Órgão Oficial da Editora Matarazzo
Número IX
Ano I
Maio/2018
Ilustração: Camila Giudice
Passeio, Leitura, Conhecimento, Viagem, História, Fotografias e todas as artes servem de bagagem e inspiração para a produção de um bom livro!
AGENDA: 12 DE MAIO
“Mãe e criança lendo” por Frederick Warren Freer (1849 - 1908). Domínio público
A Editora Matarazzo deseja um Feliz Dia das Mães para todas às mamães do mundo! Saúde, paz, amor e tudo de melhor para elas! EXPEDIENTE Órgão oficial da Editora Matarazzo. Informativo pertencente à Editora Matarazzo. ISSN 2594-8202 Email: livros@editoramatarazzo.com / thmatarazzo@gmail.com Telefone: (11) 3991-9506 CNPJ: 22.081.489/001-06 Distribuição: São Paulo - SP. Diretora responsável: Thais Matarazzo MTB 65.363/SP. Depto. Jurídico: Tatiane Matarazzo Cantero. Periodicidade: mensal. Formato: tabloide. Tiragem: 500 exemplares. Edição 9 - Nº 9 - Ano I - Maio/2018. A opinião e conceitos emitidos em matérias e colunas assinadas não refletem necessariamente a opinião do Matarazzo em Foco. Portal / Blog www.editoramatarazzo.com www.editoramatarazzo. blogspot.com
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Anote na sua agenda: sábado, 12 de maio, a partir das 11 horas, venha participar conosco do Sarau e Sessão de Autógrafos das nossas novas antologias, no Centro Histórico e Cultural Mackenzie, CHCM, prédio 1, com acesso pelas portarias das ruas Itambé, 143, ou Consolação, 930, é necessário apresentar um documento com foto para o ingresso no campus. Entrada franca. Há estacionamentos para carros nas adjacências, para quem utiliza o transporte público, basta descer na estação Higinenópolis - Mackenzie (Linha Amarela). O Sarau será dedicado ao Dia das Mães, a comemoração mundial desta data acontece no 2º. domingo de maio, a origem está ligada à norte-americana Anna Jarvis, ela perdera sua mãe em 1905, e três anos mais tarde, diante do sofrimento e da dor que sentiu, decidiu organizar com a ajuda de outras moças um dia especial para homenagear todas as mães e para ensinar as crianças a importância da figura materna. O evento teve tamanho êxito que em 1914 o presidente do Estados Unidos propôs que o Dia Das Mães fosse comemorado todo 2º domingo de maio. As antologias a serem lançadas são: Vamos falar das nossas mães?, Poesias Contemporâneas VIII, Versejando com PONTOS DE DISTRIBUIÇÃO Imagens, Conte o que a imaSão Paulo ginação mandar!, e Vamos Biblioteca Mário de Andrade - Rua falar de Santos III? (parceda Consolação, 94 ou Av. São Luís, ria com o Clube do Choro de 235, centro. Santos). Biblioteca Monteiro Lobato - Rua Também serão entregues General Jardim, 485, Vila Buarque. os certificados do concurso Casa Amadeus Musical - Rua Versejando com Imagens, Quintino Bocaiúva, 22, Sé. edições 3 e 4, e conversareCentro Histórico e Cultural mos sobre o e-book PasseMackenzie, R. Maria Antônia, 307. ando em Sampa com o guia Museu da Santa Casa de Misericórdia, R. Dr. Cesário Mota Júnior, de turismo Laercio Cardoso 112, Vila Buarque. de Carvalho, ele é consideTemos Livros - Av. São João, 526. rado uma “enciclopédia” Santos pelos participantes dos seus Clube do Choro - Boulevard XV de tours. A artista plástica CaNovembro, 68, centro. mila Giudice fez uma ilusRio de Janeiro tração especial para o nosso Bar Ernesto - Largo da Lapa, 41, e-book: a mesma que ilustra Lapa. a capa do nosso tabloide. Livraria IPP, Rua Gago Coutinho, 52, Laranjeiras.
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Sentados, da esq. para a dir., estão, Gilberto Cantero, o casal Alzira e Salvador H. Martins, e Gisele Martins. Em pé, Silvio Henrique Martins e Edson Santana do Carmo
Flagrantes do lançamento da antologia “Vamos falar de Santos III”?, 21/4/2018, em Santos
Marcello Laranja, presidente do Clube do Choro de Santos, e Thais Matarazzo
Conjunto de Choro da Praia Grande
As Soroptimistas de Santos Marcello Laranja, Luiz Pires e Thais, que recebeu o Diploma de sóciobenemérita do Clube do Choro de Santos
Museu do Café visto da Rua XV de Novembro
O artista Jotarelli
Fotos de Gilberto Cantero e Ilda Noronha
Da esq. para a dir., sentados, vemos, Carlos, Luciana Gomes (filha de Herlinha), Denise Pires (esposa do Luiz Pires) e Marcello Laranja. Em pé, Vera Laranja e o netinho Caetano, e Jorge Maciel (de costas, blusa branca e chapéu).
