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FIEMS4.O A indĂşstria transforma vidas
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1o Processo Industrial de Mato Grosso do Sul - Companhia Matte Larangeira
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FIEMS4.O A indĂşstria transforma vidas
PREFÁCIO
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ALBANO FRANCO Presidente da CNI de 1980 a 1994
Há quarenta anos, ainda no fulgor da criação do Estado do Mato Grosso do Sul, era fundada a Federação da Indústria, a FIEMS, por uma plêiade de aguerridos empresários, entre os quais Jorge Elias Zarhan, que seria um de seus mais conceituados presidentes e que muito me ajudou com sua aguçada inteligência e vasta experiência empresarial quando estive na presidência da Confederação Nacional da Indústria – CNI. Da mesma forma, não medi esforços e recursos para consolidar a jovem Federação dos industriais sul-mato-grossenses, especialmente no que se refere à instalação de unidades do SESI e do SENAI que, ao longo das últimas quatro décadas, vêm dando enorme contribuição ao processo de inclusão social e profissional de segmentos jovens da população de um dos estados que mais crescem e se desenvolvem no Brasil. Convém ressaltar, que nos seus 41 anos de existência, o jovem Estado do Mato Grosso do Sul tornou-se rapidamente uma referência nacional na produção de soja, cana-de-açúcar, milho, algodão e, mais recentemente, na produção de celulose, com mais de 1 milhão de hectares plantados de eucaliptos, que irá lhe assegurar a primeira posição no ranking nacional na fabricação deste importante insumo para as indústrias gráfica, de papel e papelão e de embalagens. Por sua vez, a produção de grãos que, em 2001, atingia 5,8 milhões de toneladas, saltou para 14,6 milhões, em 2014. Um crescimento extraordinário. Por tudo isso, a contribuição do Mato Grosso do Sul tem sido altamente positiva para a balança comercial brasileira. Já o setor industrial é o que mais cresce no conjunto da economia mato-grossense-do-sul. Vem exercendo a contento seu importante papel de integração com o setor primário, sobretudo com o agronegócio. Os dados do IBGE atestam este fato: a indústria que participava com 15% do PIB estadual, em 2003, pulou para 22,10%, em 2017. Este crescimento exponencial me leva a acreditar que o Mato Grosso do Sul foi o estado que mais se desenvolveu industrialmente em todo o país. O caminho para o desenvolvimento econômico está aberto. Agora é só seguir adiante modernizando e ampliando a infraestrutura, intensificando a mecanização do setor rural e utilizando com mais eficácia as duas dádivas que a mãe natureza concedeu ao abençoado Mato Grosso do Sul: o clima benfazejo e uma caudalosa hidrografia.
E nesse processo de desenvolvimento, que será retomado com sustentabilidade e a taxas expressivas nos anos vindouros, pós reformas econômicas estruturantes que ora estão nas agendas do Governo e do Congresso, o Mato Grosso do Sul, sem dúvida, irá disparar na linha de frente dos estados de maior crescimento, mesmo porque, enfeixa todas as condições, especialmente em razão da competência de seus empresários e da elevada qualificação de seus recursos humanos. Aliás, essa expansão econômica já se iniciou antes mesmo da retomada do crescimento do país. De fato, depois de apresentar crescimento negativo nos anos recessivos de 2015 (-0,27%) e 2016 (-2,63%), em 2017 o PIB estadual apresentou um extraordinário crescimento de 4,9%, de acordo com a Semagro, o que representou a 6a maior taxa de evolução do PIB no âmbito das unidades federadas e 2a da região Centro-Oeste, enquanto a economia do país cresceu apenas 1,32%. Por tudo isso, o Mato Grosso do Sul já representa mais de 10% do PIB brasileiro. A essa trajetória de progresso há que se ressaltar a contribuição de setores industriais dos municípios de Campo Grande com seus frigoríficos, curtumes, indústrias lácteas e de móveis; Dourados: farelos para alimentação animal, álcool, açúcar, cimento e têxteis; Corumbá: polo industrial de minérios e calcário para a indústria cimenteira e a indústria naval de grande importância para a região. Some-se a isto, a indústria do turismo, especialmente no pantanal. Enfim, com uma renda per capita em torno de nove mil dólares, a oitava no ranking estadual, o Mato Grosso do Sul tem sido um Estado de sucesso em face de seu enorme potencial de crescimento e com amplas possibilidades de avançar ainda mais. E nessa exitosa história de 41 anos de desenvolvimento econômico e social, há que se mencionar e exaltar a decisiva contribuição da Federação da Indústria – FIEMS, nos seus 40 anos de existência, em razão de suas políticas proativas de atração de novas indústrias e de inclusão social e profissional a cargo do SESI e do SENAI. E, nesse sentido, tem sido altamente meritório o trabalho que vem desenvolvendo o competente Presidente Sérgio Marcolino Longen. Sou testemunha e dou fé! Parabéns, FIEMS!
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SUMÁRIO
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Primeira década: 1979/1988
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Segunda década: 1989/1998
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Terceira década: 1999/2008
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Quarta década: 2009/2019
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INDÚSTRIA 4.0 Ainda melhor daqui para a frente
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Palavra do Presidente
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PRIMEIRA DÉCADA: 1979/1988
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“Meu nome é Heloysa, tenho 11 anos e sonho em ser
atriz. Ainda não tenho irmãos, mas não tem problema, tenho muitos amigos principalmente aqui na escola. Na verdade, eu amo esse lugar, queria estudar aqui pra sempre! Essa escola tem tudo a ver com o nosso dia a dia, a gente aprende usando tablet, computador, celular… fica tudo mais interessante. Até filme 3D a gente assiste aqui e sempre fico pensando como é que um óculos consegue trazer as imagens da tela para perto mim!
Eu adoro as aulas de robótica porque são muito tec-
nológicas, mas também gosto de português, matemática artes e empreendedorismo. É interessante que a professora de
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empreendedorismo não ensina apenas educação financeira, ela nos ajuda a ser pessoas melhores, ensina a controlar os sentimentos e como lidar com pessoas que são diferentes de nós, é desafiador!
Os alunos adoram as ações que tem na escola. Nin-
guém reclama quando é sábado letivo porque sempre tem uma surpresa diferente. E a gente se dedica bastante durante o ano esperando os eventos como o Mundo SENAI, as Olimpíadas de Robótica porque além de aprender é muito divertido”. Heloysa Fialho Ferreira Aluna Escola SESI
Foto: Alexis Prappas
PRIMEIRA DÉCADA: 1979/1988
CONTEXTO HISTÓRICO: O QUE ESTAVA ACONTECENDO NO BRASIL E NO MUNDO
O Brasil se une na campanha das Diretas Já e comemora a abertura política. Enquanto isso, o mundo inteiro presencia a queda do muro de Berlim, símbolo maior do naufrágio dos regimes comunistas na Europa. Essa foi uma década marcada por grandes transformações sociais, políticas e econômicas. A crise do petróleo marcou o fim de 30 anos de prosperidade, levando a sociedade industrial a repensar seus objetivos. A mais inesperada dessas mudanças foi a desintegração dos regimes comunistas do Leste Europeu, simbolizada pela queda do Muro de Berlim, em 1989. No contexto nacional, este período é reconhecido pelos desdobramentos da política de integração nacional executada durante o governo do presidente Ernesto Geisel. Novos estados foram criados e com eles vieram novos desafios e possibilidades. Foi nesta época que o Brasil passou
Foto: reprodução medium.com
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PRIMEIRA DÉCADA: 1979/1988
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por uma de suas piores inflações, iniciada logo após o “milagre econômico”. Somado a isso, a crise no petróleo e o alto preço das importações incentivaram a descentralização industrial e a ocupação do interior do país. Os anos 80 também foram palco para uma quebra de paradigma no modo de produção industrial. O modelo fordista/taylorista passou a ser substituído por novas formas de produção alicerçadas no conhecimento e no aprendizado. É com essa mudança, que as políticas educacionais de formação para o trabalho assumem um novo e relevante papel tendo o empresariado do setor industrial como defensor da educação dos trabalhadores como a solução de uma força de trabalho mais eficiente e o caminho para o país se inserir em uma nova economia globalizada. E falando sobre empresariado, o início do processo de abertura política, após longo período de ditadura militar, possibilitou o surgimento de novas organizações da sociedade civil e da sociedade política, como sindicatos, associações científicas e comunitárias, novos partidos políticos e organizações não governamentais.
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Manifestação pelas eleições diretas. Rio de Janeiro 1984. Foto: Luiz Pinto / Agência O Globo
DIRETAS JÁ O Brasil vai às ruas pela conquista das eleições diretas
Ainda nesta década, depois da campanha Diretas Já, assistimos Tancredo Neves se tornar o primeiro presidente eleito nas eleições indiretas após o regime militar e o seu falecimento antes mesmo de assumir o cargo. Fatos e acontecimentos que influenciaram o processo de industrialização de Mato Grosso do Sul.
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PANORAMA INDUSTRIAL DO ESTADO PRIMEIRA DÉCADA: 1979/1988
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IndĂşstria do Leite, Terenos 1989. Foto: Rachid Waqued
PRIMEIRA DÉCADA: 1979/1988
Recém criado, o novo Estado atrai investimentos para a agroindústria e começa sua própria trajetória rumo ao desenvolvimento. As bases da industrialização de Mato Grosso do Sul
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coincidem com o início do processo de desconcentração industrial do Brasil na década de 1970. Os resultados econômicos alcançados no imediato pós-guerra, principalmente pelo bom desempenho do setor secundário em substituição às importações, marcaram o processo de legitimação do desenvolvimento por meio da industrialização. A partir de 1977, com a criação do Estado, ocorreu a inserção da economia sul-mato-grossense neste processo de movimentação industrial por meio da atração de investimentos na agroindústria, especialmente no setor frigorífico e empresas esmagadoras de soja, em sua maioria do estado de São Paulo e que eram ligadas ao mercado internacional e à região Sul. O empresariado local, que enfrentava grande carência de infraestrutura, passou a unir esforços visando os avanços necessários ao setor. O grupo contou com o suporte da Confederação Nacional das Indústrias (CNI) que apoiou a mobilização dos empresários sendo essencial na primeira conquista da classe: a instalação da Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul (FIEMS).
