MATARAZZO EM FOCO - nº 17 - Junho/2019

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Órgão Oficial da Editora Matarazzo Número V

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Ano II

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Junho/2019

Agenda Entrevistas Poesia Reportagens

Nossa capa JACKMICHEL “A ESCRITORA 2 EM 1”


ENTREVISTA COM JACKMICHEL Matarazzo em Foco: Como surgiu a ideia da “escritora 2 em 1”? Michel: O primeiro grupo da literatura mundial surgiu por acaso, da necessidade de juntar textos. Quando eu, Michel, começei rascunhar meus primeiros manuscritos, Jack minha irmã e parceira literária, já pegava na pena. Anos depois, haja vista termos acumulado muito material escrito, decidimos unir os calhamaços. Daí tivemos o timing certo para mover esse meio estático da literatura convencional, composto por autores individuais: dar vida a uma terceira pessoa, JackMichel, cujo slogan é “A Escritora 2 em 1”. M.F.: Quando se descobriram escritoras? Houve incentivo da família ou escolar? Michel: Bem... despertamos para este velho universo “novo” quando passavámos para a adolescência, época em que líamos amiúde vates do século XIX com a mesma velocidade que se come pipocas. Digo universo novo, entre aspas, porque creio que as aptidões que cada ser humano traz em si sejam dons inatos adquiridos antes do berço e levados além do túmulo. M.F.: Qual foi a primeira publicação que participaram? Michel: Nosso livro de estreia foi Arco-Jesus-Íris (Chiado Editora, 2015). O link do booktrailer desta obra é https://www.youtube.com/watch?v=iBjgF0DkAik&t=5s EXPEDIENTE Órgão oficial da Editora Matarazzo. Informativo pertencente à Editora Matarazzo. ISSN 2594-8202 Email: livros@editoramatarazzo.com / thmatarazzo@gmail.com Telefone: (11) 3991-9506 CNPJ: 22.081.489/0001-06 Distribuição: São Paulo - SP. Diretora responsável: Thais Matarazzo MTB 65.363/SP. Depto. Jurídico: Tatiane Matarazzo Cantero. Periodicidade: bimestral. Formato: tabloide. Tiragem: 1000 exemplares.

Edição 17 - Nº. 5 - Ano II - Junho/2019. A opinião e conceitos emitidos em matérias e colunas assinadas não refletem necessariamente a opinião do Matarazzo em Foco. Portal / Blog www.editoramatarazzo.com www.editoramatarazzo. blogspot.com

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M.F.: Preferem produzir poemas ou contos? Michel: Não sabemos dizer assim como também não poderíamos saber se nos causam maior interesse as palavras de Franz Kafka: “Apenas deveríamos ler os livros que nos picam e que nos mordem... se o livro que lemos não nos desperta como um murro no crânio, para que lê-lo?”... ou as de Olavo Bilac, o Príncipe dos Poetas Brasileiros: “Os livros não matam a fome, não suprimem a miséria, não acabam com as desigualdades e com as injustiças do mundo, mas consolam as almas, e fazem nos sonhar.” M.F.: Qual a maior alegria da sua carreira? Michel: Terminar de escrever mais um livro. Sempre que um artista finaliza uma obra-prima, seja ela literária ou não, penso que deva sentir um misto de orgulho e satisfação em seu ego. Por certo, Michelangelo auferiu desta emoção quando concluiu a Pietà e, igualmente Géricault, quando deu a última pincelada em Têtes de Suppliciés.

PONTOS DE DISTRIBUIÇÃO

São Paulo Biblioteca Mário de Andrade Rua da Consolação, 94 ou Av. São Luís, 235, Centro. Biblioteca Monteiro Lobato - Rua General Jardim, 485, Vila Buarque. Centro Histórico e Cultural Mackenzie, R. Maria Antônia, 307. Museu da Santa Casa de Misericórdia, R. Dr. Cesário Mota Júnior, 112, Vila Buarque. Sebo Clepsidra - Rua Dr. Cesário Mota Jr, 296, Vila Buarque Temos Livros - Av. São João, 526. Santos Clube do Choro - Boulevard XV de Novembro, 68, Centro. Rio de Janeiro Hotel Carioca - Av. Gomes Freire, 430, Lapa.