Foto da capa: Danilo Tavares
LANÇAMENTO DO PROJETO LITERÁRIO “VAMOS FALAR DE SANTOS III?” As comemorações do Dia Nacional e Municipal do Choro em Santos, no mês de abril, contaram com uma recheada programação de boa qualidade e de êxitos. O Dia do Choro é comemorado oficialmente no dia 23 de abril, data do aniversário do mestre Pixinguinha (1897 - 1973). No dia 21 de abril, a Editora Matarazzo participou das comemorações na sede do Clube do Choro de Santos, à Rua XV de Novembro, 68, no centro histórico. Foi uma tarde deliciosa, a casa estava repleta e animada! Lançamos a antologia Vamos falar de Santos III?, contamos com a presença dos autores: Luiz Pires, Marcello Laranja, Obed Zelinchi, Renata Jerônimo, Silvio Naulauschi, Carmen Sgarbi, Thais Matarazzo, Edson Santana do Carmo, Silvio Henrique Martins e José de Souza Santos. Aliás, a autora Carmen Sgarbi veio na companhia das suas amigas do grupo Soroptimista de Santos. Que meninas animadas! A apresentação do grupo Chorões do Palácio, de Praia Grande, alegrou o público. Às 15 horas foi descerrada uma placa no espaço em homenagem ao Centenário de Jacob do Bandolim, e a entrega de uma obra alusiva a Jacob do Bandolim pelo artista plástico Jotarelli. Aconteceu também o Bazar Orâmbulo de Economia Criativa, um Festival de Caipirinhas e a abertura da exposição Tem Francês no Choro, atividades organizadas pela professora Márcia Okida, professores, alunos e ex -alunos do curso de Produção Multimídia da Universidade Santa Cecília (Unisanta). Parabéns ao Clube do Choro de Santos pelo evento e agradecemos pela parceria neste projeto literário. Kika Fragatte, Thais Matarazzo, sra. Jerônimo, Ilda Noronha e Renata Jerônimo. Foto: Kika Fragatte
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Estivemos no dia 18 de abril participando do programa “Memória Diário”, apresentado jornalista Ademir Medici, na DGABC TV, em Santo André. Agradecemos ao amigo Medici e a toda equipe da TV pela oportunidade! Recebam o nosso carinhoso abraço.
O professor e escritor Rodrigo Gutenberg presentou Thais Matarazzo, em novembro de 2016, com uma peça entalhada em madeira com o logo da Editora Matarazzo. Esta linda peça está em destaque no nosso escritório em São Paulo. Daqui enviamos ao amigo Rodrigo o nosso agradecimento e carinho.
“Congratulo-me com Thaís Matarazzo, escritora e proprietária da Editora Matarazzo, pelo lançamento daantologia ‘Poesias Contemporâneas VII’, uma obra que retrata o ‘eu lírico’ de cada poeta/poetisa de forma sutil e harmoniosa. Aproveito para parabenizá-la pelos três anos de existência da Editora MataProf. Celinha razzo, almejando que Marques, seu trabalho em prol prefaciadora a cultura e da literada antologia tura seja profícuo por “Poesias C. VII” muitos e muitos anos. Como o lançamento do livro ocorreu no mês de março (24), considerado o mês da Mulher, ressalto aqui: a garra, a determinação, a ousadia, o profissionalismo, a elegância e a feminilidade da jovem Thaís. Esse lugar onde estou é o ‘Espaço Cultural Georgina Albuquerque’, no hall de entrada da Câmara Municipal de Taubaté. Aqui acontecem muitos lançamentos de livros, exposições de artes, feiras de artesanatos, etc. Vale à pena conhecê-lo”. Profª. Celinha Marques Mestre em Linguística Aplicada / Membro Titular da Academia Taubateana de Letras
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200 ANOS DO BAIRRO DO BRÁS Thais Matarazzo Em junho de 2018 um dos bairros mais tradicionais de São Paulo completará 200 anos, o Brás! A Editora Matarazzo já havia dedicado um volume da série Bairros Paulistanos ao Brás, em 2016. Foi um livro que teve boa recepção por parte do público, sendo distribuído para várias bibliotecas da cidade. Agora, prestes a completar o seu segundo centenário e repleto de muitas histórias e curiosidades, resolvemos organizar uma nova antologia. Durante a nossa investigação histórica, indagamos ao Jair Mongelli Júnior, diretor técnico do Arquivo Metropolitano de São Paulo, se existia alguma fotografia antiga da paróquia matriz do Brás, e para nossa surpresa ele nos trouxe para consultar um álbum de fotografias tiradas entre o final de 1890 e começo de 1900, elas mostram não só a primeira igreja, como as etapas de construção da segunda. Um tesouro! Consta que a primeira capela dedicada ao Bom Jesus de Matosinhos foi construída por José Brás, morador daqueles arrabaldes nos meados do século XVIII. O Brás era conhecido como “Várzea do Carmo” e lá existiam poucos casebres e algumas chácaras de famílias abastadas. Segundo um antigo Livro de Desobriga do curato da Sé paulistana, em 1730, existiam 50 habitantes da Várzea do Carmo, entre escravos, portugueses, brasileiros e indígenas; entre os moradores estava José Brás, sua esposa Juliana da Cunha e filhos. Cem anos depois, a população não crescera tanto, somavam 659 almas. Não sabe-se ao certo onde foi construída a primitiva capela, com certeza, deve ter sido nas redondezas da antiga Rua do Brás, remoto Caminho da Penha (atual Av. Rangel Pestana). A documentação existente no Arquivo Metropolitano de São Paulo data de 1800, como um documento que autoriza a erigir-se uma capela, de arquitetura portuguesa, dedicada ao Sr. Bom Jesus de Matosinhos, tendo como protetor o tenente coronel José Corrêa Moraes. Inaugurada em 1º de janeiro de 1803. Não existe registro da festa de estreia, mas, sabe-se que um dia antes, o tenente Moraes colocou no altar mor da capelinha a imagem do Bom Jesus crucificado. Aqui vemos a matriz velha do Bom Jesus do Brás. Ela teve a sua fachada alterada e modernizada em 1871, a partir da construção da antiga capela (de 1803). Acervo: Arquivo Metropolitano de São Paulo
