Escritores brasileiros contemporâneos - n. 14 - agosto/2020

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Escritores brasileiros contemporâneos REVISTA LITERÁRIA-ARTÍSTICA

EDIÇÃO 14

Nº. 14

Agosto/2020


EXPEDIENTE

EDITORIAL

Revista pertencente à Editora Matarazzo. Email: livros@editoramatarazzo.com / thmatarazzo@gmail.com Telefone: (11) 3991-9506. CNPJ: 22.081.489/0001-06. Distribuição: São Paulo - SP. Diretora responsável: Thais Matarazzo - MTB 65.363/SP. Depto. Jurídico: Tatiane Matarazzo Cantero. Periodicidade: mensal. Formato: digital. Capa: Aquarelas de Karina Issamoto.

A opinião e conceitos emitidos em matérias e colunas assinadas não refletem necessariamente a opinião da revista Escritores brasileiros contemporâneos. Contatos livros@editoramatarazzo.com www.editoramatarazzo.com.br www.facebook.com/editoramatarazzosp www.instagram.com/editoramatarazzosp

A edição de agosto está excelente: com colaborações de Geraldo Nunes - nos traz uma homenagem ao saudoso radialista e jornalista José Paulo de Andrade; Ricardo Cardoso, Thais Matarazzo, Luiz Carlos Borges, Ricardo Hidemi Baba, Ana Lúcia Lopes Meira, Karina Aldrighis e Alessandra Bononi. Outro destaque é a programação do projeto Cirandando de Literatura com organização de Demézio Batista, curadoria de Veronica Marcilio, e patrocínio da Editora Matarazzo. Já está no ar o concurso poético Versejando com Imagens, organização da Matarazzo, Coletivo São Paulo de Literatura e das Fotógrafas Marcia Costa e Nana Tavares. Participe! E dois presentes para os nossos leitores: no mês de setembro teremos uma entrevista com o humorista e escritor Hélio de la Peña; e em outbro será a vez da atriz e diretora de teatro infantil Gigi Anhelli, apresentadora do Bambalalão da TV Cultura.

Foto: divulgação

Foto: divulgação

Edição 14 - Nº 14 - Ano II - Ago/2020.

Hélio de la Peña

Gigi Anhelli




Eu queria ser menino pra sempre, brincar e correr no meu mundo de criança, um mundo sem maldades, sem preconceitos, onde a única preocupação era o que fazer no dia seguinte. Eu queria ser menino pra sempre no mundo que criei com heróis, pessoas felizes, amiguinhos imaginários e que me faziam companhia quando estava triste. Este mundo existia na vida do eu criança, com borboletas, pássaros, insetos, lagartos e até sapos, os quais faziam parte das minhas histórias. Eu queria ser menino pra sempre, andar de cavalo feito de cabo de vassoura, um pedaço de pau como espada, andar de pernas de pau, carrinho de rolimã, bater pneu faixa branca apostando corrida, fazer do guarda-chuva um paraquedas e brincar com o meu cachorro. Eu queria ser menino pra sempre, queria ficar procurando imagens nas nuvens, ver quanto tempo conseguia ficar olhando pro sol, ficar preso atrás da janela esperando a chuva passar, ver a revoada das andorinhas e pardais no por do sol, procurar nos arbustos grilos, louva deus e gafanhotos e correr atrás dos lagartos. Eu queria ser menino pra sempre, ir à escola, conversar com meus amiguinhos, ver meus professores e comprar um sorvete de abacate no Tio Zé, queria sen-

