Revista Mato Grosso dos Sul - Edição 13

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ANO VII / EDIÇÃO 1 3

MATO GROSSO DO SUL U M A P U B L I C AÇ Ã O D O G O V E R N O D O E S TA D O D E M AT O G R O S S O D O S U L

ESPECIAL EDUCAÇÃO



EM NOSSA ARTE DE CAPA

Arte feita pelos artistas Pedro Vasciaveo e Leonardo Mareco junto com alunos em escola pública durante o Festival Campão Cultural _ Fred Diegues


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//SUMÁRIO 6

ARTE EDUCAÇÃO CAMPÃO CULTURAL A arte foi para as escolas durante o Festival “Campão Cultural”, com ações de arte urbana, música, literatura e dança para os alunos.

PROGRAMA CENTELHA /// 6 NOVO ENSINO MÉDIO /// 12 VALE UNIVERSIDADE /// 16 VOLTA ÀS AULAS /// 20 AULÕES ENEM /// 24 VACINAÇÃO /// 28 INVESTIMENTOS /// 32 MS ALFABETIZA /// 36 ROTA BIOCEÂNICA PROGRAMA CENTELHA Veja como o programa incentiva ideias inovadoras que trazem melhorias para toda a sociedade.

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CAMPÃO CULTURAL /// 40 MS DIGITAL ///46 TALENTOS MS /// 48 NEGRITUDE FEMININA/// 52


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UEMS RECEBE INVESTIMENTOS EM REFORMAS E INCENTIVO À PESQUISA No ano passado, o núcleo da UEMS de

ENEM - PROFESSORES QUE NÃO MEDEM ESFORÇOS Professores preparam aulões mais que especiais para o primeiro grupo de

Dourados recebeu investimentos para

alunos que realizou o ENEM após um ano de aulas on-line.

melhorias na infraestrutura e pesquisa.

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Editorial REFLEXÕES NEGRITUDE NA ESCOLA Em Dourados, um projeto de ensaio fotográfico trouxe reflexões sobre o empoderamento feminino negro entre alunas do ensino fundamental e médio.

Nesta 13ª edição da revista, queremos

do Sul tnão se mediu esforços para in-

reforçar como a educação tem o papel

centivos e investimentos em melhorias

principal na geração de oportunidades.

nesta área. Com a vacinação, 2022 é pro-

Nesses últimos anos, estudantes e pro-

missor e, nesta edição, você vai ler sobre

fessores de todos os níveis de ensino

vários projetos desenvolvidos na área da

passaram pelo período de adaptação

educação, que trilham toda a base para

com as aulas virtuais. Em Mato Grosso

novas oportunidades.

ANO VII

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CAPA

INOVAÇÃO: AS IDEIAS QUE FAZEM A DIFERENÇA - PROGRAMA CENTELHA O PROGRAMA OFERECE RECURSOS PARA TRANSFORMAR INOVAÇÃO EM NEGÓCIOS DE SUCESSO.

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_ Thiago Quevedo Lopes

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ma ideia inovadora é uma proposta para solucionar um problema e trazer melhoria para a sociedade, independente da área. O Programa Centelha tem como objetivo incentivar

ideias inovadoras e, com recursos, tirá-las do papel. A iniciativa é promovida pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) e pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), em parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o Conse-

lho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap), e Fundação CERTI. Em Mato Grosso do Sul, é executada pela Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul (Fundect), com apoio da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro) e do Governo do Estado de Mato Grosso do Sul. A iniciativa chegou em Mato Grosso do Sul em 2019 e sua primeira edição teve 30 projetos selecionados. “Agora, na segunda edição, serão cerca de R$ 4,3 milhões investidos, divididos em R$ 60 mil por projeto e mais R$ 26 mil em bolsas de estudo, para aprovar até 50 boas ideias inovadoras”, detalha o diretor científico da Fundect e responsável pelo Centelha-MS, Nalvo Franco de Almeida Jr. Até março de 2022, o Programa está com as suas inscrições abertas. Nalvo ainda acrescenta que para participar, basta inicialmente ter uma boa ideia.

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_CAPA// PROGRAMA CENTELHA

_ Co-fab

“O Programa Centelha existe para incentivar e transformar o conhecimento e incentivar as pessoas a empreender. Os participantes recebem, além do recurso, capacitação, tudo para incentivar o crescimento e desenvolvimento de novas start-ups”, Nalvo Franco de Almeida Jr.

São várias as áreas que já tiveram seus projetos aprovados: desde as engenharias, ao agronegócio, arquitetura, desenvolvimento de softwares, cosméticos e até compostagem. “Inovação é muitas vezes associada à área da tecnologia, mas não é a regra. Uma ideia inovadora é uma solução que pode trazer uma melhoria em qualquer ramo”, acrescenta Nalvo. Na primeira fase do Programa Centelha, os interessados apresentam suas ideias de negócio e a equipe de trabalho. Na segunda fase, os selecionados elaboram um projeto de empreendimento, por fim, na terceira fase, desenvolvem um projeto de fomento, com apresentação detalhada do orçamento e do planejamento de execução.

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Paulo Ricardo Domingos Magalhães é um dos integrantes do projeto intitulado Co-fab, que também integra Eduardo Azevedo e Gustavo Lima. Formado em Arquitetura e Urbanismo pela UFMS, ele desenha móveis autorais no computador, com um software de criação digital. Com o projeto, ele configura uma máquina de controle automatizado, que corta as placas com comandos inseridos. Assim, ele é capaz de fazer vários tipos de móveis que não necessitam de pregos e geram menos desperdício.

