à mulher uma silhueta elegantíssima e longilínea. Étnico Há algumas estações, Marant vem apostando na pegada étnica. Para o inverno 2016, os casacos em tecidos mais pesados aparecem bastante. As estampas étnicas surgem como detalhe dando bossa à composição.

Detalhes Os botões laterais dão uma bossa toda especial à calça, que passa a figurar entre um “boho” e um “navy”, propostas que permeiam toda a coleção.

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ACESSÓRIOS A mulher Isabel Marant sempre é super clean e o acessório é um ponto de luz na composição do look. Aqui o brinco (apenas um) funciona como um elemento que a transforma em um personagem ainda mais singular, individual.

Pisantes Peça hit em suas coleções, as botas vêm mais pesadas, sem perder a feminilidade. Perfeitas para quem precisa andar bastante, mas mesmo assim manter o look impecável e descolado.


MODA DE RUA

FOCO NA

imagem

Nas ruas de Paris durante a última semana de moda (3 a 11 de março), os acessórios foram os verdadeiros protagonistas dos looks, transformando combinações clássicas, muitas vezes monocromáticas, em verdadeiras obras-primas. Ao encontro de uma das discussões que permeou toda a temporada internacional, a de que os verdadeiros protagonistas da moda atualmente são os stylists ou os estilistas que têm uma visão editorial de suas criações, ou seja, que criam imagens nas passarelas para serem fotografadas e replicadas, o street style visto na cidade luz nada mais é que a síntese desse diálogo que ainda foi abastecido pelo manifesto assinado pela pesquisadora de tendências Li Edelkoort que prevê o fim da moda como é conhecida hoje, baseada em lançamentos orientados por temporadas de desfiles. Agora, segundo ela, a atenção total é na roupa. Por Ana Clara Garmendia | Edição Mário Araujo

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INSPIRAÇÃO

Fábrica de sonhos

Como não poderia ser diferente, um dos shows mais aguardados é o da Maison Dior, que desde 12 de fevereiro de 1947 apresenta regularmente as suas coleções couture na cidade luz. Para desvendar um pouco os mistérios da produção dessas peças tão especiais, contamos com a ajuda da Dior e mergulhamos nos ateliês da maison para entender o processo de produção de suas criações elegantes, femininas e delicadamente exuberantes.

Por Sophie Carré para Dior | Texto Mário Araujo

Duas vezes por ano, a capital da França se transforma por uma semana para que as casas mais tradicionais de moda possam apresentar as suas criações de alta-costura. Com uma produção cercada de muito mistério e listas de convidados trancadas a sete chaves, as apresentações acontecem de forma grandiosa e despertam a curiosidade e os desejos de consumidores ao redor do mundo, que, com a internet, passaram a ter acesso a um pedacinho dessa grande festa superexclusiva que acontece em Paris.

Sob o comando de Raf Simons, diretor criativo da marca, que se inspirou no poder de David Bowie de se reinventar década após década, a coleção de verão 2015 evoca um futurismo-retro, no qual estão presente formas clássicas em plástico, silhueta das décadas de 1950 e 1960 e um leve namoro com os anos 1970. Para detalhar o processo de confecção desses looks tão especiais, que levam cerca de 200 horas para serem produzidos (cada um), focamos no bloco dos plissados, peças tecnicamente perfeitas e de uma precisão absurda de construção.

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Testemunhas privilegiadas e virtuosas da alta-costura, as “petites mains” dos ateliês situados no número 30 da avenida Montaigne, em Paris, fazem perdurar um savoir-faire ancestral que permite a Raf Simons reinterpretar em uma visão contemporânea os códigos emblemáticos da Dior. O desenvolvimento das peças na Maison é feito em dois ateliês próprios da marca, o tailleur (alfaiataria) e o flou (peças fluidas), onde trabalham cerca de 60 costureiras. São delas a responsabilidade de interpretar o desejo do criador, compreender suas ambições e vontades, aprender as sutilezas de sua arte e as tornarem realidade. A Dior também trabalha com diversos ateliês parceiros devidamente aptos para desenvolver suprimentos para roupas de alta-costura. Os tecidos são cuidadosamente selecionados e preparados. Para a série dos plissados, as fitas foram tingidas manualmente uma a uma. Posteriormente, foram aplicadas a uma camada de tecido base, que foi enviado a um fornecedor especialista em plissados manuais. A peça de tecido foi cuidadosamente plissada tornando-se única e exclusiva.