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Ricardo Cardoso

tir novamente o barro vermelho na minha conga azul marinho, guerrinha de mamona, pega -pega, uma cabana na árvore e o pipa voando no céu. Eu queria ser menino pra sempre, esperar minha mãe fazer o bolo pro café da tarde, vê-lá cantar, andar de mãos dadas, rever os primeiros passos do meu irmão caçula, tomar banho na bica, jogo de bola de meia e até pegar catapora, ficar de castigo quando aprontava, fazer carrinho com tampinhas e lata de sardinha e brincar de correr no meu mundo de criança. Eu queria ser menino pra sempre, tocar campainha e sair correndo, roubar goiabas no japonês, comprar doce no armazém da dona Maria, escorregar no barranco do córrego, me pendurar nos bambus e fazer bonequinhos de barro. Ah, como eu queria ser menino pra sempre, não ter a preocupação de um adulto, enfrentar tantas desigualdades, tantas maldades, tantos “EU”, tantas cobranças, tantas mentiras, tantas ganâncias e tantas indiferenças, no mundinho do eu criança, não sofreria por amores, filhos e tudo mais, seria só histórias imaginárias com heróis e pessoas felizes brincando com o cachorro no mundo imaginário da cabeça do eu criança...

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pra sempre

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Menino

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C aiu

a noite ***

*** Poema inspirado na pintura Uma noite à beira mar (1887) do pintor belga Alfred Steves (1823 - 1906). Domínio público.

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A noite está clara Veja quantas estrelas No céu lampejam A lua está minguante Há tantas velas no horizonte Só não vejo você… Só não tenho você… As pessoas vão ao mar Algumas vão pescar, Outras navegar, Algumas molhar os pés, E eu? Só posso contemplar! Neste perfeito cenário Queria ter o seu peito Para nele me aconchegar. Brilharmos como duas estrelas As nossas almas serenas E poder te beijar… beijar! Eu queria contigo estar Agora estou a te desejar Nesta noite à beira mar. Meu pensamento voa Os quatro quadrantes Desse mundo, Desse oceano, Procurando te laçar Aonde você estará? A madrugada chegou!

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Thais Matarazzo

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São Paulo de todos os tempos Geraldo Nunes Jornalista, escritor e blogueiro, participa das publicações da Editora Matarazzo desde 2016.

lidade nas coberturas e postura ética nas atitudes. Não deixava barato e nunca o vi pedir desculpas a alguém. Depois sim, que a poeira baixava, vinha com um afago.

José Paulo de A ndrade fazia jornalismo sem

preconceito :

C onheça

essa e outras histórias

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Convidado para cobrir as férias de Ivan Quadros como repórter das estradas da Rádio Bandeirantes, em 1984, José Paulo se tornou para mim, com o passar do tempo, mais que um mestre. Foi quase um irmão. Durante a internação do presidente eleito Tancredo Neves no Instituto do Coração, em 1985, o país acompanhava atento aqueles acontecimentos. José Paulo não teve dúvidas ao me colocar posicionado em frente ao Incor, revezando com outros repórteres na busca de notícias.

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Conheci José Paulo de Andrade em 18 de maio de 1984, dia em que ele completava 42 anos, em uma roda de amigos

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José Paulo de Andrade será sempre um exemplo de como se faz bom jornalismo no rádio. Foi ele o grande incentivador da maioria dos jornalistas que tiveram passagem por nossas emissoras ou que de algum modo estiveram em contato com ele no Grupo Bandeirantes. Prova está na grande quantidade de postagens feitas pelos colegas, após seu passamento na sexta-feira, 17 de julho passado, contando acontecimentos interessantes da profissão, onde o mestre é citado, de modo carinhoso. Não pensem, entretanto, que conviver com José Paulo de Andrade era fácil. Intempestivo, sempre cobrou com veemência dos profissionais que atuaram com ele, qua-