_ Co-fab

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“O Centelha nos proporcionou vários materiais, como lixas, selante, alguns aparelhos e também a contratação de serviços de um programador para fazer todo o site. Com os recursos e a capacitação do Centelha, ganhamos uma liberdade de experimentar mais de uma ideia, até conseguirmos a melhor”, expressou.


_CAPA// PROGRAMA CENTELHA

A equipe de Thiago Lopes Quevedo desenvolveu uma mão biônica impressa em 3D que atenderá pessoas com deficiência e

PÓS-GRADUAÇÃO Em termos de incentivo à pesquisa, Mato Grosso do Sul é um

necessitam de prótese, a custos bem menores que o encontra-

dos estados que mais investe na pós-graduação com recursos

do no mercado.

próprios. Conforme explica Nalvo, de acordo com um estudo

Desde a graduação, o pesquisador atua com desenvolvimento

do Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à

de soluções e produtos, relacionados à modelagem, simula-

Pesquisa (Confap), ficou constatado que Mato Grosso do Sul é

ções e a manufatura. Na atual pesquisa, ele se dedicou à enge-

o segundo estado no ranking nacional que mais concede bolsas

nharia biomédica, na busca pela prótese de baixo custo e alto

para cursos de pós-graduação stricto sensu do país.

desempenho.

“Nosso estado é o segundo que proporcionalmente mais con-

“Hoje uma prótese disponível no mercado custa em média en-

tribui com recursos próprios para as bolsas de estudo de pós-

tre 50 e 100 mil dólares. Muitas vezes, uma mão biônica é até

-graduação”, reforça.

descartada, pois o paciente precisa ainda passar por um longo

As bolsas são distribuídas entre todas as áreas de conhecimen-

período de adaptação. Isso é um valor exorbitante para ainda

to, reforçando o incentivo por inovação para todos. Em 2021,

correr o risco de não utilizar”, ressalta.

inclusive, aconteceu algo inédito no estado: foram disponibi-

Com a produção própria, Thiago explica que a produção é mais

lizadas bolsas para todos os programas de pós-graduação em

em conta, o que possibilita o melhor alcance. Por enquanto, o

Mato Grosso do Sul.

produto entrará em fase de teste com pessoas com deficiência.

“Foi firmado um acordo com a Capes, que participou de parte da distribuição das bolsas. Mas o Estado achou por bem também contemplar cursos além do acordo, contemplando assim todos os cursos do estado”, comenta. Investir em bolsas de estudo é contribuir diretamente com o fo-

"No ambiente acadêmico, conseguiríamos levar este projeto possivelmente até, no máximo, o que chamamos de bancada de experimentos. Porém, com o Programa Centelha e todo apoio que recebemos em diferentes aspectos, o salto de desenvolvimento é maior e mais rápido, pois do projeto conceitual passamos a ter um protótipo real, que nos permite evoluir para a fase de testes junto ao usuário. Isto gera uma satisfação muito grande, porque tiram do papel as soluções que podem ajudar quem realmente precisa", menciona.

mento da inovação. “É formar recursos humanos qualificados, além de fomentar a inovação e é isso que contribui diretamente para o desenvolvimento do estado”, afirma.

_ Thiago Quevedo Lopes

ANO VI

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O FUTURO É NOVO 2022 é o ano em que todas as escolas da Rede Estadual de Ensino oferecerão o modelo do Novo Ensino Médio para todos os alunos de Mato Grosso do Sul.

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_NOVO ENSINO MÉDIO

_ SED

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esde 2021, as mais de 300 escolas da Rede Estadual de Mato Grosso do Sul vêm recebendo gradativamente o Novo Ensino Médio. A nova estrutura de currículo escolar tem como principal

objetivo guiar os alunos na definição de um projeto de vida. Assim, eles têm a possibilidade de concluir essa etapa já equipados da área de conhecimento adequada aos seus objetivos. Mato Grosso do Sul foi uma das primeiras federações do país a implementar o Novo Ensino Médio. A proposta da reforma em si estava prevista no Plano Nacional de Educação desde 2014. O projeto se desenvolveu a partir de 2017, com alterações da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) e das novas Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (DCNEM). Ainda, outro componente foi a elaboração da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para o Ensino Médio em 2018. Conforme o superintendente de políticas educacionais Hélio Queiroz Daher, o primeiro passo para o Estado conseguir a implementação começou cinco anos atrás com a ampliação de escolas de ensino integral, necessárias para a operação da estrutura.

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“Atualmente, 1/3 das mais de 300 escolas já são em ensino integral. A implementação do Novo Ensino Médio começou no início do ano letivo de 2021 e neste ano, todas as escolas de Mato Grosso do Sul já terão este novo modelo”, declarou. Na prática, o novo currículo tem uma composição comum a todos os estudantes: a Formação Geral Básica (FGB). A outra, intitulada Itinerários Formativos (IF), é flexível e pode ser moldada pelo próprio estudante conforme sua formação de preferência. Em Mato Grosso do Sul, a Secretaria Estadual de Educação sistematizou o novo modelo em Currículo de Referência, que é a Formação Geral Básica; e o Catálogo de Unidades Curriculares, que são os Itinerários Formativos.

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_ Chico Ribeiro

Os estudantes podem escolher disciplinas distribuídas entre

Em Campo Grande, a E. E. Waldemir Barros da Silva foi a

as quatro áreas do conhecimento: Matemáticas e suas Tecno-

primeira a receber e implementar o Novo Ensino Médio em

logias; Linguagens e suas Tecnologias; Ciências da Natureza e

2021. De acordo com a diretora adjunta Analice Silva da

suas Tecnologias; Ciências Humanas e Sociais Aplicadas.

