Painel - edição 252 - mar.2016

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painel Associação de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto

Ano IX nº 252 março/ 2016 A E A A R P

Ribeirão Preto e a metrópole Governo de São Paulo inicia processo que vai congregar 34 municípios da região

ARQUITETURA Inclusão muito além das necessidades especiais HOBBY O engenheiro que coleciona histórias ELEIÇÕES Os par dos polí cos

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palavra do presidente Eng. civil Carlos Alencastre

INSPIRAR, PAPEL ESTRATÉGICO DA AEAARP Lançamos neste mês de março a agenda de semanas técnicas da AEAARP, começando pela de Tecnologia da Construção. Estes eventos têm por obje vo fornecer ferramentas que aprimorem o trabalho dos nossos associados, que é um dos pilares da valorização profissional, missão estratégica para a Associação. Devemos ter bastante clareza sobre o significado disso. Para aqueles que há vários anos atuam em escritórios e repar ções públicas, essas ferramentas são cruciais para que se mantenham atualizados em relação ao mercado, às tecnologias, aos métodos de trabalho e à legislação. Para os jovens, as ferramentas que oferecemos são o compar lhamento de conhecimento. Essa troca de experiências é vital para a carreira. Todos os profissionais guardam na memória aquele colega mais experiente que foi essencial para seu crescimento. Muitos da AEAARP têm como exemplo o arquiteto Durval Soave, um dos ar fices da modernização da Associação a par r do final dos anos de 1970. Aqueles que inspiram certamente um dia foram inspirados e é este o desafio da AEAARP. A en dade deve inspirar aqueles que já caminham conosco e os que estão chegando agora, ou já até es veram aqui, por meio da par cipação em semanas técnicas, em debates acerca dos problemas da cidade etc. A en dade de classe deve ser palco para que o profissional exerça sua cidadania de forma plena. A AEAARP reforça o compromisso de aplaudir sempre todos os acontecimentos que a construíram. Nosso compromisso é criar pontes que aproximem a en dade dos profissionais e caminhos que levem à valorização da a vidade de engenheiros, arquitetos e agrônomos. Até o final deste ano acontecerão as semanas de Arquitetura, Agronomia, Engenharia e Meio Ambiente.

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expediente

Rua João Penteado, 2237 - Ribeirão Preto-SP - Tel.: (16) 2102.1700 Fax: (16) 2102.1717 - www.aeaarp.org.br / aeaarp@aeaarp.org.br

Eng. civil Carlos Eduardo Nascimento Alencastre Presidente Eng. eletr. Tapyr Sandroni Jorge 1º Vice-presidente Eng. civil Arlindo Antonio Sicchieri Filho 2º Vice-presidente DIRETORIA OPERACIONAL Diretor Administra[vo: eng. agr. Callil João Filho Diretor Financeiro: eng. agr. Benedito Gléria Filho Diretor Financeiro Adjunto: eng. civil e seg. do trab. Luis Antonio Baga n Diretor de Promoção da É[ca de Exercício Profissional: eng. civil Hirilandes Alves Diretor Ouvidoria: eng. civil Milton Vieira de Souza Leite DIRETORIA FUNCIONAL Diretor de Esportes e Lazer: eng. civil Rodrigo Fernandes Araújo Diretor de Comunicação e Cultura: eng. agr. Paulo Purrenes Peixoto Diretor Social: arq. e urb. Marta Benedini Vecchi Diretor Universitário: arq. e urb. Ruth Cris na Montanheiro Paolino

ASSOCIAÇÃO DE ENGENHARIA ARQUITETURA E AGRONOMIA DE RIBEIRÃO PRETO

DIRETORIA TÉCNICA Agronomia, Agrimensura, Alimentos e afins: eng. agr. Jorge Luiz Pereira Rosa Arquitetura, Urbanismo e afins: arq. Ercília Pamplona Fernandes Santos Engenharia e afins: eng. Naval José Eduardo Ribeiro CONSELHO DELIBERATIVO Presidente: eng. civil Wilson Luiz Laguna

índice ESPECIAL

05

CARREIRA

09

HOBBY

10

PAINEL ELEIÇÕES

12

Ribeirão Preto em versão metrópole

Intercâmbio de engenheiros portugueses e brasileiros

O colecionador de histórias

Os par dos polí cos

ARTIGO

14

PESQUISA

16

A importância de quan ficar as emissões de CO2 na construção civil – os riscos do aquecimento global

USP testa pavimento de concreto con nuamente armado

INOVAÇÃO

18

GESTÃO

21

ARQUITETURA

22

CREA}SP

25

NOTAS E CURSOS

26

Inspiração e pesquisa

3 segredos de quem gerencia de maneira eficiente o seu negócio

Arquitetura inclusiva

ART e Acervo Técnico

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Conselheiros Titulares Eng. agr. Dilson Rodrigues Cáceres Eng. civil Edgard Cury Eng. civil Elpidio Faria Junior Arq. e eng. seg. do trab. Fabiana Freire Grellet Eng. agr. Geraldo Geraldi Jr Eng. agr. Gilberto Marques Soares Eng. mec. Giulio Roberto Azevedo Prado Eng. elet. Hideo Kumasaka Eng. civil João Paulo de Souza Campos Figueiredo Arq. Luiz Eduardo Siena Medeiros Arq. e urb. Maria Teresa Pereira Lima Eng. civil Ricardo Aparecido Debiagi Conselheiros Suplentes Eng. agr. Alexandre Garcia Tazinaffo Arq. e urb. Celso Oliveira dos Santos Eng. agr. Denizart Bolonhezi Eng. civil Fernando Brant da Silva Carvalho Arq. e urb. Fernando de Souza Freire Eng. agr. Ronaldo Posella Zaccaro REVISTA PAINEL Conselho Editorial: eng. civil Arlindo Sicchieri, arq. urb. Celso Oliveira dos Santos, eng. mec. Giulio Roberto Azevedo Prado e eng. agr. Paulo Purrenes Peixoto conselhoeditorial@aeaarp.org.br Conselheiros Titulares do CREA-SP indicados pela AEAARP: eng. civil e seg. do trab. Hirilandes Alves e eng. mecânico Fernando Antonio Cauchick Carlucci Coordenação Editorial: Texto & Cia Comunicação – Rua Galileu Galilei 1800/4, Jd. Canadá, Ribeirão Preto SP, CEP 14020-620 - www.textocomunicacao.com.br Fones: 16 3916.2840 | 3234.1110 - contato@textocomunicacao.com.br Editora: Daniela Antunes – MTb 25679 Colaboração: Bruna Zanuto – MTb 73044 Capa: foto JFPimenta Publicidade: Departamento de eventos da AEAARP - 16 2102.1719 Angela Soares - angela@aeaarp.org.br Tiragem: 3.000 exemplares Locação e Eventos: Solange Fecuri - 16 2102.1718 Editoração eletrônica: Mariana Mendonça Nader Impressão e Fotolito: São Francisco Gráfica e Editora Ltda. Painel não se responsabiliza pelo conteúdo dos ar[gos assinados. Os mesmos também não expressam, necessariamente, a opinião da revista.

Horário de funcionamento AEAARP Das 8h às 12h e das 13h às 17h Fora deste período, o atendimento é restrito à portaria.