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“A Bandeirantes tem um prefixo mais forte que o da Eldorado e você pode depois se arrepender”, me explicou. Aleguei que estava saindo para crescer, meu sonho era ser o José Paulo de Andrade da Rádio Eldorado. Nessa emissora apresentei entre 1994 e 2008 um programa chamado De Olho na Cidade. A finalidade desse programa, com início às 5 horas da manhã, era antecipar as notícias e a prestação de serviços antes que o Pulo do Gato e assegurar audiência para o Jornal Eldorado. Antes da estreia telefonei para o José Paulo e contei que iria fazer um programa nos moldes daquele que o consagrou. “Você ficará com raiva de mim?” Perguntei. Do outro lado da linha, o mestre sorriu e disse: “Absolutamente”! Me desejou boa sorte e brincou: “Vou chamar teu programa de Pulinho.” Vez por outra ele me telefonava perguntando: “Como vai o Pulinho”? Nosso último contato pessoalmente aconteceu em 2018, no lançamento do livro de Claudio Junqueira: “Esse Gato Ninguém

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Ele não levou em conta o fato de um paraplégico estar segurando o microfone de uma emissora tão importante como a Rádio Bandeirantes. Neste momento em que se discute tanto a questão do preconceito, José Paulo de Andrade dava exemplo, 35 anos atrás. Ele permitiu que eu entrasse naquela batalha em busca da notícia debaixo do sol, do frio e da chuva, durante 25 dias, como qualquer outro porque acreditou no meu trabalho. Aquela cobertura talvez tenha sido a mais importante da minha carreira, pois me valorizou como pessoa e como profissional. Senti que a partir dali, obtive mais respeito dos colegas dentro e fora da emissora, atuando com eles de igual para igual. Chefias elogiaram na época meu poder de síntese. Fiquei feliz, claro. Um dia precisei deixar a Rádio Bandeirantes para ganhar asas e voar. Me transferi para a Rádio Eldorado, convidado que fui para ser o repórter aéreo, quando tal função se mostrava uma novidade. José Paulo deu o contra na época, alegando que eu estava fazendo um caminho inverso.

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Quem também aparece nessa foto é Suely Longue, segunda esposa de José Paulo de Andrade, que bem soube cuidar dele após a efizema pulmonar que o acometeu durante anos, se agravando com a chegada do coronavírus

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Vi pela primeira vez naquela noite, um José Paulo emocionado com tantos admiradores em sua volta para saudá-lo. Sentado ao lado do autor e do grande companheiro de tantos anos, Salomão Ésper, também me emocionei ao rever o mestre.

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Foto tirada em 1995 durante apresentação do De Olho na Cidade, carinhosamente chamado pelo mestre de Pulinho

Nessa mesma foto, abaixo à esquerda, está de pé ao meu lado, Thiago Uberreich, apresentador do Jornal da Manhã, da Jovem Pan. De fato, profissionais de todas as emissoras se congraçaram naquela noite para homenagear o líder de audiência de todas as manhãs. Passei a seguir José Paulo de Andrade no Twitter e depois prosseguimos trocando ideias pelo Whatsapp. Discordâncias entre nós sobre os assuntos de política voltaram a acontecer. Rebatido com veemência pelo Zé, novamente senti nele a garra de quando era meu chefe e adorei aquilo. José Paulo de Andrade me foi apresentado por Alexandre Kadunc que ele chamava de “mestre de todos nós”. De lá para cá nossa amizade cresceu e se manteve. Sua ausência significa uma lacuna que jamais será substituída! A frase é bem batida entre os radialistas, mas exprime uma grande verdade. A falta dele na programação da Rádio Bandeirantes será sempre sentida, assim como se deu na perda de Vicente Leporace.

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Segura – 45 anos de sucesso do programa de rádio”, obra onde sou citado.

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Depois de O Trabuco, veio o Jornal da Bandeirantes Gente, mas de agora em diante, os laços dessas tradições estarão para sempre rompidos. Nossa querida emissora do Morumbi precisará buscar nova linguagem, um novo formato, nada mais será como antes. No Rádio, ninguém sobrevive apenas da audiência, é preciso oferecer conteúdo à informação. Exemplo recente é o da Rádio Globo/SP que se esvaiu mesmo tendo sido líder de audiência anos a fio, em São Paulo. José Paulo de Andrade deve agora estar sendo recepcionado no céu pelos ouvintes que partiram antes dele.

