painel Ano XI nº 279 junho/ 2018
Ora-pro-nobis
Associação de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto
É de comer
Rústicas e nutritivas, Plantas Alimentícias Não Convencionais também podem ser oportunidades de mercado na agronomia
Arquitetura
Retrofit e a recuperação de imóveis abandonados
Educação
AEAARP lança gibi que explica importância dos profissionais habilitados
Evento
Semana de Agronomia pauta a revolução no campo
palavra do presidente
Eng. civil Carlos Alencastre
As reuniões da Região Metropolitana de Ribeirão Preto (RM-RP) têm acontecido majoritariamente na sede da AEAARP. Abrimos as portas da nossa casa para esta fase da RM-RP por que a nossa entidade faz parte desta organização. Além disso, é nosso desejo ter as opiniões dos técnicos da associação ouvidas e levadas em consideração e, sobretudo, é a oportunidade de os associados da AEAARP participarem desta verdadeira revolução regional que tem sido planejada. Nós, engenheiros, arquitetos e agrônomos, devemos ser protagonistas nestas mudanças. As decisões políticas encaminhadas por meio do Conselho da RM-RP e de outras instâncias dessa organização, só terão efetividade se respaldadas no conhecimento técnico e na capacidade de planejar, projetar e construir. Fazer parte de uma associação de classe é o que cria a oportunidade de participarmos de momentos históricos como este. No passado, a AEAARP escreveu seu nome na história da cidade. Hoje, cravamos o nosso nome na história de toda a região. Convido os associados a informarem-se sobre as datas das audiências. Os encontros, em geral, são públicos e fazer parte de um grupo é isso: comprometer-se, trabalhar e fazer história.
painel Rua João Penteado, 2237 - Ribeirão Preto-SP - Tel.: (16) 2102.1700 Fax: (16) 2102.1717 - www.aeaarp.org.br / aeaarp@aeaarp.org.br
índice
Eng. civil Carlos Eduardo Nascimento Alencastre Presidente Eng. eletr. Tapyr Sandroni Jorge 1º Vice-presidente Eng. civil Fernando Junqueira 2º Vice-presidente
especial Rústicas e nutritivas Oportunidade de mercado Cactos e plantas forrageiras à mesa
05 10 12
Agronomia 14
Segurança alimentar precisa da agricultura familiar
Conselho 17 Um presidente idealista
Agronomia 18 Tecnologia e demanda promovem revolução no campo
Arquitetura 20 Não é reforma, é retrofit
História
22
Bom humor nas atas
Legislação 23 Senado aprova lei que cria conselho de técnico industrial e agrícola
CREA-sp 24 Empresas e autarquias devem ter registro no CREA-SP
Educação 25 AEAARP lança gibi educativo
notaS e cursos 26
Diretoria Operacional Diretor administrativo - eng. agr. Callil João Filho Diretor financeiro - eng. civil Arlindo Antonio Sicchieri Filho Diretor financeiro adjunto - eng. agr. Benedito Gléria Filho Diretor de promoção e ética - eng. civil e seg. do trab. Hirilandes Alves Diretor de ouvidoria - arq. urb. Ercília Pamplona Fernandes Santos Diretoria Funcional Diretor de esporte e lazer - eng. civil Milton Vieira de Souza Leite Diretor de comunicação e cultura - eng. agr. Paulo Purrenes Peixoto Diretor social - eng. civil Rodrigo Araújo Diretora universitária - arq. urb. Ruth Cristina Montanheiro Paolino Diretoria Técnica Agronomia - eng. agr. Alexandre Garcia Tazinaffo Arquitetura - arq.urb. Marta Benedini Vechi Engenharia - eng. civil Paulo Henrique Sinelli Conselho Presidente: Eng. mec. Giulio Roberto Azevedo Prado Conselheiros Titulares Eng. civil Elpidio Faria Junior Eng. civil Edgard Cury Eng. civil João Paulo de Souza Campos Figueiredo Eng. civil Jose Aníbal Laguna Eng. civil e seg. do trab. Luis Antonio Bagatin Eng. civil Ricardo Aparecido Debiagi Eng. civil Roberto Maestrello Eng. civil Wilson Luiz Laguna Eng. elet. Hideo Kumasaka Arq. e urb. Adriana Bighetti Cristofani Arquiteta e eng. seg. do trab. Fabiana Freire Grellet Eng. agr. Dilson Rodrigues Cáceres Eng. agr. Geraldo Geraldi Jr Eng. agr. Gilberto Marques Soares Conselheiros suplentes Eng. civil Marcos Tavares Canini Eng. mec. Fernando Antonio Cauchick Carlucci Arq. e urb. Celso Oliveira dos Santos Eng. agr. Denizart Bolonhezi Eng. agr. Jorge Luiz Pereira Rosa Eng. agr. José Roberto Scarpellini REVISTA PAINEL Conselho Editorial: eng. civil Arlindo Antonio Sicchieri Filho, Arq. e urb. Adriana Bighetti Cristofani, eng. mec. Giulio Roberto Azevedo Prado e eng. agr. Paulo Purrenes Peixoto - conselhoeditorial@aeaarp.org.br Conselheiros titulares do CREA-SP indicados pela AEAARP: eng. civil e seg. do trab. Hirilandes Alves e eng. mecânico Fernando Antonio Cauchick Carlucci Coordenação editorial: Texto & Cia Comunicação Rua Galileu Galilei 1800/4, Jd. Canadá Ribeirão Preto SP, CEP 14020-620 www.textocomunicacao.com.br Fones: 16 3916.2840 | 3234.1110 contato@textocomunicacao.com.br Editoras: Blanche Amâncio – MTb 20907, Daniela Antunes – MTb 25679 Colaboração: Bruna Zanuto – MTb 73044, Flavia Amarante – MTb 34330 Foto capa: Daniela Antunes Comercial: Angela Soares – 16 2102.1700
Associação de Engenharia Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto
Horário de funcionamento AEAARP - das 8h às 12h e das 13h às 17h CREA - das 8h30 às 16h30 Fora deste período, o atendimento é restrito à portaria.
Tiragem: 3.000 exemplares Locação: Solange Fecuri - 16 2102.1718 Editoração eletrônica: Mariana Mendonça Nader Impressão e fotolito: São Francisco Gráfica e Editora Ltda. Painel não se responsabiliza pelo conteúdo dos artigos assinados. Os mesmos também não expressam, necessariamente, a opinião da revista.
AEAARP AEAARP 55
especial
Rústicas e nutritivas
Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANCs) nascem espontaneamente em todas as regiões do país, têm valor nutritivo, potencial de mercado e podem colaborar com a segurança alimentar
N
Convencionais (PANCs) não escolhem local ou clima para brotarem. A rusticidade das espécies permite que apareçam espontaneamente em qualquer pedaço
de terra. Outra peculiaridade é o alto valor nutricional, o que as faz conquistar um nicho de mercado, principalmente em razão do crescimento do público vegetariano, vegano e daqueles que buscam alimentação saudável e diversificada. Hortaliças compõem a maior fatia de PANCs; mas, há folhas, flores, frutas, condimentos e oleaginosas.