Cruz, o ensino integral começou em 2017 e desde então já se

Ainda a disciplina intitulada “Projeto de Vida”, é focada em

trabalhavam gradativamente disciplinas interdisciplinares,

ajudar os estudantes no autoconhecimento para que tomem

que estimulam a autonomia do estudante.

a melhor decisão desde o ensino fundamental.

“Quando o Novo Ensino Médio foi implementado no ano passado, já sentíamos que os alunos estavam bem-preparados. Hoje, eles estão mais maduros e com bastante expectativa para o novo ano letivo”, expressou.

“Esse novo modelo segue as tendências internacionais e deixa o Ensino Médio mais atrativo. O aluno precisa pensar em como ele se vê para si e para a sociedade”, reforça o superintendente.

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VALE UNIVERSIDADE CHAVE PARA A REALIZAÇÃO DO SONHO DA GRADUAÇÃO Programa ajuda acadêmicos com a mensalidade, facilitando o acesso às instituições de ensino privadas para acadêmicos de baixa renda

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o 2º ano do Ensino Médio, Matheus da Rosa Barreto descobriu o curso de publicidade. “Foi pesquisando que vi que era aquilo que eu queria. Me formei muito realizado, tanto com o curso,

quanto com meu projeto de TCC, que foi como um filho para mim”, se diverte. Em sua pesquisa, Matheus escreveu sobre a representatividade na publicidade. “O foco foi mostrar a importância dessa representatividade de cor da pele, corpo, idade ou sexualidade, que atual-

mente é uma tendência de mercado”, explica. Matheus se formou em 2020 pela Uniderp e foi um dos contemplados pelo programa Vale Universidade. Desde o início do programa, em 2009, 19 mil acadêmicos já foram beneficiados em Mato Grosso do Sul. De 2015 até o momento, 9,7 mil estudantes foram beneficiados.

_ Acervo Governo MS - Saul Schramm

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_ Acervo Governo MS - Saul Schramm

O Governo do Estado, dentro de um teto estabelecido, paga os 70% diretamente para a instituição, que por sua vez arca com 20% da mensalidade. O restante do valor fica com o beneficiário.

Além da parte financeira, o programa oferece também estágio aos acadêmicos em instituições parceiras da área relacionada à graduação do aluno. Para se inscrever, o candidato precisa ter renda individual igual ou inferior a dois salários-mínimos e meio e renda mensal não superior a quatro salários-mínimos. É também necessário estar matriculado nos cursos de graduação presencial em uma Instituição de Ensino Superior conveniada e ter frequência de, no mínimo, 75% das aulas, entre outros critérios.

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_VALE UNIVERSIDADE

“O vale foi uma experiência incrível na minha vida. Eu estagiei desde o segundo semestre da minha faculdade e adquiri muita experiência dentro do programa no qual muita coisa eu continuo aplicando hoje no meu atual emprego”, expressa Matheus.

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_ Chico Ribeiro

NA VOLTA ÀS AULAS PRESENCIAIS, SEGURANÇA É A PALAVRA DA VEZ Para trazer os alunos de volta às salas de aula, protocolos de segurança envolvem medidas como distanciamento social e álcool em gel para todos os alunos.

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oram longos 16 meses em que alunos e professores estiveram unidos apenas pelas telas das aulas virtuais. Mas em agosto de 2021, conforme os dados do Prosseguir, crianças e adolescentes puderam voltar

às salas de aula presencialmente. A princípio, o reencontro foi parcial. O modelo adotado foi o de aulas híbridas, com apenas alguns dias em que os alunos precisavam estar na escola, enquanto outros, ainda aconte-

ciam apenas on-line. Toda Rede Estadual de Ensino voltou 100% presencial e o ano letivo de 2022 também começa com todos os mais de 200 mil alunos da Rede Estadual de ensino nas salas de aula das escolas.

_ Juarez Rodrigues Jr.

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_VOLTA ÀS AULAS

“O retorno foi tranquilo. A saudade de todos era muito grande, a maioria dos alunos estavam eufóricos em poder voltar. Conforme o apoio da Secretaria e do Governo, conseguimos colocar em prática todos os cuidados necessários, que continuamos mantendo e conscientizando”, expressou. O retorno foi organizado sempre com a segurança dos alunos em primeiro lugar, colocando Mato Grosso do Sul em posição de referência para outros estados. Desde setembro de 2020 um comitê provisório de volta às aulas foi montado. Com o empenho de 21 órgãos de controle, servidores dedicados elaboraram um protocolo com foco em 4 eixos: biossegurança, socioemocional, cognitivo e normativo. Conforme Ligia Regina Ferreira Yule, diretora-adjunta da E. E. Adventor Divino de Almeida, o Governo do Estado, por meio da Secretaria Estadual de Educação, forneceu todo o suporte necessário às escolas, desde treinamento, até recursos e materiais, como máscaras, álcool em gel e materiais de limpeza.

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EMPENHO DOS PROFESSORES NOS AULÕES PREPARATÓRIOS PARA O ENEM Em escolas estaduais, professores até se fantasiaram para incentivar alunos na preparação das provas.

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_ Marcos Maluf

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Exame Nacional do Ensino Médio é um dos maiores desafios para os adolescentes do 3° ano em todo o país. Nessa época, professores que já não deixam de medir esforços para ensinar, costu-

mam organizar aulões preparatórios para quebrar a tensão dos estudantes preocupados com a prova. A edição de 2021 ainda trouxe um desafio maior: os alunos do 3° ano do Ensino Médio foram as primeiras turmas a fazer a prova após quase um ano e meio de ensino a distância. Em Mato Grosso do Sul, foram 52.657 estudantes inscritos na prova, entre as opções presenciais e digitais.