Tieko Suma, é uma delas. Assídua ouvinte tem história especial. Paraplégica como eu, certa vez me telefonou na Sala de Imprensa da Polícia Militar, onde dava plantão, pedindo para que eu a apresentasse ao José Paulo. Fã do programa Pulo do Gato, queria conhecê-lo pessoalmente. Liguei para o chefe que me autorizou levá-la a um evento onde ele estaria presente. Fiz isso e me sinto honrado por ter cumprido para a Rádio Bandeirantes também essa tarefa. Tieko partiria logo depois. Espero que agora haja um feliz reencontro deles lá nas alturas, onde os helicópteros não chegam, ao lado de tantos outros ouvintes. Saudades para sempre de Tieko Suma e José Paulo de Andrade, agora irmãos no céu.

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no

CIEJA Profª. Marlúcia Gonçalves de Abreu Luiz Carlos Borges

No meu modesto percurso como professor de História desde 2014 no CIEJA PROFA. MARLÚCIA GONÇALVES DE ABREU, situado no Bairro de São Mateus, na Zona Leste da cidade, venho entusiasmando-me permanentemente pelas ações pedagógicas que se materializam de um modo muito significativo a partir das propostas que lanço e das respostas dadas por muitos estudantes nas interações dialógicas travadas nos processos de mediação pela docência. Assim, consigo visualizar com clareza que as atividades teórico – práticas embasadas pelo Currículo da Cidade permitem que se destaque em sala de aula “temáticas decoloniais” que se esforçam por transpor com clareza uma concepção de educação emancipadora e permanente, sem se perder de vista os conhecimentos prévios trazidos pelos estudantes e uma visão mui-

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percurso como professor

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acerca de meu modesto

tas vezes cristalizadas do processo de ensino e aprendizagem e dos conteúdos programáticos que devem ser abordados. Nesse sentido, a partir dos diferentes projetos que venho tendo a oportunidade de participar ativamente e ter sua implementação, desenvolvimento e avaliação efetivados graças as parcerias com colegas de diferentes áreas do conhecimento, sigo apostando e defendendo a ampliação da visão de mundo dos estudantes a partir de leituras críticas que são motivados a empreender pelo contínuo estudo, reflexão, pesquisa e interpretação da realidade, que muito me motivam, justamente por estarem situadas no combate ao racismo, à misoginia, à intolerância religiosa, ao preconceito de pertencimento, à xenofobia e a homofobia. Assim, trago como bandeira no meu enredo como professor a perspectiva de escola enquanto locus privilegiado de transmissão, mas, para além disso de crítica dos conhecimentos historicamente produzidos pela humanidade, assim, no CIEJA, tenho a grata oportunidade da convivência com a riqueza da heterogeneidade de faixa etária, com o desafio das plurais condições cognitivas e com múltiplos contextos de realidade social dos estudantes periféricos enquanto sujeitos de direito, o que muito vem me enriquecendo enquanto ator social, educador e historiador.

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Algumas considerações

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Ricardo H. Baba: portador de paralisia cerebral, 35 anos, praticante de filosofia budista, escritor, filósofo e poeta. Graduou-se em Filosofia na Universidade Camilo Castelo Branco – Unicastelo, e também cursou pósgraduação em Psicologia Política na USP (Universidade de São Paulo), considera essa a sua maior conquista. Diretor na Associação da Casa dos Deficientes, ACDEM, de Ermelino Matarazzo. Autor dos livros: A vida em poesia, Eternos sentimentos, A magia de viver, Lembranças e Pensamentos livres.