Dente de leao - wikimedia
o quintal, no terreno desocupado ou em um canteiro: as Plantas Alimentícias Não
Revista Painel
Nuno Rodrigo Madeira
6
Coleção de hortaliças não convencionais, na Embrapa Hortaliças, em Brasília-DF
incompletas, têm nomes repetidos ou PANC é um acrônimo (sigla composta pelas iniciais de um termo) que contempla um grande número de plantas nativas ou exóticas naturalizadas; cultivadas ou subespontâneas. As subespontâneas são consideradas infestantes, nocivas ou daninhas e, muitas vezes,
plantas que deveriam ser divididas em mais espécies, de acordo com especialistas. Apesar de muitos acreditarem que toda PANC é nativa, várias espécies são exóticas e estão naturalizadas, brotando de Norte a Sul no Brasil, dependendo de suas características. O biólogo Valdely Ferreira Kinupp,
são descartadas. Segundo o biólogo
professor do Instituto Federal de Educa-
Valdely Ferreira Kinupp, o termo
ção, Ciência e Tecnologia do Amazonas,
PANC é novo, completa 10 anos
Campus Manaus-Zona Leste (IFAM-
neste ano de 2018. Veja algumas
-CMZL), fala que uma espécie pode
curiosidades sobre essas plantas no e-book Guia Prático PANC, no
TRADICIONAL NÃO É CONVENCIONAL! Hortaliças tradicionais são mais conhecidas no meio acadêmico como hortaliças não convencionais, são espécies com distribuição limitada, restrita a determinadas localidades ou regiões, que exercem ou exerceram influência na alimentação e na cultura dessas populações. Fonte: Embrapa
ser PANC em determinada região e ser comum na culinária de outras cidades
Valdely acrescenta que uma plan-
ou estados. “O conceito PANC gira em
ta pode ter partes não convencionais.
torno do regionalismo, de uma tradição
“O mamoeiro é convencional pela fruta
local e de ter um alimento mais fresco”.
madura, o mamão. Mas, o uso do fruto
Ele é coautor do livro Plantas Alimentí-
verde em salada ou do miolo, retirado de
cias Não Convencionais (PANC) no Brasil
dentro do caule do mamoeiro, não é con-
Estima-se que existam mais de 10
– guia de identificação, aspectos nutricio-
vencional. Essas partes podem ser usa-
mil espécies de PANCs no Brasil. Só na
nais e receitas ilustradas, da editora Plan-
das tanto para salada quanto para pratos
Amazônia, seriam mais de 2.400 espé-
tarum, junto com o engenheiro agrôno-
doces ou salgados, além de substituir o
cies. As listas disponíveis, porém, são
mo Harri Lorenzi.
coco ralado”.
endereço eletrônico da AEAARP, na área Notícias.
www.aeaarp.org.br
AEAARP 7
Há, segundo o biólogo, uma movi-
Outra vantagem agronômica é que,
mentação crescente de comercialização
muitas vezes, uma praga pode atacar
dessas plantas. “As PANCs têm potencial
a PANC e preservar a planta principal
econômico e é um nicho de mercado, es-
da lavoura.
pecialmente com a demanda crescente
Desde 2015, a Embrapa Hortaliças, lo-
por alimentos agroecológicos e orgâni-
calizada em Brasília-DF, pesquisa as ca-
cos”, ressalta.
racterísticas agronômicas e nutricionais
Saiba mais sobre estudo da Embrapa no endereço eletrônico da AEAARP, na área Notícias.
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de 20 espécies que fazem parte do grupo Características
PANC. O objetivo é garantir a manuten-
O
engenheiro
agrônomo
Nuno
As PANCs são muito resilientes (adap-
ção, conservação e promoção das horta-
Madeira,
tam-se às condições de solo e clima),
liças tradicionais. Dentre os resultados
Hortaliças,
rústicas e produzem suas próprias se-
obtidos até agora se destacam a criação
instalados
mentes botânicas (que vem dentro do
de bancos comunitários de sementes
mudas e sementes nos estados de São
fruto) ou agronômicas (que são unida-
e mudas de hortaliças tradicionais em
Paulo, Minas Gerais, Goiás, Distrito
des propagativas). “A maioria é espontâ-
vários estados brasileiros, a sistematiza-
Federal, Rio de Janeiro, Santa Catarina e
nea. As que nascem sozinhas produzem
ção do modelo de produção de algumas
Paraná. “Os bancos são implantados em
grande quantidade de sementes como,
espécies e a capacitação de estudantes,
espaços coletivos, que ofereçam boas
por exemplo, picão preto, dente-de-
estagiários e mestrandos, que estão pro-
condições agronômicas, mão de obra,
-leão, serralha e algumas variedades de
duzindo trabalhos de iniciação científica
irrigação [quando necessária] e que
mostarda”, explica Valdely.
sobre o tema.
tenham acompanhamento da extensão
pesquisador informa
que
Embrapa foram
comunitários
de
Nuno Rodrigo Madeira
bancos
da
Coleção de hortaliças não convencionais, na Embrapa Hortaliças, em Brasília-DF
Revista Painel 8
a busca por parceiros para que a região receba o banco de mudas e sementes e possa beneficiar muitas pessoas”, acrescenta Nuno. Isso também é importante para evitar a extinção de espécies. Algumas PANCs são mais difíceis de manusear como, por exemplo, a ora-pro-nóbis, que tem espinhos. “Para
Embrapa Hortaliças
aumentar o seu potencial produtivo de-
Pesquisador Nuno Madeira ao lado do plantio experimental de Moringa, na Embrapa Hortaliças, em Brasília-DF
senvolvemos sistemas de produção para facilitar o manuseio durante o cultivo. No caso da ora-pro-nóbis, por exemplo, ensinamos uma poda que deixa a planta mais domável”, explica o agrônomo. Outra característica recorrente das PANCs é que boa parte necessita de
rural”. Os bancos estão localizados
tar a tradição, a cultura local e a heran-
pouca irrigação e algumas nem preci-
em institutos estaduais de pesquisa,
ça de seus antepassados, levando para a
sam, o que as tornam mais resistentes à
universidades
de
mesa alimentos que eram comuns em sua
seca. Com o manejo adequado é possí-
produtores que tenham horta coletiva.
ou
associações
infância. “Recentemente, um senhor de
vel cultivá-las em qualquer lugar do país.
“A intenção é que sejam permanentes,
80 anos nos disse que não via há muitos
“Temos em Brasília plantas de diferentes
por isso monitoramos à distância”.
anos o mangarito, que a mãe cozinhava
regiões, algumas precisam de sol, outras
A criação dos bancos é resultado da
para ele quando era criança. A partir do
de meia sombra, outras de estufa etc.”,
vontade de alguns produtores de resga-
interesse de um produtor, estimulamos
acrescenta Nuno.
FLOR TAMBÉM É ALIMENTO Rica em vitamina C e minerais como potássio, cálcio e zinco, além de compostos sulfurosos benéficos ao sistema imunológico, a flor comestível capuchinha (Tropaeolum majus) dura mais tempo se mantida em torno de 5°C. A conservação foi determinada por agrônomos da Embrapa. Além do consumo fresco em saladas, as flores de capuchinha podem ser desidratadas, embebidas em álcool Paula Rodrigues
ou em calda de açúcar ou congeladas em
As flores de coloração amarela apresentaram maior vida útil, quando refrigeradas a 5°C
cubos para coquetéis. Saiba mais no endereço eletrônico da AEAARP, na área Notícias.
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AEAARP 9
Em Ribeirão tem
Fotos Manoel Leça
Ainda que nasçam espontaneamente, alguns produtores têm investido em plantações de hortaliças tradicionais. Em Ribeirão Preto (SP), o engenheiro agrônomo Pedro Leça, associado da AEAARP, tem um viveiro de mudas e o localizado no bairro Recanto das Palmeiras, onde produz espécies não convencionais como a bertalha (planta medicinal, anti-inflamatória usada no combate a doenças hepáticas e oculares), moringa (rica em sais minerais e vitaminas essenciais à saúde humana), ora-pro-nóbis (rica em proteínas, ajuda na perda de peso e no combate à úlcera e cistite), grumixama (tem propriedades antioxidantes e ajuda na prevenção do câncer), além de algumas pimentas exóticas, entre outros vegetais. Todas as propriedades das plantas descritas neste box foram informadas pelo engenheiro agrônomo.
