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temporânea

encOntROS MeMORÁveIS na lOja cOnteMpORânea

Por Marcello Laranja

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“A cidade não desperta apenas acerta a sua posição”... assim diz um trecho da composição Amanhecendo do fantástico Billy Blanco, da Paulistana - A Sinfonia do Barulho, tema do Jornal da Manhã da Jovem Pan. Todo mundo conhece. Pois bem, começo meu modesto texto assim, fazendo pequena citação da obra do nobre compositor paraense que viveu alguns anos em São Paulo. Pois bem, num daqueles sábados, na Paulicéia Desvairada, como de costume - isso já faz alguns anos - fui até a loja de instrumentos musicais da Rua General Osório, a Contemporânea, na época, ainda sob o comando do meu prezado e querido amigo Miguel Fasanelli. Me dirigi aos fundos da loja na Sala Musical “Evandro do bandolim” onde me sentei num daqueles bancos compridos ao lado de uma moça muito simpática que fazia algumas anotações num caderno. Não sei por que aquilo me chamou a atenção. No meio da profusão da roda de choro mais tradicional de Sampa, entre acordes de violões, cavaquinhos e bandolins, continuei prestando atenção ao trabalho que ela desenvolvia. Curioso como sempre, puxei conversa. Cumprimentei a moça e apresentei-me. Ela, em seguida, respondeu. Amável e sorridente. Mal sabia eu que ali, naquele instante, a semente estava plantada, pois, na sequência, surgiria uma grande amizade, um carinho e um respeito muito grandes. Pra quem não sabe, estava eu ao lado da nobre jornalista, pesquisadora e escritora Thais Matarazzo, a pessoa que, muito tempo depois, me descortinaria o universo da literatura sem que eu jamais, um dia, soubesse que aquilo aconteceria da forma como aconteceu. Naquele momento senti que o santo bateu, o meu com o dela e o dela com o meu. Não me peçam pra explicar como isso acontece na vida das pessoas pois não saberia. Foi assim que nos conhecemos, nada programado, nada combinado, nada premeditado, processo absolutamente natural. Ah... aproveitando o ensejo e fazendo um parêntesis, foi nessa mesma Loja Contemporânea, acho que mais ou menos na mesma época, que conheci outro cara sensacional que tornou-se grande amigo e parceiro também. Estou

falando do mestre Zé Amaral, autor da “bíblia” do Choro paulistano, Chorando na Garoa, memórias musicais de São Paulo, a quem fui apresentado pelo Serginho, sobrinho do Miguel. Aliás, foram alguns anos frequentando a loja onde conheci muita gente bacana, além dos já mencionados, incluo nesse rol, o cantor, compositor e violonista alagoano Ibys Maceioh - quem nos apresentou foi o velho Fasanelli - as cantoras Silvilí Sakovic e Rose Calixto, a clarinetista Keli Aragão, o compositor Marcus Marmello, enfim, uma pá de gente muito boa da música. É bem verdade que alguns daqueles frequentadores eu já conhecia, por exemplo, Izaías Bueno de Almeida, Corina, Lia e Elisa, as meninas do grupo Choro das Três, o inesquecível e muito querido amigo João Macacão, a produtora e modelo Cris Caner, Charles da flauta, Arnaldinho... etc... etc. Pois bem, prosseguindo, Thais e eu nos pegamos num bate-papo super gostoso e informal quando ela me disse que estava fazendo uma pesquisa musical e eu aproveitei a deixa pra contar o que fazia junto com meus companheiros no Clube do Choro de Santos. Foi a conta. Trocamos telefones, e-mails - na época - nem pensar em Facebook, redes sociais, plataformas e o escambau, como disse acima, já faz algum tempo, anos 90, talvez, não me recordo com exatidão. Mas tudo bem, deixa pra lá, isso pouco importa. O que valeu mesmo foi o que veio na sequência. Os laços de amizade se estreitaram, conheci sua família e ela, por sua vez, a minha, diversos encontros em eventos de lançamentos de livros no Shopping Pátio Iporanga, na sede do Clube do Choro de Santos e em outros locais também. Até na cerimônia ritualística do “Dia do Samba” que acontece todos os anos no dia 2 de dezembro no recinto onde se localizam as ruínas do Quilombo do Pai Filpe, na Vila Mathias, ele, o primeiro Rei batuqueiro da cidade de Santos, Thais foi condecorada com o diploma de “Honra ao Mérito” pelo Marechal do Samba santista, jornalista e escritor José Muniz Junior. O evento é comandado por ele há mais de meio século com a ajuda do filho, Jadir Muniz, passista, Cidadão e Cabo Mor do Samba. Ela se desenvolveu de tal forma que, tempos depois, surgiu a Editora Matarazzo, fruto de um trabalho sério, consistente e fundamentalmente honesto. Todavia, passou por alguns perrengues, é claro e, até certo ponto, uma coisa

bem natural, afinal, nada é perfeito nessa vida. E eu, em algumas ocasiões, também, pois, estávamos envolvidos em projetos juntos. Mas isso também não importa, hoje damos risada disso tudo. Se eu fosse “abrir o rosário”, não iria prestar, acreditem. É uma grande parceira até hoje, tanto é que, mais uma vez, amavelmente convidou-me para rabiscar algumas linhas para esse projeto, MEMÓRIAS PAULISTANAS, que é muito legal. E aqui es-

Marcello Laranja e Miguel Fasanelli no Bar Amarelinho na Rua General Osório ► Panorama da Sala Musical “Evandro do Bandolim” na Loja Contemporânea

tou eu novamente, como ela mesmo diz “aquele que não é Jesse James, mas é rápido no gatilho, com ele é pá, pum”... kkkkkk... isso é muito engraçado. Bondade extrema da nobre jornalista e querida amiga que sempre demonstrou muito apreço por mim e eu também por ela. E estamos juntos. Vâmo que vâmo, cumadi, pra frente que atrás vem gente. Beijos, saúde, paz e, mais uma vez, muito obrigado pelo amável convite.

Ibys Maceioh, Corina, Lia, Elisa (Choro das Três) e Marcello Laranja na Loja Contemporânea

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