CAMPO GRANDE Na E. E. Maria Constança, os professores se fantasiaram de super-heróis para quebrar o gelo. Vestidos de Mulher Maravilha, Coringa e até Superman, os professores formaram a “Liga das Linguagens”, no aulão temático dessa área de conhecimento do Enem. Na ocasião, não teve um aluno que não estivesse engajado com o “espetáculo”. Os professores organizaram até trilhas sonoras para alegrar a aula, como o professor Mauro Cabral, que se vestiu de Superman. A professora de Língua Portuguesa, Jaqueline Lira se fantasiou de Mulher Maravilha.

"Esses alunos tiveram, por mais de um ano, apenas aulas on-line e não desistiram. Na verdade, são eles os nossos heróis”, comentou.

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O professor Francisco Matrone, de Filosofia, apoiou o aulão das linguagens para ensinar sobre citações. Fantasiado de coringa, ele brincou ao se "disfarçar" em meio aos outros super-heróis.

“O nosso foco está na melhor qualidade de ensino para eles. Então, o que for válido para melhorar o aprendizado deles, está valendo”, acrescentou.

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_AULÕES ENEM

_ Marcos Maluf

Conforme o diretor Reinaldo José Schmidt, a iniciativa cumpriu o objetivo. “Depois da prova, vários alunos mandaram

NOVA ANDRADINA Intitulado “Aulão do Nair”, a E. E. Professora Nair Palácio de

mensagens agradecendo, falando que a revisão do aulão re-

Souza tem um projeto que também prepara os alunos para

almente ajudou a lembrar dos assuntos e que estavam mais

outras provas de vestibulares. Os estudantes participam de

tranquilos na hora da prova”, declarou.

aulas preparatórias no horário regular. As aulas acontecem

CORUMBÁ

no anfiteatro da unidade da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul que são gravadas e também transmitidas via

Na E. E. Júlia Gonçalves Passarinho, no município de Corumbá,

Google Meet.

além do aulão preparatório, os alunos formaram uma ronda

Professores utilizam questões do Enem, além de vestibulares

na quadra de esportes. A escola elaborou um projeto intitula-

anteriores, com foco em preparar os alunos para os vestibula-

do “Foca no Enem”, com várias ações para preparar os alunos.

res da UFMS e da UFGD. Nesse projeto, além do conteúdo, os

Na ocasião, eles receberam um kit avaliação, além de um mo-

ministrantes se esforçam em dar dicas de estudo, técnicas de

mento descontraído de bate-papo, com palavras de incentivo

aprendizagem e motivações para continuar os estudos.

e orientações dos professores para manter a calma durante os dias até a prova.

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VACINAÇÃO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES: O MELHOR ALIADO NA VOLTA ÀS AULAS COM SEGURANÇA Desde 2021, a Secretaria Estadual de Saúde de Mato Grosso do Sul autorizou a vacinação para a população em idade escolar a partir dos 5 anos de idade. A vacina é a maior proteção contra a Covid-19 nesta pandemia.

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maior avanço no combate à Covid-19 é a va-

de pedido médico, sendo necessário apenas o acompanha-

cinação e desde 2021, o Governo do Estado,

mento por pais ou responsáveis.

por meio da Secretaria de Estado de Saúde,

E em janeiro de 2022 iniciou a vacinação das crianças com

com o aval do Ministério da Saúde, liberou a

a chegada das doses pediátricas da Pfizer. Posteriormente,

imunização para quem tem menos de 18 anos. A vacinação

foi autorizada a vacinação com o imunizante da Coronavac

começou em agosto do ano passado, quando adolescentes

em crianças a partir de 6 anos de idade.

de 12 e 17 anos iniciaram o processo de imunização. O Esta-

Assim, toda população em idade escolar já pode ter acesso

do foi o primeiro a vacinar este público no país.

à vacina contra a Covid-19 a partir dos 5 anos de idade e ini-

Em dezembro de 2021, foi a vez de Mato Grosso do Sul au-

ciar o ano letivo de 2022 com segurança. A Secretaria de Es-

torizar os municípios a realizarem a vacinação em crianças

tado de Saúde esclarece à população que as vacinas são se-

entre 5 a 11 anos de idade, sem a necessidade de exigência

guras e eficientes contra as variantes do Novo Coronavírus.

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_VACINAÇÃO

Em Mato Grosso do Sul, até fevereiro já foram aplicadas 390.823 doses de vacina em estudantes entre 12 e 17 anos de idade, o que representa aproximadamente 68,75% da população vacinada. Na faixa-etária das crianças entre 5 e 11 anos já foram aplicadas mais de 120 mil doses até fevereiro deste ano, o que corresponde 39,86% da população vacinada em relação ao público estimado de 301.026 crianças de 5 a 11 anos de idade.

DIA D O compromisso do Governo de Mato Grosso do Sul com um ano letivo seguro para os estudantes fica evidente na criação do “Dia D”, com a vacinação acontecendo dentro das escolas. A ação acontece em parceria entre as Secretarias Estaduais de Saúde e de Educação, além das secretarias municipais de Educação e Saúde dos 79 municípios. Também são parceiros o Conselho de Secretários Municipais de Saúde de Mato Grosso do Sul, a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação e o Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino de MS. Na E. E. Adventor Divino de Almeida, a vacina também foi algo aguardado pelas famílias. “Fizemos uma pesquisa entre os alunos e a maioria expressou que estava vacinada ou pretendia se vacinar. Isso nos dá uma segurança a mais aos alunos e a todos na escola”, expressou a diretora-adjunta Ligia Regina Ferreira Yule.

