exPerience
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w w w.tot vs.com /experience
w w w.t o t v s . c o m /ex p e r i e n c e
muNdO As lições da Coreia do Sul, onde o ‘milagre’ do desenvolvimento se deu com investimento pesado em educação e em planejamento estruturado BeacONs Para seduzir o consumidor, varejo aposta em novas experiências digitais aplicadas no mundo físico
hora
dE a ju s tEs
Nem O céu é O limiTe Perspectivas de crescimento na adesão à computação em nuvem impulsionam ofertas variadas de soluções para armazenamento e aplicações em Cloud
como aproveitar os desafios econômicos para ajustar os processos e aumentar a produtividade
Turbine suas aplicações com IBM Linux on Power Oferta: Protheus virtualizado com Linux on Power
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IBM Linux on Power
Recursos de Segurança tornam o Linux on PowerVM mais seguro do que o Linux em x86 com VMware
boaS-vindas Enfrentamos uma crise de recursos – menos energia e menos água – que nos provoca a sermos mais produtivos com o que temos”
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Realização
PUBLISHER FLAVIO ROZEMBLAT EDITORA CHEFE ELIS MONTEIRO DIRETORA DE ARTE DANIELA BARREIRA GERENTE DE PROJETO DANIEL RAZABONE ENTREVISTAS ESPECIAIS GABRIELA MAFORT EQUIPE DE REPORTAGEM CARLOS VASCONCELLOS / CESAR BAIMA / GABRIELLE NASCIMENTO / KAREN FERRAZ / RODRIGO CARRO FOTÓGRAFAS ANNA CAROLINA NEGRI / MARIA DO CARMO PRESIDENTE DA TOTVS LAÉRCIO COSENTINO EXECUTIVOS DA TOTVS RODRIGO CASERTA / LÉLIO DE SOUZA / FLÁVIO BALESTRIN Equipe de Marketing
DIANA RODRIGUES / CRISTIANO CUNHA / ALINE LUIZ Os artigos assinados são de inteira responsabilidade dos autores e não representam a opinião da revista, da editora ou da TOTVS S.A. A reprodução das matérias e dos artigos somente será permitida se previamente autorizada por escrito pela editora, com crédito da fonte. Todos os direitos reservados.
A revista TOTVS Experience não é vendida. TOTVS - Avenida Braz Leme, 1631, Santana, São Paulo. Escritório de Operações Private – Rua Ministro Jesuíno Cardoso, 454, Itaim Bibi.
Acesse www.totvs.com/experience para ler a versão digital desta edição.
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Acreditamos que há grandes oportunidades de crescimento em cenários adversos. É assim que vemos 2015, como um ano de muitas possibilidades. Somos otimistas porque a história nos mostra que em momentos de crise (política, financeira, entre outras), somos mais criativos, mais inovadores, mais ousados. Encontramos meios para superar problemas e, quase sempre, descobrimos uma forma muito mais simples e eficiente de fazer algo que sempre fazíamos. Para nós, as adversidades estimulam a gerar rupturas. Leva a humanidade a dar grandes saltos de desenvolvimento. É nesse momento em que estamos. Os empresários brasileiros têm hoje o desafio de fazer muito mais com menos. Enfrentamos uma crise de recursos – menos energia e menos água – que nos provoca a sermos mais produtivos com o que temos. Chegou a hora de ajustar os processos, rever as despesas, tirar o que é supérfluo e garantir a eficiência operacional dos nossos negócios. É isso o que a TOTVS acredita e que se propõe a fazer pelos seus clientes. Há vários meios de ser mais produtivo, levá-lo a essa reflexão é justamente o que esta edição da TOTVS Experience se dedica. Buscamos referências em outros países, conversamos com especialistas de mercado e empreendedores de sucesso, ouvimos empresas, clientes, institutos de pesquisa e consultorias. Nosso trabalho de reportagem foi voltado a mostrar que é possível encontrar formas de trabalhar com mais rentabilidade e que 2015 pode ser um ano a ser lembrado muito mais pelas conquistas e ganhos de eficiência do que pelas perdas ou prejuízos. O momento é agora e depende de todos nós. Pensando juntos, fazemos melhor. Tenha uma boa leitura!
Esta é a nossa Comunicação sobre o Progresso na implementação dos princípios do Pacto Global das Nações Unidas e apoio aos objetivos mais amplos da ONU. COMUNICAÇÃO SOBRE O PROGRESSO
Comentários sobre o seu conteúdo são bem-vindos.
Laércio Cosentino, CEO da TOTVS
06 PerSoNAGem Germán Quiroga, o homem que ajudou a construir o e-commerce no Brasil, fala sobre o espírito empreendedor como diferencial competitivo. 08 muNDo Lições vindas do Oriente: como se deu o processo de transformação da Coreia do Sul, hoje, uma das potências econômicas emergentes. 14 eNTreVISTA Futurologistas Mike Liebhold e Salim Ismail falam sobre como tirar proveito das tecnologias revolucionárias que impactam a forma como planejamos, produzimos e pensamos. 20 cAPA Os desafios que as empresas enfrentam em 2015, no Brasil, para ampliar a produtividade e a eficiência.
14
28 INFoGrÁFIco Investimento em planejamento e escolha da tecnologia adequada podem reduzir perdas e aumentar a produtividade. Como melhorar resultados adotando ferramentas sociais. 30 comPorTAmeNTo Como funcionam os beacons, sistemas digitais que começam a ser adotados em pontos de venda físicos para tornar mais rica a experiência do consumidor com marcas e produtos. 36 ATuAlIDADe Software as a service (SaaS): cresce o interesse do mercado pelos novos modelos de comercialização e distribuição de software via assinatura. 38 SoluÇÕeS Computação em nuvem deixa de ser apenas uma opção e passa a ser vista como uma das soluções possíveis para transformar custos de TI em custos variáveis. 42 oPINIÃo Supply chain: especialista dá dicas essenciais de como adotar um controle estratégico de custos para enfrentar mercados cada vez mais competitivos.
38
44 comPeTITIVIDADe Uma maneira prática de pensar a inovação incremental, feita no dia a dia: o papel da liderança para engajar e motivar os colaboradores a ‘pensar fora da caixa’. 46 em Foco Por que as empresas brasileiras devem considerar a hipótese de internacionalização e quais são os requisitos para que uma empreitada no exterior seja bem sucedida. 52 cASeS De SuceSSo Como IBM e Della Via Pneus buscaram e implementaram soluções TOTVS de integração para promover uma guinada em seus negócios. 56 SuSTeNTABIlIDADe Projetos de contratação, inclusão e qualificação de pessoas com deficiência podem gerar uma mudança de cultura, maior comprometimento com o outro e quebra de paradigmas.
56
P E R S O N A G E M 6
Espírito
animal
O
Quem é e o que pensa o empresário Germán Quiroga, o homem que ajudou a construir o e-commerce no Brasil por Carlos Vasconsellos
engenheiro Germán Quiroga encarna como poucos o espírito ani-
mercados, ter melhores resultados, trazendo mais
mal do empreendedor, aquele otimismo espontâneo, descrito pelo
retorno para seus clientes, acionistas, funcionários e
economista John Maynard Keynes, que impulsiona a economia. Não
parceiros”, enumera.
fosse assim, ao se formar no Instituto Militar de Engenharia (IME), em
O papel desses empreendedores, diz ele, é fun-
1991, o jovem Quiroga não teria se lançado em uma série de empreitadas que
damental e pode ajudar o país a superar o momen-
ajudaram a construir o e-commerce no Brasil, uma indústria que movimentou
to difícil na economia. “Um empreendedor tem,
mais de R$ 35 bilhões em 2014.
antes de tudo, um sonho de concretizar o próprio
Mestre em sistema digital pela USP, Quiroga fundou a TV1.com e a Americanas.
negócio. Essa vontade, quando bem administrada
com, empresa que chegou a deter 55% do comércio eletrônico no Brasil. Foi CIO e
e apoiada de forma estruturada, é capaz de gerar
CMO da Cyrela Brasil Realty e fundou o Pontofrio.com, que se tornou Nova Ponto-
resultados surpreendentes. Transforma nossas rea-
com e finalmente CNova, para fazer, recentemente, um IPO na Nasdaq, em Nova
lidades e cria riqueza de forma a superar nosso ce-
York. “Meu atual desafio”, define Quiroga.
nário adverso”, diz.
Pequeno empresário
Soluções disruptivas
Mas a trajetória não começou aí. Quando ainda cursava a faculdade, no Rio
No segmento de TI as oportunidades são ainda
de Janeiro, o espírito animal já estava à espreita. Quiroga conta que desenvolvia
maiores. “O surgimento de novas tecnologias, a
programas de gestão para locadoras, confecções, pequenos varejos, entre ou-
difusão da mobilidade, o aumento do poder com-
tros clientes, chegando a montar uma microempresa com os colegas de curso. O
putacional dos aparelhos, o acesso à internet cada
pequeno empreendimento foi vendido quando o estudante se mudou para São
vez mais barato e veloz, a chegada ao mercado de
Paulo, em 1992, para fazer o mestrado.
consumo das crianças que nasceram conectadas, a
“Nessa nova fase participei de uma startup, dessa vez uma produtora web, que
simplificação das interfaces”, lembra Quiroga. “Tudo
fez o primeiro site de diversas empresas no Brasil, entre elas Antártica, Sadia, TAM,
isso cria um ambiente rico para o surgimento de
Grupo Pão de Açúcar, Volkswagen etc. Na época tínhamos que vender os proje-
novas soluções disruptivas, o melhor contexto para
tos para as áreas de TI das empresas, pois estávamos no início da internet corpo-
o empreendedorismo. Prova disso é o número de
rativa no Brasil”, lembra o executivo.
novas empresas que estão transformando o nosso dia a dia e gerando riqueza neste processo”.
Alavanca corporativa
Apesar das dificuldades para os empreendedo-
Quiroga ressalta a importância desse espírito empreendedor como alavanca no
res, Quiroga é otimista. Para ele, o cenário evoluiu
âmbito corporativo. “Ter executivos empreendedores permite à empresa se dife-
desde a época em que deu seus primeiros passos
renciar das demais, satisfazer seus clientes de forma mais profunda, criar novos
como empreendedor. “Hoje, o Brasil, possui uma
Despertar e m p r e e n d e d o r
O novo cenário faz com que Quiroga, que também é vice-presidente do Conselho de Administração da TOTVS, acredite no surgimento de uma nova geração de empreendedores. “Felizmente, e posso comprovar isso pela minha equipe e pelos trainees que estamos contratando, temos uma leva muito mais preparada e que nasce num ambiente muito mais dinâmico e rico do que na minha época”, diz. “Dessa forma, teremos muitas alegrias com os jovens em pouco tempo”.
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Mas será que esse ambiente é suficiente para fazer despertar o tal espírito animal na sociedade? Quiroga acredita que o estímulo é possível. E desejável. “Certamente que sim”, diz. “Difundir a importância do empreendedorismo, estimular iniciativas nesse sentido, apoiar a criatividade, estruturar formas para que as pessoas que queiram empreender tenham um ambiente propício para tal, gerar funding para as ideias de maior destaque, premiar os melhores cases, permitir o erro e atrair pessoas com o perfil empreendedor são alguns exemplos eficazes nesse sentido”.
E de onde virão os novos Quirogas para construir o futuro do mercado de tecnologia no Brasil? “Embora tenhamos alguns polos de destaque como Rio, São Paulo, Ceará, Minas e o Paraná, tenho tido ótimas surpresas com talentos das mais diversas áreas do Brasil, acho que a conectividade vai derrubar de forma definitiva as barreiras geográficas”, conclui. Que venham então, os novos espíritos animais!
série de mecanismos de apoio”, diz. “A Endeavor é um belo exemplo nesse sentido”. Quiroga aponta o surgimento de diversas incubadoras, a ampliação e o amadurecimento das alternativas de financiamento e os casos de sucesso como novos facilitadores importantes. “Diversas iniciativas públicas como o Simples, o Sebrae e linhas especiais para empreendedores do BNDES também propiciam um ambiente mais adequado”, acrescenta.
Ter executivos empreendedores permite à empresa se diferenciar das demais e satisfazer seus clientes de forma mais profunda”
M U N D O 8
O milagre pé no chão da
coreia do sul Salto dado pelo país em seis décadas foi resultado de investimento em educação, formação de capital humano e cuidadoso planejamento. por Cesar Baima
D
evastada por uma guerra fratricida no início dos anos 1950, a Coreia do Sul é, hoje, uma das potências econômicas
emergentes globais, fabricante e vitrine de inovações tecnológicas que se espalham pelo mundo por meio de marcas facilmente reconhecidas. Este salto dado pelo país em pouco mais de seis décadas recebeu o apelido de “o milagre do Rio Han”, mas de divino não tem nada. Fruto de dedicado investimento em educação, com estímulo a carreiras ligadas à ciência e à tecnologia, e cuidadoso planejamento com obras de infraestrutura,
A moderna arquitetura do Dongdaemun Design Plaza, em Seul
M U N D O 10
políticas de desenvolvimento industrial e promoção de um
principal fundamento do desenvolvimento socioeconômico
ambiente amigável para os negócios, tampouco ele tem algo
coreano foi educação, mais educação, mais educação, algo
de secreto, com lições que, segundo especialistas, podem - e
perfeitamente replicável. Mas educação sozinha não serve
devem - ser seguidas pelo Brasil.
para nada. Exemplos disso são Argentina e Cuba, ambos em
“Praticamente tudo que a Coreia fez pode ser adaptado
situação difícil. Na Coreia, o investimento em educação foi
pelo Brasil”, diz Gilmar Masiero, professor de Administração
associado a uma política de desenvolvimento industrial para
de Empresas da Faculdade de Economia, Administração
absorver mão de obra mais educada e qualificada”.
e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP), onde coordena o Programa de Estudos Asiáticos (ProAsia)
Estímulo em ciência e tecnologia
e desenvolve pesquisas sobre o relacionamento político e
A revolução coreana teve início antes da Guerra Mundial,
econômico do Brasil com Japão, Coreia do Sul e China. “O
quando o primeiro presidente do país recriado após o fim da
Percentual de gastos em educação com relação ao orçamento total coreano passou de 2,5% em 1951 para 17% em 1966 e 23% em 1995
Anos médios de estudo (população de 15 anos ou mais)
formação de mão de obra qualificada
14 12 10
Setor privado foi maior responsável pelos gastos com escolarização, desembolsando dois terços dos recursos. Além disso, foi ampliado estímulo para formação nas áreas de ciências e engenharias.