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O primeiro passo do trabalho dos ateliês é realizar os protótipos dos modelos em telas, que nada mais são que os “moldes” dos modelos que desfilarão. Um mínimo de três fittings são necessários para o desenvolvimento de cada peça. Essas provas constituem um verdadeiro intercâmbio entre o conhecimento técnico e a excelência dos ateliês, que vão então concretizar os desejos do Diretor Artístico e do Estúdio de criação.

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Com a tela pronta é hora de escolher o tecido, os bordados e todos os elementos que serão atribuídos a ela. A chefe do ateliê flou revela que costuma debater com Raf Simons, pois normalmente ele pede opinião. A partir daí os looks começam a ser montados.

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Os diferentes elementos de um vestido ou de um tailleur são então montados e dispostos em um manequim de madeira (Stockman). Modelo concluído, Raf Simons faz a última checagem. Inspeciona, examina, ajusta detalhes, define sapatos, cabelo, maquiagem e acessórios. E voilà, 200 horas depois, o look está pronto para ser apresentado!

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CULTURA

l’enfant

terrible

Mantendo a tradição de grandes apresentações teatrais, Alexander McQueen desembarca em Londres com Savage Beauty no Victoria and Albert Museum, retrospectiva que marca os cinco anos de morte do estilista britânico Por Mário Araujo Imagens V&A Museum/Divulgação

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No dia 11 de fevereiro de 2010, o mundo ficou chocado com a notícia do suicídio do estilista britânico Alexander McQueen, que foi encontrado morto aos 40 anos em sua casa em Londres, no Reino Unido. Cinco anos depois, um dos museus mais tradicionais da capital inglesa, o Victoria and Albert Museum, apresenta a exposição Savage Beauty, que faz uma retrospectiva da carreira do genial designer, que, assim como criava peças fantásticas de vestuário, amava desenvolver apresentações singulares que ficaram para a história.

Instalação “Primitivismo Romântico” no V&A Museum

Peças da coleção “Plato’s Atlantis” de McQueen

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Savage Beauty, que fica em cartaz em Londres até o dia 02 de agosto, foi projetada inicialmente como exposição anual do The Costume Institute do Metropolitan Museum of Art de Nova York. O sucesso foi tamanho, que fez com que a mostra ganhasse o solo inglês em versão editada e expandida. sessenta e seis peças de vestuário e acessórios foram adicionadas à mostra, incluindo algumas bastantes raras do início de sua carreira, emprestadas por colecionadores particulares, como Katy England e Annabelle Neilson, assim como do acervo de Isabella Blow (amiga do designer que comprou toda a sua coleção de graduação) e do acervo da maison Givenchy (onde comandou a criação entre 1996 e 2001).


Galeria do “Naturalismo Romântico”

Peças da coleção “Voss”

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Além disso, uma nova seção foi adicionada à exposição, com foco nos primeiros trabalhos de McQueen em Londres, ainda como aprendiz em grandes casas de alfaiataria da famosa rua Savile Row, de Mayfair, como a Anderson & Sheppard, a Gieves & Hawkes e a loja de trajes de para o teatro Angels and Bermans. Também foram somados ao acervo existente um vestido de ballet vermelho da coleção The Girl Who Lived in the Tree (inverno 2008) e um vestido de penas brancas da The Horn of Plenty (inverno 2009).