Assinatura da Lei Complementar que cria o Estado de Mato Grosso do Sul. Foto: Acervo Memorial Paulo Coelho Machado
A Federação, inaugurada em 1979, organizou o sistema de representação sindical empresarial contribuindo para fortalecer o parque industrial local e sedimentar as bases da economia do Estado então nascente. Sua criação data de 6 de novembro de 1979, na capital Campo Grande, sendo reconhecida oficialmente pelo Ministério do Trabalho e Emprego no dia 13 de novembro, conforme Resolução n. 323.051/79, publicada no dia 21 de novembro no Diário Oficial da União. Por conta da vocação para o setor agropecuário, a industrialização voltou-se ao beneficiamento dos produtos desta área, iniciando os complexos agroindustriais. As primeiras unidades instaladas foram fábricas de óleo de soja e abatedouros de frangos e suínos, demarcando o aprofundamento da estruturação da agroindústria no espaço regional.
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Beneficiamento de soja. Campo Grande 1987. Foto: Rachid Waqued
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Sede da Federação das Indústrias, 1990. Foto: arquivo Dicom
A consolidação do espaço físico da FIEMS foi concluída ainda na década de 1980 com a construção de sua sede, a Casa da Indústria (1987), e do Centro de Convenções e Exposições Albano Franco (1988). A construção e a solidificação de sua marca foram determinantes para o crescimento industrial do Estado. Seguindo as diretrizes nacionais e internacionais, é possível identificar que, a partir de 1986, o Estado já priorizava o crescimento e a modernização econômica por meio da transformação da estrutura produtiva de primária para secundária, entrando na lógica da economia globalizada.
Prova disso, são os programas econômicos feitos à época, entre eles o Programa Especial do Desenvolvimento de Mato Grosso do Sul (PROSUL), que além de auxiliar na produção dos produtos alimentares básicos, reduzindo o peso das importações na balança comercial, também incentivava a agroindústria de beneficiamento das matérias-primas regionais. E assim, o processo de industrialização do Estado foi tomando forma, primeiramente, como modelo de substituição das importações estaduais, criando pequenas indústrias destinadas a suprir a demanda interna por bens de consumo não duráveis e, depois, avançando para os complexos da agroindústria. Como foi o caso da soja. No final desta década, o Estado já contava com uma presença considerável de unidades de esmagamento do grãos que produziam o farelo, a farinha e fazia o beneficiamento do óleo. Exportava-se apenas a quantidade de grãos que excedia a capacidade de esmagamento das indústrias locais. Além desses empreendimentos, após 1985, surgiram alguns outros complexos de grande porte, como a empresa nacional Camargo Corrêa que produzia cimento a partir das jazidas de calcário do maciço da Serra da Bodoquena.
Copagaz, Núcleo Industrial Campo Grande 1986. Foto: Rachid Waqued
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PRIMEIRA DÉCADA: 1979/1988
1979 • Fundação da Federação das Indústrias do Estado de Mato Grosso do Sul (FIEMS)
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1980 • Implantação IEL em Mato Grosso do Sul com sede em Campo Grande • Criação do Departamento Regional do SENAI MS
Foto: arquivo Dicom
Foto: arquivo Dicom
1987 • Inauguração da Casa de Indústria • Instalação da Assembleia Nacional Constituinte
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1988 • FIEMS inaugura o Centro de Convenções
e Exposições Albano Franco
• Sede do Clube do Trabalhador do SESI
em Campo Grande
• Aprovação do texto definitivo da nova Constituição Federal
DEPOIMENTOS
ROBSON BRAGA DE ANDRADE Presidente da Confederação Nacional da Indústria
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A Federação das Indústrias do Estado de Mato Grosso do Sul, que agora completa quatro décadas de existência, tem o dinamismo como marca de sua rica trajetória. Ao longo dos anos, a entidade tem sido fundamental para o desenvolvimento econômico e social do estado, com programas voltados para o fortalecimento da indústria da capital e do interior. Suas ações contribuem enormemente para a geração de emprego e renda, além de fortalecerem as cadeias produtivas do comércio e de serviços. A FIEMS é uma grande parceira da CNI na defesa da agenda de competitividade das indústrias, participando ativamente do debate dos grandes temas nacionais e trabalhando pela aprovação de leis importantes para o crescimento da economia. Sob a presidência do competente companheiro Sérgio Longen, a Federação estabeleceu um produtivo diálogo com os mais representativos segmentos da sociedade e com diferentes setores do empresariado sul-mato-grossense. Nós, da CNI, estamos certos de que a FIEMS terá um futuro tão brilhante quanto sua história. Que venham mais 40 anos de vitórias e conquistas!
NICANOR DE ARAÚJO LIMA Presidente do Tribunal Regional do Trabalho de Mato Grosso do Sul Nesses 40 anos de uma biografia fértil e profícua, a FIEMS – entidade que congrega quatro organizações fundamentais à promoção do bem-estar social, do desenvolvimento cultural e da melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores, quais sejam a própria FIEMS, o SESI, o SENAI e o IEL – tem contribuído decisivamente para fomentar o crescimento do setor industrial, que é uma importante mola propulsora do desenvolvimento econômico de todas as sociedades desenvolvidas. Seria inimaginável o nível de edificação da cidadania hoje atingido sem a participação decisiva e obstinada do terceiro setor na promoção de serviços técnicos e tecnológicos, educacionais, de lazer, esporte e cultura. Congratulo-vos pela magna data e auguro-lhes muita sorte e sucesso.
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“Eu terminei o colegial com 18 anos, pensava em fazer
uma faculdade de engenharia mas não tinha nada definido. Minha mãe me aconselhou a agendar uma visita no SENAI para conhecer a estrutura, foi aí que eu conheci o curso de automação industrial, era a primeira turma que seria aberta no Estado.
Depois de conhecer a estrutura, conversar com al-
guns professores, pesquisei a respeito do curso e sobre as perspectivas para esse profissional no mercado de trabalho. Descobri que automação industrial é considerada uma das principais profissões do futuro, foi assim que eu me decidi.
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Na verdade esse é um dos maiores diferenciais, no meu ponto de vista. A indústria sinaliza as qualificações que precisa, suas demandas de mão de obra e o SENAI desenvolve o curso de acordo com a necessidade do mercado. Isso é uma tremenda vantagem na hora de disputar uma vaga no mercado de trabalho.
Eu já estou no último ano e me surpreendi com a es-
trutura, com a qualidade dos professores e com a atenção que recebemos aqui. Estou confiante em um futuro promissor.” Lennon Pereira Rangel, 20 anos. Aluno da Faculdade SENAI
Foto: Alexis Prappas
CONTEXTO HISTÓRICO: O QUE ESTAVA ACONTECENDO NO BRASIL E NO MUNDO 36
Enquanto muitas nações crescem economicamente, o presidente do Brasil é deposto e o país luta contra a inflação. A indústria brasileira se fortalece no campo educacional tendo o conhecimento do trabalhador como diferencial em sua eficiência. Os anos 90 iniciaram com o colapso da União Soviética e o fim da Guerra Fria que deram espaço para a consolidação da democracia e mais força à globalização. Os países considerados de primeiro mundo experimentaram crescimento econômico estável, enquanto a internet e os computadores pessoais ganhavam o mundo.
Passeata estudantil movimento “caras-pintadas”. Rio de Janeiro 1992. Foto: Custódio Coimbra / Agência O Globo
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IMPEACHMENT O presidente Fernando Collor de Mello é deposto em 1992
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Manifestação pelo impeachment do presidente Collor. Rio de Janeiro 1992. Foto: Cezar Loureiro / Agência O Globo.
O período conhecido como “tempos prósperos”, no entanto, começou turbulento no Brasil. O confisco das poupanças pelo então presidente Fernando Collor de Mello, dentre outras ações, levaram milhares de pessoas às ruas com o movimento “caras-pintadas”. Com seu impeachment, o governo de Itamar Franco conseguiu se aproximar da estabilidade econômica com o Plano Real. Seu idealizador, o Ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, foi eleito presidente do país na eleição seguinte e, por meio de uma emenda à constituição, tornou-se o primeiro presidente com dois mandatos consecutivos. Em meio a esse cenário, a atuação do empresariado do setor industrial fortalece a Confederação Nacional da Indústria no campo educacional por meio do aprimoramento da concepção pedagógica da instituição. Isso se dá pelo entendimento, por parte do empresariado, de que a educação dos trabalhadores é o principal instrumento capaz de tornar o trabalho mais eficiente. Essa percepção foi a essencial para que o país se inserisse na nova economia globalizada. Em termos práticos, isso significou uma defesa ampla da pedagogia das competências - uma das mais importantes construções pedagógicas introduzidas nos currículos da Educação Básica e da Educação Superior. Essas quebras de paradigmas foram propulsoras para que o SESI mudasse seu foco da atuação, o que aconteceu com o lançamento do Planejamento Estratégico pelo Departamento Nacional que tornou a entidade capaz de apoiar a indústria brasileira no campo da tecnologia de processos, de produtos e de gestão.
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Frigorífico, Caarapó, 1994. Foto: Rachid Waqued
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O setor industrial no Estado se fortalece e atrai investimentos de grandes empresas colocando Mato Grosso do Sul no ranking das exportações. Mineração, produção de açúcar e álcool e a agroindústria se apresentam com maior potencialidade. A forte presença do empresariado sul-mato-grossense permitiu programar e acelerar a industrialização no Estado, bem como desenvolver as políticas educacionais de profissionalização. Medidas essenciais que alavancaram o avanço do setor primário nessa década. Os anos de 1990 foram caracterizados pela entrada das grandes indústrias do setor alimentar: as agroindústrias. O processo iniciou na década de 70 com a chegada das usinas de álcool, mas foi a partir de 1990 que esse setor passou a contar com a organização dos grandes complexos integrados, tendo a logística como base operacional.
Indústria da soja. Ponta Porã 2003. Foto: Alexis Prappas
No que tange a cana-de-açúcar, a década de 1990 foi de altos e baixos. A organização do beneficiamento industrial deu-se praticamente junto com a iniciativa do cultivo, na década de 1970. Foram construídas no Estado, dez usinas de produção de álcool carburante, com capacidade de 300 milhões de litros/ano. A partir de 1995, no entanto, as unidades existentes passaram a exibir uma capacidade instalada de produção maior que as necessidades de consumo. Isso ocorreu principalmente com o sucateamento da frota de veículos leves movidos a álcool e a forte depressão dos preços, o que afetou toda cadeia produtiva. Revertendo esse quadro, a desvalorização do real estimulou as exportações de açúcar no Brasil, dando a essas usinas a oportunidade de reduzirem a ociosidade do parque produtivo através da transformação da cana em açúcar. O Brasil atingiu a condição de primeiro colocado na produção do produto e em Mato Grosso do Sul, o açúcar da cana aumentou a participação no valor dos itens exportados para 5,8% em 1996.