CREA Das 8h30 às 16h30

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especial

Foto - JFPimenta

Ribeirão Preto em

versão metrópole

A reflexão acerca da criação da Região Metropolitana de Ribeirão Preto, tema que pauta debates há várias décadas, deve levar em consideração a técnica e a oportunidade

34 municípios da região poderão, em breve, integrar a Região Metropolitana (RM) de Ribeirão Preto, anunciada recentemente pelo governo do estado de São Paulo. Segundo a Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano SA (Emplasa), estudo realizado nesta região definiu os critérios para a decisão. Luiz José Pedre , vice-presidente da Emplasa, no

entanto, ressalta que o debate público sobre o tema, pautado por deputados e vereadores, colaborou para que o execu vo despertasse para esta pauta. O desenvolvimento integrado da região e o incremento nos inves mentos, sobretudo em saúde e saneamento, são os principais argumentos dos que defendem a ins tuição da RM. Existem,

entretanto, crí cos que apontam a falta de critérios técnicos na decisão. Os 34 municípios ocupam 14,7 mil quilômetros quadrados onde vivem mais de 1,6 milhões de pessoas. O Produto Interno Bruto (PIB) é de R$ 48,38 milhões, equivalente a 2,83% do total estadual. Este montante, segundo a Emplasa, é superior ao PIB da Baixada San sta (R$ AEAARP

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especial

Municípios

Área (km2)

População 2015

Al nópolis

928,96

16.179

Barrinha

146,03

31.230

Batatais

849,53

60.589

Brodowski

278,46

23.460

Cajuru

660,09

25.230

Cássia dos Coqueiros

191,68

2.623

Cravinhos

311,42

34.110

Dumont

111,38

9.178

Guariba

270,29

38.499

Guatapará

413,57

7.446

Jabo cabal

706,60

75.820

Jardinópolis

501,87

41.799

Luís Antônio

598,26

13.378

Mococa

854,84

68.797

Monte Alto

346,95

49.456

Morro Agudo

1.388,13

31.620

Nuporanga

348,27

7.255

Orlândia

291,77

42.678

Pitangueiras

430,64

38.211

Pontal

356,37

45.978

Pradópolis

167,38

19.814

Ribeirão Preto

650,92

666.323

Sales Oliveira

305,78

11.438

Santa Cruz da Esperança

148,06

2.084

Santa Rita do Passa Quatro

754,14

27.502

Santa Rosa de Viterbo

288,58

25.666

Santo Antônio da Alegria

310,29

6.739

São Simão

617,25

15.104

Serra Azul

283,14

13.216

Serrana

126,05

42.784

Sertãozinho

403,09

120.152

Taiúva

132,46

5.605

Tambaú

561,79

23.214

Taquaral

53,89

2.819

Unidade regional de Ribeirão Preto

14.787,89

1.645.996

Estado de São Paulo

248.222,36

44.396.484

Fonte: IBGE, PNUD, Emplasa

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47,83 milhões), estabelecida como RM desde 1998 com nove municípios. O vice-presidente da Emplasa explica que o governo adotou critérios de regionalização de inves mentos que incluem saúde, educação, saneamento e transporte para definir os 34 municípios. Do ponto de vista legal, a expecta va é que a minuta do projeto a ser votado na Assembleia Legisla va paulista esteja pronta em maio. Nele estarão contemplados estudos técnicos mais detalhados do que os disponíveis até agora e o resultado de audiências públicas que estão em andamento. O projeto de lei complementar que deverá ins tuir a Região Metropolitana, de autoria do poder execu vo, vai criar a Agência Metropolitana, autarquia dotada de infraestrutura própria. Prefeitos e representantes do governo estadual integrarão o Conselho que vai debater e definir as ações e inves mentos regionais. Também será criado, por decreto, o Fundo Metropolitano, que receberá recursos financeiros oriundos dos municípios, do estado e de inves mentos externos. Uma das vantagens dessa organização é a possibilidade de captar inves mentos no exterior. Pedretti explica que o modelo de gestão da RM é compar lhado, isto é, “ninguém é maior do que ninguém”. Municípios e governo estadual têm partes iguais na composição do Conselho, que tem também a prerroga va de definir a peça orçamentária. Um dos impactos que serão percebidos rapidamente pela população é na telefonia. As ligações interurbanas entre as 34 cidades passarão a ser tarifadas como locais. Outra mudança é que a Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos de São Paulo (EMTU) passará a gerir o sistema de transporte regional. Pedre fala

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também do aumento no teto de financiamento para habitações de interesse social e a mudança no repasse dos recursos do Sistema Único de Saúde (SUS).

Consulte informações do IBGE

ibge.gov.br/home/geociencias/geografia

Estatuto

A lei 13.089/2015 ins tui o Estatuto da Metrópole, que descreve as possibilidades de organização urbana regionalizadas. A metropolitana é uma delas e, de acordo com a lei, caracteriza-se pela “aglomeração urbana que configure uma metrópole”. Diz ainda que “os critérios para a delimitação da região de influência de uma capital regional, previstos no inciso V do caput deste ar go [Parágrafo Único do Art. 2º] considerarão os bens e serviços fornecidos pela cidade à região, abrangendo produtos industriais, educação, saúde, serviços bancários, comércio, empregos e outros itens per nentes, e serão disponibilizados pelo IBGE na rede mundial de computadores”.

A lei refere-se ao estudo do Ins tuto Brasileiro de Geografia e Esta s ca (IBGE), que mantém detalhado estudo territorial e populacional. O sociólogo Pythagoras Daronch Silva, docente no curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Moura Lacerda, diz que uma das caracterís cas que definem a metrópole é a existência de municípios que se interliguem territorialmente. Fala que deve haver também elevado desenvolvimento industrial entre as cidades. São estes alguns dos critérios definidos pelo IBGE que, na opinião de Daronch, não se aplica à região de Ribeirão Preto.

Ele trabalhou na Emplasa de 1968 a 1995. Começou quando a autarquia era apenas um grupo que geria a Grande São Paulo, a primeira RM criada no país, em 1973. “E até hoje existem problemas graves de mobilidade urbana e saneamento”, diz, referindo-se às enchentes e meios de transporte que interligam as cidades ao redor da capital paulista. Segundo a Emplasa, a RM de São Paulo é a sexta maior aglomeração urbana do mundo, responde por 18% do PIB nacional, tem 21 milhões de habitantes e é formado pela capital e 38 municípios.

São Paulo, uma das maiores aglomerações urbanas do mundo.

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A RM de Tóquio, no Japão, tem 37 milhões de habitantes e é a mais populosa do mundo. Além de São Paulo, também as regiões de Nova Deli (Índia), Cidade do México (México), Seul (Coreia do Sul) e Pequim (China) estão entre as mais populosas do planeta.

Segundo Daronch, Ribeirão Preto é caracterizado no IBGE como centro regional, com retransmissoras de TV, centros universitários, referências em saúde etc., à exemplo de Londrina (PR). Jus ficaria, portanto, em sua visão, definir a região como aglomerado urbano que, segundo o Estatuto da Metrópole, caracteriza-se como “unidade territorial urbana cons tuída pelo agrupamento de dois ou mais municípios limítrofes, caracterizada por complementaridade funcional e integração das dinâmicas geográficas, ambientais, polí cas e socioeconômicas”. Daronch cri ca a criação da RM. Fala que o projeto de desenvolvimento regional, que é uma das atribuições do Conselho que será formado pelos prefeitos e representantes do governo, deve preceder a criação da RM. A organização dos municípios em uma metrópole seria, portanto, consequência das necessidades tecnicamente estabelecidas por autoridades, sociedade civil organizada, comunidade cien fica e organizações de comércio, serviços e indústria. Ele conclui que o processo atual inverte esta lógica, impulsiona a criação da metrópole pela possibilidade de incremento orçamentário para inves mento regional 8