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Sempre acreditei não haver preconceito, mas me deparei com este triste fato. Em um dia, uma colega chegou em sala de aula abalada devido a frases racistas e chulas escritas nas portas dos banheiros da faculdade. Fiquei indignado! O fato parecia prever! Meses depois, iniciava-se um módulo, o qual por ironia se chamava “cidadania”. O professor simplesmente ignorava minhas intervenções. Foi um módulo difícil sem poder perguntar tampouco se manifestar, fato que me incomodava. Acontecer isso em um curso de nível superior, para mim, seria inaceitável. Para finalizar a matéria em questão, o famigerado professor propôs um seminário como avaliação. A apresentação seria o desafio, mais um em minha vida! Chegou o último dia e o momento da minha apresentação. Tive problemas com software, aumentando meu nervosismo, mas um colega me ajudou! Comecei a explicar meu trabalho e o professor sequer se esforçava para com-

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Ricardo Hidemi Baba

preender minha fala, ele conversava com outros alunos, postura completamente incompatível para a função de docente. Mais uma vez, outra amiga interveio e passou a apresentar o seminário comigo, buscando me auxiliar devido a minha dificuldade de fala, mas o comportamento do dito professor persistiu. Concluí minha exposição, e assisti as outras apresentações. Voltei para casa no silêncio da tristeza e da reflexão. Percebi que já havia passado por momentos discriminatórios e, mesmo não considerando preconceito doeu, mas superei. E, desta vez, não seria diferente. No dia da minha defesa de tese, avistei o professor e apenas acenei! Eu concluí o curso, havia vencido! Discriminação existe e precisa ser superada!

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Preconceito

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L a n çamento recente da editora Matarazzo, a antologia poética Poesias Noturnas conta com a participação de cinco autores, entre eles, a jornalista e editora Thais Matarazzo; a também jornalista e autora Márcia Villaça da Rosa; o escritor Ricardo Baba (atual diretor da ACDEM - Associação da Casa dos Deficientes de Ermelino Matarazzo); o autor Galdino Campos e, finalmente, o poeta e jurista Luiz Alexandre Kikuchi Negrão. O projeto literário é uma iniciativa cultural da editora Matarazzo, a qual vem se destacando no segmento literário por investir em novos talentos e despertar o fomento, a leitura e a expressão artística. A editora Matarazzo também promove concursos literários, saraus, e outras atividades culturais para que escritores encontrem seu lugar no

disputado mercado editorial. Mesmo diante da instabilidade sócio-política e econômica que assola o Brasil, diante da pandemia do corona vírus, entre outras dificuldades, os participantes desta antologia, por meio da expressividade poética, procuraram trabalhar com mensagens positivas inspiradas nos mais diversos temas. A autora Márcia Villaça da Rosa, em particular, contribui com sua participação nesta antologia homenageando o poeta de origem inglesa Wiliam Worsdworth (1770 - 1850), poeta do romantismo na Inglaterra, importante personagem da Literatura Inglesa. Com o poema The Old Beggar In Cumberland (alcunha dada ao escritor), Márcia rememora Wordsworth, colega de Samuel Taylor Coleridge. A jornalista entrou em contato com a entidade sem fins lucrativos William Wordsworth Trust, localizada na Inglaterra, em Dove Cottage, local de moradia do autor e de sua irmã. Márcia Rosa também trabalhou na antologia Poesias Noturnas representantes de relevância da poesia francesa, tais como Jean Arthur Rimbaud e Paul Verlaine - poetas amigos e confidentes, com uma história muito peculiar - fica ao leitor a possibilidade de fazer a sua leitura crítica dos poemas de todos os autores participantes, com o intuito de desenvolver sua criticidade e sensibilidade.