Usina de álcool, Naviraí 1993. Foto: Rachid Waqued
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Agroindústria, Dourados 1982. Foto: Roberto Higa
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Já para a soja, o mesmo período foi de pura expansão. Diante dos incentivos estaduais, na segunda metade da década de 1980, surgiram investimentos tanto de comerciantes regionais como dos grandes esmagadores de projeção nacional e do maior grupo econômico regional, o grupo Zahran. Entre 1985 e 1990 já tinham sido instaladas seis unidades de esmagamento que vieram somar à indústria Óleos Pacaembu, existente desde 1973. Com a velocidade do crescimento desse setor industrial, nos primeiros anos de 1990 o Estado já era capaz de fazer o processo de beneficiamento de quase toda a soja que era produzida aqui. A presença regional do farelo de soja e da cultura do milho, constituiu-se como atrativo para os demais complexos agroindustriais, que procuraram na logística e na agregação de valor aos produtos, formas de otimização dos lucros. Essa atração foi facilitada pela maior integração das modernas regiões agrícolas ligadas à influência de Campo Grande e Dourados aos portos do Sudeste e Sul do país.
E foi então que as grandes organizações que buscavam o controle do mercado em nível nacional, passaram a atuar em Mato Grosso do Sul, integrando-se ao complexo produtivo do farelo de soja e à cadeia produtiva da carne de frango e suíno. O crescimento da população urbana também contribuiu para a ampliação de mercado para os produtos da soja, em particular para o óleo de cozinha. Com o aumento da demanda regional, a produção de farelo e óleo cresceu mais de cinco vezes entre 1986 e 1992. Entraram ainda nesse circuito da cadeia produtiva, unidades produtoras de ração e de embutidos de carne. Em 1995, o farelo de soja, a soja em grãos, o óleo de soja e as carnes de aves já representavam juntas, segundo a Cacex, cerca de 80% das exportações do Mato Grosso do Sul. Os principais compradores internacionais dos produtos em 1996 foram a União Européia e o Mercosul. Enquanto o Japão e Tigres Asiáticos eram os principais compradores das carnes de aves. Em 1999, apenas o complexo da soja (grãos, farelo, óleo
AGROINDÚSTRIA
vegetal) contribuiu com 46% das exportações do Estado.
A soja e as carnes de aves representavam 80% das exportações de MS em 1995
Indústria de ração animal, Campo Grande 1990. Foto: Rachid Waqued
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MINERAÇÃO Corumbá se destacou nesse segmento recebendo empreendimentos desde 1974
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Indústria de cimento, Corumbá 2000. Foto: Rachid Waqued
A década de 1990 também foi de industrialização na pecuária. Os custos elevados do transporte rodoviário brasileiro estavam tornando mais racional a aproximação da unidade de abate das áreas de engorda. Somado a isso, os incentivos fiscais estaduais contribuíram para a atração de indústrias ligadas ao setor. Nesse sentido, o porte do rebanho e a concentração de boi gordo no planalto tornaram-se atrativos para frigoríficos, especialmente, junto à área de criação e vias de escoamento. A carne refrigerada e congelada passou a ser transportada, para ser desossada em São Paulo. Grande parte dessas unidades de abate ficou mais aglomerada nas microrregiões de Campo Grande, Dourados e Iguatemi em função da concentração da pecuária. Mas de modo geral, espalharam-se por toda a bacia do rio Paraná buscando proximidade das áreas de engorda e das vias de circulação em direção aos mercados de São Paulo. Posteriormente, avançaram sobre a microrregião de Aquidauana e Bodoquena, totalizando 36 unidades de abate em 1997. Nesse período, outro o setor também se mostrou promissor: a mineração. As oportunidades de desenvolvimento foram incentivadas pelo crescimento do consumo internacional de ferro e aço. A partir de 1994, a ampliação de demanda por produtos da indústria mineral no mercado externo tornou os preços atrativos para o setor. Corumbá foi a região mais privilegiada com essa demanda. Desde 1974, a cidade recebia empreendimentos ligados à mineração. Sua potencialidade deu origem ao II Plano Siderúrgico Nacional criado pelo Governo Federal em 1988 que conduzia o desenvolvimento do setor para o Estado. O plano projetava três polos siderúrgicos: Corumbá, Campo Grande e Ribas do Rio Pardo, vinculando-os aos outros recursos já existentes no estado, como o calcário em Bodoquena e carvão vegetal.
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1990 • IEL lança Programa de Iniciação Tecnológica (Bitec) • Lançamento do Planejamento Estratégico pelo Departamento Nacional do SESI
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1991 • Fim da Guerra Fria
Foto: reprodução istoé.com.br
Foto: Cezar Loureiro / Agência O Globo.
1992 • Impeachment de Fernando Collor de Mello
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1994 • Início do Plano Real
DEPOIMENTOS
NELSINHO TRAD Senador e coordenador da Bancada Federal de Mato Grosso do Sul
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Nos capítulos dos 40 anos da história da FIEMS, encontra-se o registro do desenvolvimento de Mato Grosso do Sul. No início, o Estado era só o binômio soja e boi, hoje, vivemos a evolução da indústria e a população sul-mato-grossense colhe os bons frutos com a geração de empregos e renda. Para chegar ao sucesso, foi preciso muita persistência dos membros e colaboradores da Federação que enfrentaram os fatores econômicos, batalharam pelo avanço da ciência e da tecnologia e instituíram credibilidade no país. Às personalidades que cumpriram a missão em momentos difíceis dessas quatro décadas, os meus cumprimentos e gratidão. Em especial, minha homenagem e agradecimento aos ex-presidentes Jorge Elias Zahran, Alfredo Fernandes e ao atual presidente Sérgio Longen pela luta em prol do progresso do nosso Estado. FIEMS, parabéns pelos 40 anos!
IRAN COELHO DAS NEVES Presidente do Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso do Sul O fecundo percurso trilhado pela FIEMS nesses 40 anos, se funde com a própria história de construção de Mato Grosso do Sul moderno e próspero de que nos orgulhamos hoje. Responsável por 68% de nossas exportações, o setor industrial é o 3º em geração de emprego e responde por 23% do PIB estadual. Esse notável desempenho é alavancado pelo Sistema FIEMS, responsável pela qualificação profissional e pelo desenvolvimento de tecnologias de vanguarda que agregam competitividade à nossa indústria. Portanto, reconhecer a decisiva importância da FIEMS para o desenvolvimento de nosso Estado é, sobretudo, tributo de justiça.
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“Todo mundo quer saber como uma mulher se inte-
ressa por mecânica. No meu caso eu sempre tive curiosidade nessa área, mas foi com o curso que o SENAI realizou no bairro Dom Antônio Barbosa que eu descobri que essa seria a minha profissão.
Foi um daqueles cursos introdutórios que o SENAI
oferece gratuitamente em alguns bairros da cidade, eu me inscrevi e fiz o de Motor Ciclo Otto, durou cerca de três meses e eu adorei. Quando terminei, fui indicada pelos próprios professores para o meu primeiro trabalho na área. Fiquei muito feliz, isso me motivou a continuar estudando, então aguardei
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a abertura da próxima turma de Técnico em Manutenção Automotiva, fiz o processo e passei.
Hoje eu estou concluindo o primeiro ano do curso e
já consegui um novo emprego na área, também por intermédio dos professores. Esse tratamento humanizado, é o que eu mais admiro no SENAI. Aqui você não é só mais um, você recebe atenção, é muito bem acolhido e respeitado. Estou muito satisfeita e cheia de planos para o futuro!” Erica Zeli Lessa Aluna do curso técnico SENAI
Foto: Alexis Prappas
TERCEIRA DÉCADA: 1999/2008
O QUE ESTAVA ACONTECENDO NO BRASIL E NO MUNDO
A crise internacional retira investimentos feitos no Brasil, mas o país consegue se manter estável com o aquecimento no setor industrial. Na política internacional, os anos 2000 começam marcados por ações militares dos Estados Unidos em países do Oriente Médio, na chamada Guerra ao Terrorismo. Os conflitos foram desencadeados pelos atentados terroristas ao World Trade Center em Nova Iorque em 11 de setembro de 2001.
Foto: reprodução yahoo.com
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CONTEXTO HISTÓRICO:
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TERCEIRA DÉCADA: 1999/2008
Ainda no cenário global, os Estados Unidos enfrentaram sua pior crise financeira e econômica desde 1929. A Crise do Subprime, como ficou conhecida, estourou em
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2008 e causou uma forte recessão mundial que atingiu a maioria dos países. No Brasil, o início dos anos 2000 foi uma fase positiva e de crescimento acelerado com a indústria aquecida, saldo da balança comercial positivo e preços estáveis. Com a crise na Bolsa de Valores Internacional (2008-2009) um grande volume de dólares foi retirado da economia brasileira e a consequência foi o aumento nas taxas de juros de mercado. Apesar deste cenário, o país consegue acumular mais reservas do que a dívida externa, recebendo status de credor. Mesmo apresentando crescimento econômico médio-baixo em comparação com a média dos países emergentes, o Brasil mantém sua economia estável. Na política nacional, a década de 2000 tem seu destaque nas eleições de 2002 onde pela primeira vez na história do país um operário chegou à presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores. Lula, como é conhecido foi reeleito em 2006.