e não o planejamento. A equação, insiste Daronch, deveria ser inver da. Para ele, a RM deveria ser um processo técnico com o devido encaminhamento polí co, e não o inverso. A primeira grande discussão sobre a RM de Ribeirão Preto aconteceu na AEAARP, dia 14 de março. Duas audiências públicas deverão ser realizadas antes da promulgação do projeto, que o governo paulista pretende fazer em junho, para marcar o aniversário da cidade, que já é considerada capital regional. O arquiteto e urbanista Fernando Freire opina que a decisão pode resultar posi va para a região, uma vez que obrigará as cidades a se planejarem. É a oportunidade, por exemplo, de os municípios debaterem regionalmente suas demandas e estabelecer planejamentos conjuntos. Para Freire, esta poderá ser a pressão que obrigará as cidades a fazerem seus planos diretores, uma vez que a RM deverá ter o seu próprio Plano de Desenvolvimento Regional, instrumento

semelhante à esta lei que em Ribeirão Preto, por exemplo, está incompleta desde que foi adotada, nos anos de 1990. A interação dos municípios vai ressaltar as convergências regionais, na visão do arquiteto e urbanista Luiz Eduardo Siena Medeiros. Pode significar a o mização de tempo e de recursos, escassos em muitas cidades. Siena considera que a RM poderá permi r que a região dispute uma fa a maior do orçamento do estado. Para ele, esta discussão deve ser tratada no campo da estratégia, independente da adoção de organizações sociais e polí cas.

O começo

A organização urbana em metrópoles começou, no Brasil, nos anos de 1970. A primeira experiência foi na Grande São Paulo, um modelo reformado em 1988 e que sofreu alterações em 2011. As demais RMs paulistas foram adotadas em 2000 (Campinas), 2012 (Vale do Paraíba) e 2015 (Sorocaba). Em Jundiaí e Piracicaba foi adotado o modelo de aglomeração urbana. Pedretti, da Emplasa, afirma que o modelo de gestão das RMs do estado não tem paralelo no resto do país. “É genuinamente caipira, paulista”, diz.

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carreira

Intercâmbio de engenheiros

portugueses e brasileiros

Acordo firmado entre Confea e OEP garantirá o reconhecimento dos profissionais em ambos os países

Destine 16% do valor da ART para a AEAARP (Associação de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto)

A par r de abril, estarão disponíveis os procedimentos e formulários do acordo de reciprocidade firmado entre Brasil e Portugal para o intercâmbio de engenheiros das duas nacionalidades. O acordo entre o Confea e a Ordem dos Engenheiros de Portugal (OEP), assinado em setembro de 2015, permi rá reconhecer as competências profissionais dos engenheiros portugueses e brasileiros em ambos os países, autorizando o exercício pleno da a vidade profissional. Os engenheiros interessados devem acompanhar as páginas do Confea e da OEP, onde serão divulgados os próximos passos para solicitar o intercâmbio. A OEP reconhecerá as competências dos profissionais cadastrados no Sistema Confea/Crea e Mútua, pois a en dade

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engloba as engenharias: Agronômica, Ambiental, Civil, Eletrotécnica, Florestal, Informá ca, Materiais, Mecânica, Naval, Química, Biológica, Minas, além da Geologia e da Geografia.

Respaldo legal O termo de reciprocidade leva em consideração diversos instrumentos legais do Brasil e de Portugal. Da Lei 5.194/1966 ao Regimento do Confea, passando pela Resolução 1.007, pelo lado brasileiro, à Lei 31/2009 e ao Estatuto da OEA, pelo lado português, além do seu Regulamento de Admissão e Qualificação e seu Regulamento da Cédula Profissional e Exercício da Profissão. Fonte: Téchne.pini e Confea

Agora você escreve o nome da entidade e destina parte do valor arrecadado pelo CREA-SP diretamente para a sua entidade

Contamos com sua colaboração!

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hobby

O colecionador

de histórias

A partir do interesse pelos seus antepassados, o engenheiro mecânico passou a pesquisar a história do Brasil e do mundo

Giulio Roberto Azevedo Prado

O engenheiro mecânico Giulio Roberto Azevedo Prado começou a colecionar selos aos 15 anos. Também já colecionou moedas. Ele preserva este acervo e acrescenta alguns itens sempre que pode. São coletados, sem metodologia, nas viagens que gosta de fazer. Hoje, com o empenho e a metodologia necessários ao colecionador, o engenheiro se dedica à pesquisa histórica. A a vidade surgiu por acaso. Ele pesquisava sua descendência portuguesa com o obje vo de obter o passaporte da União Europeia quando fez descobertas que o fascinaram. “A legislação mudou, não consegui ter esse passaporte, mas con nuei a pesquisa”, conta. A genealogia ficou em segundo plano, apesar de seus familiares ainda serem os protagonistas das histórias colecionadas por ele. Os movimentos sociais e econômicos ocorridos no Brasil e na Europa, que antes estavam em segundo plano, hoje são seus principais interesses. As pesquisas revelaram, por exemplo, que seus primeiros descendentes chegaram ao Brasil em 1723, atraídos pelo ouro de Minas Gerais, onde receberam terras que passaram a explorar – as sesmarias. Suas histórias esbarram em Tiradentes e seu grupo de amigos inconfidentes. Azevedo Prado iden ficou um de seus antepassados nesse grupo, que foi exila10

do em Bissau, depois foi para a Europa e retornou ao Brasil asil alguns anos depois. “Aos amigos do rei não foi aplicada a mesma punição imposta ta a Tiradentes”, conta. De Minas Gerais, ais, a família emigrou para o estado de São Paulo ainda no império, acompanhando ompanhando a economia cafeeira rumo ao “Oeste” Oeste” paulista e passaram a cul var a terra em Cravinhos. O avô, filho do Coronel onel Carapina, foi um dos fazendeiros de caféé vi mados vi mados pela crise de 1929, que mudou as caracterís caracterís cas cas econômicas da a vidade agrícola no país. Azevedo Prado chama a atenção para os cenários econômico ômico e social desses períodos. “Faz parte da cidadania conhecer a sua história, ria, é isso que constrói a nossa iden dade”, diz. Ele lamenta, porém, que poucos os tenham interesse em conhecer suas próprias histórias e a do país. A u lidade da pesquisa e do acúmulo de conhecimento nhecimento proporcionado é a possibilidade de conhecer os acontecimentos do passado e aprender com eles. “Se não guardar e compar compar lhar lhar esses conhecimentos, tos, a gente vai ter de inventar a roda novamente”, vamente”, compara. Seus levantamentos amentos revelaram, por exemplo, que as famílias mudavam-se várias vezes pelo fato de esgotarem a capacidade produtiva odutiva da terra onde cul vavam café. Foi assim que parte de seus ancestrais migraram para o Vale do

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Paraíba, onde foram pioneiros no cul vo do grão. Houve também a migração impulsionada pelo comércio de produtos quer serviam às fazendas cafeeiras. A genealogia de sua família já está em 1570, quando todos viviam em Portugal. Em razão desse interesse, movido por gra dão pessoal, Azevedo Prado passou a se debruçar sobre outras histórias. Quando tem a oportunidade de visitar a Europa, por exemplo, faz roteiros diferentes dos tradicionais. Passou a estudar o Império Romano e nas viagens quer conhecer onde era a área de cada um. No Rio de Janeiro (RJ), certa vez, não esteve em pontos turís cos badalados. Ele soube que no subsolo da arquidiocese existem livros de registros da chegada de imigrantes no país. Não descobriu

nada sobre a sua família, mas em uma pequena igreja encontrou registros sobre Ba smos, inclusive sobre sepultamento de escravos, da cidade de Vargem Grande (MG) que eram dos como perdidos. Teriam sido queimados em um incêndio da matriz da cidade mineira. Informou a prefeitura do município e um grupo de genealogistas que nham interesse neste

assunto e o achado foi publicado no jornal de um ins tuto de estudos da região. É por este mo vo que, ainda que seja engenheiro mecânico, é ele um dos representantes da AEAARP no Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Cultural (CONPPAC). Em dez anos Azevedo Prado deverá se aposentar. “Aí eu vou me dedicar exclusivamente à pesquisa histórica”.