Nesta foto tirada por volta de 1906, vemos, a antiga matriz do Bom Jesus (à frente), e a atual (nos fundos). O primeiro templo foi demolido para o alargamento da Av. Rangel Pestana ainda no começo do século XX. Acervo: Arquivo Metropolitano de São Paulo
15 anos se passam e a capela é elevada a paróquia, o Brás passa a ser uma freguesia, desmembra-se das freguesias da Sé e da Penha, isto aconteceu através do decreto assinado em 8 de junho de 1818 pelo Rei de Portugal d. João VI, que vivia na corte do Rio de Janeiro. A capelinha passou por sucessivas reformas, em 1871 está como podemos ver nas fotografias que ilustram esta matéria. Em 1888, o bairro do Brás já tinha crescido e estava bastante populoso: beirando 40.000 habitantes, a maioria, italianos chegados a São Paulo devido à abertura da imigração europeia para o nosso país. Naquele mesmo ano o Monsenhor José Marcondes Homem de Mello assume como vigário da matriz do Brás e tem a ideia de construir um novo templo, moderno e suntuoso, pois o antigo estava bastante mal conservado. A ideia é lançada em 1890 e até a construção final desta igreja, levamse décadas... Mesmo assim, foi inaugurada, inconclusa, em 1º de janeiro de 1903. A nova paróquia foi erigida nas traseiras da antiga, no alinhamento como conhecemos atualmente. O projeto foi assinado primeiro pelos irmãos Calcagno, que deixaram o trabalho e passou para as mãos do arquiteto Jorge Krug, que incluiu a construção da cúpula e dois salões junto ao altar mor. A primeira igreja resistiu durante alguns anos até ser demolida para o alargamento da Av. Rangel Pestana. Estas e outras memórias sobre o bairro do Brás, o leitor poderá conferir na futura antologia Vamos falar do Brás? 200 anos de memórias. À direita, vemos, o documento de abril de 1800, com a autorização para a ereção da capela do Sr. Bom Jesus de Matosinhos, tendo como protetor o tenente coronel José Corrêa de Moraes. Inaugurada em 1º de janeiro de 1803. Acervo: Arquivo Metropolitano de São Paulo
ENTREVISTA MIGUEL VILLA direto de Lisboa, Portugal Conhecemos o amigo Miguel Villa por intermédio da amiga Nini Remartinez, que foi uma das destacadas cantoras da rádio portuguesa na sua fase de ouro (1930 - 1960), formava com sua irmã Fernando o duo Irmãs Remartinez. Miguel tem contribuído imensamente com a divulgação dos nossos livros em terras portuguesas. Grande colecionador e conhecedor das memórias do teatro, da música e das artes populares lusas, colaborou com alguns artigos para as nossas antologias, especialmente, as da coleção Cá entre nós: Brasil e Portugal (2017). Não poderíamos perder a oportunidade de entrevistá-lo para o Matarazzo em Foco. Matarazzo em Foco: Conte-nos como você iniciou a sua rica coleção de objetos relacionados ao teatro e aos artistas do fado. Miguel Villa: Iniciei este trajecto primeiro como colecção, mas depois percebi que nos Teatros deitavam muitas coisas para o lixo, que alguns artistas iam falecendo e as famílias não davam grande importância aos seus acervos; depois os museus (Teatro e Fado) não nos dão muito acesso aos acervos que têm, então, decidi começar primeiro por juntar e comprar muitas coisas em feiras e antiquários e depois comecei mesmo por pedir aos artistas ou a familiares. O que para eles até é bom porque muitas vezes não sabem o que fazer às coisas que têm, hoje, depois dos museus, devo ser em Portugal, juntamente com o amigo Paulo Borges, as pessoas que maiores espólios possuímos relacionados com o Teatro de Revista, com o Fado e a Música Ligeira Portuguesa de uma época de ouro que foram os anos 1940/50/60/70. M.F.: Você também trabalhou em teatro? Como aconteceu? M.V.: Sim. Fui técnico, mais tarde, ponto teatral e depois actor, em Teatro Fiz Tudo! Desde criança que sonhava ser artista, o Teatro tinha algo que me fascinava, esse fascínio que hoje perdi..., então, comecei por um convite que surgiu para um grupo de Teatro Amador, onde me iniciei como ponto teatral, daí surgiu o convite para ir para o Teatro Profissional e para o Parque Mayer como técnico de palco, aceitei! Um convite do cantor profissional Artur Garcia, levoume à ir para ser ponto numa companhia que ele integrava, o encenador dessa companhia era Carlos Mendonça. Ele achou que eu tinha talento e graça e desafiou-me a estrear um espectáculo num bar em Portugal... E assim me estreei em 1994 num espectáculo que tinha