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CRISE MUNDIAL Apesar da crise em 2008, a economia brasileira consegue se manter estável Fotos: reprodução internet
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PANORAMA INDUSTRIAL DO ESTADO TERCEIRA DÉCADA: 1999/2008
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Indústria Celulose, Três Lagoas 2015. Foto: Betinho Escalante
TERCEIRA DÉCADA: 1999/2008
Considerada a década do “boom” da indústria sul-mato-grossense, o destaque foi para a indústria de transformação. Três Lagoas se tornou a capital mundial da celulose e fez do Estado referência no setor. O Estado de Mato Grosso do Sul experimentou gran-
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de crescimento industrial nos anos 2000. As políticas industriais federais e leis de incentivos fiscais estaduais adotadas na época tornaram o Estado atrativo do ponto de vista econômico, passando a receber investimentos de indústrias exportadoras e empresas oriundas dos estados vizinhos, como São Paulo e Paraná, que vieram em busca de competitividade produtiva. Como foi o caso da Lei nº 93/2001 chamada de “MS EMPREENDEDOR”, uma iniciativa do Governo Estadual para atrair indústrias por meio da concessão de incentivos fiscais juntamente com o auxílio dos governos municipais, por meio de doação de terrenos e outros benefícios concedidos à indústria. Neste período, o destaque no avanço do setor industrial foi o crescimento da indústria de transformação, principalmente nos segmentos da produção de celulose a partir do eucalipto e da indústria sucroalcooleira tendo como matéria prima a cana-de-açúcar. A indústria da construção civil também cresceu apoiada na pavimentação de rodovias, construção de pontes de concreto e habitações populares. Assim como também evoluiu a indústria extrativa mineral.
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BOOM DA INDÚSTRIA Destaque para os segmentos de celulose, construção civil, indústria sucroalcooleira e mineração
Foi a partir de 2007 que a indústria sul-mato-grossense dá seu grande salto com expressivos investimentos na melhoria da infraestrutura do SESI, SENAI e IEL em todo o Estado. O fortalecimento da mão de obra qualificada para o setor trouxe resultados concretos, entre eles a atração de novas e grandes indústrias para Mato Grosso do Sul. Um belo exemplo foi a transformação da cidade de Três Lagoas na capital mundial da celulose. Foi um longo caminho percorrido, com o início na década de 1980 quando a extinta Champion, empresa de papel e celulose com atuação no interior do Estado de São Paulo, planejava instalar uma fábrica em Três Lagoas. Em meados de 1990, quando foi incorporada à International Paper, as negociações tomaram mais forma, sendo apenas em 2007 que os planos saíram do papel e se tornaram reais.
TERCEIRA DÉCADA: 1999/2008 O acordo fechado entre a brasileira Fibria, maior fabricante de celulose do mundo, e a subsidiária americana International Paper foi fechado e as fábricas começaram a ser construídas. A parceria entre as duas empresas cumpriu a promessa dada à cidade nos anos 80 e inseriu Três Lagoas e Mato Grosso do Sul na geografia do setor. Apesar de ser considerada a capital mundial da celulose, Três Lagoas tem, em seu Distrito Industrial, a maior fábrica brasileira de refrigeradores, a Metalfrio. Fundada em 1960, a Metalfrio foi criada para produzir componentes de sistemas de refrigeração, mas logo mudou seu foco para atender a demandas específicas de seu mercado, impulsionada pelo
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Fotos: reprodução internet
TRÊS LAGOAS Capital mundial da celulose crescimento dos grandes fabricantes mundiais de bebidas e sorvetes que se instalavam no Brasil. A expansão da fábrica para Três Lagoas foi em 2008 com um investimento de mais de R$ 22 milhões, fazendo da unidade uma referência dentro da indústria mundial de refrigeração comercial. Os anos 2000 também foram importantes para o município de Dourados. Com o apoio da prefeitura no processo de industrialização, o executivo municipal instituiu a Lei nº 2.478, de 26 de fevereiro de 2002, em que passou a conceder benefícios para empresas industriais, comerciais e de prestação de serviços. Esse incentivo somado ao “MS Empreendedor” do Governo do Estado permitiu a expansão e diversificação da atividade industrial. Na seara educacional, importantes acontecimentos marcaram esse período. Em 2008, a FATEC SENAI Campo Grande iniciou, oficialmente, suas atividades com educação superior quando foi credenciada pela Portaria MEC nº 1.474, de 4 de dezembro de 2008, e foi instalada no Centro de Formação Profissional Marechal Rondon em Campo Grande, onde funciona desde 1949, oferecendo Educação Profissional e Tecnológica.
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TERCEIRA DÉCADA: 1999/2008
2001 • Modernização do Centro de Formação Profissional Marechal Rondon • Lançamento do Projeto SESI por um Brasil Alfabetizado • Criação do Fórum Nacional da Indústria • Atentado terrorista ao World Trade Center
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2007 • Implantação do Programa de Qualificação de Fornecedores (PQF) em âmbito nacional • Lançamento do Programa de Educação para um nova Indústria (SESI e SENAI)
Foto: arquivo Dicom
Foto: Reprodução internet
2008 • Crise do Subprime
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Foto: arquivo Dicom
DEPOIMENTOS
MARQUINHOS TRAD Prefeito de Campo Grande
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A FIEMS é uma grande incentivadora do desenvolvimento de qualquer município. Ela é importante na qualificação de mão de obra, com os diversos cursos oferecidos, mas também no apoio dado em vários projetos, incentivando a atividade industrial e, ao mesmo tempo, proporcionando melhor qualidade de vida ao cidadão.
REINALDO AZAMBUJA Governador do Estado de Mato Grosso do Sul A FIEMS tem muito o que comemorar. São 40 anos de história, quase a mesma idade do Estado, e uma trajetória de promoção do desenvolvimento das indústrias e de apoio a empreendedores e colaboradores. Mato Grosso do Sul possui mais de 6 mil indústrias ativas que empregam 121 mil trabalhadores com carteira assinada. A FIEMS, presidida por Sergio Longen, é uma parceira importante do Governo Estadual promovendo crescimento econômico, geração de empregos e renda.
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“Trabalhar no setor industrial sempre foi meu objetivo. Assim que terminei o ensino médio já sabia aonde eu queria chegar. Foi esse desejo que me motivou ao longo de um extenso percurso de profissionalização, já são cinco formações entre cursos técnicos, de nível superior e pós-graduações. Hoje sou responsável pelo setor de segurança do trabalho no Complexo Novos Negócios de uma indústria 4.0 em Campo Grande. A experiência de 13 anos atuando na indústria, primeiramente no setor da construção civil e depois no ramo alimentício, me fez viver na prática a importância do associativismo. Ter o respaldo da Federação tanto nas leituras de mercado, quanto na capacitação e no assessoramento é indispensável para estratégias assertivas. Acredito que todo o meu entusiasmo pelo setor industrial vem do entendimento da importância da área para a economia e para o desenvolvimento social. A indústria é promotora de grandes conquistas, é capaz de gerar desenvolvimento, renda, oportunidades e o principal: incentivar a qualificação dos trabalhadores. Não se trata apenas do que a indústria proporcionou para mim, mas todo o reflexo positivo
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que ela tem para a sociedade”. Luciano Lopes de Arruda Torres Engenheiro e profissional da indústria
Foto: Alexis Prappas
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CONTEXTO HISTÓRICO: O QUE ESTAVA ACONTECENDO NO BRASIL E NO MUNDO
Escândalos de corrupção e a crise econômica desestabilizam o cenário nacional com profundos reflexos em todos os setores. O país volta a ter fôlego após mudança de gestão e início das reformas trabalhista e previdenciária e a promessa de ajustes fiscais. Esta última década teve seu começo marcado pelas consequências causadas pela crise econômica mundial que afetou, especialmente, os países da União Europeia. Os Estados Unidos se mantiveram como potência global apesar de todos os reflexos negativos enquanto a China expandiu e se firmou como superpotência emergente.
Foto: reprodução time.com
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A década também ficou marcada pela crise migratória na Europa, agravada em 2015. Centenas de milhares de migrantes irregulares vindos da África, Oriente Médio e Ásia Meridional buscavam refúgio nos países da União Europeia o que ocasionou perda de centenas de vidas. Já no Brasil, esta década começa com a primeira presidente mulher eleita, Dilma Rousseff. Concomitante a isso, o país passa por profunda recessão e por uma série de episódios de corrupção em grande escala. Neste contexto, em meio ao crescimento acelerado da inflação e o aumento da tarifa dos transportes públicos, uma onda de protestos tomaram diversas cidades do país e marcaram o ano de 2013. Neste período também foi deflagrada a Operação Lava Jato, apurando um rombo histórico na Petrobras, que perdeu grande parte de seu mercado à época. Nesta ope-
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ração, vários representantes de grandes empresas e muitos políticos foram presos.
Manifestações 2013. Foto: História da Estória
MANIFESTAÇÕES Corrupção, aumento na tarifa de ônibus e recessão econômica levaram milhares de pessoas às ruas
Jogos Olímpicos 2016. Foto: Diego Padgurschi/Folhapress
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Em 2014, a recessão econômica se agravou e, em meio a acusações de crimes de pedaladas fiscais, a presidente Dilma Rousseff, que havia sido reeleita no ano anterior, sofre o processo de impeachment, dando o lugar ao seu então vice, Michel Temer, que termina o mandato até próximo presidente eleito, Jair Bolsonaro, assumir o cargo. Vale destacar também que nestes dez anos, o Brasil recebeu diversos eventos importantes como a Copa das Confederações e a Jornada Mundial da Juventude em 2013, a Copa do Mundo em 2014, os Jogos Olímpicos de 2016, a 11ª Cúpula dos BRICS em 2019, entre outros. O cenário brasileiro atualmente é de expectativa positiva. O Governo Federal tem implementado uma agenda de reformas - trabalhista, previdenciária e de ajustes fiscais - que estão aquecendo novamente a economia e atraindo investimentos.
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PANORAMA INDUSTRIAL DO ESTADO QUARTA DÉCADA: 2009/2019
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Parque Industrial de Campo Grande 2019. Foto: Betinho Escalante
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Com setor fortalecido, a indústria venceu o pior da crise e se firmou junto a um Mato Grosso do Sul capaz de crescer em quaisquer cenários. 84
Os 40 anos de industrialização do Estado tomou seu fôlego principal nas últimas duas décadas, em que começou a ganhar expressividade e firmar-se em conjunto com o trabalho do Sistema FIEMS e a presidência de Sérgio Longen. A política de incentivos fiscais beneficiou em muito os investimentos no Estado. Mato Grosso do Sul tinha um PIB de R$ 16,4 bilhões, à época da edição da Lei Complementar nº 93/2001, que regularizou os benefícios. Em 2014, o conjunto das riquezas, bens e serviços somava R$ 78,9 bilhões, quase cinco vezes mais, segundo dados do Governo do Estado. De 2015 até 2018, a carteira de investimentos privados esteve estimada em R$ 40 bilhões. Mato Grosso do Sul deve registrar este ano o maior crescimento do PIB, em torno de 2,5%, segundo estudo divulgado pelo banco Santander. O PIB industrial tem uma série histórica sem recuos, diferentemente do resto do país. Outro indicador é o saldo positivo na geração de empregos, mesmo na fase aguda da crise Mato Grosso do Sul foi o único a criar novos postos de trabalho.