8 6 4 2 1950
1960
1970 Brasil
1980
1990
2000
2010
Coreia
ocupação japonesa, Syngman Rhee, instituiu a obrigatorieda-
eles está o investimento na formação de capital humano”, re-
de da educação básica. À época, a Coreia era um país agrário e
força Mauricio Canêdo, pesquisador do Instituto Brasileiro de
um dos mais pobres do mundo, situação que se agravou com
Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre-FGV). “O resultado
o conflito Norte-Sul que até hoje divide a Península Coreana a
foi que em anos médios de educação da população, a Coreia
ponto de, no início dos anos 1960, o então recém-criado Banco
avançou muito nos últimos 60 anos, enquanto no Brasil o indi-
Mundial afirmar que o futuro da Birmânia seria mais brilhante
cador aumentou devagar e chegou a praticamente parar du-
que o da Coreia.
rante 20 anos. Isso ajuda a explicar a diferença na evolução do
Mas, como destaca Masiero, o forte investimento em educação
Produto Interno Bruto per capita dos dois países no período.
não ficou só nas mãos do governo. Estimulada pelas políticas indus-
No início, fomos bem mais ricos, até sermos ultrapassados pela
triais dos primeiros planos quinquenais de desenvolvimento do go-
Coreia na década de 1980”.
verno de Park Chung-Hee, general que tomou o poder na Coreia do Sul em 1961, a iniciativa privada - ancorada nos conglomerados econômicos familiares, os chamados “chaebol”, que carregam nomes reconhecidos mundialmente como Hyundai, Samsung, Daewoo e Lucky Goldstar (hoje conhecida como LG) - participou ativamente do projeto. Assim, o percentual de gastos em educação com relação ao orçamento total coreano passou de 2,5% em 1951 para 17% em 1966 e 23% em 1995, sendo que só um terço saiu dos cofres do governo, com os dois terços restantes financiados pelo setor privado, com estímulo para formação nas áreas de ciências e engenharias. “É difícil isolar um fator para o sucesso coreano, mas entre
Na Coreia, o investimento em educação foi associado a uma política de desenvolvimento industrial para absorver mão de obra mais educada e qualificada”
M U N D O 12
O Hyundai Motorstudio em Seul, principal showroom da marca, busca envolver os visitantes e comunicar a direção da marca para o futuro.
A Hyundai Motor, que estreou no fim dos anos 1970, comercializou 8,1 milhões de unidades no ano passado, contra cerca de 7 milhões de todo parque automotivo brasileiro”
indústrias autossustentáveis
um ‘pronto-socorro’ de empresas e setores ineficientes. Nos-
Outro fator apontado pelos especialistas como fundamen-
sa indústria automotiva, por exemplo, é como um senhor
tal para o “milagre” coreano foi o modelo de políticas indus-
de 60 anos que recebe mesada do pai. Com isso, não de-
triais adotado, bem diferente do brasileiro. Enquanto aqui, ele
senvolvemos uma indústria competitiva nem resolvemos os
ficou marcado pelo protecionismo e reserva de mercados, o
problemas estruturais”.
que faz, por exemplo, que tenhamos veículos entre os mais
Neste ponto, dizem os especialistas, as políticas educacio-
caros do mundo e dificulta o acesso a bens tecnológicos, lá o
nal e industrial da Coreia se encontraram com outro proces-
foco é a eficiência e os ganhos de produtividade. Tanto que
so essencial para o desenvolvimento do país, o que Canudo
a Hyundai Motors, braço automotivo do conglomerado co-
resume como produtividade total dos fatores, a junção de
reano, que estreou no fim dos anos 1970, comercializou 8,1
elementos como investimentos em infraestrutura e serviços,
milhões de unidades em 2014, contra cerca de 7 milhões de
desburocratização e a construção de um ambiente favorável
todo parque automotivo brasileiro, criado nos anos 1950 e
aos negócios, com regras claras e bem definidas e estabili-
composto por mais de 20 empresas, no mesmo período.
dade monetária. E aqui, dizem eles, também reside outro
“Proteção de mercados, crédito subsidiado e incentivos
“pecado” brasileiro: a falta de planejamento e de estraté-
fiscais, tudo que fizemos e fazemos em termos de política
gias de longo prazo. “O Brasil é pensado e descrito como
industrial no Brasil, a Coreia também fez, mas lá este arca-
o país do futuro, mas ninguém disse que futuro é esse”,
bouço foi pensado com data para terminar”, lembra Canêdo.
aponta Masiero.
“Na Coreia, proteção e subsídios eram reduzidos e retirados
O estudioso diz ainda que o Brasil não tem um horizonte
ao longo do tempo para que as indústrias buscassem cami-
e metas de longo prazo que permitam ao governo articular
nhar com as próprias pernas, com exposição gradual à com-
e orquestrar políticas com o setor privado para que ele as
petição externa e inserção nas cadeias globais de valor. Se as
implemente com sucesso. O aprendizado vindo do Oriente
empresas não se tornassem eficientes e competitivas o sufi-
prova a viabilidade de o Brasil rever sua trajetória e, assim
ciente para resistir, o governo deixava que quebrassem. Já no
como fez a Coreia, implementar mudanças fundamentais
Brasil as políticas industriais são pensadas como algo ‘eterno’,
para o desenvolvimento presente e futuro.
Templo de Bongeunsa, no Distrito de Gangnam, em Seul
pesquisar é d e s e n v o l v e r Outro ponto forte da Coreia do Sul é a cultura voltada para a inovação, que levou o país a ser apontado como o mais inovador do mundo em 2015, no ranking de 50 nações produzido pela agência de notícias e informações financeiras Bloomberg. Foram levados em conta seis fatores tangíveis: investimentos em pesquisa e desenvolvimento; eficiência dos processos industriais; presença de empresas de alta tecnologia; educação superior; proporção de pesquisadores na população economicamente ativa e número de patentes obtidas. Destes, a Coreia do Sul ficou em primeiro lugar em três - investimentos em P&D, educação superior e número de patentes – e bem colocada nos demais. Como na educação, a partir da década de 1980, os investimentos em pesquisa e desenvolvimento começaram a ganhar corpo no país graças às parcerias com a iniciativa privada. Então, os investimentos coreanos em P&D estavam na faixa de 1,5% do PIB, divididos mais ou menos à metade entre governo e iniciativa privada. Hoje, estes mesmos investimentos estão na casa dos 4% do PIB, com cerca de 75% dos recursos bancados pelas empresas, e o objetivo do atual governo da presidente Park Geun-Hye é elevá-los para 5% até 2017. Com isso, a Coreia deixou de copiar tecnologia e passou a produzir suas próprias inovações. Enquanto isso, no Brasil os investimentos em ciência e tecnologia estão atualmente na faixa de 1,2% do PIB, sendo mais da metade em recursos do governo, situação pior do que a Coreia tinha ainda nos anos 1980 e distante de metas traçadas desde o primeiro governo Lula de elevar o total para pelo menos 2% do PIB – número considerado mínimo para uma nação desenvolvida segundo avaliação da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e da União Europeia - e aumentar a participação da iniciativa privada no bolo. Assim, o Brasil amarga apenas o 47º lugar no ranking de países mais inovadores da Bloomberg.
E N T R E V I S T A 14
a era da inovação
combinatória Para futurista americano, tecnologias variadas, usadas juntas, vão impactar a produtividade e o formato dos negócios nos próximos dez anos. por Gabriela Mafort fotos Chris Maluszynski / divulgação
R E T R A T O
F A L A D O
Nome: Mike Liebhold De: região rural do Illinois, EUA currículo: principal tecnologista do Institute for the Future, especialista em computação ubíqua, internet móvel e mídia imersiva, palestrante internacional e fã de ficção científica
m dos maiores nomes do foresight empresarial do mundo, ele desenha cenários em que projeta o impacto das descobertas tecnológicas sobre os negócios. Com passagens por grandes corporações como Apple, Intel, Atari e Times Mirror Publishing, Mike Liebhold é o principal tecnologista do Institute for the Future (IFTF), organização que reúne uma gama diversa de futuristas que trabalham em grupos colaborativos móveis. Os temas são múltiplos, mas o objetivo é o mesmo: direcionar empresas, governos e sociedade pelo caminho muitas vezes tortuoso do planejamento de longo prazo. Ao olhar para o horizonte, Liebhold prevê que as rupturas tecnológicas ocorrerão cada vez mais de forma combinada em várias frentes, e aconselha: “É preciso que as empresas estabeleçam metas e invistam em treinamento de liderança executiva”. Em entrevista à TOTVS Experience, Liebhold cartografou um mapa estratégico que deve ser usado pelas companhias, como um kit de sobrevivência para o século XXI.
Quando uma empresa está enfrentando um período difícil, como uma crise de produtividade, investir nos tipos certos de tecnologias costuma ser a solução para lidar com a maré ruim. Neste sentido, que tipo de conselhos você daria para empresas que estão lidando com estes desafios? Eu destacaria duas frentes de soluções: uso de tecnologia em si e de práticas de gestão. Eu tenho visto empresas aumentando absurdamente a produtividade ao oferecer aos empregados as ferramentas certas, como programas colaborativos de fácil uso e times adhocs*, em geral iniciativas que dão aos empregados um senso de propriedade dos projetos. Mas muitas vezes você fornece às pessoas todo tipo de atualização tecnológica e nem assim a produtividade aumenta. Aí se torna um problema de gestão fazer com que o empregado se sinta parte do jogo. Então, o segundo conselho que dou é: invista em treinamento. Tente compreender melhor o seu time e dê a ele as habilidades das quais necessita para crescer. Isso significa novos tipos de instrução, como ensinar o básico do mundo digital, mostrar o funcionamento dos sistemas, a arquitetura dos arquivos digitais, as análises de bancos de dados (analytics), entre *times adhocs: Os times de trabalho ad-hocs são grupos que não trabalham em tempo integral para uma mesma empresa e sim para projetos variados, como três tipos de negócios ao mesmo tempo.
E N T R E V I S T A 16
Ativos digitais de uma empresa podem ser combinados de forma muito simples, para criar novos produtos” outros. Cuide de seus empregados como um recurso necessário
si, mas com outros times. E mais: a tomada de decisão de
à expansão e os trate como pessoas integrais, não apenas
todas as equipes terá como suporte poderosos bancos de
como pinos de um sistema. Para mim, baixa produtividade é
dados produzidos por supercomputadores. Qualquer tarefa
também um desafio de motivação da equipe.
que imaginarmos terá como base a análise de dados, com máquinas inteligentes filtrando-os.
Você mencionou alguns aspectos da era digital e que o momento é único para a criação de organizações mais eficazes. Para fazer esta transição, as empresas precisam repensar o desenho dos seus negócios, uma atitude nada fácil, mas necessária. Por onde começar essa jornada de mudanças, que vai ter como um dos importantes pilares a arquitetura de software orientada para serviços, ou SOA (Software Oriented Architecture)?
A Internet das Coisas, os iBeacons (ver reportagem na página 30) e a realidade aumentada vão transformar o varejo em um futuro próximo, com forte impacto nas estratégias de vendas. Como você avalia o futuro do varejo, modificado pela tecnologia?
A primeira recomendação é começar usando softwares que
trazem informações contextualizadas sobre os produtos à
agreguem os talentos dos times, ou seja, redes sociais internas
medida que você se movimenta pelas lojas. A partir desta
nas quais as habilidades e os interesses das pessoas estejam
tecnologia, a experiência de compra será renovada nos próximos
documentados. Isto é o que chamamos de organizações
dez anos, antes ainda dos efeitos da realidade aumentada.
multidisciplinares, que usam os talentos de forma cruzada.
As hololens, um óculos holográfico que projeta uma tela na
Você mencionou outra infraestrutura importante, o software
sua frente com informações multimídia, também mudarão a
orientado para serviços, que torna possível a oferta de
produtividade do setor nos próximos anos. O desafio para os
microserviços digitais. Com a SOA, todos os ativos digitais de
varejistas será como lidar com a privacidade, pois é cada vez mais
uma empresa, como os dados de marketing, financeiros, de
possível criar uma experiência sob demanda, específica para cada
logística e sobre os clientes e fornecedores ficam disponíveis
pessoa. Os donos de lojas terão que administrar muito bem os
e podem ser combinados de forma muito simples, para criar
bancos de dados dos clientes para equilibrar a linha tênue entre
novos produtos. Recomendo também a forte colaboração entre
ofertas convenientes e intrusivas. Além disso, uma loja terá que
os times. Não é necessário fazer uma mudança radical da
ser um lugar amigável, atraente e digitalmente confortável.
Avalio que os iBeacons são uma importante ferramenta porque
noite para o dia. Organize grupos experimentais internos que trabalhem juntos no mesmo projeto de forma colaborativa por um período curto. Depois expanda.
Em tempos de web semântica e computação ubíqua, quais serão as tecnologias disruptivas no horizonte dos próximos dez anos?
Se você tiver que descrever o novo formato de empresa da era digital, uma empresa do futuro, como ela seria? Qual seria o seu papel?
Nos dias atuais, a combinação de várias frentes, ou seja, a
Bem, ela seria uma empresa em rede, sem hierarquias;
imersiva, ecossistemas de dados abertos, supercomputação em
as pessoas das equipes colaborarão não apenas entre
nuvem, banda larga ubíqua de baixo custo, dispositivos móveis
inovação combinatória é que causa a disrupção. Avalio que estão nesta lista a robótica, máquinas inteligentes, mídia
LEGENDA 1: Epudaestiis que renis aut et fugitat. Os nis etur? Mo ex eum que comnis adio. Sed molor aut voluptatur (110c)
de alta tecnologia a preços baixos e também nanofabricação,
que controla o planejamento, o orçamento, o cronograma,
ciência material, biologia sintética e biociência em geral.
as metas e a entrega. No entanto, as decisões criativas são
Essas são todas tecnologias centrais que, combinadas, vão
tomadas pelo time. Todos temos que gerenciar esse novo
impactar a produtividade e o formato dos negócios nos
mundo automatizado e não ser uma vítima dele. Eu tenho
próximos dez anos. Para fazer a transição, recomendo
a sensação de que se você não se automatizar, você será
que as empresas olhem para estas tendências, estabeleçam
automatizado.
grandes metas de longo prazo e, depois as decomponham nas competências técnicas que serão necessárias para atingir as metas. Ter objetivos de longo prazo e ser motivado por eles é o que eu recomendo, em qualquer ramo de negócio. O IFTF acredita que a economia digital em rede é o resultado da convergência entre grupos e sistemas de autoorganização com práticas e princípios de cooperação. A partir dela, novas formas de produção e de gestão estão surgindo. Qual é o kit de ferramentas para lidar com tais mudanças?
Nessa transição para o mundo digital, o que você faria para aperfeiçoar as políticas regulatórias globais para criar um ambiente de negócios eficiente? Veja, nós temos uma economia digital de um trilhão de dólares, que tem como base o monitoramento do comportamento digital das pessoas. Acho que há a necessidade de um reconhecimento internacional de que acesso à segurança para negócios é a mesma coisa que direito à privacidade pessoal. Na Europa, há um
O passo número um é o respeito pela humanidade, o
movimento pelo direito de ser esquecido, de ter seus
respeito pelos seus colegas. Não é mais aquele modelo
dados apagados, que eu acredito ser uma política errada.
mental “eu sou superior”, mas sim “somos todos
Acredito que temos que ter o direito de sermos invisíveis
colaboradores” e esta mudança mental requer liderança
primeiro. Nós deveríamos ser capazes de fazer transações
executiva. Então, empoderar a visão da liderança é o
privadas invisíveis, ou seja, se quero te dar uma ordem
passo dois. Todos na empresa têm que desenvolver novas
de compra, isto é entre mim e você. Para transações de
competências. Vejamos um exemplo: no IFTF nós nos
negócios, privacidade é um item crítico. Este é o maior
revezamos como líderes de projetos. Quando uma pessoa se
desafio tecnológico dos tempos atuais: construir nossos
torna o líder, não significa que toma todas as decisões, mas
sistemas para transações privadas seguras.