As regiões e suas PANCs Não existe uma região do país mais propícia para o cultivo de PANCs. “Cada bioma tem suas próprias PANCS. É claro que a Mata Atlântica talvez seja o bioma
Engenheiro agrônomo Pedro Leça com mudas de bertalha e ora-pro-nóbis, em seu viveiro localizado em Ribeirão Preto-SP
mais rico do Brasil, devido as suas características. Tanto no meio de florestas quanto no Cerrado podemos encontrar muitas frutas e castanhas. Na Caatinga, temos os cactos e umbu, por exemplo”, acrescenta Valdely. O conceito PANC é muito amplo, pois inclui pratos alimentícios não convencionais e suas formas de preparo. “A pitaya ainda é uma PANC. Muitas pessoas não sabem como comer ou preparar receitas”, esclarece Valdely. Ele comenta que a rúcula era considerada uma planta espontânea em algumas regiões do mundo e que o agrião também é considerado
Mudas de grumixama (à esquerda) e ora-pro-nóbis (à direita) no viveiro de Ribeirão Preto (SP)
PANC na região da Patagônia (Argentina). O açaí, que era regionalizado e hoje está difundido, apresenta formas de uso não convencionais e por isso consta nas listas de PANCs.
Produtores de Ribeirão Preto sofrem forte concorrência de outros das cidades vizinhas, que plantam e vendem alimentos convencionais. Pedro viu na dificuldade uma oportunidade. “Em Ribeirão Preto, o mercado para plantas não convencionais ainda é pequeno e não está consolidado, mas tem grande potencial”, diz o agrônomo, que também vende mudas para outros produtores. Seu principal público consumidor é aquele listado no início desta reportagem: vegetarianos, veganos e aqueles que investem em alimentação saudável. O viveiro de Pedro tem mais de 20 anos e as PANCs ganharam espaço há dois. O interesse de trabalhar essas espécies decorre da leitura de publicações sobre o tema, disponibilizados frequentemente por instituições como Embrapa, Esalq e Unicamp. A procura por espécies diferentes, aliada à rusticidade das plantas não convencionais, instigou o agrônomo a aderir à novidade.
Revista Painel 10
especial
Nuno Rodrigo Madeira
Oportunidade de mercado
Coleção de hortaliças não convencionais, na Embrapa Hortaliças, em Brasília-DF
s Plantas Alimentícias Não Con-
A
Em tempos de mudanças climáticas fica
mentar, em razão do aumento da oferta
vencionais (PANC) não servem
cada vez mais difícil produzir alimentos e,
de plantas alimentícias espontâneas, e
somente à agronomia e ao resgate
segundo Nuno Madeira, pesquisador da
redução no consumo de agrotóxicos pelo
cultural; são importantes também para a
Embrapa Hortaliças, esse ambiente re-
fato dessas espécies serem mais rústicas.
saúde humana. Segundo reportagem veicu-
quer mais produtos agroquímicos. Outra
A rusticidade e a manutenção das carac-
lada pelo telejornal Bom dia São Paulo (TV
característica do mercado é o desapare-
terísticas originais – diferentemente do
Globo), 90% das calorias ingeridas no mun-
cimento de produtos em determinadas
que acontece com os itens disponíveis
do vêm de apenas 20 espécies. Existem,
épocas do ano. Paradoxalmente, tem
nos supermercados – também fazem
porém, mais de 10 mil vegetais comestíveis.
muito alimento sendo capinado e jogado
crescer o valor nutritivo das plantas. O
Os números revelam oportunidades.
fora. “Por que não consumir essas plan-
caruru, por exemplo, tem sete vezes mais
tas?”, indaga o pesquisador. Não é uma
ferro do que o espinafre.
Assista a reportagem do Bom Dia
sugestão para abandonar os alimentos
Segundo o biólogo Valdely Ferreira
São Paulo no endereço eletrônico da
convencionais, mas sim um alerta para
Kinupp, muitas das PANCs são antioxi-
outras possibilidades alimentares.
dantes, ricas em antocianina e betalaína
AEAARP, na área Notícias.
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Nuno acrescenta que essa diversidade
(pigmentos naturais presentes em algu-
também contribui com a segurança ali-
mas plantas) e podem ser matérias-pri-
AEAARP 11
mas para pigmentos, óleos e aromas.
Não é possível quantificar o volume da
Institutos estaduais de pesquisas, uni-
“Isso tudo gera trabalho e renda”, com-
perda de PANCs nas lavouras brasilei-
versidades e empresas como a Embrapa
pleta. Além de criar empregos formais,
ras – quando as plantas são eliminadas
investem cada vez mais em pesquisas re-
as PANCs podem contribuir com a ma-
na aplicação de agroquímicos, quando a
lacionadas às PANCs. Além disso, é pos-
nutenção do homem no campo e o re-
terra é arada com tratores, quando há in-
sível encontrar mais de 540 currículos de
torno às origens, acrescenta o biólogo.
cêndio etc. “Se tudo isso fosse aproveita-
profissionais no Lattes (plataforma virtual
Basicamente, quem produz as PANCs
do como produto in natura, processado,
criada e mantida pelo Conselho Nacional
são agricultores familiares que comer-
industrializado na forma de farinhas, mo-
de Desenvolvimento Científico e Tecno-
cializam a produção em feiras orgânicas
lhos, conservas, geleias e condimentos
lógico) que contenham a expressão “Plan-
ou de porta em porta. Existem, porém,
amenizaríamos a fome no planeta ou a
tas Alimentícias Não Convencionais”.
fazendas interessadas na produção des-
carência de alimentos em algumas regi-
sas espécies.
ões”, pondera Valdely.
Valdely conhece restaurantes no Rio de Janeiro (RJ) e em Manaus (AM), onde boa parte do cardápio é feito com PANC. “Alguns não usam mais alface e outras horta-
FEIRAS ORGÂNICAS NO BRASIL
liças convencionais”. A alta gastronomia é
Veja o mapa das feiras orgânicas realizadas no Brasil (em Ribeirão Preto-SP existem seis feiras), quatro publicações sobre o tema e 41 receitas com espécies não convencionais.
um dos principais nichos de mercado a ser explorado. “Muitas pessoas são desconectadas da natureza, cozinham pouco e não sabem ou têm preguiça de processar o alimento. Porém, se tiver sorvete de bananinha-do-mato ou cagaita em uma sorveteria, com certeza vão querer experimentar”.
COMER É PANC
Mapa de feiras orgânicas no Brasil - Fonte: www.feirasorganicas.org.br
www.aeaarp.org.br
O biólogo Valdely Ferreira Kinupp defende que restaurantes comerciais e industriais também podem explorar as PANCs em seus pratos. Um movimento que têm ajudado a disseminar o conceito PANC é o projeto do SESC Pompeia (SP), chamado Comer é Panc. Até o mês de novembro, a instituição vai apresentar palestras relacionadas ao tema. “Ações como essa ajudam a difundir o tema e a levar conhecimento para onde precisa”, diz Valdely, que também integra esta ação.
É PANC OU NÃO É?
Livro Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC) no Brasil
Para quem tiver dúvida se determinada espécie está na lista das PANCs e como deve ser consumida pode buscar ajuda nos herbários, geralmente localizados em institutos de pesquisas, universidades ou instituições correlacionadas. “Lá os taxonomistas, botânicos e especialistas podem dar informações detalhadas sobre a planta”, alerta o biólogo Valdely Ferreira Kinupp. O engenheiro agrônomo Nuno Madeira recomenda o livro Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC) no Brasil – guia de identificação, aspectos nutricionais e receitas ilustradas, da editora Plantarum, escrito por Valdely e o engenheiro agrônomo Harri Lorenzi (Editora Plantarum). “Esse livro apresenta mais de 350 espécies e é considerada a ‘bíblia’ das PANCs”, diz Nuno. O agrônomo alerta que cada PANC tem a forma correta de preparo para garantir a segurança no consumo.