Para acompanhar essa evolução, foi investido na reestruturação do SESI e SENAI, um total de mais de R$ 370 milhões aplicados na modernização, ampliação e construção de novas unidades do Sistema FIEMS. O aporte em investimentos em pessoal, adequação de espaços e colaboradores atingiu a casa dos R$ 500 milhões. As ações em parceria com o poder público, permitiram melhorias em praticamente todos os 79 municípios para o crescimento e a geração de empregos por meio da força da indústria. Para retratar esta década, voltamos a 2009, quando a FIEMS fez grandes avanços em prol do conhecimento, construindo 11 bibliotecas em 10 cidades: Rio Verde, Naviraí, Costa Rica, Iguatemi, Bataguassu, Campo Grande, Três Lagoas, São Gabriel do Oeste, Ribas do Rio Pardo e duas em Dourados. No interior, foi inaugurado o Centro Cerâmico de Rio Verde, em que deu apoio técnico e tecnológico à atividade artesanal e de design em cerâmica, reforçando o compromisso com a base de formação do cidadão, oferecendo serviços de qualidade para a indústria, com os trabalhos desde a preparação da argila até o processo de queima e secagem.
Unidades SENAI. Fotos: arquivo Dicom
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MICRODESTILARIA
Microdestilaria Didática de Etanol. Foto: arquivo Dicom
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Para ampliar as experiências internacionais foram realizadas missões no Chile, Bolívia, Paraguai, Itália, Portugal e Espanha, colaborando na intermediação de benefícios e trazendo know-how ao setor. No campo do esporte foi realizada a 1ª Volta das Nações, uma meia-maratona internacional promovida pelo SESI em que reuniu mais de 20 mil pessoas e ofereceu R$ 42 mil em prêmios com sorteio de um carro zero quilômetro aos participantes. Sempre atento à humanização, em 2010 o Sistema FIEMS realizou a 2ª edição da Volta das Nações, incentivando o esporte, lazer e bem-estar. Também incentivou a divulgação da indústria por meio do lançamento do Prêmio MS Industrial de Jornalismo, com oferecimento de até R$ 53 mil em dinheiro aos melhores autores de reportagens sobre o setor industrial e seu papel estratégico no desenvolvimento do Estado e, consequentemente, do país.
SENAI Dourados ganha a microdestilaria didática de etanol em 2011
Ainda em 2010, o interior foi beneficiado com a Incubadora Sindical em Corumbá e a capital sediou a Expo-MS Industrial, para a troca de experiência entre empresários. Neste mesmo ano, foi concluída a modernização do Edifício Casa da Indústria; a inauguração do Espaço FIEMS em homenagem aos ex-presidentes da Federação e a entrega do Gran Colar da Ordem do Mérito Industrial – honraria àqueles que foram fundamentais no processo de industrialização do Estado. Em 2011, o destaque no desempenho da gestão foi a inauguração da microdestilaria didática de etanol no SENAI de Dourados, atendendo uma demanda na formação dos profissionais do setor sucroenergético do Estado. A conquista também foi importante para fomentar as potencialidades do setor que, à época, já contava com 400 mil hectares plantados de cana-de-açúcar. Ao SENAI ainda foram compradas mais unidades móveis de automação e instrumentação e, como sempre previsto nas ações da FIEMS, o esporte também pôde contar com mais uma edição da Volta das Nações e com a pedalada SESI que contemplou passeio ciclístico e prova de mountain bike indoor.
Expedição Chile 2019. Foto: Victor Renato
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O incentivo ao esporte também marcou o ano de 2012. A Volta das Nações reuniu 24 mil participantes. Para a educação, os destaques foram a inauguração da Biblioteca em Cassilândia e um novo bloco da Faculdade SENAI na capital, onde formou-se a 1ª Turma do Curso Superior de Tecnologia em Processos Gerenciais. O SENAI de Corumbá foi reformado no mesmo ano e a cidade ganhou uma praça do SESI. Em Dourados foi inaugurado mais um laboratório do SENAI e outro foi reformado em Três Lagoas, dando continuidade ao processo de expansão e modernização do Sistema FIEMS. A Expo-MS Industrial realizou mais uma edição na capital em 2012 para troca de experiências e divulgação do que havia de mais moderno para tecnologia industrial na época. A feira reuniu expositores do vestuário, fiação, tecelagem, couro e calçados, celulose e papel, mineração e siderurgia,
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embalagem, financeiro, crédito e consultorias, álcool e açúcar, gráfico e comunicação, metalmecânica, máquinas e equipamentos, alimentos e frigoríficos, transporte e logística, segurança, energia e madeira. Em Três Lagoas foi assinado o termo de doação para construção do Instituto SENAI de Inovação Biomassa e para a construção do SESI. Campo Grande viveu surto de dengue em 2013 e o Sistema FIEMS fez intensa campanha contra o combate ao mosquito aedes aegypti. Foram distribuídos folhetos informativos e até disponibilizada unidade móvel médica do SESI. Equipes foram a campo visitando residências para a conscientização da população sobre a prevenção da infestação do mosquito. Já em 2014 foi inaugurado o Instituto SENAI de Tecnologia em Dourados e Centros Integrados do SESI SENAI em Naviraí, Aparecida do Taboado e em Maracaju. No mesmo período, o Sistema FIEMS ofereceu mais de 200 mil vagas de emprego na indústria e iniciou o Lapidando Talentos em Corumbá e Ladário. A mesma entidade ainda recebeu unidade móvel de soldagem.
CENTROS INTEGRADOS São inaugurados em 2014 nas cidades de Naviraí, Aparecida do Taboado e Maracaju
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Expo-MS Industrial. Fotos: arquivo Dicom
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Centro de Inovação SESI. Foto: arquivo Dicom
90 No mesmo ano lançou o Selo Ambiental SENAI às empresas. Os selos ambientais servem para classificar a eficiência ambiental das indústrias estaduais de acordo com os parâmetros pré-estabelecidos no Decreto Estadual nº 13.606, de 25 de abril de 2013. O decreto prevê incentivos fiscais até 2008 para o setor industrial sul-mato-grossense, permitindo a ampliação, em até 5%, do percentual do benefício fiscal já concedido mediante à efetividade do plano técnico de sustentabilidade ambiental das empresas. Na gestão de 2015, a iniciativa destaque foi o Programa Ação Cidadania que levou diversos serviços de saúde, educação e cultura para mais perto da população, como aferição de pressão arterial, exames de prevenção ao câncer, entrega de kit odontológico, controles de vetores, orientações sobre consumo de água e energia, emissão de Carteira de Trabalho, de CPF, de RG e de Título Eleitoral, orientação jurídica, corte de cabelo, pintura facial, brinquedos infláveis, sorteio de brindes, entre outros.
SELOS AMBIENTAIS Lançados em 2014 para classificar a eficiência ambiental das indústrias
Na infraestrutura, também foram inauguradas neste mesmo ano as novas sedes do SESI, IEL e Incubadora Sindical em Campo Grande, assim como o lançamento da Pedra Fundamental da Escola SENAI da Construção também na capital e ainda a inauguração do SENAI em Sonora. Em 2015, o Sistema FIEMS também integrou o Movimento Brasil Competitivo e recebeu o projeto Câmara dos Deputados Itinerante, lutando pelos interesses da indústria e estando em meio às transformações políticas que estavam por vir. Uma delas, com a crise de 2016, era a possível volta da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentações Financeiras) com alíquota de 0,38%, que foi fortemente combatida pelo setor produtivo e trabalhadores formais em Mato Grosso do Sul, que juntos somavam impactos previstos em R$ 701 milhões ao ano. A volta foi questionada pelo Movimento Acorda MS - chega de impostos, do qual o Sistema FIEMS fez parte representando os trabalhadores e empresários da indústria do Estado. Apesar disso, em 2016, devido a boa gestão, ainda foi possível a continuidade da expansão com a inauguração da unidade do SESI em Três Lagoas, novos laboratórios do SENAI em Dourados, novo bloco do mesmo órgão em Campo Grande e ainda o Memorial da Indústria e a Pedra Fundamental para o Centro de Inovação, ambos também na Capital.
EcoSesi. Foto: arquivo Dicom
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O ano de 2017 foi marco pelas inaugurações do SENAI Empresa, Escola SENAI da Construção e Instituto SENAI de Inovação Biomassa. O SESI deu apoio à cultura com a inauguração do Teatro Escola da unidade de Três Lagoas, enquanto a Federação encabeçou os Encontros Setoriais da Indústria e o Projeto Indústria Sem Fronteiras, que disponibilizou a empresários um guia com o raio X das principais cidades paraguaias e sul-mato-grossenses localizadas na região de fronteira para facilitar a implantação de empreendimentos do estado no país vizinho. A maior conquista deste ano, no entanto, foi a implementação do Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Econômico e Equilíbrio Fiscal do Estado. O Fadefe é o maior programa de incentivos fiscais da história de Mato Grosso do Sul e foi construído de forma conjunta pela FIEMS, Governo do Esta-
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do, Fecomércio e SEBRAE. O programa concede incentivos de ICMS e, em contrapartida, as empresas participantes devem investir no seu desenvolvimento e gerar empregos. Só no seu primeiro ano, o programa recebeu adesão de 74,76% dos empreendimentos. A perspectiva é que sejam criadas cerca de 13 mil novas vagas de emprego e R$ 6,7 bilhões em investimentos pelas empresas aderentes até o ano de 2032.