Sites de Genealogia: www.myheritage.com.br ou www.geni.com Algumas fontes de pesquisa: - Almanak Laemmert, Administra vo e Industrial da Corte e Províncias, que circulou durante os anos de 1840 a 1899 na Corte, RJ, encontra-se microfilmado na Universidade de Chicago-USA: h p://brazil.crl.edu/: Center for Research Libraries/ La n American Microfilm Project/Brazilian Government Document Digi za on Project. - Livro As Três Ilhoas (famílias Andrade, Carvalho, Garcia, Junqueira, Meirelles, Rezende e outras) de Dr. José Guimarães, 3 volumes, 1989 e 1998. Sua descendência cobre todo o centro e sul de Minas e grande parte de São Paulo. Chegam ao sul de Mato Grosso e Goiás e depois colonizam o norte do Paraná.

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Painel eleições

Os partidos

políticos Cientista político diz que as organizações são indissociáveis da política

O Congresso Nacional promulgou no início deste ano a Emenda Cons tucional 91, que abre espaço para que polí cos detentores de mandatos ele vos proporcionais (deputados e vereadores) mudem de par do sem incorrer em infidelidade par dária. Segundo a legislação atual, parlamentares só podem mudar de legenda se forem para um par do

recém-criado. Do contrário, correm risco de perder o mandato, que pertence ao par do pelo qual foi eleito. A regra não é válida para senadores, prefeitos e governadores pelo fato de serem tulares de cargos majoritários. No Brasil, 35 par dos polí cos estão registrados no TSE. O úl mo é de setembro de 2015, perto do limite imposto pela

Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), aquele que quiser disputar a eleição deve comprovar domicílio eleitoral de no mínimo um ano na cidade na qual pretende concorrer. A filiação a um par do polí co deve acontecer seis meses antes da data da votação. O prazo, portanto, termina no dia 2 de abril.

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lei para que possa par cipar da eleição de 2016. Não existem aqui partidos centenários. Nos Estados Unidos, por exemplo, as duas principais organizações polí cas foram fundadas no século XIX: Democrata em 1828 e Republicano em 1854. No Brasil os partidos também surgiram naquele século, mas as mudanças polí cas alteraram o cenário nesse período. O cien sta polí co Marcelo Buffa da Fonseca, docente da Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP), conta que no Primeiro Reinado (1822/31) surgiram organizações que evoluíram para par dos durante Segundo Reinado (1831/40). “Naquele tempo, a Europa enfrentava a crise das an gas monarquias absolu stas e a consolidação dos novos Estados civis, como as monarquias parlamen-

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e 84%, respec vamente. Em ar go publicado no jornal O Estado de São Paulo (Os par dos estão colapsando?, 24 de Agosto de 2015, Opinião), ele escreveu também que o cenário de desconfiança poderia ir além: em 2006, 30% de seus entrevistados responderam que a democracia poderia funcionar sem os par dos e este índice subiu para 45% na pesquisa de 2014. O aumento nesses dois levantamentos se explica pelos movimentos que tomaram as ruas do país desde 2013 e as operações lideradas pela Polícia Federal, envolvendo polí cos e empresários.

Veja na área No cias da página da AEAARP o atalho para a íntegra do ar go Os par dos estão em colapso?

www.aeaarp.org.br rp rg

Fonseca afirma que os par dos polí cos, diferentemente da opinião expressa na pesquisa de Moisés, são indissociáveis da vida polí ca. “Os indivíduos se associam de forma orientada em torno de uma ideologia ou interesses comuns com o intuito de influenciar ou ocupar o poder. Portanto, a organização das pessoas em par dos, na polí ca, é condição sine qua non. Elites polí cas, ao longo da história, caíram e ascenderam ao poder tendo seus interesses representados no interior dos par dos polí cos”, explica. Por fim, todo cidadão que possua tulo de eleitor pode filiar-se a um par do polí co. Cabe à organização elencar as condições para aceitar ou não uma filiação.

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tares, as cons tucionais e os regimes republicanos”, explica. Lá, a organização polí ca das elites girava em torno dos republicanos, iden ficados com regimes civis, e centralizadores, iden ficados com as monarquias absolu stas. No Brasil o cenário se repe a, mas com nomenclaturas diferentes: Liberais e Conservadores. “Porém, apesar deste aspecto que aparentemente nos remete ao choque entre as elites burguesa e aristocrata, é consenso entre os pesquisadores que estes partidos pouco representavam interesses tão dis ntos”, observa Fonseca. Todos, ao final, eram “farinha do mesmo saco”, forma tida como “clássica” pelo cien sta polí co para definir o posicionamento de liberais e conservadores. “Quando chegavam ao poder não apresentavam maiores diferenças em suas prá cas, eram monarquistas e ambos comprome dos com a ordem oligárquica no país”, explica. Par dos são fundados por um grupo de pessoas que compar lham do mesmo propósito e ideologia. Não é possível, portanto, fundar um partido político sozinho, de uma pessoa só. É como qualquer outra organização da sociedade civil: possui estatuto, regimento interno e processos eleitorais para definir suas direções. Pesquisa do Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope) divulgada em 2015 revela que mais de 80% dos entrevistados não confiam em par dos polí cos. José Álvaro Moisés, diretor do Núcleo de Pesquisa de Polí cas Públicas da Universidade de São Paulo (USP), escreveu, à época, que o resultado repe a o que suas próprias pesquisas haviam mostrado em 2006 e 2014, quando a desconfiança era de 81%

ANUNCIE NA PAINEL

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artigo

A importância de quantificar as emissões de CO2 na construção civil – os riscos do

aquecimento global

Paulo Ferreira, arquiteto e urbanista graduado pela FAU/PUCC em 1982; Curso de Especialização no Poli, design Politecnico di Milano, atua desde então no setor da construção civil

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O atual fenômeno dos baixos índices pluviométricos, que tem afetado de forma preocupante os mananciais e os reservatórios de água em muitas cidades e metrópoles brasileiras, tem levantado uma série de questões rela vas às causas da atual situação e aos riscos deste cenário se tornar crônico. É quase unânime nos meios cien ficos, apesar de algumas vozes ainda discordantes, que as emissões de CO2 têm sido as principais responsáveis pelo efeito estufa e o consequente aquecimento global, o que tem promovido graduais mudanças climá cas. O Dióxido de Carbono (CO2), segundo dados disponíveis, é o principal causador do Efeito Estufa contribuindo com 60% enquanto outras emissões contribuem da seguinte forma: Metano 15%, CFCS 12%, Ozônio 8% e o Oxido Nitroso com 5%. A quan dade de CO2, que tem se acumulado na atmosfera desde a Revolução Industrial, tem batido recordes neste início de século XXI e vários efeitos já se fazem sen r, sobretudo no recrudescimento do clima em diversas zonas do planeta com mudanças nos regimes de chuva, ampliação dos períodos de secas e elevação das temperaturas médias em diversas zonas do planeta. As ondas de calor se tornaram quatro vezes mais intensas no mundo desde o começo do século passado e 0,85 graus cen grados foi quanto subiu a tempe-