Revista Painel 12
especial
Cactos e plantas forrageiras à mesa muitas possibilidades aos agricultores como alimento, feno e água. Essas plantas sobrevivem aos climas áridos e secos, armazenam água (até 180 toneladas de água por hectare) e estão se tornando importante ferramenta para progra-
Márcio José Alves Peixoto
mas de segurança alimentar.
Palma forrageira, 90 dias após o primeiro corte
A bananeira-da-abissínia na Etiópia e a palma forrageira (da família Opuntia) no Brasil são exemplos de Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANCs) usadas em programas de segurança alimentar. No Brasil, é a palma forrageira que tem potencial para atuar no combate à fome
N
e à desnutrição nas regiões semiáridas a Etiópia, uma “falsa” bananeira
cereais: 50 pés da vegetação ocupam
do país. De origem mexicana, a espécie
tem alimentado diariamente 10
cerca de 300 metros quadrados e pode
foi trazida para o Brasil no final do século
milhões de pessoas. Conhecida
alimentar diariamente uma família de
XIX e se adaptou ao clima do semiárido.
cinco a seis pessoas.
Por isso, foi bem aceita e difundida no
como bananeira-da-abissínia, a planta não dá frutos comestíveis, mas é da sua polpa que muitos agricultores do sul daquele país alimentam suas famílias. Além das propriedades medicinais da Ensete ventricosum (nome cientifico da espécie), segundo reportagem do portal Época, sua fibra serve para a constru-
Nordeste. Até a pouco tempo, seu uso Veja a reportagem completa do portal Época no endereço eletrônico da AEAARP, na área Notícias.
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ção de casas, resiste a longos períodos
principal era na produção pecuária. No entanto, o potencial produtivo, nutritivo e as outras utilidades dessa planta despertaram o interesse de pesquisadores, que começaram a utilizá-la na alimentação humana, produção de medicamentos e cosméticos, na conservação e recupe-
de seca e, em épocas chuvosas, a folha-
Embora a maioria dos cactos não
gem protege o solo das enxurradas. De
seja comestível, as espécies do gênero
A planta suporta grandes períodos de
acordo com a Organização das Nações
Opuntia podem servir como alimento.
estiagem – pois se adapta às regiões com
Unidas para Alimentação e Agricultura
Segundo a organização não governa-
precipitações anuais em torno de 250
(FAO, sigla em inglês), a planta produz
mental Funverde, especialistas chega-
mm a 1.800 mm de chuva, com tempe-
mais alimentos do que a maioria dos
ram à conclusão de que a planta oferece
ratura entre 18°C e 38°C – e pode ser
ração de solos, entre outros.
AEAARP 13
Metodologia de reprodução por fracionamento de raquete
produzida em larga escala. Em 2001, a FAO reconheceu o potencial da palma e sua importância para o desenvolvimento das regiões áridas e semiáridas, especialmente, nos países em desenvolvimento. Márcio José Alves Peixoto
O engenheiro agrônomo Márcio José Alves Peixoto, coordenador das Cadeias Produtivas da Pecuária da Secretária do Desenvolvimento Agrário do Ceará, aponta que o cultivo da palma forrageira pode ser em áreas de textura arenosa à
30 dias
60 dias
argilosa. “Além da fertilidade, é funda-
Segundo Márcio, no Brasil a palma é mais
A partir de novos estudos e com a dis-
mental que o solo tenha boa drenagem,
cultivada nos estados do Pernambuco, Pa-
seminação das formas de uso na alimen-
uma vez que áreas sujeitas ao encharca-
raíba, Alagoas, Sergipe, Rio Grande do Nor-
tação, a palma forrageira tem potencial
mento não servem para o cultivo”. Desde
te, Piauí e, principalmente, no Ceará, onde
para ser a base alimentar das regiões
que obedeça às recomendações, o plan-
existem iniciativas para cultivo da espécie e
semiáridas. Algumas instituições do país
tio e o manejo são simples. “As raquetes-
conscientização de seu potencial produtivo.
que estão trabalhando fortemente nes-
-semente para o plantio devem ser gran-
Entre 2007 e 2017, entidades públicas e
se objetivo são: Universidade Federal da
des e sadias, sem manchas e não podem
privadas distribuíram, através do programa
Paraíba (UFPB), Universidade Federal do
ter emitido algum broto”, acrescenta.
“Hora de Plantar”, 57 milhões de raquetes-
Ceará (UFC), Instituto Federal da Paraí-
Segundo a Empresa de Assistência Téc-
-semente de palma forrageira, além de ou-
ba (IFPB), Instituto Federal de Educação,
nica e Extensão Rural do Ceará (Emater-
tras sementes e mudas de elevado potencial
Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE), Ins-
ce), a palma forrageira é rica em vitaminas
genético, para agricultores familiares.
tituto Agronômico de Pernambuco (IPA),
A, complexo B e C e minerais como cálcio, magnésio, sódio, potássio, além de 17 tipos de aminoácidos. Márcio explica que os principais componentes da polpa são água (85%), carboidratos (10% a 15%) e quantidades importantes de vitamina C. Além de ser um produto mais econômico, o agrônomo acrescenta que o vegetal é mais nutritivo que alimentos como couve, beterraba e banana (veja a tabela).
HORA DE PLANTAR O programa é coordenado pela Secretaria do Desenvolvimento Agrário (SDA), que tem parceria com a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Ceará (Ematerce), Instituto Agropolos do Ceará, secretarias de agriculturas municipais, Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares do Estado do Ceará (Fetraece) e seus sindicatos.
Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), Instituto Nacional do Semiárido (INSA) e Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (Emparn). O uso da palma como alimento no Nordeste é recente. “Foi intensificado a partir dos anos 2000 e isso só foi possível, principalmente, porque vários órgãos estão trabalhando nisso”, diz o agrônomo.
Veja as 20 PANCs mais recomendadas para horta escolar no endereço eletrônico da AEAARP, na área Notícias.
Fonte: Guedes, C. C.; Oliveira, J. S.; Fernandes, M. F.; Oliveira, R.; Deiro, T. C. B. J.; Sousa, V. Broto de palma, sabor e nutrição. Sebrae/PE – Faepe. Recife, 2004
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Revista Painel Painel Revista 14 14
Agronomia
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Segurança alimentar precisa da agricultura familiar E a agricultura familiar precisa de engenheiros agrônomos, de políticas públicas de financiamento e de iniciativas técnicas
AEAARP 15
A
Lei nº 11.947/2009 garante alimentação saudável aos alunos da rede pública de ensino. A aliFacebook Agricultura Familiar RP
mentação escolar e as ações de educação alimentar e nutricional são oferecidas aos estudantes da educação básica pública através do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). O governo federal repassa a estados e municípios as verbas para a aquisição de alimentos
Agro-Família
conforme o número de matriculados em cada rede de ensino.
zidos em âmbito local pela agricultura
processos de compras exclusivas para
Uma das medidas do governo para
familiar e pelos empreendedores familia-
os produtores evidenciam uma nova
garantir uma alimentação saudável e ade-
res rurais. Os pequenos produtores são
tendência na administração pública, onde
quada nas escolas, é a obrigatoriedade de
dispensados dos processos licitatórios. A
os compradores públicos assumem papel
que 30% do valor repassado pelo Fundo
aquisição dos alimentos para o PNAE é
de protagonistas.