Escola SENAI da Construção. Foto: arquivo Dicom
A tecnologia sempre foi valorizada pela indústria e nas escolas do SESI, em que a qualidade da educação vem desde a infância até a formação profissional, não seria diferente. Em 2018 foi implantada a RoboGarden, uma plataforma desenvolvida no Canadá e que permite ao aluno sair do Ensino Médio capaz de programar nas linguagens Java e Phyton. A plataforma passou a integrar a grade curricular das escolas da Rede de Ensino do SESI em Campo Grande, Dourados, Três Lagoas, Corumbá, Aparecida do Taboado, Maracaju e Naviraí. Implantada como um projeto piloto extracurricular na unidade da capital, a plataforma agora também faz parte da rotina dos alunos do Ensino Fundamental, que, a cada 15 dias, vão ao laboratório de informática para, brincando, aprender a programar e reforçar o conteúdo de diversas disciplinas aplicadas em sala de aula. No mesmo ano, o SESI ainda inaugurou as salas interativas em suas escolas e a unidade também teve seu mais recente prédio em Campo Grande entregue, o Centro de Inovação. Em 2018 também foram lançadas as obras de reforma e ampliação da Agência do SENAI e o Programa Apoio Produtivo – Associativismo Atuante. O Programa visa implantar um novo modelo de atuação no mercado que, além de identificar a real base industrial do município ou região, impulsiona um trabalho conjunto entre SESI, SENAI, IEL, SEBRAE/MS e sindicatos industriais. Para 2019, entre as ações que fecham os 40 anos do Sistema FIEMS, está o lançamento do projeto de fomento da produção de energia fotovoltaica, reforçando o compromisso sustentável do desenvolvimento da indústria de Mato Grosso do Sul. As ações continuaram com a realização do 1º Encontro da Cadeia da Borracha, reuniões sobre o Polo de Desenvolvimento em Ponta Porã e a luta por menos impostos, com audiência pública sobre a conta de energia e projeto de revisão de emolumentos cartorários junto ao Tribunal de Justiça do Estado.
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QUARTA DÉCADA: 2009/2019
Foto: reprodução superuber.com.br
2009
2016
• FIEMS constrói
• Jogos Olímpicos
• Impeachment
11 bibliotecas em
Dilma Rousseff
10 cidades de MS
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2014 • Inauguração do Instituto SENAI Tecnologia em Dourados • Copa do Mundo no Brasil
Foto: reprodução Wall Street International
2017
Foto: arquivo Dicom
• Inauguração do SENAI Empresa, Escola SENAI da Construção e do Instituto
2019
SENAI de Inovação
• 40 anos FIEMS
Biomassa
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2018 • Implantação da plataforma RoboGarden na escola SESI
Foto: arquivo Dicom
DEPOIMENTOS
PASCHOAL CARMELLO LEANDRO 96
Presidente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul
A indústria tem papel de destaque no desenvolvimento econômico e social do nosso Estado. O setor é o termômetro da economia. Quando a indústria vai bem, tudo caminha bem, existem postos de trabalho em abundância, o padrão de vida da população melhora e, consequentemente, o desenvolvimento tecnológico está presente. Nesses 40 anos, Mato Grosso do Sul tem buscado seu espaço e aprimorado suas estratégias para extrair do setor o melhor que ele pode oferecer. Sou corumbaense de nascimento e estou na magistratura desde 1983, portanto, acompanhei passo a passo a ascensão deste jovem Estado em todos os seus setores. Como magistrado dedico meus dias a mediar conflitos e como cidadão responsável, com preocupação socioambiental, valorizo o comércio e a indústria local. Então nada mais justo nesse momento que enaltecer o papel singular da FIEMS na busca por melhorias no setor e aplaudir todos os valorosos homens que formam o setor industrial do Mato Grosso do Sul. Cada conquista no segmento é uma conquista para a sociedade sul-mato-grossense. Parabéns a todos que fazem e fizeram parte dessa história e sucesso aos que virão.
PAULO CORRÊA Presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul
Mato Grosso do Sul, um Estado então eminentemente agropecuário, nascia há 42 anos e, logo em seguida, a Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul vem com o desafio de liderar e promover o processo de industrialização de um Estado promissor. Conduzido por colaboradores dedicados, ao longo desse tempo a FIEMS soube formar parcerias com a iniciativa privada e com o poder público, em especial com a Assembleia Legislativa, e desempenhou o seu papel com sabedoria e responsabilidade, gerando desenvolvimento, riquezas e proporcionando milhares de empregos para nossa população. Hoje, Mato Grosso do Sul não se destaca apenas nas atividades rurais, pois a indústria passou a representar papel preponderante na economia local. Temos muitas razões para comemorar esses 40 anos.
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DEPOIMENTOS
ARMANDO DE QUEIROZ MONTEIRO NETO 98
Ex-presidente da Confederação Nacional da Indústria
Tenho a satisfação de poder dar um testemunho sobre a trajetória da FIEMS, brilhantemente conduzida pelo presidente Sérgio Longen, que tem muita competência e dedicação à frente da Federação das Indústrias. Nesses 40 anos, a FIEMS reuniu a comunidade empresarial do Estado e promoveu uma aliança estreita entre o setor empresarial e o setor público na direção de uma agenda pró-desenvolvimento de Mato Grosso do Sul. A atual gestão tem como marca a inovação, por meio de um conjunto de iniciativas em várias áreas da administração da Federação e tem a marca do compromisso com o desenvolvimento do Estado. São significativas as conquistas alcançadas por Mato Grosso do Sul decorrentes do trabalho dedicado de seu povo e do esforço dos seus empreendedores. A participação da FIEMS no processo de desenvolvimento socioeconômico do Estado tem sido expressiva, especialmente, pela sua forte atuação na mobilização de novos investimentos e pela sua contribuição à formulação de políticas públicas voltadas ao progresso e para a promoção social.
Um grande esforço que a FIEMS sempre fez e, nos últimos
JAIME VERRUCK
anos, já com a presença do Sérgio Longen, foi reforçar a
Secretário Estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar
representação, com um posicionamento político muito cla-
base sindical. A FIEMS não é nada se não tiver a sua capacidade de representar alguém, que é o industrial. A FIEMS chega aos seus 40 anos com essa capacidade de ro em defesa dos interesses da indústria, uma participação muito ativa em praticamente todos os assuntos que tratam do desenvolvimento de Mato Grosso Sul. Ela chega madura, com uma capacidade de representar e defender os interesses da indústria estadual. A referência quando a gente fala de defesa de interesses, normalmente, é colocado em questão de governo: reforma tributária e programas de incentivo fiscal, onde a Federação, ao longo dos anos, em todos os governos, teve uma participação efetiva, como é o caso do nosso Fadefe (Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Econômico e de Equilíbrio Fiscal do Estado). A Federação sempre entendeu que os incentivos fiscais são fundamentais para a competitividade e expansão da indústria sul-mato-grossense, e sempre trabalhou para atrair e diversificar a sua base produtiva sem esquecer daqueles empresários que já estavam instalados. A FIEMS está estruturada para que seja novamente a grande protagonista daquilo que é necessário: novas qualificações, novos empregos e a nova defesa dos interesses da indústria sul-mato-grossense.
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INDÚSTRIA 4.0
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AINDA MELHOR DAQUI PARA A FRENTE
INDÚSTRIA 4.0
104 Agroindústria, Dourados 2019. Foto: Chico Ribeiro
A indústria em Mato Grosso do Sul vem ganhando força e hoje já representa 22% da economia do Estado, segundo a Secretaria Estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro). Em dados divulgados em outubro de 2019, são mais de 120 mil sul-mato-grossenses empregados no setor, representando 19,1% da força do trabalho formal no Estado.
Os principais setores da indústria de Mato Grosso do Sul são*:
FRIGORÍFICOS E PRODUTOS DE CARNE
112 EMPRESAS 25.899 TRABALHADORES 12,81 bilhões (R$ - VALOR BRUTO DE PRODUÇÃO)
SUCROENERGÉTICA
19 EMPRESAS 32.000 TRABALHADORES 5,06 bilhões (R$ - VALOR BRUTO DE PRODUÇÃO)
ALIMENTOS E BEBIDAS
881 EMPRESAS 11.268 TRABALHADORES 3,47 bilhões (R$ - VALOR BRUTO DE PRODUÇÃO)
METALMECÂNICA
873 EMPRESAS 7.157 TRABALHADORES 3,06 bilhões (R$ - VALOR BRUTO DE PRODUÇÃO)
CELULOSE, PAPEL, PRODUTOS DE PAPEL E PAPELÃO
CONSTRUÇÃO
26 EMPRESAS 3.940 TRABALHADORES 3,20 bilhões (R$ - VALOR BRUTO DE PRODUÇÃO) 2.182 EMPRESAS 21.667 TRABALHADORES 2,30 bilhões (R$ - VALOR BRUTO DE PRODUÇÃO)
TÊXTIL, CONFECÇÃO E VESTUÁRIO
303 EMPRESAS 5.880 TRABALHADORES 1,15 bilhão (R$ - VALOR BRUTO DE PRODUÇÃO)
PRODUTOS MINERAIS NÃO METÁLICOS
352 EMPRESAS 3.506 TRABALHADORES 642,6 milhões (R$ - VALOR BRUTO DE PRODUÇÃO) *Fontes: RAIS/MTE, Semagro e IBGE 2017.
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INDÚSTRIA 4.0
A grande expansão em Mato Grosso do Sul foi no setor da celulose, que fechou 2018 com 1,117 milhão de hectares de florestas plantadas. O número ultrapassa a meta de 1 milhão de hectares prevista para 2030 pelo Plano Estadual de Florestas. Além de recuperar áreas que estavam degradadas, a produção de celulose dinamizou os municípios da Costa Leste em Mato Grosso do Sul. Vários empreendimentos foram atraídos para a região, entre eles, uma fábrica de MDF. Trata-se do maior parque de produção de celulose de eucalipto a partir de florestas plantadas do mundo, colocando as fábricas em destaque mundial. O volume de exportações da celulose no país somaram mais de 15 mil toneladas, sendo Mato Grosso do Sul
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com 4 mil toneladas só em 2018, segundo dados do Governo do Estado. Na região do Pantanal, considerada um dos santuários ecológicos mais valorizados do planeta, encontram-se os municípios de Corumbá e Ladário, que formam o principal polo minerador do Estado. Ainda segundo o Governo Estadual, ali está localizada a terceira maior reserva de manganês e de minério de ferro do Brasil. A extração destes e de outros minerais – areia, argila e calcário, por exemplo, fazem de Mato Grosso do Sul o quarto maior Estado arrecadador de CFEM (Compensação Financeira Pela Exploração de Recursos Minerais) para a União e possibilitou que indústrias se instalassem para desenvolver a Região Oeste também. Por ano, são extraídos cerca de 4,8 milhões de toneladas de minério e a reserva tem capacidade para dobrar a extração de alumínio, um metal versátil, bastante utilizado na construção civil e indústria tecnológica. Corumbá é o maior produtor mundial de nióbio, que é matéria-prima fundamental para a fabricação de equipamentos hi-tech para aviação e medicina, por exemplo.