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Poesias N oturnas

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Eduardo

dos

S antos

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Músico amador e autodidata, Eduardo comparece há vários saraus e eventos culturais sem fins lucrativos. Sempre marca presença com seu violão e voz melodiosa no Sarau Cai na Roda, no Museu da Santa Casa de São Paulo, e nas bibliotecas públicas. E-mail: ude5150@gmail.com Facebook: eduardo.dossantos.52438174

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Contatos E-mail: kapera@bol.com.br WhatsApp: (12) 98149 1826 Intagram: @kadriatelier

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As aquarelas que ilustram a capa desta edição de Escritores brasileiros contemporâneos são da poetisa, escritora e artista plástica taubateana Karina Aldrighis. Ela costuma postar no Facebook e no Instagram os seus artesanatos e pinturas. Quando vimos as suas aquarelas, ficamos encantados e, no mesmo momento, contatamos a artista para que autorizasse o uso das imagens para a nossa capa de agosto. Ela topou! Aldrighis é autora do livro infanto-juvenil de poesias Ninho de Borboletas, edição bilingue, com tradução de Leandro Monteiro, lançado em 2018 pela Editora Matarazzo. Amante da Literatura e das Artes, ela nos conta. “A Aquarela está para a Pintura, assim como a Poesia está para a Literatura! É

uma manifestação artística sutil, leve, etérea… como uma nuvem, uma bruma, uma névoa… A tinta se espalha, escoa, esvoaça pelo papel, incorporada pela água escorregadia e absorvente, impregnando suas fibras celulósicas com cores extasiadas e vibrantes, ilustrando imagens, paisagens, cenas corriqueiras, e tudo aquilo que o Artista queira transmitir, com sutileza e elegância! Eu adoro pintar Aquarelas! E desejo, do fundo de meu coração, que todos os seus observadores captem e sintam junto a elas toda a beleza e magnitude que através delas eu, ou qualquer outro Artista, deseja transmitir!”. Gratidão à Karina por sua participação em nossa revista.

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N ossa C apa

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Ana Lúcia Lopes Meira Bibliotecária Qualquer quer seja a atividade que venhamos a desenvolver no percurso das nossas vidas, sempre é bom acreditar, que faremos porque tem um significado importante que dá sentido ao nosso existir. Num instante, ou, fração de segundos podemos de maneira imperceptível ser o espelho para alguém, ou, alguém se tornar espelho para nós. Quando isto acontece, os nossos fazeres faz sentido, bem como as nossas dúvidas nos instigam a procurarmos as respostas por algo que não compreendemos ou deixamos de compreender. Procurar entender o mundo que nos

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Leitura

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de

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Mediação

cerca é que provoca a busca pelo conhecimento e consequentemente o interesse pelo livro. Porém, vem sempre a memória o tempo da infância, o tempo das descobertas. A cena que trago nessas lembranças, tais como: fogão a lenha, tacho de ferro, colher de pau, leite de vaca, Minas Gerais, e a expressão “dar o ponto” informando que o doce estava pronto. Não se trata de uma biografia, mas trago como um fio condutor para explanar sobre a experiência de realiza mediação de leitura com crianças e adolescentes tendo a formação em biblioteconomia. Nas ações de promoção e incentivo à leitura para o público infanto-juvenil, na atuação como bibliotecária, foi possível observar que as crianças em particular sentem-se entusiasmada pelo objeto livro. Quando oferecermos um texto, e este proporciona atribuição de sentido, seja por meio dá palavra, ou, frase contida na narrativa, as visitas à biblioteca tornam-se mais frequente porque não dizer prazerosa. Encontrar o livro certo num momento da busca interna ou para um fim específico traz uma imensa satisfação para aquele que está à procura. O encontro com a leitura provoca: inquietação; alegria; desejos de realizar projetos; viajar