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por título Mãezinha, quero ser Travesti, mais tarde, integrei o elenco de várias revistas dirigidas pelo Carlos, como, Velhos Tempos, nestes Tempos; Vivóvelho e Amar Lisboa, nos teatros Variedades e ABC no Parque Mayer. Nesta última revista, fui galardoado com o prémio Actor Revelação em 1996, atribuído pelo extinto jornal A Capital. A par do teatro, fiz também rádio, alguma coisa em televisão, mas pouca, porque eu prefiro o teatro, gosto de sentir a reacção do público no momento, gosto dos aplausos, de todo o corre-corre dos bastidores. M.F.: Conte-nos sobre as suas exposições em Portugal? M.V.: As Exposições surgiram pelo facto de começar a ter um vasto acervo e ter o prazer de o mostrar a quem como eu ama ou amou a vida artística. Iniciei do zero, tive apenas o apoio de algumas Câmaras e Juntas de Freguesia. A minha primeira exposição aconteceu em 1998 que teve por título Passagem pelo Parque Mayer onde recordava actores, actrizes, cantores, fadistas que passaram por aquele “espaço mágico” na sua época de ouro, depois, e devido ao acervo vir aumentando e para que não faltasse ninguém, passei a fazer exposições individuais até 2013. Fiz exposições sobre Fernanda Baptista (fadista), Laura Alves (actriz), Milú (actriz de cinema e teatro), Anabela (actriz de revista e comédia), José Viana & Dora Leal (casal de actores de revista), e por fim, Henrique Viana (actor revista e comédia). Entretanto, a falta de apoios e espaços levaram-me a cancelar estas exposições embora o acervo continue a aumentar e os projectos não faltarem, mas... M.F.: Quais são as peças mais interessantes que você considera do seu acervo? M.V.: Para mim todas as peças tem um valor enorme, mas destaco: uns frascos de perfume que pertenceram ao actor Vasco Santana, um xaile da actriz Maria Matos, vestidos de Fernanda Baptista, e várias peças do acervo de Florbela Queiroz. Contudo, repito que todo o meu acervo tem para mim um enorme valor. M.F.: Você participou de algumas das nossas antologias, gostou da experiência? M.V.: Foi um enorme desafio participar em algumas obras da Editora Matarazzo! Muitas vezes me perguntam por que não escrevo livros... Talvez por receio de “falhar” em algo, é que sou muito perfeccionista. No entanto, o desafio que me foi honrosamente feito pela querida amiga Thais, levou-me a escrever alguns artigos e penso que de alguma forma saíram bem e resultaram, talvez, porque foram feitos com o coração... Nem sempre estou disposto a escrever... Tem que surgir aquele “click” e pronto! M.F.: Seu artigo sobre as “Marchas Populares de Lisboa” foi bastante comentado, você também desfilou em algumas edições das Marchas Populares? M.V: Fiquei muito feliz e até com uma certa vaidade pelo artigo das Marchas ter tido um sucesso, é sinal que consegui transmitir ao povo brasileiro uma Tradição Portuguesa que foi durante muitos anos tão vivida e tão importante como no Brasil ainda hoje são as Escolas de Samba no Carnaval. Sim, eu participei por três vezes nas Marchas, em 1996
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Nini Remartinez Nini Remartinez e Miguel Villa e Miguel Villa, 2018
estava no teatro o Carlos Mendonça e dirigia a Marcha de Alfama, e uma outra colega a Marcha de São Vicente, eu mostrei interesse em desfilar em Alfama, mas depois o peso da responsabilidade levou-me a aceitar ir para São Vicente. Ficamos em 2º lugar nesse ano de 1996. Em seguida, como a experiência tinha sido maravilhosa, quis ficar com essa memória e não mais quis voltar às marchas, no entanto, a vontade de trabalhar com o Carlos nas marchas permaneceu, em 2012 recebi da parte dele um convite para apadrinhar a Marcha do Alto do Pina na sua ida a MACAU, aceitei desde logo e depois, em 2013, desfilei pelo Alto do Pina ficando também em 2º lugar na classificação. É maravilhoso descer a principal avenida de Lisboa, a Av. da Liberdade, numa noite tão especial como é a de Santo António e ter ali o nosso Povo a Puxar por nós é indescritível. M.F.: Mais alguma consideração, Miguel? M.V.: Quero mais uma vez agradecer o convite feito pela Thais para dar esta entrevista, que mais uma vez muito me honra, é sempre um enorme prazer colaborar com a Editora Matarazzo, dizer que tenho a maior admiração pelo Brasil e pela Alegria do seu povo e que também tenho os meus artistas brasileiros favoritos, como, a Bibi Ferreira (que tive o prazer de conhecer pessoalmente em Portugal), Berta Loran (que adorava conhecer), os saudosos Paulo Autran (também conheci pessoalmente em Portugal), a Tônia Carrero, Dercy Gonçalves e Eva Tudor. Deixo um Forte Abraço a todos que neste momento de leem, desejo que apoiem a Cultura, os Livros, para que possa existir escrita a história Cultural dos Nossos Países e que a Editora Matarazzo continue com Força e sempre com enormes Sucessos no Brasil mas também além Fronteiras! Eloína Ferraz, Thais Matarazzo e Miguel Villa, em Lisboa, 2015
À esquerda da foto vemos a pedra fundamental do edíficio nº 1 da Universidade Presbiteriana Mackenzie, inaugurado em 1894. 24 anos antes, o Mackenzie iniciava a sua trajetória vitoriosa e gloriosa no campo da educação. E foi no Mackenzie onde desabrochou o meu dom para às letras, portanto, ali começou a minha gênese literária! Poder ter o privilégio de ter estudo ali durante seis anos da minha vida, foram fundamentais para o meu futuro... Uma vez mackenzista sempre mackenzista!