Nacional de Desenvolvimento da Educa-
feita através de chamada pública, proce-
“Outra medida importante e lançada
ção (FNDE) para o PNAE seja utilizado
dimento administrativo voltado à seleção
recentemente são as novas ferramentas
na compra de alimentos produzidos pelo
de proposta específica para aquisição de
de tecnologias para fortalecer o acesso
pequeno produtor.
alimentos provenientes da agricultura fa-
ao mercado aos produtores: o Mapa da
miliar, empreendedores familiares rurais
Agricultura Familiar Paulista, que traz
ou suas organizações.
informações do Programa Nacional de
De acordo com dados do FNDE em 2015, foram disponibilizados para Ribeirão Preto R$ 5,2 milhões para a compra da
Segundo José Valverde, secretário-
Fortalecimento da Agricultura Familiar
merenda escolar; do total, R$ 1,7 milhão foi
-executivo do Conselho Estadual de Segu-
(Pronaf), e os modelos de Declaração de
utilizado na compra de produtos da agri-
rança Alimentar e Nutricional Sustentável
Aptidão ao Pronaf (DAP), assim como a
cultura familiar. Em 2016 foram investidos
(CONSEA-SP) e da Câmara Intersetorial
divulgação sobre diagnósticos realizados
5,8 milhões, sendo R$ 898 mil na agricul-
de Segurança Alimentar e Nutricional
com base nos dados informados nas
tura familiar. O investimento foi menor
(CAISAN-SP), uma das diretrizes da
DAPs”, destaca.
do que o exigido pela lei em razão da falta
atuação do CONSEA-SP é o apoio ao pe-
José Valverde ainda explica que os pro-
de produtores interessados na chamada
queno produtor e agricultura familiar. “As
dutos cultivados em Ribeirão Preto e re-
pública. Segundo o engenheiro agrônomo
CRSANS [Comissões Regionais de Segu-
gião atendem os editais dos três principais
Luís Fernando Franco Zorzenon, da Coor-
rança Alimentar e Nutricional], por orien-
programas de compras públicas: PNAE/
denadoria de Assistência Técnica Integral
tações do CONSEA-SP, buscam intensa
nacional, Programa Paulista da Agricultura
(CATI) de Ribeirão Preto, o desinteresse
articulação intersetorial e de fomento na
de Interesse Social (PPAIS/estadual), além
dos produtores deu-se devido aos baixos
temática de Segurança Alimentar entre
do Programa de Aquisição de Alimentos
preços oferecidos no edital. Em 2017, a
os produtores da agricultura familiar e o
(PAA/nacional).
prefeitura abriu edital com previsão de
Poder Público, tendo como principal pilar
Segundo dados do Instituto de Pesquisa
investimento de R$ 1,6 milhão, priorizando
de atuação o fortalecimento das compras
Econômica Aplicada (Ipea), Ribeirão Preto
a compra de produtores locais.
públicas”, explica.
tem um percentual de área territorial com
A aplicação da lei incentivou a produ-
Para ele, a adoção do Regime Dife-
ção de alimentos diversificados, produ-
renciado de Contratação e os novos
plantação de 59,67%, bem acima da média nacional, que é de 7,67%.
Revista Painel 16
Alimentação adequada e saudável é direito garantido pela Constituição Federal (Artigo 6º). Propor ações para que as pessoas tenham acesso regular e permanente a alimentos de qualidade é uma das atribuições dos Conselhos de Segurança Alimentar e Nutricional, que discutem e analisam políticas públicas e programas de Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) e de Direito Humano à Alimentação Adequada (DHAA).
cebem orientações através de programas,
Na região de Ribeirão Preto, o trabalho é realizado pela Comissão Regional de Segurança Alimentar Nutricional Sustentável (CRSANS), composta por 25 municípios, instância descentralizada e participativa que integra a estrutura organizacional do Conselho Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável (CONSEA/SP).
miliares que produzem hortaliças, legumes
Segundo Leandra Alvarez de Paiva Alves, conselheira titular da CRSANS-Ribeirão Preto, a cada dois meses os membros da comissão se reúnem para discutir políticas públicas em segurança alimentar e enumerar demandas da região, que são levadas posteriormente ao CONSEA/SP. A Comissão atua também na promoção da alimentação saudável e no apoio à agricultura familiar.
dentre eles o Agro-Família, desenvolvido pelo Sebrae-SP em Ribeirão Preto. O Agro-Família atende agricultores fae frutas na região de Ribeirão Preto. O projeto tem o objetivo de ajudar o pequeno produtor a vender o que é produzido e melhorar as técnicas de plantio. Os agricultores familiares podem vender diretamente para o governo, desde que devidamente habilitado através da Declaração de Aptidão (DAP) ao PRONAF, um
Oportunidade
tem baixa capacidade de investimento e
documento de identificação da agricultura
Para a consultora de agronegócio do
depende de cooperativas e associações
familiar que pode ser obtido tanto pelo
Sebrae-SP, engenheira agrônoma Flaviane
para capacitação e treinamento. “Faltam
agricultor familiar (pessoa física), quanto
Araújo, a relação entre o produtor familiar
políticas públicas e os produtores dificil-
por organizações familiares rurais como:
e o engenheiro agrônomo pode melhorar
mente conseguem pagar por profissio-
associações, cooperativas e agroindústrias
o desempenho dos pequenos produtores.
nais, como agrônomos, zootecnistas e
(pessoa jurídica).
Segundo o Instituto Brasileiro de
veterinários”.
O Agro-Família também criou um mapa
Geografia e Estatística (IBGE) a agricul-
Atualmente, os produtores da agricul-
que identifica onde estão os pequenos agri-
tura familiar representa hoje 85,2% dos
tura familiar participam de cursos de ca-
cultores, o que produzem e a sazonalidade
estabelecimentos rurais brasileiros, cor-
pacitação oferecidos pela Coordenadoria
dos alimentos. Esta última informação aju-
respondendo a 38% do Produto Interno
de Desenvolvimento dos Agronegócios
da as prefeituras a elaborarem o cardápio
Bruto (PIB). Os pequenos produtores são
(CODEAGRO), por meio do Instituto de
das escolas priorizando legumes e frutas
responsáveis pela produção de 87% da
Cooperativismo e Associativismo (ICA),
da época, que além de ter valor nutricional
mandioca, 70% do feijão, 59% da carne
Centro de Segurança Alimentar e Nutri-
maior, são mais acessíveis e saborosos.
suína, 58% do leite, 50% da carne de
cional Sustentável (Cesans). Também re-
aves e 46% do milho no Brasil. 70% dos alimentos consumidos no país vêm da agricultura familiar. De acordo com Flaviane, a agricultura familiar ganha destaque e necessita do trabalho do agrônomo para auxiliar no plantio, melhorar as técnicas e aumentar produção. “Muitos agrônomos saem da faculdade orientados a buscar trabalho em usinas ou grandes empresas, mas a Facebook Agricultura Familiar RP
agricultura familiar pode ser uma boa oportunidade de trabalho para este profissional”, ressalta. O engenheiro agrônomo Luís Fernando Zorzenon, da CATI, acredita que existe mercado para o agrônomo na agricultura familiar. Segundo ele, o pequeno produtor
Agro-Família
AEAARP 17
Conselho
Um presidente idealista O novo presidente do Conselho Deliberativo acredita que a Associação é ferramenta de mudança da vida das pessoas
A Giulio Roberto Azevedo Prado
Diretoria executa ações.