E N T R E V I S T A 18
ambições
exponenciais
Para um dos fundadores da Singularity University, empresas precisam ter ‘propósitos transformativos’ por Gabriela Mafort fotos Maria do Carmo
A
s novas empresas do mundo digital são dez vezes melhores, mais rápidas e mais baratas do que as tradicionais. A enfática afirmação, assim como o cálculo preciso, é do empreendedor americano Salim Ismail, que batizou tais “novatas” de Organizações Exponenciais. Um dos fundadores e embaixador da Singularity University (Universidade Google/NASA, nos EUA), Ismail faz um alerta: se as companhias de hoje não se tornarem logo uma organização com o perfil das digitais, correm o risco de serem extintas. Em passagem por São Paulo, Ismail conversou com a TOTVS Experience. O que uma companhia tradicional deve fazer para se atualizar e se transformar numa organização exponencial, que cresce num ritmo muito mais rápido? Para se adaptar a este novo mundo são necessários dois passos fundamentais. O primeiro deles é garantir que a gerência sênior tenha consciência de que essa fase de rupturas tecnológicas está ocorrendo e isto requer compreensão sobre as tecnologias exponenciais, além de algum senso
de como os modelos de negócios estão sendo radicalmente
padrão como “nós entregaremos tecnologias de busca superiores
modificados. A outra é a seguinte: você não deve querer pegar
e otimizaremos resultados para nossos clientes e parceiros, de
uma companhia tradicional e transformá-la numa organização
modo que eles se tornem altamente eficazes”. Eles certamente
exponencial de uma hora para outra, seria muito radical. Mas
não atrairiam talentos do mesmo calibre. E tem mais: na maioria
você pode e deve criar novas empresas que são derivações da
das empresas, a maior parte dos empregados não tem a menor
organização-mãe e que buscam novas áreas para inovar. Esta
ideia sobre qual é a missão da companhia.
é a grande inovação da Apple. Eles são fortes em design e em cadeia de fornecedores de tecnologia, mas a real inovação da Apple é organizacional. O que a companhia faz é usar um time pequeno e inovador, que atua nas bordas da organização mantendo-se em completa discrição, com o objetivo de criar ruptura tecnológica em outros setores. Eles começaram com a música, depois os telefones, os tablets e, agora, relógios, meios de pagamento e talvez até carros. Estamos vivendo em um ambiente que gera, diariamente, gigantescos bancos de dados, a partir dos quais nascem oportunidades únicas para criar novas tecnologias. E o aumento da produtividade empresarial tem muito a ver com administração de dados. Qual a melhor forma de as empresas lidarem com Big Data e tran sformá-lo em ganhos de escala? Pode-se extrair insights extraordinários de todos esses dados coletados pelas empresas. No entanto, eles não estão sendo aproveitados. A maneira mais fácil de lidar com isso, no caso das grandes empresas, é permitir que cientistas de dados de plataformas, como a Kaggle* analisem os dados e extraiam insights. Jeremy Howard, por exemplo, um conhecido cientista de dados, desenvolve este trabalho com algoritmos em uma grande empresa de telecomunicações. Ele identificou economias acima de um bilhão de dólares em um único dia. Você costuma dizer que para gerenciar um negócio na era digital uma empresa precisa ter um propósito transformativo consistente. Trata-se do mais alto propósito da companhia, que gera um movimento cultural em torno dela. Por que você acha que é tão importante ter esse tipo de “meta” hoje em dia e o que a diferencia da missão da empresa?
Como um dos fundadores da Singularity University, como você vê o papel da universidade hoje em dia no sentido de preparar as pessoas para o mercado de trabalho? Sabe-se que o emprego sob demanda, ou seja, colaboradores que prestam serviço para empresas variadas é o futuro. Como adaptar o sistema educacional a este cenário? Nosso sistema educacional precisa ser totalmente renovado. A ideia de que nós devemos educar pessoas em torno dos seus vinte e poucos anos para se tornarem membros produtivos da sociedade está totalmente ultrapassada. Nós não sabemos o que um emprego vai significar daqui a cinco anos, então o que devemos ensinar para uma pessoa? Nós precisamos migrar de
O que eu chamo de propósito transformativo consistente é a mais
sistemas educacionais para sistemas de aprendizado; em vez de
alta aspiração da companhia. Por exemplo: no caso do Google
ficar empurrando álgebra para alguém, as pessoas vão baixar
é “organizar a informação do mundo”. Esta afirmação cria uma
pacotes de conhecimento em tempo real para realizar as tarefas
atmosfera de excitação e atrai altos talentos interessados em
do dia. Hoje, ao fazer um trabalho, a maioria das pessoas usa
trabalhar na empresa. Imagine se o Google tivesse uma missão
quase nada do que aprendeu na faculdade.
* Kaggle: plataforma on-line que reúne cientistas de dados.
C A P A 20
foco na eficiência Para enfrentar os atuais desafios econômicos, empresas correm atrás de alternativas para aumento da produtividade.
O
ano de 1982 dificilmente vai ser lembrado com entusiasmo pelos economistas brasileiros: a inflação fechou dezembro próxima de
100% e a economia do país cresceu 0,9%, enquanto explodia a crise da dívida externa. Apesar do cenário macroeconômico desanimador, o ano marcou a pri-
meira investida do Grupo Garantia - capitaneado por por Rodrigo Carro
Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles -
Divulgação
C A P A 22
A Lojas Americanas se transformou em exemplo de sucesso da cultura de negócios
fora do universo financeiro, com a aquisição das Lojas Americanas. Dois anos depois da compra do controle da rede varejista por “módicos” US$ 23 milhões, o investimento já havia se pagado graças a uma gestão que, entre outras mudanças, ampliou a produtividade em 25% no período.
Se nosso trabalhador tivesse a educação do sul-coreano, estaríamos produzindo entre 40% e 60% a mais”
Trinta e três anos depois, com valor de mercado medido em bilhões de reais, a Lojas Americanas se transformou em exemplo de sucesso da cultura de negócios que elevou Lemann ao posto de brasileiro mais rico do mundo - um modelo que combina meritocracia e objetivos de produ-
A boa notícia é que a melhoria da eficiência produtiva no
tividade. Em tempos de inflação acima do teto, juros em
país - um dos maiores gargalos da economia brasileira - de-
elevação e queda da renda do trabalhador, o mantra “fa-
pende muito menos do que se imagina do estoque de equi-
zer mais com menos” vem ganhando espaço na pauta das
pamentos e estruturas usados para criar bens e serviços. “Se
companhias: nos últimos dois anos, a produtividade do tra-
o capital físico brasileiro fosse igual ao da Coreia do Sul, pro-
balhador brasileiro permaneceu praticamente estagnada.
duziríamos 18% a mais. Mas se o nosso trabalhador tivesse a
Como, então, ampliá-la num momento desfavorável em
educação do sul-coreano, estaríamos produzindo entre 40%
que os investimentos governamentais e privados tendem
e 60% a mais”, compara Pedro Cavalcanti Ferreira, pesquisador
a se retrair?
da FGV Crescimento e Desenvolvimento.
Na comparação com outros emergentes, o Brasil apresenta um nível menor de investimentos em re-
no brasil, pendências educacionais
lação ao Produto Interno Bruto (PIB). Dados do Banco Mundial indicam que ao longo da década de 2000, a
Entre 1950 e 1980, o produto por trabalhador – a produtividade média da mão de obra – praticamente quadruplicou no Brasil: cresceu 3,8 vezes (4,5% ao ano). Nas duas décadas seguintes e até quase meados dos anos 2000, a produtividade decaiu no país. Para o período de 1980 a 2003, o percentual foi de -0,7% ao ano, considerandose a média. A recuperação veio no período entre 2003 e 2011, com o produto por trabalhador se expandindo a uma taxa média anual de 2,1%. Daí em diante, perdeu força novamente. Além das pendências educacionais, que restringem o aumento da produtividade, outros fatores como a carga tributária alta e confusa, o excesso de burocracia e a má regulação também impactam negativamente o indicador, explica Pedro Ferreira, da Fundação Getúlio Vargas (FGV). “As barreiras que temos ao comércio internacional e o péssimo ambiente de negócios no país também prejudicam a produtividade”, diz.
taxa de investimento brasileira foi, na média, de 17% do PIB, percentual muito inferior ao registrado na China (39,7%) e na Índia (28,6%) no mesmo período. “A taxa de investimento no Brasil é baixa, mas não estamos tão distantes assim dos Estados Unidos, onde o indicador gira em torno de 20%. Só que a nossa produtividade é um quinto da americana”, afirma Ferreira, autor de um estudo recente sobre o tema. No caso de um gadget tecnológico como o iPad, por exemplo, o peso do fator mão de obra vai muito além da capacidade técnica de montar componentes de acordo com um projeto inovador. Ferreira lembra que apenas 10% do valor adicionado do tablet da Apple - a diferença entre o custo do dispositivo e o valor pago pelo consumidor - vêm do processo de montagem e dos componentes utili-
As barreiras ao comércio internacional prejudicam a produtividade
zados. Os outros 90% são agregados por aplicativos, sistema operacional, design e marketing. Por mais desafiadoras que sejam as pendências econômicas e educacionais do Brasil, o custo - para as empresas - de permanecer na chamada “zona de conforto” pode ser elevado. “O maior risco é não tomar risco”, costuma dizer Lemann. Por detrás do cenário adverso projetado para 2015, se escondem oportunidades - muitas delas já abertas por grandes empresas brasileiras, argumenta Edmund Amann, diretor da área de Economia da Universidade de Manchester.
Para Amann, o Brasil tem condições de melhorar sua eficiência a partir do conhecimento acumulado em ilhas de alta produtividade existentes no país.
Reprodução
País tem ilhas de produtividade
C A P A 24
Como exemplos, o acadêmico cita o agronegócio e a ex-
Brasileiros, da Universidade de Oxford. “Além disso, forne-
ploração de petróleo em águas profundas. “A replicação é
cem insumos de qualidade a empresas locais”.
possível em certos setores, mas isto requer condições”, res-
Nem o fato de a pauta brasileira de exportações estar
salta. Entre os fatores necessários para fazer a produtividade
amplamente calcada em matérias-primas é visto pelo
“transbordar” de um setor para outro, Amann lista o com-
economista como empecilho para o aumento da pro-
promisso de longo prazo das empresas com investimentos
dutividade no país. Amann sustenta que, cada vez mais,
em pesquisa e desenvolvimento, assim como a existência
as commodities são um setor de alta tecnologia. Frutas
de um parque tecnológico que possa ser desenvolvido e de
e legumes exportados, por exemplo, podem durar mais
políticas públicas consistentes e bem desenhadas capazes
graças ao uso de radiações ionizantes, que preservam o
de incentivar a transferência da inovação. “Também é ne-
alimento sem qualquer risco para o consumidor. “O Brasil
cessário se comprometer com o treinamento e o desenvol-
já tem uma base de exportação razoavelmente diversifi-
vimento pessoal”, acrescenta.
cada. Políticas públicas adequadas e o compromisso do
Dentro dessa linha de raciocínio, grandes empresas ino-
setor privado podem garantir o sucesso. As matérias-pri-
vadoras - como a Samsung, na Coreia do Sul, e a BMW, na
mas constituem uma base sobre a qual se pode diversifi-
Alemanha - são vistas por ele como essenciais ao desenvol-
car e agregar valor”, sustenta.
vimento da produtividade. “São extremamente importantes [dentro de seus países], na medida em que empurram
Investimentos em inovação e em pessoas
para cima os níveis médios de produtividade industrial e
É justamente num momento desfavorável da economia
as exportações de produtos com valor agregado”, enfatiza
que faz toda a diferença descobrir uma forma mais sim-
Amann, que atuou como pesquisador no Centro de Estudos
ples e eficiente de produzir. E uma das receitas mais tra-
Reprodução
80% dos brasileiros com 18 anos ou mais não têm o ensino médio concluído
dicionais, quando se trata de fazer mais com menos, é cortar custos. Mas esse tipo de estratégia está longe de ser uma panacéia, adverte Hugo Tadeu, professor da Fundação Dom Cabral. “A redução incessante de custos é ótima no curto prazo, mas duvidosa no longo prazo”, afirma. Num modelo de gestão eficiente, o equilíbrio de custos resulta de boas margens, produtos, crescimento e, fundamentalmente, do alinhamento de processos entre áreas de negócio. Dados do Núcleo de
Empresas com mais longevidade são aquelas em que a produtividade é resultado de bons processos, investimentos em inovação, tecnologia e, fundamentalmente, em pessoas”
Inovação e Empreendedorismo da Fundação Dom Cabral, sugerem que as empresas com mais longevidade são aquelas em que a produtividade é resultado de bons processos, investimentos em inovação, tecnologia e, fundamentalmente, em pessoas. “Se isso não for realizado, o corte de custos isoladamente não trará resultados efetivos”, argumenta Tadeu. “Períodos de crise são especialmente oportunos para os setores de tecnologia e serviços”, acrescenta ele. Afinal, seja no ambiente corporativo ou fora dele, adversidades nos estimulam a inovar, ousar - geram rupturas que abrem as portas para o novo. Que venha, então, o restante de 2015!
Gargalo no ensino fundamental Apontado como fator-chave para alavancar a produtividade no Brasil, o gasto público com educação alcançou 6,6% do PIB em 2013 ou R$ 360 bilhões por ano, em valores atuais. Em termos percentuais, o país já ultrapassou a média dos 34 países que integram a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). O dado mais recente disponível mostra que essas nações – a maioria delas, desenvolvida – gastaram 5,6% do PIB em 2011 com ensino. “O Brasil não
gasta pouco, mas tem de gastar mais”, defende Ocimar Alavarse, professor da Faculdade de Educação, da USP. Para dar uma ideia do tamanho do desafio nacional, Alavarse lembra que 80% dos brasileiros com 18 anos ou mais não têm o ensino médio concluído. E a taxa líquida de matrícula para a faixa etária entre 15 a 17 anos permanece estabilizada em 50% desde 2007. A taxa indica o percentual da população matriculada no nível (fundamental, médio ou superior) adequado
a sua faixa etária. Além de estarem atrasados em relação à série que deveriam estar cursando, os estudantes enfrentam dificuldades para seguir adiante: em 2013, um em cada quatro brasileiros cursando o primeiro ano do ensino médio foi reprovado. “O gargalo está no ensino fundamental. A saída de alunos em direção ao médio é pequena”, diz Alavarse. “Temos que melhorar a eficiência do sistema, mas não existe milagre. Enquanto não zerarmos a demanda existente, vamos ter de gastar”.