ratura no do planeta desde a Revolução Industrial, de acordo com estudos cien ficos publicados. A interrupção e a reversão deste processo requer o comprome mento de todos os níveis da sociedade, mas principalmente dos responsáveis pelas a vidades produ vas onde a indústria da construção civil tem importante papel nas suas diversas etapas de produção: extração das matérias primas, fabricação dos materiais, projetação e finalmente suas aplicação no canteiro de obras. Muito já se avançou em relação à busca da sustentabilidade dos edi cios. Vários aspectos hoje são passíveis de avaliação e controle; como o consumo energé co, des nação dos resíduos e uso de materiais eco eficientes, quando adotados os processos para obtenção dos almejados Selos de Certificação nacionais ou internacionais disponíveis. Porém, dispomos de poucos métodos, processos e elementos para se avaliar e quan ficar o impacto ambiental, no que se refere à emissão de CO2, durante a etapa da projetação destes edi cios. Como quan ficar a quan dade, mesmo que aproximada, de CO 2 que os diversos materiais a serem empregados em determinado edi cio lançaram na atmosfera durante seu fabrico? Qual impacto ambiental teria um edifício cuja somatória dos materiais empregados na sua construção emi u

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uma determinada quan dade de CO2? Como os proje stas poderiam escolher e dosar os diversos materiais especificados nas estruturas, fechamentos, acabamentos e nas instalações buscando a menor contribuição de CO2 sem saber o quanto estes insumos emi ram na etapa de fabricação? A exemplo das indústrias alimen cias, que são obrigadas, por norma va dos órgãos competentes, a estampar em seus rótulos as “informações nutricionais”, também os matérias de construção e acabamentos deveriam informar, nas embalagens ou etiquetas, a quantidade de CO2 por unidade de medida, compa vel com as usadas nas planilhas orçamentárias da indústria da construção civil, a fim de que os proje stas pudes-

sem apurar quan ta vamente a emissão total de dióxido de carbono e optar pela melhor “receita”. Por exemplo: um determinado edi cio cujo projeto pressupõe usar “x” toneladas de cimento, po tal, e “y” metros cúbicos de blocos cerâmicos de tal fabricante, sabendo-se quanto cada material emi u de CO2 na sua fabricação, permi ria a apuração de quantas toneladas de CO2 estariam presentes neste projeto e assim se pudesse verificar se este total se enquadraria em alguma meta ideal estabelecida e dai ajustes poderiam ser feitos visando melhor sustentabilidade nas emissões. Não se trata de demonizar este ou aquele material muitas vezes apontado como “campeões” das emissões poluentes, mas poder apurar as quan dades

efe vas de CO2 e dosar seu uso durante a etapa de projetação, buscando metas que causassem menor impacto possível. Assim como es mular os fabricantes a aperfeiçoar seus processos quanto às emissões de carbono desenvolvendo produtos mais sustentáveis. O presente breve ar go tem como obje vo insis r no alerta aos graves efeitos que as emissões sem controle de CO2 tem em nossos processos industriais e propor que se informe nas embalagens ou e quetas, até de forma obrigatória, a quantidade de CO2 emitidos (informação de emissões) na fabricação dos materiais que par cipam da indústria da construção civil, este importante setor que no Brasil nos úl mos anos tem sido responsável por 6,5% do PIB.

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pesquisa

Trecho da Marginal do Pinheiros. Foto: Marcos Santos/USP Imagens

USP testa

pavimento de concreto continuamente armado Expectativa dos pesquisadores é duplicar a durabilidade do pavimento O Departamento de Engenharia de Transportes (PTR) da Escola Politécnica (Poli) da USP coordena pesquisa que estuda a combinação de diversos pos de materiais para encontrar as melhores soluções em pavimentação em concreto con nuamente armado, com aplicações em áreas de tráfego de veículos pesados, como rodovias, aeroportos e corredores de ônibus. Estão sendo estudados dois pos diferentes de aço, quatro pos de concreto e dois pos de cimento em uma pista-teste — um trecho de 200 metros foi pavimentado em janeiro, na Cidade Universitária (zona oeste de São Paulo). 16

A pesquisa é coordenada pelo chefe do PTR e do Laboratório de Mecânica de Pavimentos (LMP), José Tadeu Balbo, e dela par cipam as empresas Votoran m Siderurgia, Votoran m Cimentos, Engemix, Engenharia de Pisos, Construtora OAS, Serveng Mineração, Construtora Norberto Odebrecht e Grace, além da Prefeitura do Campus da Capital. Foram inves dos cerca de R$ 500 mil, exclusivamente da inicia va privada. Foram dois anos e meio de conversas para construir a parceria. A pavimentação asfál ca dura cerca de dez anos, aquela feita em concreto convencional pode durar 20 anos e uma

em concreto continuamente armado, como o que está em teste na USP, pode chegar a 40 anos. “O Brasil é um país essencialmente rodoviário e carente de soluções de alta durabilidade. Precisamos de pavimentos mais robustos em grandes rodovias e que demandem pouca manutenção”, aponta o professor Balbo. A pista-teste fica paralela à raia da USP, perto da Portaria 2, um trecho no qual circulam carros e ônibus cole vos. Uma das inovações é o fato de ser um longo trecho sem juntas como o pavimento de concreto convencional, o que aumenta o conforto e a segurança ao se dirigir,

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além de reduzir os custos com o desgaste dos veículos. Até agora a Poli nha feito pesquisas semelhantes usando uma variedade menor de materiais e em trechos mais curtos, os quais, tecnicamente, não precisam de emenda.

Concreto para pavimentação

No Brasil já se usa concreto para pavimentação. Mas, por limitações de custos e de transferência dos conhecimentos acadêmicos, é mais frequente a aplicação do asfalto. Países europeus e Estados Unidos usam o concreto armado ou a combinação de concreto e asfalto, soluções mais caras, mas cujos custos se diluem ao longo dos anos pela economia na manutenção e maior durabilidade. Trata-se de uma solução viável para

rodovias, corredores de ônibus, pá os de estacionamento de aeronaves em aeroportos, por exemplo. Foram usados 26 caminhões de concreto de sete metros cúbicos cada um para pavimentar os 200 metros da pista-teste na Cidade Universitária. Ela foi dividida em trechos, nos quais foram aplicadas diversas combinações de materiais, cujo desempenho será avaliado ao longo de cinco anos do estudo. Dos quatro pos de concretos que estão sendo testados, dois têm agregados reciclados. Metade da pista u liza aço comum e a outra, aço galvanizado. Além disso, os pesquisadores da Poli estão trabalhando com dois pos diferentes de cimento, um produzido no Sul do Brasil e outro no Sudeste.