Perfil
O Conselho zela pelo bom
Giulio é natural de Ribeirão Preto.
andamento da entidade. Essa
Associou-se à AEAARP em 2005, quando
é a visão do engenheiro mecânico Giulio
chegou à cidade depois de longo período
Roberto Azevedo Prado sobre o Conselho
de trabalho e estudo em outras cidades
Deliberativo da AEAARP, organismo do
brasileiras e na Inglaterra.
qual acaba de assumir a presidência.
“Fiquei muito tempo fora e quando
Seu papel nesse cargo, ele fala, é o de
voltei, sofri o impacto da precariedade de
coordenar o trabalho do grupo.
algumas áreas no Brasil. Então, eu pensei: o
A relação com os colegas, garante, é
que eu posso fazer pelo meu país?”, conta.
horizontal. Giulio acredita que os membros
Ele conheceu a Associação e desde o
do Conselho têm deveres e responsabi-
início integra a Diretoria ou o Conselho
lidades iguais, independentemente de
da entidade. “Cada coisa que a gente faz
quem seja o presidente (ou coordenador)
é algo concreto na direção desse meu
do grupo. Sua meta é estimular a participa-
ideal”, explica.
ção de todos nas ações da AEAARP, fazer
Giulio é graduado na Universidade de
circular informações relevantes e avançar
Mogi das Cruzes. Trabalhou em diversas
nas discussões sobre o Regimento Interno
empresas nacionais e multinacionais nas
da Associação.
áreas de manutenção, projeto e produção.
“O que foi feito na AEAARP até aqui é
Foi docente e conselheiro do CREA-SP,
excelente, por isso precisamos aperfeiçoar
onde ainda colabora em alguns grupos de
os processos”, assinala. Ele defende que o
trabalho. Ele também integrou comitivas
crescimento da entidade nos últimos anos,
brasileiras que participaram de congressos
do ponto de vista de ações voltadas ao
internacionais de engenharia.
associado, exige o regramento de fluxos de
Na AEAARP, Giulio acredita que todos
informação e trabalho, por exemplo. Essa
podem criar uma rede de relações de
é uma das questões que Giulio pretende
pensamentos diversos. “Que bom que tem
pautar no Conselho.
gente que pensa diferente!”.
Revista Painel Painel Revista 18 18
Agronomia
Tecnologia e demanda promovem revolução no campo
Fotos: Alberto Gonzaga
12ª Semana de Agronomia da AEAARP mostrou que avanços tecnológicos e necessidade de abastecimento são oportunidades de mercado de trabalho para engenheiros agrônomos
U
m comercial de televisão dos anos de 1980 lançava o desafio: vende mais porque é fresquinho ou é fresquinho porque vende mais? O mesmo questionamento pode ser aplicado ao agronegócio. Tem mercado porque tem tecnologia ou tem
tecnologia porque tem mercado? A engenheira agrônoma Carla Paixão, docente do Centro Universitário Moura Lacerda, respondeu à questão na palestra de abertura da 12ª Semana de Agronomia da AEAARP. É a necessidade, conclui ela, que impulsiona a indústria de máquinas agrícolas, cada vez mais especializadas e autônomas.
AEAARP 19
Do primeiro trator desenvolvido no Carla Paixão
início do século XX – a combustão no motor era estimulada por uma manivela –,
Murilo Voltarelli
No campo, inovação é sinônimo de
ao advento dos modelos com cabine nos
15% a 20% ao ano. Ainda de acordo com
redução de mão de obra. Mais do que a
anos de 1980 até os recentes modelos
ele, a maioria das startups brasileiras têm
busca pela eficiência, o número menor
autônomos, muita coisa mudou, e não foi
como produto o controle biológico. Isto
de pessoas trabalhando na lavoura é um
só com as máquinas.
porque, ele explica, é um mercado a ser explorado, e o Brasil está na vanguarda.
fenômeno do mercado. Cada vez menos
Há sintonia, segundo Carla, no desen-
pessoas buscam esse tipo de emprego,
volvimento de equipamentos agrícolas e
A revolução 4.0 brasileira, para Alexan-
ponderou o engenheiro agrônomo Murilo
de novos cultivares para reduzir a taxa de
dre, acontece no campo, onde a exigência
Voltarelli, docente da Universidade de São
ineficiência e aumentar a receita com a
por eficiência requer pesquisa e tecnologia.
Carlos (UFSCar), que palestrou na AEAARP
produção. Uma máquina que faz a disper-
Para o engenheiro agrônomo Rafael Bor-
junto com Carla.
são de sementes na lavoura, por exemplo,
donal Kalaki, o resultado dessa combinação
As engrenagens da produção na lavoura,
precisa tê-las no padrão; ou seja, todas as
é a oportunidade de atender a mercados
entretanto, não podem parar. O imenso
sementes devem ter o mesmo tamanho e
internacionais cada vez mais exigentes.
desafio foi mostrado nas palestras da
formato para que o trabalho mecânico seja
Em sua palestra, Rafael mostrou que
Semana de Agronomia, onde os oradores
eficiente e não ocorra desperdício. Este
o desempenho das exportações do
foram unânimes: o mundo precisa garantir
modelo, apresentado pela palestrante na
agronegócio – que incluem alimentos e
o abastecimento de alimentos no futuro.
AEAARP, regula a quantidade de dispersão
combustíveis – deu grande salto positivo
De acordo com a Organização das
e as condições de manutenção do equipa-
nos últimos 15 anos. A necessidade de
mento. Todo feito eletronicamente.
alimentar cada vez mais pessoas gera
Nações Unidas (ONU), em 2050, o planeta Terra será habitado por 10 bilhões
A inovação nas máquinas torna eficiente
grandes oportunidades de negócios e
de pessoas. Há, de acordo com Murilo,
também o controle de pragas, o que é
amplia as oportunidades de trabalho para
redução de área agricultável horizontal. A
cada vez mais feito no Brasil utilizando os
os profissionais habilitados.
tecnologia, portanto, deve responder ao
inimigos naturais de insetos e fungos. O
aumento da produtividade nos lugares
engenheiro agrônomo Alexandre De Sene,
onde esses espaços são disponíveis – no
também docente do Centro Universitário
Brasil, por exemplo – e encontrar alterna-
Moura Lacerda, explicou em sua exposição
tivas para a verticalização.
que a inovação nos equipamentos permite que o controle biológico seja executado com mais precisão. Se antes o agricultor ia até a plantação e soltava seu exército de combatentes das pragas aleatoriamente, abrindo um singelo copinho de plástico, hoje a aplicação pode ser feita usando drones guiados por GPS e que liberam as cargas seguindo estudos técnicos que reduzem o desperdício e aumentam a eficiência. No Brasil, segundo Alexandre, o uso do
Alexandre De Sene
controle biológico de pragas cresce de
Rafael Kalaki
Veja todas as palestras da 12ª Semana de Agronomia na biblioteca de vídeos da página da AEAARP no Facebook. www.facebook.com/AEAARP
Revista Painel Painel Revista 20 20
Arquitetura
Não é reforma, é retrofit O incêndio e desabamento do edifício Wilton Paes de Almeida, no centro da cidade de São Paulo, lançou luz para a técnica que pode conferir novos usos para edifícios abandonados
N
o tempo em que o centro da cidade de São Paulo era o endereço comercial mais cobiçado pelas empresas, foram construídos arranha-céus que disputavam a paisagem com os edifícios históricos. Foi quando o Wilton Paes de Almeida surgiu e
tornou-se ícone da arquitetura modernista. Em 650 metros quadrados foram construídos 12 mil metros quadrados em estrutura metálica, lajes de concreto, com mármore grego no acabamento dos pisos, revestimento em vidros de cristal Ray-Ban, janelas basculantes, heliporto na cobertura, ar-condicionado central e restaurante para todos os funcionários das empresas de Sebastião Paes de Almeida, então dono do edifício que desabou no incêndio do dia 1ª de maio deste ano.