C A P A 26
Na agricultura, um choque de tecnologia Setor altamente competitivo da economia nacional, a agricultura
fábrica a céu aberto, sem índices de risco, uma atividade que no
passa por uma transformação radical com a popularização do Big
Brasil ainda é feita de forma empírica”, reconhece Bonamini. Em
Data - análise em tempo real de quantidades enormes de dados.
meio a uma crise hídrica que atinge boa parte do país, os ga-
Nos Estados Unidos, milhares de estações meteorológicas espalha-
nhos proporcionados pelo monitoramento por meio de sensores
das pelo país fornecem dados para ajudar os agricultores na tomada
eletrônicos, conectados ao servidor por meio de linhas móveis
de decisão, com a medição precisa e em tempo real de condições de
de dados, vêm despertando a curiosidade dos produtores rurais.
temperatura e umidade, além de outras variáveis. O volume de dados
Afinal, é possível racionalizar o volume de água gasto na irrigação,
gerado é tamanho que atraiu empresas do Vale do Silício, epicentro
reduzindo-o em até 60%. Nada mal, considerando que, segundo
mundial da inovação. O banco de dados meteorológico é utilizado
dados da FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação
para desenvolvimento de aplicativos voltados ao agronegócio.
e Agricultura), 70% da água doce consumida no mundo é desti-
Uma das pioneiras nesse campo no Brasil, a paulista Olearys de-
nada à irrigação.
senvolveu modelos matemáticos que simulam processos biológicos. Por meio desses algoritmos, é possível prever com exatidão a
Poupança líquida
incidência de pragas na lavoura ou a necessidade de irrigar mais
Foi justamente a valorização crescente de um recurso natural
ou menos determinada cultura. “A ferrugem asiática da soja é uma
cada vez mais escasso - a água - que motivou a criação da Ta-
doença causada por um fungo que se desenvolve à temperatura
KaDu. Fundada em 2009, a startup israelense utiliza inteligência
de 23ºC, quando a planta sofre 12 horas de molhamento”, exem-
artificial para ajudar companhias a pouparem bilhões de litros
plifica Tiarê Bonamini, gerente de Soluções da Olearys, referindo-se
de água. A empresa está presente em oito países, incluindo o
à umidade deixada pela chuva. Mais que uma simples curiosidade
Brasil, onde tem dois contratos assinados com concessionárias
destinada a entusiastas da tecnologia, o uso de ferramentas digitais
privadas de saneamento. Tudo começou quando Amir Peleg,
na lavoura pode significar um aumento brutal de produtividade. A
um empreendedor formado em matemática, computação e
doença ferrugem asiática, por exemplo, resulta numa perda mé-
física, debruçou-se sobre os problemas mais comuns na distri-
dia de três sacas (cada uma com 60 quilos) para cada hectare de
buição de água.
soja plantado. Na safra 2013/2014 a cultura ocupou 30,1 milhões de
Ao pesquisar sobre o fornecimento nas grandes cidades, Peleg
hectares, de acordo com dados da Empresa Brasileira de Pesquisa
descobriu que as tubulações muitas vezes são dotadas de sen-
Agropecuária (Embrapa), o que - pelo menos em tese - poderia sig-
sores que medem a vazão, a pressão e a qualidade do líquido. O
nificar um potencial de perda de mais de 90 milhões de sacas ou 5,4
sistema gerava uma grande quantidade de dados brutos e não
milhões de toneladas de soja.
havia forma de aproveitá-los. Com base nessas informações, o empreendedor criou um software que permite às companhias iden-
Fábrica a céu aberto
tificar pontos de vazamento na rede e, até, prever (e evitar) rompi-
“Numa linha de montagem de carros, é possível saber a pro-
mentos na tubulação. O objetivo principal do complexo algoritmo
dutividade de cada operário, a cada hora. Já a agricultura é uma
desenvolvido por Peleg é a recuperação de perdas d’água - o que
Acima: Software desenvolvido pela TaKaDu na busca pela recuperação de perdas d’água. Ao lado: Estande da empresa na Semana Internacional da água, em Amsterdã, em 2011
naturalmente resulta em um aumento de produtividade das
concessionária de serviço público na Austrália, a Yarra Valley Water,
companhias e da eficácia no aproveitamento do líquido.
de Melbourne, o algoritmo desenvolvido por Peleg ajudou a poupar um volume de água equivalente a 1.100 piscinas olímpicas ao longo
Caça ao desperdício
de três anos - aproximadamente US$ 5 mil por dia.
No Brasil, onde 37% da água tratada é desperdiçada devido a vaza-
“Empreendedor em série”, Peleg já havia fundado duas empre-
mentos, roubo ou mau uso, o potencial de racionalização é enorme.
sas antes da TaKaDu - a última delas vendida para a Microsoft por
“A lacuna entre oferta e demanda é onde se concentram os riscos. O
uma soma não revelada. Ele atribuiu ao alto investimento em pes-
potencial para economia de água entra em cena quando se trata de
quisa e desenvolvimento (P&D) a posição de Israel como um dos
fechar essa lacuna”, diz Peleg. Como a demanda por água continua
polos mundiais de criação de startups. “Os gastos de Israel com
a crescer, seja por meio da expansão populacional ou pelo aumento
P&D respondem por 5% do Produto Interno Bruto, excluindo as
no consumo de alimentos, e a oferta diminui devido às mudanças
despesas com tecnologias militares”, diz Peleg.
climáticas (a Califórnia, por exemplo, enfrenta racionamento severo
O executivo destaca, nessa equação, o fato de Israel ter escassez
devido à seca), a diferença continua a aumentar. “Nos próximos 20
de recursos naturais; lembra ainda que o governo injetou muitos
anos, é esperado um crescimento de 40% na lacuna [entre oferta e
recursos em pesquisa e desenvolvimento de inovações bélicas, o
demanda]”, estima o fundador e CEO da TaKaDu. Somente em uma
que acabou impulsionando o segmento naquele país.
I N F O 28
o salto da A PRODUTIVIDADE NAS VENDAS: oportunidades em alta
Menos de
25%
produtividade
das empresas
permitem que seus parceiros estratégicos tenham acesso a materiais de venda relevantes.
3 em cada 4 empresas
não engajam times crossfuncionais em suas iniciativas de vendas.
indústria e o comércio estão diante de uma oportunidade histórica de ganhos de escala, se optarem pelo tipo certo de tecnologia. Uma tomada de decisão estratégica que exige investimento em formação profissional e educação.
70%
empresas permite a seus vendedores ter acesso a materiais de venda por meio de dispositivos móveis.
APENAS
uma de cada
abaixo da média quando se trata do conhecimento dos times de vendas sobre os materiais disponíveis e sobre como encontrá-los.
DEZ Os processos de vendas não se refletem no
CRM
(customer relationship management)
em 6 de cada 10 empresas
Fonte: Savo Sales Enablement Benchmark Survey / EUA
PRODUTIVIDADE NA INDÚSTRIA Impacto da internet industrial nos negócios (até 2028)
P r i n c i pa i s b e n e f í c i o s :
redução dos custos operacionais e do consumo de combustível otimização e integração de processos real-time e de equipamentos móveis
Fonte: GE Estimates/Postmedia
das empresas estão
Como aumentar a produtividade das pequenas e médias empresas
1 2 3 4
Reavalie os processos
Motive a sua equipe
Reduza o número de reuniões
óleo e Gás
US$ 90 bi
energia
US$ 66 bi
saúde
US$ 63 bi
aviação
US$ 30 bi
5 6 7
ferrovias
US$ 27 bi
8
Valorize o planejamento Use ferramentas digitais Crie estratégias para enfrentar altos e baixos Invista em formação Melhore a comunicação interna e externa
Tarefas
Tecnologias sociais
Aumento da Produtividade (%)
aumentam engajamento e melhoram resultados
Ler e responder e-mails
Valor adicionado (% tempo/semanal)
Ler ee responder a 30 % Ler25 responder emails emails
7,0 a 8,5%
Tempo gasto em tarefas (% médio semanal)
30 a 35 %
28%
Procurar e reunir informações
19%
Comunicar e colaborar internamente
5,5 a 6,5%
25 a 35 %
3,5 a 5,0%
14%
10 a 15 %
39%
4,0 a 6,0%
100%
Tarefas específicas do trabalho TOTAL
Global
(Produto por hora trabalhada)
4,4 4,4
infraestrutura (%PIB)
(5,8)
colômbia
(13,4)
china (4,8)
índia
o Brasil seria PIB/trabalhador
40%
mais produtivo se tivesse a mesma escolaridade da coreia
25.000
*Crescimento médio por ano entre 2002 e 2012
20.000 15.000 10.000 5.000 0
produtividade brasileira produtividade brasileira com escolaridade coreana Fonte: Cavalcanti/FGV
2004
1,3 1,1 0,8 0,6
(6,5)
chile
3,1 3,1 2,9 2,2
Fonte: Cavalcanti/FGV
(2)
Brasil
1950
Fonte: CNI
6,7 6,2
20 a 25%
Produtividade brasileira reflete baixo investimento em:
produtividade* Coreia do Sul Taiwan Cingapura Estados Unidos Japão Espanha Alemanha França Austrália Canadá Itália Brasil
20 a 25 %
Fontes: IDC e Mckinsey *Tecnologias sociais: plataformas de compartilhamento de informação e trabalho colaborativo.
C O M P O R T A M E N T O 30
o mundo virtual nas lojas físicas Como pequenos transmissores baseados em tecnologia de proximidade vão redefinir a experiência de consumo no mundo off-line e impulsionar estratégias omnichannel por Karen Ferraz
C O M P O R T A M E N T O 32
Os beacons podem mudar a forma como empresas interagem com seus clientes em pontos de venda
Reprodução
C
arlos passeia pelo shopping depois do almoço. Quando passa em frente
pulseira inteligente – ou qualquer aparelho dotado
à loja de departamentos da qual é cliente, recebe em seu celular a oferta
de Bluetooth 4.0 ou superior. A tecnologia já é utiliza-
exclusiva de uma TV que já havia consultado no site. Enquanto isso, sua
da desde 2013 pela Apple em suas lojas nos Estados
esposa Larissa caminha pela seção de calçados de sua loja preferida,
Unidos, que ganharam transmissores desenvolvidos
quando recebe uma notificação em seu smartphone e descobre que ganhou um
pela própria companhia, os “iBeacons”. Eles permi-
cupom de desconto para comprar aquele sapato que experimentou há pouco.
tem localizar, por exemplo, quando um cliente entra
A cena já é possível graças a um pequeno dispositivo que pode ser plugado
numa Apple Store ou quando ele está na seção de
em diversas superfícies. A novidade, baseada em sistema de proximidade em am-
tablets, propiciando o envio de notificações push
bientes fechados, como se fosse um GPS indoor, chama-se beacon, um hardware
com informações sobre produtos e promoções.
capaz de detectar e determinar a proximidade de um aparelho móvel e identi-
Além do Bluetooth ligado, o usuário precisa
ficar com precisão a sua localização. Isso pode mudar a forma como empresas
ter o aplicativo do estabelecimento instalado no
interagem com seus clientes em pontos de venda.
aparelho. Deste modo, ao identificar o dispositivo
Em um mundo conectado, no qual passamos praticamente o dia inteiro com nos-
em um raio de distância, o beacon transmite um
sos smartphones por perto, os beacons podem ser a peça que faltava no quebra-ca-
sinal que é reconhecido pelo sistema operacional
beças para integrar a mobilidade à estratégia de marketing e vendas em lojas físicas.
do aparelho e, então, uma interação pode ser iniciada. Ao baixar o aplicativo, o usuário autoriza à
Convite a novas experiências
empresa o acesso a informações pessoais e locali-
Os beacons comunicam-se via sinal de baixa energia Bluetooth (Bluetooth Low
zação, subsídios que permitem o envio de comu-
Energy), que precisa estar ativado no dispositivo, seja um smartphone, relógio ou
nicações altamente personalizadas.
Nova geração de beacons em formato de adesivo
Por funcionarem bem em locais fechados, em que o GPS não possui sinal tão estável, os beacons possibilitam a criação de experiências interativas que vão provocar disrupções não somente no varejo, mas em diversos ambientes como estádios, espaço para shows, museus, escolas, hospitais, dentre outros. Como destaca o diretor da prática de estratégia digital da Accenture, Ricardo Chisman, esses transmissores são ideais para lugares onde há grande fluxo de clientes ou de pessoas trabalhando. mercado mais fornecedores e opções de beacons, como modelos menores, portáteis e industriais. Mas é uma tecnologia nova e o mercado está aprendendo a utilizá-la. Provavelmente, o desa-
Divulgação
“A própria tecnologia está amadurecendo e hoje temos no
decifrando os beacons Entenda os pequenos sensores que vão transformar a forma de interagir com o consumidor nos pontos de venda
Tecnologia
Possibilidades
Sistema de proximidade em ambientes fechados: permite localizar dispositivos com precisão
Aproveitar o momento em que o cliente está próximo de uma loja ou quando está dentro
Interação com dispositivos móveis (smartphones e smartwatches) Comunicação via Bluetooth Low Energy (Bluetooth 4.0 ou superior) No Brasil, os beacons precisam ser homologados pela Anatel
Envio de mensagens altamente personalizadas com base no perfil e localização do consumidor, como dicas de produtos, ofertas e promoções Conteúdos multimídia: imagens, notificações push, cupom de desconto Desafios:
Aplicações Hotéis, shoppings, lojas, museus, hospitais, estádios, empresas, feiras, escolas, dentre outras.
Bluetooth precisa estar ligado no aparelho do cliente Aplicativo deve estar instalado no dispositivo do usuário
C O M P O R T A M E N T O 34
fio está na educação das equipes, em como aplicá-la de encontro aos resultados dos negócios”, enxerga. Nesse contexto, o varejo está à frente dos principais projetospilotos e iniciativas envolvendo beacons, especialmente em mercados mais avançados, como os EUA. Além da Apple, a rede americana de lojas de departamentos Macy’s possui um dos maiores cases de beacons, iniciado com projetos experimentais em lojas instalação de quatro mil beacons em todas as lojas do país. De acordo com Chisman, o interesse por projetos com beacons tem sido crescente, inclusive no Brasil, que deve experimentar
Projeto do MorumbiShopping que envolveu a instalação de beacons para que os clientes interagissem com a decoração de Natal
este ano um aumento na quantidade de iniciativas. “No ano passado tivemos por aqui alguns pilotos e este ano temos empresas começando a pensar na estruturação de projetos com maior amplitude”, conta o consultor.
No bolso do cliente O ano de 2014 foi marcado por iniciativas pontuais conduzidas principalmente por shoppings, feiras corporativas, sem contar o aquecimento do mercado de startups, já de olho no potencial dos beacons. Entre elas, a DNA Shopper, que iniciou testes com a tecnologia há mais de um ano, e desde então, desenvolve projetos com clientes como MorumbiShopping, de São Paulo (confira detalhes no box). Com contratos fechados e projetos previstos até o fim do ano, a startup vislumbra grandes oportunidades impulsionadas, sobretudo, pela necessidade crescente do varejo em oferecer experiências cada vez mais integradas, seja em lojas físicas ou virtuais. Para o CEO da companhia, Mário Almeida, a estratégia mobile permite justamente que essa integração ocorra, fazendo com que o omnichannel torne-se uma realidade. “O consumidor já está no mobile e a empresa tem que estar também e oferecer valor para ele nesse canal. O lojista deve entender o mobile como uma forma de chegar até esse cliente, que está praticamente 24 horas com o celular à mão e, principalmente, de conhecê-lo melhor”, afirma Almeida. Sediada em São Paulo, a DNA Shopper foi escolhida pelo TOTVS Labs, laboratório da TOTVS localizado no Vale do Silício (EUA) dedicado à inovação, como parceira para o lançamento da nova oferta que irá impulsionar a entrada das empresas no mundo
v i t r i n e s i n t e r at i v a s No último ano, o Natal do MorumbiShopping, em São Paulo, ganhou um reforço extra em sua decoração para ajudar a contar a história do Papai Noel. O projeto envolveu a instalação de um beacon em cada uma das seis vitrines animadas. Por meio do aplicativo, à medida que o cliente passava por uma vitrine, recebia no smartphone a história referente a ela e uma indicação para seguir para a próxima. Para Katia Ardito Gandini, gerente de Marketing do MorumbiShopping, a iniciativa foi importante para testar o uso e a aceitação da tecnologia e do conteúdo, e deve abrir portas para experiências futuras. Segundo ela, a instalação e a programação dos dispositivos foram simples e a recepção das mensagens foi positiva por parte dos clientes. “Tiramos como aprendizado que esse tipo de tecnologia é bem aceita e outras ativações podem ser criadas, desde que feitas com conteúdo de interesse. Se forem bem utilizados, os beacons serão bons aliados do varejo. O importante é não ser invasivo e repetitivo, e não transformar essa tecnologia em spam”, ressalta. Com um projeto semelhante, o RioMar Shopping, de Recife, utilizou beacons para montar um roteiro mágico e permitir que os clientes interagissem com a decoração de Natal. Foram mais de 500 downloads do app, produzido exclusivamente para a interação com os beacons. “O desafio encontrado foi referente à própria tecnologia. Devido ao seu caráter inovador, foi necessário realizar vários testes para chegar a um resultado satisfatório. Confirmamos como a transmedia funciona na prática e conseguimos alinhar todas as tecnologias para o mesmo objetivo”, analisa Denielly Halinski, gerente de Marketing no RioMar Shopping.