“Queremos entender, especialmente, como as fissuras ocorrem no concreto”, conta. Equipamentos de mensuração serão instalados em campo e vários testes serão feitos em laboratório. Os pesquisadores analisarão as fissuras causadas no verão e no inverno; farão provas de carga, com o uso de veículos pesados para verificar o comportamento do concreto armado; extração de material para análise de corrosão do aço; extração de material onde houver fissura, para verificar se o agregado sofreu fratura, entre outros testes. Es ma-se o envolvimento de, pelo menos, dez alunos de mestrado e doutorado ao longo dos anos de execução da pesquisa. Fonte: Agência USP

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inovação

Inspiração e pesquisa

Em todo o mundo, engenheiros e cientistas buscam soluções na natureza, usando-a mais como exemplo do que como matéria-prima

Observando a natureza, o homem introduziu materiais, meios de transporte e soluções que revolucionaram a história da humanidade. Foi assim, por exemplo, que Leonardo Da Vinci desenhou os primeiros protó pos do que viria a ser a máquina que permite que as pessoas voem, assim como fazem os pássaros. Observando, viu que interessava menos as asas e mais a aerodinâmica e o 18

aproveitamento das correntes de ar e do vento. A natureza já inspirou soluções para grandes problemas da engenharia. No Japão, os trens-balas, que batem sucessivos recordes de velocidade, alcançando até 500 km/h, emitiam um som que extrapolava os padrões ambientais de poluição sonora, causado por uma onda de pressão atmosférica criada pelo trem

quando entrava em um túnel estreito. Na saída, a explosão sônica e a vibração eram sen das pelos moradores distantes até 400 metros do local. O engenheiro Eiji Nakatsu, que também era observador de pássaros, inspirou-se no mar m-pescador e remodelou o nariz do trem, onde estava parte do problema. Para se alimentar, esta ave precisa mergulhar. Para isso, troca rapi-

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damente de um ambiente de baixa resistência para um com muita resistência, o ar e a água. Sua aerodinâmica é perfeita para superar esse desafio. A inspiração do mar m-pescador tornou os trens-balas mais silenciosos, 10% mais rápidos e 15% mais econômicos. Existem também soluções em produtos que surgiram dessa forma. A planta de lótus, por exemplo, inspirou o desenvolvimento de tintas, vidros e tecidos autolimpantes, que dispensam o uso de detergentes, além de equipamentos eletrônicos à prova d’água. A superfície desta planta mantém-se limpa, apesar de estar sempre próxima de áreas com lama. Já a super cie da pele do tubarão de galápagos (Carcharhinus galapagensis), tem protuberâncias que funcionam como um repelente natural de bactérias e inspirou o desenvolvimento de biofilmes para reves r camas hospitalares, entre outras aplicações.

Pesquisa

Tecnologias inspiradas na natureza são desenvolvidas em um campo de pesquisa chamado biomimética. É a área que estuda os princípios cria vos e estratégias da natureza, visando a criação de soluções para os problemas atuais da humanidade, unindo funcionalidade, esté ca e sustentabilidade. A natureza é usada como exemplo e não como matéria-prima. No início deste ano, uma indústria de pneus apresentou ao mercado o conceito de um modelo esférico, des nado a automóveis autônomos. A empresa diz que o modelo vai aprimorar a capacidade de manobra dos veículos, permi ndo que se movimente em todas as direções. O de-

senho da banda de rolagem se assemelha ao da super cie cerebral e tem caracterís cas de uma esponja, endurecendo em pisos secos e tornando-se mais macio naqueles que estão molhados. O modelo é conceitual, embora a empresa admita que possa ir para o mercado no futuro.

Cobra

Um experimento usando os princípios das escamas de cobra reduz o atrito mecânico em 40%. A pesquisa é feita na Alemanha, no Ins tuto de Tecnologia Karlsruhe. A cobra é a inspiração para esta solução pelo fato de escorregarem sobre todo po de super cie e não desgastarem a pele. Os cien stas alertam, entretanto, que a nova super cie não funciona em ambientes com substâncias lubrificantes. O efeito da pele de cobra, quando em contato com esses produtos, cria três vezes mais atrito do que uma super cie lisa. Esta caracterís ca também se assemelha à fonte de inspiração dos cien stas, já que a espécie vive em ambientes secos e não secreta óleo. A expecta va é a de que as super cies nanoestruturadas subs tuam equipamentos que exigem lubrificantes.

Borboleta

Antes de levantarem voo, borboletas usam as asas para captar a luz do sol e aquecer os músculos necessários à tarefa. Pesquisadores observaram que a postura em V potencializa o resultado e passaram a aplica-la aos equipamentos usados em sistemas de captação de energia termosolar. Os sistemas usam espelhos que concentram o calor em canos no interior dos quais um líquido é aquecido e usado para gerar eletricidade. Na Universidade de Exeter, no Reino Unido, concluíram que imitar a posição das asas das borboletas poderá aumentar o rendimento dos painéis em até 50%. A técnica usada pelas borboletas para se aquecer mais rapidamente é chamada pelos biólogos de “aquecimento por refletância”. Pode ser observado em dias nublados, quando a intensidade do calor solar é menor e precisa ser melhor aproveitado. Além disso, microestruturas nas asas das borboletas permitem que a luz seja refle da de forma eficiente, garan ndo que os músculos a njam uma temperatura ó ma muito rapidamente. A equipe concluiu que é possível construir uma estrutura para concentrar a AEAARP

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energia solar com alta eficiência usando um material com refletância ó ma com folhas postas em formato de V inclinadas a 170. O calor ob do da luz concentrada nessa angulação é 7,30C mais elevado do que se os refletores forem man dos na posição plana.

Planta carnívora

Engenheiros da agência espacial alemã projetaram uma asa metamórfica para aviões inspirada em uma planta carnívora. A asa ganhou um bordo traseiro capaz de se transformar suavemente em qualquer formato, permi ndo subs tuir os flaps, essenciais nas decolagens e pousos, mas que afetam a eficiência do voo. Quando estão estendidos comprometem a aerodinâmica, aumentam o 20

consumo de combus vel e geram muito ruído, além de serem controlados por um sistema complexo e pesado. O bordo traseiro de asa biomimé co é leve, flexível e mais simples de operar, além de eliminar o espaço existente entre a asa e o flap estendido, resolvendo os principais problemas de eficiência. A capacidade de deformação da super cie foi inspirada na planta carnívora Dioneia, que fecha as folhas rapidamente para capturar suas presas. O movimento é feito alterando a pressão nas células da folha. Acumula tensão nas folhas usando a pressão da água em seu interior. Quando um inseto entra na folha e toca em seus biossensores, essa pressão é descarregada rapidamente, fechando a folha e capturando a presa.

Para copiar o sistema, os engenheiros usaram ar comprimido, que passa entre duas camadas sobrepostas de “células” plás cas - as células têm diferentes tamanhos para permi r o formato afilado do bordo da asa. Para levantar o bordo, a camada de células inferior é pressurizada. Esvaziando a camada inferior e inflando a camada superior tem-se o efeito inverso. A expecta va é que os flaps metamórficos permitam que os aviões mantenham sustentação a velocidades mais baixas, ajudando no pouso e na decolagem. O próximo passo será testar os protó pos em túnel de vento, antes de colocá-los em uma aeronave de testes. Fonte: Agência Fapesp, Inovação Tecnológica e Tecmundo

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gestão

“A persistência em excesso pode tornar o empreendedor cego e teimoso. Persistir é diferente de insistir no erro, persistir significa investir em algo em que há a certeza de futuro apesar de tudo, insistir no erro é ignorar a realidade e não aceitar o fracasso”