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INVESTIMENTOS NA ESTRUTURA DA EDUCAÇÃO 32

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_ Chico Ribeiro

Instituições de ensino em todo Mato Grosso do Sul receberam investimentos em infraestrutura e pesquisa.

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_Chico Ribeiro

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arte do ano de 2021, enquanto os estudantes aguardavam o retorno das aulas presenciais, as instituições de ensino eram preparadas para recepcioná-los da melhor forma: com obras de melhorias em infra-

estrutura.

Uma delas foi a E. E. Vespasiano Martins, localizada no Bairro Vila Glória, em Campo Grande. A escola é referência no ensino integral. Na volta às aulas do ano letivo de 2021, os alunos foram recebidos em um prédio totalmente reformado e ampliado. A unidade recebeu investimentos de mais de R$ 3 milhões de recursos federais e estaduais. As obras começaram em 2019 e todo o prédio histórico foi reformado.

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_INVESTIMENTOS

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MATO GROSSO DO SUL A UEMS, na sede do município de Dourados, também recebeu melhorias em novembro de 2021. Com investimentos de R$ 5 milhões, foi inaugurado um novo bloco de laboratórios. Além disso, também foram entregues veículos, como caminhonetes Frontier Nissan, utilizadas para pesquisas, projetos e acompanhamento de ações nas demais unidades da Universidade. Ainda na ocasião, foi autorizado um novo edital de Pesquisa e Extensão para valorizar o conhecimento acadêmico. Conforme o reitor Laércio Alves de Carvalho, o sentimento que fica é de gratidão.

“Esses investimentos são importantes para que a UEMS se consolide na pesquisa e na inovação, além de impulsionar ainda mais nossos pesquisadores a desenvolverem pesquisas e atendimento à demanda social. Também melhora a interlocução da UEMS na sociedade, e a abrangência dos projetos que a universidade vem desenvolvendo, inclusive em conjunto com o Governo do Estado”, finaliza.

Os recursos, provenientes do Fundo Nacional de Desenvolvi-

“É gratidão ao Governo do Estado e à toda bancada federal que acredita na ciência, que acredita na pesquisa”, expressa.

mento da Educação (FNDE), da Bancada Federal e do Governo do Estado, somam R$ 1,3 milhões. O novo bloco de laboratórios do Centro de Estudos em Recursos Naturais (CERNA) foi construído com recursos do Governo do Estado, em parceria com o Ministério da Ciência, Tecnologia,

Conforme o professor doutor, esses investimentos além de melhorar a infraestrutura da unidade, proporcionam melhor formação para os acadêmicos. Com os veículos é facilitado o

Inovações (MCTI). O montante abrange R$ 1,2 milhão, repassados pela Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro).

acesso aos serviços de projetos de extensão, agilizando a locomoção de pesquisadores, técnicos e demais funcionários.

R$ 5 milhões

de investimentos em pesquisa e infraestrutura na UEMS mais de R$ 3 milhões de investimentos em reformas de escolas estaduais

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MS ALFABETIZA: UM PROJETO PARA MELHORAR A QUALIDADE DA ALFABETIZAÇÃO DE TODAS AS CRIANÇAS Ações vão contribuir para que os estudantes matriculados nas redes públicas dominem leitura e escrita.

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er e escrever são atividades fundamentais para depreender o mundo ao nosso redor. Pensando nisso, o "MS Alfabetiza – Todos pela Alfabetização da Criança” é uma iniciativa do Governo do Estado a

fim de garantir que todas as crianças de Mato Grosso dominem essas competências. O projeto foi oficialmente lançado em outubro de 2021 e já está em fase de implementação em várias cidades de Mato Grosso do Sul. Desde janeiro, iniciou-se o processo de formação nas redes municipais. Ao todo, serão destinados R$ 8,3 milhões para ações em 2022. Conforme a coordenadora de formação continuada Alessandra Ferreira Beker Daher, ao focar nos anos iniciais, cria-se um fundamento sólido para o restante dos anos escolares.

_ Tatyane Santinoni

“Se o estudante tem uma base consolidada, ele terá sucesso em todas as outras etapas”, explica.

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O projeto vem para auxiliar as redes municipais, primordialmente responsáveis pela alfabetização, ressaltando a importância do Regime de Colaboração entre Estado e municípios. Todas as ações são lançadas sempre em conjunto entre as gestões. A meta é alfabetizar as crianças até o 2º ano do Ensino Fundamental, fornecendo tanto recursos para os alunos, quanto formação para os professores.

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_MS ALFABETIZA

O MS ALFABETIZA é dividido nos seguintes eixos: • Formação continuada dos professores e gestores escolares; • Avaliação externa e acompanhamento dos indicadores de aprendizagem; • Fortalecimento da gestão escolar; • Cooperação e incentivos entre Estado e municípios; • Oferta de material didático complementar.

“O objetivo é propiciar os subsídios necessários para garantir a alfabetização nos anos iniciais”, reforça Alessandra.

Entre as ações, também estão previstas premiações destinadas às escolas com melhores índices de alfabetização, contribuições financeiras às escolas com menores índices de aprendizagem, recursos para avaliações anuais pela SED, além de bolsas para formação dos profissionais.

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ARTE E EDUCAÇÃO: CAMPÃO CULTURAL TROUXE AÇÕES PARA DENTRO DAS ESCOLAS Foram apresentações de dança e música, além de atividades de artes visuais e literatura.