Divulgação
de Nova Iorque e São Francisco em 2013, e que agora evolui para
dos beacons, denominada TOTVS LOCL. Assim, os clientes da
Do ponto de vista tecnológico, o executivo considera que
TOTVS poderão implantar esses transmissores em pontos de
os transmissores já estão avançados e prontos para a adoção,
venda de maneira totalmente integrada às soluções da compa-
citando inclusive o surgimento de uma nova geração de bea-
nhia, elevando o nível da experiência oferecida nas lojas.
cons que começa a entrar no mercado, em formato de ade-
A interação é realizada via aplicativo e definida por meio de
sivos pequenos, equipados com mais sensores, produzidos
uma plataforma de gerenciamento, ambos fornecidos pela
pela fabricante americana Estimote. Com isso, é possível saber
TOTVS, o que possibilita gestão de campanhas e o envio de
o momento em que o cliente pega um sapato que contém
conteúdos de maneira personalizada. “A grande vantagem que
esse adesivo e envia uma notificação.
o lojista tem é essa integração vertical: um player que ofereça
No entanto, como ressalta o CEO da DNA Shopper, Mário
tudo, do beacon, dispositivo móvel até a plataforma, algo fun-
Almeida, o sucesso dessa estratégia depende do desenvol-
damental para que a experiência no final seja de qualidade”,
vimento de um conteúdo relevante. “Mandar uma oferta
detalha Vicente Goetten, diretor do TOTVS Labs.
para o cliente que é a mesma da loja não é um atrativo, tem que ser algo que gere valor. No varejo, cerca de 80% das
caminho (digital) sem volta
decisões do cliente no PDV são emocionais, então conversar
Como ocorre com toda tecnologia, a adoção dos beacons passa por uma curva de maturidade que envolve essencial-
com uma pessoa que está em frente à sua loja é muito mais fácil”, comenta.
mente a compreensão dos impactos e benefícios trazidos por
Outros fatores também estão atrelados à adoção dos bea-
ela. “O e-commerce começou com as grandes empresas e, de-
cons em maior escala, como a necessidade de ter o aplicativo
pois, as pequenas foram adotando, por isso vejo os beacons
específico instalado no smartphone do cliente e de incentivá
como um caminho sem volta. Hoje, as lojas físicas são desafia-
-lo a ligar o Bluetooth – muitos usuários não sabem, por exem-
das a oferecer uma experiência tão interativa e tão boa quanto
plo, que o Bluetooth de baixa energia consome pouca bateria
a do mundo digital”, enfatiza Vicente Goetten.
do aparelho. “Você só baixa um aplicativo, mantém em seu celular e fornece informações quando vê benefícios. O consuBeacons fabricados pela empresa norteamericana Estimote
midor tem que se sentir confortável para ceder esses dados e ele vai fazer isso em troca de um diferencial, como cupons de desconto exclusivos”, conta Vicente Goetten. Por mais que o beacon seja uma solução simples e de fácil integração, sua adoção exige uma mudança no mindset de lojistas e empresas sobre como usar uma ferramenta virtual para melhorar o relacionamento físico. As primeiras experiências e projetos-pilotos que ocorrerão este ano fornecerão pistas valiosas sobre qual a melhor forma de utilizar essa tecnologia e promover uma interação relevante e não invasiva, bem como formas de superar as barreiras. “O balanço disso e o resultado é que são os grandes segredos. Um projeto que envolve beacons só faz sentido se tiver um objetivo de negócio e for um projeto integrado, que passa por vendas, marketing e tecnologia. Só assim você tem resultados sustentáveis e consegue tirar proveito da tecnologia”,
Divulgação
salienta Ricardo Chisman, da Accenture.
a t u a l i d a d e 36
comprar ou
assinar? Cresce interesse do mercado pela adoção do SaaS - Software as a Service - modalidade de assinatura de programas por Elis Monteiro
D
que os programas podem ser vistos apenas como serviços e não produtos para serem adquiridos - as corporações estão assimilando, graças à oferta de soluções mais baratas e mais simples. A tendência de adoção do SaaS já havia sido apontada pelas consultorias especializadas. Segundo a IDC, os clientes estão cada vez mais em busca de modelos de negócios em que se pague pelos recursos utilizados, isso deve redefinir os caminhos da indústria de software. De acordo com o IDC, só no ano de 2016, 25% da receita de software estará concentrada no modelo de assinatura. O cenário daqui para a frente é ainda mais promissor: um estudo da Goldman Sachs publicado em janeiro de 2015 mostra que a trajetória ascendente deve se manter nos próximos anos: em 2016, as vendas relativas ao modelo de SaaS alcançarão a marca de US$ 106 bilhões no mundo, um crescimento de 21% do proje-
epois de fincar o pé no mercado consumidor doméstico,
tado para o ano de 2015. Já os gastos com infraestrutura de Cloud
o SaaS (Software as a Service) chega com força total ao
Computing e plataformas serão 30% maiores quando compara-
mundo corporativo. O que os usuários de serviços como
dos com os gastos registrados no ano de 2013. Enquanto isso, a
Gmail, Basecamp ou Dropbox já tinham percebido há tempos -
consultoria especializada em pesquisas Forrester Research é ainda
mais otimista: as receitas globais de SaaS crescerão 21% entre 2015
como aquisição de um ativo importante, por isso não descartare-
e 2016, fazendo deste ano o melhor para o segmento.
mos essa opção”, diz o executivo. O modelo de assinatura pode não ser ideal para todos os perfis
Cloud computing e SaaS: tudo a ver
de empresa. Pensando nisso e visando a atender a todo tipo de
O aumento do interesse pela assinatura de software, apontam
cliente, necessidade e tamanho de empresa, a TOTVS oferece mo-
os especialistas, tem muito a ver com o crescimento exponencial
delos diferentes de comercialização de software.
da Cloud Computing. O IDC prevê que, até 2020, 25 trilhões de
No modelo tradicional de contratação, o cliente define a quanti-
gigabytes de dados novos serão gerados no mundo - e a maioria
dade de licenças para seu uso imediato e adquire licenças adicio-
estará hospedado na nuvem. A reboque, chegam novos modelos
nais sempre que forem necessárias.
de comercialização daquilo que, até pouco tempo, era visto como ativo de uma empresa - as licenças de software.
Já no modelo corporativo, ele tem acesso ilimitado aos softwares da TOTVS, sem restrição de usuários. Esse modelo é baseado na
No Brasil, o SaaS dá passos firmes e se consolida mais e mais a
filosofia da TOTVS, que prega que a adoção de um software de ges-
cada dia. O mercado já está percebendo as vantagens de migrar
tão ajuda o cliente a crescer e a lucrar mais. Por isso, o pagamento
para o modelo de assinatura: redução de custos, otimização de
é acordado entre o cliente e a TOTVS, seguindo métricas vinculadas
recursos e agilidade na implantação. Além disso, como implanta-
ao crescimento do cliente.
ção, manutenção e atualização dos sistemas ficam a cargo do for-
Uma nova opção recém-lançada pela TOTVS está alinhada com
necedor, as áreas de TI deixam de ser responsáveis pelo suporte a
o novo mundo Cloud e SaaS, uma modalidade de contratação por
todo tipo de aplicação demandada por toda a empresa. Em mui-
assinatura e na nuvem.
tas companhias, não há infraestrutura de TI formada; em outras,
Por meio desta modalidade, chamada pela TOTVS de TOTVS Intera
não há mão de obra capacitada para o suporte especializado. E
(nome inspirado no radical da palavra “Interação” em diversos idio-
contratar equipes inteiras de tecnologia pode demandar recursos
mas), o cliente tem acesso a todos os softwares de gestão proprie-
que as empresas não querem despender e/ou não possuem.
tários da TOTVS, ferramentas de colaboração e produtividade, com
De acordo com Flávio Balestrin, vice-presidente de Marketing,
a possibilidade de uso simultâneo do que necessite e em múltiplos
Alianças e Modelos de Negócios da TOTVS, outro benefício do
dispositivos se desejar. O TOTVS Intera inclui ainda em sua assinatura
SaaS é a redução do tempo entre o período da contratação do
a “cloud” necessária ao uso das soluções, bem como acesso irrestrito
serviço e sua implantação: “O SaaS é uma tendência que vem se
e ilimitado a todas as capacitações TOTVS em e-learning.
consolidando. Cloud e SaaS caminham juntos, se complementam e vêm mudando a cultura do mercado de TI”, lembra ele.
Modalidades diferentes de comercialização Adotar a política da assinatura não quer dizer que o modelo de compra de licença de software está sendo ou será descartado. “Muitas empresas ainda veem a compra do software e de licenças
“O cliente da modalidade TOTVS Intera conta também com um “copiloto”, uma pessoa fixa na TOTVS que atua como seu apoio na experiência e uso de nossos softwares de gestão, colaboração e produtividade”, reforça Balestrin. Para Lélio de Souza, diretor comercial da TOTVS, outra vantagem do modelo de assinatura é um menor investimento inicial, permitindo direcionar recursos para uma implantação mais ágil das soluções, o que gera resultados mais rápidos e maior percepção de retorno do
O mundo está se tornando um mundo de serviços e não de produtos”
investimento do cliente na sua ferramenta de gestão. Segundo os executivos, o SaaS acaba servindo como catalisador de qualidade do atendimento e dos serviços das software houses: “O mundo está se tornando um mundo de serviços e não de produtos. No modelo de assinatura, fidelização e satisfação do cliente ditam as regras do jogo”, afirma Balestrin. E então? Comprar ou assinar?
S O L U Ç Õ E S 38
Nuvem é salvação da lavoura Modalidade híbrida de Cloud surge como forma de acelerar estratégias em busca de otimização de recursos
E
m um cenário de dúvidas e de investimentos mais cautelosos, a computação em nuvem ou apenas “nuvem” deixa de ser apenas uma opção e passa a ser vista, pelas empresas, como uma das soluções possíveis para transformar custos de TI em custos variáveis. As perspectivas de crescimento do serviço no Brasil são promissoras, é o que preveem
analistas e provedores do mercado. Para a Amazon Web Service, pioneira na oferta de infraestrutura de nuvem como serviço e dona da maior fatia desse mercado, Cloud é “o novo normal”, um caminho mais racional que concede dinamismo e flexibilidade ao negócio, especialmente em um cenário adverso. As expectativas positivas do mercado são endossadas inclusive por estraté-
por Karen Ferraz
gias sendo desenvolvidas pelo governo, grandes emissoras de TV e até por bancos.
“Nesse momento de incertezas, a nuvem permite que você gaste dinheiro somente se ganhar dinheiro, caso uma crise seja diagnosticada internamente, como a queda no engajamento com o cliente”,
ritmo acelerado
garante o diretor de Marketing da AWS no Brasil, Herman Pais.
Migração em bando No Brasil, a Amazon, cujo faturamento global chegou a US$ 5 bilhões em 2014, possui grandes clientes que levaram aplicações críticas para sua nuvem, bem como outros que moveram negócios inteiros para lá. Há ainda as que já nasceram no ambiente Cloud, como a startup Easy Taxi. Agora, é cada vez maior a quantidade de empresas que apostam em abordagem híbrida. São clientes como a varejista Magazine Luíza, que hoje roda sistemas de e-commerce e Big Data na nuvem da provedora. A estratégia começa a ser considerada inclusive por setores tradicionais. Empresas que anteriormente não investiam e que até então contavam com um site estático na ponta, agora avançam com estratégias híbridas em nuvem, virtualização e terceirização de infraestrutura.
Segurança é benefício De acordo com Eduardo Carvalho, presidente da Equinix, companhia de interconexão de data centers, “Hoje, empresas de chão de fábrica estão nos procurando para terceirizar soluções de TI com Cloud e infraestrutura. Há alguns anos, isso era impensável, porque a mesma empresa que investia no chão da fábrica fazia um CPD (Centro de Processamento de Dados) para ela”, lembra Carvalho. Isso acontece em um momento em que o cliente final percebe, dentre outros benefícios, a questão da segurança. “Grandes data centers e empresas de Cloud Computing estão se cercando de certificações, que vão dos profissionais que tomam conta de equipamentos a práticas de proteção a soluções”, enfatiza Carvalho. “Assim, a segurança deixou de ser o problema e se tornou um atrativo forte”. “A maioria das empresas não aplica as correções de segurança, e não possui uma política bem definida e auditada. Cada vez mais podemos falar que se uma organização quer segurança, vá para a nuvem, pois ela será mais segura do que a maioria dos ambientes”, expõe Cezar Taurion, ex-evangelista de tecnologia da IBM e
O mercado global de Cloud Computing deve movimentar US$118 bilhões esse ano, um aumento de 20% em relação a 2014, com a perspectiva de superar US$200 bilhões em 2018, estima a consultoria IDC. “Não somos um mercado tão maduro e estamos um pouco atrás na adoção”, explica Pietro Delai, gerente de pesquisas em Enterprise da IDC Brasil. Esse atraso explica o ritmo de crescimento acelerado, que deve ultrapassar 50% em 2015. “Quando adotamos nuvem, abraçamos com intensidade. Essa evolução leva organizações a encararem a nuvem como um passo fundamental para que área de TI avance e ofereça um diferencial chamado informação. Um caminho para viabilizar projetos em Big Data, mobilidade e social”, salienta Delai. Segundo pesquisa realizada pela Frost & Sullivan, no Brasil a nuvem já é uma realidade para 41% das empresas; para outros 42%, o ano de 2015 será o ideal para aderir aos serviços de Cloud.
S O L U Ç Õ E S 40
novo CEO da Litteris Consulting, provedora de serviços de con-
PLATAFORMA TOTVS Cloud é ‘agnóstica’
sultoria em novas tecnologias digitais.
Na TOTVS, a nuvem é uma das unidades de negócio que mais
Nos próximos anos, o próprio termo computação em nuvem
cresce, e o objetivo é preparar soluções e serviços que apoiem
vai deixar de existir, antecipa Taurion, evoluindo para tornar-se
os clientes a rodar aplicações na nova nuvem híbrida da TOTVS.
o ambiente natural em computação: “Será o modelo mental.
Com a nova oferta, a provedora reforça uma abordagem agnós-
E quanto mais se demora, mais se perde por não ser ágil e ter
tica ao disponibilizar uma plataforma que é integrada às nuvens
oportunidade de lançar coisas novas”.
públicas homologadas.