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E o Sarau Cai na Roda, do Museu da Santa Casa de São Paulo, ganha mais uma atração: a cada edição uma peça curta escrita pela dramaturga Carmem Toledo, para abrilhantar ainda mais a nossa Hora de Arte. Em maio foi encenada a peça baseada na vida do filósofo Jean-Jacques Rousseau: Homens, sede humanos! Rousseau e a Roda dos Enjeitados. Em junho a focalizada será a cantora e compositora Dolores Duran.

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LITERATURA NA 60ª. Festa de 1º de Maio

Coletivo São Paulo de Literatura na 60ª. Festa de 1º de maio de Ermelino Matarazzo. Foto: Gilberto Cantero

A tradicional Festa do Trabalhador de Ermelino Matarazzo comemorou seu jubileu de diamante. Segundo o site da Prefeitura de São Paulo, compareceram ao evento cerca de 20 mil pessoas. As festividades tiveram início com uma missa matinal realizada pelo Padre Ticão, seguida por um desfile cívico na Av. Paranaguá. As atrações da festa se espalharam por quatro palcos: Palco Gospel, Palco do Rock, Palco Kids e o Palco Principal com apresentações especiais como os Demônios da Garoa. E pela primeira vez o acontecimento contou com uma Tenda Literária, ocupada pelo Coletivo São Paulo de Literatura e diversos autores do bairro. Dentre os escritores e poetas destacamos as presenças de Ana Jalloul, Isis San, Hilda Milk, Paulo Camargo, Ricardo Cardoso, José Severino Pessoa e Thais Matarazzo.

ENCERRAMENTO DA FLEP Na tarde do dia 4 de maio, os organizadores, colaboradores, entidades, escritores, poetas e artistas independentes reuniram-se no Parque Dom Evaristo Arns, também conhecido como “Chácara Matarazzo”, para o fechamento da Feira Literária Ermelino Matarazzo / Ponte Raza, FLEP. A festa foi bonita e emocionante: aconteceu o lançamento do livro Coletânea Literária FLEP (Matarazzo, 2019), e a entrega de certificados, troféus e homenagens. Marcaram presenças os idealizadores e coordenadores da FLEP: o ex-prefeito Arthur Xavier, Ana Jalloul, Ricardo Cardoso; Natália Omoni e José Iglesias da APAMEC; Thais Matarazzo e Gilberto Cantero da Editora Matarazzo; Wilson de Oliveira Jasa, presidente da Casa do Poeta Lampião de Gás de São Paulo; Desbravadores Estrelas de Órion; Valentin Morcelli, fundador do Lar Vicentino; o escritor Ricardo Hidemi Baba, representando a Associação Casa Deficientes Ermelino Matarazzo, ACEDEM; a apresentadora e atriz Tânia Bionça; e representantes do Centro de Educação da Zona Leste e da Biblioteca Municipal Rubens Borba de Moraes. A primeira edição do projeto da FLEP teve início em novembro e contemplou centenas de escritores e o público da zona leste paulistana. Fotos: Gilberto Cantero


O ESQUECIMENTO Paulo Watanabe

Meus caros amigos! Eu estou aqui! Presente! Pra fazer uma pequena palestra Sobre um assunto muito interessante Modéstia à parte, eu sou... Um especialista nesse assunto Bem... vejamos!... Hum!...Qual era mesmo o assunto?... Mas que droga, eu não consigo me lembrar ... Será que... Não, não pode ser!,,, Quem sabe se... Também não é!... Ah! Sim... agora sim!... Lembrei!... Eu havia me esquecido de que Não tenho nenhum assunto Pra contar a vocês!... Paulo Watanabe é natural de Caçapava, Estado de São Paulo, Licenciatura em Educação Artística pela Faculdade de Artes Alcântara Machado, participa de diversas atividades no ramo das Artes.