Gabinete das Curiosidades, com as joias e acessórios usados nos desfiles. Essa seção dobrou de tamanho no V&A Museum

Para recriar no museu o universo das inesquecíveis apresentações de Alexander McQueen, o V&A contratou a mesma empresa que o artista usava para montar os cenários de seus desfiles e que sempre foi capaz de trazer todo o drama, a extravagância e a provocação que eram marcas do designer e o fizeram ser carinhosamente chamado pelos fashionistas de “L’enfant terrible”. Entre os cenários criados pela Gainsbury and Whiting está o inesquecível final de desfile da apresentação de inverno 2006, Widows of Culloden, no qual uma imagem holográfica em 3D de Kate Moss em um vestido de organza fechava a apresentação.

Galeria “GóticoRomântica”

Outra seção que dobrou de tamanho foi o Gabinete das Curiosidades, destinado a joias e acessórios usados nas passarelas pelo estilista. Nele, peças desenvolvidas por fieis colaboradores como Philip Treacy e Shaun Leane estão expostas.

Instalação “Savage Mind”

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No total, a exposição conta com mais de 240 looks e acessórios, o maior número de peças individuais projetadas por McQueen já vistas de uma só vez e que compreendem todas as fases do estilista, da graduação na Central Saint Martins em 1992 aos seus últimos trabalhos na coleção de inverno 2010, concluída após a sua morte e apresentada em Paris. Para saber mais, acesse: www.vam.ac.uk.


© Alysson Alapont

"TUDO QUE É FEITO COM AMOR E PERSONALIDADE ME INSPIRA." Dudu Bertholini Designer

12-13 Maio 2015 Outono Inverno premierevision-saopaulo.com EXPO CENTER NORTE / PAV. AMARELO

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DESPRETENSIOSAMENTE Isabel Marant fez do estilo descomplicado e elegante das mulheres parisienses o DNA de sua marca Por Mário Araujo | Foto: Isabel Marant by Inez & Vinoodh

Responsável por produzir hits em série, a francesa Isabel Marant é uma verdadeira máquina de criar roupas e acessórios que se tornam rapidamente fundamentais no guarda-roupa das mulheres mais descoladas do planeta, os famosos its do mundo da moda, como it-shoes, it-bags, it-dressses... Fáceis, usáveis e atemporais, suas peças evocam uma despretensão interessante, que deixa um ponto de interrogação ao olhar do observador, por criar diálogos improváveis, como o do casual com o festa, do esporte com a alfaiataria, do rural com o urbano e assim por diante. Isabel faz roupas e acessórios que complementam a personalidade marcante das mulheres que os usam e não o contrário. Nunca uma criação sua se destacará mais do que quem a veste.

“Moda é tudo sobre sedução, estilo e atitude” 88

Filha de um fotógrafo francês e de uma modelo alemã, o ambiente criativo sempre fez parte da vida da estilista francesa. “Meu pai é de uma família de fotógrafos e minha mãe era modelo, então eu cresci em um ambiente muito criativo e elegante. Lembro-me de minha mãe vestindo Kenzo na década de 1980”, conta Isabel em nossa primeira conversa anos atrás. “Incrivelmente chique e sofisticada, o total oposto de mim naquela época”, completa. O desleixo aparente (meio grunge, meio tomboy) era propositalmente pensado pela estilista, que sempre transformava as roupas compradas por seus pais em outras bem mais interessantes que as versões oferecidas pelas lojas. “Meus pais compravam roupas que eu odiava. Eu esperava eles darem as costas para transformá-las em algo que poderia usar”. Essa brincadeira chamou a atenção dos amigos. Aos 15 anos eles já pediam para Isabel reproduzir as mesmas peças que usava. Nessa época, sob influência do amigo Christophe Lemaire (ex-estilista da Hermès e que assina coleção para a descolada Uniqlo