E, mais do que nunca, o contexto econômico leva à necessidade
“Estamos trabalhando com todas as nossas aplicações e ERPs
de preparar empresas para se inserirem em um contexto digital, de
para adequar seus frameworks e arquiteturas para garantir uma
onde partirão cada vez mais negócios e vendas, mesmo para em-
performance adequada na nuvem, e para que se tornem apli-
presas do mundo off-line.
cações elásticas. Isso significa que vamos passar a oferecer as
Diante disso, a jornada para a nuvem significa uma forma de
aplicações da TOTVS em uma modalidade que será cobrada
avançar nessas oportunidades, ressalta Paulo Pichini, CEO da Go-
por consumo, tudo isso em um ambiente de alta segurança”,
2Next, empresa especializada em integração e construção de am-
detalha Marilia Rocca, vice-presidente de Plataformas e Cloud
bientes de computação em nuvem. “Mais do que uma estratégia
da companhia.
liderada pelo CIO, a nuvem passou a ser tema de importância para
Assim, uma empresa poderá, por exemplo, contratar um ERP por
CFOs e CMOs, como forma de levar a empresa para mais perto
um determinado período do dia em que a solução é mais utiliza-
dos clientes e inovar em produtos e soluções de maneira rápida”.
da, evitando custos nos momentos em que o sistema permanece ocioso. Além disso, a plataforma permitirá mais autonomia e geren-
A terceira onda da nuvem
ciamento na gestão do ambiente, com a possibilidade de realizar
O avanço da modalidade híbrida traz a possibilidade de integrar a
ações como clonagem de ambientes e criação de ambiente de tes-
nuvem privada a provedores de serviços de nuvem pública. O movi-
tes em alguns minutos.
mento de nuvem no Brasil começou com ambientes virtualizados e
Por enquanto, a nuvem da AWS é a primeira homologada pela
não com nuvem propriamente dita, que evoluíram para nuvem priva-
TOTVS, mas a previsão é de que novas parceiras integrem a nu-
da. Em seguida, veio a ascensão da nuvem pública, impulsionada es-
vem híbrida.
pecialmente por pequenas e médias companhias. Agora, o país entra no que o analista caracteriza como “terceira onda” da nuvem, adotada
Ano de crescimento no Brasil
principalmente por empresas de grande porte e que têm uma área
A nuvem é um caminho sem volta, guiado pelo crescente número
de TI grande, e uma nuvem privada, e começam a integrar essa nuvem privada a provedores de serviços de nuvem pública
de casos de sucesso no mercado. Com as áreas de TI cada vez mais sobrecarregadas devido ao
Conforme previsão da consultoria IDC, os avanços globais para as
aumento das demandas associadas a projetos estratégicos das
modalidades privada e pública em 2015 serão de 35% e 25%, respecti-
companhias, somado à situação de restrição de crédito e alta de
vamente, enquanto os ambientes híbridos responderão por um crescimento de 50%, comparado ao ano anterior. Os números relacionados à nuvem híbrida chamam atenção para um movimento que permite integrar a nuvem privada aos provedores de serviços de nuvem pública, viabilizando o uso de soluções baseadas em modelos de cobrança flexíveis, seja para rodar aplicações em ambientes de teste e até mesmo para apoiar aplicações de negócio.
Projeções de evolução no mercado de Cloud impulsionam oferta e adoção de modelo híbrido”
Divulgação
Stoller do Brasil avança na estratégia em nuvem Contar com alta disponibilidade de ERP, acessível em qualquer lugar, e a TI focada no negócio, foi o que impulsionou a estratégia de migração para a nuvem da Stoller, multinacional focada na área de fisiologia e nutrição vegetal com atuação há mais de 40 anos no Brasil. Uma previsão de apagões por conta da Copa do Mundo, mudança de clima, entre outros possíveis acontecimentos, aceleraram o processo, iniciado em 2012, que já era considerado pela empresa como um caminho para manter-se à frente na oferta de soluções inovadoras a seus clientes. Montar uma infraestrutura em sua sede administrativa em Campinas (SP) que fosse capaz de atender as plantas em Cosmópolis (SP) e no Rio Grande do Sul significaria um custo alto, além da necessidade de ter pessoas dedicadas, destaca José Donizete dos Reis Silva, coordenador de ERP da companhia. “No primeiro momento, nosso objetivo era alcançar disponibilidade, otimizar custos e permitir que
a TI focasse no negócio. Além disso, a nuvem representou um salto muito grande para nós em termos de infraestrutura, em que toda a manutenção, monitoramento e tuning passaram a ser feitas pela equipe de especialistas da TOTVS”, enfatiza o executivo. Hoje, a Stoller do Brasil conta com soluções de missão crítica hospedadas na nuvem da TOTVS, como ERP, BI, portal web de vendas (pedidos, consultas e planejamento de entrega). “Agora, estamos em busca de tornar processos fixos (dependência de desktop, e-mail e posto de trabalho) em processos móveis (uso do Fluig)”, explica Silva. Segundo ele, a nuvem permitiu à empresa disseminar informação e acelerar oportunidades de negócio, por exemplo, quando um supervisor visita um cliente. “A gente vê uma oportunidade muito grande na Stoller de otimizar os processos por meio da nuvem. Temos o ERP e BI disponíveis em qualquer lugar, e agora com o Fluig na parte social e de processos (em implantação), conseguimos apoiar os negócios da empresa em qualquer lugar e em qualquer dispositivo”, finaliza.
juros, muitas empresas estarão propensas a analisar o retorno do
de pesquisas em Enterprise da IDC, o que as empresas buscam
investimento de uma opção na nuvem. A nuvem acaba se forta-
agora é como tornar a TI um custo variável. Uma maneira que,
lecendo como opção para a continuidade a projetos específicos,
quando os negócios crescem, a empresa aceite aumentar seus
graças a modelos de cobrança baseadas no consumo. “O ano é
custos com TI, mas se em algum momento for necessário enco-
de crescimento para a nuvem no Brasil, incentivado pela restri-
lher atividades, elas sejam capazes de encolher também esses
ção orçamentária que leva a grande esforço para evitar compro-
custos. “E a nuvem é uma das soluções possível para a equação”,
missos a longo prazo”, diz Barros. Segundo Pietro Delai, gerente
enxerga o consultor.
O P I N I Ã O 42
SUPPL Y C H A I N:
não desligue o forno!
Como cortar custos com inteligência e deixar sua empresa preparada para a retomada do crescimento econômico
E
O mesmo deveria valer para
em que é possível tomar decisões
cortes de custos na cadeia de su-
erradas e, por isso, a precisão das
primentos de uma empresa. In-
medidas deve ser cirúrgica.
felizmente, nem sempre é o que acontece. Para que a redução de
olhar global e boa lábia
gastos seja eficaz é preciso ter uma
Boas práticas de supply chain in-
visão estratégica, para que não haja
dicam que a otimização de estoque
m tempos de baixo crescimento eco-
risco de cortar algum custo que re-
pode reduzir de 15% a 30% o capi-
nômico, a pressão por corte de custos
duza o valor do produto e/ou servi-
tal empatado em produtos acaba-
aumenta. Esse movimento tem sido a
ço oferecido ao mercado.
dos. Mas para que essa otimização
tônica de 2015 e está afetando todos
Um bom gerenciamento de su-
funcione a contento, é preciso um
os setores da economia brasileira. Ter eficiência
pply chain vai apontar o caminho.
bom planejamento de demanda,
nos custos é fundamental para enfrentar merca-
No cenário econômico de 2015, isso
que permitirá trabalhar com esto-
dos cada vez mais competitivos e com margens
significa tomar medidas que te-
ques mais enxutos sem criar pro-
mais baixas. Mas também é preciso cuidado e
nham efeito imediato no resultado
blemas operacionais, além de uma
inteligência ao cortar despesas.
financeiro da empresa e a ajudem a
visão estratégica do departamento
Nessa hora, vale lembrar o exemplo das em-
atravessar a turbulência, ao mesmo
de compras. É preciso olhar para o
presas de siderurgia. Mesmo em períodos de
tempo em que aumentam a eficiên-
custo total de qualquer produto ou
baixo crescimento, as usinas procuram manter
cia operacional no longo prazo.
serviço na cadeia de suprimento.
seus altos-fornos funcionando. É que ligar o
Basicamente, há três elementos-
O momento é de avaliar bem as
equipamento novamente é um processo caro
chave para um controle estratégico
operações e negociar com os for-
e complexo. Por isso, se não se trata de manu-
de custos na cadeia de suprimen-
necedores. Quais são essenciais e
tenção programada, a decisão só é tomada em
tos: gerenciamento de demanda,
em qual volume? Quais podem ser
último caso.
de estoque e logística. São áreas
reduzidas? Vale a pena diminuir o
valor agregado de algumas com-
não conseguirá recompor a ma-
toques, por exemplo, traz benefícios visíveis em
pras? Reduzir o pacote de serviços
lha num prazo curto para atender
três meses. Já os ganhos proporcionados por um
agregados pelo fornecedor a de-
seus clientes.
sistema de compras estratégicas, aliado ao ge-
terminado produto? Há outros for-
O caminho da redução de custos
necedores com capacidade ociosa
em logística passa mais pelo bom
no mercado?
aproveitamento da malha existen-
Uma reforma parcial do sistema de logística,
Tal avaliação estratégica permiti-
te do que por seu eventual enxu-
priorizando as operações estratégicas, cria refle-
rá cortar despesas não essenciais e
gamento. Uma estratégia viável, e
xos positivos no resultado em três meses. Além
ajudará a criar uma cadeia de supri-
com efeitos positivos no curto pra-
de dar fôlego para atravessar 2015 com boa saú-
mentos mais eficiente. Cortes equi-
zo, é assumir a gestão do sistema
de financeira, tais medidas podem gerar ganhos
vocados podem desarticular uma
logístico, mesmo que a frota per-
de eficiência pelos próximos cinco ou dez anos.
rede de fornecedores e, quando a
maneça terceirizada. Essa solução
Por isso, se cortar custos é inevitável, pense
economia reaquecer, se a cadeia
depende da natureza do negócio,
bem antes de fazê-lo, para não desligar seu “alto-
de suprimentos não estiver prepa-
mas pode trazer ganhos significa-
forno” por acidente. Mais tarde, a dor de cabeça
rada, você pode perder o momen-
tivos. Uma das maiores redes va-
pode ser grande.
to da recuperação.
rejistas do mundo aplicou essa es-
Por último, o gerenciamento da demanda e dos estoques tem
renciamento de demanda, são capturados num período de dois a quatro meses.
tratégia e reduziu em 8% seu custo logístico total.
impacto direto sobre a logística,
A boa notícia é que a reformula-
outro setor que pode ser otimi-
ção do supply chain não precisa ser
zado para redução de custos. Fica
feita de uma vez só e pode se limi-
o alerta: reduzir a malha logística
tar aos pontos-chave da operação.
pode ser um risco. Afinal, quando
Os resultados serão sentidos no
a economia voltar a crescer você
curto prazo. Uma otimização de es-
ALEXANDRE FURIGO é diretor de Operações e Supply Chain da TOTVS Consulting
C O M P E T I T I V I D A D E 44
Inovar como rotina
pa r a m e l h o r a r s e m p r e
Para se fortalecer, empresas devem buscar evoluções constantes em suas práticas
por Renato Fonseca
I
novação: palavra derivada do termo em latim innovatio, ex-
Vivemos tempos em que inova-se cada vez mais e com mui-
pressa o sentido de novidade, de algo diferente de padrões
ta velocidade. Quando falamos em micro e pequenas empresas
anteriores, de renovação.
mais tradicionais, e talvez nas grandes também, a maior parte das
Nos meios econômicos esse significado é associado ao mer-
inovações é a incremental, aquela feita no cotidiano, que modifica
cado. Quando algo novo é comercializado, gera faturamento e
algo para melhor. Uma maneira prática de se pensar esse tipo de
tem uma nota fiscal emitida, deixa de ser uma invenção, trans-
inovação pode ser considerando as dimensões custo, qualidade e
formando-se em inovação, aumentando a competitividade
tempo. Quando se faz algo que melhora uma dessas dimensões
empresarial.
sem alterar as outras duas, temos uma inovação incremental.
para que as boas ideias floresçam.
Controle das operações é diferencial competitivo
É também o resultado de um mix de característi-
Divulgação
da para a inovação, que cria o ambiente necessário
cas organizacionais, dentre elas: existência de relações de confiança, multidisciplinaridade, busca da
Reprodução
perspectiva do cliente, disposição para correr risSer empresário em um momento de desaceleração econômica é um desafio, mas para evitar cair nas estatísticas que provam que duas a cada dez empresas de micro e pequeno porte fecham antes de completar dois anos de vida (fonte: Sebrae-SP), é preciso buscar estratégias competitivas. Apostar em tecnologia e ferramentas que profissionalizem a gestão e facilitem a tomada de decisão é um caminho assertivo. Pensando nisso, a TOTVS estabeleceu uma parceria com a Rede, empresa de meios de pagamento do Itaú Unibanco, e oferece a solução Fly01, desenvolvida sob medida para os pequenos negócios.
cos, saber lidar com erros, estar atento às transfor-
Com a ferramenta, o empresário tem a possibilidade de integrar as operações do e-commerce às da loja física. São três diferentes ofertas: a primeira é uma plataforma para criação de uma loja online em poucos minutos; a segunda agrega ao e-commerce um app de gestão para organizar e controlar processos; a terceira, a mais completa, possibilita que as empresas que possuem e-commerce e loja física integrem informações das duas operações e trabalhem com um único PDV (software de ponto de vendas), conferindo mobilidade, agilidade e transparência a seus negócios.
produtos. Mas tem que ser algo relevante.
mações do segmento e reconhecimento. Porém, é a existência de um processo - por mais simples que seja - e de disciplina para fazer de sua prática uma constante que produz os frutos da inovação.
busca coletiva por soluções Um exemplo disso é uma prática que pode ser realizada em todo tipo de empresa, de qualquer
Renato Fonseca, especialista em inovação e empreendedorismo, gerente de Acesso à Inovação e Tecnologia no Sebrae-SP, autor de “Conexões Empreendedoras”, co-autor de “Educação Empreendedora” e “Empreendedorismo Inovador”.
porte: chama-se “a solução para o problema da semana”. Funciona assim: toda semana, o líder escolhe um problema importante para ser resolvido. Pode ser ligado aos processos, serviços ou A seguir, o líder formula uma pergunta relacionada ao problema e a escreve em um quadro fixado em local de fácil acesso, onde colaboradores, fornecedores e clientes podem incluir suas respostas. Ao final da semana, o líder recolhe as contribuições e as analisa, decidindo sobre sua implementação, podendo realizar ações de reconhecimento etc. Ao final do ano serão mais de cinquenta perguntas estratégicas com possibilidade de implementação. Essa prática espelha o chamado funil da inovação, demonstrando a importância de um propósito inicial, da abertura para ideias e de um filtro seletivo. Esse processo pode ter maior ou menor com-
Parece simples, mas a diferença é fazer isso
plexidade, porém sua essência é a de capturar uma
sempre, sem parar, envolvendo muita gente –
grande diversidade de impressões sobre o foco de-
colaboradores diretos, fornecedores e clientes.
terminado, para então verificar sua viabilidade.
É o que se chama de cultura da inovação, espécie
Essas são algumas perspectivas de como a
de chaleira que tem que estar sempre em eferves-
inovação pode se enraizar na empresa, tornan-
cência para gerar pressão criativa. E quem mantém a
do-a mais forte e vigorosa, preparada para en-
temperatura alta é, sem dúvida, uma liderança volta-
frentar as turbulências de um mundo global.
Saiba mais http://www.sebraesp.com.br
E M 46
F O C O
RUMO AO MERCADO
EXTERIOR Porque as empresas brasileiras devem considerar a hipótese de internacionalização e que cuidados devem ser tomados na hora da decisão por Carlos Vasconcellos
O
que leva uma empresa do Brasil a iniciar
Mercado doméstico já é desafio gigante
operações no exterior? Para a Metalfrio
Apesar disso, são poucas as empresas brasileiras que desen-
Solutions, uma das líderes em transnacio-
volvem estratégias nesse sentido. Mesmo na exportação, pri-
nalização no país, segundo o último Ran-
meiro degrau no processo de internacionalização, o nível de
king FDC das Multinacionais Brasileiras,
inserção das empresas brasileiras é baixo. “Se compararmos,
organizado pela Fundação Dom Cabral, um dos motivos
não é nem a metade do que se tem no México, por exemplo”,
seria correr atrás de um salto de competitividade. Foi o que
compara Cretouiu.
aconteceu com a Metalfrio: em um cenário em que as in-
Para o economista Antonio Corrêa de Lacerda, professor da
dústrias brasileiras enfrentam dificuldades com a concor-
PUC-SP, o baixo índice de inserção das empresas brasileiras na
rência global, a companhia se firmou como uma das três
cadeia produtiva global é explicado em parte pela complexi-
maiores fabricantes de refrigeradores comerciais Plug-In
dade e pelo poder de atração do próprio mercado interno. “O
do mundo.