ESCRITORAS BRASILEIRAS: AUTA DE SOUZA

Nascida em Macaíba, RN, em 1876, a poetisa Auta de Souza pertenceu a uma família de intelectuais norte-rio-grandense. Viveu pouco, faleceu aos 24 anos, na capital potígar, vitimada pela tuberculose. Luís da Câmara Cascudo a considerou “a maior poetisa mística do Brasil”, seus poemas românticos possuem influência simbolista, e têm alto valor estético. Perdeu os pais na infância, também vitimados pela tuberculose, foi criada pela avó materna, d. Dindinha, em uma chácara no Recife, onde foi alfabetizada por professores particulares. Poliglota, gostava de ler em francês e inglês, influenciada pelas freiras vicentinas do colégio onde estudou; Auta apreciava a literatura religiosa. Começou a escrever aos 16 anos, apesar da doença. Frequentava saraus e reuniões dançantes. Colaborou com jornais e revistas de grande circulação no Brasil. Um ano antes do seus falecimento, em 1900, viu publicado o seu primeiro livro, Horto, prefaciado por Olavo Bilac. Tudo isso só foi conseguido por intermédio de seus irmãos, Eloy de Souza (político e jornalista) e Henrique Castriciano (escritor, poeta, ativo participante da vida política e social do RN), que incentivaram à irmã e divulgaram os seus poemas no Brasil e na França. Em 1936, a Academia Norte-Riograndense de Letras dedicou-lhe a poltrona XX, como reconhecimento à sua obra. O casarão onde a poetisa viveu em Macaíba passou por reformas e hoje abriga a E. E. Auta de Souza; no seu pátio está um busto em sua homenagem e também foi plantado um jasmineiro (o primeiro jasmineiro, plantado pela própria Auta foi destruído acidentalmente). Os poemas de Horto podem ser acessados e lidos no portal www.dominiopublico.gov.br/ À Alma de Minha Mãe (Natal, março/1895) Partiu-se o fio branco e delicado Dos sonhos de minh’alma desditosa... E as contas do rosário assim quebrado Caíram como folhas de uma rosa. Debalde eu as procuro lacrimosa, Estas doces relíquias do Passado, Para guardá-las na urna perfumosa, Do meu seio no cofre imaculado. Aí! se eu ao menos uma só pudesse D’estas contas achar que me fizesse Lembrar um mundo de alegrias doidas... Feliz seria... Mas minh’alma atenta Em vão procura uma continha benta: Quando partiste m’as levaste todas!

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POEMAS DE LUIZ ALEXANDRE KIKUCHI NEGRÃO Homenagem a Katsuzo Yamamoto (1909 – 1993) Abrangendo uma extensa área verde de Arujá, Perto de São Paulo, o Nippon reúne Famílias, Amigos e pessoas em busca da natureza, esportes e já Considerando o convívio social, boas novas pilha. Mais do que as atrações do Guarujá O Clube não tem praias e mar, mas flores como a tília, Ipês e cerejeiras nos bosques cuidados de um rajá. É um paraíso verde que se constata há milhas. No pôr do sol o céu com cor de cajá Faz contraste com o verde das matas. O esquilo rilha A comida esquecida nos quiosques. A noite vem já! O azul e o negro da noite fazem do Nippon uma ilha De luzes, festas e Pessoas. O torii diante dos inajás E o belo jardim mantêm a Cultura Japonesa nos Amigos e nas Famílias!

O Caminho da Espada Nos encontros únicos, aulas e lutas, o Kendô eleva a Pessoa. Entrementes, Os praticantes aprendem princípios, valores, purificação E vem o desenvolvimento pessoal. Não somente O Mestre, mas, em especial, o iniciante! É o Zen em ação! Mulheres, principalmente Em belos quimonos e protetores, com a ilação De manejar suas espadas de bambu e madeira em movimentos prementes Com muito kiai fazem o bom combate! E concluem com cumprimentos e meditação! A Energia do Ki se sente Com a Espada e, sobretudo, como uma Oração E se desenvolve a Mente. Durante anos o Caminho da Espada é percorrido com treino e dedicação, Trazendo harmonia a Espada, Corpo e Mente E paz e prosperidade às Pessoas em um só Coração!