Verão 2012

Inverno 2011

Verão 2011

Inverno 2010

Verão 2010

Inverno 2009

HOLOFOTE


Depois de estudar Design na renomada escola de moda Studio Berçot, em Paris, Isabel foi aprendiz do estilista francês Michel Klein, colaborou com Bridget Yorke em duas coleções para a Yorke & Cole e foi assistente do diretor de arte Marc Ascoli, com o qual desenvolveu projetos para Yohji Yamamoto, Martine Sitbon e Chloé. Sua estreia oficial no mundo da moda aconteceu precocemente, em 1989, com uma coleção de maxis acessórios. Cinco anos mais tarde lançaria sua primeira linha completa de roupas, já sob a etiqueta Isabel Marant. No processo de criação, algo que já havia chamado a atenção dos amigos e despertado o interesse de seus primeiros compradores: peças criadas para si mesmo, que lhe despertavam um certo desejo de compra. “Se eu criar um par de calças, um casaco ou um vestido, a roupa tem que ser funcional. Eu sou meu primeiro cliente, eu preciso provar tudo para saber como está e tenho que realmente gostar das roupas que crio. Sou muito honesta e tenho uma relação muito direta com tudo o que desenvolvo”, explica a designer. “Acredito que as mulheres querem ser atraentes, mas sem se sentir exageradas e prisioneiras de suas roupas. Estou preocupada em criar peças reais, que você deseja manter por anos e anos em seu guarda-roupa e sempre vai querer usar e não algo que vá jogar fora em seis meses”, completa. Esse conceito, que resgata os valores das mulheres francesas na hora da compra – qualidade é mais importante que quantidade –, atraiu a atenção de mulheres do mundo todo e fez com que a marca de Isabel virasse sinônimo do modo de vestir

Inverno 2015

Verão 2015

Inverno 2014

Verão 2014

Inverno 2013

Verão 2013

Inverno 2012

com lançamento em setembro), a estilista também criou uma pequena linha para uma loja de Paris. Assim, meio que despretensiosamente, começava o embrião de uma carreira de sucesso. Mas isso só aconteceria mais tarde...

Foto divulgação

CHIQUE

das mulheres parisienses. Estrelas de cinema como Kirsten Dunst e Katie Holmes, top models como Kate Moss e Gisele Bündchen, entre outros nomes importantes da moda, como Victoria Beckham, Emmanuelle Alt, Dakota Fanning, entre outras, são regularmente vistas usando as criações da estilista. Workaholic, Isabel diz que o sucesso da marca não mudou em nada sua vida e que raramente é reconhecida nas ruas. Trabalha de segunda a sexta das 8h às 22h e o pouco tempo livre que tem passa com seu filho, Tal. Os finais de semana também são dedicados à família – costuma ir junto com o marido, o designer de acessórios Jérôme Dreyfuss, e o filho Tal para a residência ecológica de campo nos arredores de Paris, onde não existe nem água encanada nem luz elétrica. Apesar disso, Isabel parece gostar muito do que faz e entende sua responsabilidade no processo. “Com o crescimento da marca há uma pressão potencial. Mas a pressão que eu sofro eu coloco em mim mesma, pois sou a pessoa responsável por fazer esta máquina funcionar. E tudo depende de quão bem eu estou fazendo as coisas”, esquematiza. Essa clareza resultou em um pequeno império, que não para de crescer. Com preços mais acessíveis que as casas tradicionais de moda (é possível encontrar peças que vão, em média, de US$ 300 a US$ 1,500), a marca Isabel Marant possui hoje quase 20 lojas espalhadas pelo mundo. Além de inúmeras multimarcas que vendem seus produtos em países onde ainda não há flagship da marca. Além da linha principal que leva seu nome, a estilista possui uma marca com peças mais acessíveis, que brinca ser para as filhas de suas clientes da marca principal, a Étoille. “Moda é tudo sobre sedução, estilo e atitude”, conclui a estilista que não para de produzir hits e servir de inspiração para marcas ao redor do planeta. Anotado?