AEAARP
divulgação
21
O abandono, e consequentes riscos, é uma característica compartilhada por
Museu de Arte Contemporânea
de de São Paulo, a maioria ocupada irre-
ao mesmo tempo em que preserva suas
gularmente por pessoas sem moradias.
características arquitetônicas”, esclarece.
Para o arquiteto e urbanista José Borelli,
Ele trabalhou no projeto de retrofit do
a “tragédia anunciada” do Wilton Paes de
antigo prédio do Departamento Estadual
Almeida poderia ter sido solucionada uti-
de Trânsito (Detran) de São Paulo (SP), na
lizando as técnicas de retrofit.
região do Parque Ibirapuera. Há cerca de
Uma tradução aceita para o termo é a
dois anos, o edifício projetado por Oscar
de “colocar o antigo em boa forma”. José
Niemeyer é ocupado pelo Museu de Arte
Borelli compara o “fit” do nome à ginás-
Contemporânea da Universidade de São
tica. Para ele, a intervenção proporciona
Paulo (USP). José Borelli esclarece que a
uma nova energia ao prédio.
técnica de retrofit preserva as característi-
O movimento surgiu na Europa e Es-
cas arquitetônicas, compatibilizando o pa-
tados Unidos e consiste em conferir aos
trimônio com a utilização segura do espaço.
espaços usos diferentes daqueles para os
Uma das características do edifício Wil-
quais foram originalmente construídos,
ton Paes de Almeida que mais oferecia ris-
respeitando normas de acessibilidade, se-
co aos moradores era a estrutura metálica.
gurança, conforto térmico, ambiental etc.
“Hoje, esse tipo de material recebe trata-
O arquiteto explica que retrofit é di-
mento e é mais resistente”, explica. O re-
ferente de reforma, caracterizada pela
trofit naquele lugar incluiria, por exemplo,
modernização do espaço. “O retrofit
tratamento das estruturas metálicas com
modifica, dando novo uso para o lugar
tintas específicas e resistentes ao fogo.
O edifício Wilton Paes de Almeida foi projetado pelo arquiteto Roger Zmekhol; começou a ser construído em 1961 e foi concluído em 1968. Roger nasceu em Paris (França) em 1928 e ainda criança mudou-se com os pais, de origem árabe, para o Brasil. Graduou-se na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (USP). Além do edifício que desapareceu neste ano, Roger é autor de outras obras de expressivo valor arquitetônico, como sua própria residência, erguida no bairro Morumbi, em São Paulo.
arquivo.arq.br
wikipedia
pelo menos outros 70 edifícios na cida-
Revista Painel 22
História
Análise O centro de São Paulo A desocupação do centro de São Paulo é um processo histórico que pode ser medido em décadas. Intervenções urbanas mal aceitas pela população, novas tendências em organização de espaços em prédios corporativos, e mudanças de vários serviços públicos provocaram o deslocamento de milhares de usuários e residentes da região, levando ao esvaziamento de centenas de prédios na região. A crise econômica dos anos 1980 e 1990 não contribuiu para que o centro fosse reocupado por novos usuários; a região, que já foi o ponto vital de São Paulo, perdeu relevância, visibilidade e poder de atração. A degradação consequente a esse processo, que podemos identificar a partir da década de 1970, ganhando intensidade nos anos 1980, somente agravou a situação do centro paulistano. As tentativas do poder público em retornar para a região central e os planos de revitalização urbana das sucessivas administrações municipais, não foram e não são suficientes para reverter a deterioração de uma área urbana que precisa de novos eixos de desenvolvimento e polos de atratividade.
Bom humor nas atas
T
odas
as
reuniões de diretoria e
conselho da AEAARP são registradas em atas. Os documentos,
O centro, no entanto, ainda é uma região ocupada e frequentada por milhões de pessoas, com um comércio vigoroso e amplo equipamento urbano (metrôs, pontos de ônibus, iluminação pública etc).
guardados na sede
Ao mesmo tempo, devemos lembrar que o país tem um déficit habitacional calculado em seis milhões de domicílios.
importantes, como as
Segundo a Fundação João Pinheiro, em 2014, o déficit habitacional do estado de São Paulo era de 1,327 milhão de unidades, sendo que quase metade disso (47%) estava localizado na região metropolitana de São Paulo. Temos, portanto, um cenário em que há uma enorme população com necessidade de moradia e uma região — com ampla infraestrutura e oferta de serviços, e interligada às diversas áreas da cidade — e que sedia uma vasta quantidade de imóveis desocupados. Arquiteto José Roberto Geraldine Júnior, presidente do CAU-SP
da entidade, contam histórias de episódios discussões acerca da compra da primeira sede e da participação em debates sobre o futuro da cidade. Alguns registros, entretanto, merecem destaque pela forma como foram redigidos, revelando entrosamento e bom humor. Da reunião realizada no dia 6 de setembro de 1963, o registro foi o seguinte: [...] Não poderia deixar de ficar assi-
Moradia popular
com o Banco Interamericano de Desen-
nalada a exibição coreográfica do colega
O retrofit foi usado pela Companhia de
volvimento (BID). O terceiro empreendi-
Antônio Pascoal, por ocasião desta
Desenvolvimento Habitacional e Urbano
mento, com 120 unidades, foi viabilizado
reunião, que deu sábia lição de como
(CDHU) do governo de São Paulo em três
pelo programa Programa Minha Casa,
não dançar o halygali.
empreendimentos de interesse social.
Minha Vida - Entidades.
No mês seguinte, parte do registro da
De acordo com a assessoria de impren-
Os três ficam no centro da cidade de
sa da Companhia, dois destes projetos
São Paulo, tiveram usos residenciais ou
[...] reuniram-se os membros desta
foram viabilizados com recursos do Pro-
comerciais e estavam abandonados. Por
Associação no Restaurante do Bosque,
grama de Atuação em Cortiços (PAC); um
meio da técnica de retrofit, foram recu-
em jantar de congraçamento que contou
deles tem 105 unidades habitacionais e o
perados e transformados em residências
com a presença de oito casais e cinco
outro 59. O PAC foi realizado em parceria
pela CDHU.
libertinos, digo, libertos do matrimônio.
reunião relatou:
AEAARP 23
Legislação
Senado aprova lei que cria conselho de técnico industrial e agrícola As profissões deixam de ser registradas no Sistema CONFEA/CREA
F
oi sancionada e publicada no
As profissões de técnico industrial e
das duas categorias. A partir de agora, os
Diário Oficial da União a Lei
de técnico agrícola foram regulamenta-
técnicos industriais e agrícolas deixam de
13.639/2018, que cria o Conselho
das pela Lei 5.524/1968 e pelo Decreto
fazer parte desse Sistema e formam um
Federal dos Técnicos Industriais e Agríco-
90.922/1985, o qual estabelece que
conselho só para técnicos, à parte dos
las e os respectivos conselhos regionais.
esses profissionais só podem exercer
engenheiros e agrônomos.
A lei tem origem no Projeto de Lei da
suas atividades depois do registro em
Câmara (PLC) 145/2017, aprovado no
conselho profissional.