Thais Matarazzo
EM CARTAZ A Editora Matarazzo participou e divulgou os seus últimos lançamentos literários no dia 6 de abril passado no programa Em Cartaz, na TV Aberta São Paulo, apresentado por Atílio Bari. Em Cartaz é um programa antenado com o circuito cultural da cidade. O programa traz entrevistas, matérias e dicas de teatro, música, concertos, exposições, shows, eventos culturais, com destaque especial para a programação com entrada franca. A cada programa Atílio Bari recebe convidados especiais que falam sobre seus trabalhos.Atílio Bari é ator, diretor, dramaturgo e produtor. O programa vai ao ar, ao vivo, todas as sextas-feiras das 17 às 18 horas, com reprise aos domingos, à uma hora da manhã. A TV Aberta é exibida pelo Canal 9 da NET, ou ainda pode ser vista pela internet, acesse: www.tvaberta.tv.br Atílio Bari, Gilberto Cantero e Thais Matarazzo
ENTREVISTA NUNES FORTE direto de Lisboa, Portugal Pense em um profissional versátil: Nunes Forte. É realizador, ator, produtor de discos, produtor, realizador de televisão; locutor, produtor e realizador de rádio. Personalidade de destaque nos meios de comunicação portugueses, Nunes Forte é uma simpatia. O conhecemos por intermédio da nossa amiga Nini Remartinez, hoje residente na Casa do Artista, em Lisboa. Forte produziu uma matéria sobre a cobertura de uma das nossas obras apresentadas na belíssima Biblioteca Municipal de São Lázaro, em Lisboa, em fevereiro de 2015, realizada com o apoio do professora e amigo Jorge Trigo. O vídeo pode ser acessado pelo link: www.youtube.com/watch?v=IdmoyCZXg6c Muito gentilmente, Nunes Forte aceitou responder a entrevista para o Matarazzo em Foco, e nos diz um pouquinho sobre a sua rica vida profissional. Matarazzo em Foco: Conte-nos um pouco sobre a sua terra natal, Venda do Pinheiro. Nunes Forte: Venda do Pinheiro é uma povoação a 20 km de Lisboa, com um micro clima saudável, que pelos seus bons ares era nos anos 1940/50 muito procurada por doentes (especialmente dos pulmões) para recuperação, por essa razão existiu nessa época uma Colónia de Férias de uma Companhia Nacional de Gás e Eletricidade e dois Colégios de prestígio, um dos quais dirigidos pelo pai do antigo presidente da República de Portugal, Mário Soares, que ali aprendeu as primeiras letras. Atualmente é sede de freguesia e engloba a povoação da Charneca, uma pequenina localidade onde nasceu a atriz de teatro e cinema Beatriz Costa, famosa em Portugal e no Brasil, contemporânea e amiga de Carmen Miranda e comadre de Jorge Amado. Venda do Pinheiro integra-se no concelho de Mafra onde existe o Palácio Nacional / Mosteiro, monumental barroco joanino, iniciado em 1717, por iniciativa de João V de Portugal, em virtude de uma promessa que fizera em nome da descendência que viesse a obter da rainha dona Maria Ana de Áustria, O monumento possui Carrilhões únicos no mundo em fase de restauração e seis órgãos que tocam em simultâneo e que constituem uma importante atraNunes Forte na TV ção turística.
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Matarazzo em Foco
Nunes Forte na rádio. Acervo pessoal
M.F.: Como iniciou a sua carreira na rádio? N.F.: Levado por um, para a idade, inexplicável desejo de “comunicar”, contactei várias estações de rádio acabando por receber resposta de uma pequena emissora regional, o Rádio Ribatejo, dirigida por um pioneiro da rádio portuguesa, o capitão Jaime Varela Santos que após alguns testes concluiu que tinha boa capacidade para colaborar naquela rádio que me formou. Em simultâneo comecei também a participar em programas na Emissora Nacional (hoje Radiodifusão Portuguesa) com autoria e direção de Odette de Saint-Maurice, uma grande escritora portuguesa. Eram dirigidos a jovens e incluía teatro, uma das minhas paixões. M.F.: Como deu-se a sua entrada para o teatro? N.F.: A entrada para o teatro profissional, após uma fase de teatro amador com amigos da escola, alguma experiência radiofónica e pequenas participações na televisão, deu-se após vários contactos com companhias profissionais, uma das quais dirigida pelo poeta e ator António Manuel Couto Viana que depois de um teste me deu a oportunidade de participar numa peça, que correu bem justificando novos convites. M.F.: A partir de seu trabalho na rádio, foi um passo para o ingresso na televisão? N.F.: Sim, a rádio e não só. Por mero acaso assisti às emissões experimentais da RTP [Rádio e Televisão Portuguesa] e fiquei fascinado. Dois anos depois do início das emissões regulares, em 1957, inscrevime como figurante. Entretanto a Companhia de Teatro onde trabalhei apresentava peças em direto na televisão, o que proporcionou um convite para fazer as primeiras dobragens de Animações na televisão e na sequência disso Teatro de Fantoches e locuções off (e não só) de vários programas. O fascínio pela televisão tornou-se tão grande que anos mais tarde dediquei-me também à produção / realização. M.F.: Destaque alguns bons momentos da sua vida profissional com os artistas? N.F.: Há vários, nomeadamente com a grande fadista Amália Rodrigues com quem fiz programas para a televisão, incluindo a surpresa de um direto de sua
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casa e com o Profº José Hermano Saraiva, um comunicador nato, com quem também realizei vários programas, nomeadamente a História Essencial de Portugal. M.F.: Também já atuou no cinema? N.F.: Sim, mas sem grande destaque. Foram pequenas participações, até porque a indústria de cinema em Portugal nessa época estava pouco dinâmica. M.F.: Quais são os prêmios de maior destaque que o Nunes Forte recebeu na sua trajetória profissional? N.F.: Microfone de Ouro da RDP Internacional; Prémio de Imprensa - programa 1-8-0; Troféu do Programa Mais Humano da RDP - programa Portugal Sem Fronteiras; Medalha de Prata da Cruz Verde; Placa Dourada de Voz de Abril; 3º, 2º e 1º prémio por filmes de turismo, em anos sucessivos, no Concurso Internacional Art &Tur; Placa de Mérito da Câmara Municipal de Mafra; atribuição do meu nome ao auditório da Santa Casa da Misericórdia de Venda do Pinheiro.