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PONTO DE VENDA

Sinergia Primeira flagship de Victoria Beckham abre em Londres e traz a essência da marca sem perder o ar despretensioso e cool pelo qual ficou conhecida Por Mário Araujo | Fotos Victoria Beckham

O número 36 da Dover Street, em Mayfair, no coração fashion de Londres, na Inglaterra, abriga a primeira boutique de Victoria Beckham, que desde 2008 está à frente da marca homônima que já é distribuída em 500 pontos de venda ao redor do mundo e conta com cinco linhas exclusivas, além da principal que é apresentada na New York Fashion Week. Jeans, acessórios e óculos fazem parte do cardápio oferecido pela fashion house que destaca a alta qualidade do processo de fabricação e a matéria-prima de seus produtos.

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No térreo estão as coleções de jeans, os acessórios e a linha VVB. Todos os três são os produtos mais acessíveis da marca, logo, o porto de entrada do consumidor para o universo VB. Também estão ali as bolsas, grandes best-sellers da maioria das marcas de luxo. Atrativo certeiro.

Assim como as roupas desenvolvidas pela marca Victoria Beckham, o projeto assinado pela premiada arquiteta iraniana Farshid Moussavi privilegia o uso de materiais nobres para criar um design minimalista supermoderno e elegante. Associação perfeita com o DNA de VB. O concreto é o material principal que molda a loja, que vai ganhando forma e charme pelos “projetos” complementares, que funcionam como acessórios e transformam o estabelecimento em uma peça única, exclusiva, cara e original. Ampla, está instalada em um prédio georgiano de três andares. As escadas que conectam os pavimentos foram transformadas em uma verdadeira obra de arte. Impossível não admirá-las.

O primeiro andar é destinado ao ready-to-wear, a coleção apresentada nas passarelas de Nova York. O espaço é amplo, iluminado, conta com janelas gigantesca e provadores imensos. Um verdadeiro convite para se passar horas brincando de trocar de roupa. Victoria Beckham pensa em tudo. Sua primeira loja reflete perfeitamente o conceito de sua marca. Tudo está ali, todos os códigos estão decupados, encaixados e estrategicamente posicionados. Tudo faz sentido e conversa. Não há conflitos de identidade, nem de imagem.

Funcionais? Talvez não, mas a questão principal aqui é o look perfeito e a maneira correta de apresentá-lo, de uma forma que não intimide em um primeiro contato o novo visitante ou comprador. A ideia principal é seduzir de uma maneira elegante e sofisticada. Para isso, até a disposição da loja foi pensada de uma forma que abrace o consumidor.

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PERFIL

Rainha do

styling

Jeito único de combinar acessórios de Iris Apfel, que já ganhou exposição e conquistou milhares de fãs ao redor do mundo, estreia nos cinemas americanos em documentário Por Rafael Vita | Foto Bruce Weber

Acaba de ser lançado nos cinemas americanos o documentário Iris do diretor Albert Maysles, que faleceu no dia 05 de março de 2015, antes da estreia da obra que conta a história de uma das mais singulares figuras de Nova York, a fashionista e colecionadora de acessórios de 93 anos Iris Apfel, chamada carinhosamente de Rara Avis (ave rara). Nascida no Queens, em 1921, cresceu entre a arquitetura e o design de moda. Seu pai era proprietário de uma loja de vidros e espelhos e fornecedor de diversos empreendimentos em Nova York, e sua mãe possuía uma das mais descoladas lojas de roupas e acessórios do bairro. Muito avançada para sua época, estudou história da arte na Universidade de Nova York e trabalhou no jornal Women’s Wear Daily e como assistente do decorador Elinor Johnson, além de colaborar com o ilustrador Robert Goodman. Divertida e cheia de histórias, Iris recorda um episódio que marcou: “Em Madison, Wisconsin, na década de 1940, fui à loja do exército/marinha local. Eles eram os únicos que vendiam jeans na cidade. Tudo era tamanho gigante. Eu pedi um par que coubesse em mim e disseram: ‘Você não sabe, senhoras não usam jeans’. Eu os deixei doidos ligando todos os dias para a loja. E continuei voltando sempre lá para ver se havia chegado um número menor. Um dia, cansado, o proprietário me ligou. Ele encontrou um par de calças para mim, masculina, da Levi Strauss”. E assim começou sua paixão por jeans, uniforme dos tempos modernos. Iris queria usá-los com turbante e brincos de argolas gigantes. Em 1948, Iris se casou com o publicitário Carl Patel, e juntos fundaram a Old World Weavers, empresa especializada em tecidos e decoração da qual foram proprietários até 1992 e tinha, entre seus clientes estrelados, Greta Garbo e Estée Lauder, além Casa Branca, para a qual realizaram projetos para nove presidentes dos Estados Unidos, sendo o último no mandato de Bill Clinton (1993-2001), e o Metropolitan Museum of Arts, onde foram responsáveis pela restauração da maior parte das coleções de tapeçarias do museu. Apesar