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_Fred Diegues

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m novembro e dezembro de 2021, a arte tomou conta de Campo Grande com o 1º Festival da Arte, Diversidade e Cidadania, o Campão Cultural. Durante duas semanas, várias atrações de artistas locais e

nacionais aconteceram em vários locais de toda a cidade. Parte da programação incluiu espetáculos, inclusive dentro das escolas da rede pública. Foram apresentações musicais, de dança, contação de histórias e workshops artísticos com os estudantes. O artista visual e arte educador Leonardo Mareco, junto com o artista Pedro Vasciaveo, ministraram workshops, levando a arte urbana para os alunos de unidades em bairros da periferia da Capital. Uma destas, foi a E. E. Padre João Greiler, no Bairro Estrela do Sul. Leonardo descreve a experiência como incrível. “Desde antes do início da pandemia eu não tinha contato com alunos das escolas e o festival proporcionou esse reencontro. O que mais me encanta é justamente essa diversidade que existe dentro da escola, não somente a diversidade racial, mas também de pensamentos”, expressa. Os artistas criaram murais coletivos, com técnicas do graffiti e do lambe-lambe, dialogando com a temática da diversidade. “A maioria dos alunos nunca tinham participado de um processo de realização de graffiti, apesar de serem moradores da periferia e sempre terem contato com muros grafitados. Fomos recebidos com muito carinho e entusiasmo e ao final do mural pude perceber o orgulho nos olhos deles por terem colaborado com a revitalização de um muro da escola”, detalha.

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_Álvaro Herculano

O próprio artista pratica intervenções na rua desde os 15 anos de idade e relata que a arte urbana lhe trouxe uma nova visão de mundo, além do gosto pela arte mais acadêmica e institucional, que lhe rendeu a graduação em artes visuais. “O que me motiva a fazer meu trabalho é a possibilidade de transformação que a arte carrega consigo, acredito muito nesse poder de sensibilização. E é importantíssimo levarmos as vertentes da arte urbana para dentro da escola. Os alunos são muito interessados. Nessa idade é quando a criatividade está mais aflorada, e poder expor esse sentimento através da arte é o que queremos”, reforça. O músico e professor Chico Simão levou uma palestra show para os alunos. “Era algo interativo, em que eu contava um pouco da história da polca, dos ritmos da fronteira e como aquilo se transformou e se misturou com o Paraguai. Em outras partes eles participavam com batida dos pés e das mãos”, explica.

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_CAMPÃO CULTURAL

Conforme Chico, a apresentação prendeu a atenção dos alunos, que devido às aulas a distância, também estavam aos poucos voltando a ter um convívio social. Músico desde 1995,

_André Patroni

Chico já tem algumas experiências também em escolas, e reforça a importância de incluir a arte nesse âmbito. “A escola é um lugar para as crianças terem a arte como educação, além da apreciação de algo que muitas vezes só se vê como entretenimento. Mas sem a arte, a vida seria um erro”, declara. O arte educador Eduardo Alcântara levou para crianças do ensino infantil um espetáculo de contação de histórias, repleto de brincadeiras musicais. Essa apresentação também marcou o artista por ser uma das primeiras oportunidades de se apresentar presencialmente após os anos de pandemia. “Foi uma apresentação muito especial, do início ao fim. Inclusive, devido ao mau tempo, faltou luz no meio da apresentação, mas as crianças continuaram concentradas. Foi muito gostoso, com uma plateia muito receptiva. Tive um retorno muito especial, fiquei muito emocionado em apresentar na escola. Eles têm uma carência de ter esse contato com a arte, então eles recebem assim, com a energia lá em cima”, relata.

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_Vaca Azul

Eduardo atua desde 2015 em escolas públicas, incluindo o universo da cultura popular dentro da prática de ensino. Assim, é com entusiasmo que vê iniciativas como a do Campão Cultural de incluir crianças e adolescentes nas escolas dentro da programação. “Achei a iniciativa maravilhosa, fiquei honrado de participar dessa edição, espero que tenha todos os anos e que muitas e muitas outras escolas e comunidades tenham essa recepção cultural. Eu como artista da infância, que defendo o direito das crianças terem acesso à cultura e à arte, acho isso muito importante. Achei também muito legal esse espaço não só para dança, não só pra música, mas também para a literatura e a contação de história, levando essa linguagem para as escolas”, detalhou. Conforme Gustavo de Arruda Castelo, presidente da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, levar a arte justamente na infância contribui para a formação de personalidades e é quando começa a construção do conhecimento. “Por isso é fundamental a valorização da arte na educação. Por meio dela se desenvolvem habilidades psicomotoras que despertam a criatividade e o aprendizado como um todo. A arte educação é o caminho da transdisciplinaridade”, ressalta. Ainda conforme o diretor, estimular e fomentar o desenvolvimento da criança é papel também do gestor público. “A arte e a cultura despertam a criatividade e estimulam os sentidos, principalmente quando são propostas por meio de atividades lúdicas que possam auxiliar no desenvolvimento das várias linguagens artísticas. A arte e a cultura ensinam e transformam vidas”, reflete.

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_CAMPÃO CULTURAL

ANO VII

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COM MS DIGITAL, TODOS OS ESTUDANTES TÊM CARTEIRINHA NA PALMA DA MÃO Desde agosto de 2021, o benefício está disponível gratuitamente no aplicativo.

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C

om apenas alguns toques, todo estudante de

_Saul Schramm

Mato Grosso do Sul consegue a Carteira Digital de Identificação Estudantil gratuitamente por meio do aplicativo MS Digital.