Programação
(chcm@mackenzie.br / (11) 2114-8661)
Música na Capela (Sempre às 19h15)
24/5 REGINA SCHLOCHAUER, cravo. GILSON BARBOSA, oboé. FÁBIO PELLEGATTI, violoncelo. Loeillet, Handel, Bach, Dowland, Vivaldi e Besozzi. 21/6 FILIPE ALEXANDRINO, piano . Chopin. 26/7 AIMAR NORONHA SANTINHO, piano. SÉRGIO LISBOA, violino. Granados, Albeniz, Ravel, Sarasate e Falla. Coral Jovem Cênico Mackenzie no Metrô
Toda última quarta-feira do mês, às 20 horas. Na estação do metrô Higienópolis - Mackenzie. 25/4 - 23/5 - 27/6
ENTREVISTA EDUARDO MARTELLOTA Participante das nossas antologias, o jornalista Eduardo Martellota é o editor do Jornal do Brás. Fez diversas coberturas e matérias sobre os lançamentos dos nossos livros, especialmente, os dedicados ao bairro do Brás. Nesta entrevista, Martellota revela-nos alguns detalhes da sua trajetória profissional. Matarazzo em Foco: Conte-nos como surgiu o seu interesse pelo jornalismo. Eduardo Martellota: Meu interesse pelo jornalismo surgiu quando eu tinha 12 ou 13 anos. Eu gostava muito de ler os jornais Folha da Tarde e Diário Popular que meu pai Vicente Martellotta Neto trazia em casa todos os dias. Além deles, lia a Revista Placar e outras revistas, como Veja. Também nessa época ficava maravilhado em ouvir transmissões esportivas nas Rádios Bandeirantes, Globo e Jovem Pan. M.F.: Qual foi sua primeira experiência profissional no jornalismo? E.M.: Foi um estágio feito no jornal Folha do Comércio da Zona Norte em fevereiro de 1998. Na época eu estava no 4º ano do curso de Comunicação Social - Jornalismo nas Faculdades Integradas Alcântara Machado - FIAM. M.F.: Quando você ingressou no Jornal do Brás? E.M.: Ingressei no Jornal do Brás em 19 de janeiro de 2004. No primeiro dia de trabalho no veículo, lembrome que já tive matéria jornalística para fazer com o
Ada de Castro, Nunes Forte, Thais Matarazzo, 2015. Foto: Priscila Roque / Cultuga
Salão Nobre da Biblioteca de São Lázaro. Foto: Priscila Roque / Cultuga
Nunes Forte, Thais e prof. Jorge Trigo, em 2015. Foto: Priscila Roque / Cultuga
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diretor-presidente do veículo, Milton George Thame. Foi no antigo Hospital Pedro II (hoje Hospital Sancta Eduardo e o cantor Diego Jimenez Maggiore). M.F.: Além do Jornal do Brás, você atua em mais alguma mídia? E.M.: Atuei como colaborador na Rádio da Cidade AM durante três meses em 2008 - meu início no rádio. Eu produzia boletins sobre a região do Brás e Centro de São Paulo e os narrava diariamente no programa Bairro a Bairro. Voltei ao rádio colaborando semanalmente para o Tribuna da Cidade da Rádio Terra AM, em 2011, onde atuei até março de 2012. Em novembro de 2010, criei o Portal E5 Brasil, hoje com o nome Portal E5 no site www.e5brasil.net.br. Nele, edito o site de notícia - SP News; meu site pessoal, www.eduardomartellotta. com.br; dois blogs; duas Web Rádios e uma Web TV, além de um site sobre Ufologia e outro sobre a História do Rádio, chamado Arquivo do Rádio. No E5, também publico todas as edições do Jornal do Brás. Em 2014, colaborei para o Portal Terceiro Tempo do jornalista e publicitário Milton Neves, com fotos de um evento na Mooca onde Milton estava presente. Fiz também participações em vários programas de rádio e TV, como na TV Aberta durante gravação da emissora na Tarde de Chá do Jornal do Brás, e em TV interna de algumas universidades. M.F.: Quais os prêmios que você já recebeu na sua carreira de jornalista? E.M.: Foram vários, entre eles, cito: Rotary Club Brás Diploma de Reconhecimento - dezembro/2008; Universidade São Francisco - Trote Solidário - agosto/2010; Associação Comercial de São Paulo (ACSP) - 5º Prêmio Gutenberg - setembro/2012; Associação Comercial de São Paulo (ACSP) - 7º Prêmio Gutenberg - setembro/2014; Escola Estadual Eduardo Prado/Brás - Troféu - outubro/2014; Associação Comercial de São Paulo (ACSP) - 8º Prêmio Gutenberg - setembro/2015; Editora Matarazzo - Troféu - março/2016; Associação Comercial de São Paulo (ACSP) - 9º Prêmio Gutenberg setembro/2016; Câmara Brasileira de Turismo - CBTur e Jockey Club de São Paulo - Diploma - maio/2017. M.F.: Você teve alguma emoção maior na sua carreira? E.M.: Emoções na carreira eu já tive algumas, como no dia em que recebi o Prêmio Gutenberg da Associação Comercial de São Paulo, sendo aplaudido por muitas pessoas e ao ver problemas solucionados no bairro do Brás, graças ao meu empenho em divulgar no jornal esses problemas e brigar com muita insistência junto aos órgãos municipais, pela sua solução. Cito entre eles, o final da reforma na rua do Gasômetro no Brás, que durou muitos anos, e a colocação de semáforos em uma esquina que era considerada a mais perigosa do bairro.