Natsu Matsuri Equipe Artes Marciais. Foto: acervo Luiz A. K. Negrão

Luiz Alexandre Kikuchi Negrão: participou da bela Coletânea Histórica Para Sempre 32, volume II, com o artigo Os Ideais Democráticos de 1932, pela Editora Matarazzo. Escreveu poemas como Netos de Hiroshima e A Luiz Poças Leitão Júnior, o Pocinhas, e pende de publicação alguns no projeto Folhas Vivas, bem como elabora o projeto Coração Brasileiro, biografia autorizada pela família do saudoso Dr. Emeric Lévay. Publicou inúmeros artigos em sites jurídicos.

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Fotos: Ana Camargo e Gilberto Cantero


Elenco da peça “Homens, sede humanos!”

Literatura, livros, teatro, música e muitas interaçõES artíSticas A Editora Matarazzo e o Coletivo São Paulo de Literatura participaram da 17ª. Semana Nacional de Museus. Em 16 de maio, aconteceu o Sarau Cai na Roda, no Museu da Santa Casa de São Paulo. O Coletivo São Paulo de Literatura encenou Homens, sede humanos! Rousseau e a Roda dos Enjeitados, peça curta baseada em trechos autobiográficos da obra de Jean-Jacques Rousseau, de autoria da dramaturga Carmem Toledo. Foi a inclusão do teatro dentro da nossa tradicional hora de arte mensal no Sarau Cai na Roda. Também foi anunciado o concurso poético Dolores Duran: Arte das Palavras Femininas, contamos com a especial presença de Denise Duran, irmã da saudosa poetisa, compositora e cantora Dolores Duran (1930-1959). Homens, sede humanos! - Rousseau e a Roda dos Enjeitados também foi apresentada no sábado, 18 de maio, em duas sessões, no Museu da Santa Casa e no Museu do Tribunal de Justiça. No primeiro endereço, também foram lançados: o livro Abandonados na Roda: destinos - vol. II de Thais Matarazzo, e a revista Escritores brasileiros contemporâneos nº.4, houve ainda a entrega dos certificados e prêmios aos contemplado do concurso Roda dos Expostos em Versos, promoção da Editora Matarazzo e do Museu da Santa Casa. Já no segundo espaço, aconteceu o Sarau Dia das Mães e a entrega dos certificados do concurso homônimo, promovido pela Editora Matarazzo com o apoio cultural do Museu do Tribunal de Justiça SP sediado no lindo Palacete da Rua Conde de Sarzedas, 100, Sé. Foram três eventos fantásticos regado à poesia, música, amizade, arte e carinho.

Contemplados do concurso”Roda dos Expostos em Versos”

Sábado, 22 de junho, das 15 às 17 horas, Sarau Encontro São Paulo de Literatura, lançamento da antologia Versejando sem Fronteiras, premiação do concurso Dolores Duran: Arte das Palavras Femininas. Local: Museu da Santa Casa de São Paulo, R. Dr. Cesário Mota Júnior, 112, Vila Buarque. Próximo à estação Santa Cecília do Metrô (linha vermelha). Ingresso: R$10,00. Sábado, 29 de junho, das 15 às 17 horas, Encontro Escritores sem Fronteiras. Premiação concurso do Versejando com Imagens, lançamento da revista Escritores brasileiros contemporâneos n.º5. Local: Sala Sérgio Vieira de Mello, Câmara Municipal de São Paulo, Palácio Anchieta, Viaduto Jacareí, 100, Bela Vista. Grátis. Sábado, 13 de julho, das 14 às 16 horas, Encontro Escritores sem Fronteiras, lançamento da antologia Versejando sem Fronteiras, premiação do concurso Versejando com Imagens, lançamento da revista Escritores brasileiros contemporâneos n.º5. Local: auditório do Hotel Carioca, Av. Gomes Freire, 430, 2º andar, Lapa, Rio de Janeiro. Grátis. Domingo, 14 de julho, das 15 às 17 horas, Sarau AACLIP e Versejando sem Fronteiras. Local: Salão paroquial da Igreja Bom Jesus do Monte, Praia dos Tamoios, 45, Ilha de Paquetá, Rio de Janeiro. Grátis. Em agosto estaremos na Semana Literária Paulo Bomfim, Jornada do Patrimônio e na I Biental Literária de Taubaté, SP. Fique ligado! A cantora e compositora Dolores Duran (1930-1959) é a homenageada no concurso poético “Arte das Palavras Femininas”. Ilustração de Laura Maria.