Em agosto de 2021 foi lançada a novidade, que permite a todo estudante, tanto da rede pública, quanto privada, conseguir o documento de maneira fácil e rápida. A Carteira Digital está disponível para todo estudante devidamente matriculado em uma instituição de ensino, desde o ensino fundamental ao superior, além do ensino técnico profissionalizante. Para solicitar a Carteira, é necessário baixar o aplicativo e fornecer todos os dados necessários, como informações pessoais, foto e comprovante de matrícula na instituição de ensino informada. Para a emissão, o gestor escolar validará a inscrição com base nos dados enviados pelo estudante. Neste mesmo campo do aplicativo, o documento ficará disponível para ser consultado. Conforme Paulo Cezar Rodrigues dos Santos, Superintendente de Informação e Tecnologia da Secretaria Estadual de Educação, o acesso à Carteira Digital vai de acordo com o processo de informatização que toda a Secretaria está passando. “A primeira grande ação foi a Matrícula Digital. Hoje em dia, nenhum aluno, ou pai de aluno, precisa ficar em filas para

PASSO A PASSO 1. Faça o download na app store

do aplicativo MS Digital 2. Clique no campo “Educação” 3. Clique em “Solicitar CDIEMS” 4. Preencha todos os campos

aguardar vaga em determinada escola. O planejamento e diário do professor também são on-line, além da chamada. A carteirinha só veio para somar a essas ações”, menciona. Ainda conforme o superintendente, a medida amplia ainda

A Carteira Digital representa mais um passo de Mato Grosso

mais o acesso à identificação estudantil. “Antes, ele tinha

do Sul para a modernidade. “Queremos facilitar ainda mais a

aquelas carteirinhas que geralmente havia a necessidade de

vida do aluno. Fizemos uma pesquisa e a maioria dos alunos

pagamento pela confecção. E ainda em Mato Grosso do Sul,

hoje possui um smartphone. Com a pandemia, eles aprende-

diferente de outros estados, todo estudante, independente se

ram a incluir a internet no processo de estudos. Então, nós

é aluno estadual, municipal, de escola privada ou universitário

queremos incentivar o uso do equipamento nesse processo de

tem acesso”, exalta.

aprendizagem”, ressalta.

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ESTUDANTES COM ALTAS HABILIDADES COLOCAM EM PRÁTICA SEUS TALENTOS EM MATO GROSSO DO SUL Centro Estadual de Atendimento Multidisciplinar para Altas Habilidades/Superdotação (CEAM/ AHS) oferece apoio ao desenvolvimento das potencialidades desses estudantes.

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E

studantes com altas habilidades de Mato Grosso do Sul encontram no Centro Estadual de Atendimento Multidisciplinar para Altas Habilidades/Superdotação (CEAM/AHS) um local em que eles recebem

todo apoio necessário para explorar seus talentos. No ano passado, vários alunos tiveram a oportunidade de representar Mato Grosso do Sul em competições nacionais e internacionais, além de realizarem projetos artísticos, como uma exposição cultural e apresentações musicais. Crianças e adolescentes superdotados passam por um período de avaliação que identifica a alta habilidade. No CEAM/AHS, o Centro de Atendimento Educacional Especializado traz as atividades que têm como objetivo o enriquecimento curricular desse estudante, levando em consideração as habilidades, in-

PROJETOS

teresses, ritmos e estilos de aprendizagem. Assim, o estudan-

Um dos projetos desenvolvidos no CEAM/AHS, é o “Ceam

te tem um ambiente que favorece o desenvolvimento de suas

Olímpicos”, que proporciona ao superdotado a possibilidade de

potencialidades.

colocar suas habilidades em prática em Olimpíadas nas áreas

O Atendimento Educacional Especializado se ampara no Mode-

técnicas, tecnológicas e científicas, em escala nacional e inter-

lo triádico de enriquecimento curricular de Josepeh S. Renzulli.

nacional.

As áreas de habilidade e de interesse específico do estudante

Crianças e adolescentes com altas habilidades de Mato Grosso

com altas habilidades são identificadas com base na Teoria dos

do Sul participaram em eventos como Olimpíadas de Matemá-

Três Anéis:

tica, Robótica, Química e Astronomia, em âmbito nacional e

1- Habilidade acima da média;

internacional.

2- Envolvimento com a tarefa;

Entre 2020 e 2021, estudantes participaram de 28 eventos e

3- Criatividade.

trouxeram 16 medalhas de ouro para Mato Grosso do Sul.

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ARTES Intitulado “Trilha Sonora da Sétima Arte”, os alunos apresentaram um espetáculo musical, coreografias autorais, elaboradas e executadas pelos estudantes da Capital e do interior de Mato Grosso do Sul. Os estudantes que subiram ao palco fazem parte do Atendimento Educacional Especializado de Música, Canto, Corpo e Movimento. As trilhas foram escolhidas de grandes obras cinematográficas que marcaram a história do cinema nacional e internacional, entre o início do século XX até os dias atuais. Ainda na área das artes, foi realizado o Sarau Cultural intitulado “Multiverso Cultural”. A proposta era apresentar o termo ‘multiverso’ como ponto central, e incentivar o estudante superdotado a refletir sobre seu próprio eu, no qual cada um pode criar seu universo particular de acordo com suas peculiaridades. Cada estudante utilizou recursos e técnicas de sua escolha para a produção de sua obra de arte. Foram feitas mais de 100 obras, entre desenhos, pinturas e objetos artísticos no Espaço Energia, da Energisa, em Campo Grande. Conforme Eliane Morais Fraulob, gerente pedagógica da unidade, o CEAM/AHS se empenha em sempre atender as crianças e adolescentes, para, assim, proporcionar-lhes oportunidades de acordo com suas habilidades.