Senado em 28 de fevereiro depois de
Até a nova legislação, o Conselho Fede-
passar por consulta pública. A norma já
ral de Engenharia e Agronomia (CONFEA)
entrou em vigor.
fazia o registro e normatizava a atuação
O PLC é de autoria do poder Executivo e foi relatado na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA) do Senado pelo senador Lasier Martins (PSD-RS). Fonte: Agência Senado
Revista Painel Painel Revista 24 24
crea-sp
Empresas e autarquias devem ter registro no CREA-SP
tações também dos profissionais contrata-
Resolução 336/89 – CONFEA Art. 1º - A pessoa jurídica que se constitua para prestar ou executar serviços e/ou obras ou que exerça qualquer atividade ligada ao exercício profissional da Engenharia, Agronomia, Geologia, Geografia ou Meteorologia enquadra-se, para efeito de registro, em uma das seguintes classes:
dos e daqueles que forem os responsáveis legais por sua atuação no mercado. A Resolução 336/89, do CONFEA, regulamentou esses dois artigos da Lei, definindo, por exemplo, as categorias das empresas.
CLASSE A - De prestação de serviços, execução de obras ou serviços ou desenvolvimento de atividades reservadas aos profissionais da Engenharia, Agronomia, Geologia, Geografia ou Meteorologia; CLASSE B - De produção técnica especializada, industrial ou agropecuária, cuja atividade básica ou preponderante necessite do conhecimento técnico inerente aos profissionais da Engenharia, Agronomia, Geologia, Geografia ou Meteorologia; CLASSE C - De qualquer outra atividade que mantenha seção, que preste ou execute para si ou para terceiros serviços, obras ou desenvolva atividades ligadas às áreas de Engenharia, Arquitetura, Agronomia, Geologia, Geografia ou Meteorologia.
A
Na Resolução do CONFEA, publicada em 27 de outubro de 1989, o Art. 13 define que o registo de empresas será concedido apenas às empresas cujos responsáveis técnicos tenham habilitação profissional compatível com os “objetivos sociais de sua ou dos objetivos de suas seções técnicas, se os profissionais do seu quadro técnico cobrirem todas as atividades a serem exercitadas”. O engenheiro Thiago Marchetti, chefe
Lei Federal 5194/66 define no
cutar obras ou serviços relacionados
da Unidade de Gestão de Inspetoria de
Capítulo II as regras para regis-
na forma estabelecida nesta lei”, devem
Ribeirão Preto, informa que a última
tro de empresas e entidades que
ser registradas no Sistema CONFEA-CREA
blitz realizada pelo Conselho fiscalizou
para atuar no setor.
especificamente os artigos 50 e 60 da
atuam nas áreas de engenharia e agronomia. O primeiro artigo desse capítulo (Art. 59) estabelece que “as firmas, sociedades,
Para isso, devem ter a denominação condizente com sua finalidade.
associações, companhias, cooperativas
O Art. 59 da Lei define que as empresas,
e empresas que se organizem para exe-
por sua vez, devem exigir registros e ano-
Lei Federal 5194/66, respaldados pela Resolução 336/89. A ação dos fiscais aconteceu em órgãos e autarquias públicas e empresas privadas.
AEAARP 25
Educação
AEAARP lança gibi educativo Publicação valoriza profissionais de engenharia, arquitetura e agronomia
A
AEAARP acaba de lançar um gibi
é, a distribuição dos espaços internos
à população a importância de contratar
para informar e conscientizar a
da edificação poderia ter sido projetada
profissionais habilitados, combatendo a
população sobre as atribuições
para atender às necessidades da família
atuação de leigos”, frisa o arquiteto Celso
e as normas de construção.
Santos, conselheiro da entidade que par-
de engenheiros, arquitetos e agrônomos. O gibi conta a história da família de
“Fazer uma casa não é simplesmente
ticipou da elaboração da publicação. Uma
João e Maria, um casal que sonhava com
subir paredes, abrir vãos para janelas e
das recomendações listadas pela entidade,
a casa própria. Para construí-la, entre-
portas e cobrir com um telhado. Existem
é informar-se sobre os profissionais na
tanto, não contrataram profissionais ha-
aspectos técnicos, que devem ser ob-
associação. “É uma forma de valorizarmos
bilitados pelo Conselho de Engenharia
servados”, explica o engenheiro Arlindo
o nosso associado”, destaca Celso.
e Agronomia de São Paulo (CREA-SP) e
Sicchieri, diretor da AEAARP.
O gibi será distribuído nas escolas da ci-
pelo Conselho de Arquitetura e Urba-
Depois de mostrar a saga da família
dade, em eventos que a AEAARP promove
nismo de São Paulo (CAU-SP). Nas 12
para se adaptar ao imóvel, que foi cons-
para comemorar os 70 anos de fundação
páginas, João e Maria padecem com o
truído desrespeitando normas técnicas,
em entidades que reúnem síndicos e
calor, a falta de capacidade elétrica das
a publicação lista uma série de dicas
condomínios.
instalações e uma das cenas mostra uma
para quem quer contratar engenheiros,
situação bastante corriqueira, a janela
arquitetos e agrônomos.
do banheiro sobre a pia da cozinha. Isto
“O objetivo da publicação é mostrar
As ilustrações são de José Carlos Fecuri e a coordenação editorial é da Texto & Cia Comunicação.
Revista Painel 26
notas e cursos
Cerveja
Cerveja
Fernanda Junqueira, Ercília Pamplona, Augusto Aguiar e Regina Foresti
O último AEAARP Cultural foi sobre Graciliano Ramos, romancista, cronista, contista, jornalista, político e memorialista que viveu de 1892 a 1953 e é considerado um dos nomes mais importantes da literatura brasileira. O próximo evento cultural na AEAARP será no dia 12 de julho com a apresentação de um quarteto de cordas.
Augusto Balieiro, da Cervejaria Walfänger, falou na AEAARP sobre o mercado das micro-cervejarias e do prazer de fazer cerveja.
Depois da palestra, os convidados degustaram a cerveja alemã.
Novos Associados Gustavo Santiago R. Mendonça Arquiteto Marcelo Luiz Moreira Luz Arquiteto Pedro Luiz Labate Arquiteto
Plano Diretor
Carlos Eduardo de Freitas Engenheiro agrônomo
O arquiteto e urbanista Claudio Manetti falou sobre os métodos de
Edison Baldan Junior Engenheiro agrônomo
elaboração das leis complementa-
Marileia Terezinha C. Cecchini Engenheira civil
res ao Plano Diretor na AEAARP. O coordenador do evento, enge-
Carlos Alberto Fernandes Engenheiro eletricista
nheiro Wilson Luiz Laguna, afirma que o objetivo da entidade é reunir
Marcelo Ficher de Macedo Engenheiro eletricista
representantes da população – de
Silvio Pires Correa Engenheiro eletricista
associações de bairro e entidades de classe – e técnicos para que possam contribuir na formulação e revisão das leis complementares.
Wilson Laguna, Cláudio Manetti e Carlos Alencastre
“Precisamos colocar na mesma sala quem conhece a cidade, quem vive nos bairros e sabe de suas necessidades e carências, com os profissionais, que pensam o planejamento do ponto de vista técnico e urbanístico”, explica Laguna. Manetti é docente na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da PUC Campinas e na Anhembi Morumbi, em São Paulo (SP). Foi consultor da prefeitura de São Paulo na elaboração do Plano Municipal de Habitação, da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e de outras secretarias e órgãos do município e do governo de São Paulo em projetos nas áreas de meio ambiente, infraestrutura e equipamentos institucionais.
Escolha sempre a AEAARP na sua Anotação de Responsabilidade Técnica (ART). Alínea 46 fortalece a atuação da sua entidade de classe.
46
Luiz Fernando Millon Aguiar Engenheiro mecânico
Fernanda Aparecida Jorge Geraldino Técnica em edificações Armando Alves Silva Neto Técnico em eletrotécnica Sinhiti Nagayoshi Técnico em eletrotécnica Carlos Antonio Hauser Técnico em química Frederico Nunes Rodrigues Estudante de arquitetura
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