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e pesquisa de informações, cujas necessidades vão se sentido”. Pensando sobre esta ideia de biblioteca há mais de vinte anos atuo com a premissa da biblioteca com ações interativas, embora tenha passado por instituições distintas, sempre foi possível desenvolver uma ação de interação entre pessoas e livros. No entanto, despertar interesse de leitura em adolescentes e jovens é considerado um grande desafio. Esta inquietação de ampliar o interesse pelo livro, consequentemente pela literatura, nos movem a conquista de novos leitores para biblioteca que instiga o bibliotecário preocupado com esta questão buscar solução. Ele procura realizar pesquisas; estudar maneira de desenvolver seu trabalho; propor ações que possa despertar interesse do público; fazer trocas de experiência entre os pares da profissão; estabelecer parcerias com os professores. Arrumar uma maneira e tempo para participar dos coletivos de literatura e clubes de leituras, estabelecer contatos com artistas e pessoas interessadas na difusão do livro. A proposta sempre será uma ação que visa atrair e despertar interesse das crianças, dos adolescentes, dos jovens e adultos pela leitura e vir participar das ações promovida pela biblioteca.

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para lugares imagináveis; entre muitas outras possibilidades que o livro possa oferecer. A narrativa contida no livro pode trazer mais sentidos quando se relaciona com as nossas referências culturais. Ele pode nos remeter a uma cena atemporal onde pode ser um lugar confortável de estar. Esta possibilidade faz da biblioteca um local propício para estar também, por reunir diversas obras que possibilitam diálogos. Evidentemente contando com serviços oferecidos pelos bibliotecários que inclua um bom atendimento atrelado aos objetivos do projeto de incentivo à leitura que tenha a premissa de atuarem como mediadores (leitura/ informação/ cultura). Ao explanar sobre a definição da palavra biblioteca, que vem do grego Biblo (livro) Téke (caixa), está além da acepção dos significados, pois diversos atores desempenham trabalhados voltados para ações interativas culturais e educacionais visando atrair o público para a biblioteca. Neste contexto a biblioteca deixa de ser apenas um local a de guarda e preservação como afirma o pensador Anísio Teixeira que aponta a ideia ser um local de livre acesso ao livro “princípio guiado, depois livre e espontâneo, ora recreativo, ora de estudo

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Programação

DIA 15 16 horas - Performance do Ator Carlos Maia. 17 horas - Fala - Representativa de Simone Ricco - Mestra em Literaturas Africanas. 18 horas - O cordel de Edmilson Santini. 19 horas - LIVE com Cintia Barreto Dra em Literatura Brasileira pela UFRJ. Mediação da Escritora Mari Moreira.

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Dia 14 13horas - Apresentação da Historia em Quadrinhos do livro O MEU PÉ DE LARANJA LIMA - Escritor Luís A. Aguiar. 14 horas - Memória afetiva - Jornalista e Escritor João Bosco. 16 horas - Pequena Encenação de CORAÇÃO DE VIDRO - Atriz Beth Araújo.

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O primeiro circuito Cirandando de Literatura sob a batuta de Demézio Batista da FAVELIVRO e a curadoria de Veronica Marcilio nasceu da necessidade de transpor os desafios da pandemia através da cultura. A escolha pela Homenagem ao Escritor José Mauro de Vasconcelos se deu por conta de seu centenário em 2020, e porque o autor nasceu em Bangu, periferia do RJ, indo ao encontro do objetivo do que acredita a Favelivro: democratizar a leitura em favelas, escolas públicas e bairros periféricos. O circuito quer também valorizar o artista periférico fornecendo ao mesmo ferramentas para que ele seja protagonista capaz de intervir no espaço em que vive .

Setembro Dia 13 13 horas - Fala de abertura de Demezio Batista Fundador da Favelivro 14 horas - Fala de Thais Matarazzo. Editora Matarazzo (patrocinadora). 15 horas - Fala de Abertura de Veronica Marcilio - Curadora literária. 16 horas - Memória afetiva: Clécio Régis - Cenógrafo. 17 horas - Música de abertura “TREM PRA BANGU”. Interpretação do Músico Ricardo Villas.

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Dia 18 15 horas - Distribuição de livros e Máscaras de proteção facial na Favela SANTO ANDRÉ em Bangu.