GLAFIRA MENEZES CORTI

Continuei a escrever e a esconder. Tinha o pro-

pósito de um dia me expor mostrando os meus textos, apresentando-os através das letras

dançarinas, que ao som dos meus pensamentos e dos meus sentimentos formam palavras, cujos significados seriam desvendados pelo leitor.

Em todos os relatos que fazemos transparece como pano de fundo, cenário, a leitura que fazemos do mundo e das relações sociais. Quando essas ideias são respeitadas, ao

A escrita, a minha escrita, essa foi estimula-

da por um professor de português do antigo ginásio, que ao perceber no meu letramento falta da prática de leitura me orientou a ler Machado de Assis, uma vez por semana por pelo menos uma hora. Comecei por D. Casmurro, o título aguçou a minha curiosidade. A princípio tive dificuldades com o vocabulário, com contexto e com a colocação pronominal, porém achava genial o jeito que o narrador brincava comigo, leitora, argumentando veemente sinais de traição combinados com as indicações de ciúmes doentio de um marido desconfiado, ficava difícil me posicionar. Eu não acreditava no narrador nem na fidelidade da esposa. Li outras obras de Machado de Assis e me deliciava com o seu estilo e a perspicácia. Foi então que a convite do professor de português resolvi participar de um concurso de redação entre as escolas. Ganhei! Aí que comecei a escrever em qualquer papel que cruzasse o meu caminho, escondido, engavetava-o após reler, sem me preocupar em corrigir. Tinha a impressão de que se o corrigisse mudaria a ideia original. Timidamente fui escrevendo e arquivando por achá-los simplórios e às vezes piegas. Os amigos pediam para eu escrever mensagens para aniversário, para casamento, mensagens de amor, mensagens de natal e cartas. Passava horas nessa tarefa que me trazia satisfação, calmaria a tantos pensamentos que se cruzavam na minha cabeça e uma certa vaidade pelos elogios dos destinatários. Na universidade ao ter contato com os clássicos da literatura a timidez piorou, eles eram o máximo.

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serem apresentadas elas crescem, a criatividade é liberta, se torna procriadora de textos cujos significados fazem sentido para o escritor e para o leitor. Isso transcorrido, ajeitam-se as regras gramaticais, a coesão e a coerência se harmonizam. Acontece então o processo de escrita e leitura, a criação do texto fica eficiente, integral. Nesse ano que passou, 2018, deu-se o meu processo particular, individual de escrita e lancei na Bienal Internacional do Livro, no Anhembi, os meus dois livros solos: Tamborilando com Letras e Pra você. O Sindicato dos professores (APEOESP) locou um estande para os professores escritores filiados apresentarem as suas produções literárias o que oportunizou a exposição das minhas obras nesse evento.

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ISIS SAN A autora lançou seu primeiro livro: Brincar e Sonhar - poemas para crianças, edição bilíngue, traduzido para o espanhol por Cidália Vieira. Ilustrado a partir de recortes e colagem pela própria autora. A escritora incentiva à leitura e o processo de alfabetização e letramento, descrevendo o universo infantil com diversão e imaginação. Os poemas estão em letras maiúsculas. Isis San é pedagoga formada pela PUC-SP, pós-graduada em Politicas Públicas pela UNIFESP, membro titular da ACL, professora da PMSP, paulistana, tem dois filhos que são personagens de suas histórias infantis. A escritora seguirá com a divulgação do seu livro no Rio de Janeiro no Encontro Versejando sem Fronteiras, projeto da Editora Matarazzo e do grupo Escritores sem Fronteiras, nos dias 13 e 14 de Julho, no auditório do Hotel Carioca, na Lapa, e no Sarau AACLIP, na Ilha de Paquetá. Realize uma tarde de autógrafo na sua escola ou Feira Literária. E-mail: isisdeusagrega@bol.com.br e Facebook: Isis Santana Beijinhos Amanheci tão cinza Solitária NÓ na garganta Coração apertado Dor insuportável Vontade de fugir para qualquer lugar Então, corri para cozinha. Necessito de beijinhos Só me resta uma pergunta! - Alguém quer fugir comigo?