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Matarazzo em Foco
DICAS
CULTURAIS Karina de Barros No coração de São Paulo, Campos Elíseos, ali onde em 1885 os Salesianos fundaram o colégio Liceu Coração de Jesus, podemos visitar o Museu da Obra Salesiana (MOSB), dedicado a contar um pouco mais dessa história, por vezes desconhecida. Em cartaz com a II Mostra sobre Dom Bosco intitulada A Utopia e a Realidade na Missão Salesiana. A exposição está estruturada em cinco blocos onde podemos encontrar indumentárias que pertenceram a Dom Bosco, alguns artefatos indígenas provenientes das missões Salesianas pelo Brasil, um altar mor do Santuário do Sagrado Coração de Jesus do século XIX, animais taxidermizados do antigo “Gabinete de História Natural” de 1930 e diversos outros objetos que resgatam um pouco da história da escola nos seus primeiros anos. O museu conta também com outra exposição de curta duração: As faces de Nossa Senhora pelo Mundo, traz mais de 150 imagens e mostra a pluralidade dos títulos conferidos a Nossa Senhora e como ela é representada por diversas culturas. O MOSB fica aberto ao público de terça a sexta-feira das 9 às 16 horas, a entrada é gratuita e as visitas podem ser realizadas mediante agendamento prévio através da página do Facebook ou pelo e-mail: museu@liceusp.com.br Um sábado por mês o museu abre para visitas espontâneas das 9 às 16 horas e conta ainda com o projeto Música no Museu que consiste em uma apresentação musical dentro do espaço expositivo. Para maiores informações fique de olho nas redes sociais do museu ou entre em contato através do telefone: (11) 3337-2916.
Maio/2018 - Nº 9
ENTREVISTA NEIDE CIARLARIELLO Advogada e poetisa, Neide é participante das nossas antologias e na literatura utiliza o pseudônimo Sabichi. Neta do famoso cantor, compositor e seresteiro Paraguassu (1894 - 1976), com certeza, ela traz a poesia e o lirismo nas veias. Matarazzo em Foco: Conte-nos como surgiu o seu interesse pela literatura e quando você começou a escrever poemas? Neide Ciarlariello: A literatura e a poesia já eram minhas companheiras desde que me alfabetizei, porque meu pai sempre nos incentivava à leitura, e com sua alma de artista, aos domingos após o almoço, ficávamos lendo trechos do seu antigo livro de leitura escolar que ele guardava com carinho intitulado Antologia Nacional, com obras dos grandes poetas e escritores brasileiros. Guardo ainda na memória quando recebíamos a visita de um amigo de mocidade de meu pai, por quem ele tinha grande estima, e fazíamos leitura da poesia Fragmentos, onde o autor colocava a discussão sobre quem e o que era primordial para o ser humano. Essa poesia era uma trilogia entre um poeta, a vida e a morte. Cada um de nós interpretava um personagem: eu, evidentemente, era a VIDA, meu pai era o POETA e o Chico era a MORTE. Além de ler, discutíamos sobre a posição de cada um dos personagens; meu pai sempre lúdico e sonhador defendia o poeta veementemente discordando da importância da finitude da vida, Chico muito fatalista entendia que a morte era a regente da vida e eu...? Apenas ouvia e raciocinava muito sobre essas questões; assim a cada dia mais me apaixonava pela leitura e pelas poesias. Aos 9 anos tirei o primeiro lugar num concurso de redação na escola, e minha primeira poesia aflorou aos 13 anos. M.F.: O seu avô Paraguassu teve influência no seu gosto pela literatura e música? N.C.: Não sofri influência nenhuma do meu avô Paraguassu, ao contrário, ele era avesso a que qualquer um da nossa família se envolvesse nas artes. Ele entendia que a vida artística prescindia de uma entrega total e irrestrita não conjungia com a vida familiar. Meu tio José chegou a cantar profissionalmente com o nome
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artístico de Mauro Normando, e já tinha um programa exclusivo na Rádio Cruzeiro do Sul, em São Paulo, quando ele decidiu se casar, meu avô impôs que ele escolhesse entre o casamento e a carreira... E ele se casou. M.F.: Além de você, na sua família tem mais algum poeta ou escritor? N.C.: A maioria dos membros da nossa família tiveram e têm veia artística, mas nas letras até o momento só eu e minha filha Maria Beatriz nos dispusemos a mostrar o que escrevemos. M.F.: Este ano o Brás faz 200 anos, sua família possui uma forte ligação com o bairro. Você pode nos descrever brevemente sobre locais e memórias que você possui sobre o Brás da sua infância e adolescência? N.C.: Foi no bairro do Brás que tudo