Agradecimentos especiais às seguintes pessoas: * Fernanda Vieira - Figurinista e Produtora de Moda * Lúcia Fernanda - Continuísta * Eli Fluentes Carqueja - Professora de francês * Nilze Neves - Técnica de enfermagem * Nusi Neves - auxiliar administrativa * Michelle Marques - artesã * Danielle jardim - faturista hospitalar * Janaína Salles - jornalista * Ana Gabriela Michylles - Fotógrafa e Vitor * Vitor Marcilio Michylles - Designer e ilustração.

Patrocina esse projeto com muito orgulho!

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Dia 19 15 horas - Contação de historia - Lua Oliveira. 16 horas - Livro LILA EM MOÇAMBIQUE - Escritora Andreia Prestes. 18 horas - Fechamento do Circuito com o HINO DO BANGU. Interpretação do Músico Ricardo Villas.

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Dia 17 13 horas - Fala da Ambientalista Milena Batista. 15 horas - O cordel de Severino Honorato. 18 horas - LIVE UM PASSEIO PELO MEU PÉ DE LARANJA LIMA com Verônica Lessa- Coordenadora de Difusão Cultural da Biblioteca Nacional e Curadora do Segmento de Literatura Infanto Juvenil do LER. Mediação de Adriana Vaistman – Escritora. 19 horas - LIVE A LITERATURA DAS MULHERES NA ZONA OESTE com Pituka Nirobe (Bibliotecária, Escritora e Contadora de Historias, Fátima Malaquias (Ativista nos Movimentos Sociais e Negros), Ivonete Tavares (Arte Educadora e Escritora), Adriana Veridiana (Socióloga e Escritora).

17 horas - Apresentação do Livro da Escritora Luciana Savaget.

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Dia 16 13 horas - Memória afetiva de João Gama - Fotógrafo 14 horas - A Escrita do Escritor Tom Farias 15 horas - Leitura do Fragmento da Obra O MEU PÉ DE LARANJA LIMA - Hélio de La Peña, Ator, Roteirista e Escritor.

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uma história repleta de mulheres espetaculares, e me alegra saber que pude contribuir de forma singela para a divulgação desse conteúdo. Espero que todos aproveitem a experiência da leitura e possam observar a realidade com novos olhos após o contato com o livro. Agora com vocês, uma degustação da nossa mistura: É preciso haver doença Para o mundo questionar Nós trabalhamos pra viver Ou vivemos pra trabalhar?

Em tempos de pandemia O respeito deve imperar Pois se pensarmos no próximo Ao bem comum vamos chegar E se a tristeza bater, Se o peito apertar, Lembre - se: Como tantas outras crises Essa também vai passar Você aí, caro leitor, ficou curioso? Então adquira já o nosso e - book pala Amazon Brasil!!!

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Veio então o isolamento Mas foi só pra nos lembrar O quanto é bom agradecer Pela dádiva de respirar

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De que nos serve o dinheiro Sem saúde pra desfrutar Pra que acumular tanto Se no fim tudo ficará?

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O Miscelâneos para mim é antes de tudo a realização de um sonho. Ele nasceu da vontade dar vazão a um emaranhado de pensamentos e inspirações que me cercam e ajudam a forjar a pessoa que sou hoje Destaco também que minha paixão pela História, por temas políticos e sociais em geral influenciou muito os poemas nele contidos, os quais tentam mostrar ao leitor que somente através da luta e do conhecimento nos transformaremos em um país melhor. Passo a palavra a ilustradora e grande artista Vitória Olivia Perricci, que prontamente aceitou o desafio de dar cor e forma aos versos desta autora que aqui escreve. Fiquei muito honrada pelo convite de desenhar as gravuras do livro “Miscelâneos”. Foi um grande desafio, uma vez que tive de revisitar as aulas de história, mas também muito recompensador. O Brasil tem

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os tĂ­tulos da

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