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Brigadeiro Eu brigo por um brigadeiro Mas se você me der Eu digo: - Obrigadeiro! BRIGADEIRO YO PELEO POR UN BRIGADEIRO PERO SI TÚ DARME YO TE DIGO: - ¡OBRIGADEIRO! BESOS TIERNOS AMANECÍ TAN GRIS SOLA NUDO EN LA GARGANTA CORAZÓN APRETADO DOLOR INSUPORTABLE GANAS DE HUIR PARA CUALQUIER SITIO ENTONCES, CORRÍ HACIA A LA COCINA NECESITO BESITOS - ¡SÓLO ME QUEDA UNA PREGUNTA! - ¿ALGUIEN QUIERE HUIR CONMIGO?

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NASCE UMA ESCRITORA Hilda Milk é Guerreira Xue, um avatar em criado em 2008 na plataforma online de nome Secondlife. Não foi por acaso que a autora adotou esse nome para escrever e desvendar os mistérios da alma humana, num lugar onde todos tem aparência jovem, mas cada um traz dentro de si um mundo de histórias velhas vividas e sofridas. Na época, era uma senhora já na casa de seus quarenta e poucos, a Hilda de repente se viu dentro de um mundo novo sem referência alguma ou conhecimento, uma verdadeira estranha num mundo alheio. Não foi difícil perceber que no mundo virtual nascia a Guerreira Xue. Nesse lugar estava livre para ser o que quisesse ou pudesse. Porém era necessário aprender o mínimo que fosse, pois até se vestir era difícil. A seguir foi à exploração da plataforma, porque o Secondlife permitia acesso para todos os Países existentes dentro do metaverso. Disponibilizados os tradutores universais, a comunicação básica era estabelecida em qualquer idioma. Os grupos se juntavam em terras públicas e viabilizavam as conversas em chats de grupos ou num chat geral mesmo. Essa virtualidade era um mundo de grandes metrópoles construídas, com universidades importantes e hospitais, muitos centros de estudos. A Guerreira Xue conheceu muitas culturas e em algumas, Espanha, Itália, Japão, Egito, etc. era aceita com cordialidade, outras nem tanto. Primeiro foi a fotografia, pois o universo em 3D tem uma qualidade gráfica de cinema, e é fantástico! Depois aconteceu o encontro com fotógrafos e pintores, professores,

No domingo, 19 de junho, Thais Matarazzo e Gilberto Cantero foram entrevistados no programa “Cantares de Além Mar”, apresentado por Marta Perin e Jefferson Silveira, na Rádio 9 de Julho AM de SP, vai ao ar todo domingo das 8 às 9h30 (www.radio9dejulho.com.br). Cipriano Gomes,

designers, construtores e artistas reais dentro do universo online. Estudantes faziam teses de mestrado ou doutorado em artes visuais. Guerreira Xue acabou por se fixar com a comunidade portuguesa, que mantém um Sim até hoje da Universidade de Aveiro, e que disponibiliza o seu espaço para estudantes da Universidade Aberta do Brasil. “Foi a Guerreira Xue que tirou a escritora, que estava muito tímida dentro de mim, e essa saiu com tanta força que não tem mais como voltar atrás”. Depois desses anos de estudos e aprendizados, de aluna para mestra, a escritora ainda anda pelas redes sociais, mas agora é diferente, pois essa que antes veio só, agora vem com bagagem, se faz respeitar e valorizar a própria pessoa. A Guerreira Xue frequenta as plataformas virtuais, o Secondlife.com e o Osgrid.org. “A maior importância da virtualidade é o mergulho que fazemos dentro de nós mesmos”.