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_TALENTOS MS

QUADRO DE MEDALHAS

“Temos 239 estudantes matriculados e ainda muitos que aguardam a avaliação. Começamos também a avaliar adultos, uma vez que muitos pais de estudantes com altas habilidades também tendem a ter uma superdotação. Estamos sempre nos esforçando pela educação destes alunos”, expressa.

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_ Rosane Costa

ENSAIO FOTOGRÁFICO É REFLEXÃO SOBRE NEGRITUDE NA ESCOLA Projeto em Escola Estadual de Dourados contribuiu para valorizar o empoderamento feminino e negro dentro das escolas.

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“Sua pele é marrom, e os seus traços grossos, mas não é por isso que você não tem a sua beleza. Ser uma mulher negra é ter uma magia maravilhosa. Votre peau est brune et vos traits épais, mais ce n'est pas pour cela que vous n'avez pas votre beauté. Être une femme noire, c'est avoir une magie merveilleuse”, Dieunika, do 8º ano A do Ensino Fundamental.

A

Escola Floriano Viegas Machado, no município de

Assim, nasceu o projeto intitulado “Negritude Feminina entre

Dourados, é onde Lidiane Cristina Lopes Garcia de

os muros da escola”. Lidiane, que também é uma mulher negra,

Souza passou boa parte de sua vida. Foi lá que cur-

quis elaborar algo que trouxesse a reflexão da negritude para

sou o ensino médio, estagiou durante os quatro

dentro da escola e para seus alunos.

anos de graduação, feita inclusive com o Vale Universidade. Por

“Eu comecei a alisar o meu cabelo com 15 anos quando conse-

fim, quando fez o processo seletivo para a docência, foi a pri-

gui meu primeiro salário. Foi só na fase adulta que comecei a

meira escola que lecionou e que hoje ministra as disciplinas de

passar pelo processo de transição, e a gostar dos meus lábios

Geografia e Pesquisa e Autoria.

grossos. Antes disso, sofria bullying no período escolar e não

“Com essa oportunidade de retornar professora para uma escola

conseguia olhar no espelho e ver os meus traços bonitos, não

onde já fui aluna e estagiária, voltei mais madura e com um pou-

via ninguém naquela época com cabelo cacheado. Então, quis

co mais de conhecimento. Emicida em uma de suas músicas diz:

criar esse projeto dentro da escola em que eu estudei, como

“Nunca volte para sua quebrada de mão e mente vazia”. Então,

oportunidade de transformar a história de meninas como eu”,

eu já voltei pensando que precisava fazer alguma coisa”, explica.

expressa.

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_NEGRITUDE FEMININA

Durante alguns dias, a professora convidou alunas negras, de todas as idades e tonalidades de pele para participar de um ensaio fotográfico que tinha como objetivo valorizar esse protagonismo negro e trazer essa reflexão social para a escola. As meninas estavam livres para vestir como se sentissem melhor. Em um dia selecionado para isso, o grupo se reuniu e uma outra professora, Rosane Costa, que também é fotógrafa, fez as fotografias. “Eu conheci meninas muito empoderadas, com muito conhecimento racial, maturidade e uma consciência racial ma_ Rosane Costa

ravilhosa. Olhava para elas e para os discursos delas e pensava que poderia ter vivido outro momento, se eu tivesse essas meninas como minhas colegas de turma na minha adolescência. Me inspiro muito nas minhas alunas”, exalta. A experiência trouxe um momento de reflexão e autoconhecimento, mas também de troca de ideias entre as próprias meninas. “Foi um momento de acolhimento. As meninas puderam se conhecer melhor. Enquanto uma tirava fotos, nós lanchamos. As meninas compartilhavam suas histórias, como por exemplo de que lado da família vinha o cabelo, o tom da pele, sempre elogiando umas às outras. E as outras meninas que não quiseram participar, também foram acolhidas. Nos tornamos um grupo dentro da escola, o projeto ficou marcado para todos. A negritude na escola se uniu”, ressalta.

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“Sou negra na pele, na alma, na voz e na luta!”, Giulya, 9º ano B do Ensino Fundamental II.

“É mostrar a beleza negra de cada uma. A beleza do cabelo, da pele, dos detalhes, para mostrar a todos que a beleza negra deve ser mostrada, mostrar o poder que tem nessas adolescentes, como elas se sentem bem do jeito que elas são”, Lara, 7º ano A do Ensino Fundamental II.

Sobre ter escolhido um ensaio fotográfico para essa ocasião, a

“Percebi uma maturidade muito grande dessas meninas em fa-

professora explicou como um registro pode contribuir com a

lar sobre questões raciais. Falamos sobre relacionamentos, so-

autoestima. “A maioria das pessoas que tem uma relação um

bre a solidão da mulher negra, muitas vieram com um discurso

pouco conturbada consigo mesmo, com seus traços, também

de aceitação e empoderamento. Sempre elogiando o volume, a

não consegue ficar muito à vontade na frente de câmeras. En-

curvatura do cabelo da outra, tudo isso ali naquele grupo de me-

tão, achei muito importante isso delas, a partir do registro, se

ninas de diferentes idades e até nacionalidades diferentes, como

enxergarem como bonitas”, detalha.

a haitiana Dieunika. Às vezes elas ainda não sabem expressar

Ainda depois do ensaio, as meninas expressaram seus sentimentos

de maneira formal, como se identificam como pretas ou pardas

a respeito do assunto, além de debaterem mais questões raciais.

conforme o IBGE, mas elas têm o conhecimento”, exalta.

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_NEGRITUDE FEMININA

_ Rosane Costa

ANO VI

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MÓVEIS DO PROJETO CO-FAB, DO PROGRAMA CENTELHA. Leia mais na página 6

_ Co-fab




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