107 Usina de Álcool, Ivinhema 2017. Foto: arquivo Dicom
CANA-DE-AÇÚCAR MS é o 4º maior produtor nacional O crescimento da área plantada de cana-de-açúcar levou Mato Grosso do Sul à quarta posição no ranking dos maiores produtores brasileiros do setor. E mais: quando o assunto é etanol, o Governo do Estado elenca que subimos para a terceira posição entre os estados produtores. O saldo é positivo também na cogeração de bioeletricidade: das 19 unidades em operação no Estado, 12 produzem energia elétrica a partir da queima do bagaço da cana chegando a exportar energia excedente para o Sistema Interligado Nacional (SIN). Juntas são responsáveis por mais de 3,27 bilhões de litros de etanol produzidos.
INDÚSTRIA 4.0
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Indústria de vidro laminado e temperado, Campo Grande 2003. Foto: Alexis Prappas
EMPREGO Até 2023 a indústria deve gerar 3,7 mil novas vagas de trabalho
AS PROJEÇÕES DA FIEMS PARA EXPORTAÇÕES DE PRODUTOS INDUSTRIAIS DE 2019 A 2023 ESTÃO ESTIMADAS EM:
A PROJEÇÃO PARA A MASSA SALARIAL DA INDÚSTRIA DE 2019 A 2023 ESTÁ ESTIMADA EM:
2019: US$ 3,85 bilhões 2020: US$ 3,93 bilhões 2021: US$ 4,05 bilhões 2022: US$ 4,16 bilhões 2023: US$ 4,27 bilhões 2019: R$ 3,40 bilhões 2020: R$ 3,52 bilhões 2021: R$ 3,63 bilhões 2022: R$ 3,75 bilhões 2023: R$ 3,87 bilhões
Os empregos na indústria também estão em constante crescimento. As projeções mostram que os empregos vão crescer de 122 mil em 2019 para 125,7 mil em 2023. Assim como a criação de estabelecimentos industriais, com estimativa de aumento de 6.110 novas plantas em 2019 para 6.400 em 2023.
O PIB Industrial deve variar de R$ 22 bilhões em 2019 para R$ 28
bilhões em 2023.
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INDÚSTRIA 4.0
Invista em Mato Grosso do Sul Mato Grosso do Sul tem uma posição privilegiada, com fácil conexão para os 260 milhões de consumidores do Mercosul. Uma condição que faz um ambiente propício para todo tipo de investimento, tendo fronteira com os estados de São Paulo, Paraná, Goiás, Mato Grosso e Minas Gerais e dos países Bolívia e Paraguai. O estado também é ponto estratégico para a Rota
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Bioceânica com trajeto de 2.396km que ligará o Atlântico ao Pacífico, criando um atalho de escoamento de produção e exportações de mais de 7 mil quilômetros até os mercados asiáticos, gerando uma economia de 30% no tempo e nos custos aos grandes mercados mundiais, principalmente a China. Já estão em andamento as obras de acesso para a nova ponte sobre o Rio Paraguai que vai ligar Porto Murtinho a Capitán Carmelo Peralta (Paraguai), com investimento previsto de US$ 75 milhões a ser custeado pela Itaipu Binacional. Com o crescimento da capacidade competitiva, está sendo integrada vem integrando a logística com rodovias, ferrovias e hidrovias, criando um corredor de importação e exportação. Além disso, Campo Grande está a uma hora de voo dos principais centros do país - São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Cuiabá, Curitiba - sendo que 97% dos 79 municípios são interligados por estradas asfaltadas. Além disso, Mato Grosso do Sul conta com mais de 3.700 km navegáveis pelas hidrovias Tietê-Paraná e Paraguai-Paraná, fortalecendo o potencial de instalação de novas indústrias para todas as regiões.
Construção do acesso à nova ponte sobre o rio Paraguai, Porto Murtinho 2019. Foto: Victor Renato
LOGÍSTICA Porto Seco em Corumbá reforça a logística do Estado
A logística também é reforçada com o porto seco em operação no município de Corumbá (fronteira com a Bolívia) e outro em processo de instalação no município de Três Lagoas (fronteira com o Estado de São Paulo), ampliará capacidades do Estado. Há estudos adiantados para a implantação de um Porto Seco em Ponta Porã, na fronteira do Brasil com o Paraguai. O projeto da Ferrovia de Integração do Centro-Oeste tornará Mato Grosso do Sul o entreposto do maior corredor de commodities agrícolas do país. Já está em estudo a conexão dessas malhas com as ferrovias da Argentina, Bolívia, Chile e Peru, para viabilizar a TransAmericana, que ligará o Peru ao porto de Santos.
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INDÚSTRIA 4.0
Além disso, a maior reserva subterrânea de água doce do mundo, o Aquífero Guarani, tem 25% de seu volume em território brasileiro localizado em Mato Grosso do Sul. O Governo do Estado divulgou que atingiu todas as metas de gestão de recursos hídricos, cumprindo os compromissos com a Agência Nacional de Águas (ANA). No quesito energia, o Estado recebe 8,2 milhões de m³/ dia de gás natural vindo da Bolívia e com instalações que distribuem de Oeste a Leste, tem um potencial com possibilidades de expansão. O consumo local é de apenas 33,3% desse total. Outra crescente é o uso de energia solar, com sistemas instalados em residências, comércios, indústrias, propriedades rurais e prédios públicos.
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Porto de Iquique, Chile 2019. Um dos destinos da Rota Bioceânica. Foto: Victor Renato
Foto: reprodução internet
A primeira usina fotovoltaica do Estado será viabilizada em Anaurilândia com investimentos de US$ 1,5 bilhão já anunciados por um consórcio de empresas. Campo Grande ainda conta com uma termelétrica com capacidade de produção de 195 megawatts e há mais duas, uma Três Lagoas com potência de 240 megawatts e outra em construção na divisa de Corumbá e Ladário, com capacidade de 160 megawatts. Além de todo o potencial elencado, as empresas que quiserem se instalar em Mato Grosso do Sul ainda podem contar com dois fundos específicos: o Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste e o Fundo de Desenvolvimento do Centro-Oeste. Ambos disponibilizam cerca de R$ 2 bilhões por ano, com condições diferenciadas nas taxas de juros, limite financiável, prazos e carência. Ainda há o programa de benefícios fiscais de Mato Grosso do Sul, que apoia o investidor na implantação, ampliação, modernização, relocação ou reativação de empreendimentos. O Programa MS-Empreendedor concede às indústrias os benefícios fiscais de 67% do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) até o ano de 2032.
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INDÚSTRIA 4.0 114 A indústria 4.0 é a nova fronteira da produção industrial que tornará a forma como se produz hoje obsoleta. No novo modelo, as tecnologias ganham maior integração e há uma fusão entre os mundos físico e virtual, criando sistemas chamados ciberfísicos. O conceito é descrito pela Confederação Nacional das Indústrias (CNI), na Carta da Indústria 4.0, em que define que a principal diferença em relação às demais revoluções industriais está na velocidade das transformações produzidas pela digitalização. O Ministério da Indústria, Comércio e Serviços definiu que as principais tecnologias envolvidas na nova fase são chamadas de: • Internet das Coisas: representa a possibilidade de que objetos físicos estejam conectados à internet podendo assim executar de forma coordenada uma determinada ação. Um exemplo seriam carros autônomos que se comunicam entre si e definem o melhor momento (velocidade e trajeto, por exemplo) de fazer um cruzamento em vias urbanas.
• Manufatura Aditiva ou Híbrida: é a adição de material para fabricar objetos em 3D, formados por várias peças, constituindo uma montagem. • Inteligência Artificial: é um segmento da computação que busca simular a capacidade humana de raciocinar, tomar decisões, resolver problemas, dotando softwares e robôs de uma capacidade de automatizarem vários processos. • Biologia Sintética: é a convergência de novos desenvolvimentos tecnológicos nas áreas de Química, Biologia, Ciência da Computação e Engenharia, permitindo o projeto e construção de novas partes biológicas tais como enzimas, células, circuitos genéticos e redesenho de sistemas biológicos existentes. • Sistemas Ciberfísicos: sintetizam a fusão entre o mundo físico e digital. Dentro desse conceito, todo o objeto físico (seja uma máquina ou um linha de produção) e os processos físicos que ocorrem, em função desse objeto, são digitalizados. Ou seja, todos os objetos e processos na fábrica tem um irmão gêmeo digital.
Foto: reprodução internet
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116 De acordo com a CNI, a robótica avançada, big data, computação em nuvem e sistemas de simulação virtual também se uniram nessa combinação que abrem um novo leque de possibilidades para novos negócios e solução de antigos problemas, como acesso remoto à saúde, cidades inteligentes, mobilidade urbana, geração de energia a partir de novas fontes, entre outros. O surgimento do que se convencionou a chamar de Indústria 4.0 vem transformando a produção industrial com novos processos, produtos e modelos de negócios e tornará os sistemas convencionais de produção gradualmente ultrapassados, criando um movimento sem volta e para todas as empresas, independentemente do seu porte e setor de atuação. Os desafios se impõem para o setor público e para o setor privado, mas, acima de tudo, há uma gigantesca oportunidade, em que a CNI aponta a possibilidade de um salto da indústria brasileira em produtividade, diminuindo a distância para as nações desenvolvidas.
As três primeiras revoluções industriais trouxeram a produção em massa, as linhas de montagem, a eletricidade e a tecnologia da informação, elevando a renda dos trabalhadores e fazendo da competição tecnológica o cerne do desenvolvimento econômico. A quarta revolução industrial terá um impacto mais profundo e exponencial, pois se caracteriza por um conjunto de tecnologias que permitem a fusão do mundo físico, digital e biológico. Atualmente o Brasil ocupa a 64ª colocação no Índice Global de Inovação Global segundo levantamento produzido pela Universidade de Cornell, Insead e Organização Mundial de Propriedade Intelectual (OMPI) em 2018. Entre as áreas em que o país se destacou estão gastos com P&D, importações e exportações líquidas de alta tecnologia, qualidade de publicações científicas e universidades. Já no quesito Competitividade, o Brasil ocupa o 80º lugar no ranking de produtividade entre 137 países, segundo Relatório Global de Competitividade.