Brasil é um país de dimensões continentais, atender o seu mer-
A expansão internacional da Metalfrio Solutions começou
cado doméstico já é um grande desafio”, diz.
em 2006, depois de uma reestruturação administrativa. No
Soma-se a isso a grande distância que separa o Brasil da
ano seguinte, após uma abertura de capital bem sucedida,
maior parte dos grandes mercados consumidores internacio-
a companhia conseguiu montar uma operação global, com
nais. “Isso cria uma limitação que muitas vezes torna a expor-
três fábricas no exterior, uma no México e outras duas na
tação um processo caro, que exige investimentos, o que acaba
Turquia e na Rússia, respectivamente.
inviabilizando a venda para o exterior”, explica Lacerda.
Um dos segredos do sucesso internacional da companhia
Uma das estratégias para vencer essa distância, que é geo-
está em seu modelo de negócios. Mais do que comercializar
gráfica e cultural, é buscar destinos mais familiares para dar o
freezers, a Metalfrio oferece serviços eficientes na manuten-
primeiro passo no exterior. “A internacionalização é um pro-
ção de equipamentos. Além disso, a fabricante de refrigera-
cesso com uma curva de aprendizagem”, explica Cretouiu. “Por
dores procura inovar, com soluções tecnológicas como um
isso, grande parte das empresas escolhe as Américas como
sistema capaz de monitorar à distância a temperatura dos
destino para sua primeira expansão internacional”, diz.
equipamentos, ideal para a conservação de produtos que dependem de temperaturas baixas e com pouca variação.
Argentina é primeira parada internacional
Como vacinas, por exemplo.
A principal porta para o mercado internacional é a Argen-
Quando a Metalfrio iniciou seu movimento de expansão
tina: mais da metade das multinacionais brasileiras abriu sua
internacional, o cenário era dos mais favoráveis na economia
primeira filial internacional no país vizinho. Além disso, dos 13
brasileira. O Real estava valorizado, barateando os investi-
países que mais recebem operações de empresas brasileiras,
mentos no exterior, e o aquecimento do mercado interno
oito são da América do Sul.
fortalecia o caixa das empresas. Hoje, com a economia pa-
A escolha do país onde a empresa vai abrir sua subsidiária
tinando em um cenário adverso, a presença internacional é
também pode ter relação com a perspectiva de se abrir outras
um trunfo para reduzir riscos para a empresa.
portas no mercado internacional. Ao manter operações no ex-
“Os benefícios de se lançar operações no exterior são inú-
terior a companhia pode se beneficiar de acordos comerciais bi-
meros: proximidade com o cliente, diversificação da base
laterais ou multilaterais vantajosos. Uma empresa que se instala
geográfica, acesso a novas tecnologias, tendências, novos
no México abre portas para os EUA e o Canadá, através do Nafta.
mercados e meios de financiamento”, enumera Sherban Cre-
Da Colômbia, você tem acesso a Chile, Peru e países asiáticos.
touiu, professor do Núcleo de Negócios Internacionais da Fundação Dom Cabral.
Segundo a FDC, fora das Américas o país que mais recebe empresas do Brasil é a China, enquanto na Europa se destacam
E M 48
F O C O
Portugal – porta para o mercado europeu, com a vantagem do idioma português – e o Reino Unido.
Um ambiente inóspito para os negócios Mas quais são os requisitos para que a empreitada no exterior seja bem sucedida? “Se a sua empresa consegue ser competitiva no Brasil, que é um ambiente inóspito para negócios, com legislações ambientais, tributárias e trabalhistas pesadas, você pode enfrentar o mercado lá fora”, diz Cretouiu. Em termos de cultura empresarial, a organização não pode ser refratária à mudança. Isso significa, entre outras práticas, dar autonomia para os gestores. “Se o administrador da operação precisar de autorização da matriz para comprar uma máquina de café, o negócio não vai dar certo”, afirma Cretouiu.
Você deve pensar as oportunidades de internacionalização como forma de construir fortalezas. Não adianta só abrir uma filial” Marcelo Cosentino, diretor da TOTVS International
forma conjunta”, diz. “Muitas vezes estamos falando de investimentos volumosos, e o empreendimento precisa ser planejado cuidadosamente, para não virar uma aventura”. Para diminuir o risco de choques culturais que possam prejudicar o negócio, Marcelo Cosentino recomenda que o processo de implantação da operação internacional seja realiza-
Venture ou Adventure
do em etapas bem definidas. “Desse modo, você pode moldar
Para Marcelo Cosentino, diretor da TOTVS International, a in-
sua cultura mais global à cultura do mercado alvo, reduzindo
ternacionalização de uma empresa não pode ser um movimen-
os riscos do empreendimento”, argumenta.
to pessoal do líder, e sim uma estratégia da organização. “Você
Isso significa oferecer exatamente o que o cliente demanda
deve pensar as oportunidades de internacionalização como for-
em cada mercado. “Mercados latino-americanos demandam
ma de construir fortalezas. Não adianta só abrir uma filial”.
soluções aderentes à cultura de negócios e às legislações lo-
É o que Cretouiu chama de diferença entre Venture e Adventure. “Acionistas, gestores e executivos têm de pensar de
cais, e o produto tem de contemplar isso, com suporte local para o dia a dia”, explica Marcelo Cosentino.
arte cola: um case de sucesso Tudo começou em 1997, com um galpão de distribuição e dois funcionários brasileiros expatriados em Buenos Aires. Hoje, as Empresas Arte Cola são uma das corporações mais internacionalizadas do país. Isso valeu ao grupo gaúcho o número 9 no Ranking FDC de Multinacionais Brasileiras de 2014, e o 2º lugar na lista das empresas mais internacionalizadas do Brasil, com faturamento de até R$ 1 bilhão. Fundado em 1962, o grupo Arte Cola, especializado em plásticos, colas e adesivos industriais, possui hoje 13 plantas no Brasil e sete no exterior. Ano passado, a expansão no
mercado global se intensificou, ao assumir o controle da colombiana Pegatex, maior empresa de adesivos daquele país, e ao fazer sua primeira investida na Ásia, por meio de uma joint venture no mercado chinês. O objetivo inicial do grupo era ganhar escala em matérias-primas e desenvolver a produção. O primeiro alvo da expansão foi a América Latina. Como a região era econômica e politicamente instável, afugentava os players europeus e norte-americanos. Ao mesmo tempo em que abria fábricas e centros de distribuição no exterior, as Empresas Arte Cola firmavam parcerias com
empresas estrangeiras como a suíça Forbo e a italiana Flexibord, entre outras, para fortalecer sua linha de produtos e aumentar sua capacidade de inovação. A estratégia do grupo gaúcho é cuidadosa. A Arte Cola busca implantar a cultura das empresas em cada operação internacional. Hoje, o balanço da companhia reflete o sucesso da internacionalização. Mesmo em um ano de forte queda na indústria brasileira, as Empresas Arte Cola registraram um salto de 67% na Receita Líquida em 2014, chegando a R$ 1,07 bilhão e superando as projeções mais otimistas.
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Da esquerda para direita, as filiais da TOTVS no México e Argentina
A T O T V S conquista as A m é ricas Para Carlos Graef, CEO da Ediciones B, no México, a presença da TOTVS representou um salto de qualidade na gestão da empresa. “Não existe organização bem sucedida com um sistema de tecnologia obsoleto. E com o sistema da TOTVS estamos na primeira divisão”, comemora o executivo. “Quando fechamos o contrato sabíamos que seria um casamento de longo prazo”, diz Graef. Segundo ele, a migração para a plataforma TOTVS deve ser concluída na editora no segundo semestre de 2015. O executivo mexicano conta que a ferramenta TOTVS permitiu integrar informações de gestão, compras, câmbio e gerenciamento fiscal e tributário, que antes rodavam em sistemas diferentes. A história da Ediciones B é mais um capítulo da história da conquista das Américas pela TOTVS, movimento que começou com a abertura de um escritório na Argentina, em 1997. Dezoito anos depois, a empresa de tecnologia completa mais uma fase no seu ciclo de expansão internacional. Até o fim de 2015, estará presente em todos os países da América Latina, com exceção de Venezuela, das Guianas e de alguns países do Caribe, com canais de venda estabelecidos nas principais cidades de cada mercado. Atualmente, a TOTVS atende clientes em 39 países. São duas filiais no México e uma na Argentina; dois Centros de Desenvolvimento, um em Querétaro, no México, e um na Califórnia. Com isso, a TOTVS se habilita a acompanhar o movimento de expansão internacional de sua própria carteira de clientes, além de explorar o potencial de outros mercados. “Para nós, é importante oferecer esse diferencial”, diz Marcelo Cosentino, diretor da TOTVS International. “Quando um cliente
quer se internacionalizar, pode contar conosco para levar com ele seu sistema de gestão e contabilidade, reduzindo a possibilidade de problemas tributários e de regulação”. A estratégia envolve o estabelecimento de parcerias locais, que ajudam a empresa a explorar melhor o potencial de cada mercado. Esses parceiros conhecem melhor a cultura de negócios de seus países e já possuem uma rede de contatos comerciais estabelecida. O foco dessas parcerias está voltado para dois tipos de empreendedores regionais: empresas de consultoria que não têm software em seu portfólio de serviços, e querem aumentar suas margens; e provedores ou canais de aplicativos locais para pequenos negócios, que querem oferecer alternativas para empresas maiores. Dessa forma, foi possível estabelecer a presença da TOTVS em uma base geograficamente diversificada, de forma rápida e com um volume de investimento relativamente baixo. “Até o fim do ano estaremos em mais dois países e teremos chegado a todas as regiões do continente em que queríamos estar”, diz Álvaro Cysneiros, diretor de Operações Internacionais da TOTVS. “Depois, o crescimento virá do desenvolvimento dos negócios nas regiões já ocupadas”. A semente foi plantada. Hoje, as operações internacionais respondem por 2% dos negócios da companhia, mas o objetivo é crescer essa participação nos próximos anos. A presença no exterior é considerada estratégica para mitigar os riscos do negócio, criar sinergias e agregar valor para os clientes no futuro. “Criamos o TOTVS Labs na Califórnia para entender o que acontece com o mercado de tecnologia e nos prepararmos para desenvolver soluções que atendam a essas novas demandas”, diz Marcelo. “Lá desenvolvemos provas de conceito, empacotamos e devolvemos para nosso Centro de Desenvolvimento”.
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Janela de oportunidade Para as empresas que buscam crescer internacionalmente, 2015 pode ser um ano propício para este tipo de investimento. Enquanto a economia brasileira enfrenta dificuldades, as de outros países da América Latina, como Colômbia, Peru, México e Chile estão melhorando seus ambientes empresariais, com desburocratização e regulações que estimulam os negócios, como obtenção de crédito, instalação de eletricidade e proteção de investidores minoritários, indica o relatório do Banco Mundial “Fazendo
Enrique Martinez, CFO da GA.MA Argentina
melhorar para atuar l á for a O esforço compensa e cria um ciclo virtuoso. Para atender às demandas do mercado externo, a empresa deve elevar seus padrões de qualidade, melhorar processos e a produtividade. “Com isso, seu produto tende a ficar mais global e ser melhor do que era antes”, defende Marcelo Cosentino. As vantagens da globalização também ficam evidentes quando se olha para empresas multinacionais de fora do Brasil. Presente em mais de 60 países, a GA.MA. Italy é um bom exemplo. “A abertura global nos dá possibilidade de ampliar a carteira de clientes e, portanto, de aumentar vendas. Também dá visibilidade à marca, mais prestígio ao negócio pela exposição global, melhora a competitividade e fortalece as finanças da empresa”, diz Enrique Martinez, CFO da GA.MA Argentina. Montar e manter uma estrutura internacional de grande porte não é tarefa simples. “É uma prova de fogo para a empresa. Se ela tem sucesso, sai fortalecida”, diz Enrique Martinez. “É preciso saber qual é a demanda em cada país, e manter um esquema de visitas frequentes às filiais”. Evidentemente, um bom suporte tecnológico, com um sistema de gestão integrado e preciso de informações, ajuda. No caso da GA.MA, a integração de cinco operações latino-americanas fica a cargo da TOTVS. “É necessário ter visão global do negócio e conhecimento de cada mercado, com equipes motivadas para explorar as oportunidades em cada país”, acrescenta Enrique. Tudo isso embalado por uma estratégia global de comunicação de produto e marca, aliado a canais de financiamento locais e internacionais adequados, e melhoria contínua de processos.
Negócios: Indo Além da Eficiência”. Investir em outros países em 2015 é, portanto, preparar o terreno para a retomada do crescimento a partir de 2016. Para Cretouiu, empresas brasileiras devem pensar a expansão internacional a longo prazo. “Trata-se de uma estratégia que deve ser pensada de forma permanente. Muitas organizações pensam: podemos perder agora, encolher um pouco, mas em vez de enxugar gelo, colocamos nosso talento em função de uma estratégia de crescimento diferente”, diz. “A ideia é dedicar tempo e inteligência para abrir novas frentes, e recuperar esse investimento depois”.
Brasil também lucra A internacionalização também é benéfica ao país. “Um processo ativo de internacionalização favorece a inserção do Brasil na cadeia produtiva global e amplia a participação do país no mercado mundial, especialmente nos segmentos de maior valor agregado”, avalia o economista Antonio Corrêa de Lacerda. O economista ressalta, no entanto, que esse movimento não deve ser uma simples transferência de parque industrial para o exterior. “O ideal é que ao mesmo tempo a produção doméstica aumente ou se mantenha”, diz. Câmbio competitivo, taxas de juros competitivas, tudo isso favorece as empresas daqui a alçar voos internacionais. Por isso a importância de se ter uma política industrial de Estado, e não de governo. “As empresas não devem ser prisioneiras das circunstâncias. Exportar apenas quando não está legal no mercado doméstico, pensar em sair apenas quando as opções internas são limitadas”, afirma Lacerda.
Jogo
para pequenos
“A internacionalização não é restrita a setores da economia, ela pode se estender a todos os segmentos”, diz o economista Antônio Corrêa de Lacerda, da PUC-SP. E embora a presença das grandes empresas seja maior na arena global, os pequenos e médios empreendedores também têm vez nesse jogo. “Seja por meio de consórcios ou cooperativas, como se vê na Itália, com a experiência dos clusters industriais”. Para Míriam Ferraz, analista do Sebrae-RJ, pensar em termos globais é uma necessidade para as pequenas empresas. Mesmo que elas não tenham pretensão de se expandir no mercado externo. “Qualquer empresa que queira sobreviver tem de pensar nisso. Hoje, você concorre com o mundo e não com o seu vizinho”, responde Míriam. “Quem não souber interpretar essa tendência vai ter problemas. E isso vale para todas as empresas, independentemente do porte ou do momento que passa a economia”. A analista explica que a tecnologia tornou os ciclos de negócios cada vez mais curtos e com isso a inovação circula mais rápido, sendo facilmente absorvida pelo mercado e pela concorrência. Por isso mesmo, as PMEs precisam lidar com esse fenômeno de forma estratégica. Na prática, uma expansão internacional exige a elaboração de um novo plano de negócios, com todas as etapas, objetivos, metas e indicadores de desempenho. E, para isso, o empreendedor deve saber fazer as perguntas certas antes de dar o primeiro passo.