começou. Meus bisavós europeus se radicaram no Brás na primeira década 1900, e toda nossa família ali se desenvolveu até 1940, quando uma pequena parte se deslocou para o Belenzinho. Minha lembrança do Brás é muito olfativa, já relatei isso no prefácio do livro Vamos Falar do Brás? da série Bairros Paulistanos da Editora Matarazzo. O Brás de antigamente, durante a semana, tinha os cheiros do fumo das fábricas de cigarro, do café torrado, do gás, tudo muito equilibrado com o perfume das frutas do “Mercadão” e aos domingos, o bairro era temperado com cheiro da gastronomia típica e saborosa de seus moradores. O cheiro dos assados se confundiam com o cheiro do “ragu” caprichosamente feito pelas “mamas”; o bacalhau se confundia com a Paella e o feijão com o bife. O Brás era uma grande família com todas suas idiossincrasia. M.F.: De quantos livros você já participou? Tem um livro solo? N.C.: Já escrevi muitos artigos para jornais e revistas e participei de mais de 40 coletâneas, faço parte da Real Academia de Letras da Ordem da Confraria dos Poetas - Brasil, recebi a comenda Ordem internacional Ilha da Madeira e agora, quase chegando aos 80 anos, estou preparando meu livro solo de poesias e concluindo outro pequeno volume com memórias da minha infância.
Matarazzo em Foco
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São Paulo
de todos os tempos
Geraldo Nunes Jornalista, radialista e escritor. Participa das coletâneas da Editora Matarazzo desde 2016.
assinado a 7 de junho de 1494, antes do descobrimento oficial do Brasil, em 1500, só vieram a colonizar as terras que lhe foram outorgadas cerca de trinta anos depois, dando margem às ocupações francesas e posteriormente holandesas ao longo da costa brasileira. Estas nações europeias ficaram ainda mais descontentes por não terem sequer sido incluídas no tratado que beneficiou preferencialmente a Espanha e depois Portugal. Sendo assim, saudemos São Vicente, a célula mater da nacionalidade, fundada por portugueses.
QUAL É A MAIS VELHA CIDADE BRASILEIRA?
II Festa Intercultural
A cidade mais antiga do Brasil é São Vicente, SP, fundada por Martim Afonso de Souza em 1532. Essa informação aparece em quase todos os livros de história e é verdadeira porque está documentada. Há registros, entretanto, que antecedem essa data, cuja autenticidade não está confirmada. Para os catarinenses, por exemplo, São Francisco do Sul, poderia ser mais antiga que São Vicente porque franceses passaram na região e teriam fundado essa cidade no ano de 1504. Levamos o assunto ao professor e historiador paraibano, Josemir Camilo de Melo, que elaborou um estudo a respeito das antigas cidades brasileiras e para ele existe uma certeza: “São Vicente é a nossa irmã mais velha, porque Olinda só foi fundada em 1537 e Salvador, é de 1549. Santos foi elevada a vila em 1546, São Paulo, teve seu Pátio do Colégio em 1554 e a fundação do Rio de Janeiro, acontece em 1565. No ano de 1585 surge Paraíba, no lugar onde hoje está a cidade de João Pessoa”, acrescenta. Nesse estudo o historiador desfez a ideia que João Pessoa teria sido a terceira cidade brasileira, como alguns pesquisadores chegaram a afirmar, assim como São Francisco do Sul não é mais antiga que São Vicente pelo fato de não existir documentos no Brasil ou na França que comprovem a permanência de franceses na região em um núcleo de moradias. “Eles passaram por Santa Catarina, mas não permaneceram, ao contrário de São Luís, no Maranhão, uma cidade comprovadamente fundada por franceses, em 1612”, esclarece o historiador Josemir Camilo de Melo. Os portugueses desestimulados pelo Tratado de Tordesilhas, intermediado pelo papa esEstátua e Casa Martim Afonso. Foto: Thais Matarazzo panhol Alexandre VI e
Aconteceu na cidade de Maia, norte de Portugal, de 3 a 8 de abril de 2018. Com ampla programação, o evento também contou com a participação da Associação Sociocultural Código Simbólico, presidida por nossa amiga Rosilda Portas. No estande da Código os livros da Editora Matarazzo estiveram em exposição, como podemos ver nas fotos abaixo. O Presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Souza, esteve presente à II Festa Intercultural.
No centro da foto, vemos, Rosilda Portas e o Presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Souza, que segura nas mãos a biografia das Irmãs Meireles, do escritor e pesquisador Paulo Borges. Na mesa, em exposição, estão os livros de Thais Matarazzo e da Editora Matarazzo
O casal Rosilda Portas e Reinaldo Salgado