HOJE Quero ser amada por você Tu serás meu mundo E eu o seu, por algum tempo Todo dia morro Para logo ressuscitar Nos teus braços Assim como o sol rodeia a terra Fazendo a sua trajetória Nós completamos também O nosso ciclo juntos As estações passam Mas voltam Podemos não passar Ou quem sabe não voltar Das horas eu não sei. Só sei que tenho a eternidade Que Contigo passei.

da programa “Carevela do Fado” também esteve presente atendendo os telefonemas dos ouvintes. Na técnica estava Cícero Lima (foto acima). Thais e Gilberto destacaram as atividades literárias e culturais da Editora e anunciaram o Sarau do Ó. Fotos: Gilberto Cantero


POEMAS DE CRIS ARANTES DESAMOR Nosso amor era cristal Brilhava como os seus olhos Suave como a luz das estrelas Intenso como a luz do sol Os anjos tocavam harpas Nas montanhas de nuvens As cores do Arco-íris cintilavam Para festejar nossos encontros Os céus se iluminavam Com a vibração dos carinhos Um dia veio uma tempestade Arrasando tudo que encontrava Sabe-se lá de onde, incontrolável Invejou as flores que se abriam no nosso caminhar Os passarinhos que cantavam para nos acordar Não pudemos fazer nada A tempestade era mais forte que o nosso amor! Viagem Teus olhos distantes Olhando o céu Não perceberam A minha presença Nem qual era meu papel Viajavam nas nuvens Entretidos com as figuras Que se formavam Como elas se aglutinavam Com os ventos do sul Imagens que faziam Com o que o cercava Não ter importância Fiquei a esperar teu momento Tentei acompanhar-te Quando vi que nessa viagem Não seria possível Soltei minhas asas E voei

Outono As folhas estão caindo Aos montes espalhadas Pelo chão ocreado Árvores ficarão peladas Ruas lotadas, coloridas De folhas secas É o ciclo, dias amenos Noites frescas e gostosas Outono chegou, renovação Renove o teu coração Olhe para dentro de si Faça como ele Tira os excessos Faz uma limpeza Para florir Na primavera

ERA CRISTAL O amor era grande, o alicerce não, era de papel Veio a enxurrada e levou Não sobrou nada, foi tudo para o chão, despencou morro abaixo Ficou preso no vão Entre o sopé E um vagão abandonado Que desilusão Falsas ideias Alheias à realidade Sucumbem no asfalto Dilaceram planos Sabotam romances Emergem na loucura do desamor

Maria Cristina Arantes (Cris Arantes): professora licenciada em Pedagogia. Poeta, cantora e musicista. Possui um CD Só por amor, onde musicou treze poemas. Postagens de poemas em redes sociais e apresentações em Saraus Literários e Musicais. Participou de quatro Antologias pela Editora Matarazzo: Poesias Contemporâneas volumes IX-X, Baila comigo? e Carnaval em Prosa & Verso, e das três edições da revista Escritores brasileiros contemporâneas; e da Antologia Para Vinícius da Editora Do Carmo. É membro titular da ACL, cadeira 12: Florbela Espanca.

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Olá amigos do Matarazzo em Foco, o Clube do Choro de Santos informa: o evento do Dia Nacional e Municipal do Choro em abril último foi um sucesso, graças a Deus, tudo nos trinques. Os encontros que tivemos no Valongo, música ao vivo e passeio de Bonde Turístico; no Calçadão da Rua XV o lançamento dos livros da Editora Matarazzo; na sede do Clube do Choro de Santos a exposição e roda de choro; no Teatro Guarany o show de Canhotinho do Demônios da Garoa, Luizinho 7 cordas, Arnaldinho do cavaco e convidados; e no Museu Pelé agradaram em cheio ao público presente. Resumo da ópera: objetivo atingido mais uma vez. Parabéns a todos os amigos e convidados que nos deram a honra da presença. As tradicionais rodas de choro das quintas-feiras prosseguem normalmente sempre contando com a presença dos músicos que nos prestigiam e, vez que outra, com um convidado especial. No dia 23 de maio tivemos também exposição fotográfica a cargo do nosso diretor musical Jorge Maciel e do nosso particular amigo e colaborador dr. Francisco Neto. No dia 25 de maio tivemos o privilégio de receber em nossa sede o Grupo Choro das Três para uma apresentação magnífica. As meninas arrebentaram, sempre muito festejadas, fizeram grande sucesso. Foi apresentado e já está na sede à disposição dos amigos e convidados o móvel expositor do nosso acervo contendo as seguintes peças: sobretudo do compositor Garoto, chapéu autografado do saxofonista Paulo Moura além do chapéu e do couro da cuíca também devidamente autografado por Osvaldinho da cuíca. Abraços a todos e até a próxima edição.