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da venda, Iris continua na companhia como consultora em projetos especiais e não pensa em se aposentar tão cedo. Com a empresa o casal viajou o mundo inteiro e Iris pôde apurar cada vez mais seu estilo único em lugares exóticos como África, Ásia e Oriente Médio. Das bases em Paris (França) e Milão (Itália), o casal partia em expedições em busca de tecidos raros por terras desconhecidas. Nas temporadas em Paris conheceu grande parte dos grandes estilistas do passado e do presente e muitas das pessoas mais interessantes do planeta. Das viagens, trazia os acessórios, do velho mundo, o entendimento de moda. Talvez dessa mistura tenha vindo boa parte de sua inspiração para se vestir e uma grande quantidade de seus acessórios, que podem ser vistos na exposição do The Costume Institute of the Metropolitan Museum Of Art – MET, em diversas outras mostras menores e que agora é mostrado no documentário de Maysles. A exposição do MET deu projeção mundial e destaque a Iris e a transformou em uma espécie de guru dos acessórios. Além de mais de cinco anos de exposições – a amostra de 2005 percorreu diversos museus nos Estados Unidos sempre mostrando seu acervo e sua forma singular de combinar roupas e acessórios –, seu guarda-roupas foi documentado pelo fotógrafo Eric Boman no livro “Rare Bird of Fashion: The Irreverent Iris Apfel” (Ave Rara da Moda: A irreverente Iris Apfel), da Thames & Hudson, lançado em 2007. Além disso, Iris virou garota propaganda da marca descolada de bolsas Coach em 2008. Assinou uma linha de cosméticos para a M.A.C., uma linha de óculos, uma de suas marcas registradas, para a eyebobs e assina uma linha de roupas e acessórios para a HSN. Com uma energia única, além de estar trabalhando o lançamento do documentário, faz parte do casting da campanha de verão 2015 da grife americana Kate Spade ao lado da top model Karlie Kloss.


Fashionista e colecionadora de acess贸rios de 93 anos Iris Apfel, chamada carinhosamente de Rara Avis (ave rara).

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EXPEDIENTE | Edição 7 – Maio 2015 - Jul 2015 A TEXTIL MODA é uma publicação da R. da Silva Haydu & Cia. Ltda. Inscr. Est. 104.888.210.114. CNPJ/MF 60.941.143/0001-20. Projeto Editorial: Mário Araujo Projeto Gráfico: Mariana Eller Presidente executivo: Ricardo da Silva Haydu Diretora de redação: Clementina A. B. Haydu (MTB 0065072/SP) Editor chefe: Mário Araujo Editora de Arte: Mariana Eller Editor de Arte: Fernando Tucunduva Revisão: Débora Donadel Representantes Comerciais Europa – International Communications Inc. Andre Jamar 21 rue Renkin – 4.800 – Verviers – Belgium +32 87 22 53 85 andrejamar@aol.com Ásia – Buildwell Int. Co. Ltd. 120, Huludun, 2nd St., Fongyuan, Taichung Hsien – Taiwan 42086 – R.O.C. +886 4 2512 2372

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