3 segredos de quem gerencia de maneira eficiente o seu negócio

Flaviane Tavanti Castilho de Araujo Consultora SEBRAE-SP Neste ar go, ressaltamos duas ferramentas e um comportamento fundamentais para que o profissional obtenha sucesso em seu negócio. A primeira ferramenta é o planejamento, que proporciona ao empreendedor se antecipar a prováveis situações, conhecer muito bem o mercado, as técnicas de produção agrícola, oferecer a confiabilidade do serviço ao cliente, realizar análises financeiras e analisar inves mentos necessários. O planejamento, seja do candidato a empreendedor ou do empresário, contém um cronograma lógico e prá co que possibilita a inserção dos mais diversos dados sobre o futuro do negócio. O segundo ponto é a gestão, o dia a dia da empresa, que necessita de rigoroso controle do que foi planejado: não basta ter o produto ou o serviço de qualidade, tem que ter o cuidado com o cliente, o controle de custos, a formação do preço de venda, a negociação com o fornecedor. A gestão eficiente é um diferencial faz com que muitas empresas tenham sucesso no mercado. Além de aspectos gerenciais como planejamento e gestão, os empreendedores em busca de sucesso também precisam aprimorar determinadas caracterís cas pessoais. Um dos diferenciais dos empresários de sucesso é persistência. Sinônimo de perseverança, a persistência pode ser definida como a capacidade de seguir e ir em frente apesar dos desafios. Persistência é o que torna o empreendedor capaz de perseguir um obje vo quando quase tudo pode dar errado e está diretamente relacionada à capacidade de realização e de superação do empreendedor. Como toda caracterís ca estudada, ela pode ter efeitos contrários. A persistência em excesso pode tornar o empreendedor cego e teimoso. Persis r é diferente de insis r no erro, persis r significa inves r em algo em que há a certeza de futuro apesar de tudo, insis r no erro é ignorar a realidade e não aceitar o fracasso. Acreditamos que esse tema é muito importante para alavancar os resultados das empresas e menos deba do do que deveria. AEAARP

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arquitetura

Arquitetura

inclusiva

Os desafios de implantar a acessibilidade e as novidades do setor

Desde 1985, quando foi adotada a NBR 9050 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que trata da acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos, ocorreram muitas mudanças para atender às necessidades de mais pessoas e ampliar a implantação da arquitetura inclusiva. Se antes o conceito de acessibilidade restringia-se às pessoas com deficiência, hoje abrange todas aquelas que têm mobilidade reduzida – idosos, grávidas, obesos etc. O impacto no custo da obra é baixo, 0,12%. Para reformar o local e adaptá-lo o custo pode significar 25% do valor da obra. Segundo José Antonio Lancho , professor do curso de Arquitetura do Centro Universitário Moura Lacerda e especialista em Acessibilidade, a dificuldade de implantar a arquitetura inclusiva é a aceitação dos clientes. “Os proprietários muitas vezes não compreendem

as vantagens da acessibilidade na obra. Acham exagero e desnecessário. E isso é contraditório, pois em casos de estabelecimentos comerciais, o local acessível atende a um número maior de pessoas”. De acordo com o Censo 2010, do Ins tuto Brasileiro de Geografia e Esta s ca (IBGE), 23,9% da população brasileira tem algum tipo de deficiência – seja ela audi va, visual, sica ou intelectual. Até 2050, o Brasil poderá ter até 70 milhões de idosos, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). O objetivo da arquitetura inclusiva é proporcionar independência a essas pessoas.

Desenho universal

A par r dos anos 1960, nos Estados Unidos, a arquitetura passou a usar o termo desenho universal para designar projetos de arquitetura inclusiva. No Brasil, o conceito demorou pelo menos 20 anos para ser u lizado. Ele quebra a

Silvana Cambiaghi é arquiteta, mestre em Acessibilidade e Desenho Universal e representante da Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida, na Comissão Permanente de Acessibilidade. Veja a entrevista concedida ao portal Téchne, da Pini, na qual avalia como a acessibilidade se desenvolveu nos úl mos dez anos. O conteúdo está disponível no endereço eletrônica da AEAARP.

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ideologia de um homem-padrão, com dimensões pré-estabelecidas usadas como base para as soluções arquitetônicas, que muitas vezes não condiz com a realidade. “O desenho universal deve atender todo po de usuário, sem impor barreiras arquitetônicas”, explica Flavio Cesar Marchesoni, arquiteto e urbanista e mestre em Tecnologia do Ambiente Construído. Marchesoni diz que uma das principais dificuldades da implantação do desenho universal é o uso inadequado do espaço disponível para a construção. Para evitar o problema, foi criada a ABNT NBR 15.575/2013, mais conhecida como Norma de Desempenho que, segundo Marchesoni, garante a qualidade dos espaços construídos, especificando as dimensões mínimas para cada po de ambiente, por exemplo.

Tecnologias

A acessibilidade vai além das dimensões dos ambientes. A rugosidade do piso, os materiais an derrapantes nas escadas, as barras de apoio e outros equipamentos integram este conceito. Além disso, o mercado tem inves do cada vez mais em tecnologia assis va – produtos e serviços que garantem a inclusão e a independência de pessoas com mobilidade reduzida. É um nicho que chega a movimentar R$ 5,5 bilhões anualmente.

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Um dos setores mais atuantes é o de tecnologia da automação, que têm desenvolvido cadeiras de rodas que sobem e descem escadas, computadores que funcionam com o movimento dos olhos, luzes que apagam e acendem ao comando de voz e sistemas mecânicos que sobem e descem pias e mesas.

Fotos - José Antonio Lanchoti

A Reatech – Feira Internacional de Tecnologias em Reabilitação, Inclusão e Acessibilidade – é um dos principais eventos do setor. A próxima edição acontecerá em junho de 2017, em São Paulo (SP).

Lancho par cipou do projeto Novos Rumos – criado pelo ex nto Ins tuto Muito Especial e com o apoio do Ministério de Ciência e Tecnologia – que construiu uma casa modelo 100% acessível, exposta em um shopping em Recife (PE), em 2010. Ele e o arquiteto e urbanista Renato Leandrini construíram a casa em uma marcenaria em Brodowski (SP) e quase todos os equipamentos foram comprados em Ribeirão Preto (SP). Veja na área de No cias os detalhes da casa acessível do projeto Novos Rumos.

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Casa modelo 100% acessível, exposta em um shopping em Recife (PE)

Formação

A arquitetura inclusiva tem contribuído para a criação de novas especializações acadêmicas. Há ins tuições de ensino que oferecem mestrado em Inclusão Social e Acessibilidade, pós-graduação em Ergonomia e Acessibilidade, além de cursos extracurriculares oferecidos por en dades como o Ins tuto Brasil Acessível, criado em 2004. Na graduação em Arquitetura e Urbanismo, o tema também é amplamente deba do. “Não existe uma disciplina específica para a acessibilidade. O assunto é tão importante que ele é discu do em todas as matérias, desde a aula de estrutura à de escadas”, afirma Marchesoni, docente na Universidade de Ribeirão Preto. Lancho acrescenta que arquitetos formados a par r de 2006 veram bastante acesso ao conceito nas universidades em razão das novas Diretrizes Curriculares Nacionais, criadas pelo Conselho Nacional de Educação e pela Associação 24

Brasileira de Ensino de Arquitetura e Urbanismo (ABEA). Nos anos de 2006 e 2007, a ABEA também visitou universidades do Brasil para capacitar professores e explicar a melhor forma de abordar o assunto em sala de aula. “Já os arquitetos formados antes de 2006 veram oportunidade de par cipar de cursos de atualização, promovidos por en dades de classe em diversas cidades brasileiras”, explica Lancho . Para ele, “quem não atende aos princípios da acessibilidade está fora do mercado”.

Brasil é um país acessível?