Tributos ainda são empecilho
“A empresa tem uma estratégia sólida de internacionalização ou está apenas aproveitando uma janela de câmbio favorável? Vai ser um movimento tático ou estratégico?”, pergunta Míriam. “Que benefícios uma inserção internacional pode trazer? Qual é minha estratégia para ela? “O que exportar e o que importar na minha cadeia produtiva?”, continua Míriam. “Conheço realmente os competidores do meu produto ou serviço em nível global? Como está minha capacidade de financiar esse investimento? Minha força de trabalho está capacitada? O preço que ofereço é competitivo? Está adequado à minha oferta de valor? Conheço os aspectos legais, regulatórios, culturais do mercado em que quero entrar?” Míriam chama a atenção para a importância das variáveis sócio-ambientais no planejamento. “A internacionalização exige uma gestão eficiente da sustentabilidade”, diz. “Não basta ter o melhor produto ou serviço ao me instalar no país. É preciso se preocupar com as condições do entorno no local em que estou me instalando”. Segundo a analista, antes de investimentos no exterior, a exportação pode ser um primeiro passo de inserção na cadeia produtiva internacional. E na fase de pesquisa de oportunidades, a participação em feiras é importante. Tudo, no entanto, deve ser feito dentro dos objetivos globais da empresa. “Isso pode resultar em ganho de escala e redução de custo. Além de trazer melhorias para a marca, que se torna um ativo da maior importância para os negócios”, diz Míriam. “Mas o importante é ter claro aonde se quer chegar, no curto, médio e longo prazo”.
acaba pagando impostos duas vezes.
Para Cretouiu, o Brasil ainda tem alguns obstáculos a su-
Apesar de tudo, o pesquisador da FDC é otimista. “A
perar, se quiser estimular a internacionalização. Apesar de
mentalidade isolacionista está mudando no Brasil”, diz.
algumas ações meritórias, como a realização de missões co-
“Nos setores mais dinâmicos, o ciclo dos negócios é cada
merciais, a atuação da Apex e linhas de financiamento do
vez mais rápido, e as novas gerações têm nítida a noção
BNDES, o país tem poucos acordos de bitributação no ex-
de que o mercado delas é o mundo, e não apenas o Brasil”,
terior, e muitas vezes o lucro de uma subsidiária no exterior
conclui.
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Filial da Della Via Pneus, referência no mercado automotivo
O software certo
na hora certa Empresas renomadas contam como otimizaram seus processos com soluções da TOTVS.
A
integração automatizada de informações contribui para uma tomada de decisão segura, defi-
nição rápida de estratégias, além de proporcionar excelência no atendimento ao cliente. Por isso, empresas como IBM e a varejista Della Via Pneus buscaram soluções TOTVS para uma nova guinada em seus negócios. E os resultados não demo-
por Gabrielle Nascimento
raram a aparecer.
A Della Via Pneus, referência no mercado automotivo, tem 60 filiais espalhadas pelos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Bahia. Empresa 100% familiar, com aproximadamente mil colaboradores, a Della Via escreve sua história há 55 anos, dos quais em dez a TOTVS esteve presente. “Em 2004, sentimos necessidade de um software que atendesse o crescimento da empresa. Estávamos com 38 lojas e operávamos com uma ferramenta desenvolvida internamente”, recorda Marcos Paulo Corrêa, CIO da Della Via Pneus. “Sem integração entre as lojas e trabalhando totalmente off-line, começaram as dificuldades”. Ele conta que realizou extensa pesquisa de mercado para
A empresa ganhou flexibilidade nas informações e mais clareza. Hoje, a TOTVS é meu principal fornecedor de tecnologia e estamos contentes com essa parceria” Marcos Paulo Corrêa, CIO da Della Via Pneus
encontrar um ERP que atendesse às suas necessidades. A decisão pela solução da TOTVS aconteceu em fevereiro de
rico de dez anos de informação estruturada do cliente.
2005. Hoje, toda a massa de informação da Della Via é traba-
Desde a implementação dos sistemas, trabalhamos com
lhada pelo sistema TOTVS. “Temos contratados 27 módulos
a cultura de ter um CRM inteligente. Com isso, a empre-
do produto. Investimos bastante na evolução da ferramenta
sa ganhou flexibilidade nas informações e mais clareza.
ao longo dos anos”, ressalta o executivo.
Hoje, a TOTVS é meu principal fornecedor de tecnologia
O cliente também ganha com esses investimentos, visto que o software utilizado para o atendimento e relaciona-
e estamos contentes com essa parceria que, com certeza, durará décadas”.
mento é o Venda Assistida, customizado pela TOTVS para Divulgação
atender às necessidades da Della Via. “É totalmente integrado com os demais módulos do sistema: caixa, estoque, contábil e fiscal”, afirma Corrêa. Assim, quando o cliente chega na loja e se identifica, é feita uma análise completa: tipo, modelo e ano do veículo, quilometragem etc. O sistema compila os dados e faz sugestões para o vendedor ofertar ao cliente. “Depois é gerado um orçamento, que é direcionado automaticamente para o caixa, onde o pagamento será realizado. As notas fiscais de serviço e produto são desmembradas e enviadas para as secretarias da Fazenda do município e do estado, respectivamente”, diz o executivo. Corrêa reafirma o compromisso com a qualidade no relacionamento com os clientes e o papel fundamental da tecnologia empregada para o sucesso: “Temos um histó-
Filial da Della Via Pneus em Sorocaba, SP.
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Tudo azul para a IBM Cliente recém-conquistado da TOTVS, a IBM é uma das maiores empresas de tecnologia da informação do mundo. Atuando há 98 anos no Brasil e presente em mais de 170 países, é globalmente integrada e emprega cerca de 400 mil pessoas. Agora, a IBM vive um novo momento, com a visão de que a tecnologia pode e deve ser usada para a criação de um planeta mais inteligente. Alinhada a esse ideal, a parceria com a TOTVS traz agilidade, redução de custos e qualidade das informações nos processos de faturamento e emissão de notas fiscais.
O benefício não é mensurado apenas pela redução do esforço manual, mas também pela mitigação de riscos com exposição fiscal e pelo aumento da satisfação dos clientes” Luciano Faustinoni, líder de Aplicações para América Latina da IBM
A TOTVS desenvolveu para a IBM uma central de faturamento de serviços, que permitiu a integração entre o sistema da TOTVS e os sistemas de pedidos de faturamen-
Cloud se conecta eletronicamente com as prefeituras
to da IBM. “Com as informações recebidas, a solução de
onde a IBM possui filial para emissão da nota fiscal de serviços e retorna os dados da nota fiscal para os sistemas da IBM para contabilização, contas a receber e re-
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portes”, explica Luciano Faustinoni, líder de Aplicações para América Latina da IBM. O executivo afirma que a qualidade das informações é de extrema importância para a IBM, garantindo que o faturamento seja feito corretamente e no prazo adequado, “especialmente nos períodos de início e fechamento dos meses, quando se processa um grande volume de transações”, diz ele. Antes de implementar a solução, o processo era suportado por sistemas legados da IBM, que demandavam melhorias contínuas para se adequar às novas necessidades das áreas de negócio e mudanças na legislação. Em alguns casos, era necessária a intervenção dos usuários em diversos pontos da cadeia, o que aumentava o risco de erro. A integração realizada pela TOTVS trouxe como principal vantagem a implantação da nota fiscal eletrônica para Unidade da IBM em Hortolândia, SP.
os clientes, permitindo a eliminação dos custos com impressão e emissão de notas fiscais e boletos. “Outros be-
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Escritório da IBM em São Paulo. A solução de Cloud se conecta com as prefeituras onde a IBM possui filial para emissão da nota fiscal
nefícios foram o ganho de agilidade com o processamento
porte e atualizações do ERP, deixando para a IBM apenas o
de transações real time, possibilidade de consolidação de
suporte de primeiro nível, “permitindo o redirecionamento
faturamento e redução de custos com manutenção de sis-
do esforço que antes tínhamos com manutenção para ou-
temas internos e implementação de requerimentos legais.
tros projetos”. E acrescenta: “O benefício não é mensurado
Além disso, como já falado, adotamos uma solução Cloud,
apenas pela redução do esforço manual, mas pela mitiga-
alinhada com as estratégias da IBM”, explica o executivo.
ção de riscos com exposição fiscal e aumento da satisfação
Faustinoni ressalta que a TOTVS fica responsável pelo su-
dos clientes”.
S U S T E N T A B I L I D A D E 56
muito alĂŠm
da cota
InclusĂŁo profissional de pessoas com deficiĂŞncia pode ser oportunidade para empresas encontrarem talentos por Gabrielle Nascimento
M
rumo À proFissão dos sonhos
ariana Grecco acorda cedo todos os dias. Chega na empresa às 8h para exercer suas atividades como analista de gestão de pessoas. Tem pro-
exige-se experiência profissional. essa frase faz parte dos pesadelos de muitos jovens em busca do primeiro emprego. a situação se agrava para a população de baixa renda, que além da falta de experiência, acaba muitas vezes não tendo uma formação escolar qualificada. Segundo a organização internacional do Trabalho (oiT) há uma “crise do emprego juvenil”, caracterizada por 73 milhões de jovens desempregados no mundo, e de outros 200 milhões cujo trabalho não gera renda suficiente para superar a situação de pobreza.
jetos, cumpre metas e sabe que está sendo avaliada constantemente por seu desempenho. Mariana não enxerga do olho direito e tem apenas 50% da capacidade de visão no esquerdo. Mas, assim como qualquer outro indivíduo, possui habilidades bem desenvolvidas e pontos a serem melhorados. “Aqui, eu recebo o mesmo tratamento que qualquer
anderson mariano, de 19 anos, escreveu outra história: está empregado no programa de jovens aprendizes do ciee e conseguiu uma vaga no Sebrae-SP. agora, já tem planos para o futuro: batalha a entrada em uma universidade e seguir os passos de uma carreira. foi no dia a dia de aprendiz que ele decidiu a área em que deseja cursar o ensino superior. “estou atuando na área de gestão de pessoas e descobri que tenho muita afinidade, é um trabalho bem sério e estratégico”, anima-se.
funcionário. Não tenho privilégios”, diz ela. Mariana é analista do Sebrae-SP, que possui um projeto estruturado de inclusão de pessoas com deficiência (PCDs). A instituição emprega 58 pessoas com deficiência, entre analistas e consultores. “Estou aqui há três anos e sou muito grata e feliz, porque a inclusão não é feita apenas por causa da Lei das Cotas, fomos contratados para
bruna lacerda, de 17 anos, também está empolgada com a oportunidade do primeiro emprego. ela é aprendiz no Sindicato dos comerciários e estuda no Programa ioS aprendiz. “foi uma experiência incrível para mim. Sou muito grata ao ioS. foi lá que aprendi a lidar com minha timidez e hoje tenho mais perspectiva de futuro. já comecei a faculdade e o próximo passo é ser contratada como estagiária”.
somar à equipe que nos recebeu”, diz. Mais do que obedecer à Lei das Cotas, que estabelece um número mínimo de funcionários com deficiência no quadro de colaboradores de empresas com mais de cem pessoas, um projeto desse tipo pode ser uma oportunidade para que as empresas encontrem profissionais de
nêusa Gallego, coordenadora de recrutamento e seleção do Sebrae-SP, lembra que as empresas só têm a ganhar com projetos que dão oportunidade para os jovens que iniciam a carreira: “o grupo que vivencia essa experiência acaba falando bem de suas empresas, desenvolve uma relação de gratidão. além de ser uma contribuição social real, ajudando-os a se tornar melhores pessoas e verdadeiros profissionais”.
talento. Estudo recente realizado pela i.Social, em parceria com a Catho, identificou que, para 81% das empresas, o cumprimento da legislação é a razão dominante para a contratação de profissionais com deficiência. os possíveis empecilhos do projeto: falta de qualificação técnica do candidato, dificuldade de integração e necessidades de adaptação são alguns deles. No entanto, esse
Transformar desafios em oportunidades: essa deve ser a premissa de qualquer empresa que deseja crescer e sobreviver às instabilidades do mercado”
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Ou seja, em um primeiro olhar, o gestor pensa em todos
Anderson Mariano, trabalha no Sebrae-SP e batalha a entrada na universidade
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pode ser um cenário de oportunidades, como explica Sérgio Sério, executivo de Relações Institucionais da TOTVS. “Além do cumprimento efetivo da lei, a empresa tem a possibilidade de acesso a mão de obra qualificada; além disso, um projeto bem estruturado de inclusão garante o investimento social estratégico, trazendo resultados concretos para a empresa e para a sociedade”. Ana Paula Peguim, coordenadora de acessibilidade no Sebrae-SP, concorda e ressalta que as PCDs são funcionários bem qualificados e com experiência, “que trazem novas ideias e apresentam comprometimento, independente da Divulgação
deficiência. Além disso, projetos inclusivos proporcionam uma mudança de cultura, comprometimento com o outro e quebra de paradigmas”. Sérgio Sério explica que, ao pensar programas sociais a serem implementados na empresa, o gestor deve ser criterioso. “Investimento social
acesso às oportunidades do mercado de trabalho, a entidade fornece mão
não é assistencialismo. Tem que ter ligação efe-
de obra capacitada para as empresas parceiras.
tiva com o negócio, caso contrário é a primeira coisa a ser cortada diante de uma crise”.
Por umA sociedAde menos desiguAl
O IOS já formou quase 30 mil pessoas e possui um importante indicador de inclusão no mercado de trabalho: aproximadamente 70% dos estudantes que passam por ele conseguem ingressar no mercado de trabalho formal, em até 12 meses após a formação. Em programas personalizados para pessoas
De acordo com pesquisa da Fundação Dom
com deficiência, a empregabilidade chega a 95% de inclusão nas empresas.
Cabral, 91% das empresas têm dificuldade na
Mauricio Cardoso é cadeirante e acaba de conseguir seu primeiro em-
contratação de profissionais, especialmente para
prego. Agora, é funcionário da TOTVS; mas não foi fácil conseguir a primeira
vagas de compradores, técnicos, administradores,
oportunidade: “Eu tenho 23 anos e procuro emprego desde os 18. Sempre
gerentes de projetos e trabalhadores manuais.
quis trabalhar, mas o fato de não ter qualificação dificultou bastante. Por
De acordo com Sério, esse gap é ainda maior para as empresas de tecnologia de informação, já que trabalham com mão de obra altamente especializada.
isso, digo que o IOS foi muito importante pra mim, saio de lá com capacitação e um emprego. Estou muito feliz”. Para quem deseja estruturar um projeto como esse em sua empresa, o executivo da TOTVS aconselha: “É preciso preparo para receber essas pes-
Um bom exemplo de projeto social pensado
soas e devemos trabalhar as equipes e os gestores que vão recebê-los, vi-
de forma estratégica é o Instituto da Oportunida-
sando otimizar essa mão de obra. Deve-se ter cuidado para não subutilizá
de Social (IOS), braço de responsabilidade social
-los e sim dar uma chance efetiva de carreira”.
da TOTVS fundado há 17 anos. Ao mesmo tempo em que a entidade tem a missão de buscar, apoiar e monitorar a empregabilidade de jovens e pessoas com deficiência que tenham menor
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Inovação ampliando competitividade.
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