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INDÚSTRIA 4.0
Para Mato Grosso do Sul, o Sistema FIEMS pensou no futuro do setor com o projeto Diálogos de Inovação, para antecipar, mobilizar e inspirar o que se quer da indústria até meados de 2040. O projeto vai capacitar empreendedores e a sociedade, empreendedores e a sociedade para planejar a indústria de Mato Grosso do Sul pelos próximos 20 anos com um formato inovador, em que empresários e especialistas do Estado e especialistas de renome nacional participam de encontros para discutir inovações e tecnologias para desenvol-
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ver e elevar a indústria à vanguarda do setor.
Foto: reprodução internet
A intenção é que, após os encontros, seja apresentado o painel MS - Indústria para o Futuro. Os palestrantes e debatedores são pessoas com capacidade técnica de embasar esse trabalho concebido para pensar a indústria do futuro e, no fim, se espera ter condições de criar ações concretas e
DIÁLOGOS DA INFORMAÇÃO
oportunidades para as empresas, em parceria com o poder
Preparando a sociedade para as transformações da indústria
cionados para discutir presencialmente um tema específico
público e sociedade em geral. A cada encontro, 20 empresários do estado são selecom o palestrante convidado, enquanto outros 80 podem interagir on-line. Todos os eventos são transmitidos gratuitamente via YouTube e outras redes sociais da FIEMS e SENAI, sendo abertos à população em geral, enquanto as palestras são realizadas em diferentes locais, sempre relacionadas ao tema exposto. Alguns dos temas já escolhidos são as Parcerias Público-Privadas, Cidades Inteligentes, Internet das Coisas, Nanotecnologia, Educação, Comportamento Coletivo e Desenvolvimento Local e as Indústrias. Além disso, o SENAI disponibiliza no seu portal SENAI40.com.br a Avaliação de Maturidade. Trata-se de um questionário desenvolvido em parceria com o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e o Instituto Fraunhofer com a finalidade de identificar a realidade e as necessidades de cada organização para facilitar a construção de um plano de ação rumo à transformação digital. No portal também é possível ver cases de sucesso e ter acesso a Pílulas de Conhecimento (microlearning) em que você poderá conhecer de forma mais rápida a indústria 4.0, através de vídeos, podcasts, textos, artigos, dentre outros.
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DEPOIMENTOS
TEREZA CRISTINA Ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimeto
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Nesses 40 anos, a Federação das Indústrias do Estado de Mato Grosso do Sul contribuiu fortemente para o desenvolvimento e industrialização do nosso querido estado. Vários segmentos foram criados a partir da competência e articulação da Federação para que o estado começasse o seu caminho de crescimento e desenvolvimento. Com a criação da FIEMS, veio também a qualificação da mão de obra de acordo com os setores que iam se desenvolvendo, como indústria da celulose, de alimentos, frigoríficos, entre outros. São 40 anos apoiando empreendedores que impulsionam a economia. E sei que é só o começo para que possamos tornar o Mato Grosso do Sul ainda mais desenvolvido.
SIMONE TEBET Senadora por Mato Grosso do Sul
Há 40 anos a FIEMS tem exercido papel fundamental na industrialização de nosso Estado. Ressalto, especialmente, o trabalho na capacitação de mão de obra. Sei dos gargalos da industrialização em regiões longe dos grandes centros graças à minha experiência como prefeita de Três Lagoas, cidade que, sozinha, é responsável por um terço das exportações de Mato Grosso do Sul. Por isso, destaco o êxito de projetos da gestão do presidente Sérgio Longen na minha cidade natal. Ressalto o Instituto SENAI de Inovação em Biomassa, que atua para desenvolver tecnologias inovadoras, e a escola SESI, pioneira em pesquisas, com uma educação que valoriza o aprendizado industrial. Estes são alguns exemplos do potencial da indústria em Mato Grosso do Sul e do apoio da FIEMS para promover o seu crescimento continuado.
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DEPOIMENTOS
ALFREDO FERNANDES Presidente da FIEMS no período de 1999 a 2007
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O nascimento da Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul (FIEMS) foi algo inédito porque Mato Grosso do Sul sempre foi um Estado voltado para a criação de gado. A única economia que existia pujante na região era da pecuária. O cenário econômico sofreu uma modificação ao longo dos anos em consequência das indústrias que surgiram e começaram a caminhar. Não tínhamos sindicatos e para registrar uma Federação se consumia um tempo muito grande, uma vez que era dificílimo criar sindicatos. Tudo precisou ser moldado para criar sindicatos e aglomerá-los, só assim começarmos a trabalhar. O Sistema S em Mato Grosso do Sul contava apenas com um SESI e um SENAI em Corumbá, um SESI agregado com o SENAI em Campo Grande e o SENAI de Três Lagoas. A origem do Sistema S é muito interessante, tínhamos só esses locais para começar a vislumbrar o que íamos fazer. Até então, o nosso norte era o pessoal do Mato Grosso que estava há alguns anos na nossa frente. Como tínhamos poucas cidades, criamos três vagões, um para a escola, outro para os equipamentos e um que era o
dormitório, acoplados à locomotiva. Assim começamos os cursos técnicos, como de mecânica, encanador, eletricista e marcenaria e os levamos para cidades como Ponta Porã, Aquidauana e Três lagoas. Os instrutores se mudavam para essas cidades por períodos de seis meses, oito meses, um ano, e assim foi possível introduzir os primeiros ensinamentos profissionais. A FIEMS foi um lugar de muito trabalho. O saber é fundamental e foi isso que realizamos. Por incrível que pareça, o lugar mais difícil para a gente penetrar foi onde hoje há maior presença de alunos em todo o Estado e o mais industrializado, Três Lagoas. Foi muito difícil instalar uma escola lá por questões políticas, estávamos tentando implantar uma novidade que foi desacreditada no início. Começamos do zero, foi colocado tijolo por tijolo. Eu fico muito feliz em ver o crescimento industrial de Mato Grosso do Sul porque é resultado de muito trabalho, a FIEMS foi quem desbravou e com isso o setor industrial acabou superando a pecuária e a agricultura. Um trabalho de todos, a somatória daqueles que se dedicaram a esse trabalho.
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PAL AVRA DO PRESIDENTE
SÉRGIO LONGEN Presidente da Federação das Indústrias do Estado de Mato Grosso do Sul
A celebração dos 40 anos da FIEMS é muito importante para todos nós empresários do setor industrial sul-mato-
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-grossense. Nessas quatro décadas, tivemos uma única missão: industrializar o nosso Estado. Nesses 40 anos, todos aqueles que presidiram a FIEMS contribuíram e, no meu caso, ainda continuo contribuindo, com a consolidação do setor industrial. O empresário Jorge Elias Zahran, que foi o primeiro presidente da FIEMS, o Alfredo Fernandes, que foi o segundo presidente, e eu, que sou o terceiro presidente da Federação, trabalhamos com o propósito principal de trazer desenvolvimento para Mato Grosso do Sul. Nos últimos 15 anos, temos consolidado como modelo de industrialização a diversificação da atividade industrial, ou seja, nós não produzimos mais só um ou dois itens, mas uma grande gama de produtos. No passado, Mato Grosso do Sul era conhecido apenas por industrializar a soja para a produção de óleo e pela indústria frigorífica para a produção de carne bovina. Hoje, temos as indústrias sucroenergéticas, de celulose e papel, moveleira, de alimentos e bebidas, da construção civil, extrativa mineral, metalmecânica, do vestuário e têxtil, química e de produtos veterinários e farmacêuticas.
Nós evoluímos até na indústria frigorífica, que não se restringe mais somente à carne bovina, produzimos também a carne suína, de aves, de peixe e até de jacaré. E o Sistema FIEMS, por meio da FIEMS, CIEMS, SESI, SENAI e IEL, tem participado desse processo de diversificação da produção industrial e obteve algumas conquistas, como uma política moderna de concessão de incentivos fiscais para atrair mais empresas para Mato Grosso do Sul. Além disso, temos conseguido viabilizar uma redução da burocracia para a liberação de recursos financeiros por meio do FCO (Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste), que são volumes expressivos disponibilizados anualmente para a atividade industrial do Estado. Essas ações do Sistema FIEMS em prol do desenvolvimento do setor industrial se sobressaem nesses 40 anos e, quando notamos a diversidade da nossa indústria, percebemos a evolução do setor, não só no número de empresas e de segmentos, mas também no da qualificação dos nossos trabalhadores. Por isso, consideramos muito importante o desenvolvimento regional e temos a oportunidade de mantermos esse crescimento industrial com a aprovação das reformas estruturantes do País, principalmente, da Reforma Tributária. Não que a política de incentivos fiscais existente hoje nos Estados seja o modelo mais adequado para o desenvolvimento, mas precisamos de um formato que contemple o avanço econômico das Unidades da Federação localizadas no Centro-Oeste, Norte e Nordeste do Brasil. A indústria do futuro com certeza contempla uma ação muito forte do setor de Mato Grosso do Sul. No entanto, para isso, vamos começar a utilizar as nossas unidades do SESI e SENAI no Estado para que a inovação chegue na ponta, ou seja, no trabalhador. Os nossos técnicos vão visitar as indústrias e construir uma solução inovadora para que elas possam aumentar a produção e reduzir os custos. É um grande desafio da nossa equipe ajudar a construir a indústria do futuro e levar o suporte necessário para que as empresas avancem.
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Fontes Oficiais Ministério da Indústria, Comércio e Serviços Confederação Nacional das Indústrias Governo do Estado de Mato Grosso do Sul
Trabalhos Científicos Mato Grosso do Sul e Campo Grande: Articulações Espaço-Temporais Cleonice Alexandre Le Bourlegat A Dimensão Espacial do Processo de Reestruturação da Indústria no Mato Grosso do Sul de 2000 a 2010 Thayná Nogueira Gomes Estado de Mato Grosso do Sul, Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul: políticas de educação técnica profissional Jeffersson Carriello do Carmo Considerações sobre a Formação Industrial de Mato Grosso do Sul Bruna M. O. B. Ferreira, Patrícia P. Paz, Rafael G. Moreno, Viviane S. Fachin
Coordenação do Projeto Diretoria de Comunicação da FIEMS
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1o Processo Industrial de Mato Grosso do Sul - Companhia Matte Larangeira
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