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A Editora Matarazzo esteve presente na festa comemorativa dos 20 anos da Academia Taubateana de Letras, ATL, em 31 de maio passado. O evento teve lugar no auditório da Santa Casa de Misericórdia de Taubaté. Fotos: Maria Marlene N. Teixeira Pinto.

No domingo 26 de maio o Coletivo São Paulo de Literatura apresentou o Sarau do Ó na Praça Antônia Picerne Espinosa, na Freguesia do Ó. O evento contou com o apoio da Prefeitura Regional Freguesia / Brasilândia

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São Paulo

de todos os tempos

Geraldo Nunes Jornalista, radialista e escritor. Participa das coletâneas da Editora Matarazzo desde 2016.

TRENS E EMOÇÕES Trens e ferrovias deveriam fazer parte dos temas do nosso cotidiano e não um assunto para evocar emoções que ficaram no passado. Quando me lembro das viagens de trem da minha infância partindo da Estação da Luz em longas e demoradas viagens até Araraquara, onde tínhamos parentes, recorro a um livro guardado em minha biblioteca particular chamado As Ferrovias do Brasil, ilustrado por imagens tiradas de cartões postais do colecionador João Emílio Gerodetti e textos do jornalista Carlos Cornejo. Ali aparecem locomotivas, estações e até um vagão-restaurante da época onde aguardávamos não propriamente os pratos do cardápio, mas os refrigerantes e as guloseimas da sobremesa. Garçons e cozinheiros com chapéu de mestrecuca, dentro do trem, fazem parte das recordações dessas viagens repletas de boas lembranças acontecidas entre a metade e o final dos anos 1960 nas composições de passageiros da Santos-Jundiaí (antiga São Paulo Railway) e Estrada de Ferro Araraquara. Ao desembarcar na cidade éramos conduzidos de charrete até a casa dos nossos tios. Tempos depois, a companhia estatal Fepasa abraçaria para si todas essas ferrovias em funcionamento no Estado de São Paulo, dando início à decadência do trem. Na década de 1980, já trabalhando como jornalista na assessoria de imprensa do Palácio dos Bandeirantes e ao visitar vez por outra Araraquara, pedia para o motorista que desse um jeito de passar em frente à estação ferroviária para que eu matasse saudades. Naquele período os trens de passageiros ainda circulavam, mas com baixa procura. O então governador Franco Montoro tinha um projeto intermodal de transporte que previa a

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junção da Hidrovia Tietê-Paraná com os trens da Fepasa para o escoamento da safra agrícola voltada à exportação até o porto de Santos para exportação, mas a tradição do País de priorizar o setor rodoviário em detrimento do trem. Sem conduzir cargas e com uma demanda pequena de passageiros, a Fepasa encerrou suas atividades e sua massa falida foi parar nas mãos da Rede Ferroviária Federal. Hoje a estação de trens de Araraquara está abandonada e ao seu redor vagões de vários tipos apodrecem ao relento. Para não ficar triste observando essa situação recorro às páginas de As Ferrovias do Brasil, um livro de arte e conteúdo literário, editado em 2006, com recursos obtidos através da Lei Rouanet de incentivo à cultura, por sinal, ainda muito importante para o enriquecimento de nossa literatura. Buscar emoções através dos livros continua sendo um dos meus divertimentos favoritos e motivo para evocar alegrias.

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