Para Marchesoni, sim. “O Brasil tem uma consciência muito grande. Na Europa, por exemplo, existem vários problemas com as escadas. Lá eles não têm muitas rampas e elevadores”. O arquiteto complementa que a implantação da acessibilidade enfrenta outro problema que não tem a ver com barreiras arquitetônicas. “O problema é a falta de

educação das pessoas”. A acessibilidade, segundo ele, é fácil de ser aplicada, basta seguir rigorosamente a NBR 9050. Lancho pondera que existem muitas cidades an gas no país e que no seu surgimento o termo acessibilidade sequer era discu do. “Temos que reconstruir e adequar muitas áreas públicas e cole vas nas cidades, melhorar o uso do transporte cole vo, remodelar as calçadas, aprimorar o acesso aos edi cios an gos, esses são só alguns exemplos”. Na contramão disso, a legislação tem avançado. “Gestores preocupados com a qualidade de vida da população já ins tuíram no Plano Diretor, nas novas legislações e nas licitações de obras públicas o conceito da acessibilidade. As cidades que não se adequarem estarão desrespeitando a convenção da ONU [Organização das Nações Unidas] sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, transformada no Brasil em emenda cons tucional, e a própria Lei Brasileira de Inclusão [Lei 13.146/15]”.

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crea-sp

ART e

Acervo Técnico Mais segurança para profissionais e sociedade

Criar instrumentos que possibilitem ainda mais segurança aos clientes. Para o alcance dessa meta foi formatado um novo formulário para padronizar no país o registro da Anotação de Responsabilidade Técnica (ART). Com essa ação nasceu a Nova ART. A consequência é a geração de informações valiosas para os CREAs, as en dades, os profissionais e os órgão públicos.

A atualização da ART

A ART existe há 38 anos e sua atualização está baseada na Resolução 1.025/2009 e vem para reforçar um documento que ao logo do tempo comprova o acervo dos profissionais e garante à sociedade a presença de profissional habilitado à frente de obras, empreendimentos, projetos e serviços da área tecnológica. O novo modelo foi uma demanda originada no 6º Congresso Nacional dos Profissionais (CNP). No processo evolu vo de aprimoramento desse instrumento de proteção para o profissional e para a sociedade, foram diagnos cados os principais problemas – conceituais e operacionais –, as omissões nos norma vos em vigor, os casos de sucesso adotados por diversos CREAs, as exigências da legislação externa ao Sistema (Lei de Licitações, Decreto de Acessibilidade) e as orientações da sociedade e de outros órgãos (IBGE, TCU, CGU etc.). O obje vo foi propor um con-

junto de norma vos e instrumentos que es vessem alinhados às necessidades do país e também atendessem ao anseio dos profissionais.

A ART

A ART permite que todo o conjunto de procedimentos seja colocado em prá ca de maneira uniforme em todos os 27 CREAs, além de possibilitar a composição da base de dados nacional para que o Sistema CONFEA/CREA se conheça ainda melhor e também conheça as a vidades técnicas realizadas pelos profissionais aqui reunidos.

O diferencial da ART

O que diferencia a nova ART é o compar lhamento de determinados dados com alguns órgãos públicos. Com o Ins tuto Brasileiro de Geografia e Esta s ca (IBGE), por exemplo, permi rá basear estatísticas relativas às atividades da engenharia no país. Com os Tribunais de Contas Estaduais e da União, ajudará no controle do andamento e da u lização de recursos em obras, empreendimentos e serviços públicos, o que também interessa ao Ministério do Planejamento e Orçamento e à Controladoria Geral da União.

As mudanças da ART

Aprovada pelos conselheiros federais na Plenária nº 1364 do CONFEA, a nova Resolução nº 1.025/09 propõe a modernização administra vo-tecnológica do Sistema CONFEA/CREA. Entre as prin-

cipais mudanças estão a uniformização de procedimentos, a desburocra zação do sistema, a integração tecnológica, a criação automá ca do acervo técnico e o compar lhamento de informações com outros órgãos. De acordo com a nova resolução que trata da ART e do Acervo Técnico, o registro deverá ser feito no início ou, dependendo do caso, no decorrer da obra. Para evitar problemas gerados pelo registro de obras prontas, a resolução não permite mais o registro de obras ou serviços já concluídos. No texto, o profissional só tem a possibilidade de registrar a ART antes ou durante a obra e não mais após o término. No que tange à uniformização, os formulários, códigos, tabelas e exigências documentais passam a ser iguais para todos os CREAs. Para facilitar a vida do profissional, o registro será 100% eletrônico. De posse de um login (iden ficação pessoal eletrônica) e senha, o profissional acessa, a qualquer tempo, as informações registradas, faz alterações e imprime formulários. Após pagamento da ART, o formulário defini vo fica liberado para impressão. Outras mudanças ficam por conta da criação e atualização automá ca do acervo técnico, após o registro e a baixa das ARTs, assim como pelo compar lhamento dessas informações com a sociedade e com órgãos públicos, mediante parceria com o CONFEA e os CREAs. (Fonte CONFEA) AEAARP

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notas e cursos

novos associados William Placidi Engenheiro civil

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Guilherme Henrique Sempionato Souza Santos Engenheiro mecânico Jose Nazareno Agos Agos ne ne Menezes Engenheiro mecânico Jose Fernando Nogueira Engenheiro eletricista Rit Maria Borges de Moraes Rita Engenheiro Agronomo Dulce Campos Toledo Engenheira Civil Gustavo Reis Furlan Guimarães Estudante de engenharia civil Tassiana Moreira de Brito Estudante de engenharia civil Larissa Aparecida Rampin Ariede Estudante de engenharia civil

O vice-presidente Tapyr Sandroni Jorge representou a AEAARP na reunião da UNACEN que aconteceu em Barretos.

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Alexandre Ca o Pacheco Técnico refrigeração e ar condicionado

Envie para aeaarp@aeaarp. org.br uma foto feita feit por você e ela poderá poder ser publicada nesta coluna

USINAS SOLARES FLUTUANTES

A maior fazenda solar flutuante da Europa está sendo construída em um reservatório na Inglaterra. Mais de 23 mil painéis solares fotovoltaicos estão sendo colocados na super cie do reservatório Rainha Elizabeth II, perto de Surrey. A fazenda, que terá o tamanho equivalente a oito campos de futebol, deverá gerar 5,8 megawa s-hora de eletricidade. Parte dessa energia será usada para alimentar o sistema de tratamento de água instalado na própria represa. O empreendimento é uma obra conjunta entre a empresa de abastecimento de água e a concessionária de energia que atende a região. A plataforma fl flutuante utuante terá 57.500 metros quadrados, composta por mais de 61 mil flutuadores flutuadores e 177 âncoras. Os painéis solares estão sendo instalados sobre a plataforma em um sistema de construção simples e de baixo custo, com as peças sendo montadas em terra e simplesmente lançadas sobre a água.

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CONSUMO DE ENERGIA

O estudante de engenharia elétrica da Universidade Federal do Tocan Tocan ns, ns, Thigor Garcia, desenvolveu o aplica vo Energia que permite ao consumidor consultar a qualquer momento do mês o quanto já foi gasto de eletricidade. A proposta do aplica vo é mostrar para o consumidor o que ele está pagando de forma detalhada, para poder conter gastos. O uso do aplica vo é simples: o consumidor anota as informações do medidor de energia e coloca no aplica vo. Na sequencia, sai o relatório com todos os impostos pagos para o governo, a bandeira tarifária, o consumo e o valor da tarifa. O sistema também auxilia no consumo consciente, pois mostra quanto cada aparelho elétrico gasta por hora, o que permite que o consumidor faça uma es ma va de quanto irá pagar a mais de energia ao comprar um novo eletrodomés co. O aplica vo já conta com quase mil downloads e, por enquanto, está disponível apenas para o sistema Android. Fonte: Universidade Federal de TocanM TocanMns ns O link para baixar o aplica vo está disponível na área No cias, no endereço ço ç eletrônico da AEAARP.

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Fonte: InsMtuto de Engenharia genharia 26

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